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    O que é Doutrina Social
          da Igreja?
Esta expressão designa o conjunto de
escritos e mensagens, cartas, encíclicas,
exortações, pronunciamentos, declarações
que compõem o pensamento do
Magistério católico a respeito da chamada
“questão social”.

                                        1
Os principais documentos da
    Doutrina Social da Igreja são:
          Rerum Novarum (RN)

Carta encíclica do Papa Leão XIII sobre a
condição dos operários, publicada no dia 15
de maio de 1891.

                Contexto

A situação de miséria dos operários        por
ocasião da primeira industrialização      que
conhece o seu apogeu no final do século   XIX.
                                             2
Quadragesimo Anno (QA)

 Carta encíclica do Papa Pio XI sobre a
restauraçãoda ordem social e seu
aperfeiçoamento, publicada no dia 15 de
maio de 1931.
                 Contexto
 A grande crise econômica de 1929 que
joga milhões no desemprego, primeiro
nos Estados Unidos e, em seguida, na
Europa, repercutindo pouco a pouco nos
demais países
                                      3
Mater et Magistra (MM)
 Carta encíclica do Papa João XXIII sobre a
evolução contemporânea da vida social à luz
dos princípios cristãos, publicada no dia 15
de maio de 1961.
                    Contexto
Há uma grande produção de riquezas,
introdução de técnicas modernas, o que leva
os desníveis sociais a proporções maiores,
sobretudo entre os países industrializados e os
países em via de desenvolvimento, com um
atraso preocupante no desenvolvimento da
agricultura nestes últimos.

                                             4
Pacem in Terris (PT)

 Carta encíclica do Papa João XXIII sobre a
 paz, publicada no dia 11 de abril de 1963.

                 Contexto

 A guerra fria está em alta, acelerando a
corrida armamentista e apontando para a
ameaça de guerra nuclear; cresce, ao
mesmo tempo, o fenômeno da socialização,
o movimento de
independência de muitos países do Terceiro
Mundo, a presença da mulher na vida pública
e atuação das classes trabalhadoras.
                                              5
Gaudium et Spes (GS)
 Constituição pastoral do Concílio Vaticano II
sobre a Igreja e o Mundo de hoje, publicada
no dia 7 de dezembro de 1965.

                 Contexto
  Numa busca de diálogo com o mundo
  moderno, Concílio traça o perfil da
  presença da Igreja no mundo de hoje,
  buscando atualizar-se (aggiornamento),
  numa atitude pastoral, marcada pela
  estima e simpatia face ao mundo
  contemporâneo e suas conquistas. A
  Igreja compreende-se como um “dom” de
  Deus à “serviço” da humanidade.
                                             6
Populorum Progressio (PP):

Carta encíclica do Papa Paulo VI sobre o
desenvolvimento dos povos, publicada no dia
16 de março de 1967.
                  Contexto
Cresce a consciência da gravidade da fome,
da miséria, das doenças endêmicas, da
ignorância,   enfim,     do   problema    do
desenvolvimento; a       independência dos
países não está significando independência
econômica, nem um justo acesso aos
próprios recursos, aumentando a disparidade
entre riqueza e pobreza e a dependência
entre as nações ricas e as nações pobres.   7
Octogesima Adveniens (AO)

  Carta apostólica do Papa Paulo VI, endereçada ao
cardeal Maurice Roy, presidente da Comissão Justiça e
Paz e do Conselho dos Leigos, no dia 14 de maio de
1971
                       Contexto
 A urbanização rápida e até abrupta provoca o inchaço
das cidades e consequente empobrecimento de
grandes parcelas da população. Verifica-se mudança
de costumes ante a emergência da civilização urbana.
Cresce a força dos meios de comunicação, em
especial da televisão. As ideologias, construídas no
século XIX, dão sinais de inadequação. O quadro é de
incertezas e interrogações face às rápidas e profundas
mudanças que estão ocorrendo
                                                    8
A Justiça no Mundo
  Documento do Sínodo dos Bispos
sobre o Sacerdócio e a Justiça no
mundo, publicado no dia 24 de
novembro de 1971
              Contexto
Milhões de pessoas sofrem com as
guerras, com a fome, nas prisões e
com o racismo; 75% dos recursos são
absorvidos    por   um   terço   da
humanidade, o desemprego aumenta,
bem como o fosso que separa ricos e
pobres.                           9
Exigências cristãs de uma ordem política

  Documento aprovado pela XV Assembléia
Geral da CNBB, realizada nos dias 8 a 17 de
fevereiro de 1977.
                 Contexto

 A Igreja, no Brasil, partilha com o povo os
momentos difíceis da repressão do regime
militar, sendo acusada de intromissão
indevida nos assuntos do governo e de
subversão porque denuncia o Estado
autoritário de segurança nacional.

