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A
s pessoas que viveram a segunda me
tade do século XVIII, testemunharam
assustadas a derrubada do absolutis-
mo na França e a execução do rei que governava a
nação mais imponente do continente europeu. A velo-
cidade das transformações virava o mundo de cabeça
para baixo. Para completar esse quadro de mudanças
uma outra revolução tomava forma na Inglaterra, irra-
diando-se mais tarde, em outros países da Europa,
Estados Unidos e Japão. Quando seus efeitos foram
mais visíveis, em 1820, esse momento fantástico da
História recebeu no “batismo”, o nome de Revolução
Industrial. O impacto econômico e social foi tão gran-
de que, daí para frente, o mundo seria dividido: em
países em condições de desenvolvê-la e as nações de-
pendentes de suas novidades e da força de seu capital.
A euforia com a industria procedia, afinal, a
humanidade havia percorrido um lon-
go e árduo caminho até a imple-
mentação da indústria. Retrocedendo
ao Antigo Oriente, lembramos das des-
lumbrantes pirâmides e suntuosos tem-
plos de arrojados cálculos matemáti-
cos e fantásticas disposições arqui-
tetônicas.
Alem disso, os egípcios canali-
zaram a água do Nilo através de um
engenhoso e complexo sistema de ir-
rigação. Na Mesopotâmia, as cheias
dos rios Tigre e Eufrates exigiram a
construção de contenções que evitas-
sem as perigosas enchentes.
Gregos e romanos engendra-
ram uma arte inigualável, além de pro-
curar a explicação dos fenômenos da
natureza através da observação cien-
tífica.
Nessas duas civilizações a ciência desligada da
influência religiosa, permitiu importantes conclusões que
abriram caminho para a posteridade. Na matemática,
os teoremas de Pitágoras foram a base de futuras des-
cobertas. O princípio da alavanca criado por
Arquimedes, foi durante décadas, a mais importante
invenção mecânica da humanidade. Como se vê, em
maior ou menor grau, os povos da Antiguidade conse-
guiram notáveis avanços, que possibilitaram o domínio
da natureza e a edificação de um imenso patrimônio
científico.
Entretanto, o fabuloso legado cultural dos po-
vos da Antigüidade não gerou a descoberta de técnicas
que amenizassem o trabalho e o esforço humano. Ex-
plica-se a “falha”, pela utilização de abundante mão-
de-obra escrava, facilmente obtida nas guerras de con-
quista.
“Temos informações críveis de que há uma máquina a vapor preparando-se
agora para correr contra qualquer égua, cavalo ou capão que possa aparecer no
próximo encontro de outubro em Newmarket; no momento, as apostas estão
fixadas em 10 mil libras; a máquina é a favorita.”
Times - 8 de julho de 1808.
Uma carruagem
atravessa uma
ponte de ferro
em Shopshire,
nesta pintura
feita logo após o
término da
ponte, em 1780
ARevoluçãoIndustrial
As grandes obras foram construídas com o tra-
balho de milhares de homens relegados à condição de-
sumana da escravidão. Em conseqüência, eventuais ino-
vações técnicas eram encaradas como agentes de desa-
gregação e alteração da ordem vigente.
IDADE MÉDIAIDADE MÉDIAIDADE MÉDIAIDADE MÉDIAIDADE MÉDIA
No alvorecer dos tempos medievais, o desen-
volvimento da produção restringiu-se ao nível domés-
tico. Entretanto, após o século X várias técnicas reno-
varam a produção agrícola. Com efeito, a rotação trienal
das culturas possibilitou melhor aproveitamento do solo.
A utilização de ferraduras nos cavalos permitiu encur-
tar o tempo das viagens sem o sacrifício dos animais. O
arado de metal substituiu o precário arado de madeira,
multiplicando a produção agrícola e melhorando a qua-
lidade de vida da população. A força dos moinhos de
vento e dos moinhos d’água facilitou as atividades
metalúrgicas movimentando os foles, martelos etc.
No final da época medieval o renascimento do
comércio valorizou o artesanato e a produção
manufatureira. Muitas manufaturas surgiram do pró-
prio artesanato espremidas pelo aumento da produção
e a expansão do ativo mercado das cidades. O desen-
volvimento estimulou vôos mais ousados.
A partir do século XV, algumas manufaturas
inglesas já apresentavam o porte de pequenas indús-
trias. Precárias máquinas de fiar já eram utilizadas em
várias manufaturas têxteis. Mas vamos com calma! No
geral, ainda predominava o artesanato doméstico con-
tido pelas rigorosas imposições das corporações, em-
purrando as inovações mais contundentes para os sé-
culos posteriores.
“Houve assim na Idade Média, uma lenta su-
bida de forças, de inteligência prática. Além desses
motores elementares no correr dos rios e dos ventos é
possível falar de muitos outros inventos dessa época,
alguns só sonhados, outros realizados, como os ócu-
los, as lunetas, o relógio, a ferradura e as armas ne-
cessárias para as guerras constan-
tes do período, entre tantas ou-
tras. Estas últimas contribuí-
ram para incrementar o desen-
volvimento da metalurgia
do ferro e receberam impul-
so grande com a divulga-
ção da pólvora, invento atri-
buído aos chineses. Sob esse
aspecto, é interessante observar
que a China já conhecia a fun-
dição do ferro desde o século V
a.C.” 2
Na Idade Moderna o mundo europeu des-
pertou para a conquista de regiões nos quatro cantos
do planeta. Os Estados atlânticos montaram um arse-
nal colonial que implicava em viagens constantes em
longas distâncias, levando-os a desenvolver novas
técnicas de navegação. O contato comercial com várias
regiões dinamizou o comércio, trazendo prosperidade
para a burguesia.
Os bancos ganharam nova feição, movimen-
tando um volume de capital impensável até então. Co-
merciantes europeus adquiriam um “status” financeiro
inexistente na época feudal. O boom financeiro impôs
o desabrochar da atividade industrial, livrando a pro-
dução manufatureira das barreiras e obstáculos que
impediam o desenvolvimento.
“O certo é que, se antes
havia máquinas, contavam
sobretudo as ferramentas ou
utensílios, que ajudavam o
trabalho, mas não o
substituíam”.
R. Ashley
Nesta ilustração
de 1814, uma
jovem usa a
tradicional roda
de fiar enquanto
uma mulher mais
velha enrola os
fios produzidos
em meada.
ARevoluçãoIndustrial
O PIONEIRISMO INGlêSO PIONEIRISMO INGlêSO PIONEIRISMO INGlêSO PIONEIRISMO INGlêSO PIONEIRISMO INGlêS
O
declínio do feudalismo ge
rou inúmeras alterações em
toda a Europa ocidental.
Contudo, na Inglaterra as mudanças pa-
tentearam-se mais latentes criando o clima
ideal para o pioneirismo industrial. No as-
pecto político o país nasceu diferente dos
demais, pois a Magna Carta limitava as ações do rei
evidenciando o poder do Parlamento. No século XVII,
explodiram as tensões quando a monarquia pretendeu
domesticar os indomáveis burgueses. A guerra civil
de 1640-1648 teve como conseqüência o fim das pre-
tensões absolutistas e morte do rei em praça pública.
A derrubada da monarquia absoluta alçou a
burguesia ao poder. Em 1689, a Declaração dos Direi-
tos transferiu ao Parlamento o poder de governar a
nação. Para sorte dos ingleses as regras conservado-
ras do mercantilismo foram banidas e substituídas por
medidas de caráter liberal. O investimento maciço nas
manufaturas distinguiu a economia inglesa deixando
para trás as outras nações européias.AHolanda, even-
tual concorrente, foi golpeada mortalmente com osAtos
de Navegação, de Cronwell, em 1652. Com isso tirou
dos holandeses a lucrativa fonte de renda baseada no
transporte das inúmeras mercadorias inglesas.
De outro lado, as mudanças políticas e econô-
micas dos países concorrentes andavam a passo de
tartaruga. Na França, o feudalismo só foi definitiva-
mente extinto na revolução de 1789. O atraso do país
ficou patente no esforço de Napoleão, em competir
com a Inglaterra no frustrado Bloqueio Continental.
