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Oq u e é a Soci ol ogi a?
Desenvolvendo
sociológica
uma perspectiva
Estudar Sociologia
Como pode a Sociologiaajudar-nosna nossa vida?
Consciência diferenças
de
culturais
Avaliaçãodosefeitospolíticos
Auto-consciencialização

t2
4
5
3
5

6

O desenvolvimento pensamento
do
sociológico
Os primeirosteóricos
AugusteComte
Émile Durkheim
Karl Marx
Max Weber

6
6
7
8
1l
13

Olharessociológicosmais recentes
Funcionalismo
Perspectiva conflito
do
Perspectivas acçãosocial
da

l5
16
t7
t7

Conclusão
Sumário

18
18
1:
Capítulo O queé a Sociologia?

Vivemos hoje - no começo do século vinte e um ginação. EstudaÍ Sociologia não pode ser simplesnum mundo intensamente
inquietante eJ ao mesmo mente um processo rotineiro de acumulação de
tempo, repleto das maiores promessas
para o futuro. conhecimentos.
Um sociólogo é alguém capaz de se
E um mundo inundado pela mudança,marcado por
libenar do qua&o das suascircunstâncias
pessoaise
gravesconflitos, tensões divisõessociais,bem como Pensar as coisa5 num contexto mais abrangenle.
e
pelo assalto destrutivo ao meio ambiente natural proO trabalho sociológico depende do que o autor amemovido pela tecnologia modema. Não obstante, ricano C. Wright Mills, numa frase famosa,denomitemosmais possibilidades controlarmelhor os nos- nou de imaginação sociológica (Mills, 1970).
de
sos destinose de daÍ um outro rumo às nossasvidas
A imaginaçãosociológicaimplica, acima de tudo,
do que era imaginávelpelasgerações
anteriores.
abstÌairmo-nosdas rotinas familiares da vida quotiComo se desenvolveueste mundo? Porque são as diana de maneiraa poder olhá-lasde forma diferente.
nossascondiçõesde vida tão diferentesdas dos nos- Tenha-seem consideraçãoo simples acto de beber
sos pais e avós?Que rumo tomarãono futuro os prouma chávenade café. O que há a dizer, do ponto de
cessos mudança:Estasquestoes as principais vista sociológico, aceÍcade um compoÍamento apade
sâo
interrogaçõesda SocioÌogia, um campo de estudos rentementetão desinteressante?
Imenso,
que tem um papel fundamental a desempenharna
Podemos começar por notar que o café não é
cultura intelectualmoderna.
meramenteuma bebida. Enquanto parte das nossas
A Sociologia é o estudo da vida social humana, actividadessociaisquotidianaspossui um yalor sírzgnrpos e sociedades. uma (arefa fascinantee cons- àólico. O ritual associado ao acto de tom ar café é freE
trarìgedora, na medida em que o tema de estudo é o
quentemente
muito mais importante do que o consunossopróprio componamentoenquantoseressociais. mo de café propriamente dito. Duas pessoas que
A esferade acção do estudo sociológico é extrema- combinam encontrar-se paÍa tomaÍ café estaÌão propodendoir da análisede encontros vavelmente mais interessadas
menteabrangente,
em estaremjuntas e
casuaisentle indivíduos que se cmzam na rua âté à conversaremdo que em beber, de facto, café. Em
investigaçãode processos
sociaisglobais.
todas as sociedades, realidade,bebere comer prona
A maior parte de nós vê o mundo em termos das poÍcionam ocasiões para a interacção social e o
característicâsdas nossas próprias vidas, com as desempenho rituais - e tal fomece temáticasricas
de
quais estamos familiarizados. A Sociologia mostra para o estudo sociológico.
que é necessário
adoptaruma perspectivamais abranEm segundolugar, o café é uma drogc, pois congente do modo como somose dâs razõespelas quais tém cafeína,que exerceno cérebroum efeito estimuagimos. Ensina-nosque o que consideramos
natural, lante. Os adictosem café não são vistos pela maioria
inevitável. bom ou verdadeiropode nào o ser,e que o
das pessoas no Ocidente como consumidores de
que tomamoscomo <dado>nas nossas
vidas é fortedroga. O café, tal como o álcool, é uma droga socialmente influenciado por forças históricas e sociais. mente aceitável,enquantoa marüuana,por exemplo,
que permitem o
Compreenderas maneiras ao mesmo tempo subtis, não o é. No entanto,há sociedades
complexase profundas, pelas quais as nossasvidas consumo de marijuana e mesmo de cocaína, mas
individuais reflectem os contextosda nossaexperiên- desaprovamtanto o café como o álcool. Os sociólogos estão interessados
cia social é essencialà perspectivasociológica.
nas razões pelas quais estes
contrastes
exrstem.
Em terceiro lugar, um indivíduo que bebe uma
Desenvolvendo
uma perspectiva
sociológica
chávena de café está envolvido numa complicada
Aprender a pensar sociologicamente- por outrâs rede de relações sociais e económicas de dimensão
palavras,olhar mais além - significa cultiyar a imaintemacional. O café é um produto que liga as pes-
O QUE E A SOCIOLOGIA? 3

-:maf uma simpleschávenade café é uma experiência
social bastantefamiliar,mas o sociólogopode analisá-lade forma
s-'preendente.

:r{i de algumasdas partes mais ricas e mais pobres
:r pÌanetâ:é consumido em grande quantidadenos
:ises ricos, mas cultivado fundamentalmentenos
flt'res. Depois do petróleo, o caïé é a mercadoria
,ìjj valiosa do comércio internacionaì,representanrr a pdncipal exportaçãode muitos países.A produ::o- tmnspoÍe e distdbuição do café implicam tranque envolvem pessoas milhffes
i.-ções constantes
a
.= quilómetos dos consumidores.
Estudarestasfian:-ções globais é uma tarefa importante da Sociolona medida em que muitos aspectosdas nossas
-:,.
':ias são hoje afectados por influências sociais e
:,.municaçõesa nível mundial.
Em quaÍo lugar, o acto de beber uma chávena de
:à-é pressupõe
todo um processode desenyolvímento
:. n:íale económicopass4do.Com outros artigoshoje
::niliares nas dietas ocidentais - como o chá, as
:.rlanas, as batatas e o açúcar - o café tornou-se um
:rrduto de consumogeneralizado
somentenos finâis
:r :eculo XÌX. Embora sejauma bebidaoriginária do
Íédio Oriente, o seuconsumomaciço data do peío-

do da expansãocolonial ocidental, há cerca de um
séculoe meio atás. Praticamente
todo o café que se
bebe nos paísesocidentaisprovém de áreas(América
peloseuropeus;
do Sul e Africa) colonizadas
não é, de
maneira nenhuma, um elemento <natural>r dieta
da
ocidental.Ahemnça colonial teve um impactoenorÍne
sobre o desenvoÌvimentodo comércio mundiaÌ de
café.
Em quinto lugar, o café é um produto que está no
centro do debateactual em tomo da globalização,do
comércio mundial- dos direítos humanos e da destmição ambiental.A medida que o café aumentoua
sua populaddade,tomou-se um produto politizado e
um assuntode marketing: as escolhasdos consumidores sobre que tipo de café beber e onde comprar
tomaram-se opções de estílo de vida. As pessoas
podemescolherbebeÍ apenascafé orgânico,café descafeinadonaturalmenteou café comerciadoa preços
<justos>(aÍavés de esquemas
que pagam o totai do
preço de mercadoa pequenosprodutoresde café em
países em vias de desenvolvimento).Podem optar
4 OQUE É A S O CI OL OGIA ?

justona América Sul.
destes
tÍabalhadores umacooperaliva comércio
de
O caíésignifica sustento
o
de
do

por apoiar cafeta.rias
<<independentes>, vez das
em
câdeias intemacionais de cafetarias como a <<Starbucks>. Os consumidores de café podem decidir boicotaÍ café proveniente de determinados países onde
haja pouco respeito pelos direitos humanos e o
ambiente natural. Para os sociólogos, é interessante
perceber de que forma a globalização aumenta a
consciênciadas pessoasacerca de questõesque se
passamem pontos remotos do planeta, incentivando-as a actuar no dia-a-dia em função desse novo
conhecimento.

pública e na ordem do dia numa sociedadecomo a
britânica nos dias de hoje, onde mais de um teÌço dos
casam€ntosacaba ao fim de dez anos. O desemprego,
para dar outro exemplo, pode ser uma tragédia pesquem foi despedidode um emprego e não
soal pa-ra
consegue
arranjaroutro. Contudo,é uma questãoque
privado, quando dez milhões
vai além do desespero
de pessoasde uma sociedade estão nessa mesma
situação: é uma questão pública que expressagrandes
tendênciassociais.
Tente aplicâr esta maneira de ver as coisas à sua
propria vida. Não é necessário
pensarunicamenteem
fenómenosinquietantes.Considere,por um momenEstudar Sociologia
to, as Ìazões pelas quais folheia as páginas deste livro
A imaginaçãosociológicapermite-nosver que mui- - porque é que estáa estudarSociologia.Pode ser um
que parecemdizer respeitoape- estudante relutante de Sociologia, que tenta fazer o
tos dos fenómenos,
nas ao indivíduo, na verdade, reflectem questões curso apenas por ter de obter uma licenciatura. Ou
podeserum pode ser um entusiasta que procura sabeÍ mais ac€rca
maisamplas. divórcio,por exemplo,
O
processo
muito complicadopara quemo atravessa
da matéÍia. Sejam quais forem as suasmotivações,é
pessoal>>.
aquiloa queMills chama<problema
Mas, provável que, semque o saibanecessariamente,
tenha
como ele refere, o divórcio é tambémuma questão muito em comum com outros oue estudamSociolo-
O QU E E A S OC IOLOGIA ?5
gia. A sua decisão privada Íeflecte a sua posição na
sociedade.
As seguintes característicasaplicam-se a si? É
novo? E branco? De um estrato social de profissionais qualificadosou colarinhos-brancos?
Teve ou tem
aÌgum (pad-time> que lhe permita ganhar mais
algum dinheiro? Deseja encontrarum bom emprego
quando acabaÌ a escola,embora não estejaespecialmenteinteressado
nos estudos?
Não tem a ceÍeza do
que é a Sociologia,embora penseque tem algo a ver
com o componamentodas pessoas gmpos? Mais
em
de três quartosde vocês responderá
afirmativamente
a estas perguntas.Os estudantesuniversitários não
ião uma amostra típica da população no seu todo,
poistendem seroriundos meiossociais
a
de
maisprir iÌegiados.E as suas atitudes,por norma, Íeflectem
a: dos seusamigose conhecidos. meios sociaisde
Os
provimos têm muito a ver com o tipo de deci.-ìnde
sõesque consideramos
adequadas.
'las suponhaque respondeu
negativamente uma
a
,ìr mais destasquestões.Poderá ser oriundo de um
:Íupo minoritário ou pobre. Poderáandar pela meia-idadeou ser ainda mais velho. E provável que tenha
:io que lutar para chegar onde chegou; pode ter sido
-Èrisado a ultrapassarreacçõeshostis por pane de
:.!risos e de outros quandoanunciouque pretendiair
=ra a faculdade;ou pode ser ao mesmo tempo aÌuno
:-. ensino superiore pai ou mãe.
Embora todos sejamosinfluenciadospelo contexr vr-ial em que nos inserimos,nenhumde nós tem o
'eir comportamento determinado unicamente por
5.<i contextos.
Nós possuímos. criamos.a nossa
e
r..9ria individualidade.E tarefa da Sociologiainves-:"r a5 relaçõ€senÍre o que a socíedade de n<ise
faz
: ;te nósfaTemosde nós próprios, O que nós faze--!Lìstanto estÍutura - dá forma a - o mundo social
J-Ë noi rodeiacomo, simultaneamente, estruturado
é
:r:a isse mesmo mundo social.
O conceito de estrutura social é um conceito
para a Sociologia. Refere-se ao facto de
-:r'a.tante sociaisdas nossas
:s ;-.ÍÌtextos
vidas não consistirem
:!Ë..ai em acontecimentos acçõesordenadosaleae
-r.-"4:i<nte:eles estãoestruturados, pad.roniTad.os,
oI
::.rentes maneiras. Há regularidadesno modo
- :!-rr nos componamos ou nas relaçõesque temos
:
-:- -rüÌìs pessoas.Mas a eshutura social não é
::r-.r-' uma estrutura física, como um edifício, que
:-!è lbrma independentedas acções humanas.

As sociedadeshumanas nunca deixam de estar em
procassode estruturação. Elas são reconstruídasa
que
todo o momento pelos viírios <<blocos>> as compõem - sereshumanoscomo nós.
Como exemplo,pensenovamenteno casodo café.
Uma chávenade café não apareceautomaticamente
nas nossasmãos. Tem de decidir, por exemplo, ir a
um determinado café, optar entre uma bica ou um
garoto, e por aí adiante.A medida que vai tomando
essas decisões,juntamente com outros milhões de
pessoas,
estáa configurar o mercadodo café e a afectar a vida dos produtoresde café que vivem possivelmente do outro lado do mundo, a milhares de quilómetrosde distância.

Como pode a Sociologia
aiudar-nos
na nossavida?
A Sociologiatem muitas implicaçõespráticaspaÍa as
nossasvidas, tal como Mills sublinhou quando desenvolveuo seu conceito de imaginaçãosociológica.
Consciência de diferenças culturais
Em primeiro lugar, a Sociologiapermite que olhemos
para o mundo social a partir de muitos pontos de
vista. Muito frequentemente, se compreendermos
correctamente modo como os outos vivem, adquio
rimos igualmenteuma melhor compreensão
dos seus
problemas.As medidaspolíticas que não se baseiam
numa consciênciainformada dos modos de vida das
pessoas
que afectam têm poucashipótesesde sucesso. Deste modo, um assistente
social branco que tlabalhe numa comunidade predominantementenegÌa
não irá ganhar a confiança dos seusmembros, a não
ser que desenvolva uma sensibilidadeface às diferenças de experiência social que frequentemente
separambrancose negros.
Avaliação dos efeitos das políticas
Em segundo lugar, a pesquisa sociológica fornece
uma ajuda prática na ayqliação dos resultados de iniciativaspolíticas.Um programade reformaspráticas
pode simplesmentefalhar a consecução
dos objectivos que os seusautorespretendiam,ou produzir consequências não intencionais de cariz prejudicial.
A título de exemplo, refira-se que nos anos que se
6 OO UE E A S O CI O L OGIA ?

seguiram à SegundaGuerra Mundial construíram-se
grandesblocos habitacionaisde iniciativa pública no
centro das cidades de muitos países.A intenção era
providenciar um bom nível de habitação,com zonas
comerciaise outros serviçospúblicos à mão, para os
moradoresdos bainos degradados com baixos rene
dimentos.Contudo, a investigaçãomostrou que muitos dos que se mudarampara esses
blocos habitacionais se sentiamisoladose infelizes.Em muitos casos
os grandes
e
blocoshabitacionais as úeas comerciais
em zonas pobres depressase degÍadaram,tendo-se
üansformado em viveiros para a ladroageme outros
crimes vioÌentos.

frequentemente
acercada meÌhor maneirade estudar
o comportamentohumano e da forma como os resultados das pesquisas
devem ser interpretados.
Porque
é que isto se passaassim?A resposta€stá relacionada com a própria natureza do campo de estudos,
A Sociologia debruça-sesobre as nossasvidas e o
nosso próprio comportamento,e estudar-nosa nós
próprios é a mais difícil e complexa tarefa que podemos empreender.

