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FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO




DEMISSÃO COM RESPONSABILIDADE SOCIAL




                         EDÉLCIO APARECIDO FONSECA

                   JOÃO LUIZ DE ANDRADE GUIMARÃES

                               MARCELO REBELATTO

                                   RICARDO BERGER




             SÃO PAULO

                2010
EDÉLCIO APARECIDO FONSECA

   JOÃO LUIZ DE ANDRADE GUIMARÃES

        MARCELO REBELATTO

          RICARDO BERGER




DEMISSÃO COM RESPONSABILIDADE SOCIAL




                Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
                Fundação Instituto de Administração, como
                requisito parcial para a conclusão do Curso de
                MBA Executivo Internacional.


                  Prof. CARLOS HONORATO – Orientador




             SÃO PAULO

                2010
RESUMO




       Demitir faz parte das atribuições de qualquer gestor, independente do segmento de
mercado, porte ou cultura organizacional.

       O modo como são realizados os processos de demissão, no entanto, diferencia uma
empresa da outra e revela seu modelo de gestão de pessoas e o grau de consciência de sua
responsabilidade no contexto social voltada ao desenvolvimento sustentável das pessoas para
a formação de uma sociedade melhor e mais justa.

       Toda demissão, quando mal conduzida, tumultua o ambiente de trabalho e a vida de
todos os envolvidos, mas principalmente do demitido.

       Não são mais justificáveis casos de demissão conduzidos sem planejamento e respeito
pelo ser humano, se considerarmos o elevado nível de desenvolvimento dos modelos de
gestão corporativos.

       O cuidado básico que a empresa precisa ter é promover uma dissolução harmoniosa do
contrato de trabalho com seus empregados. Assim, a empresa fica com a imagem preservada
junto ao público interno e o demitido sai com sua dignidade e auto-estima preservadas. Para o
público externo fica a imagem de uma empresa socialmente responsável.

       Este estudo pretende analisar se as empresas no Brasil realizam a demissão assistida e
responsável, prática já adotada em diversos países, dando ao profissional desligado o apoio
necessário para a continuidade de sua carreira.

       Busca também saber se as empresas oferecem benefícios diferenciados aos
profissionais desligados e se os gestores assumem sua responsabilidade como agentes na
administração da passagem de pessoas pela organização, desde a admissão, treinamento,
acompanhamento de desempenho e do desligamento sempre que necessário.

       Outro aspecto a ser analisado é o impacto do processo de demissão na vida da pessoa
demitida, seus sentimentos e suas emoções.
Os resultados mostram que ainda são poucas as empresas que adotaram a prática da
demissão assistida como benefício no Brasil. Por outro lado, os profissionais mostram-se
preocupados com sua performance e mais atentos aos sinais positivos ou negativos que
podem provocar uma demissão, e quando possível planejam seu desligamento com
antecedência.

       A pesquisa revela que os gestores, na maioria, assumem seu importante papel no
processo de demissão como responsáveis pela comunicação, fato que contribui para o melhor
entendimento e aceitação dos motivos geradores do desligamento.

       Um dado relevante obtido neste estudo é a importância que a demissão assistida tem
para os profissionais, sendo apontado como o segundo benefício mais vantajoso na visão dos
profissionais na hora de uma demissão, ficando à frente até mesmo de recursos financeiros
adicionais, como bônus ou gratificações.
SUMÁRIO



1     INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7

2     JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 10

2.1      OBJETIVOS .................................................................................................................. 11

3     METODOLOGIA ........................................................................................................... 12

4     REVISÃO TEÓRICA ..................................................................................................... 14

4.1      MODELO DE GESTÃO DE PESSOAS ...................................................................... 14

4.1.1       O processo de demissão ............................................................................................. 16

4.1.2       Demissões coletivas ................................................................................................... 19

4.2      RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL.................................................... 22

4.2.1       Benefícios da responsabilidade social ....................................................................... 25

5     RESULTADOS DA PESQUISA .................................................................................... 29

6     ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ........................................................ 39

7     CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 45

ANEXO I – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA E RESULTADOS .................................. 47
LISTA DE ILUSTRAÇÕES



Gráfico 1 – Por quanto tempo você trabalhou na última empresa? .................................. 29

Gráfico 2 – Como foi seu processo de desligamento dessa empresa? ................................ 30

Gráfico 3 – Se foi demitido, foi a primeira vez que isso lhe aconteceu? ............................ 30

Gráfico 4 – Você percebeu sinais de que haveria demissão na empresa? ......................... 31

Gráfico 05 – Você chegou a planejar sua saída? ................................................................. 32

Gráfico 6 – Como foi comunicada sua demissão? ............................................................... 32

Gráfico 7 – Qual sentimento melhor expressa o que você sentiu na hora da demissão? . 33

Gráfico 8 – Você considera (considerou) sua demissão? .................................................... 34

Gráfico 09 – Os motivos alegados para a sua demissão foram convincentes? .................. 34

Gráfico 10 – Foram-lhe oferecidos benefícios ao se desligar? ............................................ 35

Gráfico 11 – Independentemente dos benefícios oferecidos pela empresa na hora da
demissão, quais benefícios você acredita serem vantajosos em uma empresa? ................ 36

Gráfico 12 – Qual é o fator que você considera o maior causador de stress no trabalho?
.................................................................................................................................................. 36

Gráfico 13 – Sexo .................................................................................................................... 37

Gráfico 14 – Faixa etária........................................................................................................ 37

Gráfico 15 – Área de atuação ................................................................................................ 38

Gráfico 16 – Idiomas .............................................................................................................. 38
7


1   INTRODUÇÃO



       Chegamos ao século XXI com alto avanço tecnológico, poderosos equipamentos e
máquinas automatizadas, sistemas completos de gestão, sofisticadas ferramentas para garantia
da qualidade e produtividade nos processos produtivos, atendendo a padrões internacionais. O
meio ambiente também mereceu atenção e regras foram criadas para a proteção do planeta,
uma preocupação mundial.

       A pressão mercadológica fez com que as empresas em geral se adequassem às regras
para se manterem ativas, mas rapidamente percebeu-se que isso não bastava. Havia a
necessidade de se criar um diferencial que tornasse a empresa mais competitiva.

       Um exemplo de característica humana dificilmente substituída por tecnologia é a
criatividade, a qual tornou-se diferencial no mercado. Foi a partir daí que o “capital humano”,
“gente”, passou a ser vantagem competitiva e revolucionou o modo como as empresas
gerenciam seus recursos humanos em todo o ciclo de vida do profissional na empresa.

       O modelo taylorista-fordista que focava somente o potencial produtivo (força física) e
a disciplina perde definitivamente espaço e o moderno modelo de gestão de pessoas com foco
em competências ganha um espaço significativo (TOLFO, 2005).

       Pequenos detalhes no produto ou na imagem da marca no mercado são
imprescindíveis para qualquer empresa, e são pessoas criativas, comprometidas, inovadoras
que detêm poder de agregar valor às empresas e seus produtos.

       Estamos na era do conhecimento, o qual está em poder das pessoas, por isso a empresa
desenvolveu processos sofisticados de recrutamento e seleção de pessoas para atrair e ser
assertiva no momento de admitir.

       Para os níveis executivos, a empresa investe pesado na contratação de prestadores de
serviços especializados em identificar e avaliar potenciais candidatos, tamanha a importância
de conseguir atrair pessoas com as competências técnicas e comportamentais adequadas às
necessidades da organização.
8

       A empresa também investe muito em ferramentas para reter pessoas; criou pacotes
atraentes de benefícios, implantou indicadores de desempenho, planos de carreira de curto,
médio e longo prazo, programas de treinamento, universidades corporativas e todo o aparato
para desenvolver as pessoas de acordo com as estratégias da empresa.

       O ciclo de vida das pessoas na empresa, porém, envolve mais uma etapa: a sua saída
da organização, a hora do desligamento, que pode ser motivada pela empresa ou pelo
profissional.

       O objeto deste estudo é justamente a demissão provocada pelo empregador, e como é
feito esse processo nas empresas no Brasil.

       Segundo Terra (2008 p.120), o prazer de todo gestor é admitir, mas faz parte de suas
atribuições demitir. Terra destaca que “... a demissão, queira ou não, é um balde de água fria
na motivação. É uma pancada sobre o clima humano e quebra o entusiasmo. Desagradável
ou não, o gestor não pode furtar-se a essa responsabilidade.”

       Esse é justamente o tema deste estudo, que busca entender como estão sendo
conduzidos os processos de demissão, na visão dos profissionais desligados.

       O cenário econômico, político e social atual cobra, cada vez mais, uma postura
responsável de gestores e organizações na hora de demitir, seja um indivíduo ou centenas
deles, em função do impacto desse processo na vida das pessoas. As mesmas que
contribuíram de alguma forma com a estratégia da empresa e das quais foi exigido
comprometimento em todos os momentos.

       Já existem maneiras de conduzir esse processo de modo a privilegiar o caráter
humano, minimizando o impacto sobre o indivíduo, sobre os remanescentes, sobre a
sociedade, sobre a imagem da empresa no mercado e sua competitividade.

       O processo de outplacement, individual ou coletivo, normalmente é realizado por
empresa especializada e tem o objetivo de dar suporte aos profissionais desligados,
abrangendo os aspectos emocional, social, profissional e econômico, e demonstra estar
relacionado com a responsabilidade social da empresa.
9

       Para o público interno, ter uma política justa de desligamento na empresa gera a
sensação de uma expectativa positiva sobre o modo como será tratado quando for a sua vez.
“Para o público externo fica a percepção de que a responsabilidade social na empresa não é
somente uma estratégia de marketing.” (CARVALHO, p. 51).

       Nos próximos capítulos serão detalhados o moderno modelo de gestão de pessoas e as
políticas para desligamento de pessoas, o que é demissão com responsabilidade social, as
formas de outplacement individual ou coletivo e o resultado da pesquisa realizada junto a
profissionais que passaram por um desligamento e sua percepção de como foi conduzido o
processo.
10



2   JUSTIFICATIVA



       O processo de vida de um profissional na empresa envolve as etapas de admissão,
desenvolvimento e demissão. É indiscutível o papel das pessoas na sobrevivência das
empresas, e é este o motivo pelo qual cuidar do capital humano passa a ser imprescindível.

       O fato novo dentro do cenário atual e das políticas de Recursos Humanos é a
influência do ato de demitir pessoas no ambiente interno e externo. As conseqüências podem
ser altamente positivas ou altamente destrutivas, dependendo unicamente da forma como são
conduzidos os processos.

       Terra (2008, p 108) menciona que:


              “pesquisas já demonstraram que a carga estressante que advém da demissão é
              significativa, superada apenas pelos eventos mais dramáticos da vida humana
              como morte de cônjuge ou familiares próximos, divórcios, prisão.
              Perfeitamente explicável, pois o emprego tem posição central na vida das
              pessoas, associa-se com sua identidade, ocupa a maior parcela do seu tempo e
              organiza suas relações com os outros.”(Terra, 2008; p.108)



       Considerando o contexto atual, no qual a empresa precisa se reavaliar constantemente
e promover transformações até radicais, é esperado que a permanência dos profissionais esteja
atrelada ao fato de estarem ou não adequados às estratégias competitivas da empresa e sua
realidade mercadológica.

       Às vezes uma simples mudança de produtos ou região de atuação ou de fornecedor
exige do profissional dentro de uma organização um leque diferente de competências.

       O que pode parecer uma mudança simples e normal acarretará na vida de um ou mais
profissionais mudanças gigantescas, podendo culminar em uma demissão.
Demitir, como já mencionado, faz parte de vida de qualquer gestor, mas é preciso saber
demitir para minimizar problemas ligados à imagem da empresa, à produtividade interna e ao
clima organizacional e também para quem sairá, em vários aspectos (pessoal, profissional,
emocional, financeiro).
11

       Espera-se que a empresa dê o mesmo grau de importância que dedica a atrair e reter
pessoas à forma como demite; que adote ferramentas que demonstrem com clareza sua
preocupação e responsabilidade sobre os impactos sofridos pelo ser humano demitido.

       Os países desenvolvidos já possuem políticas de demissão com foco na
responsabilidade social, mas em países emergentes como o Brasil, onde a economia ainda
gera processos de demissão em massa, por exemplo, é importante estudar quais são as
políticas praticadas e se existem outras capazes de auxiliar as organizações. É sabido que
planejar as demissões com foco em todos os envolvidos é condição primordial para que os
efeitos do processo sejam favoráveis de modo geral.

       No Brasil já é possível encontrar empresas que, mesmo não tendo claras as políticas e
práticas de Recursos Humanos, têm investido em programas de demissão planejada, com
benefícios adicionais aos legais e convencionais.


2.1   OBJETIVOS



       A pesquisa realizada com profissionais que passaram por processos de demissão, objeto
deste estudo, tem como objetivo geral:

          verificar se as empresas possuem em seu modelo de gestão políticas e práticas de
           demissão responsável, na visão dos profissionais desligados.

       Os objetivos específicos são verificar:

          se as empresas oferecem apoio aos profissionais desligados;

          se as empresas oferecem benefícios diferenciados ou de acordo com a expectativa
           ou preferência dos profissionais desligados;

          se os gestores assumem a responsabilidade pelo comunicado de desligamento,
           como é esperado dentro do moderno modelo de gestão de pessoas;

          quais os sentimentos gerados nos profissionais que passam por um processo de
           demissão.
12



3   METODOLOGIA



       O presente estudo iniciou com uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, buscando
analisar os dados já existentes na literatura. Depois, foi estabelecida a forma de busca dos
dados diretamente vinculados ao tema. Neste caso, o método de investigação utilizado foi o
questionário individual, por permitir assim a identificação do modo de perceber de cada
profissional, mas também ter uma visão mais abrangente das práticas existentes em diferentes
empresas, de diferentes segmentos, cultura e porte.

       Segundo Fauze (1997, p.34-35), o questionário precisa estar amarrado com o objetivo
da pesquisa, que por sua vez deve estar amarrado com o problema da pesquisa. As perguntas
devem ser elaboradas usando a linguagem do público-alvo.

       Minayo (1993,p.23) considera a pesquisa como: “atividade básica das ciências na sua
indagação e descoberta da realidade... É uma atividade de aproximação sucessiva da
realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados.”

       Demo (1996, p.34) insere a pesquisa como atividade cotidiana, considerando-a como
“uma atitude, um questionamento sistemático, crítico e criativo, mais a intervenção
competente na realidade ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e
prático”

       A pesquisa é pautada por procedimentos racionais e sistemáticos, adequados para o
levantamento de informações, mediante o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados – o
questionário.

       A coleta de dados foi realizada por intermédio de um questionário padrão, estruturado
com perguntas dirigidas e previamente testado, o qual foi disponibilizado em site da internet
(QuestionPro.com). O questionário apresenta uma série de perguntas fechadas e de múltipla
escolha, as quais são respondidas pelo informante no próprio formulário eletrônico da
pesquisa. A escolha do modelo justifica-se pelo caráter quantitativo da pesquisa e pela
objetividade das respostas.
13

       O questionário foi enviado por meio eletrônico a uma base de dados de alunos e ex-
alunos da FIA (Fundação Instituto de Administração) e o requisito indispensável era ter
passado por um processo de demissão em sua trajetória profissional. A escolha do público-
alvo, todos de nível executivo, foi proposital, pois no Brasil a política de suporte no processo
de desligamento ainda privilegia os postos executivos.

       As respostas da pesquisa foram agrupadas no site onde fica o controle dos formulários
enviados, dos retornos e das respostas. Os dados foram compilados e em seguida os resultados
obtidos eletronicamente foram analisados e interpretados graficamente de acordo com a
quantidade de respostas.

       Por ser uma pesquisa de caráter quantitativo, ela se limita a dados racionais e lógicos,
obtidos por intermédio do instrumento de coleta de dados, fato que não permite estender a
análise para os porquês da respostas.
14



4     REVISÃO TEÓRICA



4.1   MODELO DE GESTÃO DE PESSOAS



       As grandes transformações no âmbito global provocaram mudanças no modelo de
gestão de pessoas e nas práticas gerenciais, que antes eram guiadas somente pela necessidade
de controle sobre as pessoas. Dutra (1997, p. 88) comenta que a globalização, o avanço
tecnológico, a valorização do conhecimento centrado nas pessoas fizeram com que as
empresas repensassem a forma de gerir pessoas, alterando aspectos tais como: a forma de
organização do trabalho mais flexível; a necessidade de processos decisórios rápidos,
descentralizados e articulados, exigindo comprometimento das pessoas com o negócio;
atualização mercadológica quanto a características de produtos e serviços; alto grau de
competitividade mercadológica, exigindo contínuo aperfeiçoamento do público interno.

       De outro lado, são geradas mudanças no comportamento das pessoas e sua relação
com o trabalho, exigindo da empresa reconhecimento e atendimento às suas expectativas com
referência à organização e sua realização no trabalho. As pessoas passaram a necessitar de
certa demanda de oportunidades profissionais, contínua atualização e condições de se
manterem competitivas dentro e fora da empresa.

       A partir dessas mudanças a empresa foi levada a adotar um novo modelo de gestão de
pessoas, caracterizado por um conjunto de políticas (princípios e diretrizes que balizam
decisões e comportamentos da organização e das pessoas) e práticas (diferentes tipos de
procedimentos, métodos e técnicas utilizados para a implementação de decisões e para nortear
as ações no âmbito da organização e em sua relação com o ambiente externo) que permitissem
a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas. Para que o interesse de ambas
seja atendido (DUTRA, 2002).

       A conciliação de expectativas só é possível com o compartilhamento de
responsabilidades entre empresa e pessoas. Ao profissional cabe negociar com a empresa seu
projeto pessoal e profissional, envolvendo as condições oferecidas pela empresa e as
competências exigidas. À empresa cabe estimular e dar suporte às pessoas, para que possam
entregar o que têm de melhor.
15

       Caso as políticas e práticas de gestão estabelecidas pela empresa não agreguem valor
às pessoas, não terão efetividade no tempo.