Com outros problemas, Alemanha a Itália sofreram o
peso da fragmentação política, até a tardia unificação
de 1870.ARússia, embora despontasse como gigante,
carecia de financiamento externo.
Na Inglaterra o desenvolvimento acelerado da
economia surtiu efeitos positivos na configuração do
mundo rural. No início da época moderna, o
fenômeno dos cercamentos praticamen-
te eliminou o que restava de feudalismo.
Muitas terras destinadas à agricultura
foram usadas na criação de carneiros e
ovelhas. A partir do século XVI, as
áreas rurais inglesas se integraram às
grandes cidades fornecendo a maté-
ria prima - lã - utilizada em larga escala na produção de
tecidos.As modificações de cunho capitalista, implan-
taram uma a estrutura dinâmica e promissora para os
empresários que viviam dessas atividades. No que se
refere ao trabalho, a criação de animais de pequeno
porte, excluiu centenas de camponeses de suas ativida-
des originais. Sem opção, a maioria migrava para as
cidades, tornando-se mão-de-obra barata, “engordan-
do” os lucros dos proprietários de manufaturas.
“Perdeu a agricultura, no primeiro momento,
depois ganhou em racionalidade e produtividade. Ga-
nhou a indústria, com fácil recrutamento de mão-de-
obra: se lhe faltava a princípio formação técnica, com-
pensava com a aceitação de pequeno salário. Como
diz Mantoux, formarão a multidão trabalhadora, o
povo anônimo das fábricas, o exército da revolução
industrial. Antes, dispersos nos campos abertos, tinham
suas pequenas atividades artesanais ou
manufatureiras.
Comerciantes e
fabricantes de
roupas
comparam a
qualidade e os
preços das
mercadorias,
nesta ilustração
de 1814.
“A locomotiva é mais
assombrosa máquina
jamais inventada”
The Observer. 1808
Caldeira
hemisférica da
bomba de
Newcomen.
1788
ARevoluçãoIndustrial
Agora, com as demarcações elas
desaparecem e surgem as fábricas. Se
os latifúndios podem ter produção agrí-
cola melhor - e tiveram, pela técnica e
assistência dos donos - o mesmo se dá
com as fábricas. Elas fazem estrutura
industrial sólida, não as antigas inici-
ativas domésticas, pequenas, mal equi-
padas e de produção ínfima. Desenvol-
ve-se a economia de mercado: tudo tem
de ser adquirido, se não se vive em cam-
pos livres, mas em núcleos urbanos. Era
mais um golpe no feudalismo.” 4
Emmeioàmaréfavoráveldecres-
cimento, a Inglaterra ainda teve a “aju-
da” de Portugal após a assinatura do
tratado de Methuen, em 1702, facilitando a transferên-
cia de toneladas de ouro para os cofres ingleses. A
supremacia nas manufaturas cobria a lacuna da falta de
colônias, levando a Inglaterra a realizar ostensivo co-
mércio indireto com as colônias das outras nações. Em
comparação com Espanha e Portugal, a quantidade de
colônias inglesas beirava ao ridículo, mas no final das
contas não fazia muita diferença, porque esses países
eram dependentes do fornecimento de mercadorias in-
glesas. Portugal era quase que um refém da Inglaterra.
Em várias oportunidades ajoelhou-se diante do “alia-
do”, vide a época do Bloqueio Continental.
A Inglaterra usou e abusou de sua geográfica
privilegiada. O extenso litoral foi coberto de portos e
cidades desenvolvidas. Em meados do século XVII a
esquadra inglesa já era a maior do mundo, deixando a
vacilante Holanda para trás. Os navios serviam para o
transporte de mercadorias e cumpriam o papel de mu-
ralha que impedia a invasão do país. A escassez de ter-
ras férteis foi compensada com inúmeras reservas de
carvão e ferro, fontes preciosas de matéria-prima e ener-
gia industrial.
A MÁQUINA E OS HOMENSA MÁQUINA E OS HOMENSA MÁQUINA E OS HOMENSA MÁQUINA E OS HOMENSA MÁQUINA E OS HOMENS
O mercado manufatureiro foi alvoroçado com
a descoberta da lançadeira volante, em 1733, por John
Kay. Mais tarde, em 1768, James Hargreawes aperfei-
çoou a máquina de fiar acrescentando vários fusos,
tornando-a mais fácil de operar, simplificando bastan-
te a produção têxtil. Em 1768, Richard Arkwright de-
senvolveu a utilização da energia por ação da água nas
fábricas têxteis.
A técnica empregada assemelhava-se ao siste-
ma dos moinhos e tinha como inconveniente, a obriga-
ção de instalar as fábricas na beira dos rios. Essa
tecnologia foi considerada precursora das grandes in-
venções do tear automático, de Cartwright, em 1787 e
da máquina a vapor de James Watt, em 1780. Dois
fatos marcantes que levaram alguns historiadores a si-
tuar nessas duas invenções, a referência tecnológica
para o início da Revolução Industrial.
No início as dificuldades eram imensas. O cus-
to de implantação e utilização de maquinário era alto.
Poucas pessoas dispunham-se a arriscar o capital em
empreendimentos arriscados e inovadores. Um exem-
plo nada estimulador, era o próprio James Watt que
foi à bancarrota ao desenvolver o projeto da máquina
a vapor. Por isso, as primeiras indústrias cresceram e
se desenvolveram nos estreitos limites dos investimen-
tos familiares. Aos poucos, intrépidos e corajosos in-
vestidores foram acreditando que o investimento na
indústria tinha tudo para se tornar um grande negócio.
OTempo da História
1689
REVOLUÇÃO
GLORIOSA NA
INGLATERRA
1703
TRATADO
DE METHUEN
C/ PORTUGAL
1769
TEAR
MECÂNICO
1765
MÁQUINA
A VAPOR
1789 - REVOLUÇÃO FRANCESA
Aqueduto de
Barton ligando
Worsley ao canal
Manchester. Tal
como este, a
maioria dos canais
era financiada por
industriais que se
beneficiavam com
o transporte mais
rápido e eficiente.
“Formarão a multidão trabalha-
dora, o povo anônimo das fábricas, o
exército da Revolução Industrial”.
P. Mantoux
ARevoluçãoIndustrial
As condições melhoraram sensivelmente, em
1784, quando Henry Cort descobriu a forma de pro-
duzir quinze toneladas de ferro, com alto teor de resis-
tência. Até então, o ferro era processado com muita
dificuldade, o que encarecia seu valor final, conseqüen-
temente encarecendo o tear mecânico e a máquina à
vapor. A revolucionária tecnologia tornou a fabrica-
ção do ferro um processo simples e de fácil manipula-
ção. A partir daí, nas grandes construções substituiu-
se a madeira pelo ferro, que era mais barato, mais du-
rável e muito mais resistente. Ferrovias, pontes, estru-
turas de prédios e navios de grande porte, tornaram-se
a vitrine do desenvolvimento e símbolo das vantagens
da indústria.
O uso da tecnologia do vapor é bem anterior a
Revolução Industrial. Desde a Idade Antiga, utiliza-
va-se uma espécie de turbina primitiva que continha
vapor aquecido, só que para torná-lo útil era preciso
criar um local que pudesse suportar altas pressões. Esse
fator de risco atrasou o uso do vapor por vários sécu-
los, até que Watt inventasse a caldeira adequada sem
riscos de explosões. Algumas tentativas do final do
século XVII esbarraram na dificuldade do excessivo
consumo de carvão.
O inventor Thomas Newcomen conseguiu aper-
feiçoar a máquina permitindo que ela fosse utilizada
em várias minas e manufaturas, mas mesmo assim ain-
da estava longe do padrão ideal. Em 1764, o invento
de Newcomen chegou às mãos de James Watt, que
descobriu o motivo da imperfeição. Com a alteração
do projeto anterior, a máquina passou a utilizar um
cilindro com a mesmo temperatura do vapor. Explo-
rando esse caminho, Watt foi melhorando a tecnologia
até possibilitar que a máquina a vapor servisse de for-
ça motriz para inúmeras atividades industriais.