Os primeiros teóricos

Nós, os sereshumanos,sempresentimoscuriosidade
pelas razões do nosso próprio comportamento,mas
durante milhares de anos as tentativasde nos entenAuto-consciencialização
dermos dependeramde formas de pensar lransmitiEm terceiro lugar, e em alguns aspectos o mais das de gemçãoem geração.Estasideiaseram expresimpofiante, a Sociologia pode permitir-nos uma sas frequentemente em termos religiosos, ou em
auto-consciencialização - uma auto-compreensão mitos bem conhecidos,superstições crençastuadiou
cada vez maior. Quanto mais sabemos acerca das cionais. O estudoobjectivo e sistemáticoda sociedarazôespelas quais agimos como agimos e como funde e do comportamentohumano é uma coisa relaticiona, de uma forma global, a nossasociedade,
tanto vamente recente, cujos inícios remontam aos finais
mais provável é que sejamoscapazes influenciar o
de
do século XVIIL Um desenvolvimento-chave o
foi
nosso futuro. Não devemos conceber a SocioÌogia uso da ciência para se compreendero mundo - a
como algo que apenasajuda os decisoÍespoìíticos emergênciade uma abordagemcientífica teve como
uma mudançaradical nasformas de ver
ou seja,os poderosos a tomar as melhoresmedidas. consequência
Não se pode presumir que aqueles que estão no e entender as coisas. As expÌicações tradicionais
poder,ao tomaremdecisões,
tenham sempreem con- baseadas religião foram suplântadas, sucessina
em
dos grupos menos poderosos vas esferas,por tentativasde conhecimentoracional
sideraçãoos interesses
ou desfavorecidos.Os grupos com autoconsciência e crítico.
podem, com frequência, beneficiar da investigação
Tal como a Física, a Química, a Biologia e outras
sociológica, para assim poder responder de uma disciplinas, a Sociologia surgiu como parte deste
forma eficaz às medidaspolíticas govemamentais
importante processointeÌectual.As origens da disciou
para promover as suas próprias iniciativas poÌíticas. pìina inserem-se contexto de uma sériede mudanno
Grupos de auto-ajuda, como os AÌcoólicos Anóniradicais introduzidaspelas <duasgrandesrevoluças
mos, e movimentos sociais,como os ecologistas,
são ções> da Europa dos séculos XVIII e XIX. Estes
exemplos de grupos sociais que lograram introduzir acontecimentosprofundos transformaram irreversiconsiderável.
velmenteo modo de vida que os sereshumanoslevareformas práticascom um sucesso
vam há milhares de anos.A Revolução Francesade
o
1789 representou triunfo das ideias e valores seculares, como a liberdadee a igualdade,sobre a ordem
O desenvolvimento pensamento
do
social tradicional. Foi o início de um movimento
sociológico
dinâmico e iatenso que a partir de então se espalhou
Quando começam a estudar Sociologia, muitos alu- pelo globo, tornando-se algo inerente ao mundo
nos ficam perplexos com a diversidade de aborda- moderno.A segundagranderevolução teve início na
gens existentes. Sociologianunca foi uma daquelas Grã-Bretanhaem finais do século XVIII, antesde se
A
disciplinas com um corpo de ideias unanimemente verificar noutros locais da Europa, na América do
aceitescomo válidas.Os sociólososdiscutementre si
Norte e noutros continentes.Ficou conhecidacomo
O QUE E A SOCÌOLOGIA? 7

Revolução Industrial - o conjunto amplo de transl-ormações
económicase sociais que acompanharam
o surgimentode novos avançostecnológicoscomo a
máquina a vapor e a mecanização. surgimentoda
O
indústriaconduziu a uma rnigraçãoem grandeescala
de camponeses,que deixaram as suas terïas e se
ransformaram em habalhadores industriais em fábri!-âs. o que causou uma rápida expansão das ifueas
uÍbanas e introduziu novas formas de relacionamento
-rocial.A Revolução Industrial mudou de forma dramática a face do mundo social, incluindo muitos dos
Dossos
hábitospessoais. maioÍ parte da cornidaque
A
úgerimos e das bebidasque tomamos - o café, por
eremplo - são hoje em dia produzidos ahavés de
meios industriais.
A destruiçãodos modos de vida tradicionaislevou
os pensadores desenvolver
a
uma nova concepção
dos mundos natural e social. Os pioneiros da SocioÌogia confrontaram-secom os eventos que acompaaharam essas revoluções, tentando compreender
=ato as razõesda sua emergênciacomo as suasconpotenciais.O tipo de questõesa que estes
sequências
AugusteComte (1798-1857)
Fnsadores do século XIX procuraram responder - O
que é a naturezahumana?Porque é que a sociedade
:sú estruturada
assim?Como mudam as sociedades
e
:or que mzão o fazem? - são as mesmas a que os tinha alteradoo modo tradicional de vida da populaiociólogos procuram responderactualmente.
ção francesa.Comte procurou criar uma ciência da
sociedade que pudesse explicar as leis do mundo
social, à imagem das ciências naturais que explicauguste Comte
vam como funcionava o mundo físico. Embora reconhecesseque cada disciplina científica tem o seu
inguém pode, por si só, como é óbvio, fundar sozi- próprio objecto de análise, Comte acreditava que
todas paÌtilham uma lógica comum e um método
úo todo um novo campo de estudos, e foraÍn muitos
rlueÌes que contribuíram para os começos do pensa- cienífico, o que visa revelar leis universais.Tal como
=ento sociológico. Contudo, é ftequentementeafti- a descoberta das leis do mundo natural nos permite
rrído um lugar de destaque ao autor francês Auguste controlar e prever os acontecimentosà nossa volta,
Comte (1798-1857), nem que seja porque foi ele também desvendaras leis que govemam a sociedade
humananos pode ajudar a configurar o nossodestino
quem de facto inventou o termo <Sociologio. Origirilmente, Comte usou a expÍessão <<física
social>, e a melhorar o bem-estar da humanidade. Comte
:as algunsdos seusrivais intelectuaisda altura tam- acreditavaque a sociedadese submetea leis invaÍiáao
:ém a usavam.Comte queria distinguir o seu ponto veis, de um modo muito semelhante que sucedeno
jÊ 'ista da visão dos seusrivais, de modo que criou o mundo físico.
-;rmo <Sociologio>paÌa descrevera disciplina que
Comte via a Sociologia como uma ciência posiliva. Acreditava que a disciplina devia aplicar ao estu:ÍeÌendia estabelecer.
O pensamento de Comte reflectia os acontecimen- do da sociedadeos mesmos métodos científicos e
:. Ìurbulentos do seu tempo. A Revolução Francesa rigorososque a Física ou a Química usam para estu:ar ia introduzido uma série de mudanças importantes dar o mundo físico. O positivismo defende que a
:a sociedade e o crescimento da industrialização ciência deve preocupar-seapenascom factos obser-
sOOU E E A S O CI O L OGIA ?

'á!eis que ressaltam diÍectamente da exp€riência.
Com base em cuidadosas observações sensoriais.
podemosinferiÌ as leis que explicam a relação exisCompreendentente entle os fenómenosobservados.
os
do o relacionamentocausalentre acontecimentos,
cientistaspodem então prever o modo como futuros
acontecimentos poderão oconer. A abordagem positivista da Sociologia acredita na produção de coúecimento aceÍca da sociedade com base em provas
empíricas retimdas da observação, da comparação e
da experimentação .
A leí dos três esíádios de Comte postula que as
tentativas humanas para compreender o mundo pasteológico, metafísicoe positivo.
sarampelos esü4dios
No estádio teológico, as ideias reìigiosase a crença
que a sociedade era uma expressão da vontade de
Deus eram o guia do pensamento. No esúdio metafísico, que se afirmou pela época do Renascimento,a
sociedadecomeçou a ser vista em termos natuÍais, e
O
não sobrenaturais. estádio positivo, desencadeado
pelas descobertase feitos de Copérnico, Galileu e
Neryton,
encorâjoua aplicaçãode técnicascientíficas
ao mundo social . Comte , ao adopÌaÍ esta úlúma perspectiva, consideravaa SocioÌogiacomo a última dâs
ciênciasa desenvolver-se depois da Física, da Quí
mica e da Biologia -. embora também a mais importante e complexa das ciências.
Já na fase final da sua carreiÍa, Comte concebeu
planos ambiciososparâ a reconstruçãoda sociedade
ftancesa em paÌticular e das sociedades humanas em
geral, com base nos seus pontos de vista sociológida humacos . Reclamou a fundação de uma
"religião
nidade", que deveria abandonaÍ a fé e o dogma em
favor de um fundamento científico. A Sociologia
estaria no centÌo desta nova religião. Comte estava
perfeitamenteconscientedo estadoda sociedadeem
que vivia: estava preocupadocom as desigualdades
que a industrializaçãopÍoduziâ e a ameaçaque elas
constituíam paÍa a coesãosocial. A solução a longo
prazo, de acordo com a suâ perspectiva,consisúa na
produção de um consenso moral que âjudâr'ia a reguapesardos novos padrõesde
lar, ou unir, a sociedade,
desigualdade. Embora o caminho de Comte paÍa a
da
reconstrução soci€dadenunca se tivesseconcreti
e
zado, a sua contribuiçãopara a sistematização unificação da ciência da sociedade foi importante para a
posterior profissionalização da Sociologia enquanto
disciolina acadérnica.

Emile Durkheim
A obra de outro autor francês, Émile Durkheim
(1858-1917), teve um impacto mais duradouro na
Sociologia modema do que a obra de Comte. Emboda
ra se apoiasseem determinadosaspectos obra de
Comte, Durkheim pensavaque muitas das ideias do
seu predecessor eram demasiado especulativas e
vagas,e que Comte não realizaracom sucessoo seu
programa - dar à Sociologia um carácter científico.
Durkheim via a Sociologia como uma nova ciência
que podia ser usadapaÍa elucidar questões
filosóficas
tradicionais, examinando-as de modo empírico. Durkheim, como anteriormente Comte, acreditava que
devemosestudara vida social com a mesmaobjectividade com que cientistas €studam o mundo natural.
O seu famoso princípio básico da Sociologia era
<estudaÍos factos sociaiscomo caisao. Queria com
isso dizer que a vida social podia ser analisadacom o
mesmo rigor com que se analisamobjectos ou fenómenos da natureza.
A obra de Durkheim abrange um vasto espectro de
tópicos. Três dos principais temas que aboÍdou
foÍaÍÌ: a imponância da Sociologia enquanto ciência

Emile Durkheim (1958-1917)
O OU E É A S OC IOLOGIA ?9

€mpírica; a emeÍgência do indivíduo e a formação de
üma ordem social; e as origens e carácter da autoridade moral na sociedade. Encontraremos as ideias de
Dütheim repetidasvezesnas nossasdiscussões
teóricas acerca da religião, do desvio e do crime, do trabalho e da vida económica.
Para o autor, a principal preocupação intelectual
da Sociologiaresideno estudodos factos sociâis.Em
iÈz de aplicar métodos sociológicos ao estudo de
indiíduos, os sociólogos deviam antes analisar facros sociais - aspectos da vida social que determinam
a tro,ssa
acção enquanto indivíduos, tais como o estado da economia ou a influência da religião. Durifuin acreditava que as sociedadestinham uma leaIitâde pópria - ou seja, a sociedade não se resume às
siryles acções e interesses dos seus membros indivi.foais- De acordo com o autor, factos sociais são forEâs de agir, pensar ou sentir que sáo externqs aos
iudiríduos, tendo uma realidade própria exterior à
rida e percepções das pessoas individualmente.
fua
caracteística dos factos sociais é exercerem
w poder coercivo sobre os indivíduos . No entanto, a
&rureza consÍangedora dos factos sociais raramente
é rÈcoúecida pelaspessoas
como algo coercivo.pois
è uma forma geral actuam de livre vontade de acordo com os factos sociais, acÍeditando que estão a agir
segundo as suas opções. Na verdade, afirma DuriàÈim- frequentemente as pessoas seguem simplesnote padrões que são comuns na sociedade onde se
mserem. Os factos sociais podem condicionar a
rìao humana de variadas formas, que vão do castis Flro e simples(no casode um crime. por exemCot a üm simples mal-entendido (no caso do uso
n'orrecÌo da linguagem).
Durkleim reconhecia que os factos sociais são
iifictis de estudar. Os factos sociais não podem ser
$sen'ados de forma directa, dado serem invisíveis e
dangíveis. Pelo contriário,as suas propriedadessó
rdem ser reveladas indirectamente, através da aná:se dos seusefeitos ou tendo em consideÍação
tentaras feitas para as expressar,como leis, textos religiosos ou regras de conduta estabelecidas. Durkheim
qblinhava a importância de pôr de lado os preconÈftos e a ideologia ao estudar factos sociais. Uma
rirude científica exige uma mente aberta à evidência
jG sentidose liberta de ideias preconcebidas
provetrIetrÍesdo exterior. O autor defendia que os conceitos
,-€ntíficos apenas podiam ser gerâdos pelâ prática

científica. Desafiou os sociólogos a estudar as coisas
tal como elas são e a consüuÍ novos conceitosque
reflectissem a verdadeira natureza das coisas sociais.
Tal como os outros fundadores da Sociologia,
Durkheim estava preocupado com as mudanças que
transformavam a sociedade do seu tempo. Estava
particularmente interessado na solidariedade social e
moral - por ouhas palavras, naquilo que mantém a
sociedade
unida e impede a suaquedano caos.A solidariedade é mantida quando os indivíduos se integram com sucessoem gÍupos socrals e se regem por
um conjunto de valores e costumes partilhados. Na
sua primeira grande obra, A DivísAo Socíal do Trabalfto (1893), Durkheim expôs uma análise da mudança social, defendendo que o advento da era industrial
representava a emergência de um novo tipo de solidariedade. Ao desenvolver este argumento, o autoÍ
contrastou dois tipos de solidariedade - rnecônica e
orgânica - , relacionando-os com a divisão do trabalho e o aumento de distinções entre ocupações diferentes.
Segundo Durkheim, as culturas tradicionais com
um nível reduzido de divisão do ftabalho caÌâcterizam-se pela solidariedade mecAnica. Em virtude da
maioÍ parte dos membros da sociedade estar envolvida em ocupações similares, eles estão unidos em
tomo de uma experiência comum e de crenças partilhadas. A força destas últimas é de natureza rcpressivâ - a comunidade castiga prontaÍnente quem quer
que ponha em causa os modos de vida convencionais .
Desta forma Íesta pouco espaço para dissidências
por
individuais. A solidariedademecânicabaseia-se,
das crenconseguinte, consensoe na similaridade
no
ças, No entanto, as forças da industrializaçãoe da
urbanização conduziram a uma maior divisão do trabalho , o que contribuiu para o colapso desta forma de
solidariedade. A especialização de tarefas e a cada
vez maior diferenciaçãosocial nas sociedades
desenvolvidas haveria de conduzir a uma nova ordem
caÌacterizada pela solidariedade orgânica, defendia
Durkheim. Este tipo de sociedades
estãounidaspelos
laços da interdependência económica entre as pessoase pelo reconhecimento impoÍância da contrida
buição dos outros. A medida que a divisão do tÌabalho aumenta, as pessoastomam-se cada vez mais
dependentesumas das outras, dado que cada uma
necessitados bens e serviços que só ouhas pessoas
com ocupações diferentes podem fomecer. Relações
ra o olrE t A soaroLoG A'

O estudode Durkheim
sobre o suicídio
que exploUm dos estudosclássicos Sociologia
da
ra a relaçáo entre o indivíduo e a sociedade é a
análise de Durkheimsobre o suicídio(Durkheim.
publicado 1897).
Embora
1952;originalmente
em
os
humanos se vejam a si pÍóprios como indivíseres
duos livresna sua vontadee opções,os seus comoortamentos são muitas vezes oadronizados e
pelo mundosocial. estudode DurO
determinados
kheim demonstrouque mesmo um acto táo pessoal
pelo mundo social.
como o suicídioé influenciado
Tinha havido anteriormente pesquìsas sobre o
foi
suicídìo,
mas Durkheim o primeiro
autora insistir
para o fenómeno.
As
numa explicação
sociológica
obras anteriorestinham reconhecidoa inÍluênciâde
íactores sociais no suicídio, embora destacando
Íactorescomo a raça, o clima ou perturbaçõesmentais,para explicar probabilidade alguémcomea
de
segundoDurkheim, suicídio
o
ter suicídio.
Contudo,
en um facto socíalque apenas podia ser explicado
por outros Íactos sociais.O suicídio era algo mais
de
do que um simplesconiunto actos individuais
era um Íenómeno com característicaspadronizadas.
Ao examinarregistosoficiaissobre o suicídioêm
França, Durkheim descobriu que determinadas
categoriasde pessoas eram mais pÍopênsas â
cometer suicídio do que outras. Descobriu,por

econ(rnrica dc rnútuadçpendência
e
de recipr-ocìdaclc
na
vênì substituiras crençaspartilhadas função cLe
social.
criíÌrum conscnso
os
de
N() entanto. processos rludança no muntlo
c
mollcrnosiu de tal nruncirr rrrpiJos itttenrorqtte
problemas
sociaisimportantes.
PodcÍìl
dão oligem a
ter eltitos dissolventes
sobreos estilosdc vida tradircligiosas os padrões
e
do
cionlis. a moral.ascrenças
quotidiano.
fornccereÍr1
novoslalotes
scm no entanto
Durkl'ìeiÌÌ'ì
rcìacionou
esteconlede formaevidcnte.
dc
to conturbiÌdocom a irnolììi:i. Lrm sentinÌ9nto
proroclilo
ausência objectivosou de dcsespero
de
e
peiavida socialmodelna. padrircs mciosdç con
Os
pcla rcli
fornecidos
antcÌiormentlj
t|olo tradicionais,

mais suicídiosêntre
exemplo,que se veriÍicavam
mais entre
os homensdo que entre as mulheres,
os protestantes do que entre os católicos, mais
entre os ricos do que entre os pobres,e mais entre
os solteirosdo oue entre os casados.Durkheim
tambémque as taxasde suicídio
tendiam
Dercebeu
a ser menoresduranle épocas de guerra e mais
elevadasem alturas de mudança económicaou de
instabilidade,
que
Durkheim concluir
a
Estesachadoslêvaram
existem forças sociaìs externas ao indivíduo que
inÍluenciam taxasde suicídio, auÌorrelacionou
as
O
a sua explicaçáo com a ideia de solidariedade
social e com dois tipos de laços na sociedade- a
integração social e a rcgulação soclâl Durkheim
acreditavaque as pessoasque estavamsolidamente integradasem grupos sociais,e cujos desejos e
aspiraçõesse regiâm pelas normas sociais,tinham
de
ldentificou
uma menororobabilidade se suicidar.
quatro tipos de suicídio,em Íungáo da presênçaou
e
ausência integraçào da regulação.
da
Os suicÍdios egoístas caracletizam-sepor uma
fraca integraçãona sociedadeê ocorrem quando o
ou
indivíduo
está sozinho, quandoos laços que o
pÍendema um grupo estão eníraquecidos queou
taxas de suicÍdio entre os católibrâdos.As baixas
cos, por exemplo,podem explicar-sepela sua íortê