                                          10
Laborem Exercens (LE)

 Carta encíclica sobre o trabalho humano do
Papa João Paulo II, publicada no dia 14 de
setembro de 1981.
                  Contexto
Grandes,        profundas      e      rápidas
transformações se fazem sentir no mundo
do trabalho.
Tecnologias avançadas e modernas suscitam
mudanças na estrutura e nas relações do
trabalho, particularmente com a introdução
da    informática.    Há    necessidade    de
aprofundar o sentido do trabalho neste novo
contexto.                                   11
Por uma nova ordem constitucional

 Declaração pastoral da CNBB, aprovada na
Assembléia Geral, reunida em Itaici, SP, nos
dias 9 a 18 de abril de 1986.

                 Contexto

  O Brasil se prepara para escolher, naquele
ano, a Assembléia      Constituinte que irá
elaborar a nova Constituição do país.



                                           12
Sollicitudo Rei Socialis (SRS)

 Carta encíclica do Papa João Paulo II sobre a
solicitude social da Igreja, publicada no dia
30 de dezembro de 1987.
                   Contexto:

A situação agravou-se em termos de
“produção e distribuição de víveres, higiene,
saúde e habitação, disponibilidade de água
potável,     condições      de      trabalho,
especialmente feminino, duração da vida e
outros índices sociais”, como apresenta a
própria encíclica no parágrafo 14. Há
velocidades diferentes de desenvolvimento;
em alguns casos, verifica-se uma verdadeira
estagnação,    deixando    uma    impressão
prevalentemente negativa.                   13
Orientações para o estudo e o ensino da
     Doutrina Social da Igreja na formação
                  sacerdotal
  Documento da Congregação para a Educação
Católica,publicado no dia 30 de dezembro de 1988.

                       Contexto

Sente-se a necessidade de continuar na linha do decreto
Optatam Totius, do Concílio Vaticano II, que tratou da
formação sacerdotal, propondo orientações sobre o
estudo e o ensino da DSI nos Seminários. “Coloca em
evidência os pontos que no estudo desta disciplina são
fundamentais e, portanto, indispensáveis para uma
sólida formação teológica e pastoral dos futuros
sacerdotes”. Como dirá João Paulo II, logo depois, a
“doutrina social, por si mesma, tem o valor de um
instrumento de evangelização”
                                                     14
Exigências éticas da ordem democrática

 Documento aprovado pela XXVII Assembléia
Geral da CNBB, realizada nos dias 5 a 14 de
abril de 1989.

                 Contexto

 Após um longo período de regime militar, o
país está passando por um processo de
redemocratização. Com a promulgação da
nova Constituição, no ano anterior, há um
desejo do povo brasileiro em participar mais
ativamente nos destinos do país.
                                          15
Centesimus Annus (CA)

Carta encíclica por ocasião do centenário da
Rerum Novarum, publicada no dia 1° de maio
de 1991.
                  Contexto
Revela-se, nesta encíclica, uma preocupação
com o crescente consumismo, com o
empobrecimento de muitos países e a miséria
de seus povos, com a questão ecológica, com
a opulência e a miséria que separam ricos e
pobres. Insere-se também no contexto da
queda dos regimes marxistas do Leste
europeu e do capitalismo que se apresenta
como o vencedor.
                                          16
A Fome no Mundo – Um desafio para todos: o
         Desenvolvimento Solidário

Texto preparado pelo Pontifício Conselho “Cor
Unum”, por indicação do Papa João Paulo II,
apresentado e levado ao conhecimento público
pelo Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de
Estado do Vaticano, no dia 4 de outubro de
1996.
                   Contexto
 Na apresentação deste documento aparece
muito bem o contexto, ao constar o que segue:
“A multidão de famintos, constituída por
crianças,   mulheres,    idosos,   imigrantes,
prófugos e desempregados, eleva para nós o
seu grito de dor. Eles imploram-nos, à espera
de ser escutados”.                          17
Para uma melhor distribuição da terra
      O desafio da reforma agrária

Documento do Pontifício Conselho de “Justiça
e Paz”, publicado em Roma no dia 23 de
novembro de 1997.
                  Contexto
Há uma consciência clara dos dramáticos
problemas humanos, sociais e éticos,
advindos do fenômeno da concentração e
apropriação indevidas da terra. Isto atenta
contra a dignidade humana de milhões de
seres humanos, torna-se um obstáculo à paz
pelas inaceitáveis injustiças que acarreta
                                           18
Conferências e Documentos da Igreja
         Latino-americana:

- Medellin, 1968

- Puebla, 1979

- Santo Domingo, 1992

- Aparecida, 2007


                                       19
Fundamentos ou fontes da Doutrina
           Social da Igreja
a) Clamor dos oprimidos
b) Palavra de Deus que ilumina a realidade
c) Sabedoria do magistério da Igreja
d) Prática de cristãos e comunidades = surgem
soluções criativas e novas organizações
e) A produção teológica
f) A contribuição da ciência
g) A abertura à riqueza inesgotável de pessoas,
culturas e povos distintos
h) Uma mística ou espiritualidade em que, diante
das tensões e conflitos possa ser ao mesmo tempo
encarnada, libertadora ou inculturada.           20
A Igreja constrói uma
  doutrina social, isto é
“um  conjunto de princípios de reflexão,
critérios de julgamento e diretrizes de
ação” no campo das questões políticas
e socioeconômicas.