Asubstituição da energia humana e animal pela
força do vapor, foi a alma da Revolução Industri-
al. “Inovadores de todos os campos logo perce-
beram as possibilidades excitantes, apresentadas
pela nova tecnologia e apressaram-se em usá-
la. O manufatureiro de ferro John Wilkinson de-
monstrou as vantagens do ferro barato de alta
qualidade ao construir, em 1779, a primeira
ponte de ferro do mundo; mais tarde, ele fez
barcaças, uma capela e - por fim - seu próprio caixão
com esse material. E fortunas colossais foram acumu-
ladas por homens como Samuel Whitbread, o magna-
ta da cerveja, e Josiah WedgWood, de Stafordshire,
que introduziu a energia a vapor na produção de ar-
tefatos de cerâmica. Em 1801, a Grã-Bretanha já ex-
portava mercadorias de uma qualidade sem preceden-
tes. Naquele ano, cerca de dois milhões de toneladas
de produtos partiram dos portos ingleses - mais do
que o triplo do volume de quarenta anos antes.” 5
Em pouco tempo, a maior parte das indústrias
utilizava o vapor como fonte de energia, obtendo ine-
gáveis resultados de aumento de produção. Os trans-
portes foram renovados com a construção de navios
em condições de atravessar o Atlântico em tempo re-
corde. Os tripulantes do barco Savannah ti-
veram o privilégio de estar no primeiro na-
vio, que mesclou impulso das velas e ajuda
do vapor. Em 1840, companhias de trans-
porte regular levaram passageiros de um lado
a outro do mundo. A geografia inglesa aju-
dou no crescimento do transporte marítimo,
afinal de contas, o país é uma ilha cortada
por inúmeros rios e canais. Os diversos por-
tos facilitaram a comunicação interna e a li-
gação do país com o resto do mundo. Em
sintonia com a revolução marítima e fluvial,
no final do século XIX, o mundo ficaria “me-
nor” após a inauguração do Canal do Pana-
má e Canal de Suez.
Junto com os navios apareceram as
locomotivas. A antiga “Maria-Fumaça” como era ape-
lidada, desenvolvia a “fantástica velocidade” de 25 qui-
lômetros por hora. A primeira linha de transporte regu-
lar, interligou as importantes cidades de Liverpool e
Manchester. Em seguida, multiplicaram-se os trilhos por
todo o país e, mais tarde, pelo mundo inteiro. As ferro-
vias tornaram-se sinônimo de progresso e desenvolvi-
mento.
Construí-las, representava o engajamento na in-
dústria de bens de capital, capaz de movimentar um
grande número de investimentos, inclusive de sócios
anônimos. Em volta das ferrovias desenvolveu-se uma
infra-estrutura de emprego direto e indireto para milha-
res de pessoas. A construção de uma ferrovia dependia
do suporte de pontes, locomotivas, vagões, trilhos, dor-
mentes, estações de embarque etc. À medida que os
trens foram aumentando a velocidade, aceleraram a vi-
agem do capitalismo como um todo, permitindo um
grande salto, nas comunicações e transporte de merca-
dorias.
Na gravura,
produção de
carvão com
utilização da
máquina a
vapor.
ARevoluçãoIndustrial
O
contexto político europeu do início do
século XIX, era extremamente favorá
vel ao crescimento inglês. As guerras
napoleônicas impediram que os países diretamente en-
volvidos no conflito, pudessem deslocar recursos para
o desenvolvimento da indústria. A tentativa de Napoleão
de cercear o comércio inglês através do Bloqueio Con-
tinental resultou num grande fiasco, revertendo o “fei-
tiço contra o feiticeiro”. Os ingleses aproveitaram o
momento para estreitar os laços de comércio com as
colônias americanas que, logo em seguida, se tornari-
am independentes. No século XIX, a Inglaterra exer-
ceu o papel de tutora econômica e mentora política dos
países da América do Sul. O estandarte do crescimento
inglês era a construção de ferrovias, exigindo dos po-
bres países latino-americanos a submissão aos emprés-
timos para a aquisição de tecnologia e maquinário das
ferrovias.
Em 1815, a derrota de Napoleão consolidou a
hegemonia britânica. O continente europeu havia sido
devastado pelas batalhas que disseminaram a destrui-
ção em diversas regiões. Na década seguinte, caberia à
Inglaterra o encargo de abastecer os países anterior-
mente envolvidos no conflito. Deixando os eventuais
concorrentes para trás poderia a Inglaterra, partir mais
rapidamente para uma série de conquistas coloniais. As
colônias anexadas passaram a gravitar na órbita indus-
trial como fornecedoras de matéria-prima. O pior en-
cargo ficaria para a Índia, reduzida à condição de mera
fornecedora de algodão, para alegria da indústria têxtil
inglesa. A cidade de Liverpool, que mais tarde seria a
terra dos Beatles, tornou-se o porto de desembarque
do algodão indiano.
“A indústria algodoeira foi assim lançada como
um planador, pelo empuxo do comércio colonial ao
qual estava ligada; um comércio que prometia uma
expansão não apenas grande, mas rápida e sobretudo
imprevisível que encorajou o empre-
sário a adotar as técnicas revolucio-
nárias necessárias para lhe fazer face.
Entre 1750 e 1769, a exportação bri-
tânica de tecidos de algodão aumen-
tou mais de dez vezes. Assim, a recom-
pensa para o homem que entrou pri-
meiro no mercado com as maiores
quantidades de algodão era astronômica e valia os
riscos da aventura tecnológica. (...)
Em termos de vendas, a revolução Industrial
pode ser descrita com exceção dos primeiros anos da
década de 1780, como a vitória do mercado exporta-
dor sobre o doméstico; por volta de 1814, a Grã-
Bretanha exportava cerca de quatro jardas de algo-
dão para cada três usadas internamente, e, por volta
de 1850, treze para cada oito. E dentro deste merca-
do exportador em expansão, por sua vez, os merca-
dos colonial e semi·colonial, foram por”. muito tem-
po os maiores pontos de vazão para os produtos bri-
tânicos triunfarem.” 6
OS DONOS DO MUNDOOS DONOS DO MUNDOOS DONOS DO MUNDOOS DONOS DO MUNDOOS DONOS DO MUNDO
Em meados do século XIX, os negócios avan-
çaram com a ampliação da participação
nos lucros das grandes empresas, refle-
tindo-se na criação do Mercado de Ações
da Bolsa de Valores. Para atuar nesse
mercado promissor, muitas empresas se
tornaram Sociedades Anônimas. Em
1844, o Parlamento inglês aprovou a lei
que liberava as empresas para a forma-
ção de companhias de ações.Apartir daí
qualquer pessoa poderia investir nas
companhias, despertando o sonho de ga-
nhar fortunas em tempo recorde. As
ferrovias tiveram um papel importante na
expansão das SociedadesAnônimas, exi-
gindo dos “executivos” da época, o co-
nhecimento sobre cotações de ações das
ferrovias da África, Ásia eAmérica Latina.
Nessa altura, a Revolução Industrial sairia dos
limites da Inglaterra. Outros países, finalmente, con-
seguiram acelerar o passo das mudanças econômicas.
Coincidentemente, em 1830, a França concretizava a
Revolução Liberal, enquanto os Estados germânicos
adotavamoZollverein,eliminandoareminiscênciasdas
barreiras alfandegárias. A Itália, embora engatinhando,
desenvolvia indústrias no norte, na região do Piemonte.
A Rússia também entrou na briga, com as precárias
“armas” que dispunha desenvolvendo “meia dúzia” de
indústrias, em poucas cidades do lado ocidental do im-
pério. Fora da Europa, encontramos EUA e Japão ex-
pandindo um padrão industrial moderno e produtivo.
Mais adiante, em outro capítulo, analisaremos os efei-
tos dessa competição.