gialt). destruídos largamedidapelo desenvolsão
em
o
vimentosocialmoderno. quc deixaenl nìuitosìlìdi
moderniìs um sentimentode
vítluos das sociedades
ausência scntidoniì suavida quotidiana.
de
mais famososde Durkheim (ver
Um dos €studos
do
caixa de texto) dizia respeitoà anáÌise suicídio.
pessoal.
O suicídioparccescr uma acçãopuran'ÌeÌÌte
de
o rcsultaclo uma inÍèlicidadepesserl extremiì.
ql
eonl tl drì. l e l u(l Orei.oci ai  er' fO uttÍ.,tnl orl rou.
cem urla influência fìrrdamentai Ììo corì'rporlan'ìc'nÌL
influências
suicidárìo sendoa anomiauma dessas
.A.s
tirxas dÈ suicídio nrostram padrõesregularesah
padrões
clevem expÌicado:
ser
ano para ano.c esses
sociologicamcnte.
O OUE E A SOC OLOG A? 11

que a libernoçãode comunidade
social,enquanto
dade moral e pessoaldos protestantes
significaque
.,estãosozinhos" perante Deus. O casamentofunciona como uma protecçãoem relação ao suicídio,
ao integrar indivíduo
o
num relacionamento
social
estável,ao contráriodas pessoassolteiras,que perrranecem mais isoladas no seio da sociedade.
A menor taxa de suicídiosem tempo de guerra,
pode ser vista como um sinal
segundoDurkheim,
le uma maior integraçãosocial.
O suicídio
anomico causadopor uma ausència
é
Je regulação social. Para Durkheim,tãl reportavasociais de aromrâ, quando as
-se às condiçÕes
Sessoas vêem "sem normas' em contextos
se
de
na
"rudançasúbitaou de instabilidade sociedade.
À peÍda de um ponto de reÍerênciaiixo no que diz
'espeito às normas e desejos - como sucede em
:emposde convulsões
económicas de conÍlìtos
ou
sessoais
como o divórcio pode perturbar equilÊ
o
Jrio entre a realidadeda vida das pessoase os
:eus deselos.
O suicídio altruísta lem lugar quando um indivi
:Jo se encontra (excessivâmenteintegrado" - os
.,nculossociaissão demasiado
fortes- e valorizâ
"lais a sociedade que a si próprio.
do
Nestecaso,o
,<!icídio
transforma-se
numa esDécie sacriÍício
de
3or um "bem maior". Os pilotos kamlkasejaponesesou os "bombistas
suicidas"
islámicos exemsão
3 cs de suicidas
ParaDurkheim.
altruístas.
este tiDo

de suicídioé característico
das sociedadestradicionais.onde orevalece solidariedade
a
mecânica.
O último tiDo de suicídio é o suicídio ÍaÍallsfa.
Embora oara Durkheim este tioo de suicídio Íosse
pouco relevante na sociedade contemporânea,o
autor acreditavaque este se veriÍicavaquando um
pela socieindivíduo
regulado
era excessivamente
traduz-se
num sentidade.A opressão indivíduo
do
mento de imDotència
Deranteo destino ou a socieoaoe.
Emboravariem de sociedâdepârâ sociedade,as
taxas de suicídio apresentampadrões reguladores
em cada sociedade longo dos anos. Para Durao
kheim, tal provavaque existem forças sociais consistentes
oue influenciam comDortamento
o
suicidário. Uma análise das taxas de suicídio revela até
que ponto podem ser identificadospadróes sociais
geraisem acçõesindividuais.
Desde a publicaçãode O Suicídio,Íoram levantadas muitas objecçõesa este estudo de Durkheim,especialmente
acercada sua utilização
nas
oÍiciais, sua rejeiçãode inÍluências
da
estatísticas
de carácternão-social
sobre o suicídio,e da sua
insistênciaem classiÍicarem conjunto todos os
tipos de suicídio. qualquermaneira,esta obra
De
continua ser um estudoclássico a sua asserção
a
e
fundamentalpermaneceválida: mesmo um acto
táo pessoalcomo o suicídioexige uma explicação
sociológica.

unìagrandediversidadc
-se na suaobriì.quc abrangc
.lc l..untos. A ntlrr('r'pitr'te .uu. c(rito5 centril.c
dos
cnì questões
cconón'ìicas.
ìras. cor]]o sempÍe tcre
i- .J.ias de Klll Mar (188i lì3) contrastam
radi
conìopreocLlpaçiio
reÌacior]ar pfoblemas
os
econ(irÌìi
,..:ìl.nÌe conì as dc Comte e Durkheirn,
cmbora.lal
sociais, sua obra erl, c é,
a
. :--.o
eles.tarnbón Marx tenh!Ìtentadoexplicar as cos com as instìtuições
sociológicas.
Mesno os seuscríti,..ianças
cÌue ocoriian] na épociì da Revolução rica em rcïlexircs
cos mais ilrplacáveis considcriLm sua obliì cle
a
:,:u.trial.As actividades
poiíticastle Marx. quanclo
. aiÌ. tiveranìconroconsequêncin conflito conr inportânciapara o desenvolvinÌento Seciololrìr.
da
um
.. .:uroridades
llcnrãs: trpósunra bteve estadiaem
:-,nca.
íixou-se.paritsemprc.no cxílio nr CrirBrc(tpilulisnut t luíu tlt clqssct
:.: .irr. Marx iìssistiLl rÌumcnto númerode fábriiÌo
do
escri:vcssc
accrca vÍlias Íascsda histór'ia.
de
bent como às clcsigual- EmboÌ-a
-... e da produçio industrial.
na
nos tcmposmodcr
pelo movimcÌr10 Marx colìcentrou-sc mudançiì
daí ÌesultaDlcs. seuintercssc
O
-.-je
-r':iirio curopcr.r peÌasideiassociaìistas
mais inlponantes
estaviìm
e
rellccliu- nos.Paraeie.irsrnudanças
i r.rll  lr r x
l2O OUEEASOCIOL O G I A?

urbanâ. Esta classe de tuabalhadoresé também aoelidada de proletaríado .
Segundo Marl(, o capitalismo é inerentemente um
sistemade classes,
sendo as relaçõesentre as classes
caracterizadas pelo conflito. Embora os proprietiários
do capital e os trabalhadores dependam uns dos
outÍos - os capitalistas necessitam da mão-de-obra e
os trabalhadoÍes necessitam dos salários - a dependência é exúemamente desequilibradâ. O relacionamento entre as classes assenta na exploração, na
medida em que os trabalhadoÍes têm pouco ou
nenhum controlo sobre o seu trabalho e os patrões
têm a possibilidade de gerar lucro apÍopriando-se do
produto do esforço dos trabalhadores. Marx acreditava que o conflito de classes em tomo dos recuÍsos
económicos se iria acentuâr com a passagem do
tempo.
Mudança social: a concepção materiaüskt
da história
A perspectiva de Marx assentavano que denominava
concepçãomaterialista da história. De acordocom
esta perspectiva, não se enconham nas ideias ou nos
valores humanos as principais fontes de mudança
ligadas ao desenvolvimento capitalismo - um sis- social. Pelo contri4rio, a mudança social é promovida
do
tema de produção que contuastade forma radical com
acima de tudo poÍ factores económicos. Os conflitos
sistemas económicos historicamente anteriores, entre classesfornecem a motivação para os desenvolimplicando a produçàode bense serviçospaÍa serem vimentos históricos- eles são o <motor da histório.
vendidos a uma gnnde massa de consumidores, Nas palavras de Marx, <toda a história humaÍa ê, a|é
O autor identificou dois elementos cruciais nas à data, a história da luta de classes>.
Embora o autoÍ
empresas capitalistas. O primeiÍo é o capital - qtJal- centrassea maior parte da sua atenção no capitalismo
quer activo. incluindo dinheiro. máquinas.ou mesmo e na sociedade modema, analisou igualmente a forma
fábricas,que possaser usadoou investido para reali- çomo as sociedades se desenvolveram ao longo da
zar frrturos bens. A acumulaçãodo capital está intihistória. SegundoMarx, os sistemassociaisÍansitaÍn
mamente ligada ao segundo elemento, o trabalho
de um modo de produção para outro - às vezes de
assalariodo - poÍ tal entende-se o conjunto de tabaforma gradual , outras vezes por via de uma revolução
lhadores que não detém a propriedade dos meios de - em Íesultado das conhadições dos seus sistemas
produção, mas que tem de procurar emprego, fomeeconómicos. O aulor delineou uma progressãopor
cido pelos que detêm o capital. Marx acreditava que etapas históricas, com início nas sociedades
comuaqueles que detêm o capital, ou capitalistas, constìpassando
pelos sisnistasdos caçadores-recolectores,
tuem uma classe dominante, enquanto a grande temas esclavagistas
antigos e pelos sistemasfeudais
massada população constitui uma classe de trabalhabaseadosna distinção entre senhores das teÌras e seÍdores assalariados. classeoperária.A medida que vos . A emergência de comerciantes e aÍesãos marcou
ou
a industrialização se propagou, um grande número de
o início de uma classe comercial ou capitalista que
camponeses, que anteriormente subsisüam do trabaacabou por substituir a nobreza fundiiíria. De acordo
lho agícola, mudou-separa as cidadesem expansão, com estâ perspectiva da história, Marx defendeu que
aiudando a formar uma classe oDerária industrial
tal como os capitalistas se haviam unido para derru(Í818-1883)
KarlMarx
O OUE É A SOCIOLOGIA? 13

!aÍ a ordem feudal, também os capitalistas seriam
uplantados e uma nova ordem instalada.
íaÍx acreditavana inevitabilidadede uma revoluìâo da classe trabalhadora que demrbaria o sistema
--apitalista e abriria portas a uma nova sociedade onde
H existissemclasses- sem gmÍìdes divisões enúe
::,-os e pobres. Marx não queria dizer que todas as
jesisualdades entueos indivíduos iriam desaparecer,
:is que as sociedades não mais iriam ser divididas
3cre uma pequenaclasse que monopoliza o poder
:--ftico e económico,por um lado, e, do outro, uma
9:ande massade indivíduos que pouco benefício reti::.m da riqueza gerada pelo seu trabalho. O sistema
3--o!ómicoassentaria possecomum, sendoestabena
uma forma de sociedade mais justa do que a
-e;ida
--.r<coúecemos hoje. Marx acrediÌavaque na sociedo futuro a produção seria mais evoluída e efi-de do que na sociedade
:.:z
capitalista.
,{ obra de Marx teve um efeito de enorme relance
:ó mundo do século XX. Até muito recentemente,
?Li de um terço da população humana vivia em paícujos governos reivindicavam ser inspirados
'es
ideias de Marx, como a União Soviética e os
-ias da Europa de l-este.
:ai<es
Irr

'eber

Taì como Marx, Max weber (1864-1920) não pode
=; simplesmenterotulado como sociólogo; os seus
=:aresses e preocupaçõesabrangem muitas iíreas.
r.cido na Alemanha, onde passoua maior parte da
::a carreira académica, Weber era um indivíduo de
E-andeerudição.As suasobras cobrem os camposda
E oromia. do Direito, da Filosofia e da História
Comparada,bem como da Sociologia. Grande paÍe
sua obra dava também particular atenção ao
.==nlolvimento do capitalismo modemo e à forma
:omo a sociedade modema eÍa difeÍente de outÍos
:!os anteriores de organização social. Através de um
,ujunto
de estudos empíricos , Weber explicitou
:ìgrrmas das características básicas das sociedades
dustriais modemas e identificou debates sociológique ainda hoje permanecem cen--.ìs fundamentais,
:ais para os sociólogos.
Tal como outros pensadoresdo seu tempo, Weber
-arou compreender natuÌezae as causas mudanda
a
social.Foi influenciadopor Marx, mas mostrou-se
;a
3mbém muito crítico em relaçãoa algunsdos princi-

(1864-1920)
Nrax
Weber

pais pontos de vista de Marx. Weber rejeitou a concepção materialista da história e deu ao conflito de
classes
um significado menor do que Marx. Na perspectiva de Weber. os factores económicos eram
importântes, mas as ideias e os valores tinham o
mesmo impacto sobre a mudança social . Ao contnário
sociológicos,Weberdefendos primeiros pensadores
deu que a Sociologia devia centÌar-sena acçdo
socíal, e não nas estruturas.Atgumentava que as
ideias e as motivaçõeshumanaseram as forças que
estavampor detrásda mudança- as ideias, valorese
crençastinham o poder de originar transformações.
Segundoo autor, os indivíduos têm a capacidadede
agfu livremente e configurar o futuro. Ao contÍiírio de
Durkheim ou Marx, Weber não acreditava que as
estruturasexistiam extemamenteaos indivíduos ou
que eram independentesdestes. Pelo contuário, as
estruturas da sociedade eram formadas por uma complexa rede de acçõesrecíprocas. tarefa da SocioloA
gia era procurar entender o sentido por detrás destas
acções.
Algumas das obras mais importantes de Weber
Dreocuparam-se com a análise das caracteísticas
l4O Q UEEASOCIOLOG ] A?

UmaÍundadora
esquecida
EmboraComte,Durkheim,
Marx e WebeÍ sejam,
sem dúvida alguma, as figuras fundadorasda
Sociologia,
existem
outrospensadores
importantes
do mesmoperíodo
histórico
cujacontribuição
deve
também tomadaem conta. Sociologia,
ser
A
como
muitas
outrasáreasacadémìcas, sempre
nem
teve
a posturaideal de reconhecer importância
a
de
cada um dos auÌorescuja obra tenha um mérito
intrínseco. oeríodo.clássico. do Íim do século
No
XIX e princípios séculoXX, muito poucas
do
mulheres membros minorias
ou
de
étnicas
tiveram
a possibilidade se tornaremsociólogos
de
profissionaisa tempointeiro.
Alémdisso,os poucosque
tiverama possibilidade conduzirpesquisas
de
sociológicas importância
de
maior Íoram muitas
pelo meio.Gentecomo Harriet
vezesesquecidos
l4artinêau
merecea atençãodos sociólogos
contemporâneos.

próprias da sociedade Ocidental, en'Ì comparação
com as outrasgrandes
civilizações.
Estudouas religiõesda China.India e PróximoOriente. no decore
rer dessas
pesquisas grandcscoÌrtribuiçõespara a
fez
So ci u logia lc ligiào . o mp a ra n do r p ri n e i p a i ..i :dir
C
,r
temasreÌigiosos Chinae india com os do Ocidenda
te, Weberconcluiuque algunsaspectos crenças
das
clistãs iltfluenciaramglandementeo aparecimento
do
capitalismo.
Estcnãoemergim.
como Marx acreditava. apenas
graças mudanças
às
económicas.
Scgundo
Weber,os valoLes as ideiasculturaiscontribuenr
e
para moldar a sociedade as nossas
e
acçõesindividuais.
Um elementoimportantcda perspectivasociológica de Weberera a ideiade tipo ideal modelosconceptuaisou analíticosque podem ser usadospara
comprccndel mundo.Na vida real,é raÍo existirem.
o
se c q u c e i r em . t iposi J e i ti  m u i ti l se /e  e i 5 te n )
apenas
aÌgumas
das suascaracterísticas.
Estasconstruçôes hipotéticaspodem, no cntanto, reveÌar-se
muito úteis,na medidaem que se podecompreender
qualquer
situação mundorealiúravés suacomdo
da

(1802'1
HaÍiet l,4artineau
876)

pançio com uÌn tipo ideal. Desta formr, os tipos
ideais servem como pontos de referência fixos.
E imponantesublinharque por tipo
Weber
"ideal>
não entendia que essaconcepçãoÍbsse algo de perfèito ou desejável,sendoantesuma Íbrma
de
"pura>
determinado Íenómeno. Weber utilizou os tipos
ìdeaisnassuasoblassobrea buroclacia o mercado,
e
Rn<'ionali:açtio
SegundoWeber,a emergênciada sociedademodema
foi acompanhada importantcsrnudanças nível
por
ao
dos padrões acçãosociaÌ.O autoÌ acreditava
de
que
as pessoas
estavama aÍìlstar-se
d!Ìs crençastradicionaisbaseadas superstiçtÌo. rl]ligião. costume
na
na
no
e em hiibitosenlaizados. vez disso,os indivíduos
Ern
envolviam-se
cadavez nraisem cálculosracionais
e
instrumentais tinhan'ì consideração eficiênque
em
a
cia e as consequências
Íuturas.Na sociedade
indus
tdaÌ, havia pouco espaçopara os sentimentose pariÌ
fazerceftascoisas porquesempre
só
tinhamsido feitas assim desdehá muitas gerações. desenvolviO
O OUE E A SOC OLOGIA? 15

HarrietMartineau
Harriet Martineau(1802-1876) já chamada a
foi
,primeira
mulhersocióloga",mas, tal como Marx
3u Weber, não pode seÍ vista apenas como uma
socióloga.Ela nasceu e cresceu em lnglaterra,
:endo escritomais de cinquenta
livros,bem como
1ümerosos
ensaios.
Martineau hoje considerada
é
rcmo tendo introduzido Sociologia Grã-Bretaa
na
'na, por via da sua traduçãoda FilosofiaPositivade
(Rossi,1973).
acmte,tratado
ÍunciadoÍ djsciplina
da
:' ém disso, lvlartineauconduziu um estudo sisteem primeiramáo sobrea sociedade
amêri-álico decurso das suas extensas viagens pelo
:âna no
-:eriordos Estados
Unidosda América, década
na
:e 30 dÕséculoXlX. das quais resultou seu livro
o
:. Sociedadena América.A aulota lem importância
:â:a os sociólogos hoje em dia por diversas
dê
-32ões.Em primeirolugar, defendiaque quando
= guém estudauma sociedadê
deve centrar-se
em