                                      21
História/evolução
Podemos      distinguir  duas
grandes etapas na formulação
da DSI: a primeira, o período
de Leão XIII até o Vaticano
II; e a segunda etapa, depois
do Concílio até hoje.

                            22
1ª etapa - De Leão XIII ao
        Concílio Vaticano II
•Rerum Novarum (Leão XIII, 1891), “sobre
a condição dos operários”.
Ela defende o direito dos operários de ter
acesso à propriedade, como fruto de um
trabalho remunerado com justiça, e de se
associarem em sindicatos; mostra as
obrigações e limites da intervenção do
Estado.
                                        23
•Quadragésimo Anno (Pio XI, 1931)
(Em comemoração aos quarenta anos da RN)


Critica tanto o capitalismo com o
comunismo e discute a questão do
justo salário e de uma reta ordem
política. Formulou o princípio da
subsidiariedade.

                                           24
·
Mater et Magistra (João XXIII, 1961)
(Em comemoração aos setenta anos da RN)
Sobre a recente evolução da questão social à luz
da doutrina cristã.
Usa o método ver-julgar e agir.
Afirma a função social da propriedade.
Advoga uma política de apoio à agricultura
familiar e ao cooperativismo.
Define o bem comum como o “conjunto de
condições que permitem e favorecem nos seres
humanos o desenvolvimento integral da
personalidade.
Expõe as exigências da justiça nas relações entre
setores produtivos e no campo da cooperação
entre nações.                                   25
• Pacem in Terris (João XXIII,
            1963)
       “Paz dos Povos”

   Apresenta duas questões
   centrais:

   Brecha entre ricos e pobres
   Ameaças à paz mundial.
                                 26
O Concílio Vaticano II marca
o fim de uma era e o começo de
outra.
A Gaudium et Spes (GS),
Constituição Pastoral “sobre a
Igreja no mundo de hoje”,
constitui a grande referência para
uma nova visão de Igreja.
                                     27
2ª etapa - Depois do Vaticano II
Ensinamentos sociais de Paulo VI.

- A Populorum Progressio (1967)

- Octogesima Adveniens (1971)

- Paulo VI (Exortação Apostólica em
comemoração aos oitenta anos da RN.
Paulo VI)

- Evangelii Nutiandi (1975),

                                        28
João Paulo II também publicou três
               grandes encíclicas sociais:
1. Laborem Exercens (1981), (Em comemoração aos
noventa anos da RN. João Paulo II) sobre o trabalho humano
que vê o trabalho como a chave essencial de compreensão
da questão social e proclama como exigência central de uma
sociedade justa a prioridade do trabalho sobre o capital
2. Solicitude Rei Socialis (1987), (Em comemoração aos
vinte anos da PP. João Paulo II). Solicitude Social da Igreja,
enfoca o elo estreito entre justiça e paz e a necessidade de o
Terceiro Mundo trilhar um caminho próprio de
desenvolvimento,
3. Centesimus Annus (1991), (Em comemoração aos cem
anos da RN. João Paulo II) no Centenário da Rerum
Novarum, articula a doutrina de um direito ao progresso,
baseado na possibilidade dos povos de adquirir e desenvolver
conhecimento e tecnologia que lhes permitam participar da
economia contemporânea
                                                            29
Comunicação Pastoral do Povo de Deus,
1976
Exigências cristãs de uma ordem política,
1977
Subsídios para uma política social, 1979
Igreja e problemas da terra, 1980
Reflexão cristã sobre a conjuntura política,
1981
Sobe o solo urbano e a ação pastoral, 1982
Por uma nova ordem constitucional, 1986
Igreja:    comunhão        e     missão   na
evangelização dos povos, no mundo do
trabalho, da política e da cultura, 1988   30
Uma nova visão da questão social
Mudanças de atitudes:

1º) a crítica à apatia política

2º)  O    compromisso             com        a
humanização da vida

3°) Compromisso com a justiça

4°) Opção preferencial pelos pobres
                                        31
Mudança na metodologia
1º) Compreensão da Igreja povo de
Deus
2º)   Interpretação dos sinais dos
tempos
3º) Movimento de distanciamento da
estreita ligação com a lei natural para
uma maior afinidade com a Escritura
4º) Primado do amor
5º) Orientação para o planejamento
das ações pastorais                  32
Podemos sintetizar
o Ensino Social da
    Igreja nas
seguintes grandes
    propostas:
                     33
1º) Articulação entre a dimensão
religiosa e social da vida:

A construção do humano não é tarefa
meramente “secular”, alheia ao plano
transcendente, mas está intimamente
ligada à dinâmica do Reino de Deus; o
divórcio entre fé e comportamento
cotidiano constitui um dos erros mais
graves do nosso tempo (GS, n. 43);


                                   34
2º) Dignidade e centralidade da
          pessoa humana:

Essa dignidade decorre do fato de o
homem e a mulher serem feitos à
imagem e semelhança de Deus; o
desenvolvimento econômico só ganha
sentido se promover a dignidade das
pessoas.
Da natureza da pessoa humana
decorrem direitos e deveres universais,
invioláveis e inalienáveis
                                     35
3º) Direitos políticos, econômicos e sociais:

Toda pessoa humana é titular de
direitos     políticos-legais   e
socioeconômicos,        eles   se
concretizam na vida social, e
devem ser ativamente protegidos e
promovidos.