       Atualmente, identificamos algumas alterações nas práticas estabelecidas por empresas,
as quais mostram o direcionamento da gestão de pessoas na organização, tais como: a
transparência nos critérios de relacionamento com as pessoas; a conciliação de expectativas
das pessoas e da empresa; a forma de encarreiramento e remuneração centrada na agregação
de valor das pessoas ao negócio da empresa; o espaço para que as pessoas possam assumir
mais atribuições e responsabilidades e consigam ser vistas como ser integral e único.

       Na visão anterior, a pessoa era reduzida a um cargo na estrutura. O desafio da nova
visão é ver cada pessoa de acordo com sua individualidade e saber gerenciá-la em um
ambiente de diversidade.

       Chanlat (1992 apud, Dutra 2002) propõe a criação e uma ética da relação cotidiana na
gestão de pessoas pela organização na qual o papel e o equilíbrio psíquico dessas pessoas
sejam considerados e compreendidos dentro de um contexto diferente.

       Um aspecto relevante para esse estudo dentro do moderno modelo de gestão de
pessoas e que está relacionado a uma conduta ética nas relações internas da organização é a
movimentação de gente, que ocorre nos processos de contratação, promoção, expatriação ou
demissão.

       A gestão estratégica de pessoas está vinculada à estratégia do negócio, e vice-versa, e
deve abranger qualquer pessoa que mantenha uma relação de trabalho com a empresa,
independentemente do vínculo contratual.

       A empresa deve estruturar, sempre que possível, um planejamento de movimentação
de pessoas confrontando a situação atual com a desejada para decidir quando contratar,
desenvolver, transferir ou desligar. O dimensionamento do quadro é fundamental para orientar
as pessoas em sua trajetória dentro das empresas, mesmo quando há desligamento evidente.

       Fischer, A. (2000) afirma que com o movimento da economia as empresas sofrem
pressões que as levam a avaliar constantemente seus profissionais para saber se reúnem as
competências necessárias para atender ao plano estratégico da empresa, e dependendo desse
plano surge a necessidade de reestruturações que provocam o desligamento, desde um só
profissional até grandes contingentes.
16

       Esse processo de demissão de pessoas tem sido tão comum quanto o de contratar, e
podem ser planejados seja para recolocar uma pessoa ou mesmo para processos constantes de
recolocação, como é o caso de empresas com alta rotatividade.

       A iniciativa de recolocar as pessoas pode ser efetuada por equipes internas, mas cada
vez mais é delegada às empresas especializadas, principalmente para cargos executivos ou
para grandes grupos.

       A demissão planejada vem sendo praticada por um número cada vez maior de
empresas e tornou-se um importante instrumento de gestão de pessoas. Ela pode acontecer
quando a empresa encerra suas atividades, transfere-se de localidade ou, ainda, tem grande
redução em seus negócios. Em tais situações, as empresas estruturam projetos especiais,
contando com profissionais especializados em recolocação e com suporte de especialistas em
comunicação.

       Outra forma de recolocação é estimular e investir no desenvolvimento de pessoas,
mesmo sabendo que em prazo previsto ela deixará a empresa, mas estará preparada para
competir no mercado, já que a empresa não tem como motivá-la a ficar ou até mesmo não
quer que ela fique em razão de políticas internas.

       A preocupação das empresas com a movimentação de pessoas vem crescendo muito
nos últimos anos, pois, além de ser fundamental para a efetivação do planejamento
estratégico, também interfere na imagem que a empresa transmite para o público em geral,
agrega valor a sua marca e contribui na atração e retenção de pessoas.


4.1.1 O processo de demissão



       A história mostra que a prática de demissão com responsabilidade data dos primórdios
de 1806, quando, na Inglaterra, o governo decidiu dar apoio aos profissionais que retornavam
de suas missões nas diversas colônias inglesas. Intensificou-se nos Estados Unidos, na década
de 60, quando a NASA cancelou o projeto Apolo e criou um programa para auxiliar os
demitidos a se recolocarem (TERRA, 2008). Os programas de auxílio a profissionais
demitidos abrangiam não só o suporte financeiro, mas também programas de apoio
profissional, operacional e psicológico.
17

       Cada vez mais os profissionais passarão por processos de transição de carreira e
enfrentarão o fantasma do desemprego, seja por não apresentar aderência ao perfil de
competências exigido pela organização (os profissionais são contratados por seu
conhecimento técnico e são demitidos por problemas comportamentais), seja por programas
de reestruturação organizacional que envolvem redução de quadro de pessoal.

       Programas como downsizing, rightsizing, reengenharia, entre outros, tornaram-se
práticas usuais desde a década de 90.

       Foi nessa década que grandes empresas, pressionadas pelo mercado e sob ameaça de
perda da competitividade, passaram a se preocupar com a movimentação de pessoas,
principalmente no tocante ao desligamento destas, e passaram a elaborar programas de
demissão responsável, abrangendo todos os níveis hierárquicos.

       Tais programas ofereciam aos demitidos o plano de recolocação ou o projeto de
abertura de negócio próprio e eram comunicados a todos os envolvidos de forma clara, para
evitar revolta ou pânico.

       Bridges (1995, apud TOLFO, SR, 2005 p.4) menciona que, em nossa sociedade, a
produtividade das pessoas está associada ao emprego. Por isso, as mudanças no sentido de
desvincular o emprego da vida dos trabalhadores são muito difíceis para os sujeitos. O
emprego é a garantia de identidade das pessoas e as ajuda a estabelecer uma rede de
relacionamento.

       O conceito de emprego no presente trabalho pode ser definido como uma relação
estável que existe entre quem organiza o trabalho e quem o realiza. É uma espécie de contrato
no qual o possuidor dos meios de produção paga pelo trabalho de outros, que não são
possuidores dos meios de produção.

       Já trabalho, de acordo com o Dicionário de Pensamento Social do Século XX, é o
esforço humano dotado de propósito e envolve a transformação da natureza através da
capacidade física ou mental.

       Seligman-Silva (apud 1994, p.46) pontua que “o trabalho tanto poderá fortalecer a
saúde mental quando levar a distúrbios que se expressarão coletivamente em termos
psicossociais e/ou individuais”.
18

       Caldas (2000, p.11) afirma que o emprego que implica subordinação e pagamento de
salário tende a ter essas mudanças ainda mais extrapoladas.

       Com a associação existente entre trabalho e emprego e a limitação de acesso a esse
último, a sociedade atual restringe a poucos o trabalho como suporte privilegiado de inserção
do indivíduo no meio social.

       Caldas (2000) comenta o lado contraditório dos movimentos de corte de pessoal, pois
os resultados têm ficado aquém do esperado pelas empresas. O autor (1996) pesquisou
profissionais empregados em São Paulo e verificou que 2/3 temiam perder o emprego, mais
de 50% vivenciaram situação de enxugamento e 70% se sentiam despreparados para ser
desligados da empresa.

       É clara a importância do trabalho na vida das pessoas e na construção de sua
identidade em diferentes esferas da sociedade, declara Caldas (2000). A demissão sem
planejamento ou sem assistência pode prejudicar e muito o processo de retorno ao mercado de
trabalho dos funcionários desligados, mas também pode comprometer a produtividade
daqueles que ficam na empresa pelo sentimento de revolta e medo de que aconteça o mesmo
com eles.

       Em resumo, demissão responsável pode ser definida como um processo no qual a
empresa, geradora do processo estrutura um plano que vai desde o respeito ao profissional no
momento do comunicado com transparência e coerência até a certeza de ser assistido,
compensado e poder lidar com a demissão com menos temor.

       Para a empresa, as vantagens, segundo Terra (2008), são:

           imagem interna de responsabilidade e valor, o que afeta positivamente a motivação
            dos remanescentes;

           imagem externa de responsabilidade social;

           manutenção de boas relações com os ex-empregados com possibilidade de
            preservação da lealdade com a empresa;

           redução de processos trabalhistas;

           continuidade dos serviços até o momento necessário, menores riscos de ruptura nas
            operações.
19

       No processo de outplacement, o demitido é assistido por profissionais que sabem
como lidar com o momento de transição de carreira. Recebe orientação sobre comportamentos
que têm impacto positivo sobre a percepção e o ânimo, reduzindo seu desconforto
psicológico. São traçadas estratégias de transição sensata e racional. “Isso torna essa etapa
mais fácil”, comenta Terra (2008).


4.1.2 Demissões coletivas



       As demissões coletivas também são processos que fazem parte da vida dos gestores e
merecem um tratamento com planejamento antecipado e revisado, pois o impacto de um
processo errado pode comprometer e muito o resultado de uma organização.

       Uma vez que as pessoas e as organizações se influenciam mutuamente, os efeitos das
demissões coletivas são abrangentes.

       Nas organizações, os efeitos produzidos por processos de enxugamento são muitos.

       No ambiente de trabalho, por exemplo, ocorre: perda de lideranças, queda na
participação em programas de envolvimento de pessoal, perda de familiaridade entre
unidades, redução do trabalho em equipe, bem como deterioração do clima organizacional,
aumento de conflitos, políticas e estresse organizacional.

       As relações de trabalho ficam abaladas, gerando aumento de reclamações trabalhistas
e dos índices de acidentes, além de maiores chances de sabotagens, reações violentas contra
dirigentes e deterioração das relações trabalhistas.

       Outras conseqüências dos enxugamentos de pessoal são percebidas nas empresas,
como: a perda de experiência e da memória organizacional, perda coletiva de espírito
empreendedor, aumento da burocracia, perda da agilidade e qualidade na tomada de decisão,
crises na comunicação e perda do controle interno.

       A imagem externa da empresa também é prejudicada pelos enxugamentos,
principalmente junto a clientes, parceiros comerciais e à comunidade de modo geral.

       Outro agravante desse processo é a queda da eficácia organizacional, que pode ser
percebida pela queda de qualidade de produtos, redução dos níveis de produtividade, queda no
valor das ações, perda da visão estratégica, estagnação ou queda de vendas e lucros.
20

       Outra dificuldade que a empresa enfrenta após um processo de enxugamento é atrair
novos funcionários.

       Tais variáveis afetam e são afetadas também pela forma como os remanescentes
percebem e reagem aos enxugamentos de pessoal. Geralmente esses reflexos incluem
variáveis emocionais e psicológicas, segundo Miguel Caldas (Monografia Downsizing: o dia
seguinte, EAESP/FGV).

       Os efeitos emocionais mais citados de enxugamentos nos remanescentes são:
insegurança, medo, queda na auto-estima, frustração, estresse, culpa, ansiedade, desespero,
normalmente acompanhados dos efeitos atitudinais de queda de dedicação e lealdade em
relação à organização, resistência a iniciativas da empresa, cinismo em relação a esforços de
envolvimento de pessoal, queda na motivação e satisfação, perda de confiança na empresa /
direção, ressentimento da organização, queda da propensão a assumir riscos.

       Já os efeitos comportamentais mais citados são: absenteísmo / impontualidade,
alienação, formalismo e rigidez no trabalho, aumento da rotatividade voluntária, queda de
desempenho / produtividade individual e perda de criatividade.

       Miguel P. Caldas (2005) observa que na literatura sobre o assunto de enxugamento
foram encontrados vários efeitos negativos sobre os remanescentes e o conjunto de sintomas
já foi denominado “síndrome do sobrevivente” (Cascio, 1993), que envolve o sentimento forte
e ambivalente de dor, medo e culpa, mas também de alívio e excitação daqueles que mantêm
seus empregos.

       É preciso que as empresas cuidem para reduzir o impacto negativo de uma demissão
coletiva. Claro que para a pessoa a demissão é um fato dos mais estressantes, em todos os
sentidos. Só isso bastaria para a empresa criar uma administração humana e consciente das
demissões, ressalta Terra (2008). Mas para a empresa uma comunicação errada também pode
comprometer sua estratégia e ter como conseqüências:

          sérios descontentamentos no grupo, com reações imprevisíveis;

          ações na Justiça contra a empresa;

          rompimento do contrato psicológico entre a empresa e os desligados, com
           conseqüências danosas para o futuro;
21

             sérios problemas de imagem;

             fortes impactos negativos sobre a motivação do pessoal que fica na organização.

          Usualmente as pessoas responsáveis pela condução do processo também não estão
preparadas e podem comprometer o resultado por alguns aspectos levantados por Terra
(2008):

             Enfoque jurídico, frio e distante, como tentativa de evitar problemas legais: ao
              invés de evitar ações trabalhistas, as provoca.

             Comunicação feita por pessoas despreparadas: eventualmente, o comunicador
              tem boa fluência verbal, mas desconhece a situação específica da audiência e acaba
              perdendo o controle e tornando o evento muito mais doloroso do que deveria ser.

             Truculência: eventualmente, a empresa, querendo proteger ativos, age de modo
              despropositado em relação à segurança, o que causa enorme revolta e suscita
              desejo de revide.

             Hesitação e incerteza: comunicados hesitantes e pessoas inseguras na
              comunicação deixam um clima de ansiedade e de desinformação intensa,
              acarretando problemas de todos os tipos.

             Gerência omissa: gerência que passa a tarefa difícil para outras pessoas causa
              mágoas profundas e transmite uma idéia de covardia e falta de responsabilidade.

             Passividade: pessoas inseguras na comunicação, em geral, permitem o crescimento
              de lideranças informais no processo, de modo que outros interesses que não os
              legítimos da empresa e dos desligados passam a comandar os acontecimentos.

          O apoio de empresa especializada é fundamental para o resultado de um processo de
demissão, pois a neutralidade ajuda a não negligenciar questões importantes.
22



4.2   RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL



       Segundo o Livro Verde da Comissão Européia (2001), responsabilidade social é um
conceito segundo o qual as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma
sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. Com base nesse pressuposto, a gestão
das empresas não pode e/ou não deve ser norteada apenas para o cumprimento de interesses
dos proprietários, mas também para os de outros detentores de interesses, como, por exemplo,
os trabalhadores, as comunidades locais, os clientes, os fornecedores, as autoridades públicas,
os concorrentes e a sociedade em geral.

       Oded Grajew, ex-presidente do Instituto Ethos, instituição responsável pela difusão do
conceito de responsabilidade social na sociedade brasileira, afirma que responsabilidade
social é: “(...) a atitude ética da empresa em todas as suas atividades. Diz respeito às
interações da empresa com funcionários, fornecedores, clientes, acionistas, governo,
concorrentes, meio ambiente e comunidade. Os preceitos da responsabilidade social podem
balizar, inclusive, todas as atividades políticas empresariais” (GRAJEW, 2001).

       O papel das empresas no atual contexto social vem sendo amplamente discutido nesse
novo milênio. É sabido que o papel da empresa em décadas anteriores era somente gerar
lucros para acionistas e sócios e hoje existe um apelo pelo investimento no social, mesmo em
países como o Brasil, que é questionado constantemente pelas injustiças sociais ainda
existentes. Há 20 anos não se imaginava que no Brasil as empresas seriam avaliadas por
desempenho ético e por seu relacionamento com a sociedade em geral, mas a cada dia o País e
as empresas se sentem mais pressionados a prestar contas ao público sobre seus resultados,
postura e ações voltadas ao bem-estar de todos.

       Esse movimento das empresas em resposta aos questionamentos sociais se denominou
responsabilidade social empresarial e despertou a empresa para a importância da atuação
responsável. No meio empresarial, percebemos duas visões sobre a atuação social: a visão
pós-lucro, que cuida de fatos já ocorridos, como desastres ecológicos; e a visão pré-lucro, que
foca o desenvolvimento sustentável da sociedade, fazendo parte do planejamento estratégico
da organização e apontando para o equilíbrio entre performance corporativa, ética e
compromisso social.
23

       Vários fatores contribuíram para essa transformação das ações e visões das empresas.
Um importante fator foi a globalização e a evolução acelerada dos meios de comunicação e
das tecnologias de informação, pois as ações empresariais passaram a sofrer um maior
controle da sociedade, fato que exigiu atenção especial aos reflexos à imagem da empresa.

       Anteriormente, ações contra o ambiente ou contra trabalhadores praticadas pelas
empresas não tinham grande poder de repercussão, mas atualmente, com as novas tecnologias,
tais ações atingem com extrema rapidez um universo ilimitado de pessoas (consumidores,
fornecedores, investidores), causando prejuízos à imagem da organização e conseqüentemente
a seus resultados.

       A preocupação com o meio ambiente e a necessidade da promoção de projetos de
desenvolvimento ambiental sustentável para proteger os ecossistemas nos processos de
expansão industrial e econômica foi fundamental para o fortalecimento do conceito de
responsabilidade social empresarial.

       Destaca-se também o aumento da publicidade das empresas, a pressão da sociedade
por bem-estar e posturas neoliberais adotadas por alguns governos.

       Pela pressão da sociedade no novo milênio a empresa que precisa se manter
competitiva volta-se para ações que objetivam a justiça social e a qualidade do meio-
ambiente.

       As empresas socialmente responsáveis, que pensam nas pessoas envolvidas em seus
processos, são as mais valorizadas e reconhecidas pelos clientes. Tais ações estão se
transformando em real vantagem competitiva no desenvolvimento dos negócios das
organizações, já que os consumidores valorizam a preocupação das empresas em tornar a
sociedade mais equilibrada.

       Segundo Felix, (2003, p.19):
               A responsabilidade social das empresas ou a busca por justiça social seria
               basicamente a iniciativa espontânea das empresas de contribuir para a
               construção de uma sociedade melhor e um meio ambiental mais limpo. Ou
               seja, a responsabilidade social das empresas seria a integração voluntária,
               por parte das empresas, das preocupações sociais e ambientais com suas
               operações comerciais e com suas relações com seus representantes e sua área
               de influência. Assim, ser socialmente responsável não significa respeitar e
               cumprir devidamente as obrigações legais, mas sim o fato de as empresas, por
               meio de seus trabalhadores e de todos os seus interlocutores, irem além de
               suas obrigações em relação ao seu capital humano, ao meio ambiente e à
               comunidade por perceberem que o bem-estar deles reflete em seu bem-estar.
24

       A responsabilidade nas empresas se dá em dois âmbitos: interno e externo.