:-:.r da ciência,da tecnoÌogia
modena e da buro
. , , loi colectivamentedescrito por Weber coÌno
da
e
- ,nrlizaqão- a organizaçaro vidx económica
pfincípiosde eficiênciae tendo por
- - >equndo
' .: r ionÌìecimcnto
técnico.Se nas sociedades
tl.adefiniam
- :"rs a religiãoe os hábitosenraizados
: ,rres e as atitudesdas pessoas, sociedade
a
,::rr caractedzava-se racionalização cada
pela
de
:
:.:ii campos,da política à reìigião.passando
, ,-lir idadeeconómica.
- :Joldo com o aúor, a RevoluçãoIndustrial e a
: ::-ÌraÌa do capitalismo
eram provasde uma ten, ,, rraìor no sentido racionalização. capitada
O
:io er.Ì dominado peÌo conflito de classes,
llrr Cefendia,
mas pelo avançoda ciênciae
,,'racia - organizaçõesde grande dinensão.
-:
: .- .i:ber. o caráctelcientíficoera um dos traços
. - -:ixcterísticos do Ocidente. A burocracia. o
- ::rodo cÌeorganizar eficientementeunì gnnde
:i Je pessoas,
expandiu-sc
com o crescimerto
- :-:.-oe político.O autoÌutilizouo termodeJ€l?'.,rr1)
para descrever forma pcla qual o perra

todosos seus aspectos,
incluindo principais
as
inspolíticas,
tituiçóes
religiosas socìais.
ou
Em sêgundo lugar,insistia que a análise uma sociedaem
de
de deve incluir vida das mulheÍes. terceiro,
a
Em
Íoi
para
a primeiraa olhar de uma forma sociológica
assuntos anteriormente ignorados, como o casamento,as crianças,a vida pessoal e rel;giosa,e as
relaçõesracìais.Como escreveua autora, .o quarto dâs criânças, aposentos
femininos, a cozios
e
nhâ são escolas excelentes,onde podemos Íicar a
conhecer a moÍal e os modos de uma povo' (lvlartineau, 1962, p. 53). Por último,a autoradefendia
que os sociólogos
não devem limitâr-se
apenas a
observar, mas devem igualmente agir em prol de
uma sociedade.
Consequentemente,
Martineau
foi
uma Íigura activa tanto na deÍesa dos direitos das
mulheres como na luta pela emancjpaçãodos
escravos.

samentocieDtífico no mundo modcrno lcz clcsaparecer as forças sentinentais do passado.
Weber não era. no entanto, totalmcnte optimista
em reÌação às consequências racionalização.
da
que fose um si:lerna
Temiaumu rociedldenrodema
que, ao tentaÍ Íegular todas as esferasda vida social.
destruísse espírito humano.Receava,em pafiìcular,
o
os eÍèitos potencialmente
sufocantes desumanizan
e
tesda burocracia as suasinplicaçõesno destino
e
da
democracia. agenda do IÌuminismo do século
A
XVÌÌÌ, da promoção do progresso,da riqueza e da
felicidadeatravésda rejeiçãoda tradiçãoe da supersproduzos
tição em favor da ciênciae da tecnologia,
seusprópÌ'iosperigos.

socioiógicos
maisrecentes
Olhares
Os primeiros sociólogospafiilhavan o desejode con
ferir sentidoà sociedade mudançaem que vivian.
em
Todavia, queriam Íãzer algo rnais do que limitar-se a
descrevere interpretiir os acontecimentos
rnomertâ
neosdo seuternpo.
Mais inÌpofiante que isso,prodo
l 6 O Q UE E A S O CI O L OGIA ?

cuÍavam desenvolver formas de estudar o mundo
social que pudessemexplicaÍ o funcionamento das
sociedades geral e a naturezada mudançasocial.
em
No entanto, como já pudemos observar,Durkheim,
Marx e Weber utilizaram abordagens muito diferentes enÍe si nos estudosdo mundo social. Por exemplo, enquanto Durkheim e Marx se centraïam no
poder de forças extemas aos indivíduos, Weber adoptou como ponto de partida a capacidade que os indivíduos têm de agir de forma criativa sobre o mundo
exterior. Enquanto MarÍ apontava a predorninância
das questões
económicas,Weber tomou em consideração um leque muito mais vasto de fâctores que considerou significantes. Tais diferenças de abordagem
têm continuado a verificar-se ao longo da história da
Sociologia. Mesmo quando os sociólogos estão de
acordo em relação ao objecto da análise,esta é conduzida muitas vezes a partir de pe$pectivas teóricas
difeÍentes.
TÍês de entre as mais impoÍantes correntes teóricas
recentes:o funcionalísmo , a perspectiva d.oconflin , e
o interaccionismo símbólico, estão directamente relacionadas com Durkheim, Marx e Weber, respectivamente(ver figura 1.1).Ao longo da presente
obra irão
enconftar-se discussões e ideias que derivam destas
abordagensteóricas e lhes sewem de ilustação.

Auguste
Comtè
(1798n
857)

I

KâÌl
(181&1883)

V
Emil€
Du*heim
085&1917)

I
I
I

V

Funcionalismo

(1864"1920)




Georg€
HerbêítMead
(1863-1931)

V

InìêËccionismo
slmbólico

As linhas conlínuas indicam uma inlluência direcla, as
linhasa Íacejâdo uma relaçãoindiredla.
Mead não é discÊ
pulo de Weber, ainda que as posições deate úllimo autor sublinhando naturezaintencional signiíicativa acção
a
e
da
humana-tenham afinidades
com os lemas esiudadospelo
lnteraccionismo
Simbólico.

teóricas Sociologia
Figural,í Abordagens
da

Funcionalismo

O funcionalismo defendeque a sociedadeé um sistema complexo cujas partesse conjugampara garantir estabilidadee solidaÍiedade.Segundo esta perspectiva, a Sociologia, enquanto disciplina, deve
investigaÍ o Íelacionamentodas partesda sociedade
entre si e píua com a sociedadeenquanto um todo.
Podemos analisar as crenças religiosas e costumes de
uma sociedade, por exemplo, ilustrando a forma
como se relacionam com outras instituições,pois as
diferentes partes de uma sociedade estão intimamente relacionadas entre si.
Estudar a função de uma instituição ou prática
social é analisar a contribuição dessainstituição ou
prática paÍa a continuidadeda sociedade. funcioOs
nalistas,
incluindoComle ou Durkìeim, usaram
muitas vezes uma analogia orgâníca para comparaÍ a
actividade da sociedade com a de um organismo
vivo. Defendem que. à imagem dos viírios componentes do corpo humano, as paÍes da sociedade conjugam-se em benefício da sociedadeenquanto um
todo. Paraestudarum órgão humanocomo o coraçào
é necessáriodemonstrara forma como se relaciona
com outras partes do corpo. Ao bombear sangue p€Ìo
corpo inteiro, o coração desempenha papel vial
um
na perpetuação da vida no organismo. Da mesrna
forma, analisara função de um item social significa
demonshar o papel que desempenha na perpetuaçã(l
da existênciae prosperidadede uma sociedade.
O funcionalismo enfaÍiza a importância do cairsenso moral na manutenção da ordern e da estâbilidade na sociedade. O consenso moral verifica-se
quando a maior paÍe das pessoasde uma sociedadc
partilham os mesmosvaloles. Os funcionalistascmcebem a ordem e o equilíbrio como o estado noru{
na
da sociedade este equilíbrio social assenta erÊ
de um consenso moral enÍe os membros da
tência
sociedade.Por exemplo, Durkheim acreditavaqre r
religião reitera a adesão das pessoasa valores socinucleares, pelo que contribui para a solidez da coeú
social.
Durante um longo período, o pensamento frrrrìnalista foi provavelmente a principal corrente teóÍiÉ
da Sociologia, em particular nos EstadosUnidos ò
América. Tanto Talcott Parsons como Robert M€ÍE
consideradosdois dos seus aderentesmais prtmnentes. insDiraÍaÍn-se muito na obra de Durkh*-
O QU E E A S OC IOLOGIA ?17
!i06 útimos anos a sua populaÌidade começou a
decrescer, à medida que as suas limitações vieram ao
de cima. Uma crítica feita reco[entemente ao fun.imalismo é a de que este realça excessivamente o
pryel de factores que conduzem à coesão social, em
fuimento de factores que produzem conÍlito e divin- A ênfase na estabilidade e na ordem significa que
É divisões ou as desigualdades- com base em factoÍes como a classe social. a raça ou o género - são
minimizadas. O funcionalismo confere também uma
€dase menor ao papel da acção social criativa na
siedade. Para muitos cíticos, este tipo de anáüse
Ír-bui à6 sociedâdes atributos que estas não posgEm- Os firncionalistas falaram muitas vezes das
siedades como se estâs tivessem <<necessidades>
e
robjectivos>, apesar de estes conceitos só fazerem
srido quando aplicados aos seres humanos.

Perspectiva Conflito
do
fal como os funcionalistas, os sociólogos que adopãam as teorias de conflito subliúam a impoÍância
& estrutuÌas na sociedade. Defendem também um
delo>
abrangente para explicar a forma como a
ruiedade funciona. Os teóricos do conflito rejeitam,
D eatatrto, a ênfase que os funcionalistas dão ao conÍ€nso. Pelo contrário, preferem sublinlar a importân.-ra das divisões na sociedade. Ao fazê-lo, centram a
aálise em questões de poder, na desigualdade e na
ha. Tendem a ver a sociedade como algo que é comINo por diferentes grupos que lutâm pelos seusprópioe interesses.A existência desta diferença de interesses signifrca que o potencial para o conflito está
5ÊmpÌepresente e que determinados grupos ilão tiÍaÍ
mis benefício do que outros. Os teóricos do conflito
Íâlisrrm as tensões existentes enüe grupos dominanrs e desfavorecidos da sociedade, procuÍando comgeender como se estabelecem e perpetuiìm as relações de controlo.
Os pontos de vista de muitos teóricos do conflito
t€mootam aos escritos de Man, cuja obra enfatizava
o mnflito de classes, muito embora outros sejam
igualmente influenciados por Weber. Um bom exemplo disto é o sociólogo alemão contemporâneo Ralf
Dahrendorf (1929 - ). No clássico Class and. Class
ConJlict in Industri.al Society (1959), Dahrendorf
&fende que os pensadores funcionalistas só tomam

em consideração uma parte da sociedade - aqueles
aspectos da vida social onde existe harmonia e concordância. Mas tão ou mais importântes são os campos que se caracterizam pelo conflito e pela divisão.
De acordo com DabÌendorf, o conflito surge principalmente do facto de os indivíduos e grupos terem
diferentes interesses. Marx concebia as diferenças de
inteÌesses sobÍetudo em função das classes,mas Dúrendorf relaciona-as de uma forma mais vasta com a
autoridade e o poder. Em todas as sociedadeshá uma
sepaÍaçãod€ interessesentre aqueles que detêm autoridade e aqueles que estão em grande medida excluídos dela, uma sepffação entre govemantes e governados,portanto.

Perspectivasda acçãosocial
Se o funcionalismo e a perspectiva do conflito colocam a tónica nas estruturas que sustentâm a sociedade e influenciam o comportâmento humano, as teorias da acção social dão uma atenção muito maior ao
papel desempenhadopela acção e pela interacção dos
membros da sociedade na formação dessas estruturas. Aqui, o papel da Sociologia é visto como sendo
mais o da procura do significado da acção e da interacção social, do que o da explicação das forças
extemas aos indivÍduos que os compelem a agir da
forma que agem. Se o funcionalismo e as perspect!
vas do conflito desenvolvem modelos relativos ao
modo de funcionamento global da sociedade, as teorias da acção social centram-se na análise da maneira
como os âctores sociais se comportam uns com oS
outros e para com a sociedade.
Weber é frequentemente apontado como um dos
prirneiros defensores das perspectivas da acção
social. Embora recoúecendo a existência de estmturas sociais- como as classes,os paÍidos, os grupos
de prestígio.entre outrâs -, Weberafirmava que essas
estruturas eram criadas pelas acções sociais dos indivíduos. Esta posição foi desenvolvidade uma forma
mais sistemática pelo interaccionismo simbólico,
uma corrente de pensamento que se tomou pârticularmente importante nos Estados Unidos da América,
O interaccionismo simbólico foi apenas influenciado
de forma indirecta por Weber.As suas origens mais
directas residem na obra do filósofo americano G. H.
Mead (1863-1931).
lS O O UE E A S OC IO L OGIA ?

forma como ambos servempara constrangera acção
individual.

I n t erac cionism o sin bóli co
O interaccionismo simbólico nascede uma preocupação com a linguagem e o sentido. Mead defendia
que a linguagem permite tornarmo-nos seres autoconscientes cientes da nossaprópria individualidade e capazes nos vermos a partir de fora, como os
de
outros nos vêem. Neste processoo elemento-chave
reside no símbolo. Um símbolo é aÌgo que representa algo. Por exemplo, as palavras que usamos para
aludir a determinadosobjectos são, na verdade,símbolos que representamo que queremos tlansmitrr.
A palavra <colheD é o símbolo que usamospara descrever o utgnsílio a que ÍecotÏemosPaÌacomer sopa.
Gestosnão-verbaisou outrasformas de comunicação
são tambémexemplos de símbolos.Acenar a alguém
ou fazer um gesto grosseirotem um valor simbólico.
Mead defendia que os sereshumanos dependemde
símbolos panilhados e entendimentoscomuns nas
suas intencções uns com os outrcs. Dado os seres
humanosviverem num universoaÌtamente
simbólico.
praticamentetodas as interacções
entre os indivíduos
impÌicam um fluxo de símbolos.
O interaccionismosimbólico dirige a nossa aten
e
ção paÍa os detalhesda interacçãointerpessoal, para
detalhessãousadospara conferir
a forma como esses
sentido ao que os outros dizem e fazem. Os sociólogos influenciados por esta corrente teórica centram
muitas vezesa sua atençãona interacçãoface-a-face
e nos contextos da vida quotidiana, realçando a
importânciado papel dessas
inteÍacções criaçãoda
na
sociedadee das suasinstituiçôes.
Muito emboraa perspectivaintemccionistasimbólica possaincluir muitas reflexõesem tomo da natureza das nossasacçõesna vida social quotidiana,já
foi criticada por ignorar questõesmais amplas relacionadascom o poder e a estruturana sociedadee a

Conclusão
Como já vimos, a Sociologia engloba uma variedad€
de perspectivasteóricas. Por vezes a discordância
entre as diferentesposiçõesteóricasé bastante
extené
sa,mas estadiversidade um sinalda força e vitalidade da disciplina, e não uma fraqueza.
Todosos sociólogosconcordamque a Sociologiaé
uma disciplina em que nós pomos de lado os nossos
próprios modos de ver o mundo, para observarmos
cuidadÕsamente influênciasque dão forma às nosas
sasvidas e às dos outros.A Sociologiaemergiu,como
um esforço intelectual distinto, com o desenvolvimentÕdas sociedades
modemas,e o estudodessetipo
permanece suaprincipal preocupação.
a
de sociedades
num
Mas os sociólogosestãoigualmenteinteressados
leque mais vasto de assuntosacerca da naturezada
interacçãosocial e das sociedades
humanasem geral.
A Sociologia não é apenasum campo intelectual
abstracto,mas algo que pode ter implicaçõesprática.
importantesna vida das pessoas.
Aprender a tomarmo-nos sociólogos não devia ser um esforço académico aborrecido. melhor maneirade nos assegurarA
mos que tal não aconteceé abordar a disciplina de
uma forma imaginativa e relacionar ideias e concluprópriavida.
da
sõescom situações nossa
Uma maneira de fazerrnos isso é tornarmo-nca
entre os modos de vida qu.
conscientes diferenças
das
sociedadesmodemas consideramosconrnós nas
normais e os dos outros grupos humanos.Embora t-'
seres humanostenham muito em comum. exislc=
muitas variaçõesentre difercntessociedades cuÌr-e
ras. Veremosalgumasdessassemelhanças difere:e
ças no capítulo seguinte,(Cultura e Soci€dade>.