AEuropa de 1815
Gravura de 1758
mostra uma
usina de carvão
e utilização da
maquina a vapor
ARevoluçãoIndustrial
C
om efeito, a Revolução Industrial mu
dou o retrato do mundo, mas, nem tudo
foi júbilo e desenvolvimento. No aspec-
to social os efeitos foram desiguais, com padrões in-
suportáveis de sobrevivência. Os viajantes da época,
descreveram comoventes narrativas do cotidiano nas
sociedades industrializadas, ressaltando a brutal desi-
gualdade social. A indústria configurou a diferença da
minoria - dona do capital e das indústrias - e a imensa
maioria - detentora apenas, de sua força de trabalho,
socialmente classificada como proletariado. Com o
atrativo industrial, milhares de pessoas migraram do
campo para as cidades, à procura de melhores condi-
ções de vida. O fenômeno suscitou a inversão
populacional, provocando o crescimento desordenado
das cidades, contrastando bairros ricos, com as fave-
las construídas nas encostas e terras abandonadas. Na
Inglaterra, em 1850, cerca de 55% da população aglo-
merava-se nos centros urbanos.
O jovem escritor americano Herman Melville,
ao desembarcar em Liverpool em 1839, após sua pri-
meira viagem como marinheiro mercante, ficou
horrorizado.“Pobreza, pobreza, pobreza em perspec-
tivas quase infindáveis: e carência e desgraça cam-
baleando de braços dados por essas ruas miseráveis”,
escreveu ele mais tarde.Melville lembrava de estar ca-
minhando por um beco, passar por um gradil aberto ,
ouvir um gemido de doer na alma e espiar para den-
tro na escuridão:“ali, cerca de quinze pés abaixo da
calçada, agachada numa imundície indescritível, com
a cabeça inclinada,estava
a figura do que fora uma
mulher. Seus braços azuis
cingiam no colo lívido duas
coisas mirradas como cri-
anças, que se inclinavam
em direção a ela, um de
cada lado. A princípio eu
não sabia se estavam vivas
ou mortas”. 7
O preço mais baixo
dos produtos industrializados foi uma “camisa de for-
ça” para o artesanato que, via de regra, não suportava a
concorrência. A competição desleal estrangulou a pe-
quena empresa de perfil artesanal, reduzindo o traba-
lhador artesão à condição de mão-de-obra excedente
das indústrias. Nas fábricas o trabalho era penoso em
demasia.Emgeral,ajornadadiáriaerade12horas,quase
sem descanso. A inexistência de legislação trabalhista
deixou os trabalhadores à mercê da ganância de
empresários inescrupulosos.
Na Inglaterra, as primeiras expressões de pro-
testo contra essa aberração ocorreram na Revolta
Ludista, em 1812, quando centenas de operários que-
braram as máquinas, destruindo instalações e equipa-
mentos fabris. Mais tarde, em 1830, surgiu o Movimen-
to Cartista, expressando politicamente o empenho dos
operários de diversas regiões inglesas, reivindicando
melhores salários e condições de trabalho.
No restante do continente, os operários amar-
garam a organização precária e atravessaram o século
XIX, penando para conseguir pequenas mudanças. Só
após a I Guerra Mundial ocorreriam avnços sociais e
políticas perceptíveis, mesmo assim, nos países mais
ricos. Nos outros,
prevaleceria,pormui-
to tempo, o “capita-
lismo selvagem”.
O trabalho das
crianças e das mulhe-
res era utilizado com
freqüência, por ser
mais barato represen-
tando um custo menor
para as indústrias. Em
1842, foi aprovada na
Inglaterra,umalegisla-
ção proibindo a admis-
são de mulheres e cri-
anças para o trabalho
no interior das minas
de carvão, condicionando
ainda, o menor de idade à edu-
cação obrigatória. Apesar de co-
erente, a lei esbarrava na falta de
escolas e na precariedade da renda familiar. Em conse-
qüência, as crianças das famílias mais pobres eram obri-
gadas a aceitar o trabalho para completar o provento
familiar. Qualquer semelhança com a atualidade, não é
mera coincidência!
O outro lado do sonho
“Desta vala imunda a maior
corrente da indústria humana flui
para fertilizar o mundo todo. Deste
esgoto imundo jorra ouro puro.
Aqui a humanidade atinge o seu
mais completo desenvolvimento e
sua maior brutalidade, aqui a civi-
lização faz milagres e o homem
civilizado torna-se quase um
selvagem” 1
ARevoluçãoIndustrial
“A fábrica inaugurou também um novo siste-
ma de produção, tornando o processo de trabalho um
dado objetivo e independente do trabalhador. Com
isso queremos dizer, que o rendimento da produção
não está mais dependente das condições individuais
de cada trabalhador. A nova fábrica tornou possível
o estudo objetivo destes fatores de produção,
aumentando as possibilidades de associação da pro-
dução com a ciência. Além disso, o trabalho fabril se
caracterizou desde o início por uma acentuada divi-
são de trabalho no seu interior. A associação de um
número cada vez maior de produtores passou a ser
uma exigência técnica da produção. Neste sentido, a
fábrica socializou a produção, e por isso gerou um
novo tipo de trabalhador: o operário.” 8
A Urbanização, segundo MarwinA Urbanização, segundo MarwinA Urbanização, segundo MarwinA Urbanização, segundo MarwinA Urbanização, segundo Marwin
PerryPerryPerryPerryPerry
“Devido à industrialização, as cidades cres-
ceram em número, tamanho e população. Antes
de 1800, cerca de 10 % da população européia
vivia em cidades; a Inglaterra e os Países Baixos
estavam à frente do caminho para a urbanização,
com 20 % de suas populações concentradas nas
cidades.
Apenas 45 cidades no mundo tinham mais
de 100.000 pessoas vivendo nelas. Mas mesmo
na metade do século XIX, quando 52 % dos ingle-
ses estavam vivendo em cidades, somente com
25 % dos franceses, 36 % dos alemães, 7 % dos
russos e apenas 10% dos habitantes dos Estados
Unidos ocorria o mesmo. 0 enorme deslocamento
da zona rural para a urbana como moradia, tanto
na Europa como nos Estados Unidos, veio a acon-
tecer no século XX.
As cidades industriais do século XIX parti-
cularmente na Inglaterra, cresceram rapidamente,
sem planejamento ou muita regulamentação. Um
longo período de desenvolvimento industrial teve
lugar na Inglaterra, com algumas tentativas para
controlar ou regulamentar esse desenvolvimento.
0 orgulho cívico e o patrocínio privado eram as
únicas forças de combate aos efeitos da iniciativa
privada não regulamentada. No continente euro-
peu, onde a industrialização chegou mais tarde,
houve mais preocupação com o planejamento ur-
bano. Os Estados continentais mostravam-se
mais dispostos a regulamentar tanto a indústria
como o desenvolvimento urbano.
Um crescimento tão acentuado, com tão
pouco planejamento ou controle, deixava. as
cidades com serviços sanitários precários, ne-
nhuma iluminação, moradias ruins, transporte
deficientee pouca segurança. Os ricos, como os
pobres, sofriam nesse ambiente de doenças,
crimes e fealdade, embora os pobres obviamen-
te padecessem mais. 0 governo e as firmas re-
lutavam com frequencia em lançar mão de im-
postos para remediar tais condições. Quase una-
nimemente, aqueles que escreveram acerca de
cidades industriais, como Manchester, Leeds,
Liverpool e Lyon, descrevem o mau cheiro, a
imundície, o ajuntamento inumano, a pobreza e
a imoralidade. Os romancistas Charles Dickens,
Victor Hugo e Émile Zola captaram os horrores
da vida industrial e das más condições dos po-
bres. Alexis de Tocqueville descreveu assim a
fossa sanitária de Manchester: “desse pútrido es-
coadouro flui a maior corrente de energia huma-
na para fertilizar o mundo todo. Dessa cloaca
imunda, o puro ouro flui. Aqui a humanidade atin-
ge seu desenvolvimento mais completo e o seu
maior embrutecimento; aqui a civilização opera
os seus milagres e o homem civilizado se con-
verte quase num selvagem”. In Civilização Ocidental.
Uma História Concisa. Martins Fontes Editora. Pág 542
1 In. Alexis de Toqueville. A respeito de
Manchester em 1835.
2 In. Canêdo, Letícia Bicalho. A Revolu-
ção Industrial. Coleção Discutindo a História. Atu-
al Editora. Pág. 14.