                                            36
4º) Opção pelos pobres:

A preferência pelos pobres não é
algo facultativo, mas um eixo
     facultativo
central da doutrina da Igreja;
pobre é o economicamente
desvalido, que sofre, em
consequência de toda sorte de
opressões, discriminações e
dominação;
                                   37
5º) Promoção do matrimônio e
         da família:

O bem-estar das pessoas e o bem
da própria sociedade dependem
intimamente de uma situação
favorável do matrimônio e da
família.


                                  38
6º) Amor e justiça se integram e complementam :

 Não há verdadeiro amor sem justiça,
nem justiça plena sem amor; o
verdadeiro amor exige que as pessoas
sejam tratadas com justiça e que se
lute por estabelecer estruturas justas,
que promovam a dignidade e os
direitos das pessoas, favorecendo um
desenvolvimento integral e sustentável.


                                              39
7º) Promoção do bem comum:

O bem comum consiste no
conjunto de condições econômicas,
socioculturais e políticas, que
permitam às pessoas atingir, em
tempos     razoáveis,   o   pleno
desenvolvimento de todos e cada
um (MM, n. 62);

                                40
8. Princípio da subsidiariedade

 As responsabilidades devem ser
assumidas e as decisões devem
ser tomadas o mais próximo
possível ao nível das pessoas; os
direitos  pessoais   devem    ser
vivenciados   no    contexto   da
promoção do bem comum

                                41
9º) Participação política:

Deve-se entrar na ação para
difundir as energias do Evangelho;
a participação democrática, na
tomada de decisões e no controle
sobre os que nos governam, é o
melhor caminho do respeito da
dignidade e liberdade do outro.

                                 42
10. Salário justo e justiça
          econômica:

  A economia deve servir ao bem
de todos e sua distribuição deve
ser eqüitativa; a má distribuição
dos bens e serviços é uma
injustiça (SRS, n. 28); o salário
deve ser justo e suficiente para
manter o operário e sua família.
                                 43
11. Prioridade do trabalho
      sobre o capital:

O trabalho é uma chave,
provavelmente a chave
essencial    da    questão
social; o trabalho tem
prioridade sobre o capital
                              44
12. Direito de propriedade:

A propriedade privada de bens, com seus
direitos e deveres é garantia de segurança
pessoal e de paz social; tem índole
individual e social . Além do direito de
propriedade, há um direito à propriedade: o
que requer uma justa distribuição da
propriedade e da renda; a propriedade
pública e sua função; há uma justa função
do lucro, que é um regulador da vida da
empresa, mas não o único; as especulações
egoístas devem ser banidas
                                          45
13. Destinação universal dos bens:

 Os bens da criação são destinados a todos e
devem ser preservados e servir ao bem de
todos: “Deus deu a terra a todo gênero
humano, para que ele sustente todos os seus
membros,     sem    excluir   nem    privilegiar
ninguém” (CA, n. 31); a destinação universal
estabelece um limite ao direito de propriedade,
que não pode impedir que outros tenham
igualmente a sua parte no dom de Deus: é o
fundamento do direito à propriedade (CA, n.
31); a destinação universal dos bens impõe
deveres de solidariedade entre pessoas, classes
sociais e povos
                                              46
14. Função social da
        propriedade:

  Não há direitos absolutos
de propriedade, isto é, “ao
direito de propriedade é
inerente uma função social”

                           47
15. Princípio de solidariedade:

A consciência da interdependência
entre as pessoas e entre as nações
deve levar à solidariedade como
categoria moral, superando os
imperialismos, a “avidez exclusiva
o lucro”, o consumismo e o
desperdício.

                                  48
16. Promoção da paz:

 A paz é um bem maior, e sua promoção
exige firmeza e determinação; é tarefa
de todos, sobretudo dos que têm mais
possibilidades         e        maiores
responsabilidades; as relações baseadas
no respeito mútuo e na justiça (PT, n.
91); o desenvolvimento é o novo nome
da paz (PP, n. 87); a solidariedade,
caminho para a paz e o desenvolvimento
(SRS, n. 39); o comércio de armas e o
terrorismo devem ser coibidos
                                      49
17. Empenho pela libertação:

O processo de libertação de injustiças
em nível das pessoas e das estruturas
econômicas e sociais opressivas é
tarefa obrigatória de quem tem fé e
comunga com os princípios da justiça e
do bem comum; a libertação deve
abraçar todas as pessoas e classes
sociais; é uma tarefa que faz parte da
missão libertadora da Igreja.


