1) O documento discute o método clínico centrado na pessoa e o registro clínico orientado por problemas (RCOP), utilizando a estrutura SOAP-CIAP.
2) O RCOP organiza as informações clínicas em base de dados, lista de problemas, notas de evolução e fichas de acompanhamento para garantir a coordenação e longitudinalidade dos cuidados.
3) A estrutura SOAP do RCOP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação, Plano) é aplicada nas notas de evolução para registrar cada atendimento
FUNDAMENTOS E TEORAS DA ENFERMAGEM PARA ALUNOS DE CURSO TÉCNICO
Clínico centrado na pessoa
1. MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA
REGISTRO CLÍNICO - RCOP
SOAP - CIAP
Paulo Celso Nogueira Fontão
Prof. Fac. Medicina Santa Marcelina – FASM
Tutor Responsável – Supervisão Mais Médicos – Santa Marcelina
25 de Agosto de 2016
2. Cultura e saúde
CRITÉRIOS DE SAÚDE
EFICIÊNCIA
PRODUTIVIDADE
PERFEIÇÃO FÍSICA
ENVELHECIMENTO COM SUCESSO
Cfr. S. Leone, G. Seroni, (a cura de) Persona e salute, Istituto Siciliano di Bioetica, Collectio
Bioethica, n.12, Armando Editore, 1996, p 48
3. Tendências atuais da medicina
Certeza do
diagnóstico
Segurança
terapêutica
Expectativa de
onipotência
34. A importância do Registro
•Nota de memória para si
•Comunicação entre os membros da equipe
•Documento legal
•A anotação da tradução das queixas em
palavras pode auxiliar no diagnóstico e
cuidado do problema de saúde de uma
pessoa.
35. RE-SOAP
• É uma forma de realizar o registro de atendimento
• É particularmente importante ao servir como ferramenta para ajudar
a garantir a qualificar a coordenação do cuidado, a integralidade e a
longitudinalidade, atributos essenciais da Atenção primária
36. Registro clínico
“Documento único constituído de um conjunto de
informações, sinais e imagens registradas, geradas a
partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a
saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de
caráter legal, sigiloso, e científico, que possibilita a
comunicação entre membros da equipe multiprofissional
e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo.”
Resolução do CFM
nº 1.638/2002
37. Registro clínico orientado por problemas
• “Registro Médico Orientado por Problemas” Criado para Ambiente
Hospitalar por Lawrence Weed (1968);
• 1995 primeiro Médico de Família a adaptar o RCOP para APS;
• Recuperação Rápida de Informações Clínicas;
• Continuidade Articulada de Cuidados em Equipe na APS
Longitudinalidade e Coordenação.
38. Registro clínico orientado por problemas
• Importante instrumento de ensino ;
• A identificação de problemas, a avaliação sistemática e o
planejamento visando solucionar os problemas se constituem em
estímulos para levantamento de questões, seleção adequada de
material bibliográfico e planejamento de estratégias visando
diagnóstico, tratamento ou prevenção;
• Estimula o desenvolvimento do raciocínio clínico e o espírito
crítico do aluno;
• Aquisição de habilidades para auto aprendizado e prática da
Medicina Baseada em Evidência.
39. Registro clínico orientado por problemas
• Informações Clínicas:
1-) Base de Dados
2-) Lista de Problemas
3-) Notas de Evolução SOAP
• Dados Complementares e Evolução
4-) Fichas de Acompanhamento
40. Base de Dados
• Processamento e organização da informação colhida na primeira consulta
• Identificação, história da doença atual, história pregressa (pessoal, familiar,
social), revisão por sistema e exame físico
41. Lista de Problemas – O que é Problema?
• Lawrence Weed – 1966 (Trabalhos divulgando “SOAP” em 1968-69):
“Um Problema Clínico é tudo aquilo que requeira um diagnóstico e
manejo posterior, ou aquilo que interfira com a qualidade de vida,
de acordo com a percepção da própria pessoa”;
• Rakel – 1995 (Médico de Família que primeiro adaptou o RCOP para
o uso em consultório de APS): “Problema Clínico é qualquer
problema fisiológico, psicológico ou social que seja de interesse do
profissional e/ ou da pessoa que está sendo cuidada”.
• “Limite de certeza do médico.”