       Se as ações de responsabilidade social são voltadas ao público interno da empresa,
seus trabalhadores e a gestão de recursos naturais utilizados na produção é denominada
responsabilidade social interna.

       Em relação às pessoas na organização, as iniciativas voltadas à responsabilidade social
vão além do cumprimento dos direitos trabalhistas, abrangendo também investimentos em
treinamento técnico e comportamental em todos os níveis, a comunicação transparente, a
maior integração entre trabalho, família e lazer, igualdade salarial, adequada distribuição de
lucros, compartilhamento de decisões com empregados, não discriminação de raça, credo ou
sexo e assistência em processos demissionários.

       A responsabilidade social externa abrange a relação da empresa com seus
fornecedores, consumidores, comunidade e o meio ambiente. Principalmente as comunidades
que sofrem com problemas de irregularidades ambientais, injustiça e/ou exclusão social,
necessitam que as empresas estejam comprometidas com seu desenvolvimento. São várias as
ações que uma empresa pode praticar para o desenvolvimento da comunidade: contratação de
pessoas socialmente excluídas, construção de creches e escolas, criação de associações e
fundações, projetos de promoção à saúde e projetos de profissionalização. Essas ações se
estendem também para consumidores, com redução de custos dos produtos; e aos
fornecedores, em transações éticas nos negócios.

       Um projeto de responsabilidade social deve ser elaborado com base nos desejos de
todos os stakeholders (proprietários, sócios, acionistas, diretores, funcionários, fornecedores,
clientes, comunidade), com comunicação eficaz, com participação de todos os envolvidos,
clareza de objetivos, controle e avaliação dos procedimentos e com instrumento de avaliação
de resultados que garantam sua eficácia.

       As organizações interessadas em assumir postura de agente transformador devem
preocupar-se em desenvolver projetos bem estruturados, com definições claras do que fazer,
como fazer, quando fazer e em benefício de quem, para que o investimento, tanto humano
quanto financeiro, seja sustentável no longo prazo.
25



4.2.1 Benefícios da responsabilidade social



       Como já mencionado, a globalização e a constante necessidade de transformação das
empresas para atender a demanda do mercado impulsionaram empresários a investir em
responsabilidade social.

       Os consumidores hoje procuram nos rótulos dados que diferenciem as empresas e seus
produtos em relação a ações sociais ou ecológicas, os meios de comunicação cuidam para que
um maior número de pessoas receba informações sobre as atividades empresariais e
econômicas de organizações, tanto as responsáveis quanto, e talvez com mais ênfase, as
irresponsáveis, com notável repercussão na reputação e imagem das empresas.


               “Responsabilidade social é uma maneira de conduzir os negócios da empresa,
               tornando-a parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social,
               englobando preocupações com um público maior (acionistas, funcionários,
               prestadores de serviços, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e
               meio ambiente). (2001, Responsabilidade nas Empresas, Ethos)”


       O mercado apresenta hoje um crescimento limitado, com muita concorrência, que
obriga as organizações a repensarem suas estruturas, forma de trabalho e competências
necessárias.

       Guimarães (2008) afirma que o novo cenário econômico provocou mudança na
postura da empresa, principalmente a européia, pioneira em ações de responsabilidade social.
Ele define responsabilidade social como:


               “... preocupação com o bem-estar coletivo, da comunidade, apoiado na
               cultura e nos preceitos das sociedades. Atuando nessa perspectiva, as
               empresas passam a desenvolver ações no sentido de associar seus produtos e
               suas marcas em ações de cidadania, preservação do meio ambiente, apoio aos
               demitidos e outras iniciativas sociais.”
26

          No mundo dos negócios esse modelo social fica mais claro quando entendemos as
mudanças ocorridas no marketing e na propaganda. Na fase pós-guerra, prevalecia o modelo
americano de negócios baseado na sociedade do consumo. O que importava era agregar à
marca o posicionamento e a imagem de luxo, vitória e sucesso. Esta fase foi denominada Era
do Ter.

          Depois, com o crescente aumento da concorrência, as empresas buscavam o menor
custo com mais rentabilidade. Prevaleciam os conceitos orientais de qualidade total, sem
desperdícios e erro zero. Nessa fase as propagandas vendiam a imagem da empresa confiável,
com qualidade e credibilidade.

          Paralelamente, surge o conceito de Sociedade do Conhecimento, pautada pelo
desenvolvimento de produtos inovadores e com alta tecnologia e fortalecendo a visão de que
informação e conhecimento passam a ser mais importantes do que o poder financeiro. Nesse
caso, as pessoas detentoras do conhecimento passam a ocupar papel muito importante para o
fortalecimento da imagem das empresas, e desenvolvê-las e retê-las passa a ser fundamental
às organizações. É a Era do Ser.

          Atualmente, estamos na era do “pós-conhecimento”, era da “Sabedoria”, como afirma
Gilberto Guimarães (2008), onde é mais importante o conceito de comunidade, de consumo
responsável, com crescimento das certificações ISO 14001. Mas não é só em relação ao meio
ambiente que se tem avançado: o fenômeno mundial do desemprego também começa a ser
encarado sob uma nova percepção.

          Em vários países, mas principalmente na Europa, o conceito de “demissão
responsável” é amplamente difundido. No Brasil, empresas de grande e médio porte e de
diferentes segmentos, como: Nestlé, Volkswagen, Vale, DuPont, Bimbo, Caloi, Bunge, entre
outras, já adotaram em suas políticas de recursos humanos programas de demissão
responsável, que consistem no oferecimento de um serviço de empresas especializadas para
apoio ao processo de recolocação do profissional no mercado de trabalho em todos os níveis.
Essas ações são baseadas na legislação francesa do Plano Social.
27

       Tais programas têm contribuído de forma significativa para a redução do tempo de
desemprego, melhoria na condição do trabalho dos profissionais e aumento da renda. Os
programas de assessoria aos demitidos são percebidos pela sociedade com bastante simpatia e
muitas empresas são premiadas, conseguindo agregar valor a sua marca e seus produtos, tanto
frente ao público interno, com a melhoria no clima organizacional e aumento da
produtividade, quanto frente ao público externo, que reconhece o comprometimento da
empresa com as questões sociais.

       A área de Relações Públicas das empresas já utiliza os programas para divulgação da
imagem corporativa, ressaltando a conquista de prêmios sociais, valorização do meio
ambiente, doações, conquistando, assim, o público consumidor. Essa é a Era do Fazer.

       Espera-se da empresa mais que uma atuação filantrópica, espera-se uma mudança de
atitude e uma gestão focada na qualidade das relações e na geração de valor para todos.

       Melo Neto e Froes (2001) destacam várias formas de analisar o conceito de
responsabilidade social e aquelas que vão ao encontro do objetivo deste estudo são:

          a responsabilidade social como atitude e comportamento empresarial ético e
           responsável: é dever e compromisso da empresa assumir uma postura transparente,
           responsável e ética em suas relações com os diversos públicos (governo, clientes,
           fornecedores, comunidade, etc.).

          a responsabilidade social como um conjunto de valores: não incorpora apenas
           conceitos éticos, mas uma série de outros conceitos que lhe proporcionam
           sustentabilidade,   como     por    exemplo     auto-estima    dos    funcionários,
           desenvolvimento social e outros.

          a responsabilidade social como estratégia de Recursos Humanos: as ações são
           focadas nos colaboradores e nos seus dependentes, com o objetivo de satisfazê-los
           e consequentemente reter os talentos e aumentar a produtividade.

          a responsabilidade social como promotora da cidadania individual e coletiva: a
           empresa, mediante suas ações, ajuda seus colaboradores a se tornarem verdadeiros
           cidadãos e contribuir para a promoção da cidadania na sociedade e na comunidade.
28

       O tema ainda demandará muitas reflexões, mas é um caminho sem volta. Só é preciso
que haja cada vez mais comprometimento das organizações para que a questão da
responsabilidade social seja incorporada à estratégia empresarial.

       Já existe um código vigente que contempla as obrigações trabalhistas das empresas
para com seus funcionários e entidades sindicais que supervisionam o atendimento às leis,
mas de uma empresa socialmente responsável se espera mais, como entender quais são os
interesses dos funcionários e alinhá-los aos objetivos estratégicos da organização (Lourenço e
Schroder, 2003, p. 94).

       De uma empresa socialmente responsável é esperada postura ética desde a entrada de
um novo funcionário até sua saída, e que a empresa nunca trate a demissão como forma de
redução de custos; e quando for inevitável fazê-lo, que utilize critérios justos. Espera-se
também que a empresa auxilie seus funcionários a se recolocarem no mercado de trabalho,
assegurando-lhes o maior número de benefícios possível. Tais ações propiciam ambiente de
trabalho saudável, maior produtividade, comprometimento e motivação das pessoas. Isso
também contribui para tornar a empresa mais atraente no momento de recrutar e para reter
seus talentos.
29



5   RESULTADOS DA PESQUISA



        O questionário, instrumento de coleta de dados do presente estudo, foi concluído por
56 profissionais no período de 16/11/2009 a 15/01/2010 e os resultados obtidos estão
expostos nos gráficos abaixo:



             Gráfico 1 – Por quanto tempo você trabalhou na última empresa?




Fonte: QuestionPro




        O primeiro gráfico mostra que 80% dos profissionais pesquisados atuaram na última
empresa entre 1 e 10 anos. Somente 13,21% tinham entre 15 e 20 anos. Este dado revela que o
profissional passa pela situação de mudança de empresa normalmente uma vez a cada 10
anos. A incidência de profissionais com 1 a 3 anos de atuação na última empresa também foi
significativa e pode estar relacionada com a não adaptação do profissional a novas
experiências.
30

            Gráfico 2 – Como foi seu processo de desligamento dessa empresa?




Fonte: QuestionPro


        O resultado do segundo gráfico mostra que 54,72% dos profissionais pediram seu
desligamento e somente 28,30% foram desligados, o que revela a iniciativa dos profissionais
no gerenciamento de sua carreira. Acabou o tempo em que a empresa determinava a carreira e
vida do profissional.


           Gráfico 3 – Se foi demitido, foi a primeira vez que isso lhe aconteceu?




Fonte: QuestionPro
31

        Quando questionados se essa foi a primeira vez que foram demitidos, 57,69%
afirmaram que sim. Este dado revela a pouca vivência dos profissionais em processos de
transição de carreira. Existe ainda o forte a preocupação com a estabilidade nas empresas.




          Gráfico 4 – Você percebeu sinais de que haveria demissão na empresa?




Fonte: QuestionPro




        Os sinais de que haveria demissão na empresa foram percebidos por 66,67% dos
profissionais. Essa transparência pode estar associada a política de avaliação de desempenho
ou de feedback por intermédio da qual o profissional tem acesso a seus resultados e o quanto
satisfaz às necessidades da empresa. Pode também estar relacionada a processos de
enxugamento de pessoal por diversas razões, normalmente precedidos por boatos.
32

                     Gráfico 05 – Você chegou a planejar sua saída?




Fonte: QuestionPro

        A questão 5 responde sobre o percentual de profissionais que planejaram sua saída
com um significativo resultado de 77,78% de respostas positivas. Este resultado denota a
preocupação dos profissionais com a continuidade de sua carreira e com a qualidade do
processo de desligamento.


                     Gráfico 6 – Como foi comunicada sua demissão?




Fonte: QuestionPro
33

        A comunicação da demissão pode ser realizada de diferentes formas. O resultado do
gráfico 6 mostra que em 67,65% dos casos a comunicação foi feita pelo superior imediato,
como sugere o moderno modelo de gestão adotado pelas empresas. O modelo coloca o gestor
como o responsável pelos retornos sobre o desempenho dos profissionais. Por isso, nada mais
justo que seja também responsável pela comunicação do desligamento, normalmente atrelado
a problemas de desempenho.


  Gráfico 7 – Qual sentimento melhor expressa o que você sentiu na hora da demissão?




Fonte: QuestionPro




        O principal sentimento presente no momento da demissão é a sensação de perda, com
22,45% das respostas, seguido de falta de reconhecimento e tranquilidade, com 18,37%.
Alívio aparece em quarto lugar, com 16,33%. A sensação de perda normalmente está
associada à situação financeira, mas também do status de quem estava empregado, tinha um
cargo e influência. A falta de reconhecimento sentida no momento da demissão revela a
dificuldade do profissional em aceitar os motivos expostos pela empresa. O sentimento de
tranqüilidade pode revelar a transparência do processo de desligamento, quando os
profissionais são informados sobre seus resultados e sabem claramente o porquê de seus
desligamentos e consideram justas as causas apresentadas.
34

        O alívio normalmente é fruto de um processo de desgaste nas relações com a empresa,
seja por falta de aderência ao negócio, seja por dificuldade de relacionamento com superiores
ou pares.

                     Gráfico 8 – Você considera (considerou) sua demissão?




Fonte: QuestionPro

        O gráfico 8 mostra que 50% dos profissionais conseguem aceitar sua demissão e
entender o que gerou o processo, mas 50% saem com dificuldades em entender ou aceitar o
que gerou o desligamento.

       Gráfico 09 – Os motivos alegados para a sua demissão foram convincentes?




Fonte: QuestionPro
35

        Os motivos alegados no momento da demissão foram convincentes para 60% dos
profissionais pesquisados e 40% não foram convencidos, resultado muito próximo do
apresentado pelo gráfico 8, que retrata o nível de aceitação dos profissionais desligados.




                Gráfico 10 – Foram-lhe oferecidos benefícios ao se desligar?




Fonte: QuestionPro




        O resultado da questão 10 aponta que a assistência médica ocupa o primeiro lugar no
ranking de benefícios oferecidos pelas empresas para os demitidos, com 32,79%, seguido de
salário adicional e dinheiro, com 11,48% cada. Em quarto lugar aparece o outplacement, ou
demissão assistida, objeto de estudo deste trabalho.
36

   Gráfico 11 – Independentemente dos benefícios oferecidos pela empresa na hora da
       demissão, quais benefícios você acredita serem vantajosos em uma empresa?




Fonte: QuestionPro

        Quando questionados sobre os benefícios que gostariam de receber por ordem de
preferência a assistência médica é o primeiro a ser citado, mas em segundo lugar aparece o
outplacement ou demissão assistida. O coaching, mentoring e os cursos também ocupam lugar
de destaque, o que revela a preocupação e o interesse dos profissionais com a continuidade de
carreira.

 Gráfico 12 – Qual é o fator que você considera o maior causador de stress no trabalho?




Fonte: QuestionPro
37

        Os profissionais pesquisados apontam o relacionamento com a chefia (23,68%) e a
pressão por prazos curtos (21,05%) como as principais fontes de estresse no trabalho.

        O relacionamento com pares também foi destacado, com 18,42%, seguido pela
competitividade no ambiente de trabalho.

                                     Gráfico 13 – Sexo




Fonte: QuestionPro


                                 Gráfico 14 – Faixa etária




Fonte: QuestionPro
38

        O público pesquisado foi composto por profissionais de nível executivo, sendo
82,35% do sexo masculino e 94,11% na faixa etária entre 31 e 50 anos, faixa na qual os
profissionais estão ativos e já possuem experiência acumulada em sua trajetória de carreira.
                               Gráfico 15 – Área de atuação




Fonte: QuestionPro

        29,31% do público atua na área Comercial, 13,79% são da área Financeira. Os
profissionais das áreas Administrativa e Compras/Logística representam 10,34% cada uma.

                                    Gráfico 16 – Idiomas




Fonte: QuestionPro

        O idioma inglês é falado por 48,57% dos profissionais e 37,14% deles afirmam
dominar o espanhol.
39



6   ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA



       O estudo realizado junto aos profissionais que já passaram por processos de demissão
permitiu verificar que 54,72% deles tiveram a iniciativa de pedir seu desligamento. Isso vai ao
encontro da nova realidade do mercado de trabalho e do novo modelo de gestão, que transfere
ao profissional a responsabilidade pelo gerenciamento de sua carreira de forma compartilhada
com a empresa.

       Assim como a empresa tem instrumentos para avaliar se os resultados entregues pelos
profissionais atendem às suas necessidades, o profissional também deve avaliar se a
permanência na empresa atende às suas necessidades e interesses. Sempre que a resposta for
negativa, espera-se que o profissional tome atitudes no intuito de reverter a situação, mesmo
que isso signifique ter que pedir sua demissão.

       Do público pesquisado, composto por profissionais de nível executivo, 57,69%
afirmam que passaram pela situação de demissão somente uma vez. Trata-se de um número
elevado, considerando que o mercado de trabalho valoriza profissionais que tenham
experimentado diferentes culturas e segmentos. Outro aspecto que chama a atenção nessa
resposta é o fato da previsão de alguns autores que afirmam que os profissionais passarão
várias vezes em sua trajetória de carreira por processos de demissão. Por enquanto, essa não é
a realidade da maioria dos profissionais pesquisados. Os dados mostram que em 10 anos a
maioria passou uma única vez por uma demissão.

       Quando questionados se perceberam os sinais de que aconteceria a demissão, 66,67%
responderam que sim e 77,78% afirmam ter planejado sua saída.

       Esse resultado demonstra que os profissionais procuram gerenciar sua carreira,
preparando-se para sair quando a situação assim exigir através de planejamento antecipado da
demissão. As ferramentas hoje utilizadas para avaliar o desempenho dos profissionais também
facilitam a transparência sobre sua real situação e são sinais claros quando as coisas não
andam bem. Com essas informações, gestores e empregados podem promover ações que
ajudem o profissional a melhorar sua performance ou ainda, quando não há outra maneira,
promover o processo de demissão planejada.
40

         Quanto ao objetivo específico, que questiona se os gestores assumem seu papel como
responsável pela comunicação da demissão, 67,65% dizem que sim. Mas 32% dos
profissionais pesquisados não foram comunicados pelo gestor sobre sua demissão, sendo essa
tarefa realizada pela área de Recursos Humanos ou por alguém designado pela empresa.