                                     50
Princípios básicos da DSI
a) O amor.
b) A dignidade inalienável da pessoa humana.
c) Solidariedade.
d) Primazia do trabalho sobre o capital.
e) Destinação universal dos bens.
f) Subsidiaridade.
g) Participação.
h) Promoção do bem comum.
i) A relação pessoa-sociedade.

                                               51
Esses princípios só terão
eficácia se as políticas e as
ações concretas voltadas à
realização do bem comum,
   no campo econômico,
  sociocultural e político
 forem inspiradas nesses
        princípios              52
A quem cabe discernir
  as opções e aplicar
    essa doutrina às
situações concretas de
  cada época e lugar?

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Doutrina social da igreja

  • 1.   O que é Doutrina Social da Igreja? Esta expressão designa o conjunto de escritos e mensagens, cartas, encíclicas, exortações, pronunciamentos, declarações que compõem o pensamento do Magistério católico a respeito da chamada “questão social”. 1
  • 2. Os principais documentos da Doutrina Social da Igreja são: Rerum Novarum (RN) Carta encíclica do Papa Leão XIII sobre a condição dos operários, publicada no dia 15 de maio de 1891. Contexto A situação de miséria dos operários por ocasião da primeira industrialização que conhece o seu apogeu no final do século XIX. 2
  • 3. Quadragesimo Anno (QA) Carta encíclica do Papa Pio XI sobre a restauraçãoda ordem social e seu aperfeiçoamento, publicada no dia 15 de maio de 1931. Contexto A grande crise econômica de 1929 que joga milhões no desemprego, primeiro nos Estados Unidos e, em seguida, na Europa, repercutindo pouco a pouco nos demais países 3
  • 4. Mater et Magistra (MM) Carta encíclica do Papa João XXIII sobre a evolução contemporânea da vida social à luz dos princípios cristãos, publicada no dia 15 de maio de 1961. Contexto Há uma grande produção de riquezas, introdução de técnicas modernas, o que leva os desníveis sociais a proporções maiores, sobretudo entre os países industrializados e os países em via de desenvolvimento, com um atraso preocupante no desenvolvimento da agricultura nestes últimos. 4
  • 5. Pacem in Terris (PT) Carta encíclica do Papa João XXIII sobre a paz, publicada no dia 11 de abril de 1963. Contexto A guerra fria está em alta, acelerando a corrida armamentista e apontando para a ameaça de guerra nuclear; cresce, ao mesmo tempo, o fenômeno da socialização, o movimento de independência de muitos países do Terceiro Mundo, a presença da mulher na vida pública e atuação das classes trabalhadoras. 5
  • 6. Gaudium et Spes (GS) Constituição pastoral do Concílio Vaticano II sobre a Igreja e o Mundo de hoje, publicada no dia 7 de dezembro de 1965. Contexto Numa busca de diálogo com o mundo moderno, Concílio traça o perfil da presença da Igreja no mundo de hoje, buscando atualizar-se (aggiornamento), numa atitude pastoral, marcada pela estima e simpatia face ao mundo contemporâneo e suas conquistas. A Igreja compreende-se como um “dom” de Deus à “serviço” da humanidade. 6
  • 7. Populorum Progressio (PP): Carta encíclica do Papa Paulo VI sobre o desenvolvimento dos povos, publicada no dia 16 de março de 1967. Contexto Cresce a consciência da gravidade da fome, da miséria, das doenças endêmicas, da ignorância, enfim, do problema do desenvolvimento; a independência dos países não está significando independência econômica, nem um justo acesso aos próprios recursos, aumentando a disparidade entre riqueza e pobreza e a dependência entre as nações ricas e as nações pobres. 7
  • 8. Octogesima Adveniens (AO) Carta apostólica do Papa Paulo VI, endereçada ao cardeal Maurice Roy, presidente da Comissão Justiça e Paz e do Conselho dos Leigos, no dia 14 de maio de 1971 Contexto A urbanização rápida e até abrupta provoca o inchaço das cidades e consequente empobrecimento de grandes parcelas da população. Verifica-se mudança de costumes ante a emergência da civilização urbana. Cresce a força dos meios de comunicação, em especial da televisão. As ideologias, construídas no século XIX, dão sinais de inadequação. O quadro é de incertezas e interrogações face às rápidas e profundas mudanças que estão ocorrendo 8
  • 9. A Justiça no Mundo Documento do Sínodo dos Bispos sobre o Sacerdócio e a Justiça no mundo, publicado no dia 24 de novembro de 1971 Contexto Milhões de pessoas sofrem com as guerras, com a fome, nas prisões e com o racismo; 75% dos recursos são absorvidos por um terço da humanidade, o desemprego aumenta, bem como o fosso que separa ricos e pobres. 9
  • 10. Exigências cristãs de uma ordem política Documento aprovado pela XV Assembléia Geral da CNBB, realizada nos dias 8 a 17 de fevereiro de 1977. Contexto A Igreja, no Brasil, partilha com o povo os momentos difíceis da repressão do regime militar, sendo acusada de intromissão indevida nos assuntos do governo e de subversão porque denuncia o Estado autoritário de segurança nacional. 10