3
In. Iglésias, Francisco. A Revolução
Industrial. Coleção Tudo é História. Editora
Brasiliense. Pág. 41/42.
4
In. Iglésias, Francisco. Op. Cit. Pág. 80.
5
In. Overy, Richard. A Indústria na Grã-
Bretanha. A Força da Iniciativa Coleção Time-
Life.. Abril Livros Editora. Pág.58.
6
In. Hobsbawn, Eric J. A Era das Revoluções.
1789-1848. Editora Paz e Terra. Pág. 51.
7
In. Overy, Richard. A Indústria na Grã-
Bretanha. A Força da Iniciativa. Coleção Time-
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A ascensão da Revolução Industrial na Inglaterra

  • 1. A s pessoas que viveram a segunda me tade do século XVIII, testemunharam assustadas a derrubada do absolutis- mo na França e a execução do rei que governava a nação mais imponente do continente europeu. A velo- cidade das transformações virava o mundo de cabeça para baixo. Para completar esse quadro de mudanças uma outra revolução tomava forma na Inglaterra, irra- diando-se mais tarde, em outros países da Europa, Estados Unidos e Japão. Quando seus efeitos foram mais visíveis, em 1820, esse momento fantástico da História recebeu no “batismo”, o nome de Revolução Industrial. O impacto econômico e social foi tão gran- de que, daí para frente, o mundo seria dividido: em países em condições de desenvolvê-la e as nações de- pendentes de suas novidades e da força de seu capital. A euforia com a industria procedia, afinal, a humanidade havia percorrido um lon- go e árduo caminho até a imple- mentação da indústria. Retrocedendo ao Antigo Oriente, lembramos das des- lumbrantes pirâmides e suntuosos tem- plos de arrojados cálculos matemáti- cos e fantásticas disposições arqui- tetônicas. Alem disso, os egípcios canali- zaram a água do Nilo através de um engenhoso e complexo sistema de ir- rigação. Na Mesopotâmia, as cheias dos rios Tigre e Eufrates exigiram a construção de contenções que evitas- sem as perigosas enchentes. Gregos e romanos engendra- ram uma arte inigualável, além de pro- curar a explicação dos fenômenos da natureza através da observação cien- tífica. Nessas duas civilizações a ciência desligada da influência religiosa, permitiu importantes conclusões que abriram caminho para a posteridade. Na matemática, os teoremas de Pitágoras foram a base de futuras des- cobertas. O princípio da alavanca criado por Arquimedes, foi durante décadas, a mais importante invenção mecânica da humanidade. Como se vê, em maior ou menor grau, os povos da Antiguidade conse- guiram notáveis avanços, que possibilitaram o domínio da natureza e a edificação de um imenso patrimônio científico. Entretanto, o fabuloso legado cultural dos po- vos da Antigüidade não gerou a descoberta de técnicas que amenizassem o trabalho e o esforço humano. Ex- plica-se a “falha”, pela utilização de abundante mão- de-obra escrava, facilmente obtida nas guerras de con- quista. “Temos informações críveis de que há uma máquina a vapor preparando-se agora para correr contra qualquer égua, cavalo ou capão que possa aparecer no próximo encontro de outubro em Newmarket; no momento, as apostas estão fixadas em 10 mil libras; a máquina é a favorita.” Times - 8 de julho de 1808. Uma carruagem atravessa uma ponte de ferro em Shopshire, nesta pintura feita logo após o término da ponte, em 1780
  • 2. ARevoluçãoIndustrial As grandes obras foram construídas com o tra- balho de milhares de homens relegados à condição de- sumana da escravidão. Em conseqüência, eventuais ino- vações técnicas eram encaradas como agentes de desa- gregação e alteração da ordem vigente. IDADE MÉDIAIDADE MÉDIAIDADE MÉDIAIDADE MÉDIAIDADE MÉDIA No alvorecer dos tempos medievais, o desen- volvimento da produção restringiu-se ao nível domés- tico. Entretanto, após o século X várias técnicas reno- varam a produção agrícola. Com efeito, a rotação trienal das culturas possibilitou melhor aproveitamento do solo. A utilização de ferraduras nos cavalos permitiu encur- tar o tempo das viagens sem o sacrifício dos animais. O arado de metal substituiu o precário arado de madeira, multiplicando a produção agrícola e melhorando a qua- lidade de vida da população. A força dos moinhos de vento e dos moinhos d’água facilitou as atividades metalúrgicas movimentando os foles, martelos etc. No final da época medieval o renascimento do comércio valorizou o artesanato e a produção manufatureira. Muitas manufaturas surgiram do pró- prio artesanato espremidas pelo aumento da produção e a expansão do ativo mercado das cidades. O desen- volvimento estimulou vôos mais ousados. A partir do século XV, algumas manufaturas inglesas já apresentavam o porte de pequenas indús- trias. Precárias máquinas de fiar já eram utilizadas em várias manufaturas têxteis. Mas vamos com calma! No geral, ainda predominava o artesanato doméstico con- tido pelas rigorosas imposições das corporações, em- purrando as inovações mais contundentes para os sé- culos posteriores. “Houve assim na Idade Média, uma lenta su- bida de forças, de inteligência prática. Além desses motores elementares no correr dos rios e dos ventos é possível falar de muitos outros inventos dessa época, alguns só sonhados, outros realizados, como os ócu- los, as lunetas, o relógio, a ferradura e as armas ne- cessárias para as guerras constan- tes do período, entre tantas ou- tras. Estas últimas contribuí- ram para incrementar o desen- volvimento da metalurgia do ferro e receberam impul- so grande com a divulga- ção da pólvora, invento atri- buído aos chineses. Sob esse aspecto, é interessante observar que a China já conhecia a fun- dição do ferro desde o século V a.C.” 2 Na Idade Moderna o mundo europeu des- pertou para a conquista de regiões nos quatro cantos do planeta. Os Estados atlânticos montaram um arse- nal colonial que implicava em viagens constantes em longas distâncias, levando-os a desenvolver novas técnicas de navegação. O contato comercial com várias regiões dinamizou o comércio, trazendo prosperidade para a burguesia. Os bancos ganharam nova feição, movimen- tando um volume de capital impensável até então. Co- merciantes europeus adquiriam um “status” financeiro inexistente na época feudal. O boom financeiro impôs o desabrochar da atividade industrial, livrando a pro- dução manufatureira das barreiras e obstáculos que impediam o desenvolvimento. “O certo é que, se antes havia máquinas, contavam sobretudo as ferramentas ou utensílios, que ajudavam o trabalho, mas não o substituíam”. R. Ashley Nesta ilustração de 1814, uma jovem usa a tradicional roda de fiar enquanto uma mulher mais velha enrola os fios produzidos em meada.