         A demissão responsável tem como premissa a importância do gestor realizar a
demissão, pois a ele foi delegada a responsabilidade pela avaliação dos resultados do
profissional e seu retorno constante, visando o desenvolvimento da pessoa. No momento da
demissão, quando aparecem novamente questionamentos sobre os elementos geradores do
desligamento, é importante que os gestores assumam esse papel e possam ser transparentes e
objetivos sobre as causas da demissão, transmitindo respeito aos demitidos e coerência com
os discursos anteriores.

         Embora 60% dos profissionais pesquisados tenham afirmado que concordaram com os
motivos alegados para sua demissão, 50 % acharam sua demissão injusta. Tal resposta pode
estar relacionada com a falta de políticas e práticas claras na organização ou despreparo de
gestores na administração dos processos de demissão, algo que não é agradável, normalmente.
Conforme apontado no referencial teórico, cabe aos profissionais de Recursos Humanos
fazerem valer as políticas e práticas da empresa, pois se os funcionários não as reconhecerem
perderão sua razão de ser e jamais se efetivarão.

         Quanto aos benefícios diferenciados oferecidos no processo de demissão, os
profissionais destacaram, com 32,79%, a assistência médica, seguida de salário adicional e
dinheiro, ambos com 11,48%, e, em quarto lugar, o outplacement ou demissão assistida, com
9,84%.

         O resultado demonstra a preocupação da empresa em garantir a saúde e os recursos
materiais para que o profissional possa se manter por mais tempo disponível e não com a
agilidade de seu processo de retorno ao mercado e trabalho com qualidade, já que somente
9,84% dos pesquisados afirmam ter recebido como benefício o programa de outplacement.

         Na opinião dos profissionais pesquisados, realmente a assistência médica é
considerada o benefício preferido da maioria, mas o processo de outplacement aparece como
o segundo mais importante benefício na preferência dos profissionais, seguido de programas
de coaching e mentoring, dados que revelam a preocupação dos profissionais com a
continuidade de suas carreiras, mais do que com valores monetários.
41

       O resultado da questão 10, comparativamente com o resultado da questão 11, revela
que as expectativas dos profissionais não estão sendo considerados no momento de seu
desligamento e a empresa pratica a política que considera justa e adequada para si.
       Uma das premissas da responsabilidade social é justamente se colocar no lugar do
outro e fazer por ele o que gostaria que fizessem por você. Como mencionado por Guimarães,
os programas de demissão assistida fazem parte da legislação de diversos países europeus
justamente por ser importante para a carreira dos profissionais, com redução do tempo de
desemprego, melhoria das condições de trabalho dos profissionais e suporte psicológico para
enfrentar a fase de transição de carreira.
       Como já mencionado por Guimarães, espera-se da empresa mudança de atitude com
foco na qualidade das relações e na geração de valor para todos.
       A falta de uma prática que venha ao encontro dos interesses dos profissionais
demitidos pode comprometer o resultado da política de demissão, pois o profissional poderá
se considerar prejudicado, injustiçado e denegrir a imagem da empresa, além de gerar
reclamações trabalhistas.
       Os sentimentos expressos pelos profissionais na hora da demissão foram: sentimento
de perda, com 22,45%; falta de reconhecimento e tranquilidade, ambos com 18,42%; depois,
alívio, com 16,33%; e raiva, com 12,24%.
       Percebe-se que os sentimentos são opostos, mas podem estar relacionados também
com os motivos que levaram esses profissionais ao desligamento.
       O relacionamento com a chefia imediata foi apontado pelo público pesquisado como o
maior causador de estresse no trabalho, seguido da pressão sofrida pelos profissionais com
prazos curtos para realização dos trabalhos. Outro fator que envolve gente na organização
apontado como fator estressante foi o relacionamento com o pares.
       O resultado da questão 12 pode estar relacionado com o resultado da questão 11,
considerando os sentimentos opostos apresentados de raiva e alívio, perda e tranqüilidade.
       Sabe-se que problemas de relacionamento afetam muito a produtividade dos
profissionais e são os grandes responsáveis por demissões, daí os sentimentos opostos
aparecerem. Quando uma pessoa está enfrentando situação de muita tensão, como o caso de
conviver com um gestor com o qual tenha problemas de relacionamento, ou quando não
consegue atender às exigências de seu cargo, qualquer ação que a tire da situação é
42

considerada como um grande alívio. É obvio que depois do alívio vem o sentimento de perda,
seja do salário ou do status, mas em primeira instância é ele que aparece.
       Como mencionado no referencial teórico por Betânia Tanure, a sensação de alívio é
identificada, principalmente, nas pessoas que se sentem injustiçadas, perseguidas e não
aceitam seu desligamento.
       São justamente esses profissionais que mais precisam de assistência em seu processo
de desligamento, pois são potenciais reclamantes da Justiça do Trabalho ou disseminadores de
dados negativos em relação à empresa e terão maior dificuldade de passar pelas etapas de
aceitação de sua demissão.
       O percentual de profissionais que sinalizaram ter sensação de tranqüilidade também
foi significativo. Pode transparecer que os profissionais planejaram sua saída, já tinham
estratégias para enfrentar a transição e carreira com calma ou pode esconder o sentimento de
negação e mais tarde pode se transformar em um sentimento ruim.
       Manter-se atualizado e competitivo também aparece em quarto lugar como fator
estressante, fato que pode ser considerado satisfatório, considerando que isto demonstra que
os profissionais não estão acomodados com o que já possuem de conhecimento.
       No geral, o resultado do estudo mostra que existe muito a fazer ainda para consolidar a
importância da demissão responsável no conjunto de políticas e práticas de gestão de pessoas.
       Relembrando o já exposto no referencial teórico, as pessoas respondem pela
manutenção da vantagem competitiva e cada vez mais cobram da empresa em todas as etapas
de seu relacionamento parceria desde a entrada até a saída.
       Pelo resultado do estudo, os profissionais não querem assistencialismo, querem sim
ferramentas para que se tornem competitivos dentro e fora da organização, e na saída
preferem benefícios que estejam ligados diretamente com a garantia de sua competitividade
no mercado de trabalho.
       Diferente do modo como as empresas pensam, os profissionais pesquisados valorizam
muito mais a política de outplacement como benefício em seu desligamento.
       Embora no referencial teórico haja a menção do constante aumento de empresas que
praticam a demissão planejada e responsável, a pesquisa mostra que um número ainda muito
pequeno de organizações adota a política da demissão assistida.
       Como é muito difícil prever as reações e os sentimentos das pessoas no momento da
demissão, o outplacement deve fazer parte da política de Recursos Humanos para todos os níveis.
43



7   CONSIDERAÇÕES FINAIS



       Os processos de demissão assistida têm ganhado cada vez mais espaço no ambiente
corporativo. Embora no Brasil o processo ainda esteja lento, está cada vez mais evidente a
importância de repensar a relação empregado-empregador para que esta seja o mais
harmoniosa possível. As vantagens são evidentes e podem garantir significativo diferencial
competitivo às organizações. É o que revela o presente estudo.

       Como afirma Terra (2008, p.120), “...para a pessoa a demissão pode ter um impacto
considerável, tornando-se um fato estressante dos mais destacados. Ele afeta a auto-estima, a
segurança, o nível de confiança no futuro, as relações familiares, enfim, tem alto custo em
todos os aspectos. Só isso já justifica à empresa criar planos para uma administração humana
e consciente das demissões, sejam individuais ou coletivas.”

       Garantir uma imagem limpa e associada a uma política de responsabilidade social
voltada ao público interno é sinônimo de reconhecimento mercadológico e quando bem
trabalhado pode se reverter em atratividade na hora de contratar, mas também na seleção dos
consumidores, que hoje escolhem seus fornecedores também por sua conduta social e ética.

       Cabe aqui a idéia de continuidade de estudos que possam trazer novos dados e
reflexões sobre as vantagens para as empresas que agreguem à sua marca a imagem de
responsável social na hora de demitir.

       Como já mencionado anteriormente, a assistência na demissão é muito mais comum
para profissionais de níveis executivos, mas já existem casos importantes de empresas que
estenderam o benefício para os demais níveis, até mesmo operacionais, com resultados
concretos. Cabe aqui a idéia de trazer para análise futura informações sobre tais resultados e o
impacto causado ma vida pessoal e profissional dos assistidos.

       Ainda há muito a ser feito no Brasil para ampliar o número de empresas que tenham a
consciência de oferecer apoio aos profissionais demitidos, assumindo assim sua
responsabilidade no processo.
44


       Hoje existe uma multa que as empresas pagam quando demitem profissionais (40% do
valor do FGTS). Trata-se de uma punição.

       Será interessante também o governo brasileiro pensar em uma forma de incentivar as
empresas que adotem práticas de apoio aos demitidos, contribuindo assim para o aumento do
número de empresas que pratiquem a responsabilidade social empresarial.
45



                          REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



CALDAS, M.P. Downsizing, o dia seguinte: consequências organizacionais de demissões
coletivas. São Paulo: EAESP/FGV, 2006.


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Paulo: PUCSP, 2005.


DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1996.


DUTRA, J.S. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São Paulo:
Editora Atlas, 2002.


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290, p. 34-35, dez. 1997.


FELIX, L.F.F. O ciclo virtuoso do desenvolvimento responsável em Responsabilidade
social das empresas: contribuição das universidades. São Paulo/Petrópolis: Instituto Ethos,
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GRAJEW, O. Por um mundo mais seguro. Guia da Boa Cidadania Corporativa. São Paulo,
2001.


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<http://maisgestao.com.br/site/index.php?option=com_content&task=
view&id=185&Itemid=73> Acesso em: 19 fevereiro 2010.


LOURENÇO, A.G. & SCHRODER, D.S. Vale investir em responsabilidade social
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São Paulo/Petrópolis: Instituto Ethos, v.2, 2003.
46

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de Janeiro: Huatec / Abrasco, 1993.


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Disponível em:<http://www.valor.com.br>


TERRA, H. R. Demissão             com     responsabilidade   social.   Disponível   no
www.camaradojapao.org.br


TERRA, H. R. Empreendedorismo e excelência em RH. São Paulo: Editora Gente, 2008.
TOLFO, S.R. A demissão como geradora de exclusão: o caso dos trabalhadores do setor
de telecomunicações. São Paulo: UFSC, 2005.
47



           ANEXO I – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA E RESULTADOS




1)Por quanto tempo você trabalhou na última empresa?
     De 1 a 3 anos                                                              15   28,30%
     De 3 a 5 anos                                                              13   24,53%
     De 5 a 10 anos                                                             15   28,30%
     De 10 a 15 anos                                                             7   13,21%
     De 15 a 20 anos                                                             2    3,77%
     Mais de 20 anos                                                             1    1,89%
Total                                                                           53
Média                                                                         2,45
Desvio Padrão                                                                 1,25
Variância                                                                     1,56




2) Como foi seu processo de desligamento dessa empresa?
     Fui demitido                                                               15   28,30%
     Pedi demissão                                                              29   54,72%
     PDV - Plano de demissão voluntário                                          1    1,89%
     Sai, mas continuei como prestador                                           0    0,00%
     Outro                                                                       8   15,09%
Total                                                                           53
Média                                                                         2,19
Desvio Padrão                                                                 1,29
Variância                                                                     1,66




Pedi demissão, mas o diretor me demitiu (FGTS.....) - na verdade me ajudou!
Saí, em função da venda da empresa, ficando na adquirente.
 Acordo para saída, fim das atividades da empresa no Brasil.
Sai, mas continuei em outra empresa da família
Pedi demissão mas negociei parar ter os benefícios do últjmo PDV.
Estou há mais de 30 anos no meu primeiro emprego (nunca foi demitido)
Acordo. Pedi demissão mas fui desligado.
Continuo trabalhando lá




3) Se foi demitido, foi a primeira vez que isso lhe aconteceu ?
     Sim                                                                       15    57,69%
     Não                                                                       11    42,31%
Total                                                                          26

Média                                                                         1,42
Desvio Padrão                                                                 0,50
Variância                                                                     0,25
48




4) Você percebeu sinais de que haveria demissão na empresa?
     Sim                                                                                     24            66,67%
     Não                                                                                     12            33,33%
Total                                                                                        36

Média                                                                                      1,33
Desvio Padrão                                                                              0,48
Variância                                                                                  0,23




5)Você chegou a planejar sua saída?
     Sim                                                                                     35            77,78%
     Não                                                                                     10            22,22%
Total                                                                                        45

Média                                                                                      1,22
Desvio Padrão                                                                              0,42
Variância                                                                                  0,18




6)Como foi comunicada sua demissão?
     Formalmente, por meu superior imediato                                                  23            67,65%
     Por intermédio do RH da empresa                                                          2             5,88%
     Informalmente                                                                            3             8,82%
     Por intermédio de consultoria externa                                                    0             0,00%
     Outro                                                                                    6            17,65%
Total                                                                                        34

Média                                                                                       1,94
Desvio Padrão                                                                               1,56
Variância                                                                                   2,42
Other Option [Outro]
Comuniquei a meu superior
Eu falei que estava saindo, mas o diretor tomou a decisão de me demitir ( para liberar o fundo ) e já me enviou
uma carta para eu assinar!
Pedi demissão ao superior imediato
VP de Marketing + RH
Eu comuniquei minha decisão de deixar a empresa




7)Qual sentimento melhor expressa o que você sentiu na hora da demissão?
    Sentimento de perda                                                                      11            22,45%
    Raiva                                                                                     6            12,24%
    Falta de reconhecimento                                                                   9            18,37%
    Alívio                                                                                    8            16,33%
    Tranqüilidade                                                                             9            18,37%
    Conformismo                                                                               1             2,04%
    Outro                                                                                     5            10,20%
49

Total                                                                                     49

Média                                                                                   3,43
Desvio Padrão                                                                           1,90
Variância                                                                               3,63



Other Option [Outro]
Insegurança
Apreensão
sentimento de ter deixado um legado
Surpresa pois havia tido minha continuidade na empresa garantida pelo VP de Marketing dias antes
Liberdade




8)Você considera(considerou) sua demissão?
     Justa                                                                                14       50,00%
     Injusta                                                                              10       35,71%
     Porque?                                                                               4       14,29%
Total                                                                                     28

Média                                                                                   1,64
Desvio Padrão                                                                           0,73
Variância                                                                               0,53



Other Option [Porque?]
não fui demitido, pedi demisão - neste aspecto foi justo
Pedi demissão para migrar para um "promoção" em outra empresa
Não aplicável porque eu solicitei demissão.




9)Os motivos alegados para a sua demissão foram convincentes?
     Sim                                                                                  18       60,00%
     Não                                                                                  12       40,00%
Total                                                                                     30

Média                                                                                   1,40
Desvio Padrão                                                                           0,50
Variância                                                                               0,25




10)Foram-lhe oferecidos benefícios ao se desligar?
    Extensão da assistência médica                                                        20       32,79%
    Extensão Assistência odontológica                                                      5        8,20%
    Continuidade de pagamento de Curso                                                     1        1,64%
    Outplacement                                                                           6        9,84%
    Manutenção de benefícios                                                               1        1,64%
    Salário Adicional                                                                      7       11,48%
    Dinheiro                                                                               7       11,48%
    Previdência privada                                                                    3        4,92%
50

     Cesta básica                                                                        0            0,00%
     Seguro de vida                                                                      2            3,28%
     PDV                                                                                 1            1,64%
      Outros                                                                             8           13,11%
Total                                                                                   61

Média                                                                                 4,98
Desvio Padrão                                                                         3,91
Variância                                                                            15,25



Other Option [ Outros]
não
Ocorreu indenização e contratação pela nova empresa
Não, pois eu pedi demissão
Não
Veiculo
como sai por conta própira não há beneficios
Passagem de retorno ao país classe econômica, coaching
Nenhum benefício.