Pode deÍlnir-se a Sociologia como sendo o estudo sistemático das socieda,=:
humanas,dando ênfaseespecialaos sistemasmodernos,industdalizados.
A prática da Sociologia implica a capacidade
para pensarde forma imaginanr= :
distanciarmosde ideiaspreconcebidas
nos
acercada vida social.
A Sociologiaé uma disciplina com grandesimplicaçõespráticas.Podecontnr-jr
de várias formas para a crítica social e para a aplicaçãode reformassociais.Pia
começar,uma melhor compreensão um determinadoconjunto de circuns--ode
cias sociais oferece-nosmuitas vezesa possibilidadede o controlar.Ao m:.=r
O QU E E A S O C I O L O G I A ? 1 9
tempo, a Sociologia fornece os meios para melhoralmos a nossa sensibilidade
cultuml, criando condiçõespara que as políticas se baseiemnuma consciênciade
valores cultuÍais diferentes.Em termos práticos, podemos investigar as consequênciasda adopçãode determinadas
liúas de orientaçãopolítica. Por último, e
talvez o mais importante, a Sociologia permite auto-conhecimento,
oferecendo
aos gmpos e aos indivíduos mais oportunidades pam alterar as condições em que
decorremas suaspróprias vidas.
- Sociologia surgiu como uma tentativa para compreender as mudanças radicais
que ocorreram nas sociedades
humanasdurante os últimos dois ou três séculos.
mudançasem causanão foram apenasmudançasem graadeescala,mas tam-As
bém trânsformações nas caracteísticas mais pessoais e íntimas da vida das pessoas.
Enne os fundadoresclássicosda Sociologia, quatÍo figuras são particulamÌente
importaÍìtes:
Auguste Comte, Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.Comte
e Marx, que trabalharam em meados do século XIX, estabeleceram algumas das
questõesessenciaisda Sociologia, mais tarde desenvolvidaspor Durkheim e
Web€r. Estas questões dizem respeito à natureza da Sociologia e ao impacto das
mudanças resultantes da modernização no mundo social.
Há diversasabordagens
teóricasem Sociologia.Se as discussões
teóricassãodifíceis de solucionarmesmo no caso das ciênciasnaturais,em Sociologia estamos
perante dificuldades acrescidas, dados os problemas complexos que envolvidos
quando se trata de estudar o nosso próprio comportamento,
O funcionalismo,a perspectivado conflito e o interaccionismosimbólico constituem as principais abordagens
teóricasna Sociologia.Existem algumasdiferenças básicas entre elas, diferenças que muito influenciaram o desenvolvimento da
disciplina duranteo período que se seguiu ao pós-guena.

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O que é a Sociologia? Uma introdução à perspectiva sociológica