42. Lista de Problemas
•Primeira parte ou “folha de rosto” do prontuário;
•Conjunto hierarquizado de problemas;
•Diagnósticos (CID); Sintomas / Queixas /
Incapacidades / Demais Categorias (CIAP);
•Critérios tempo de ocorrência (“novo” ou
“conhecido”), duração (“agudo” ou “crônico”),
situação (“ativo” ou “resolvido”);
•Não Listar Termos Vagos e Condições não
Esclarecidas
43. Lista de Problemas
•Deve-se evitar elaborar uma longa lista de problemas
representada, sintomas, sinais do exame físico e
achados laboratoriais quando se pode eleger o achado
mais relevante (ou de maior especificidade) ou
sintetizar os diversos achados em um problema de
maior complexidade.
49. Fichas de Acompanhamento
• Geralmente localizadas no fim do prontuário;
• Permite visualização rápida da evolução dos dados sem necessidade de
revisar todo prontuário.
• Pode Registrar:
• Evolução dos resultados dos exames físicos e complementares;
• Dados de crescimento e desenvolvimento;
• Mãe Paulistana; Fichas de Acompanhamento da Criança e DCNT;
• Exames preventivos;
• Medicações prescritas.
50. RE-SOAP: A lista de problemas
• Deve ser construída no primeiro encontro. Contém dados de
identificação, dos problemas de saúde atual e pregressos da
pessoa, bem como qualquer outro dado social, familiar, Inter
setorial relevante.
• Particularmente útil para pacientes com múltiplos problemas. Deve
ficar na capa do prontuário para fácil acesso às informações
• Jonas da Silva e Silva - No SUS: 8080808080808
• DN: 01/04/1943
• Natural de Cansanção-BA, em São Paulo há 35 anos, no Boa vista há 4 meses
• Viúvo, 4 filhos vivos
• Aposentado, ex-metalúrgico, renda: aposentadoria e bico
• Rede Social: filha mora próximo, em Osasco. Tem muitos amigos no bairro vizinho. Ajuda no
comércio de um vizinho.
• Doenças: Diabetes, DPOC, Tabagismo
• Hábitos: Tabagista 30 cigarros/dia há 40 anos, sedentário, ex-etilista
• Lazer: vai à igreja, joga dominó com os amigos
51. Lista de Problemas
• #DM: decompensado: HbA1c (jan 2012): 8,8%. PA:ok, Fundo de Olho
2013:normal, Microalbuminúria: (-), ClCr: 60.
• #DPOC Estagio III
• #Hipoxemia crônica
• #Idoso vivendo sozinho
• #Risco de quedas
• Em uso:
• Metformina 500mg (1-1-0)
• Enalapril 20mg (1-0-0)
• Formoterol 100mcg às crises
• Dipirona 500mg se dor
52. ReSOAP: Evolução
• São a maioria dos nossos atendimentos
• Estruturado
• ReSOAP: Evolução- O “SOAP”
54. Subjetivo(S)
• Tudo o que for subjetivo: o motivo de consulta, descreve e caracteriza os sintomas,
registra as expectativas, medos, impacto na funcionalidade, impressões da pessoa
sobre o tratamento, pode ser descrito entre “”.
“quer fazer exame de cabeça”
•
“está chateada pois ortopedista não ””olhou na sua cara”
•
“Mãe preocupada pois criança não evacua há 7 dias”
•
“Maria conta não está conseguindo costurar por conta da dormência das mãos”
•
“quer ser encaminhada ao ginecologista porque está com medo de câncer”
•
“Não aguento mais este sangramento, há 40 dias”
55. Objetivo(O)
• Tudo o que é mensurável e observável (impressões sobre o estado geral,
• Sinais vitais, exame físico, resultados de exames laboratoriais).
Contra-referência Gineco-HU: Resultado de Biópsia de
endométrio negativo para malignidade. Sugere repetição
de USG em 6 meses
BCF 140, AU 36, PA 100x60, Edema(-), Peso: 69kg
melhora do humor. Mais comunicativo, alegre
56. Avaliação(A)
• É a parte mais importante da consulta. Consiste na interpretação dos dados
coletados, é o produto do raciocínio clínico e registro das informações que
orientarão o cuidado. Podem ser: sintomas, sinais, síndromes, exames
complementares alterados, diagnósticos, problemas sociais, laborais,
familiares, medos.