11)Independentemente dos benefícios oferecidos pela empresa na hora da demissão, quais benefícios você
acredita serem mais vantajosos em uma empresa?
     Assistência médica                                                                 36            17,39%
     Assistência odontológica                                                           16             7,73%
     Pagamento de Curso                                                                 17             8,21%
     Outplacement                                                                       26            12,56%
     Coaching e Mentoring                                                               21            10,14%
     Salário Adicional                                                                  14             6,76%
     Bônus                                                                              22            10,63%
     Previdência privada                                                                19             9,18%
     Cesta básica                                                                        2             0,97%
     Seguro de vida                                                                     11             5,31%
     Veículo                                                                            14             6,76%
     Equipamentos (notebook, celular, etc)                                               9             4,35%
     Outros                                                                              0             0,00%
Total                                                                                  207

Média                                                                                 5,35
Desvio Padrão                                                                         3,35
Variância                                                                            11,23

Other Option [Outros]




12) Qual é o fator que você considera o maior causador de stress no trabalho?
     Prazo Curtos                                                                       16          21,05%
     Competitividade                                                                     9          11,84%
     Problemas com os pares                                                             14          18,42%
     Relacionamento com a chefia imediata                                               18          23,68%
     Excesso de Viagens                                                                  3           3,95%
51

     Necessidade de atualização constante                                                 6            7,89%
     Outros                                                                              10           13,16%
Total                                                                                    76

Média                                                                                  3,54
Desvio Padrão                                                                          1,98
Variância                                                                              3,93



Other Option [Outros]
conflitos e desorganizacao. Papeis entre areas nao claros
Politicagem
Politicagem excessiva sem relação nenhuma com os reais objetivos da companhia
busca por redução de custos sem embasamento
Gestao por conflito e falta de priorizacao
baixa oportunidade de cescimeto pressiona para a busca exterana e medo interno para manter os atuais
postos/cargos
Falta de oportunidades, comportamento conformista dos pares, falta de reconhecimento de profissionais com
iniciativa, etc
As empresas perdem muito por não ouvir de forma efetiva os funcionários.
Líderes mal preparados ou não preparados.
redução de quadro de funcionários e consequente acumulo de responsabilidades




Solicitamos o preenchimento de informações individuaisSEXO
      Masculino                                                                          42           82,35%
      Feminino                                                                            9           17,65%
Total                                                                                    51

Média                                                                                  1,18
Desvio Padrão                                                                          0,39
Variância                                                                              0,15




FAIXA ETÁRIA
     De 18 a 25                                                                           0            0,00%
     De 26 a 30                                                                           1            1,96%
     De 31 a 40                                                                          30           58,82%
     De 41 a 50                                                                          18           35,29%
     De 51 a 60                                                                           2            3,92%
     Acima de 60                                                                          0            0,00%
Total                                                                                    51

Média                                                                                  3,41
Desvio Padrão                                                                          0,61
Variância                                                                              0,37




ÁREA DE ATUAÇÃO
    Administrativa                                                                        6           10,34%
    Comercial                                                                            17           29,31%
    Compras/Logística                                                                     6           10,34%
52

     Financeira       8    13,79%
     Industrial       2     3,45%
     Jurídica         1     1,72%
     Comunicação      5     8,62%
     RH               0     0,00%
     TI               4     6,90%
     Outra            9    15,52%
Total                58

Média               4,60
Desvio Padrão       3,20
Variância          10,21




IDIOMAS
     Espanhol        39    37,14%
     Inglês          51    48,57%
     Italiano         3     2,86%
     Japonês          0     0,00%
     Alemão           4     3,81%
     Francês          8     7,62%
Total               105

Média               2,08
Desvio Padrão       1,41
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Demissão Responsável