  • 11. Laborem Exercens (LE) Carta encíclica sobre o trabalho humano do Papa João Paulo II, publicada no dia 14 de setembro de 1981. Contexto Grandes, profundas e rápidas transformações se fazem sentir no mundo do trabalho. Tecnologias avançadas e modernas suscitam mudanças na estrutura e nas relações do trabalho, particularmente com a introdução da informática. Há necessidade de aprofundar o sentido do trabalho neste novo contexto. 11
  • 12. Por uma nova ordem constitucional Declaração pastoral da CNBB, aprovada na Assembléia Geral, reunida em Itaici, SP, nos dias 9 a 18 de abril de 1986. Contexto O Brasil se prepara para escolher, naquele ano, a Assembléia Constituinte que irá elaborar a nova Constituição do país. 12
  • 13. Sollicitudo Rei Socialis (SRS) Carta encíclica do Papa João Paulo II sobre a solicitude social da Igreja, publicada no dia 30 de dezembro de 1987. Contexto: A situação agravou-se em termos de “produção e distribuição de víveres, higiene, saúde e habitação, disponibilidade de água potável, condições de trabalho, especialmente feminino, duração da vida e outros índices sociais”, como apresenta a própria encíclica no parágrafo 14. Há velocidades diferentes de desenvolvimento; em alguns casos, verifica-se uma verdadeira estagnação, deixando uma impressão prevalentemente negativa. 13
  • 14. Orientações para o estudo e o ensino da Doutrina Social da Igreja na formação sacerdotal Documento da Congregação para a Educação Católica,publicado no dia 30 de dezembro de 1988. Contexto Sente-se a necessidade de continuar na linha do decreto Optatam Totius, do Concílio Vaticano II, que tratou da formação sacerdotal, propondo orientações sobre o estudo e o ensino da DSI nos Seminários. “Coloca em evidência os pontos que no estudo desta disciplina são fundamentais e, portanto, indispensáveis para uma sólida formação teológica e pastoral dos futuros sacerdotes”. Como dirá João Paulo II, logo depois, a “doutrina social, por si mesma, tem o valor de um instrumento de evangelização” 14
  • 15. Exigências éticas da ordem democrática Documento aprovado pela XXVII Assembléia Geral da CNBB, realizada nos dias 5 a 14 de abril de 1989. Contexto Após um longo período de regime militar, o país está passando por um processo de redemocratização. Com a promulgação da nova Constituição, no ano anterior, há um desejo do povo brasileiro em participar mais ativamente nos destinos do país. 15
  • 16. Centesimus Annus (CA) Carta encíclica por ocasião do centenário da Rerum Novarum, publicada no dia 1° de maio de 1991. Contexto Revela-se, nesta encíclica, uma preocupação com o crescente consumismo, com o empobrecimento de muitos países e a miséria de seus povos, com a questão ecológica, com a opulência e a miséria que separam ricos e pobres. Insere-se também no contexto da queda dos regimes marxistas do Leste europeu e do capitalismo que se apresenta como o vencedor. 16
  • 17. A Fome no Mundo – Um desafio para todos: o Desenvolvimento Solidário Texto preparado pelo Pontifício Conselho “Cor Unum”, por indicação do Papa João Paulo II, apresentado e levado ao conhecimento público pelo Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, no dia 4 de outubro de 1996. Contexto Na apresentação deste documento aparece muito bem o contexto, ao constar o que segue: “A multidão de famintos, constituída por crianças, mulheres, idosos, imigrantes, prófugos e desempregados, eleva para nós o seu grito de dor. Eles imploram-nos, à espera de ser escutados”. 17
  • 18. Para uma melhor distribuição da terra O desafio da reforma agrária Documento do Pontifício Conselho de “Justiça e Paz”, publicado em Roma no dia 23 de novembro de 1997. Contexto Há uma consciência clara dos dramáticos problemas humanos, sociais e éticos, advindos do fenômeno da concentração e apropriação indevidas da terra. Isto atenta contra a dignidade humana de milhões de seres humanos, torna-se um obstáculo à paz pelas inaceitáveis injustiças que acarreta 18
  • 19. Conferências e Documentos da Igreja Latino-americana: - Medellin, 1968 - Puebla, 1979 - Santo Domingo, 1992 - Aparecida, 2007 19
  • 20. Fundamentos ou fontes da Doutrina Social da Igreja a) Clamor dos oprimidos b) Palavra de Deus que ilumina a realidade c) Sabedoria do magistério da Igreja d) Prática de cristãos e comunidades = surgem soluções criativas e novas organizações e) A produção teológica f) A contribuição da ciência g) A abertura à riqueza inesgotável de pessoas, culturas e povos distintos h) Uma mística ou espiritualidade em que, diante das tensões e conflitos possa ser ao mesmo tempo encarnada, libertadora ou inculturada. 20