• anotar, em ordem decrescente de importância, a lista de
problemas daquele encontro.
• Podem ser: sintomas, sinais, síndromes, exames complementares
alterados, diagnósticos, problemas sociais, laborais, familiares,
medos...
• Apenas substituir os sintomas por diagnósticos quando houver
evidência para isso.
57. Plano(P):
•Nesta fase registra-se o plano, decidido em
conjunto com a pessoa, além de medicações,
solicitações de exames, encaminhamentos,
recomendações e a programação para
próximos encontros.
•Quanto mais complexo for o caso, mais
organizado deve ser o plano, com metas a
curto e longo prazo, com divisões de tarefas
entre os membros da equipe, etc.
58. Plano
• Procurar atualizar, a situação dos problemas crônicos importantes.
A cada atendimento, cuidar para escrever um “A“ atualizante,
levando em conta resultados de exames, contra-referências, em
que fase encontram-se os problemas.
59. Plano
“Asma Intermitente Controlada, última crise maio
2012”
“Sífilis tardia tratada em 2010, VDRL de cura 1:2”
“Hipertensão arterial I sem lesão de órgão alvo,
tentando Mudança de Estilo de vida”
”aguardando avaliação do especialista” “em
negação”
60. Por que o ReSOAP ?
• Organiza os dados de forma clara, breve e organizada
• Preocupa-se com o detalhamento relevante das queixas. É um exercício sobre escrever
de forma mais completa e sintética possível
• Proporciona raciocínio clínico apurado
• Estimula cuidado qualificado e continuado pela equipe. Evita duplicação de condutas.
• A sua estrutura facilita o levantamento de dados para planejamento de ações
preventivas, gestão da clínica e é um banco de dados mais organizado para pesquisas.
• Ajuda a treinar o profissional para usar o tempo adequadamente
• Facilita decisão conjunta com a pessoa
• Facilita auditoria das ações e a auto-avaliação através de fichas que buscam identificar
se os dados relevantes constam nos registros.
61. Exemplo de Acolhimento-SOAP/CIAP
• S:Refere tosse e coriza há 4 dias com piora há 2 dias. Dor de garganta e febre
não medida. Tomou benegripe.
• O: t= 38,7°C, hiperemia ORO, AP: MV+ sem RA, nega alergia a medicamentos.
• A: 1- febre(A01)
2- Tosse (R05)
3-Sinais e sintomas da garganta (R21)
• P: 1- Discuto com Dra Linda e administro Dipirona 35gotas agora, oriento
realizar curva térmica e sinais de piora.
1-Avaliação médica agora com Dra Linda
• 2- Oriento lavagem nasal (4X ao dia)
• 3- Gargarejo e higiene oral mais frequente
63. Lógica do CIAP
• Tem o potencial de avaliar as razões pelas quais os pacientes procuram o
serviço de saúde
• Probabilidades pré-teste dos problemas de saúde (por exemplo,
porcentagem de pacientes com queixa de febre que recebe o diagnóstico de
infecção de vias aéreas superiores)
• Comorbidades
• Potencializa a prevenção quaternária , evitando diagnósticos precipitados e
intervenções inadequadas – em especial quando há um sofrimento ou uma
enfermidade, mas não uma doença que seja detectável em exame
laboratorial ou de imagem.
2
64. Lógica -CIAP
• Frequentemente o diagnóstico etiológico não é o mais importante
• A Classificação Internacional de Atenção Primária (CIAP) tem como
principal critério de sistematização a pessoa incluindo o contexto
social (capítulo Z), e não a doença.
65. Lógica
• A CIAP é feita com base na prevalência dos problemas de saúde, e o
principal critério de inclusão é ser mais prevalente que 1:1.000.
• A inclusão de mais doenças infecciosas tem sido debatida no WICC
para a próxima versão da CIAP, que será mapeada para a CID 11,
ainda sem data de lançamento
66. Lógica que cabe -SUBJETIVIDADE
• Exemplo o profissional de saúde que vai ao domicílio de um paciente
terminal e estabelece uma conversa com o cuidador principal que
conta sobre a dificuldade de morrer
• Como classificar a conversa que diz muito do cuidador e dos
cuidados no futuro?