  • 1. FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO DEMISSÃO COM RESPONSABILIDADE SOCIAL EDÉLCIO APARECIDO FONSECA JOÃO LUIZ DE ANDRADE GUIMARÃES MARCELO REBELATTO RICARDO BERGER SÃO PAULO 2010
  • 2. EDÉLCIO APARECIDO FONSECA JOÃO LUIZ DE ANDRADE GUIMARÃES MARCELO REBELATTO RICARDO BERGER DEMISSÃO COM RESPONSABILIDADE SOCIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Fundação Instituto de Administração, como requisito parcial para a conclusão do Curso de MBA Executivo Internacional. Prof. CARLOS HONORATO – Orientador SÃO PAULO 2010
  • 3. RESUMO Demitir faz parte das atribuições de qualquer gestor, independente do segmento de mercado, porte ou cultura organizacional. O modo como são realizados os processos de demissão, no entanto, diferencia uma empresa da outra e revela seu modelo de gestão de pessoas e o grau de consciência de sua responsabilidade no contexto social voltada ao desenvolvimento sustentável das pessoas para a formação de uma sociedade melhor e mais justa. Toda demissão, quando mal conduzida, tumultua o ambiente de trabalho e a vida de todos os envolvidos, mas principalmente do demitido. Não são mais justificáveis casos de demissão conduzidos sem planejamento e respeito pelo ser humano, se considerarmos o elevado nível de desenvolvimento dos modelos de gestão corporativos. O cuidado básico que a empresa precisa ter é promover uma dissolução harmoniosa do contrato de trabalho com seus empregados. Assim, a empresa fica com a imagem preservada junto ao público interno e o demitido sai com sua dignidade e auto-estima preservadas. Para o público externo fica a imagem de uma empresa socialmente responsável. Este estudo pretende analisar se as empresas no Brasil realizam a demissão assistida e responsável, prática já adotada em diversos países, dando ao profissional desligado o apoio necessário para a continuidade de sua carreira. Busca também saber se as empresas oferecem benefícios diferenciados aos profissionais desligados e se os gestores assumem sua responsabilidade como agentes na administração da passagem de pessoas pela organização, desde a admissão, treinamento, acompanhamento de desempenho e do desligamento sempre que necessário. Outro aspecto a ser analisado é o impacto do processo de demissão na vida da pessoa demitida, seus sentimentos e suas emoções.
  • 4. Os resultados mostram que ainda são poucas as empresas que adotaram a prática da demissão assistida como benefício no Brasil. Por outro lado, os profissionais mostram-se preocupados com sua performance e mais atentos aos sinais positivos ou negativos que podem provocar uma demissão, e quando possível planejam seu desligamento com antecedência. A pesquisa revela que os gestores, na maioria, assumem seu importante papel no processo de demissão como responsáveis pela comunicação, fato que contribui para o melhor entendimento e aceitação dos motivos geradores do desligamento. Um dado relevante obtido neste estudo é a importância que a demissão assistida tem para os profissionais, sendo apontado como o segundo benefício mais vantajoso na visão dos profissionais na hora de uma demissão, ficando à frente até mesmo de recursos financeiros adicionais, como bônus ou gratificações.
  • 5. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7 2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 10 2.1 OBJETIVOS .................................................................................................................. 11 3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 12 4 REVISÃO TEÓRICA ..................................................................................................... 14 4.1 MODELO DE GESTÃO DE PESSOAS ...................................................................... 14 4.1.1 O processo de demissão ............................................................................................. 16 4.1.2 Demissões coletivas ................................................................................................... 19 4.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL.................................................... 22 4.2.1 Benefícios da responsabilidade social ....................................................................... 25 5 RESULTADOS DA PESQUISA .................................................................................... 29 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ........................................................ 39 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 45 ANEXO I – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA E RESULTADOS .................................. 47
  • 6. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1 – Por quanto tempo você trabalhou na última empresa? .................................. 29 Gráfico 2 – Como foi seu processo de desligamento dessa empresa? ................................ 30 Gráfico 3 – Se foi demitido, foi a primeira vez que isso lhe aconteceu? ............................ 30 Gráfico 4 – Você percebeu sinais de que haveria demissão na empresa? ......................... 31 Gráfico 05 – Você chegou a planejar sua saída? ................................................................. 32 Gráfico 6 – Como foi comunicada sua demissão? ............................................................... 32 Gráfico 7 – Qual sentimento melhor expressa o que você sentiu na hora da demissão? . 33 Gráfico 8 – Você considera (considerou) sua demissão? .................................................... 34 Gráfico 09 – Os motivos alegados para a sua demissão foram convincentes? .................. 34 Gráfico 10 – Foram-lhe oferecidos benefícios ao se desligar? ............................................ 35 Gráfico 11 – Independentemente dos benefícios oferecidos pela empresa na hora da demissão, quais benefícios você acredita serem vantajosos em uma empresa? ................ 36 Gráfico 12 – Qual é o fator que você considera o maior causador de stress no trabalho? .................................................................................................................................................. 36 Gráfico 13 – Sexo .................................................................................................................... 37 Gráfico 14 – Faixa etária........................................................................................................ 37 Gráfico 15 – Área de atuação ................................................................................................ 38 Gráfico 16 – Idiomas .............................................................................................................. 38
  • 7. 7 1 INTRODUÇÃO Chegamos ao século XXI com alto avanço tecnológico, poderosos equipamentos e máquinas automatizadas, sistemas completos de gestão, sofisticadas ferramentas para garantia da qualidade e produtividade nos processos produtivos, atendendo a padrões internacionais. O meio ambiente também mereceu atenção e regras foram criadas para a proteção do planeta, uma preocupação mundial. A pressão mercadológica fez com que as empresas em geral se adequassem às regras para se manterem ativas, mas rapidamente percebeu-se que isso não bastava. Havia a necessidade de se criar um diferencial que tornasse a empresa mais competitiva. Um exemplo de característica humana dificilmente substituída por tecnologia é a criatividade, a qual tornou-se diferencial no mercado. Foi a partir daí que o “capital humano”, “gente”, passou a ser vantagem competitiva e revolucionou o modo como as empresas gerenciam seus recursos humanos em todo o ciclo de vida do profissional na empresa. O modelo taylorista-fordista que focava somente o potencial produtivo (força física) e a disciplina perde definitivamente espaço e o moderno modelo de gestão de pessoas com foco em competências ganha um espaço significativo (TOLFO, 2005). Pequenos detalhes no produto ou na imagem da marca no mercado são imprescindíveis para qualquer empresa, e são pessoas criativas, comprometidas, inovadoras que detêm poder de agregar valor às empresas e seus produtos. Estamos na era do conhecimento, o qual está em poder das pessoas, por isso a empresa desenvolveu processos sofisticados de recrutamento e seleção de pessoas para atrair e ser assertiva no momento de admitir. Para os níveis executivos, a empresa investe pesado na contratação de prestadores de serviços especializados em identificar e avaliar potenciais candidatos, tamanha a importância de conseguir atrair pessoas com as competências técnicas e comportamentais adequadas às necessidades da organização.
  • 8. 8 A empresa também investe muito em ferramentas para reter pessoas; criou pacotes atraentes de benefícios, implantou indicadores de desempenho, planos de carreira de curto, médio e longo prazo, programas de treinamento, universidades corporativas e todo o aparato para desenvolver as pessoas de acordo com as estratégias da empresa. O ciclo de vida das pessoas na empresa, porém, envolve mais uma etapa: a sua saída da organização, a hora do desligamento, que pode ser motivada pela empresa ou pelo profissional. O objeto deste estudo é justamente a demissão provocada pelo empregador, e como é feito esse processo nas empresas no Brasil. Segundo Terra (2008 p.120), o prazer de todo gestor é admitir, mas faz parte de suas atribuições demitir. Terra destaca que “... a demissão, queira ou não, é um balde de água fria na motivação. É uma pancada sobre o clima humano e quebra o entusiasmo. Desagradável ou não, o gestor não pode furtar-se a essa responsabilidade.” Esse é justamente o tema deste estudo, que busca entender como estão sendo conduzidos os processos de demissão, na visão dos profissionais desligados. O cenário econômico, político e social atual cobra, cada vez mais, uma postura responsável de gestores e organizações na hora de demitir, seja um indivíduo ou centenas deles, em função do impacto desse processo na vida das pessoas. As mesmas que contribuíram de alguma forma com a estratégia da empresa e das quais foi exigido comprometimento em todos os momentos. Já existem maneiras de conduzir esse processo de modo a privilegiar o caráter humano, minimizando o impacto sobre o indivíduo, sobre os remanescentes, sobre a sociedade, sobre a imagem da empresa no mercado e sua competitividade. O processo de outplacement, individual ou coletivo, normalmente é realizado por empresa especializada e tem o objetivo de dar suporte aos profissionais desligados, abrangendo os aspectos emocional, social, profissional e econômico, e demonstra estar relacionado com a responsabilidade social da empresa.
  • 9. 9 Para o público interno, ter uma política justa de desligamento na empresa gera a sensação de uma expectativa positiva sobre o modo como será tratado quando for a sua vez. “Para o público externo fica a percepção de que a responsabilidade social na empresa não é somente uma estratégia de marketing.” (CARVALHO, p. 51). Nos próximos capítulos serão detalhados o moderno modelo de gestão de pessoas e as políticas para desligamento de pessoas, o que é demissão com responsabilidade social, as formas de outplacement individual ou coletivo e o resultado da pesquisa realizada junto a profissionais que passaram por um desligamento e sua percepção de como foi conduzido o processo.
  • 10. 10 2 JUSTIFICATIVA O processo de vida de um profissional na empresa envolve as etapas de admissão, desenvolvimento e demissão. É indiscutível o papel das pessoas na sobrevivência das empresas, e é este o motivo pelo qual cuidar do capital humano passa a ser imprescindível. O fato novo dentro do cenário atual e das políticas de Recursos Humanos é a influência do ato de demitir pessoas no ambiente interno e externo. As conseqüências podem ser altamente positivas ou altamente destrutivas, dependendo unicamente da forma como são conduzidos os processos. Terra (2008, p 108) menciona que: “pesquisas já demonstraram que a carga estressante que advém da demissão é significativa, superada apenas pelos eventos mais dramáticos da vida humana como morte de cônjuge ou familiares próximos, divórcios, prisão. Perfeitamente explicável, pois o emprego tem posição central na vida das pessoas, associa-se com sua identidade, ocupa a maior parcela do seu tempo e organiza suas relações com os outros.”(Terra, 2008; p.108) Considerando o contexto atual, no qual a empresa precisa se reavaliar constantemente e promover transformações até radicais, é esperado que a permanência dos profissionais esteja atrelada ao fato de estarem ou não adequados às estratégias competitivas da empresa e sua realidade mercadológica. Às vezes uma simples mudança de produtos ou região de atuação ou de fornecedor exige do profissional dentro de uma organização um leque diferente de competências. O que pode parecer uma mudança simples e normal acarretará na vida de um ou mais profissionais mudanças gigantescas, podendo culminar em uma demissão. Demitir, como já mencionado, faz parte de vida de qualquer gestor, mas é preciso saber demitir para minimizar problemas ligados à imagem da empresa, à produtividade interna e ao clima organizacional e também para quem sairá, em vários aspectos (pessoal, profissional, emocional, financeiro).
  • 11. 11 Espera-se que a empresa dê o mesmo grau de importância que dedica a atrair e reter pessoas à forma como demite; que adote ferramentas que demonstrem com clareza sua preocupação e responsabilidade sobre os impactos sofridos pelo ser humano demitido. Os países desenvolvidos já possuem políticas de demissão com foco na responsabilidade social, mas em países emergentes como o Brasil, onde a economia ainda gera processos de demissão em massa, por exemplo, é importante estudar quais são as políticas praticadas e se existem outras capazes de auxiliar as organizações. É sabido que planejar as demissões com foco em todos os envolvidos é condição primordial para que os efeitos do processo sejam favoráveis de modo geral. No Brasil já é possível encontrar empresas que, mesmo não tendo claras as políticas e práticas de Recursos Humanos, têm investido em programas de demissão planejada, com benefícios adicionais aos legais e convencionais. 2.1 OBJETIVOS A pesquisa realizada com profissionais que passaram por processos de demissão, objeto deste estudo, tem como objetivo geral:  verificar se as empresas possuem em seu modelo de gestão políticas e práticas de demissão responsável, na visão dos profissionais desligados. Os objetivos específicos são verificar:  se as empresas oferecem apoio aos profissionais desligados;  se as empresas oferecem benefícios diferenciados ou de acordo com a expectativa ou preferência dos profissionais desligados;  se os gestores assumem a responsabilidade pelo comunicado de desligamento, como é esperado dentro do moderno modelo de gestão de pessoas;  quais os sentimentos gerados nos profissionais que passam por um processo de demissão.
  • 12. 12 3 METODOLOGIA O presente estudo iniciou com uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, buscando analisar os dados já existentes na literatura. Depois, foi estabelecida a forma de busca dos dados diretamente vinculados ao tema. Neste caso, o método de investigação utilizado foi o questionário individual, por permitir assim a identificação do modo de perceber de cada profissional, mas também ter uma visão mais abrangente das práticas existentes em diferentes empresas, de diferentes segmentos, cultura e porte. Segundo Fauze (1997, p.34-35), o questionário precisa estar amarrado com o objetivo da pesquisa, que por sua vez deve estar amarrado com o problema da pesquisa. As perguntas devem ser elaboradas usando a linguagem do público-alvo. Minayo (1993,p.23) considera a pesquisa como: “atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade... É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados.” Demo (1996, p.34) insere a pesquisa como atividade cotidiana, considerando-a como “uma atitude, um questionamento sistemático, crítico e criativo, mais a intervenção competente na realidade ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático” A pesquisa é pautada por procedimentos racionais e sistemáticos, adequados para o levantamento de informações, mediante o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados – o questionário. A coleta de dados foi realizada por intermédio de um questionário padrão, estruturado com perguntas dirigidas e previamente testado, o qual foi disponibilizado em site da internet (QuestionPro.com). O questionário apresenta uma série de perguntas fechadas e de múltipla escolha, as quais são respondidas pelo informante no próprio formulário eletrônico da pesquisa. A escolha do modelo justifica-se pelo caráter quantitativo da pesquisa e pela objetividade das respostas.
  • 13. 13 O questionário foi enviado por meio eletrônico a uma base de dados de alunos e ex- alunos da FIA (Fundação Instituto de Administração) e o requisito indispensável era ter passado por um processo de demissão em sua trajetória profissional. A escolha do público- alvo, todos de nível executivo, foi proposital, pois no Brasil a política de suporte no processo de desligamento ainda privilegia os postos executivos. As respostas da pesquisa foram agrupadas no site onde fica o controle dos formulários enviados, dos retornos e das respostas. Os dados foram compilados e em seguida os resultados obtidos eletronicamente foram analisados e interpretados graficamente de acordo com a quantidade de respostas. Por ser uma pesquisa de caráter quantitativo, ela se limita a dados racionais e lógicos, obtidos por intermédio do instrumento de coleta de dados, fato que não permite estender a análise para os porquês da respostas.
  • 14. 14 4 REVISÃO TEÓRICA 4.1 MODELO DE GESTÃO DE PESSOAS As grandes transformações no âmbito global provocaram mudanças no modelo de gestão de pessoas e nas práticas gerenciais, que antes eram guiadas somente pela necessidade de controle sobre as pessoas. Dutra (1997, p. 88) comenta que a globalização, o avanço tecnológico, a valorização do conhecimento centrado nas pessoas fizeram com que as empresas repensassem a forma de gerir pessoas, alterando aspectos tais como: a forma de organização do trabalho mais flexível; a necessidade de processos decisórios rápidos, descentralizados e articulados, exigindo comprometimento das pessoas com o negócio; atualização mercadológica quanto a características de produtos e serviços; alto grau de competitividade mercadológica, exigindo contínuo aperfeiçoamento do público interno. De outro lado, são geradas mudanças no comportamento das pessoas e sua relação com o trabalho, exigindo da empresa reconhecimento e atendimento às suas expectativas com referência à organização e sua realização no trabalho. As pessoas passaram a necessitar de certa demanda de oportunidades profissionais, contínua atualização e condições de se manterem competitivas dentro e fora da empresa. A partir dessas mudanças a empresa foi levada a adotar um novo modelo de gestão de pessoas, caracterizado por um conjunto de políticas (princípios e diretrizes que balizam decisões e comportamentos da organização e das pessoas) e práticas (diferentes tipos de procedimentos, métodos e técnicas utilizados para a implementação de decisões e para nortear as ações no âmbito da organização e em sua relação com o ambiente externo) que permitissem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas. Para que o interesse de ambas seja atendido (DUTRA, 2002). A conciliação de expectativas só é possível com o compartilhamento de responsabilidades entre empresa e pessoas. Ao profissional cabe negociar com a empresa seu projeto pessoal e profissional, envolvendo as condições oferecidas pela empresa e as competências exigidas. À empresa cabe estimular e dar suporte às pessoas, para que possam entregar o que têm de melhor.
  • 15. 15 Caso as políticas e práticas de gestão estabelecidas pela empresa não agreguem valor às pessoas, não terão efetividade no tempo. Atualmente, identificamos algumas alterações nas práticas estabelecidas por empresas, as quais mostram o direcionamento da gestão de pessoas na organização, tais como: a transparência nos critérios de relacionamento com as pessoas; a conciliação de expectativas das pessoas e da empresa; a forma de encarreiramento e remuneração centrada na agregação de valor das pessoas ao negócio da empresa; o espaço para que as pessoas possam assumir mais atribuições e responsabilidades e consigam ser vistas como ser integral e único. Na visão anterior, a pessoa era reduzida a um cargo na estrutura. O desafio da nova visão é ver cada pessoa de acordo com sua individualidade e saber gerenciá-la em um ambiente de diversidade. Chanlat (1992 apud, Dutra 2002) propõe a criação e uma ética da relação cotidiana na gestão de pessoas pela organização na qual o papel e o equilíbrio psíquico dessas pessoas sejam considerados e compreendidos dentro de um contexto diferente. Um aspecto relevante para esse estudo dentro do moderno modelo de gestão de pessoas e que está relacionado a uma conduta ética nas relações internas da organização é a movimentação de gente, que ocorre nos processos de contratação, promoção, expatriação ou demissão. A gestão estratégica de pessoas está vinculada à estratégia do negócio, e vice-versa, e deve abranger qualquer pessoa que mantenha uma relação de trabalho com a empresa, independentemente do vínculo contratual. A empresa deve estruturar, sempre que possível, um planejamento de movimentação de pessoas confrontando a situação atual com a desejada para decidir quando contratar, desenvolver, transferir ou desligar. O dimensionamento do quadro é fundamental para orientar as pessoas em sua trajetória dentro das empresas, mesmo quando há desligamento evidente. Fischer, A. (2000) afirma que com o movimento da economia as empresas sofrem pressões que as levam a avaliar constantemente seus profissionais para saber se reúnem as competências necessárias para atender ao plano estratégico da empresa, e dependendo desse plano surge a necessidade de reestruturações que provocam o desligamento, desde um só profissional até grandes contingentes.
  • 16. 16 Esse processo de demissão de pessoas tem sido tão comum quanto o de contratar, e podem ser planejados seja para recolocar uma pessoa ou mesmo para processos constantes de recolocação, como é o caso de empresas com alta rotatividade. A iniciativa de recolocar as pessoas pode ser efetuada por equipes internas, mas cada vez mais é delegada às empresas especializadas, principalmente para cargos executivos ou para grandes grupos. A demissão planejada vem sendo praticada por um número cada vez maior de empresas e tornou-se um importante instrumento de gestão de pessoas. Ela pode acontecer quando a empresa encerra suas atividades, transfere-se de localidade ou, ainda, tem grande redução em seus negócios. Em tais situações, as empresas estruturam projetos especiais, contando com profissionais especializados em recolocação e com suporte de especialistas em comunicação. Outra forma de recolocação é estimular e investir no desenvolvimento de pessoas, mesmo sabendo que em prazo previsto ela deixará a empresa, mas estará preparada para competir no mercado, já que a empresa não tem como motivá-la a ficar ou até mesmo não quer que ela fique em razão de políticas internas. A preocupação das empresas com a movimentação de pessoas vem crescendo muito nos últimos anos, pois, além de ser fundamental para a efetivação do planejamento estratégico, também interfere na imagem que a empresa transmite para o público em geral, agrega valor a sua marca e contribui na atração e retenção de pessoas. 4.1.1 O processo de demissão A história mostra que a prática de demissão com responsabilidade data dos primórdios de 1806, quando, na Inglaterra, o governo decidiu dar apoio aos profissionais que retornavam de suas missões nas diversas colônias inglesas. Intensificou-se nos Estados Unidos, na década de 60, quando a NASA cancelou o projeto Apolo e criou um programa para auxiliar os demitidos a se recolocarem (TERRA, 2008). Os programas de auxílio a profissionais demitidos abrangiam não só o suporte financeiro, mas também programas de apoio profissional, operacional e psicológico.