  • 3. ARevoluçãoIndustrial O PIONEIRISMO INGlêSO PIONEIRISMO INGlêSO PIONEIRISMO INGlêSO PIONEIRISMO INGlêSO PIONEIRISMO INGlêS O declínio do feudalismo ge rou inúmeras alterações em toda a Europa ocidental. Contudo, na Inglaterra as mudanças pa- tentearam-se mais latentes criando o clima ideal para o pioneirismo industrial. No as- pecto político o país nasceu diferente dos demais, pois a Magna Carta limitava as ações do rei evidenciando o poder do Parlamento. No século XVII, explodiram as tensões quando a monarquia pretendeu domesticar os indomáveis burgueses. A guerra civil de 1640-1648 teve como conseqüência o fim das pre- tensões absolutistas e morte do rei em praça pública. A derrubada da monarquia absoluta alçou a burguesia ao poder. Em 1689, a Declaração dos Direi- tos transferiu ao Parlamento o poder de governar a nação. Para sorte dos ingleses as regras conservado- ras do mercantilismo foram banidas e substituídas por medidas de caráter liberal. O investimento maciço nas manufaturas distinguiu a economia inglesa deixando para trás as outras nações européias.AHolanda, even- tual concorrente, foi golpeada mortalmente com osAtos de Navegação, de Cronwell, em 1652. Com isso tirou dos holandeses a lucrativa fonte de renda baseada no transporte das inúmeras mercadorias inglesas. De outro lado, as mudanças políticas e econô- micas dos países concorrentes andavam a passo de tartaruga. Na França, o feudalismo só foi definitiva- mente extinto na revolução de 1789. O atraso do país ficou patente no esforço de Napoleão, em competir com a Inglaterra no frustrado Bloqueio Continental. Com outros problemas, Alemanha a Itália sofreram o peso da fragmentação política, até a tardia unificação de 1870.ARússia, embora despontasse como gigante, carecia de financiamento externo. Na Inglaterra o desenvolvimento acelerado da economia surtiu efeitos positivos na configuração do mundo rural. No início da época moderna, o fenômeno dos cercamentos praticamen- te eliminou o que restava de feudalismo. Muitas terras destinadas à agricultura foram usadas na criação de carneiros e ovelhas. A partir do século XVI, as áreas rurais inglesas se integraram às grandes cidades fornecendo a maté- ria prima - lã - utilizada em larga escala na produção de tecidos.As modificações de cunho capitalista, implan- taram uma a estrutura dinâmica e promissora para os empresários que viviam dessas atividades. No que se refere ao trabalho, a criação de animais de pequeno porte, excluiu centenas de camponeses de suas ativida- des originais. Sem opção, a maioria migrava para as cidades, tornando-se mão-de-obra barata, “engordan- do” os lucros dos proprietários de manufaturas. “Perdeu a agricultura, no primeiro momento, depois ganhou em racionalidade e produtividade. Ga- nhou a indústria, com fácil recrutamento de mão-de- obra: se lhe faltava a princípio formação técnica, com- pensava com a aceitação de pequeno salário. Como diz Mantoux, formarão a multidão trabalhadora, o povo anônimo das fábricas, o exército da revolução industrial. Antes, dispersos nos campos abertos, tinham suas pequenas atividades artesanais ou manufatureiras. Comerciantes e fabricantes de roupas comparam a qualidade e os preços das mercadorias, nesta ilustração de 1814. “A locomotiva é mais assombrosa máquina jamais inventada” The Observer. 1808 Caldeira hemisférica da bomba de Newcomen. 1788
  • 4. ARevoluçãoIndustrial Agora, com as demarcações elas desaparecem e surgem as fábricas. Se os latifúndios podem ter produção agrí- cola melhor - e tiveram, pela técnica e assistência dos donos - o mesmo se dá com as fábricas. Elas fazem estrutura industrial sólida, não as antigas inici- ativas domésticas, pequenas, mal equi- padas e de produção ínfima. Desenvol- ve-se a economia de mercado: tudo tem de ser adquirido, se não se vive em cam- pos livres, mas em núcleos urbanos. Era mais um golpe no feudalismo.” 4 Emmeioàmaréfavoráveldecres- cimento, a Inglaterra ainda teve a “aju- da” de Portugal após a assinatura do tratado de Methuen, em 1702, facilitando a transferên- cia de toneladas de ouro para os cofres ingleses. A supremacia nas manufaturas cobria a lacuna da falta de colônias, levando a Inglaterra a realizar ostensivo co- mércio indireto com as colônias das outras nações. Em comparação com Espanha e Portugal, a quantidade de colônias inglesas beirava ao ridículo, mas no final das contas não fazia muita diferença, porque esses países eram dependentes do fornecimento de mercadorias in- glesas. Portugal era quase que um refém da Inglaterra. Em várias oportunidades ajoelhou-se diante do “alia- do”, vide a época do Bloqueio Continental. A Inglaterra usou e abusou de sua geográfica privilegiada. O extenso litoral foi coberto de portos e cidades desenvolvidas. Em meados do século XVII a esquadra inglesa já era a maior do mundo, deixando a vacilante Holanda para trás. Os navios serviam para o transporte de mercadorias e cumpriam o papel de mu- ralha que impedia a invasão do país. A escassez de ter- ras férteis foi compensada com inúmeras reservas de carvão e ferro, fontes preciosas de matéria-prima e ener- gia industrial. A MÁQUINA E OS HOMENSA MÁQUINA E OS HOMENSA MÁQUINA E OS HOMENSA MÁQUINA E OS HOMENSA MÁQUINA E OS HOMENS O mercado manufatureiro foi alvoroçado com a descoberta da lançadeira volante, em 1733, por John Kay. Mais tarde, em 1768, James Hargreawes aperfei- çoou a máquina de fiar acrescentando vários fusos, tornando-a mais fácil de operar, simplificando bastan- te a produção têxtil. Em 1768, Richard Arkwright de- senvolveu a utilização da energia por ação da água nas fábricas têxteis. A técnica empregada assemelhava-se ao siste- ma dos moinhos e tinha como inconveniente, a obriga- ção de instalar as fábricas na beira dos rios. Essa tecnologia foi considerada precursora das grandes in- venções do tear automático, de Cartwright, em 1787 e da máquina a vapor de James Watt, em 1780. Dois fatos marcantes que levaram alguns historiadores a si- tuar nessas duas invenções, a referência tecnológica para o início da Revolução Industrial. No início as dificuldades eram imensas. O cus- to de implantação e utilização de maquinário era alto. Poucas pessoas dispunham-se a arriscar o capital em empreendimentos arriscados e inovadores. Um exem- plo nada estimulador, era o próprio James Watt que foi à bancarrota ao desenvolver o projeto da máquina a vapor. Por isso, as primeiras indústrias cresceram e se desenvolveram nos estreitos limites dos investimen- tos familiares. Aos poucos, intrépidos e corajosos in- vestidores foram acreditando que o investimento na indústria tinha tudo para se tornar um grande negócio. OTempo da História 1689 REVOLUÇÃO GLORIOSA NA INGLATERRA 1703 TRATADO DE METHUEN C/ PORTUGAL 1769 TEAR MECÂNICO 1765 MÁQUINA A VAPOR 1789 - REVOLUÇÃO FRANCESA Aqueduto de Barton ligando Worsley ao canal Manchester. Tal como este, a maioria dos canais era financiada por industriais que se beneficiavam com o transporte mais rápido e eficiente. “Formarão a multidão trabalha- dora, o povo anônimo das fábricas, o exército da Revolução Industrial”. P. Mantoux