  • 1. Oq u e é a Soci ol ogi a? Desenvolvendo sociológica uma perspectiva Estudar Sociologia Como pode a Sociologiaajudar-nosna nossa vida? Consciência diferenças de culturais Avaliaçãodosefeitospolíticos Auto-consciencialização t2 4 5 3 5 6 O desenvolvimento pensamento do sociológico Os primeirosteóricos AugusteComte Émile Durkheim Karl Marx Max Weber 6 6 7 8 1l 13 Olharessociológicosmais recentes Funcionalismo Perspectiva conflito do Perspectivas acçãosocial da l5 16 t7 t7 Conclusão Sumário 18 18
  • 2. 1: Capítulo O queé a Sociologia? Vivemos hoje - no começo do século vinte e um ginação. EstudaÍ Sociologia não pode ser simplesnum mundo intensamente inquietante eJ ao mesmo mente um processo rotineiro de acumulação de tempo, repleto das maiores promessas para o futuro. conhecimentos. Um sociólogo é alguém capaz de se E um mundo inundado pela mudança,marcado por libenar do qua&o das suascircunstâncias pessoaise gravesconflitos, tensões divisõessociais,bem como Pensar as coisa5 num contexto mais abrangenle. e pelo assalto destrutivo ao meio ambiente natural proO trabalho sociológico depende do que o autor amemovido pela tecnologia modema. Não obstante, ricano C. Wright Mills, numa frase famosa,denomitemosmais possibilidades controlarmelhor os nos- nou de imaginação sociológica (Mills, 1970). de sos destinose de daÍ um outro rumo às nossasvidas A imaginaçãosociológicaimplica, acima de tudo, do que era imaginávelpelasgerações anteriores. abstÌairmo-nosdas rotinas familiares da vida quotiComo se desenvolveueste mundo? Porque são as diana de maneiraa poder olhá-lasde forma diferente. nossascondiçõesde vida tão diferentesdas dos nos- Tenha-seem consideraçãoo simples acto de beber sos pais e avós?Que rumo tomarãono futuro os prouma chávenade café. O que há a dizer, do ponto de cessos mudança:Estasquestoes as principais vista sociológico, aceÍcade um compoÍamento apade sâo interrogaçõesda SocioÌogia, um campo de estudos rentementetão desinteressante? Imenso, que tem um papel fundamental a desempenharna Podemos começar por notar que o café não é cultura intelectualmoderna. meramenteuma bebida. Enquanto parte das nossas A Sociologia é o estudo da vida social humana, actividadessociaisquotidianaspossui um yalor sírzgnrpos e sociedades. uma (arefa fascinantee cons- àólico. O ritual associado ao acto de tom ar café é freE trarìgedora, na medida em que o tema de estudo é o quentemente muito mais importante do que o consunossopróprio componamentoenquantoseressociais. mo de café propriamente dito. Duas pessoas que A esferade acção do estudo sociológico é extrema- combinam encontrar-se paÍa tomaÍ café estaÌão propodendoir da análisede encontros vavelmente mais interessadas menteabrangente, em estaremjuntas e casuaisentle indivíduos que se cmzam na rua âté à conversaremdo que em beber, de facto, café. Em investigaçãode processos sociaisglobais. todas as sociedades, realidade,bebere comer prona A maior parte de nós vê o mundo em termos das poÍcionam ocasiões para a interacção social e o característicâsdas nossas próprias vidas, com as desempenho rituais - e tal fomece temáticasricas de quais estamos familiarizados. A Sociologia mostra para o estudo sociológico. que é necessário adoptaruma perspectivamais abranEm segundolugar, o café é uma drogc, pois congente do modo como somose dâs razõespelas quais tém cafeína,que exerceno cérebroum efeito estimuagimos. Ensina-nosque o que consideramos natural, lante. Os adictosem café não são vistos pela maioria inevitável. bom ou verdadeiropode nào o ser,e que o das pessoas no Ocidente como consumidores de que tomamoscomo <dado>nas nossas vidas é fortedroga. O café, tal como o álcool, é uma droga socialmente influenciado por forças históricas e sociais. mente aceitável,enquantoa marüuana,por exemplo, que permitem o Compreenderas maneiras ao mesmo tempo subtis, não o é. No entanto,há sociedades complexase profundas, pelas quais as nossasvidas consumo de marijuana e mesmo de cocaína, mas individuais reflectem os contextosda nossaexperiên- desaprovamtanto o café como o álcool. Os sociólogos estão interessados cia social é essencialà perspectivasociológica. nas razões pelas quais estes contrastes exrstem. Em terceiro lugar, um indivíduo que bebe uma Desenvolvendo uma perspectiva sociológica chávena de café está envolvido numa complicada Aprender a pensar sociologicamente- por outrâs rede de relações sociais e económicas de dimensão palavras,olhar mais além - significa cultiyar a imaintemacional. O café é um produto que liga as pes-
  • 3. O QUE E A SOCIOLOGIA? 3 -:maf uma simpleschávenade café é uma experiência social bastantefamiliar,mas o sociólogopode analisá-lade forma s-'preendente. :r{i de algumasdas partes mais ricas e mais pobres :r pÌanetâ:é consumido em grande quantidadenos :ises ricos, mas cultivado fundamentalmentenos flt'res. Depois do petróleo, o caïé é a mercadoria ,ìjj valiosa do comércio internacionaì,representanrr a pdncipal exportaçãode muitos países.A produ::o- tmnspoÍe e distdbuição do café implicam tranque envolvem pessoas milhffes i.-ções constantes a .= quilómetos dos consumidores. Estudarestasfian:-ções globais é uma tarefa importante da Sociolona medida em que muitos aspectosdas nossas -:,. ':ias são hoje afectados por influências sociais e :,.municaçõesa nível mundial. Em quaÍo lugar, o acto de beber uma chávena de :à-é pressupõe todo um processode desenyolvímento :. n:íale económicopass4do.Com outros artigoshoje ::niliares nas dietas ocidentais - como o chá, as :.rlanas, as batatas e o açúcar - o café tornou-se um :rrduto de consumogeneralizado somentenos finâis :r :eculo XÌX. Embora sejauma bebidaoriginária do Íédio Oriente, o seuconsumomaciço data do peío- do da expansãocolonial ocidental, há cerca de um séculoe meio atás. Praticamente todo o café que se bebe nos paísesocidentaisprovém de áreas(América peloseuropeus; do Sul e Africa) colonizadas não é, de maneira nenhuma, um elemento <natural>r dieta da ocidental.Ahemnça colonial teve um impactoenorÍne sobre o desenvoÌvimentodo comércio mundiaÌ de café. Em quinto lugar, o café é um produto que está no centro do debateactual em tomo da globalização,do comércio mundial- dos direítos humanos e da destmição ambiental.A medida que o café aumentoua sua populaddade,tomou-se um produto politizado e um assuntode marketing: as escolhasdos consumidores sobre que tipo de café beber e onde comprar tomaram-se opções de estílo de vida. As pessoas podemescolherbebeÍ apenascafé orgânico,café descafeinadonaturalmenteou café comerciadoa preços <justos>(aÍavés de esquemas que pagam o totai do preço de mercadoa pequenosprodutoresde café em países em vias de desenvolvimento).Podem optar
  • 4. 4 OQUE É A S O CI OL OGIA ? justona América Sul. destes tÍabalhadores umacooperaliva comércio de O caíésignifica sustento o de do por apoiar cafeta.rias <<independentes>, vez das em câdeias intemacionais de cafetarias como a <<Starbucks>. Os consumidores de café podem decidir boicotaÍ café proveniente de determinados países onde haja pouco respeito pelos direitos humanos e o ambiente natural. Para os sociólogos, é interessante perceber de que forma a globalização aumenta a consciênciadas pessoasacerca de questõesque se passamem pontos remotos do planeta, incentivando-as a actuar no dia-a-dia em função desse novo conhecimento. pública e na ordem do dia numa sociedadecomo a britânica nos dias de hoje, onde mais de um teÌço dos casam€ntosacaba ao fim de dez anos. O desemprego, para dar outro exemplo, pode ser uma tragédia pesquem foi despedidode um emprego e não soal pa-ra consegue arranjaroutro. Contudo,é uma questãoque privado, quando dez milhões vai além do desespero de pessoasde uma sociedade estão nessa mesma situação: é uma questão pública que expressagrandes tendênciassociais. Tente aplicâr esta maneira de ver as coisas à sua propria vida. Não é necessário pensarunicamenteem fenómenosinquietantes.Considere,por um momenEstudar Sociologia to, as Ìazões pelas quais folheia as páginas deste livro A imaginaçãosociológicapermite-nosver que mui- - porque é que estáa estudarSociologia.Pode ser um que parecemdizer respeitoape- estudante relutante de Sociologia, que tenta fazer o tos dos fenómenos, nas ao indivíduo, na verdade, reflectem questões curso apenas por ter de obter uma licenciatura. Ou podeserum pode ser um entusiasta que procura sabeÍ mais ac€rca maisamplas. divórcio,por exemplo, O processo muito complicadopara quemo atravessa da matéÍia. Sejam quais forem as suasmotivações,é pessoal>>. aquiloa queMills chama<problema Mas, provável que, semque o saibanecessariamente, tenha como ele refere, o divórcio é tambémuma questão muito em comum com outros oue estudamSociolo-
  • 5. O QU E E A S OC IOLOGIA ?5 gia. A sua decisão privada Íeflecte a sua posição na sociedade. As seguintes característicasaplicam-se a si? É novo? E branco? De um estrato social de profissionais qualificadosou colarinhos-brancos? Teve ou tem aÌgum (pad-time> que lhe permita ganhar mais algum dinheiro? Deseja encontrarum bom emprego quando acabaÌ a escola,embora não estejaespecialmenteinteressado nos estudos? Não tem a ceÍeza do que é a Sociologia,embora penseque tem algo a ver com o componamentodas pessoas gmpos? Mais em de três quartosde vocês responderá afirmativamente a estas perguntas.Os estudantesuniversitários não ião uma amostra típica da população no seu todo, poistendem seroriundos meiossociais a de maisprir iÌegiados.E as suas atitudes,por norma, Íeflectem a: dos seusamigose conhecidos. meios sociaisde Os provimos têm muito a ver com o tipo de deci.-ìnde sõesque consideramos adequadas. 'las suponhaque respondeu negativamente uma a ,ìr mais destasquestões.Poderá ser oriundo de um :Íupo minoritário ou pobre. Poderáandar pela meia-idadeou ser ainda mais velho. E provável que tenha :io que lutar para chegar onde chegou; pode ter sido -Èrisado a ultrapassarreacçõeshostis por pane de :.!risos e de outros quandoanunciouque pretendiair =ra a faculdade;ou pode ser ao mesmo tempo aÌuno :-. ensino superiore pai ou mãe. Embora todos sejamosinfluenciadospelo contexr vr-ial em que nos inserimos,nenhumde nós tem o 'eir comportamento determinado unicamente por 5.<i contextos. Nós possuímos. criamos.a nossa e r..9ria individualidade.E tarefa da Sociologiainves-:"r a5 relaçõ€senÍre o que a socíedade de n<ise faz : ;te nósfaTemosde nós próprios, O que nós faze--!Lìstanto estÍutura - dá forma a - o mundo social J-Ë noi rodeiacomo, simultaneamente, estruturado é :r:a isse mesmo mundo social. O conceito de estrutura social é um conceito para a Sociologia. Refere-se ao facto de -:r'a.tante sociaisdas nossas :s ;-.ÍÌtextos vidas não consistirem :!Ë..ai em acontecimentos acçõesordenadosaleae -r.-"4:i<nte:eles estãoestruturados, pad.roniTad.os, oI ::.rentes maneiras. Há regularidadesno modo - :!-rr nos componamos ou nas relaçõesque temos : -:- -rüÌìs pessoas.Mas a eshutura social não é ::r-.r-' uma estrutura física, como um edifício, que :-!è lbrma independentedas acções humanas. As sociedadeshumanas nunca deixam de estar em procassode estruturação. Elas são reconstruídasa que todo o momento pelos viírios <<blocos>> as compõem - sereshumanoscomo nós. Como exemplo,pensenovamenteno casodo café. Uma chávenade café não apareceautomaticamente nas nossasmãos. Tem de decidir, por exemplo, ir a um determinado café, optar entre uma bica ou um garoto, e por aí adiante.A medida que vai tomando essas decisões,juntamente com outros milhões de pessoas, estáa configurar o mercadodo café e a afectar a vida dos produtoresde café que vivem possivelmente do outro lado do mundo, a milhares de quilómetrosde distância. Como pode a Sociologia aiudar-nos na nossavida? A Sociologiatem muitas implicaçõespráticaspaÍa as nossasvidas, tal como Mills sublinhou quando desenvolveuo seu conceito de imaginaçãosociológica. Consciência de diferenças culturais Em primeiro lugar, a Sociologiapermite que olhemos para o mundo social a partir de muitos pontos de vista. Muito frequentemente, se compreendermos correctamente modo como os outos vivem, adquio rimos igualmenteuma melhor compreensão dos seus problemas.As medidaspolíticas que não se baseiam numa consciênciainformada dos modos de vida das pessoas que afectam têm poucashipótesesde sucesso. Deste modo, um assistente social branco que tlabalhe numa comunidade predominantementenegÌa não irá ganhar a confiança dos seusmembros, a não ser que desenvolva uma sensibilidadeface às diferenças de experiência social que frequentemente separambrancose negros. Avaliação dos efeitos das políticas Em segundo lugar, a pesquisa sociológica fornece uma ajuda prática na ayqliação dos resultados de iniciativaspolíticas.Um programade reformaspráticas pode simplesmentefalhar a consecução dos objectivos que os seusautorespretendiam,ou produzir consequências não intencionais de cariz prejudicial. A título de exemplo, refira-se que nos anos que se
  • 6. 6 OO UE E A S O CI O L OGIA ? seguiram à SegundaGuerra Mundial construíram-se grandesblocos habitacionaisde iniciativa pública no centro das cidades de muitos países.A intenção era providenciar um bom nível de habitação,com zonas comerciaise outros serviçospúblicos à mão, para os moradoresdos bainos degradados com baixos rene dimentos.Contudo, a investigaçãomostrou que muitos dos que se mudarampara esses blocos habitacionais se sentiamisoladose infelizes.Em muitos casos os grandes e blocoshabitacionais as úeas comerciais em zonas pobres depressase degÍadaram,tendo-se üansformado em viveiros para a ladroageme outros crimes vioÌentos. frequentemente acercada meÌhor maneirade estudar o comportamentohumano e da forma como os resultados das pesquisas devem ser interpretados. Porque é que isto se passaassim?A resposta€stá relacionada com a própria natureza do campo de estudos, A Sociologia debruça-sesobre as nossasvidas e o nosso próprio comportamento,e estudar-nosa nós próprios é a mais difícil e complexa tarefa que podemos empreender. Os primeiros teóricos Nós, os sereshumanos,sempresentimoscuriosidade pelas razões do nosso próprio comportamento,mas durante milhares de anos as tentativasde nos entenAuto-consciencialização dermos dependeramde formas de pensar lransmitiEm terceiro lugar, e em alguns aspectos o mais das de gemçãoem geração.Estasideiaseram expresimpofiante, a Sociologia pode permitir-nos uma sas frequentemente em termos religiosos, ou em auto-consciencialização - uma auto-compreensão mitos bem conhecidos,superstições crençastuadiou cada vez maior. Quanto mais sabemos acerca das cionais. O estudoobjectivo e sistemáticoda sociedarazôespelas quais agimos como agimos e como funde e do comportamentohumano é uma coisa relaticiona, de uma forma global, a nossasociedade, tanto vamente recente, cujos inícios remontam aos finais mais provável é que sejamoscapazes influenciar o de do século XVIIL Um desenvolvimento-chave o foi nosso futuro. Não devemos conceber a SocioÌogia uso da ciência para se compreendero mundo - a como algo que apenasajuda os decisoÍespoìíticos emergênciade uma abordagemcientífica teve como uma mudançaradical nasformas de ver ou seja,os poderosos a tomar as melhoresmedidas. consequência Não se pode presumir que aqueles que estão no e entender as coisas. As expÌicações tradicionais poder,ao tomaremdecisões, tenham sempreem con- baseadas religião foram suplântadas, sucessina em dos grupos menos poderosos vas esferas,por tentativasde conhecimentoracional sideraçãoos interesses ou desfavorecidos.Os grupos com autoconsciência e crítico. podem, com frequência, beneficiar da investigação Tal como a Física, a Química, a Biologia e outras sociológica, para assim poder responder de uma disciplinas, a Sociologia surgiu como parte deste forma eficaz às medidaspolíticas govemamentais importante processointeÌectual.As origens da disciou para promover as suas próprias iniciativas poÌíticas. pìina inserem-se contexto de uma sériede mudanno Grupos de auto-ajuda, como os AÌcoólicos Anóniradicais introduzidaspelas <duasgrandesrevoluças mos, e movimentos sociais,como os ecologistas, são ções> da Europa dos séculos XVIII e XIX. Estes exemplos de grupos sociais que lograram introduzir acontecimentosprofundos transformaram irreversiconsiderável. velmenteo modo de vida que os sereshumanoslevareformas práticascom um sucesso vam há milhares de anos.A Revolução Francesade o 1789 representou triunfo das ideias e valores seculares, como a liberdadee a igualdade,sobre a ordem O desenvolvimento pensamento do social tradicional. Foi o início de um movimento sociológico dinâmico e iatenso que a partir de então se espalhou Quando começam a estudar Sociologia, muitos alu- pelo globo, tornando-se algo inerente ao mundo nos ficam perplexos com a diversidade de aborda- moderno.A segundagranderevolução teve início na gens existentes. Sociologianunca foi uma daquelas Grã-Bretanhaem finais do século XVIII, antesde se A disciplinas com um corpo de ideias unanimemente verificar noutros locais da Europa, na América do aceitescomo válidas.Os sociólososdiscutementre si Norte e noutros continentes.Ficou conhecidacomo
  • 7. O QUE E A SOCÌOLOGIA? 7 Revolução Industrial - o conjunto amplo de transl-ormações económicase sociais que acompanharam o surgimentode novos avançostecnológicoscomo a máquina a vapor e a mecanização. surgimentoda O indústriaconduziu a uma rnigraçãoem grandeescala de camponeses,que deixaram as suas terïas e se ransformaram em habalhadores industriais em fábri!-âs. o que causou uma rápida expansão das ifueas uÍbanas e introduziu novas formas de relacionamento -rocial.A Revolução Industrial mudou de forma dramática a face do mundo social, incluindo muitos dos Dossos hábitospessoais. maioÍ parte da cornidaque A úgerimos e das bebidasque tomamos - o café, por eremplo - são hoje em dia produzidos ahavés de meios industriais. A destruiçãodos modos de vida tradicionaislevou os pensadores desenvolver a uma nova concepção dos mundos natural e social. Os pioneiros da SocioÌogia confrontaram-secom os eventos que acompaaharam essas revoluções, tentando compreender =ato as razõesda sua emergênciacomo as suasconpotenciais.O tipo de questõesa que estes sequências AugusteComte (1798-1857) Fnsadores do século XIX procuraram responder - O que é a naturezahumana?Porque é que a sociedade :sú estruturada assim?Como mudam as sociedades e :or que mzão o fazem? - são as mesmas a que os tinha alteradoo modo tradicional de vida da populaiociólogos procuram responderactualmente. ção francesa.Comte procurou criar uma ciência da sociedade que pudesse explicar as leis do mundo social, à imagem das ciências naturais que explicauguste Comte vam como funcionava o mundo físico. Embora reconhecesseque cada disciplina científica tem o seu inguém pode, por si só, como é óbvio, fundar sozi- próprio objecto de análise, Comte acreditava que todas paÌtilham uma lógica comum e um método úo todo um novo campo de estudos, e foraÍn muitos rlueÌes que contribuíram para os começos do pensa- cienífico, o que visa revelar leis universais.Tal como =ento sociológico. Contudo, é ftequentementeafti- a descoberta das leis do mundo natural nos permite rrído um lugar de destaque ao autor francês Auguste controlar e prever os acontecimentosà nossa volta, Comte (1798-1857), nem que seja porque foi ele também desvendaras leis que govemam a sociedade humananos pode ajudar a configurar o nossodestino quem de facto inventou o termo <Sociologio. Origirilmente, Comte usou a expÍessão <<física social>, e a melhorar o bem-estar da humanidade. Comte :as algunsdos seusrivais intelectuaisda altura tam- acreditavaque a sociedadese submetea leis invaÍiáao :ém a usavam.Comte queria distinguir o seu ponto veis, de um modo muito semelhante que sucedeno jÊ 'ista da visão dos seusrivais, de modo que criou o mundo físico. -;rmo <Sociologio>paÌa descrevera disciplina que Comte via a Sociologia como uma ciência posiliva. Acreditava que a disciplina devia aplicar ao estu:ÍeÌendia estabelecer. O pensamento de Comte reflectia os acontecimen- do da sociedadeos mesmos métodos científicos e :. Ìurbulentos do seu tempo. A Revolução Francesa rigorososque a Física ou a Química usam para estu:ar ia introduzido uma série de mudanças importantes dar o mundo físico. O positivismo defende que a :a sociedade e o crescimento da industrialização ciência deve preocupar-seapenascom factos obser-