  • 17. 17 Cada vez mais os profissionais passarão por processos de transição de carreira e enfrentarão o fantasma do desemprego, seja por não apresentar aderência ao perfil de competências exigido pela organização (os profissionais são contratados por seu conhecimento técnico e são demitidos por problemas comportamentais), seja por programas de reestruturação organizacional que envolvem redução de quadro de pessoal. Programas como downsizing, rightsizing, reengenharia, entre outros, tornaram-se práticas usuais desde a década de 90. Foi nessa década que grandes empresas, pressionadas pelo mercado e sob ameaça de perda da competitividade, passaram a se preocupar com a movimentação de pessoas, principalmente no tocante ao desligamento destas, e passaram a elaborar programas de demissão responsável, abrangendo todos os níveis hierárquicos. Tais programas ofereciam aos demitidos o plano de recolocação ou o projeto de abertura de negócio próprio e eram comunicados a todos os envolvidos de forma clara, para evitar revolta ou pânico. Bridges (1995, apud TOLFO, SR, 2005 p.4) menciona que, em nossa sociedade, a produtividade das pessoas está associada ao emprego. Por isso, as mudanças no sentido de desvincular o emprego da vida dos trabalhadores são muito difíceis para os sujeitos. O emprego é a garantia de identidade das pessoas e as ajuda a estabelecer uma rede de relacionamento. O conceito de emprego no presente trabalho pode ser definido como uma relação estável que existe entre quem organiza o trabalho e quem o realiza. É uma espécie de contrato no qual o possuidor dos meios de produção paga pelo trabalho de outros, que não são possuidores dos meios de produção. Já trabalho, de acordo com o Dicionário de Pensamento Social do Século XX, é o esforço humano dotado de propósito e envolve a transformação da natureza através da capacidade física ou mental. Seligman-Silva (apud 1994, p.46) pontua que “o trabalho tanto poderá fortalecer a saúde mental quando levar a distúrbios que se expressarão coletivamente em termos psicossociais e/ou individuais”.
  • 18. 18 Caldas (2000, p.11) afirma que o emprego que implica subordinação e pagamento de salário tende a ter essas mudanças ainda mais extrapoladas. Com a associação existente entre trabalho e emprego e a limitação de acesso a esse último, a sociedade atual restringe a poucos o trabalho como suporte privilegiado de inserção do indivíduo no meio social. Caldas (2000) comenta o lado contraditório dos movimentos de corte de pessoal, pois os resultados têm ficado aquém do esperado pelas empresas. O autor (1996) pesquisou profissionais empregados em São Paulo e verificou que 2/3 temiam perder o emprego, mais de 50% vivenciaram situação de enxugamento e 70% se sentiam despreparados para ser desligados da empresa. É clara a importância do trabalho na vida das pessoas e na construção de sua identidade em diferentes esferas da sociedade, declara Caldas (2000). A demissão sem planejamento ou sem assistência pode prejudicar e muito o processo de retorno ao mercado de trabalho dos funcionários desligados, mas também pode comprometer a produtividade daqueles que ficam na empresa pelo sentimento de revolta e medo de que aconteça o mesmo com eles. Em resumo, demissão responsável pode ser definida como um processo no qual a empresa, geradora do processo estrutura um plano que vai desde o respeito ao profissional no momento do comunicado com transparência e coerência até a certeza de ser assistido, compensado e poder lidar com a demissão com menos temor. Para a empresa, as vantagens, segundo Terra (2008), são:  imagem interna de responsabilidade e valor, o que afeta positivamente a motivação dos remanescentes;  imagem externa de responsabilidade social;  manutenção de boas relações com os ex-empregados com possibilidade de preservação da lealdade com a empresa;  redução de processos trabalhistas;  continuidade dos serviços até o momento necessário, menores riscos de ruptura nas operações.
  • 19. 19 No processo de outplacement, o demitido é assistido por profissionais que sabem como lidar com o momento de transição de carreira. Recebe orientação sobre comportamentos que têm impacto positivo sobre a percepção e o ânimo, reduzindo seu desconforto psicológico. São traçadas estratégias de transição sensata e racional. “Isso torna essa etapa mais fácil”, comenta Terra (2008). 4.1.2 Demissões coletivas As demissões coletivas também são processos que fazem parte da vida dos gestores e merecem um tratamento com planejamento antecipado e revisado, pois o impacto de um processo errado pode comprometer e muito o resultado de uma organização. Uma vez que as pessoas e as organizações se influenciam mutuamente, os efeitos das demissões coletivas são abrangentes. Nas organizações, os efeitos produzidos por processos de enxugamento são muitos. No ambiente de trabalho, por exemplo, ocorre: perda de lideranças, queda na participação em programas de envolvimento de pessoal, perda de familiaridade entre unidades, redução do trabalho em equipe, bem como deterioração do clima organizacional, aumento de conflitos, políticas e estresse organizacional. As relações de trabalho ficam abaladas, gerando aumento de reclamações trabalhistas e dos índices de acidentes, além de maiores chances de sabotagens, reações violentas contra dirigentes e deterioração das relações trabalhistas. Outras conseqüências dos enxugamentos de pessoal são percebidas nas empresas, como: a perda de experiência e da memória organizacional, perda coletiva de espírito empreendedor, aumento da burocracia, perda da agilidade e qualidade na tomada de decisão, crises na comunicação e perda do controle interno. A imagem externa da empresa também é prejudicada pelos enxugamentos, principalmente junto a clientes, parceiros comerciais e à comunidade de modo geral. Outro agravante desse processo é a queda da eficácia organizacional, que pode ser percebida pela queda de qualidade de produtos, redução dos níveis de produtividade, queda no valor das ações, perda da visão estratégica, estagnação ou queda de vendas e lucros.
  • 20. 20 Outra dificuldade que a empresa enfrenta após um processo de enxugamento é atrair novos funcionários. Tais variáveis afetam e são afetadas também pela forma como os remanescentes percebem e reagem aos enxugamentos de pessoal. Geralmente esses reflexos incluem variáveis emocionais e psicológicas, segundo Miguel Caldas (Monografia Downsizing: o dia seguinte, EAESP/FGV). Os efeitos emocionais mais citados de enxugamentos nos remanescentes são: insegurança, medo, queda na auto-estima, frustração, estresse, culpa, ansiedade, desespero, normalmente acompanhados dos efeitos atitudinais de queda de dedicação e lealdade em relação à organização, resistência a iniciativas da empresa, cinismo em relação a esforços de envolvimento de pessoal, queda na motivação e satisfação, perda de confiança na empresa / direção, ressentimento da organização, queda da propensão a assumir riscos. Já os efeitos comportamentais mais citados são: absenteísmo / impontualidade, alienação, formalismo e rigidez no trabalho, aumento da rotatividade voluntária, queda de desempenho / produtividade individual e perda de criatividade. Miguel P. Caldas (2005) observa que na literatura sobre o assunto de enxugamento foram encontrados vários efeitos negativos sobre os remanescentes e o conjunto de sintomas já foi denominado “síndrome do sobrevivente” (Cascio, 1993), que envolve o sentimento forte e ambivalente de dor, medo e culpa, mas também de alívio e excitação daqueles que mantêm seus empregos. É preciso que as empresas cuidem para reduzir o impacto negativo de uma demissão coletiva. Claro que para a pessoa a demissão é um fato dos mais estressantes, em todos os sentidos. Só isso bastaria para a empresa criar uma administração humana e consciente das demissões, ressalta Terra (2008). Mas para a empresa uma comunicação errada também pode comprometer sua estratégia e ter como conseqüências:  sérios descontentamentos no grupo, com reações imprevisíveis;  ações na Justiça contra a empresa;  rompimento do contrato psicológico entre a empresa e os desligados, com conseqüências danosas para o futuro;
  • 21. 21  sérios problemas de imagem;  fortes impactos negativos sobre a motivação do pessoal que fica na organização. Usualmente as pessoas responsáveis pela condução do processo também não estão preparadas e podem comprometer o resultado por alguns aspectos levantados por Terra (2008):  Enfoque jurídico, frio e distante, como tentativa de evitar problemas legais: ao invés de evitar ações trabalhistas, as provoca.  Comunicação feita por pessoas despreparadas: eventualmente, o comunicador tem boa fluência verbal, mas desconhece a situação específica da audiência e acaba perdendo o controle e tornando o evento muito mais doloroso do que deveria ser.  Truculência: eventualmente, a empresa, querendo proteger ativos, age de modo despropositado em relação à segurança, o que causa enorme revolta e suscita desejo de revide.  Hesitação e incerteza: comunicados hesitantes e pessoas inseguras na comunicação deixam um clima de ansiedade e de desinformação intensa, acarretando problemas de todos os tipos.  Gerência omissa: gerência que passa a tarefa difícil para outras pessoas causa mágoas profundas e transmite uma idéia de covardia e falta de responsabilidade.  Passividade: pessoas inseguras na comunicação, em geral, permitem o crescimento de lideranças informais no processo, de modo que outros interesses que não os legítimos da empresa e dos desligados passam a comandar os acontecimentos. O apoio de empresa especializada é fundamental para o resultado de um processo de demissão, pois a neutralidade ajuda a não negligenciar questões importantes.
  • 22. 22 4.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL Segundo o Livro Verde da Comissão Européia (2001), responsabilidade social é um conceito segundo o qual as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. Com base nesse pressuposto, a gestão das empresas não pode e/ou não deve ser norteada apenas para o cumprimento de interesses dos proprietários, mas também para os de outros detentores de interesses, como, por exemplo, os trabalhadores, as comunidades locais, os clientes, os fornecedores, as autoridades públicas, os concorrentes e a sociedade em geral. Oded Grajew, ex-presidente do Instituto Ethos, instituição responsável pela difusão do conceito de responsabilidade social na sociedade brasileira, afirma que responsabilidade social é: “(...) a atitude ética da empresa em todas as suas atividades. Diz respeito às interações da empresa com funcionários, fornecedores, clientes, acionistas, governo, concorrentes, meio ambiente e comunidade. Os preceitos da responsabilidade social podem balizar, inclusive, todas as atividades políticas empresariais” (GRAJEW, 2001). O papel das empresas no atual contexto social vem sendo amplamente discutido nesse novo milênio. É sabido que o papel da empresa em décadas anteriores era somente gerar lucros para acionistas e sócios e hoje existe um apelo pelo investimento no social, mesmo em países como o Brasil, que é questionado constantemente pelas injustiças sociais ainda existentes. Há 20 anos não se imaginava que no Brasil as empresas seriam avaliadas por desempenho ético e por seu relacionamento com a sociedade em geral, mas a cada dia o País e as empresas se sentem mais pressionados a prestar contas ao público sobre seus resultados, postura e ações voltadas ao bem-estar de todos. Esse movimento das empresas em resposta aos questionamentos sociais se denominou responsabilidade social empresarial e despertou a empresa para a importância da atuação responsável. No meio empresarial, percebemos duas visões sobre a atuação social: a visão pós-lucro, que cuida de fatos já ocorridos, como desastres ecológicos; e a visão pré-lucro, que foca o desenvolvimento sustentável da sociedade, fazendo parte do planejamento estratégico da organização e apontando para o equilíbrio entre performance corporativa, ética e compromisso social.
  • 23. 23 Vários fatores contribuíram para essa transformação das ações e visões das empresas. Um importante fator foi a globalização e a evolução acelerada dos meios de comunicação e das tecnologias de informação, pois as ações empresariais passaram a sofrer um maior controle da sociedade, fato que exigiu atenção especial aos reflexos à imagem da empresa. Anteriormente, ações contra o ambiente ou contra trabalhadores praticadas pelas empresas não tinham grande poder de repercussão, mas atualmente, com as novas tecnologias, tais ações atingem com extrema rapidez um universo ilimitado de pessoas (consumidores, fornecedores, investidores), causando prejuízos à imagem da organização e conseqüentemente a seus resultados. A preocupação com o meio ambiente e a necessidade da promoção de projetos de desenvolvimento ambiental sustentável para proteger os ecossistemas nos processos de expansão industrial e econômica foi fundamental para o fortalecimento do conceito de responsabilidade social empresarial. Destaca-se também o aumento da publicidade das empresas, a pressão da sociedade por bem-estar e posturas neoliberais adotadas por alguns governos. Pela pressão da sociedade no novo milênio a empresa que precisa se manter competitiva volta-se para ações que objetivam a justiça social e a qualidade do meio- ambiente. As empresas socialmente responsáveis, que pensam nas pessoas envolvidas em seus processos, são as mais valorizadas e reconhecidas pelos clientes. Tais ações estão se transformando em real vantagem competitiva no desenvolvimento dos negócios das organizações, já que os consumidores valorizam a preocupação das empresas em tornar a sociedade mais equilibrada. Segundo Felix, (2003, p.19): A responsabilidade social das empresas ou a busca por justiça social seria basicamente a iniciativa espontânea das empresas de contribuir para a construção de uma sociedade melhor e um meio ambiental mais limpo. Ou seja, a responsabilidade social das empresas seria a integração voluntária, por parte das empresas, das preocupações sociais e ambientais com suas operações comerciais e com suas relações com seus representantes e sua área de influência. Assim, ser socialmente responsável não significa respeitar e cumprir devidamente as obrigações legais, mas sim o fato de as empresas, por meio de seus trabalhadores e de todos os seus interlocutores, irem além de suas obrigações em relação ao seu capital humano, ao meio ambiente e à comunidade por perceberem que o bem-estar deles reflete em seu bem-estar.
  • 24. 24 A responsabilidade nas empresas se dá em dois âmbitos: interno e externo. Se as ações de responsabilidade social são voltadas ao público interno da empresa, seus trabalhadores e a gestão de recursos naturais utilizados na produção é denominada responsabilidade social interna. Em relação às pessoas na organização, as iniciativas voltadas à responsabilidade social vão além do cumprimento dos direitos trabalhistas, abrangendo também investimentos em treinamento técnico e comportamental em todos os níveis, a comunicação transparente, a maior integração entre trabalho, família e lazer, igualdade salarial, adequada distribuição de lucros, compartilhamento de decisões com empregados, não discriminação de raça, credo ou sexo e assistência em processos demissionários. A responsabilidade social externa abrange a relação da empresa com seus fornecedores, consumidores, comunidade e o meio ambiente. Principalmente as comunidades que sofrem com problemas de irregularidades ambientais, injustiça e/ou exclusão social, necessitam que as empresas estejam comprometidas com seu desenvolvimento. São várias as ações que uma empresa pode praticar para o desenvolvimento da comunidade: contratação de pessoas socialmente excluídas, construção de creches e escolas, criação de associações e fundações, projetos de promoção à saúde e projetos de profissionalização. Essas ações se estendem também para consumidores, com redução de custos dos produtos; e aos fornecedores, em transações éticas nos negócios. Um projeto de responsabilidade social deve ser elaborado com base nos desejos de todos os stakeholders (proprietários, sócios, acionistas, diretores, funcionários, fornecedores, clientes, comunidade), com comunicação eficaz, com participação de todos os envolvidos, clareza de objetivos, controle e avaliação dos procedimentos e com instrumento de avaliação de resultados que garantam sua eficácia. As organizações interessadas em assumir postura de agente transformador devem preocupar-se em desenvolver projetos bem estruturados, com definições claras do que fazer, como fazer, quando fazer e em benefício de quem, para que o investimento, tanto humano quanto financeiro, seja sustentável no longo prazo.
  • 25. 25 4.2.1 Benefícios da responsabilidade social Como já mencionado, a globalização e a constante necessidade de transformação das empresas para atender a demanda do mercado impulsionaram empresários a investir em responsabilidade social. Os consumidores hoje procuram nos rótulos dados que diferenciem as empresas e seus produtos em relação a ações sociais ou ecológicas, os meios de comunicação cuidam para que um maior número de pessoas receba informações sobre as atividades empresariais e econômicas de organizações, tanto as responsáveis quanto, e talvez com mais ênfase, as irresponsáveis, com notável repercussão na reputação e imagem das empresas. “Responsabilidade social é uma maneira de conduzir os negócios da empresa, tornando-a parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social, englobando preocupações com um público maior (acionistas, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente). (2001, Responsabilidade nas Empresas, Ethos)” O mercado apresenta hoje um crescimento limitado, com muita concorrência, que obriga as organizações a repensarem suas estruturas, forma de trabalho e competências necessárias. Guimarães (2008) afirma que o novo cenário econômico provocou mudança na postura da empresa, principalmente a européia, pioneira em ações de responsabilidade social. Ele define responsabilidade social como: “... preocupação com o bem-estar coletivo, da comunidade, apoiado na cultura e nos preceitos das sociedades. Atuando nessa perspectiva, as empresas passam a desenvolver ações no sentido de associar seus produtos e suas marcas em ações de cidadania, preservação do meio ambiente, apoio aos demitidos e outras iniciativas sociais.”
  • 26. 26 No mundo dos negócios esse modelo social fica mais claro quando entendemos as mudanças ocorridas no marketing e na propaganda. Na fase pós-guerra, prevalecia o modelo americano de negócios baseado na sociedade do consumo. O que importava era agregar à marca o posicionamento e a imagem de luxo, vitória e sucesso. Esta fase foi denominada Era do Ter. Depois, com o crescente aumento da concorrência, as empresas buscavam o menor custo com mais rentabilidade. Prevaleciam os conceitos orientais de qualidade total, sem desperdícios e erro zero. Nessa fase as propagandas vendiam a imagem da empresa confiável, com qualidade e credibilidade. Paralelamente, surge o conceito de Sociedade do Conhecimento, pautada pelo desenvolvimento de produtos inovadores e com alta tecnologia e fortalecendo a visão de que informação e conhecimento passam a ser mais importantes do que o poder financeiro. Nesse caso, as pessoas detentoras do conhecimento passam a ocupar papel muito importante para o fortalecimento da imagem das empresas, e desenvolvê-las e retê-las passa a ser fundamental às organizações. É a Era do Ser. Atualmente, estamos na era do “pós-conhecimento”, era da “Sabedoria”, como afirma Gilberto Guimarães (2008), onde é mais importante o conceito de comunidade, de consumo responsável, com crescimento das certificações ISO 14001. Mas não é só em relação ao meio ambiente que se tem avançado: o fenômeno mundial do desemprego também começa a ser encarado sob uma nova percepção. Em vários países, mas principalmente na Europa, o conceito de “demissão responsável” é amplamente difundido. No Brasil, empresas de grande e médio porte e de diferentes segmentos, como: Nestlé, Volkswagen, Vale, DuPont, Bimbo, Caloi, Bunge, entre outras, já adotaram em suas políticas de recursos humanos programas de demissão responsável, que consistem no oferecimento de um serviço de empresas especializadas para apoio ao processo de recolocação do profissional no mercado de trabalho em todos os níveis. Essas ações são baseadas na legislação francesa do Plano Social.
  • 27. 27 Tais programas têm contribuído de forma significativa para a redução do tempo de desemprego, melhoria na condição do trabalho dos profissionais e aumento da renda. Os programas de assessoria aos demitidos são percebidos pela sociedade com bastante simpatia e muitas empresas são premiadas, conseguindo agregar valor a sua marca e seus produtos, tanto frente ao público interno, com a melhoria no clima organizacional e aumento da produtividade, quanto frente ao público externo, que reconhece o comprometimento da empresa com as questões sociais. A área de Relações Públicas das empresas já utiliza os programas para divulgação da imagem corporativa, ressaltando a conquista de prêmios sociais, valorização do meio ambiente, doações, conquistando, assim, o público consumidor. Essa é a Era do Fazer. Espera-se da empresa mais que uma atuação filantrópica, espera-se uma mudança de atitude e uma gestão focada na qualidade das relações e na geração de valor para todos. Melo Neto e Froes (2001) destacam várias formas de analisar o conceito de responsabilidade social e aquelas que vão ao encontro do objetivo deste estudo são:  a responsabilidade social como atitude e comportamento empresarial ético e responsável: é dever e compromisso da empresa assumir uma postura transparente, responsável e ética em suas relações com os diversos públicos (governo, clientes, fornecedores, comunidade, etc.).  a responsabilidade social como um conjunto de valores: não incorpora apenas conceitos éticos, mas uma série de outros conceitos que lhe proporcionam sustentabilidade, como por exemplo auto-estima dos funcionários, desenvolvimento social e outros.  a responsabilidade social como estratégia de Recursos Humanos: as ações são focadas nos colaboradores e nos seus dependentes, com o objetivo de satisfazê-los e consequentemente reter os talentos e aumentar a produtividade.  a responsabilidade social como promotora da cidadania individual e coletiva: a empresa, mediante suas ações, ajuda seus colaboradores a se tornarem verdadeiros cidadãos e contribuir para a promoção da cidadania na sociedade e na comunidade.
  • 28. 28 O tema ainda demandará muitas reflexões, mas é um caminho sem volta. Só é preciso que haja cada vez mais comprometimento das organizações para que a questão da responsabilidade social seja incorporada à estratégia empresarial. Já existe um código vigente que contempla as obrigações trabalhistas das empresas para com seus funcionários e entidades sindicais que supervisionam o atendimento às leis, mas de uma empresa socialmente responsável se espera mais, como entender quais são os interesses dos funcionários e alinhá-los aos objetivos estratégicos da organização (Lourenço e Schroder, 2003, p. 94). De uma empresa socialmente responsável é esperada postura ética desde a entrada de um novo funcionário até sua saída, e que a empresa nunca trate a demissão como forma de redução de custos; e quando for inevitável fazê-lo, que utilize critérios justos. Espera-se também que a empresa auxilie seus funcionários a se recolocarem no mercado de trabalho, assegurando-lhes o maior número de benefícios possível. Tais ações propiciam ambiente de trabalho saudável, maior produtividade, comprometimento e motivação das pessoas. Isso também contribui para tornar a empresa mais atraente no momento de recrutar e para reter seus talentos.
  • 29. 29 5 RESULTADOS DA PESQUISA O questionário, instrumento de coleta de dados do presente estudo, foi concluído por 56 profissionais no período de 16/11/2009 a 15/01/2010 e os resultados obtidos estão expostos nos gráficos abaixo: Gráfico 1 – Por quanto tempo você trabalhou na última empresa? Fonte: QuestionPro O primeiro gráfico mostra que 80% dos profissionais pesquisados atuaram na última empresa entre 1 e 10 anos. Somente 13,21% tinham entre 15 e 20 anos. Este dado revela que o profissional passa pela situação de mudança de empresa normalmente uma vez a cada 10 anos. A incidência de profissionais com 1 a 3 anos de atuação na última empresa também foi significativa e pode estar relacionada com a não adaptação do profissional a novas experiências.
  • 30. 30 Gráfico 2 – Como foi seu processo de desligamento dessa empresa? Fonte: QuestionPro O resultado do segundo gráfico mostra que 54,72% dos profissionais pediram seu desligamento e somente 28,30% foram desligados, o que revela a iniciativa dos profissionais no gerenciamento de sua carreira. Acabou o tempo em que a empresa determinava a carreira e vida do profissional. Gráfico 3 – Se foi demitido, foi a primeira vez que isso lhe aconteceu? Fonte: QuestionPro
  • 31. 31 Quando questionados se essa foi a primeira vez que foram demitidos, 57,69% afirmaram que sim. Este dado revela a pouca vivência dos profissionais em processos de transição de carreira. Existe ainda o forte a preocupação com a estabilidade nas empresas. Gráfico 4 – Você percebeu sinais de que haveria demissão na empresa? Fonte: QuestionPro Os sinais de que haveria demissão na empresa foram percebidos por 66,67% dos profissionais. Essa transparência pode estar associada a política de avaliação de desempenho ou de feedback por intermédio da qual o profissional tem acesso a seus resultados e o quanto satisfaz às necessidades da empresa. Pode também estar relacionada a processos de enxugamento de pessoal por diversas razões, normalmente precedidos por boatos.