• O profissional não terá nenhuma dificuldade para registrar
apropriadamente o “motivo da consulta” porque a Classificação
Internacional de Atenção Primária (CIAP) conta com uma rubrica
específica.
• No mesmo exemplo pode ser expressado o medo da morte.
67. Lógica
É característico do trabalho em atenção primária o enfrentamento
das enfermidades no seu aspecto mais complexo, desde o começo
até o final, e em suas múltiplas manifestações
Assim, o Assistente social pode assinalar os problemas que geram a
pobreza em uma família
A enfermeira fazer constar o retardo de crescimento de um dos filhos
dessa família
O médico atender a mãe por dependência ao tabaco e DPOC
O farmacêutico anotar as dificuldades para o seguimento do
tratamento medicamentoso.
O conjunto de problemas de saúde mencionado pode ser tabulado
com a CIAP, tanto do ponto de vista do paciente (motivo da
consulta) quanto do ponto de vista do profissional (problema
atendido).
68. Lógica
• A CIAP permite inclusive a classificação do processo de atenção
(aquilo que faz e manda fazer o profissional de saúde).
• Ficam fora da CIAP apenas a classificação dos resultados da
exploração clínica (dor à palpação profunda do hipocôndrio
esquerdo, por exemplo).
69. Motivo da Consulta/Encontro
• Motivos da consulta (MC) é a expressão adotada para referir-se a
toda razão que leva um paciente a aderir ao sistema de cuidados de
saúde, como reflexo da necessidade que o indivíduo tem de recorrer
a esse tipo de cuidado.
70. • A Classificação Internacional de Atenção Primária (CIAP) baseia-se em
uma estrutura simples, fundada em dois eixos:
• 17 capítulos em um deles, com um código alfa cada,
• e sete componentes idênticos no outro, com rubricas numeradas
com códigos de dois dígitos (Figura 2.1 e Quadro 2.1-CIAP2).
71. CIAP 2 Configuração
• A classificação apresenta-se em
forma de lista tabular
• As rubricas dos componentes 1
e 7 surgem por extenso em cada
capítulo
• As rubricas dos componentes de
2 a 6 são uniformes para todos
os capítulos, sendo
mencionadas apenas uma vez
• CIAP
72. Componentes da CIAP
• O índice alfabético da lista tabular
(Capítulo 12) inclui termos dos
títulos de todas as rubricas e
respectivos termos de inclusão. Não
se pretendeu com isso criar uma
listagem exaustiva, contemplando
apenas os termos mais comuns ou
os mais importantes em atenção
primária.
• Um utilizador que busque
determinado termo que não conste
da relação, poderá procurar a
respectiva rubrica no índice da CID-
10, e depois a rubrica da CIAP nas
tabelas de conversão (Capítulo 11)
73. Componentes de procedimentos
padronizados da CIAP: componentes 2-6
• O traço (-) que surge em
primeiro lugar deverá ser
substituído pelo có- digo alfa de
cada capítulo.
81. Adaptação recíproca
Goleman J.D., 2006 Social Intelligence: The New Science of
Social Relationships (2006) Bantam Books
Sintonizar o outro - aumenta a
probabilidade de entendimento mútuo.
90. Desafios
Encarar os
conflitos como
ocasiões de
crescimento
pessoal e de
desenvolvimento
dos
relacionamentos
Estabelecer
objetivos
comuns.
Esquecer as
impressões
pessoais para dar
crédito às dos
outros.
91. Equipe: Primeiro lugar para trabalhar pesos
psicológicos e espirituais
Nos envolvimentos
Partilha
Pareceres
Decisão
Local “terapêutico”
93. Perspectiva da fraternidade
Amor maior
Autoridade – Serviço ao próximo
Sujeito a autoridade – Respeito
e contribuição construtiva
94. Busca das respostas no diálogo
Profissão entendida como busca de soluções:
Nas própria idéias
Na competência profissional
No diálogo com os outros profissionais
Aumento dos padrões de qualidade, elevados
por um bem estar verdadeiro para todas as
pessoas envolvidas no processo de tratamento.
96. Paciente – atmosfera serena de atenção,
escuta e cura no sentido global
Equipe – valorização do trabalho,
Direção - decisões partilhadas e participadas e
divisão do peso das responsabilidades