  • 8. sOOU E E A S O CI O L OGIA ? 'á!eis que ressaltam diÍectamente da exp€riência. Com base em cuidadosas observações sensoriais. podemosinferiÌ as leis que explicam a relação exisCompreendentente entle os fenómenosobservados. os do o relacionamentocausalentre acontecimentos, cientistaspodem então prever o modo como futuros acontecimentos poderão oconer. A abordagem positivista da Sociologia acredita na produção de coúecimento aceÍca da sociedade com base em provas empíricas retimdas da observação, da comparação e da experimentação . A leí dos três esíádios de Comte postula que as tentativas humanas para compreender o mundo pasteológico, metafísicoe positivo. sarampelos esü4dios No estádio teológico, as ideias reìigiosase a crença que a sociedade era uma expressão da vontade de Deus eram o guia do pensamento. No esúdio metafísico, que se afirmou pela época do Renascimento,a sociedadecomeçou a ser vista em termos natuÍais, e O não sobrenaturais. estádio positivo, desencadeado pelas descobertase feitos de Copérnico, Galileu e Neryton, encorâjoua aplicaçãode técnicascientíficas ao mundo social . Comte , ao adopÌaÍ esta úlúma perspectiva, consideravaa SocioÌogiacomo a última dâs ciênciasa desenvolver-se depois da Física, da Quí mica e da Biologia -. embora também a mais importante e complexa das ciências. Já na fase final da sua carreiÍa, Comte concebeu planos ambiciososparâ a reconstruçãoda sociedade ftancesa em paÌticular e das sociedades humanas em geral, com base nos seus pontos de vista sociológida humacos . Reclamou a fundação de uma "religião nidade", que deveria abandonaÍ a fé e o dogma em favor de um fundamento científico. A Sociologia estaria no centÌo desta nova religião. Comte estava perfeitamenteconscientedo estadoda sociedadeem que vivia: estava preocupadocom as desigualdades que a industrializaçãopÍoduziâ e a ameaçaque elas constituíam paÍa a coesãosocial. A solução a longo prazo, de acordo com a suâ perspectiva,consisúa na produção de um consenso moral que âjudâr'ia a reguapesardos novos padrõesde lar, ou unir, a sociedade, desigualdade. Embora o caminho de Comte paÍa a da reconstrução soci€dadenunca se tivesseconcreti e zado, a sua contribuiçãopara a sistematização unificação da ciência da sociedade foi importante para a posterior profissionalização da Sociologia enquanto disciolina acadérnica. Emile Durkheim A obra de outro autor francês, Émile Durkheim (1858-1917), teve um impacto mais duradouro na Sociologia modema do que a obra de Comte. Emboda ra se apoiasseem determinadosaspectos obra de Comte, Durkheim pensavaque muitas das ideias do seu predecessor eram demasiado especulativas e vagas,e que Comte não realizaracom sucessoo seu programa - dar à Sociologia um carácter científico. Durkheim via a Sociologia como uma nova ciência que podia ser usadapaÍa elucidar questões filosóficas tradicionais, examinando-as de modo empírico. Durkheim, como anteriormente Comte, acreditava que devemosestudara vida social com a mesmaobjectividade com que cientistas €studam o mundo natural. O seu famoso princípio básico da Sociologia era <estudaÍos factos sociaiscomo caisao. Queria com isso dizer que a vida social podia ser analisadacom o mesmo rigor com que se analisamobjectos ou fenómenos da natureza. A obra de Durkheim abrange um vasto espectro de tópicos. Três dos principais temas que aboÍdou foÍaÍÌ: a imponância da Sociologia enquanto ciência Emile Durkheim (1958-1917)
  • 9. O OU E É A S OC IOLOGIA ?9 €mpírica; a emeÍgência do indivíduo e a formação de üma ordem social; e as origens e carácter da autoridade moral na sociedade. Encontraremos as ideias de Dütheim repetidasvezesnas nossasdiscussões teóricas acerca da religião, do desvio e do crime, do trabalho e da vida económica. Para o autor, a principal preocupação intelectual da Sociologiaresideno estudodos factos sociâis.Em iÈz de aplicar métodos sociológicos ao estudo de indiíduos, os sociólogos deviam antes analisar facros sociais - aspectos da vida social que determinam a tro,ssa acção enquanto indivíduos, tais como o estado da economia ou a influência da religião. Durifuin acreditava que as sociedadestinham uma leaIitâde pópria - ou seja, a sociedade não se resume às siryles acções e interesses dos seus membros indivi.foais- De acordo com o autor, factos sociais são forEâs de agir, pensar ou sentir que sáo externqs aos iudiríduos, tendo uma realidade própria exterior à rida e percepções das pessoas individualmente. fua caracteística dos factos sociais é exercerem w poder coercivo sobre os indivíduos . No entanto, a &rureza consÍangedora dos factos sociais raramente é rÈcoúecida pelaspessoas como algo coercivo.pois è uma forma geral actuam de livre vontade de acordo com os factos sociais, acÍeditando que estão a agir segundo as suas opções. Na verdade, afirma DuriàÈim- frequentemente as pessoas seguem simplesnote padrões que são comuns na sociedade onde se mserem. Os factos sociais podem condicionar a rìao humana de variadas formas, que vão do castis Flro e simples(no casode um crime. por exemCot a üm simples mal-entendido (no caso do uso n'orrecÌo da linguagem). Durkleim reconhecia que os factos sociais são iifictis de estudar. Os factos sociais não podem ser $sen'ados de forma directa, dado serem invisíveis e dangíveis. Pelo contriário,as suas propriedadessó rdem ser reveladas indirectamente, através da aná:se dos seusefeitos ou tendo em consideÍação tentaras feitas para as expressar,como leis, textos religiosos ou regras de conduta estabelecidas. Durkheim qblinhava a importância de pôr de lado os preconÈftos e a ideologia ao estudar factos sociais. Uma rirude científica exige uma mente aberta à evidência jG sentidose liberta de ideias preconcebidas provetrIetrÍesdo exterior. O autor defendia que os conceitos ,-€ntíficos apenas podiam ser gerâdos pelâ prática científica. Desafiou os sociólogos a estudar as coisas tal como elas são e a consüuÍ novos conceitosque reflectissem a verdadeira natureza das coisas sociais. Tal como os outros fundadores da Sociologia, Durkheim estava preocupado com as mudanças que transformavam a sociedade do seu tempo. Estava particularmente interessado na solidariedade social e moral - por ouhas palavras, naquilo que mantém a sociedade unida e impede a suaquedano caos.A solidariedade é mantida quando os indivíduos se integram com sucessoem gÍupos socrals e se regem por um conjunto de valores e costumes partilhados. Na sua primeira grande obra, A DivísAo Socíal do Trabalfto (1893), Durkheim expôs uma análise da mudança social, defendendo que o advento da era industrial representava a emergência de um novo tipo de solidariedade. Ao desenvolver este argumento, o autoÍ contrastou dois tipos de solidariedade - rnecônica e orgânica - , relacionando-os com a divisão do trabalho e o aumento de distinções entre ocupações diferentes. Segundo Durkheim, as culturas tradicionais com um nível reduzido de divisão do ftabalho caÌâcterizam-se pela solidariedade mecAnica. Em virtude da maioÍ parte dos membros da sociedade estar envolvida em ocupações similares, eles estão unidos em tomo de uma experiência comum e de crenças partilhadas. A força destas últimas é de natureza rcpressivâ - a comunidade castiga prontaÍnente quem quer que ponha em causa os modos de vida convencionais . Desta forma Íesta pouco espaço para dissidências por individuais. A solidariedademecânicabaseia-se, das crenconseguinte, consensoe na similaridade no ças, No entanto, as forças da industrializaçãoe da urbanização conduziram a uma maior divisão do trabalho , o que contribuiu para o colapso desta forma de solidariedade. A especialização de tarefas e a cada vez maior diferenciaçãosocial nas sociedades desenvolvidas haveria de conduzir a uma nova ordem caÌacterizada pela solidariedade orgânica, defendia Durkheim. Este tipo de sociedades estãounidaspelos laços da interdependência económica entre as pessoase pelo reconhecimento impoÍância da contrida buição dos outros. A medida que a divisão do tÌabalho aumenta, as pessoastomam-se cada vez mais dependentesumas das outras, dado que cada uma necessitados bens e serviços que só ouhas pessoas com ocupações diferentes podem fomecer. Relações
  • 10. ra o olrE t A soaroLoG A' O estudode Durkheim sobre o suicídio que exploUm dos estudosclássicos Sociologia da ra a relaçáo entre o indivíduo e a sociedade é a análise de Durkheimsobre o suicídio(Durkheim. publicado 1897). Embora 1952;originalmente em os humanos se vejam a si pÍóprios como indivíseres duos livresna sua vontadee opções,os seus comoortamentos são muitas vezes oadronizados e pelo mundosocial. estudode DurO determinados kheim demonstrouque mesmo um acto táo pessoal pelo mundo social. como o suicídioé influenciado Tinha havido anteriormente pesquìsas sobre o foi suicídìo, mas Durkheim o primeiro autora insistir para o fenómeno. As numa explicação sociológica obras anteriorestinham reconhecidoa inÍluênciâde íactores sociais no suicídio, embora destacando Íactorescomo a raça, o clima ou perturbaçõesmentais,para explicar probabilidade alguémcomea de segundoDurkheim, suicídio o ter suicídio. Contudo, en um facto socíalque apenas podia ser explicado por outros Íactos sociais.O suicídio era algo mais de do que um simplesconiunto actos individuais era um Íenómeno com característicaspadronizadas. Ao examinarregistosoficiaissobre o suicídioêm França, Durkheim descobriu que determinadas categoriasde pessoas eram mais pÍopênsas â cometer suicídio do que outras. Descobriu,por econ(rnrica dc rnútuadçpendência e de recipr-ocìdaclc na vênì substituiras crençaspartilhadas função cLe social. criíÌrum conscnso os de N() entanto. processos rludança no muntlo c mollcrnosiu de tal nruncirr rrrpiJos itttenrorqtte problemas sociaisimportantes. PodcÍìl dão oligem a ter eltitos dissolventes sobreos estilosdc vida tradircligiosas os padrões e do cionlis. a moral.ascrenças quotidiano. fornccereÍr1 novoslalotes scm no entanto Durkl'ìeiÌÌ'ì rcìacionou esteconlede formaevidcnte. dc to conturbiÌdocom a irnolììi:i. Lrm sentinÌ9nto proroclilo ausência objectivosou de dcsespero de e peiavida socialmodelna. padrircs mciosdç con Os pcla rcli fornecidos antcÌiormentlj t|olo tradicionais, mais suicídiosêntre exemplo,que se veriÍicavam mais entre os homensdo que entre as mulheres, os protestantes do que entre os católicos, mais entre os ricos do que entre os pobres,e mais entre os solteirosdo oue entre os casados.Durkheim tambémque as taxasde suicídio tendiam Dercebeu a ser menoresduranle épocas de guerra e mais elevadasem alturas de mudança económicaou de instabilidade, que Durkheim concluir a Estesachadoslêvaram existem forças sociaìs externas ao indivíduo que inÍluenciam taxasde suicídio, auÌorrelacionou as O a sua explicaçáo com a ideia de solidariedade social e com dois tipos de laços na sociedade- a integração social e a rcgulação soclâl Durkheim acreditavaque as pessoasque estavamsolidamente integradasem grupos sociais,e cujos desejos e aspiraçõesse regiâm pelas normas sociais,tinham de ldentificou uma menororobabilidade se suicidar. quatro tipos de suicídio,em Íungáo da presênçaou e ausência integraçào da regulação. da Os suicÍdios egoístas caracletizam-sepor uma fraca integraçãona sociedadeê ocorrem quando o ou indivíduo está sozinho, quandoos laços que o pÍendema um grupo estão eníraquecidos queou taxas de suicÍdio entre os católibrâdos.As baixas cos, por exemplo,podem explicar-sepela sua íortê gialt). destruídos largamedidapelo desenvolsão em o vimentosocialmoderno. quc deixaenl nìuitosìlìdi moderniìs um sentimentode vítluos das sociedades ausência scntidoniì suavida quotidiana. de mais famososde Durkheim (ver Um dos €studos do caixa de texto) dizia respeitoà anáÌise suicídio. pessoal. O suicídioparccescr uma acçãopuran'ÌeÌÌte de o rcsultaclo uma inÍèlicidadepesserl extremiì. ql eonl tl drì. l e l u(l Orei.oci ai er' fO uttÍ.,tnl orl rou. cem urla influência fìrrdamentai Ììo corì'rporlan'ìc'nÌL influências suicidárìo sendoa anomiauma dessas .A.s tirxas dÈ suicídio nrostram padrõesregularesah padrões clevem expÌicado: ser ano para ano.c esses sociologicamcnte.
  • 11. O OUE E A SOC OLOG A? 11 que a libernoçãode comunidade social,enquanto dade moral e pessoaldos protestantes significaque .,estãosozinhos" perante Deus. O casamentofunciona como uma protecçãoem relação ao suicídio, ao integrar indivíduo o num relacionamento social estável,ao contráriodas pessoassolteiras,que perrranecem mais isoladas no seio da sociedade. A menor taxa de suicídiosem tempo de guerra, pode ser vista como um sinal segundoDurkheim, le uma maior integraçãosocial. O suicídio anomico causadopor uma ausència é Je regulação social. Para Durkheim,tãl reportavasociais de aromrâ, quando as -se às condiçÕes Sessoas vêem "sem normas' em contextos se de na "rudançasúbitaou de instabilidade sociedade. À peÍda de um ponto de reÍerênciaiixo no que diz 'espeito às normas e desejos - como sucede em :emposde convulsões económicas de conÍlìtos ou sessoais como o divórcio pode perturbar equilÊ o Jrio entre a realidadeda vida das pessoase os :eus deselos. O suicídio altruísta lem lugar quando um indivi :Jo se encontra (excessivâmenteintegrado" - os .,nculossociaissão demasiado fortes- e valorizâ "lais a sociedade que a si próprio. do Nestecaso,o ,<!icídio transforma-se numa esDécie sacriÍício de 3or um "bem maior". Os pilotos kamlkasejaponesesou os "bombistas suicidas" islámicos exemsão 3 cs de suicidas ParaDurkheim. altruístas. este tiDo de suicídioé característico das sociedadestradicionais.onde orevalece solidariedade a mecânica. O último tiDo de suicídio é o suicídio ÍaÍallsfa. Embora oara Durkheim este tioo de suicídio Íosse pouco relevante na sociedade contemporânea,o autor acreditavaque este se veriÍicavaquando um pela socieindivíduo regulado era excessivamente traduz-se num sentidade.A opressão indivíduo do mento de imDotència Deranteo destino ou a socieoaoe. Emboravariem de sociedâdepârâ sociedade,as taxas de suicídio apresentampadrões reguladores em cada sociedade longo dos anos. Para Durao kheim, tal provavaque existem forças sociais consistentes oue influenciam comDortamento o suicidário. Uma análise das taxas de suicídio revela até que ponto podem ser identificadospadróes sociais geraisem acçõesindividuais. Desde a publicaçãode O Suicídio,Íoram levantadas muitas objecçõesa este estudo de Durkheim,especialmente acercada sua utilização nas oÍiciais, sua rejeiçãode inÍluências da estatísticas de carácternão-social sobre o suicídio,e da sua insistênciaem classiÍicarem conjunto todos os tipos de suicídio. qualquermaneira,esta obra De continua ser um estudoclássico a sua asserção a e fundamentalpermaneceválida: mesmo um acto táo pessoalcomo o suicídioexige uma explicação sociológica. unìagrandediversidadc -se na suaobriì.quc abrangc .lc l..untos. A ntlrr('r'pitr'te .uu. c(rito5 centril.c dos cnì questões cconón'ìicas. ìras. cor]]o sempÍe tcre i- .J.ias de Klll Mar (188i lì3) contrastam radi conìopreocLlpaçiio reÌacior]ar pfoblemas os econ(irÌìi ,..:ìl.nÌe conì as dc Comte e Durkheirn, cmbora.lal sociais, sua obra erl, c é, a . :--.o eles.tarnbón Marx tenh!Ìtentadoexplicar as cos com as instìtuições sociológicas. Mesno os seuscríti,..ianças cÌue ocoriian] na épociì da Revolução rica em rcïlexircs cos mais ilrplacáveis considcriLm sua obliì cle a :,:u.trial.As actividades poiíticastle Marx. quanclo . aiÌ. tiveranìconroconsequêncin conflito conr inportânciapara o desenvolvinÌento Seciololrìr. da um .. .:uroridades llcnrãs: trpósunra bteve estadiaem :-,nca. íixou-se.paritsemprc.no cxílio nr CrirBrc(tpilulisnut t luíu tlt clqssct :.: .irr. Marx iìssistiLl rÌumcnto númerode fábriiÌo do escri:vcssc accrca vÍlias Íascsda histór'ia. de bent como às clcsigual- EmboÌ-a -... e da produçio industrial. na nos tcmposmodcr pelo movimcÌr10 Marx colìcentrou-sc mudançiì daí ÌesultaDlcs. seuintercssc O -.-je -r':iirio curopcr.r peÌasideiassociaìistas mais inlponantes estaviìm e rellccliu- nos.Paraeie.irsrnudanças i r.rll lr r x
  • 12. l2O OUEEASOCIOL O G I A? urbanâ. Esta classe de tuabalhadoresé também aoelidada de proletaríado . Segundo Marl(, o capitalismo é inerentemente um sistemade classes, sendo as relaçõesentre as classes caracterizadas pelo conflito. Embora os proprietiários do capital e os trabalhadores dependam uns dos outÍos - os capitalistas necessitam da mão-de-obra e os trabalhadoÍes necessitam dos salários - a dependência é exúemamente desequilibradâ. O relacionamento entre as classes assenta na exploração, na medida em que os trabalhadoÍes têm pouco ou nenhum controlo sobre o seu trabalho e os patrões têm a possibilidade de gerar lucro apÍopriando-se do produto do esforço dos trabalhadores. Marx acreditava que o conflito de classes em tomo dos recuÍsos económicos se iria acentuâr com a passagem do tempo. Mudança social: a concepção materiaüskt da história A perspectiva de Marx assentavano que denominava concepçãomaterialista da história. De acordocom esta perspectiva, não se enconham nas ideias ou nos valores humanos as principais fontes de mudança ligadas ao desenvolvimento capitalismo - um sis- social. Pelo contri4rio, a mudança social é promovida do tema de produção que contuastade forma radical com acima de tudo poÍ factores económicos. Os conflitos sistemas económicos historicamente anteriores, entre classesfornecem a motivação para os desenvolimplicando a produçàode bense serviçospaÍa serem vimentos históricos- eles são o <motor da histório. vendidos a uma gnnde massa de consumidores, Nas palavras de Marx, <toda a história humaÍa ê, a|é O autor identificou dois elementos cruciais nas à data, a história da luta de classes>. Embora o autoÍ empresas capitalistas. O primeiÍo é o capital - qtJal- centrassea maior parte da sua atenção no capitalismo quer activo. incluindo dinheiro. máquinas.ou mesmo e na sociedade modema, analisou igualmente a forma fábricas,que possaser usadoou investido para reali- çomo as sociedades se desenvolveram ao longo da zar frrturos bens. A acumulaçãodo capital está intihistória. SegundoMarx, os sistemassociaisÍansitaÍn mamente ligada ao segundo elemento, o trabalho de um modo de produção para outro - às vezes de assalariodo - poÍ tal entende-se o conjunto de tabaforma gradual , outras vezes por via de uma revolução lhadores que não detém a propriedade dos meios de - em Íesultado das conhadições dos seus sistemas produção, mas que tem de procurar emprego, fomeeconómicos. O aulor delineou uma progressãopor cido pelos que detêm o capital. Marx acreditava que etapas históricas, com início nas sociedades comuaqueles que detêm o capital, ou capitalistas, constìpassando pelos sisnistasdos caçadores-recolectores, tuem uma classe dominante, enquanto a grande temas esclavagistas antigos e pelos sistemasfeudais massada população constitui uma classe de trabalhabaseadosna distinção entre senhores das teÌras e seÍdores assalariados. classeoperária.A medida que vos . A emergência de comerciantes e aÍesãos marcou ou a industrialização se propagou, um grande número de o início de uma classe comercial ou capitalista que camponeses, que anteriormente subsisüam do trabaacabou por substituir a nobreza fundiiíria. De acordo lho agícola, mudou-separa as cidadesem expansão, com estâ perspectiva da história, Marx defendeu que aiudando a formar uma classe oDerária industrial tal como os capitalistas se haviam unido para derru(Í818-1883) KarlMarx
  • 13. O OUE É A SOCIOLOGIA? 13 !aÍ a ordem feudal, também os capitalistas seriam uplantados e uma nova ordem instalada. íaÍx acreditavana inevitabilidadede uma revoluìâo da classe trabalhadora que demrbaria o sistema --apitalista e abriria portas a uma nova sociedade onde H existissemclasses- sem gmÍìdes divisões enúe ::,-os e pobres. Marx não queria dizer que todas as jesisualdades entueos indivíduos iriam desaparecer, :is que as sociedades não mais iriam ser divididas 3cre uma pequenaclasse que monopoliza o poder :--ftico e económico,por um lado, e, do outro, uma 9:ande massade indivíduos que pouco benefício reti::.m da riqueza gerada pelo seu trabalho. O sistema 3--o!ómicoassentaria possecomum, sendoestabena uma forma de sociedade mais justa do que a -e;ida --.r<coúecemos hoje. Marx acrediÌavaque na sociedo futuro a produção seria mais evoluída e efi-de do que na sociedade :.:z capitalista. ,{ obra de Marx teve um efeito de enorme relance :ó mundo do século XX. Até muito recentemente, ?Li de um terço da população humana vivia em paícujos governos reivindicavam ser inspirados 'es ideias de Marx, como a União Soviética e os -ias da Europa de l-este. :ai<es Irr 'eber Taì como Marx, Max weber (1864-1920) não pode =; simplesmenterotulado como sociólogo; os seus =:aresses e preocupaçõesabrangem muitas iíreas. r.cido na Alemanha, onde passoua maior parte da ::a carreira académica, Weber era um indivíduo de E-andeerudição.As suasobras cobrem os camposda E oromia. do Direito, da Filosofia e da História Comparada,bem como da Sociologia. Grande paÍe sua obra dava também particular atenção ao .==nlolvimento do capitalismo modemo e à forma :omo a sociedade modema eÍa difeÍente de outÍos :!os anteriores de organização social. Através de um ,ujunto de estudos empíricos , Weber explicitou :ìgrrmas das características básicas das sociedades dustriais modemas e identificou debates sociológique ainda hoje permanecem cen--.ìs fundamentais, :ais para os sociólogos. Tal como outros pensadoresdo seu tempo, Weber -arou compreender natuÌezae as causas mudanda a social.Foi influenciadopor Marx, mas mostrou-se ;a 3mbém muito crítico em relaçãoa algunsdos princi- (1864-1920) Nrax Weber pais pontos de vista de Marx. Weber rejeitou a concepção materialista da história e deu ao conflito de classes um significado menor do que Marx. Na perspectiva de Weber. os factores económicos eram importântes, mas as ideias e os valores tinham o mesmo impacto sobre a mudança social . Ao contnário sociológicos,Weberdefendos primeiros pensadores deu que a Sociologia devia centÌar-sena acçdo socíal, e não nas estruturas.Atgumentava que as ideias e as motivaçõeshumanaseram as forças que estavampor detrásda mudança- as ideias, valorese crençastinham o poder de originar transformações. Segundoo autor, os indivíduos têm a capacidadede agfu livremente e configurar o futuro. Ao contÍiírio de Durkheim ou Marx, Weber não acreditava que as estruturasexistiam extemamenteaos indivíduos ou que eram independentesdestes. Pelo contuário, as estruturas da sociedade eram formadas por uma complexa rede de acçõesrecíprocas. tarefa da SocioloA gia era procurar entender o sentido por detrás destas acções. Algumas das obras mais importantes de Weber Dreocuparam-se com a análise das caracteísticas