  • 32. 32 Gráfico 05 – Você chegou a planejar sua saída? Fonte: QuestionPro A questão 5 responde sobre o percentual de profissionais que planejaram sua saída com um significativo resultado de 77,78% de respostas positivas. Este resultado denota a preocupação dos profissionais com a continuidade de sua carreira e com a qualidade do processo de desligamento. Gráfico 6 – Como foi comunicada sua demissão? Fonte: QuestionPro
  • 33. 33 A comunicação da demissão pode ser realizada de diferentes formas. O resultado do gráfico 6 mostra que em 67,65% dos casos a comunicação foi feita pelo superior imediato, como sugere o moderno modelo de gestão adotado pelas empresas. O modelo coloca o gestor como o responsável pelos retornos sobre o desempenho dos profissionais. Por isso, nada mais justo que seja também responsável pela comunicação do desligamento, normalmente atrelado a problemas de desempenho. Gráfico 7 – Qual sentimento melhor expressa o que você sentiu na hora da demissão? Fonte: QuestionPro O principal sentimento presente no momento da demissão é a sensação de perda, com 22,45% das respostas, seguido de falta de reconhecimento e tranquilidade, com 18,37%. Alívio aparece em quarto lugar, com 16,33%. A sensação de perda normalmente está associada à situação financeira, mas também do status de quem estava empregado, tinha um cargo e influência. A falta de reconhecimento sentida no momento da demissão revela a dificuldade do profissional em aceitar os motivos expostos pela empresa. O sentimento de tranqüilidade pode revelar a transparência do processo de desligamento, quando os profissionais são informados sobre seus resultados e sabem claramente o porquê de seus desligamentos e consideram justas as causas apresentadas.
  • 34. 34 O alívio normalmente é fruto de um processo de desgaste nas relações com a empresa, seja por falta de aderência ao negócio, seja por dificuldade de relacionamento com superiores ou pares. Gráfico 8 – Você considera (considerou) sua demissão? Fonte: QuestionPro O gráfico 8 mostra que 50% dos profissionais conseguem aceitar sua demissão e entender o que gerou o processo, mas 50% saem com dificuldades em entender ou aceitar o que gerou o desligamento. Gráfico 09 – Os motivos alegados para a sua demissão foram convincentes? Fonte: QuestionPro
  • 35. 35 Os motivos alegados no momento da demissão foram convincentes para 60% dos profissionais pesquisados e 40% não foram convencidos, resultado muito próximo do apresentado pelo gráfico 8, que retrata o nível de aceitação dos profissionais desligados. Gráfico 10 – Foram-lhe oferecidos benefícios ao se desligar? Fonte: QuestionPro O resultado da questão 10 aponta que a assistência médica ocupa o primeiro lugar no ranking de benefícios oferecidos pelas empresas para os demitidos, com 32,79%, seguido de salário adicional e dinheiro, com 11,48% cada. Em quarto lugar aparece o outplacement, ou demissão assistida, objeto de estudo deste trabalho.
  • 36. 36 Gráfico 11 – Independentemente dos benefícios oferecidos pela empresa na hora da demissão, quais benefícios você acredita serem vantajosos em uma empresa? Fonte: QuestionPro Quando questionados sobre os benefícios que gostariam de receber por ordem de preferência a assistência médica é o primeiro a ser citado, mas em segundo lugar aparece o outplacement ou demissão assistida. O coaching, mentoring e os cursos também ocupam lugar de destaque, o que revela a preocupação e o interesse dos profissionais com a continuidade de carreira. Gráfico 12 – Qual é o fator que você considera o maior causador de stress no trabalho? Fonte: QuestionPro
  • 37. 37 Os profissionais pesquisados apontam o relacionamento com a chefia (23,68%) e a pressão por prazos curtos (21,05%) como as principais fontes de estresse no trabalho. O relacionamento com pares também foi destacado, com 18,42%, seguido pela competitividade no ambiente de trabalho. Gráfico 13 – Sexo Fonte: QuestionPro Gráfico 14 – Faixa etária Fonte: QuestionPro
  • 38. 38 O público pesquisado foi composto por profissionais de nível executivo, sendo 82,35% do sexo masculino e 94,11% na faixa etária entre 31 e 50 anos, faixa na qual os profissionais estão ativos e já possuem experiência acumulada em sua trajetória de carreira. Gráfico 15 – Área de atuação Fonte: QuestionPro 29,31% do público atua na área Comercial, 13,79% são da área Financeira. Os profissionais das áreas Administrativa e Compras/Logística representam 10,34% cada uma. Gráfico 16 – Idiomas Fonte: QuestionPro O idioma inglês é falado por 48,57% dos profissionais e 37,14% deles afirmam dominar o espanhol.
  • 39. 39 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA O estudo realizado junto aos profissionais que já passaram por processos de demissão permitiu verificar que 54,72% deles tiveram a iniciativa de pedir seu desligamento. Isso vai ao encontro da nova realidade do mercado de trabalho e do novo modelo de gestão, que transfere ao profissional a responsabilidade pelo gerenciamento de sua carreira de forma compartilhada com a empresa. Assim como a empresa tem instrumentos para avaliar se os resultados entregues pelos profissionais atendem às suas necessidades, o profissional também deve avaliar se a permanência na empresa atende às suas necessidades e interesses. Sempre que a resposta for negativa, espera-se que o profissional tome atitudes no intuito de reverter a situação, mesmo que isso signifique ter que pedir sua demissão. Do público pesquisado, composto por profissionais de nível executivo, 57,69% afirmam que passaram pela situação de demissão somente uma vez. Trata-se de um número elevado, considerando que o mercado de trabalho valoriza profissionais que tenham experimentado diferentes culturas e segmentos. Outro aspecto que chama a atenção nessa resposta é o fato da previsão de alguns autores que afirmam que os profissionais passarão várias vezes em sua trajetória de carreira por processos de demissão. Por enquanto, essa não é a realidade da maioria dos profissionais pesquisados. Os dados mostram que em 10 anos a maioria passou uma única vez por uma demissão. Quando questionados se perceberam os sinais de que aconteceria a demissão, 66,67% responderam que sim e 77,78% afirmam ter planejado sua saída. Esse resultado demonstra que os profissionais procuram gerenciar sua carreira, preparando-se para sair quando a situação assim exigir através de planejamento antecipado da demissão. As ferramentas hoje utilizadas para avaliar o desempenho dos profissionais também facilitam a transparência sobre sua real situação e são sinais claros quando as coisas não andam bem. Com essas informações, gestores e empregados podem promover ações que ajudem o profissional a melhorar sua performance ou ainda, quando não há outra maneira, promover o processo de demissão planejada.
  • 40. 40 Quanto ao objetivo específico, que questiona se os gestores assumem seu papel como responsável pela comunicação da demissão, 67,65% dizem que sim. Mas 32% dos profissionais pesquisados não foram comunicados pelo gestor sobre sua demissão, sendo essa tarefa realizada pela área de Recursos Humanos ou por alguém designado pela empresa. A demissão responsável tem como premissa a importância do gestor realizar a demissão, pois a ele foi delegada a responsabilidade pela avaliação dos resultados do profissional e seu retorno constante, visando o desenvolvimento da pessoa. No momento da demissão, quando aparecem novamente questionamentos sobre os elementos geradores do desligamento, é importante que os gestores assumam esse papel e possam ser transparentes e objetivos sobre as causas da demissão, transmitindo respeito aos demitidos e coerência com os discursos anteriores. Embora 60% dos profissionais pesquisados tenham afirmado que concordaram com os motivos alegados para sua demissão, 50 % acharam sua demissão injusta. Tal resposta pode estar relacionada com a falta de políticas e práticas claras na organização ou despreparo de gestores na administração dos processos de demissão, algo que não é agradável, normalmente. Conforme apontado no referencial teórico, cabe aos profissionais de Recursos Humanos fazerem valer as políticas e práticas da empresa, pois se os funcionários não as reconhecerem perderão sua razão de ser e jamais se efetivarão. Quanto aos benefícios diferenciados oferecidos no processo de demissão, os profissionais destacaram, com 32,79%, a assistência médica, seguida de salário adicional e dinheiro, ambos com 11,48%, e, em quarto lugar, o outplacement ou demissão assistida, com 9,84%. O resultado demonstra a preocupação da empresa em garantir a saúde e os recursos materiais para que o profissional possa se manter por mais tempo disponível e não com a agilidade de seu processo de retorno ao mercado e trabalho com qualidade, já que somente 9,84% dos pesquisados afirmam ter recebido como benefício o programa de outplacement. Na opinião dos profissionais pesquisados, realmente a assistência médica é considerada o benefício preferido da maioria, mas o processo de outplacement aparece como o segundo mais importante benefício na preferência dos profissionais, seguido de programas de coaching e mentoring, dados que revelam a preocupação dos profissionais com a continuidade de suas carreiras, mais do que com valores monetários.
  • 41. 41 O resultado da questão 10, comparativamente com o resultado da questão 11, revela que as expectativas dos profissionais não estão sendo considerados no momento de seu desligamento e a empresa pratica a política que considera justa e adequada para si. Uma das premissas da responsabilidade social é justamente se colocar no lugar do outro e fazer por ele o que gostaria que fizessem por você. Como mencionado por Guimarães, os programas de demissão assistida fazem parte da legislação de diversos países europeus justamente por ser importante para a carreira dos profissionais, com redução do tempo de desemprego, melhoria das condições de trabalho dos profissionais e suporte psicológico para enfrentar a fase de transição de carreira. Como já mencionado por Guimarães, espera-se da empresa mudança de atitude com foco na qualidade das relações e na geração de valor para todos. A falta de uma prática que venha ao encontro dos interesses dos profissionais demitidos pode comprometer o resultado da política de demissão, pois o profissional poderá se considerar prejudicado, injustiçado e denegrir a imagem da empresa, além de gerar reclamações trabalhistas. Os sentimentos expressos pelos profissionais na hora da demissão foram: sentimento de perda, com 22,45%; falta de reconhecimento e tranquilidade, ambos com 18,42%; depois, alívio, com 16,33%; e raiva, com 12,24%. Percebe-se que os sentimentos são opostos, mas podem estar relacionados também com os motivos que levaram esses profissionais ao desligamento. O relacionamento com a chefia imediata foi apontado pelo público pesquisado como o maior causador de estresse no trabalho, seguido da pressão sofrida pelos profissionais com prazos curtos para realização dos trabalhos. Outro fator que envolve gente na organização apontado como fator estressante foi o relacionamento com o pares. O resultado da questão 12 pode estar relacionado com o resultado da questão 11, considerando os sentimentos opostos apresentados de raiva e alívio, perda e tranqüilidade. Sabe-se que problemas de relacionamento afetam muito a produtividade dos profissionais e são os grandes responsáveis por demissões, daí os sentimentos opostos aparecerem. Quando uma pessoa está enfrentando situação de muita tensão, como o caso de conviver com um gestor com o qual tenha problemas de relacionamento, ou quando não consegue atender às exigências de seu cargo, qualquer ação que a tire da situação é
  • 42. 42 considerada como um grande alívio. É obvio que depois do alívio vem o sentimento de perda, seja do salário ou do status, mas em primeira instância é ele que aparece. Como mencionado no referencial teórico por Betânia Tanure, a sensação de alívio é identificada, principalmente, nas pessoas que se sentem injustiçadas, perseguidas e não aceitam seu desligamento. São justamente esses profissionais que mais precisam de assistência em seu processo de desligamento, pois são potenciais reclamantes da Justiça do Trabalho ou disseminadores de dados negativos em relação à empresa e terão maior dificuldade de passar pelas etapas de aceitação de sua demissão. O percentual de profissionais que sinalizaram ter sensação de tranqüilidade também foi significativo. Pode transparecer que os profissionais planejaram sua saída, já tinham estratégias para enfrentar a transição e carreira com calma ou pode esconder o sentimento de negação e mais tarde pode se transformar em um sentimento ruim. Manter-se atualizado e competitivo também aparece em quarto lugar como fator estressante, fato que pode ser considerado satisfatório, considerando que isto demonstra que os profissionais não estão acomodados com o que já possuem de conhecimento. No geral, o resultado do estudo mostra que existe muito a fazer ainda para consolidar a importância da demissão responsável no conjunto de políticas e práticas de gestão de pessoas. Relembrando o já exposto no referencial teórico, as pessoas respondem pela manutenção da vantagem competitiva e cada vez mais cobram da empresa em todas as etapas de seu relacionamento parceria desde a entrada até a saída. Pelo resultado do estudo, os profissionais não querem assistencialismo, querem sim ferramentas para que se tornem competitivos dentro e fora da organização, e na saída preferem benefícios que estejam ligados diretamente com a garantia de sua competitividade no mercado de trabalho. Diferente do modo como as empresas pensam, os profissionais pesquisados valorizam muito mais a política de outplacement como benefício em seu desligamento. Embora no referencial teórico haja a menção do constante aumento de empresas que praticam a demissão planejada e responsável, a pesquisa mostra que um número ainda muito pequeno de organizações adota a política da demissão assistida. Como é muito difícil prever as reações e os sentimentos das pessoas no momento da demissão, o outplacement deve fazer parte da política de Recursos Humanos para todos os níveis.
  • 43. 43 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os processos de demissão assistida têm ganhado cada vez mais espaço no ambiente corporativo. Embora no Brasil o processo ainda esteja lento, está cada vez mais evidente a importância de repensar a relação empregado-empregador para que esta seja o mais harmoniosa possível. As vantagens são evidentes e podem garantir significativo diferencial competitivo às organizações. É o que revela o presente estudo. Como afirma Terra (2008, p.120), “...para a pessoa a demissão pode ter um impacto considerável, tornando-se um fato estressante dos mais destacados. Ele afeta a auto-estima, a segurança, o nível de confiança no futuro, as relações familiares, enfim, tem alto custo em todos os aspectos. Só isso já justifica à empresa criar planos para uma administração humana e consciente das demissões, sejam individuais ou coletivas.” Garantir uma imagem limpa e associada a uma política de responsabilidade social voltada ao público interno é sinônimo de reconhecimento mercadológico e quando bem trabalhado pode se reverter em atratividade na hora de contratar, mas também na seleção dos consumidores, que hoje escolhem seus fornecedores também por sua conduta social e ética. Cabe aqui a idéia de continuidade de estudos que possam trazer novos dados e reflexões sobre as vantagens para as empresas que agreguem à sua marca a imagem de responsável social na hora de demitir. Como já mencionado anteriormente, a assistência na demissão é muito mais comum para profissionais de níveis executivos, mas já existem casos importantes de empresas que estenderam o benefício para os demais níveis, até mesmo operacionais, com resultados concretos. Cabe aqui a idéia de trazer para análise futura informações sobre tais resultados e o impacto causado ma vida pessoal e profissional dos assistidos. Ainda há muito a ser feito no Brasil para ampliar o número de empresas que tenham a consciência de oferecer apoio aos profissionais demitidos, assumindo assim sua responsabilidade no processo.
  • 44. 44 Hoje existe uma multa que as empresas pagam quando demitem profissionais (40% do valor do FGTS). Trata-se de uma punição. Será interessante também o governo brasileiro pensar em uma forma de incentivar as empresas que adotem práticas de apoio aos demitidos, contribuindo assim para o aumento do número de empresas que pratiquem a responsabilidade social empresarial.
  • 45. 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALDAS, M.P. Downsizing, o dia seguinte: consequências organizacionais de demissões coletivas. São Paulo: EAESP/FGV, 2006. CARVALHO, L. Desligamento responsável. Gazeta Mercantil. Disponível em: <http://www.gazetamercantil.com.br> CASTELHANO, L.M. O medo do desemprego e as novas organizações do trabalho. São Paulo: PUCSP, 2005. DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1996. DUTRA, J.S. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São Paulo: Editora Atlas, 2002. FAUZE, N.M. Marketing não existe sem informações. Revista Marketing. São Paulo, n. 290, p. 34-35, dez. 1997. FELIX, L.F.F. O ciclo virtuoso do desenvolvimento responsável em Responsabilidade social das empresas: contribuição das universidades. São Paulo/Petrópolis: Instituto Ethos, v. 2, 2003. GRAJEW, O. Por um mundo mais seguro. Guia da Boa Cidadania Corporativa. São Paulo, 2001. GUIMARÃES, G. Responsabilidade social: um novo modelo empresarial. Disponível em: <http://maisgestao.com.br/site/index.php?option=com_content&task= view&id=185&Itemid=73> Acesso em: 19 fevereiro 2010. LOURENÇO, A.G. & SCHRODER, D.S. Vale investir em responsabilidade social empresarial em responsabilidade social das empresas: contribuição das universidades. São Paulo/Petrópolis: Instituto Ethos, v.2, 2003.
  • 46. 46 MELO NETO, F.P. Gestão da responsabilidade social corporativa. 1. ed. Rio de Janeiro: Qualitimark, 2001. MINAYO, M.C.S. Conhecimento da pesquisa qualitativa em saúde. 2. ed. São Paulo/Rio de Janeiro: Huatec / Abrasco, 1993. SAVIO, E. Sabotagem atinge o alto escalão do Brasil. Valor Econômico. 16 dezembro 2009. Disponível em:<http://www.valor.com.br> TERRA, H. R. Demissão com responsabilidade social. Disponível no www.camaradojapao.org.br TERRA, H. R. Empreendedorismo e excelência em RH. São Paulo: Editora Gente, 2008. TOLFO, S.R. A demissão como geradora de exclusão: o caso dos trabalhadores do setor de telecomunicações. São Paulo: UFSC, 2005.
  • 47. 47 ANEXO I – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA E RESULTADOS 1)Por quanto tempo você trabalhou na última empresa? De 1 a 3 anos 15 28,30% De 3 a 5 anos 13 24,53% De 5 a 10 anos 15 28,30% De 10 a 15 anos 7 13,21% De 15 a 20 anos 2 3,77% Mais de 20 anos 1 1,89% Total 53 Média 2,45 Desvio Padrão 1,25 Variância 1,56 2) Como foi seu processo de desligamento dessa empresa? Fui demitido 15 28,30% Pedi demissão 29 54,72% PDV - Plano de demissão voluntário 1 1,89% Sai, mas continuei como prestador 0 0,00% Outro 8 15,09% Total 53 Média 2,19 Desvio Padrão 1,29 Variância 1,66 Pedi demissão, mas o diretor me demitiu (FGTS.....) - na verdade me ajudou! Saí, em função da venda da empresa, ficando na adquirente. Acordo para saída, fim das atividades da empresa no Brasil. Sai, mas continuei em outra empresa da família Pedi demissão mas negociei parar ter os benefícios do últjmo PDV. Estou há mais de 30 anos no meu primeiro emprego (nunca foi demitido) Acordo. Pedi demissão mas fui desligado. Continuo trabalhando lá 3) Se foi demitido, foi a primeira vez que isso lhe aconteceu ? Sim 15 57,69% Não 11 42,31% Total 26 Média 1,42 Desvio Padrão 0,50 Variância 0,25
  • 48. 48 4) Você percebeu sinais de que haveria demissão na empresa? Sim 24 66,67% Não 12 33,33% Total 36 Média 1,33 Desvio Padrão 0,48 Variância 0,23 5)Você chegou a planejar sua saída? Sim 35 77,78% Não 10 22,22% Total 45 Média 1,22 Desvio Padrão 0,42 Variância 0,18 6)Como foi comunicada sua demissão? Formalmente, por meu superior imediato 23 67,65% Por intermédio do RH da empresa 2 5,88% Informalmente 3 8,82% Por intermédio de consultoria externa 0 0,00% Outro 6 17,65% Total 34 Média 1,94 Desvio Padrão 1,56 Variância 2,42 Other Option [Outro] Comuniquei a meu superior Eu falei que estava saindo, mas o diretor tomou a decisão de me demitir ( para liberar o fundo ) e já me enviou uma carta para eu assinar! Pedi demissão ao superior imediato VP de Marketing + RH Eu comuniquei minha decisão de deixar a empresa 7)Qual sentimento melhor expressa o que você sentiu na hora da demissão? Sentimento de perda 11 22,45% Raiva 6 12,24% Falta de reconhecimento 9 18,37% Alívio 8 16,33% Tranqüilidade 9 18,37% Conformismo 1 2,04% Outro 5 10,20%
  • 49. 49 Total 49 Média 3,43 Desvio Padrão 1,90 Variância 3,63 Other Option [Outro] Insegurança Apreensão sentimento de ter deixado um legado Surpresa pois havia tido minha continuidade na empresa garantida pelo VP de Marketing dias antes Liberdade 8)Você considera(considerou) sua demissão? Justa 14 50,00% Injusta 10 35,71% Porque? 4 14,29% Total 28 Média 1,64 Desvio Padrão 0,73 Variância 0,53 Other Option [Porque?] não fui demitido, pedi demisão - neste aspecto foi justo Pedi demissão para migrar para um "promoção" em outra empresa Não aplicável porque eu solicitei demissão. 9)Os motivos alegados para a sua demissão foram convincentes? Sim 18 60,00% Não 12 40,00% Total 30 Média 1,40 Desvio Padrão 0,50 Variância 0,25 10)Foram-lhe oferecidos benefícios ao se desligar? Extensão da assistência médica 20 32,79% Extensão Assistência odontológica 5 8,20% Continuidade de pagamento de Curso 1 1,64% Outplacement 6 9,84% Manutenção de benefícios 1 1,64% Salário Adicional 7 11,48% Dinheiro 7 11,48% Previdência privada 3 4,92%
  • 50. 50 Cesta básica 0 0,00% Seguro de vida 2 3,28% PDV 1 1,64% Outros 8 13,11% Total 61 Média 4,98 Desvio Padrão 3,91 Variância 15,25 Other Option [ Outros] não Ocorreu indenização e contratação pela nova empresa Não, pois eu pedi demissão Não Veiculo como sai por conta própira não há beneficios Passagem de retorno ao país classe econômica, coaching Nenhum benefício. 11)Independentemente dos benefícios oferecidos pela empresa na hora da demissão, quais benefícios você acredita serem mais vantajosos em uma empresa? Assistência médica 36 17,39% Assistência odontológica 16 7,73% Pagamento de Curso 17 8,21% Outplacement 26 12,56% Coaching e Mentoring 21 10,14% Salário Adicional 14 6,76% Bônus 22 10,63% Previdência privada 19 9,18% Cesta básica 2 0,97% Seguro de vida 11 5,31% Veículo 14 6,76% Equipamentos (notebook, celular, etc) 9 4,35% Outros 0 0,00% Total 207 Média 5,35 Desvio Padrão 3,35 Variância 11,23 Other Option [Outros] 12) Qual é o fator que você considera o maior causador de stress no trabalho? Prazo Curtos 16 21,05% Competitividade 9 11,84% Problemas com os pares 14 18,42% Relacionamento com a chefia imediata 18 23,68% Excesso de Viagens 3 3,95%
  • 51. 51 Necessidade de atualização constante 6 7,89% Outros 10 13,16% Total 76 Média 3,54 Desvio Padrão 1,98 Variância 3,93 Other Option [Outros] conflitos e desorganizacao. Papeis entre areas nao claros Politicagem Politicagem excessiva sem relação nenhuma com os reais objetivos da companhia busca por redução de custos sem embasamento Gestao por conflito e falta de priorizacao baixa oportunidade de cescimeto pressiona para a busca exterana e medo interno para manter os atuais postos/cargos Falta de oportunidades, comportamento conformista dos pares, falta de reconhecimento de profissionais com iniciativa, etc As empresas perdem muito por não ouvir de forma efetiva os funcionários. Líderes mal preparados ou não preparados. redução de quadro de funcionários e consequente acumulo de responsabilidades Solicitamos o preenchimento de informações individuaisSEXO Masculino 42 82,35% Feminino 9 17,65% Total 51 Média 1,18 Desvio Padrão 0,39 Variância 0,15 FAIXA ETÁRIA De 18 a 25 0 0,00% De 26 a 30 1 1,96% De 31 a 40 30 58,82% De 41 a 50 18 35,29% De 51 a 60 2 3,92% Acima de 60 0 0,00% Total 51 Média 3,41 Desvio Padrão 0,61 Variância 0,37 ÁREA DE ATUAÇÃO Administrativa 6 10,34% Comercial 17 29,31% Compras/Logística 6 10,34%
  • 52. 52 Financeira 8 13,79% Industrial 2 3,45% Jurídica 1 1,72% Comunicação 5 8,62% RH 0 0,00% TI 4 6,90% Outra 9 15,52% Total 58 Média 4,60 Desvio Padrão 3,20 Variância 10,21 IDIOMAS Espanhol 39 37,14% Inglês 51 48,57% Italiano 3 2,86% Japonês 0 0,00% Alemão 4 3,81% Francês 8 7,62% Total 105 Média 2,08 Desvio Padrão 1,41 Variância 1,97