  • 21. A Igreja constrói uma doutrina social, isto é “um conjunto de princípios de reflexão, critérios de julgamento e diretrizes de ação” no campo das questões políticas e socioeconômicas. 21
  • 22. História/evolução Podemos distinguir duas grandes etapas na formulação da DSI: a primeira, o período de Leão XIII até o Vaticano II; e a segunda etapa, depois do Concílio até hoje. 22
  • 23. 1ª etapa - De Leão XIII ao Concílio Vaticano II •Rerum Novarum (Leão XIII, 1891), “sobre a condição dos operários”. Ela defende o direito dos operários de ter acesso à propriedade, como fruto de um trabalho remunerado com justiça, e de se associarem em sindicatos; mostra as obrigações e limites da intervenção do Estado. 23
  • 24. •Quadragésimo Anno (Pio XI, 1931) (Em comemoração aos quarenta anos da RN) Critica tanto o capitalismo com o comunismo e discute a questão do justo salário e de uma reta ordem política. Formulou o princípio da subsidiariedade. 24
  • 25. · Mater et Magistra (João XXIII, 1961) (Em comemoração aos setenta anos da RN) Sobre a recente evolução da questão social à luz da doutrina cristã. Usa o método ver-julgar e agir. Afirma a função social da propriedade. Advoga uma política de apoio à agricultura familiar e ao cooperativismo. Define o bem comum como o “conjunto de condições que permitem e favorecem nos seres humanos o desenvolvimento integral da personalidade. Expõe as exigências da justiça nas relações entre setores produtivos e no campo da cooperação entre nações. 25
  • 26. • Pacem in Terris (João XXIII, 1963) “Paz dos Povos” Apresenta duas questões centrais: Brecha entre ricos e pobres Ameaças à paz mundial. 26
  • 27. O Concílio Vaticano II marca o fim de uma era e o começo de outra. A Gaudium et Spes (GS), Constituição Pastoral “sobre a Igreja no mundo de hoje”, constitui a grande referência para uma nova visão de Igreja. 27
  • 28. 2ª etapa - Depois do Vaticano II Ensinamentos sociais de Paulo VI. - A Populorum Progressio (1967) - Octogesima Adveniens (1971) - Paulo VI (Exortação Apostólica em comemoração aos oitenta anos da RN. Paulo VI) - Evangelii Nutiandi (1975), 28
  • 29. João Paulo II também publicou três grandes encíclicas sociais: 1. Laborem Exercens (1981), (Em comemoração aos noventa anos da RN. João Paulo II) sobre o trabalho humano que vê o trabalho como a chave essencial de compreensão da questão social e proclama como exigência central de uma sociedade justa a prioridade do trabalho sobre o capital 2. Solicitude Rei Socialis (1987), (Em comemoração aos vinte anos da PP. João Paulo II). Solicitude Social da Igreja, enfoca o elo estreito entre justiça e paz e a necessidade de o Terceiro Mundo trilhar um caminho próprio de desenvolvimento, 3. Centesimus Annus (1991), (Em comemoração aos cem anos da RN. João Paulo II) no Centenário da Rerum Novarum, articula a doutrina de um direito ao progresso, baseado na possibilidade dos povos de adquirir e desenvolver conhecimento e tecnologia que lhes permitam participar da economia contemporânea 29
  • 30. Comunicação Pastoral do Povo de Deus, 1976 Exigências cristãs de uma ordem política, 1977 Subsídios para uma política social, 1979 Igreja e problemas da terra, 1980 Reflexão cristã sobre a conjuntura política, 1981 Sobe o solo urbano e a ação pastoral, 1982 Por uma nova ordem constitucional, 1986 Igreja: comunhão e missão na evangelização dos povos, no mundo do trabalho, da política e da cultura, 1988 30
  • 31. Uma nova visão da questão social Mudanças de atitudes: 1º) a crítica à apatia política 2º) O compromisso com a humanização da vida 3°) Compromisso com a justiça 4°) Opção preferencial pelos pobres 31
  • 32. Mudança na metodologia 1º) Compreensão da Igreja povo de Deus 2º) Interpretação dos sinais dos tempos 3º) Movimento de distanciamento da estreita ligação com a lei natural para uma maior afinidade com a Escritura 4º) Primado do amor 5º) Orientação para o planejamento das ações pastorais 32
  • 33. Podemos sintetizar o Ensino Social da Igreja nas seguintes grandes propostas: 33
  • 34. 1º) Articulação entre a dimensão religiosa e social da vida: A construção do humano não é tarefa meramente “secular”, alheia ao plano transcendente, mas está intimamente ligada à dinâmica do Reino de Deus; o divórcio entre fé e comportamento cotidiano constitui um dos erros mais graves do nosso tempo (GS, n. 43); 34
  • 35. 2º) Dignidade e centralidade da pessoa humana: Essa dignidade decorre do fato de o homem e a mulher serem feitos à imagem e semelhança de Deus; o desenvolvimento econômico só ganha sentido se promover a dignidade das pessoas. Da natureza da pessoa humana decorrem direitos e deveres universais, invioláveis e inalienáveis 35
  • 36. 3º) Direitos políticos, econômicos e sociais: Toda pessoa humana é titular de direitos políticos-legais e socioeconômicos, eles se concretizam na vida social, e devem ser ativamente protegidos e promovidos. 36