  • 5. ARevoluçãoIndustrial As condições melhoraram sensivelmente, em 1784, quando Henry Cort descobriu a forma de pro- duzir quinze toneladas de ferro, com alto teor de resis- tência. Até então, o ferro era processado com muita dificuldade, o que encarecia seu valor final, conseqüen- temente encarecendo o tear mecânico e a máquina à vapor. A revolucionária tecnologia tornou a fabrica- ção do ferro um processo simples e de fácil manipula- ção. A partir daí, nas grandes construções substituiu- se a madeira pelo ferro, que era mais barato, mais du- rável e muito mais resistente. Ferrovias, pontes, estru- turas de prédios e navios de grande porte, tornaram-se a vitrine do desenvolvimento e símbolo das vantagens da indústria. O uso da tecnologia do vapor é bem anterior a Revolução Industrial. Desde a Idade Antiga, utiliza- va-se uma espécie de turbina primitiva que continha vapor aquecido, só que para torná-lo útil era preciso criar um local que pudesse suportar altas pressões. Esse fator de risco atrasou o uso do vapor por vários sécu- los, até que Watt inventasse a caldeira adequada sem riscos de explosões. Algumas tentativas do final do século XVII esbarraram na dificuldade do excessivo consumo de carvão. O inventor Thomas Newcomen conseguiu aper- feiçoar a máquina permitindo que ela fosse utilizada em várias minas e manufaturas, mas mesmo assim ain- da estava longe do padrão ideal. Em 1764, o invento de Newcomen chegou às mãos de James Watt, que descobriu o motivo da imperfeição. Com a alteração do projeto anterior, a máquina passou a utilizar um cilindro com a mesmo temperatura do vapor. Explo- rando esse caminho, Watt foi melhorando a tecnologia até possibilitar que a máquina a vapor servisse de for- ça motriz para inúmeras atividades industriais. Asubstituição da energia humana e animal pela força do vapor, foi a alma da Revolução Industri- al. “Inovadores de todos os campos logo perce- beram as possibilidades excitantes, apresentadas pela nova tecnologia e apressaram-se em usá- la. O manufatureiro de ferro John Wilkinson de- monstrou as vantagens do ferro barato de alta qualidade ao construir, em 1779, a primeira ponte de ferro do mundo; mais tarde, ele fez barcaças, uma capela e - por fim - seu próprio caixão com esse material. E fortunas colossais foram acumu- ladas por homens como Samuel Whitbread, o magna- ta da cerveja, e Josiah WedgWood, de Stafordshire, que introduziu a energia a vapor na produção de ar- tefatos de cerâmica. Em 1801, a Grã-Bretanha já ex- portava mercadorias de uma qualidade sem preceden- tes. Naquele ano, cerca de dois milhões de toneladas de produtos partiram dos portos ingleses - mais do que o triplo do volume de quarenta anos antes.” 5 Em pouco tempo, a maior parte das indústrias utilizava o vapor como fonte de energia, obtendo ine- gáveis resultados de aumento de produção. Os trans- portes foram renovados com a construção de navios em condições de atravessar o Atlântico em tempo re- corde. Os tripulantes do barco Savannah ti- veram o privilégio de estar no primeiro na- vio, que mesclou impulso das velas e ajuda do vapor. Em 1840, companhias de trans- porte regular levaram passageiros de um lado a outro do mundo. A geografia inglesa aju- dou no crescimento do transporte marítimo, afinal de contas, o país é uma ilha cortada por inúmeros rios e canais. Os diversos por- tos facilitaram a comunicação interna e a li- gação do país com o resto do mundo. Em sintonia com a revolução marítima e fluvial, no final do século XIX, o mundo ficaria “me- nor” após a inauguração do Canal do Pana- má e Canal de Suez. Junto com os navios apareceram as locomotivas. A antiga “Maria-Fumaça” como era ape- lidada, desenvolvia a “fantástica velocidade” de 25 qui- lômetros por hora. A primeira linha de transporte regu- lar, interligou as importantes cidades de Liverpool e Manchester. Em seguida, multiplicaram-se os trilhos por todo o país e, mais tarde, pelo mundo inteiro. As ferro- vias tornaram-se sinônimo de progresso e desenvolvi- mento. Construí-las, representava o engajamento na in- dústria de bens de capital, capaz de movimentar um grande número de investimentos, inclusive de sócios anônimos. Em volta das ferrovias desenvolveu-se uma infra-estrutura de emprego direto e indireto para milha- res de pessoas. A construção de uma ferrovia dependia do suporte de pontes, locomotivas, vagões, trilhos, dor- mentes, estações de embarque etc. À medida que os trens foram aumentando a velocidade, aceleraram a vi- agem do capitalismo como um todo, permitindo um grande salto, nas comunicações e transporte de merca- dorias. Na gravura, produção de carvão com utilização da máquina a vapor.
  • 6. ARevoluçãoIndustrial O contexto político europeu do início do século XIX, era extremamente favorá vel ao crescimento inglês. As guerras napoleônicas impediram que os países diretamente en- volvidos no conflito, pudessem deslocar recursos para o desenvolvimento da indústria. A tentativa de Napoleão de cercear o comércio inglês através do Bloqueio Con- tinental resultou num grande fiasco, revertendo o “fei- tiço contra o feiticeiro”. Os ingleses aproveitaram o momento para estreitar os laços de comércio com as colônias americanas que, logo em seguida, se tornari- am independentes. No século XIX, a Inglaterra exer- ceu o papel de tutora econômica e mentora política dos países da América do Sul. O estandarte do crescimento inglês era a construção de ferrovias, exigindo dos po- bres países latino-americanos a submissão aos emprés- timos para a aquisição de tecnologia e maquinário das ferrovias. Em 1815, a derrota de Napoleão consolidou a hegemonia britânica. O continente europeu havia sido devastado pelas batalhas que disseminaram a destrui- ção em diversas regiões. Na década seguinte, caberia à Inglaterra o encargo de abastecer os países anterior- mente envolvidos no conflito. Deixando os eventuais concorrentes para trás poderia a Inglaterra, partir mais rapidamente para uma série de conquistas coloniais. As colônias anexadas passaram a gravitar na órbita indus- trial como fornecedoras de matéria-prima. O pior en- cargo ficaria para a Índia, reduzida à condição de mera fornecedora de algodão, para alegria da indústria têxtil inglesa. A cidade de Liverpool, que mais tarde seria a terra dos Beatles, tornou-se o porto de desembarque do algodão indiano. “A indústria algodoeira foi assim lançada como um planador, pelo empuxo do comércio colonial ao qual estava ligada; um comércio que prometia uma expansão não apenas grande, mas rápida e sobretudo imprevisível que encorajou o empre- sário a adotar as técnicas revolucio- nárias necessárias para lhe fazer face. Entre 1750 e 1769, a exportação bri- tânica de tecidos de algodão aumen- tou mais de dez vezes. Assim, a recom- pensa para o homem que entrou pri- meiro no mercado com as maiores quantidades de algodão era astronômica e valia os riscos da aventura tecnológica. (...) Em termos de vendas, a revolução Industrial pode ser descrita com exceção dos primeiros anos da década de 1780, como a vitória do mercado exporta- dor sobre o doméstico; por volta de 1814, a Grã- Bretanha exportava cerca de quatro jardas de algo- dão para cada três usadas internamente, e, por volta de 1850, treze para cada oito. E dentro deste merca- do exportador em expansão, por sua vez, os merca- dos colonial e semi·colonial, foram por”. muito tem- po os maiores pontos de vazão para os produtos bri- tânicos triunfarem.” 6 OS DONOS DO MUNDOOS DONOS DO MUNDOOS DONOS DO MUNDOOS DONOS DO MUNDOOS DONOS DO MUNDO Em meados do século XIX, os negócios avan- çaram com a ampliação da participação nos lucros das grandes empresas, refle- tindo-se na criação do Mercado de Ações da Bolsa de Valores. Para atuar nesse mercado promissor, muitas empresas se tornaram Sociedades Anônimas. Em 1844, o Parlamento inglês aprovou a lei que liberava as empresas para a forma- ção de companhias de ações.Apartir daí qualquer pessoa poderia investir nas companhias, despertando o sonho de ga- nhar fortunas em tempo recorde. As ferrovias tiveram um papel importante na expansão das SociedadesAnônimas, exi- gindo dos “executivos” da época, o co- nhecimento sobre cotações de ações das ferrovias da África, Ásia eAmérica Latina. Nessa altura, a Revolução Industrial sairia dos limites da Inglaterra. Outros países, finalmente, con- seguiram acelerar o passo das mudanças econômicas. Coincidentemente, em 1830, a França concretizava a Revolução Liberal, enquanto os Estados germânicos adotavamoZollverein,eliminandoareminiscênciasdas barreiras alfandegárias. A Itália, embora engatinhando, desenvolvia indústrias no norte, na região do Piemonte. A Rússia também entrou na briga, com as precárias “armas” que dispunha desenvolvendo “meia dúzia” de indústrias, em poucas cidades do lado ocidental do im- pério. Fora da Europa, encontramos EUA e Japão ex- pandindo um padrão industrial moderno e produtivo. Mais adiante, em outro capítulo, analisaremos os efei- tos dessa competição. AEuropa de 1815 Gravura de 1758 mostra uma usina de carvão e utilização da maquina a vapor
