O uso do tópico na fala de alunos de escola pública em campo grande ms gelco 2013
1. Rosangela Villa da Silva (CPAN/UFMS)
rvilla45@hotmail.com
Diana Pilatti Onofre (SED/MS)
dianapilatti@hotmail.com
2. • A Sociolinguística Variacionista teve início com os
trabalhos de Willian Labov, nos anos 70 do século XX.
Seu objetivo é o estudo da língua em uso,
observando, descrevendo e sistematizando as
variações da língua dentro de uma determinada
comunidade.
• É observar a língua como um instrumento social,
adaptada a fatores internos e externos, ou seja,
observar fatores linguísticos e sociais que podem
influenciá-la, criando assim novas variantes e
variáveis, de acordo com o contexto .
3. Essa variação pode ocorrer todos os níveis da
língua:
Fono > Morfo > Sintático > Lexical
Este trabalho propõe um estudo das Construções
de Tópico no Português do Brasil, que ocorre no
nível sintático da língua, tendo como referência os
estudos de Pontes (1987), Orsini (2004) e Vasco
(2006).
4. Partimos da hipótese inicial que o Português do
Brasil é uma língua com proeminência de sujeito,
mas que admite o uso do tópico em determinados
contextos.
5. • Constituído por meio de gravações da modalidade
falada da língua dos alunos de uma escola pública
estadual da cidade de Campo Grande, em Mato
Grosso do Sul - Escola Estadual José Ferreira
Barbosa, localizada na Vila Bordon (Zona Oeste da
capital).
• A amostra em questão foi gravada entre os meses de
agosto e setembro de 2007, na Escola Estadual José
Ferreira Barbosa, com alunos entre 6 e 40 anos, de
ambos os sexos, totalizando 24 informantes.
6. Um sintagma nominal anterior, externo à
sentença, normalmente já ativado pelo contexto
discursivo, sobre o qual se faz uma proposição
por meio de uma sentença-comentário.
A professora ela é muito brava.
Curitiba eu nunca fui, mas falaram que é bonita.
7. • Anacoluto: construções nas quais o tópico
apresenta somente vínculo semântico com a
sentença-comentário, e não vínculo sintático.
• O Titanic eu gostei.
8. • Topicalização: há a mudança da ordem dos
elementos da sentença, deixando uma categoria
vazia:
• Do primeiro casamento dela ela tem dois
filhos Ø.
9. • Deslocamento à esquerda: caracteriza-se pela
retomada do tópico na sentença-comentário, por
intermédio de um pronome (nomeado por alguns
autores como “fenômeno do duplo-sujeito”).
• Eu, a Marinês né, nóis não esquenta não, deixo
levar...
10. • Após tratamento das sentenças selecionadas nas
24 entrevistas, encontramos uma ocorrência de
3.644 unidades sintáticas, sendo 684 com
presença de tópico e 2.960 seguindo a ordem
canônica.
• A análise dos dados foi feita com ajuda do
programa GoldVarb2001.
11. oc %
Sujeito 2.960 81
Construção Tópico 684 18
Total da amostra 3.644 100 Input ,812
12. • Com base nesta rodada preliminar, podemos
afirmar que PB é uma língua que admite o tópico
enquanto esquema de organização frasal.
• Assim como Pontes (1987) e Vasco (2006) não
classificaríamos PB como uma língua puramente
de tópico, mas como uma língua com orientação
para o sujeito e o tópico (que aparecerá em
menor escala).
13. oc %
Deslocamento à esquerda 352 51
Anacoluto 263 38
Topicalização 67 9
Total 682 100
15. Em uma terceira rodada com o programa,
escolhemos as duas variedades de tópico mais
recorrentes para a análise: Anacoluto e
Deslocamento à esquerda.
Escolhemos os grupos de fatores considerados
mais relevantes para esta apresentação (o
deslocamento à esquerda foi marcado como valor
de aplicação):
16. • Quanto ao elemento inicial
• pronome: Eu qualquer serviço desenvolvo. (.86)
• substantivo: Aí a porta eles abriram a porta e
tem aquelas grades, né. (58)
• outras categorias gramaticais: Isso aí eu não
concordo com isso aí e eu to achando fraco. (.29)
• SV: Fazer uma faculdade eu fico contente.
(.27)
17. • Transitividade verbal:
• Verbo transitivo direto: Irmã não tenho. (.66)
• Verto transitivo indireto: Do meu pai eu que
ganho dele. (.69)
18. • Sujeito explícito ou implícito:
• explícito: Curitiba eu gostaria de morar. (.62)
• implícito: A cobra cega [você]coloca um pano
aqui... (faz um gesto mostrando os olhos) (.22)
19. Idade:
Informantes com menos de 15 anos
apresentaram uma tendência maior ao uso do
Deslocamento à esquerda – .68
Enquanto informantes com idades entre 16 e 25
apresentaram peso .58
Com mais de 25 anos, peso .40
20. Escolaridade:
Informantes com baixa escolaridade,
apresentaram uma tendência maior ao uso das
construções de tópico analisadas:
Ensino fundamental - .70
Ensino médio - .62
Ensino Médio - .51
21. PONTES, Eunice Souza Lima. O tópico no português do Brasil. Campinas: Pontes, 1987.
VASCO, Sérgio Leitão. Construções de tópico na fala popular. Tese de Doutorado em Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro: UFRJ/FL, 2006. Disponível em
http://www.letras.ufrj.br/posverna/doutorado/VascoSL.pdf.
ORSINI, Mônica Tavares. As construções de tópico no Português do Brasil: uma análise sintático-
discursiva em tempo real. Rio de Janeiro: UFRJ, VIII CNLF, 2004. Disponível em:
http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno05-07.html.
OLIVEIRA, Dercir Pedro de. Constituintes Sentenciais: preenchimento, queda e ordenação. Tese
de Doutorado. São Paulo: PUC, 1989.
BELFORD, Elaine de Moraes. Topicalização de objetos e deslocamento e sujeito na fala carioca:
um estudo sociolinguístico. Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de Letras, 2006. Dissertação de
Mestrado em Linguística. Disponível em: http://www.letras.ufrj.br/poslinguistica/eliaine_
%20de_morais_belford.pdf
MARTINS, Maria Luísa Aparecida Resende. Uma análise sociolinguística das construções de
tópico na fala uberlandense. Dissertação de Mestrado em Linguística. Uberlândia, MG,
Universidade Federal de Uberlândia, 2005, 130 p. Disponível em:
http://www.mel.ileel.ufu.br/dissertacoes/DISSERT181.PDF.
RAND, David. & SANKOFF David. GoldVarb: A variable rule application for Macintosh. Manual on-
line, 1990. Disponível em
http://albuquerque.bioinformatics.uottawa.ca/GoldVarb/GoldManual.dir/index.html
22. “Eu achu qui tudu na vida teim qui acontecê i... si
a genti nãum errar na vida... a gente nãum sabi u
qui vai acontecê depois...
Achu qui tudu qui aconteci na vida... passadu...
presenti... até futuru... a genti teim qui passá...
acontecê pra genti ver a realidadi... ou a genti ver
algumas coisas... (risos)”