  • 37. 4º) Opção pelos pobres: A preferência pelos pobres não é algo facultativo, mas um eixo facultativo central da doutrina da Igreja; pobre é o economicamente desvalido, que sofre, em consequência de toda sorte de opressões, discriminações e dominação; 37
  • 38. 5º) Promoção do matrimônio e da família: O bem-estar das pessoas e o bem da própria sociedade dependem intimamente de uma situação favorável do matrimônio e da família. 38
  • 39. 6º) Amor e justiça se integram e complementam : Não há verdadeiro amor sem justiça, nem justiça plena sem amor; o verdadeiro amor exige que as pessoas sejam tratadas com justiça e que se lute por estabelecer estruturas justas, que promovam a dignidade e os direitos das pessoas, favorecendo um desenvolvimento integral e sustentável. 39
  • 40. 7º) Promoção do bem comum: O bem comum consiste no conjunto de condições econômicas, socioculturais e políticas, que permitam às pessoas atingir, em tempos razoáveis, o pleno desenvolvimento de todos e cada um (MM, n. 62); 40
  • 41. 8. Princípio da subsidiariedade As responsabilidades devem ser assumidas e as decisões devem ser tomadas o mais próximo possível ao nível das pessoas; os direitos pessoais devem ser vivenciados no contexto da promoção do bem comum 41
  • 42. 9º) Participação política: Deve-se entrar na ação para difundir as energias do Evangelho; a participação democrática, na tomada de decisões e no controle sobre os que nos governam, é o melhor caminho do respeito da dignidade e liberdade do outro. 42
  • 43. 10. Salário justo e justiça econômica: A economia deve servir ao bem de todos e sua distribuição deve ser eqüitativa; a má distribuição dos bens e serviços é uma injustiça (SRS, n. 28); o salário deve ser justo e suficiente para manter o operário e sua família. 43
  • 44. 11. Prioridade do trabalho sobre o capital: O trabalho é uma chave, provavelmente a chave essencial da questão social; o trabalho tem prioridade sobre o capital 44
  • 45. 12. Direito de propriedade: A propriedade privada de bens, com seus direitos e deveres é garantia de segurança pessoal e de paz social; tem índole individual e social . Além do direito de propriedade, há um direito à propriedade: o que requer uma justa distribuição da propriedade e da renda; a propriedade pública e sua função; há uma justa função do lucro, que é um regulador da vida da empresa, mas não o único; as especulações egoístas devem ser banidas 45
  • 46. 13. Destinação universal dos bens: Os bens da criação são destinados a todos e devem ser preservados e servir ao bem de todos: “Deus deu a terra a todo gênero humano, para que ele sustente todos os seus membros, sem excluir nem privilegiar ninguém” (CA, n. 31); a destinação universal estabelece um limite ao direito de propriedade, que não pode impedir que outros tenham igualmente a sua parte no dom de Deus: é o fundamento do direito à propriedade (CA, n. 31); a destinação universal dos bens impõe deveres de solidariedade entre pessoas, classes sociais e povos 46
  • 47. 14. Função social da propriedade: Não há direitos absolutos de propriedade, isto é, “ao direito de propriedade é inerente uma função social” 47
  • 48. 15. Princípio de solidariedade: A consciência da interdependência entre as pessoas e entre as nações deve levar à solidariedade como categoria moral, superando os imperialismos, a “avidez exclusiva o lucro”, o consumismo e o desperdício. 48
  • 49. 16. Promoção da paz: A paz é um bem maior, e sua promoção exige firmeza e determinação; é tarefa de todos, sobretudo dos que têm mais possibilidades e maiores responsabilidades; as relações baseadas no respeito mútuo e na justiça (PT, n. 91); o desenvolvimento é o novo nome da paz (PP, n. 87); a solidariedade, caminho para a paz e o desenvolvimento (SRS, n. 39); o comércio de armas e o terrorismo devem ser coibidos 49
  • 50. 17. Empenho pela libertação: O processo de libertação de injustiças em nível das pessoas e das estruturas econômicas e sociais opressivas é tarefa obrigatória de quem tem fé e comunga com os princípios da justiça e do bem comum; a libertação deve abraçar todas as pessoas e classes sociais; é uma tarefa que faz parte da missão libertadora da Igreja. 50
  • 51. Princípios básicos da DSI a) O amor. b) A dignidade inalienável da pessoa humana. c) Solidariedade. d) Primazia do trabalho sobre o capital. e) Destinação universal dos bens. f) Subsidiaridade. g) Participação. h) Promoção do bem comum. i) A relação pessoa-sociedade. 51
  • 52. Esses princípios só terão eficácia se as políticas e as ações concretas voltadas à realização do bem comum, no campo econômico, sociocultural e político forem inspiradas nesses princípios 52
  • 53. A quem cabe discernir as opções e aplicar essa doutrina às situações concretas de cada época e lugar? 53
  • 54. 54