  • 7. ARevoluçãoIndustrial C om efeito, a Revolução Industrial mu dou o retrato do mundo, mas, nem tudo foi júbilo e desenvolvimento. No aspec- to social os efeitos foram desiguais, com padrões in- suportáveis de sobrevivência. Os viajantes da época, descreveram comoventes narrativas do cotidiano nas sociedades industrializadas, ressaltando a brutal desi- gualdade social. A indústria configurou a diferença da minoria - dona do capital e das indústrias - e a imensa maioria - detentora apenas, de sua força de trabalho, socialmente classificada como proletariado. Com o atrativo industrial, milhares de pessoas migraram do campo para as cidades, à procura de melhores condi- ções de vida. O fenômeno suscitou a inversão populacional, provocando o crescimento desordenado das cidades, contrastando bairros ricos, com as fave- las construídas nas encostas e terras abandonadas. Na Inglaterra, em 1850, cerca de 55% da população aglo- merava-se nos centros urbanos. O jovem escritor americano Herman Melville, ao desembarcar em Liverpool em 1839, após sua pri- meira viagem como marinheiro mercante, ficou horrorizado.“Pobreza, pobreza, pobreza em perspec- tivas quase infindáveis: e carência e desgraça cam- baleando de braços dados por essas ruas miseráveis”, escreveu ele mais tarde.Melville lembrava de estar ca- minhando por um beco, passar por um gradil aberto , ouvir um gemido de doer na alma e espiar para den- tro na escuridão:“ali, cerca de quinze pés abaixo da calçada, agachada numa imundície indescritível, com a cabeça inclinada,estava a figura do que fora uma mulher. Seus braços azuis cingiam no colo lívido duas coisas mirradas como cri- anças, que se inclinavam em direção a ela, um de cada lado. A princípio eu não sabia se estavam vivas ou mortas”. 7 O preço mais baixo dos produtos industrializados foi uma “camisa de for- ça” para o artesanato que, via de regra, não suportava a concorrência. A competição desleal estrangulou a pe- quena empresa de perfil artesanal, reduzindo o traba- lhador artesão à condição de mão-de-obra excedente das indústrias. Nas fábricas o trabalho era penoso em demasia.Emgeral,ajornadadiáriaerade12horas,quase sem descanso. A inexistência de legislação trabalhista deixou os trabalhadores à mercê da ganância de empresários inescrupulosos. Na Inglaterra, as primeiras expressões de pro- testo contra essa aberração ocorreram na Revolta Ludista, em 1812, quando centenas de operários que- braram as máquinas, destruindo instalações e equipa- mentos fabris. Mais tarde, em 1830, surgiu o Movimen- to Cartista, expressando politicamente o empenho dos operários de diversas regiões inglesas, reivindicando melhores salários e condições de trabalho. No restante do continente, os operários amar- garam a organização precária e atravessaram o século XIX, penando para conseguir pequenas mudanças. Só após a I Guerra Mundial ocorreriam avnços sociais e políticas perceptíveis, mesmo assim, nos países mais ricos. Nos outros, prevaleceria,pormui- to tempo, o “capita- lismo selvagem”. O trabalho das crianças e das mulhe- res era utilizado com freqüência, por ser mais barato represen- tando um custo menor para as indústrias. Em 1842, foi aprovada na Inglaterra,umalegisla- ção proibindo a admis- são de mulheres e cri- anças para o trabalho no interior das minas de carvão, condicionando ainda, o menor de idade à edu- cação obrigatória. Apesar de co- erente, a lei esbarrava na falta de escolas e na precariedade da renda familiar. Em conse- qüência, as crianças das famílias mais pobres eram obri- gadas a aceitar o trabalho para completar o provento familiar. Qualquer semelhança com a atualidade, não é mera coincidência! O outro lado do sonho “Desta vala imunda a maior corrente da indústria humana flui para fertilizar o mundo todo. Deste esgoto imundo jorra ouro puro. Aqui a humanidade atinge o seu mais completo desenvolvimento e sua maior brutalidade, aqui a civi- lização faz milagres e o homem civilizado torna-se quase um selvagem” 1
  • 8. ARevoluçãoIndustrial “A fábrica inaugurou também um novo siste- ma de produção, tornando o processo de trabalho um dado objetivo e independente do trabalhador. Com isso queremos dizer, que o rendimento da produção não está mais dependente das condições individuais de cada trabalhador. A nova fábrica tornou possível o estudo objetivo destes fatores de produção, aumentando as possibilidades de associação da pro- dução com a ciência. Além disso, o trabalho fabril se caracterizou desde o início por uma acentuada divi- são de trabalho no seu interior. A associação de um número cada vez maior de produtores passou a ser uma exigência técnica da produção. Neste sentido, a fábrica socializou a produção, e por isso gerou um novo tipo de trabalhador: o operário.” 8 A Urbanização, segundo MarwinA Urbanização, segundo MarwinA Urbanização, segundo MarwinA Urbanização, segundo MarwinA Urbanização, segundo Marwin PerryPerryPerryPerryPerry “Devido à industrialização, as cidades cres- ceram em número, tamanho e população. Antes de 1800, cerca de 10 % da população européia vivia em cidades; a Inglaterra e os Países Baixos estavam à frente do caminho para a urbanização, com 20 % de suas populações concentradas nas cidades. Apenas 45 cidades no mundo tinham mais de 100.000 pessoas vivendo nelas. Mas mesmo na metade do século XIX, quando 52 % dos ingle- ses estavam vivendo em cidades, somente com 25 % dos franceses, 36 % dos alemães, 7 % dos russos e apenas 10% dos habitantes dos Estados Unidos ocorria o mesmo. 0 enorme deslocamento da zona rural para a urbana como moradia, tanto na Europa como nos Estados Unidos, veio a acon- tecer no século XX. As cidades industriais do século XIX parti- cularmente na Inglaterra, cresceram rapidamente, sem planejamento ou muita regulamentação. Um longo período de desenvolvimento industrial teve lugar na Inglaterra, com algumas tentativas para controlar ou regulamentar esse desenvolvimento. 0 orgulho cívico e o patrocínio privado eram as únicas forças de combate aos efeitos da iniciativa privada não regulamentada. No continente euro- peu, onde a industrialização chegou mais tarde, houve mais preocupação com o planejamento ur- bano. Os Estados continentais mostravam-se mais dispostos a regulamentar tanto a indústria como o desenvolvimento urbano. Um crescimento tão acentuado, com tão pouco planejamento ou controle, deixava. as cidades com serviços sanitários precários, ne- nhuma iluminação, moradias ruins, transporte deficientee pouca segurança. Os ricos, como os pobres, sofriam nesse ambiente de doenças, crimes e fealdade, embora os pobres obviamen- te padecessem mais. 0 governo e as firmas re- lutavam com frequencia em lançar mão de im- postos para remediar tais condições. Quase una- nimemente, aqueles que escreveram acerca de cidades industriais, como Manchester, Leeds, Liverpool e Lyon, descrevem o mau cheiro, a imundície, o ajuntamento inumano, a pobreza e a imoralidade. Os romancistas Charles Dickens, Victor Hugo e Émile Zola captaram os horrores da vida industrial e das más condições dos po- bres. Alexis de Tocqueville descreveu assim a fossa sanitária de Manchester: “desse pútrido es- coadouro flui a maior corrente de energia huma- na para fertilizar o mundo todo. Dessa cloaca imunda, o puro ouro flui. Aqui a humanidade atin- ge seu desenvolvimento mais completo e o seu maior embrutecimento; aqui a civilização opera os seus milagres e o homem civilizado se con- verte quase num selvagem”. In Civilização Ocidental. Uma História Concisa. Martins Fontes Editora. Pág 542 1 In. Alexis de Toqueville. A respeito de Manchester em 1835. 2 In. Canêdo, Letícia Bicalho. A Revolu- ção Industrial. Coleção Discutindo a História. Atu- al Editora. Pág. 14. 3 In. Iglésias, Francisco. A Revolução Industrial. Coleção Tudo é História. Editora Brasiliense. Pág. 41/42. 4 In. Iglésias, Francisco. Op. Cit. Pág. 80. 5 In. Overy, Richard. A Indústria na Grã- Bretanha. A Força da Iniciativa Coleção Time- Life.. Abril Livros Editora. Pág.58. 6 In. Hobsbawn, Eric J. A Era das Revoluções. 1789-1848. Editora Paz e Terra. Pág. 51. 7 In. Overy, Richard. A Indústria na Grã- Bretanha. A Força da Iniciativa. Coleção Time- Life. Abril Livros. Pág. 70. 8 In. Pedro, Antônio. História Moderna e Contemporânea. Editora Moderna. Pág. 128. Na gravura, o transporte coletivo que mesclava maquina a vapor e carruagem