  • 14. l4O Q UEEASOCIOLOG ] A? UmaÍundadora esquecida EmboraComte,Durkheim, Marx e WebeÍ sejam, sem dúvida alguma, as figuras fundadorasda Sociologia, existem outrospensadores importantes do mesmoperíodo histórico cujacontribuição deve também tomadaem conta. Sociologia, ser A como muitas outrasáreasacadémìcas, sempre nem teve a posturaideal de reconhecer importância a de cada um dos auÌorescuja obra tenha um mérito intrínseco. oeríodo.clássico. do Íim do século No XIX e princípios séculoXX, muito poucas do mulheres membros minorias ou de étnicas tiveram a possibilidade se tornaremsociólogos de profissionaisa tempointeiro. Alémdisso,os poucosque tiverama possibilidade conduzirpesquisas de sociológicas importância de maior Íoram muitas pelo meio.Gentecomo Harriet vezesesquecidos l4artinêau merecea atençãodos sociólogos contemporâneos. próprias da sociedade Ocidental, en'Ì comparação com as outrasgrandes civilizações. Estudouas religiõesda China.India e PróximoOriente. no decore rer dessas pesquisas grandcscoÌrtribuiçõespara a fez So ci u logia lc ligiào . o mp a ra n do r p ri n e i p a i ..i :dir C ,r temasreÌigiosos Chinae india com os do Ocidenda te, Weberconcluiuque algunsaspectos crenças das clistãs iltfluenciaramglandementeo aparecimento do capitalismo. Estcnãoemergim. como Marx acreditava. apenas graças mudanças às económicas. Scgundo Weber,os valoLes as ideiasculturaiscontribuenr e para moldar a sociedade as nossas e acçõesindividuais. Um elementoimportantcda perspectivasociológica de Weberera a ideiade tipo ideal modelosconceptuaisou analíticosque podem ser usadospara comprccndel mundo.Na vida real,é raÍo existirem. o se c q u c e i r em . t iposi J e i ti m u i ti l se /e e i 5 te n ) apenas aÌgumas das suascaracterísticas. Estasconstruçôes hipotéticaspodem, no cntanto, reveÌar-se muito úteis,na medidaem que se podecompreender qualquer situação mundorealiúravés suacomdo da (1802'1 HaÍiet l,4artineau 876) pançio com uÌn tipo ideal. Desta formr, os tipos ideais servem como pontos de referência fixos. E imponantesublinharque por tipo Weber "ideal> não entendia que essaconcepçãoÍbsse algo de perfèito ou desejável,sendoantesuma Íbrma de "pura> determinado Íenómeno. Weber utilizou os tipos ìdeaisnassuasoblassobrea buroclacia o mercado, e Rn<'ionali:açtio SegundoWeber,a emergênciada sociedademodema foi acompanhada importantcsrnudanças nível por ao dos padrões acçãosociaÌ.O autoÌ acreditava de que as pessoas estavama aÍìlstar-se d!Ìs crençastradicionaisbaseadas superstiçtÌo. rl]ligião. costume na na no e em hiibitosenlaizados. vez disso,os indivíduos Ern envolviam-se cadavez nraisem cálculosracionais e instrumentais tinhan'ì consideração eficiênque em a cia e as consequências Íuturas.Na sociedade indus tdaÌ, havia pouco espaçopara os sentimentose pariÌ fazerceftascoisas porquesempre só tinhamsido feitas assim desdehá muitas gerações. desenvolviO
  • 15. O OUE E A SOC OLOGIA? 15 HarrietMartineau Harriet Martineau(1802-1876) já chamada a foi ,primeira mulhersocióloga",mas, tal como Marx 3u Weber, não pode seÍ vista apenas como uma socióloga.Ela nasceu e cresceu em lnglaterra, :endo escritomais de cinquenta livros,bem como 1ümerosos ensaios. Martineau hoje considerada é rcmo tendo introduzido Sociologia Grã-Bretaa na 'na, por via da sua traduçãoda FilosofiaPositivade (Rossi,1973). acmte,tratado ÍunciadoÍ djsciplina da :' ém disso, lvlartineauconduziu um estudo sisteem primeiramáo sobrea sociedade amêri-álico decurso das suas extensas viagens pelo :âna no -:eriordos Estados Unidosda América, década na :e 30 dÕséculoXlX. das quais resultou seu livro o :. Sociedadena América.A aulota lem importância :â:a os sociólogos hoje em dia por diversas dê -32ões.Em primeirolugar, defendiaque quando = guém estudauma sociedadê deve centrar-se em :-:.r da ciência,da tecnoÌogia modena e da buro . , , loi colectivamentedescrito por Weber coÌno da e - ,nrlizaqão- a organizaçaro vidx económica pfincípiosde eficiênciae tendo por - - >equndo ' .: r ionÌìecimcnto técnico.Se nas sociedades tl.adefiniam - :"rs a religiãoe os hábitosenraizados : ,rres e as atitudesdas pessoas, sociedade a ,::rr caractedzava-se racionalização cada pela de : :.:ii campos,da política à reìigião.passando , ,-lir idadeeconómica. - :Joldo com o aúor, a RevoluçãoIndustrial e a : ::-ÌraÌa do capitalismo eram provasde uma ten, ,, rraìor no sentido racionalização. capitada O :io er.Ì dominado peÌo conflito de classes, llrr Cefendia, mas pelo avançoda ciênciae ,,'racia - organizaçõesde grande dinensão. -: : .- .i:ber. o caráctelcientíficoera um dos traços . - -:ixcterísticos do Ocidente. A burocracia. o - ::rodo cÌeorganizar eficientementeunì gnnde :i Je pessoas, expandiu-sc com o crescimerto - :-:.-oe político.O autoÌutilizouo termodeJ€l?'.,rr1) para descrever forma pcla qual o perra todosos seus aspectos, incluindo principais as inspolíticas, tituiçóes religiosas socìais. ou Em sêgundo lugar,insistia que a análise uma sociedaem de de deve incluir vida das mulheÍes. terceiro, a Em Íoi para a primeiraa olhar de uma forma sociológica assuntos anteriormente ignorados, como o casamento,as crianças,a vida pessoal e rel;giosa,e as relaçõesracìais.Como escreveua autora, .o quarto dâs criânças, aposentos femininos, a cozios e nhâ são escolas excelentes,onde podemos Íicar a conhecer a moÍal e os modos de uma povo' (lvlartineau, 1962, p. 53). Por último,a autoradefendia que os sociólogos não devem limitâr-se apenas a observar, mas devem igualmente agir em prol de uma sociedade. Consequentemente, Martineau foi uma Íigura activa tanto na deÍesa dos direitos das mulheres como na luta pela emancjpaçãodos escravos. samentocieDtífico no mundo modcrno lcz clcsaparecer as forças sentinentais do passado. Weber não era. no entanto, totalmcnte optimista em reÌação às consequências racionalização. da que fose um si:lerna Temiaumu rociedldenrodema que, ao tentaÍ Íegular todas as esferasda vida social. destruísse espírito humano.Receava,em pafiìcular, o os eÍèitos potencialmente sufocantes desumanizan e tesda burocracia as suasinplicaçõesno destino e da democracia. agenda do IÌuminismo do século A XVÌÌÌ, da promoção do progresso,da riqueza e da felicidadeatravésda rejeiçãoda tradiçãoe da supersproduzos tição em favor da ciênciae da tecnologia, seusprópÌ'iosperigos. socioiógicos maisrecentes Olhares Os primeiros sociólogospafiilhavan o desejode con ferir sentidoà sociedade mudançaem que vivian. em Todavia, queriam Íãzer algo rnais do que limitar-se a descrevere interpretiir os acontecimentos rnomertâ neosdo seuternpo. Mais inÌpofiante que isso,prodo
  • 16. l 6 O Q UE E A S O CI O L OGIA ? cuÍavam desenvolver formas de estudar o mundo social que pudessemexplicaÍ o funcionamento das sociedades geral e a naturezada mudançasocial. em No entanto, como já pudemos observar,Durkheim, Marx e Weber utilizaram abordagens muito diferentes enÍe si nos estudosdo mundo social. Por exemplo, enquanto Durkheim e Marx se centraïam no poder de forças extemas aos indivíduos, Weber adoptou como ponto de partida a capacidade que os indivíduos têm de agir de forma criativa sobre o mundo exterior. Enquanto MarÍ apontava a predorninância das questões económicas,Weber tomou em consideração um leque muito mais vasto de fâctores que considerou significantes. Tais diferenças de abordagem têm continuado a verificar-se ao longo da história da Sociologia. Mesmo quando os sociólogos estão de acordo em relação ao objecto da análise,esta é conduzida muitas vezes a partir de pe$pectivas teóricas difeÍentes. TÍês de entre as mais impoÍantes correntes teóricas recentes:o funcionalísmo , a perspectiva d.oconflin , e o interaccionismo símbólico, estão directamente relacionadas com Durkheim, Marx e Weber, respectivamente(ver figura 1.1).Ao longo da presente obra irão enconftar-se discussões e ideias que derivam destas abordagensteóricas e lhes sewem de ilustação. Auguste Comtè (1798n 857) I KâÌl (181&1883) V Emil€ Du*heim 085&1917) I I I V Funcionalismo (1864"1920) Georg€ HerbêítMead (1863-1931) V InìêËccionismo slmbólico As linhas conlínuas indicam uma inlluência direcla, as linhasa Íacejâdo uma relaçãoindiredla. Mead não é discÊ pulo de Weber, ainda que as posições deate úllimo autor sublinhando naturezaintencional signiíicativa acção a e da humana-tenham afinidades com os lemas esiudadospelo lnteraccionismo Simbólico. teóricas Sociologia Figural,í Abordagens da Funcionalismo O funcionalismo defendeque a sociedadeé um sistema complexo cujas partesse conjugampara garantir estabilidadee solidaÍiedade.Segundo esta perspectiva, a Sociologia, enquanto disciplina, deve investigaÍ o Íelacionamentodas partesda sociedade entre si e píua com a sociedadeenquanto um todo. Podemos analisar as crenças religiosas e costumes de uma sociedade, por exemplo, ilustrando a forma como se relacionam com outras instituições,pois as diferentes partes de uma sociedade estão intimamente relacionadas entre si. Estudar a função de uma instituição ou prática social é analisar a contribuição dessainstituição ou prática paÍa a continuidadeda sociedade. funcioOs nalistas, incluindoComle ou Durkìeim, usaram muitas vezes uma analogia orgâníca para comparaÍ a actividade da sociedade com a de um organismo vivo. Defendem que. à imagem dos viírios componentes do corpo humano, as paÍes da sociedade conjugam-se em benefício da sociedadeenquanto um todo. Paraestudarum órgão humanocomo o coraçào é necessáriodemonstrara forma como se relaciona com outras partes do corpo. Ao bombear sangue p€Ìo corpo inteiro, o coração desempenha papel vial um na perpetuação da vida no organismo. Da mesrna forma, analisara função de um item social significa demonshar o papel que desempenha na perpetuaçã(l da existênciae prosperidadede uma sociedade. O funcionalismo enfaÍiza a importância do cairsenso moral na manutenção da ordern e da estâbilidade na sociedade. O consenso moral verifica-se quando a maior paÍe das pessoasde uma sociedadc partilham os mesmosvaloles. Os funcionalistascmcebem a ordem e o equilíbrio como o estado noru{ na da sociedade este equilíbrio social assenta erÊ de um consenso moral enÍe os membros da tência sociedade.Por exemplo, Durkheim acreditavaqre r religião reitera a adesão das pessoasa valores socinucleares, pelo que contribui para a solidez da coeú social. Durante um longo período, o pensamento frrrrìnalista foi provavelmente a principal corrente teóÍiÉ da Sociologia, em particular nos EstadosUnidos ò América. Tanto Talcott Parsons como Robert M€ÍE consideradosdois dos seus aderentesmais prtmnentes. insDiraÍaÍn-se muito na obra de Durkh*-
  • 17. O QU E E A S OC IOLOGIA ?17 !i06 útimos anos a sua populaÌidade começou a decrescer, à medida que as suas limitações vieram ao de cima. Uma crítica feita reco[entemente ao fun.imalismo é a de que este realça excessivamente o pryel de factores que conduzem à coesão social, em fuimento de factores que produzem conÍlito e divin- A ênfase na estabilidade e na ordem significa que É divisões ou as desigualdades- com base em factoÍes como a classe social. a raça ou o género - são minimizadas. O funcionalismo confere também uma €dase menor ao papel da acção social criativa na siedade. Para muitos cíticos, este tipo de anáüse Ír-bui à6 sociedâdes atributos que estas não posgEm- Os firncionalistas falaram muitas vezes das siedades como se estâs tivessem <<necessidades> e robjectivos>, apesar de estes conceitos só fazerem srido quando aplicados aos seres humanos. Perspectiva Conflito do fal como os funcionalistas, os sociólogos que adopãam as teorias de conflito subliúam a impoÍância & estrutuÌas na sociedade. Defendem também um delo> abrangente para explicar a forma como a ruiedade funciona. Os teóricos do conflito rejeitam, D eatatrto, a ênfase que os funcionalistas dão ao conÍ€nso. Pelo contrário, preferem sublinlar a importân.-ra das divisões na sociedade. Ao fazê-lo, centram a aálise em questões de poder, na desigualdade e na ha. Tendem a ver a sociedade como algo que é comINo por diferentes grupos que lutâm pelos seusprópioe interesses.A existência desta diferença de interesses signifrca que o potencial para o conflito está 5ÊmpÌepresente e que determinados grupos ilão tiÍaÍ mis benefício do que outros. Os teóricos do conflito Íâlisrrm as tensões existentes enüe grupos dominanrs e desfavorecidos da sociedade, procuÍando comgeender como se estabelecem e perpetuiìm as relações de controlo. Os pontos de vista de muitos teóricos do conflito t€mootam aos escritos de Man, cuja obra enfatizava o mnflito de classes, muito embora outros sejam igualmente influenciados por Weber. Um bom exemplo disto é o sociólogo alemão contemporâneo Ralf Dahrendorf (1929 - ). No clássico Class and. Class ConJlict in Industri.al Society (1959), Dahrendorf &fende que os pensadores funcionalistas só tomam em consideração uma parte da sociedade - aqueles aspectos da vida social onde existe harmonia e concordância. Mas tão ou mais importântes são os campos que se caracterizam pelo conflito e pela divisão. De acordo com DabÌendorf, o conflito surge principalmente do facto de os indivíduos e grupos terem diferentes interesses. Marx concebia as diferenças de inteÌesses sobÍetudo em função das classes,mas Dúrendorf relaciona-as de uma forma mais vasta com a autoridade e o poder. Em todas as sociedadeshá uma sepaÍaçãod€ interessesentre aqueles que detêm autoridade e aqueles que estão em grande medida excluídos dela, uma sepffação entre govemantes e governados,portanto. Perspectivasda acçãosocial Se o funcionalismo e a perspectiva do conflito colocam a tónica nas estruturas que sustentâm a sociedade e influenciam o comportâmento humano, as teorias da acção social dão uma atenção muito maior ao papel desempenhadopela acção e pela interacção dos membros da sociedade na formação dessas estruturas. Aqui, o papel da Sociologia é visto como sendo mais o da procura do significado da acção e da interacção social, do que o da explicação das forças extemas aos indivÍduos que os compelem a agir da forma que agem. Se o funcionalismo e as perspect! vas do conflito desenvolvem modelos relativos ao modo de funcionamento global da sociedade, as teorias da acção social centram-se na análise da maneira como os âctores sociais se comportam uns com oS outros e para com a sociedade. Weber é frequentemente apontado como um dos prirneiros defensores das perspectivas da acção social. Embora recoúecendo a existência de estmturas sociais- como as classes,os paÍidos, os grupos de prestígio.entre outrâs -, Weberafirmava que essas estruturas eram criadas pelas acções sociais dos indivíduos. Esta posição foi desenvolvidade uma forma mais sistemática pelo interaccionismo simbólico, uma corrente de pensamento que se tomou pârticularmente importante nos Estados Unidos da América, O interaccionismo simbólico foi apenas influenciado de forma indirecta por Weber.As suas origens mais directas residem na obra do filósofo americano G. H. Mead (1863-1931).
  • 18. lS O O UE E A S OC IO L OGIA ? forma como ambos servempara constrangera acção individual. I n t erac cionism o sin bóli co O interaccionismo simbólico nascede uma preocupação com a linguagem e o sentido. Mead defendia que a linguagem permite tornarmo-nos seres autoconscientes cientes da nossaprópria individualidade e capazes nos vermos a partir de fora, como os de outros nos vêem. Neste processoo elemento-chave reside no símbolo. Um símbolo é aÌgo que representa algo. Por exemplo, as palavras que usamos para aludir a determinadosobjectos são, na verdade,símbolos que representamo que queremos tlansmitrr. A palavra <colheD é o símbolo que usamospara descrever o utgnsílio a que ÍecotÏemosPaÌacomer sopa. Gestosnão-verbaisou outrasformas de comunicação são tambémexemplos de símbolos.Acenar a alguém ou fazer um gesto grosseirotem um valor simbólico. Mead defendia que os sereshumanos dependemde símbolos panilhados e entendimentoscomuns nas suas intencções uns com os outrcs. Dado os seres humanosviverem num universoaÌtamente simbólico. praticamentetodas as interacções entre os indivíduos impÌicam um fluxo de símbolos. O interaccionismosimbólico dirige a nossa aten e ção paÍa os detalhesda interacçãointerpessoal, para detalhessãousadospara conferir a forma como esses sentido ao que os outros dizem e fazem. Os sociólogos influenciados por esta corrente teórica centram muitas vezesa sua atençãona interacçãoface-a-face e nos contextos da vida quotidiana, realçando a importânciado papel dessas inteÍacções criaçãoda na sociedadee das suasinstituiçôes. Muito emboraa perspectivaintemccionistasimbólica possaincluir muitas reflexõesem tomo da natureza das nossasacçõesna vida social quotidiana,já foi criticada por ignorar questõesmais amplas relacionadascom o poder e a estruturana sociedadee a Conclusão Como já vimos, a Sociologia engloba uma variedad€ de perspectivasteóricas. Por vezes a discordância entre as diferentesposiçõesteóricasé bastante extené sa,mas estadiversidade um sinalda força e vitalidade da disciplina, e não uma fraqueza. Todosos sociólogosconcordamque a Sociologiaé uma disciplina em que nós pomos de lado os nossos próprios modos de ver o mundo, para observarmos cuidadÕsamente influênciasque dão forma às nosas sasvidas e às dos outros.A Sociologiaemergiu,como um esforço intelectual distinto, com o desenvolvimentÕdas sociedades modemas,e o estudodessetipo permanece suaprincipal preocupação. a de sociedades num Mas os sociólogosestãoigualmenteinteressados leque mais vasto de assuntosacerca da naturezada interacçãosocial e das sociedades humanasem geral. A Sociologia não é apenasum campo intelectual abstracto,mas algo que pode ter implicaçõesprática. importantesna vida das pessoas. Aprender a tomarmo-nos sociólogos não devia ser um esforço académico aborrecido. melhor maneirade nos assegurarA mos que tal não aconteceé abordar a disciplina de uma forma imaginativa e relacionar ideias e concluprópriavida. da sõescom situações nossa Uma maneira de fazerrnos isso é tornarmo-nca entre os modos de vida qu. conscientes diferenças das sociedadesmodemas consideramosconrnós nas normais e os dos outros grupos humanos.Embora t-' seres humanostenham muito em comum. exislc= muitas variaçõesentre difercntessociedades cuÌr-e ras. Veremosalgumasdessassemelhanças difere:e ças no capítulo seguinte,(Cultura e Soci€dade>. Pode deÍlnir-se a Sociologia como sendo o estudo sistemático das socieda,=: humanas,dando ênfaseespecialaos sistemasmodernos,industdalizados. A prática da Sociologia implica a capacidade para pensarde forma imaginanr= : distanciarmosde ideiaspreconcebidas nos acercada vida social. A Sociologiaé uma disciplina com grandesimplicaçõespráticas.Podecontnr-jr de várias formas para a crítica social e para a aplicaçãode reformassociais.Pia começar,uma melhor compreensão um determinadoconjunto de circuns--ode cias sociais oferece-nosmuitas vezesa possibilidadede o controlar.Ao m:.=r
  • 19. O QU E E A S O C I O L O G I A ? 1 9 tempo, a Sociologia fornece os meios para melhoralmos a nossa sensibilidade cultuml, criando condiçõespara que as políticas se baseiemnuma consciênciade valores cultuÍais diferentes.Em termos práticos, podemos investigar as consequênciasda adopçãode determinadas liúas de orientaçãopolítica. Por último, e talvez o mais importante, a Sociologia permite auto-conhecimento, oferecendo aos gmpos e aos indivíduos mais oportunidades pam alterar as condições em que decorremas suaspróprias vidas. - Sociologia surgiu como uma tentativa para compreender as mudanças radicais que ocorreram nas sociedades humanasdurante os últimos dois ou três séculos. mudançasem causanão foram apenasmudançasem graadeescala,mas tam-As bém trânsformações nas caracteísticas mais pessoais e íntimas da vida das pessoas. Enne os fundadoresclássicosda Sociologia, quatÍo figuras são particulamÌente importaÍìtes: Auguste Comte, Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.Comte e Marx, que trabalharam em meados do século XIX, estabeleceram algumas das questõesessenciaisda Sociologia, mais tarde desenvolvidaspor Durkheim e Web€r. Estas questões dizem respeito à natureza da Sociologia e ao impacto das mudanças resultantes da modernização no mundo social. Há diversasabordagens teóricasem Sociologia.Se as discussões teóricassãodifíceis de solucionarmesmo no caso das ciênciasnaturais,em Sociologia estamos perante dificuldades acrescidas, dados os problemas complexos que envolvidos quando se trata de estudar o nosso próprio comportamento, O funcionalismo,a perspectivado conflito e o interaccionismosimbólico constituem as principais abordagens teóricasna Sociologia.Existem algumasdiferenças básicas entre elas, diferenças que muito influenciaram o desenvolvimento da disciplina duranteo período que se seguiu ao pós-guena.