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As teorias estéticas essencialistas
www.filosofarliberta.blogspot.pt
O primeiro problema que qualquer teoria da arte
tem de enfrentar é o problema da própria definição
de “arte” ou de “obra de arte”.
Como podemos então definir “arte”?
Patrícia Piccinini
As teorias essencialistas defendem que existe uma
essência de arte, ou seja, que existem propriedades
essenciais comuns a todas as obras de arte e que só
nas obras de arte se encontram.
Picasso
Uma definição essencialista exige também que tais
propriedades sirvam para distinguir a arte de outras
coisas que não são arte. Daí que se procurem apenas
identificar as propriedades essenciais que sejam
individuadoras da arte.
Vieira da Silva
A teoria da arte como imitação
Esta é uma das mais antigas teorias da arte. Foi, aliás, durante
muito tempo aceite pelos próprios artistas como inquestionável.
A teoria da arte como imitação
José Malhoa
1855-1933
A definição que constitui a sua tese central é a
seguinte:
Uma obra é arte se, e só se, é produzida pelo
homem e imita algo.
A característica própria desta teoria não reside no
facto de defender que uma obra de arte tem de ser
produzida pelo homem, o que é comum a outras
teorias, mas na ideia de que para ser arte essa
obra tem de imitar algo.
A teoria da arte como imitação
Vários foram os filósofos que se referiram à arte como
imitação. Alguns desprezavam-na por isso mesmo, como
acontecia com o conhecido filósofo grego Platão que, ao
considerar que as obras de arte imitavam os objectos
naturais, via essas obras como imagens imperfeitas dos
seus originais. Ainda por cima quando, no seu ponto de
vista, os próprios objectos naturais eram por sua vez
cópias de outros seres mais perfeitos.
A teoria da arte como imitação
Já o seu contemporâneo Aristóteles, mantendo
embora a ideia de arte como imitação, tinha uma
opinião mais favorável à arte, uma vez que os
objectos que a arte imita não são, segundo ele,
cópias de nada [e a arte pode contribuir para uma
purificação emocional das pessoas que entram em
relação com ela, libertando-as de emoções
negativas - Catharsis].
A teoria da arte como imitação
Pontos fortes da teoria:
A teoria da arte como imitação
Fotografia de
Eugenio Recuenco,
inspirada nos frisos
do Parténon
1. Adequa-se ao facto incontestável de muitas pinturas,
esculturas e outras obras de arte, como peças de teatro ou
filmes imitarem algo da natureza: paisagens, pessoas,
objectos, acontecimentos, etc.
A teoria da arte como imitação
Fotografia de
Eugenio Recuenco,
inspirada nos frisos
do Parténon
Friso do Parténon
atribuído a Fídeas
Sec. V a.C.
Caravaggio
Sec. XVII
Vermeer
Sec. XVII
2. Oferece um critério de classificação das obras de arte bastante
rigoroso, o que nos permite, aparentemente, distinguir com
alguma facilidade um objecto que é uma obra de arte de outro que
o não é.
A teoria da arte como imitação
Pinturas hiperrealistas de Roberto Bernardi
Pintura de Roberto Bernardi
Pintura de Nathan Walsh
Pintura de Nathan Walsh
Pintura de Javier Arizabalo
Pintura de Alyssa Monks
Pintura de Gina Heyer
Pintura de Rob Hefferan
Um aspecto geral desta teoria mostra-nos que é uma teoria centrada nos objectos
imitados. Ela exprime-se frequentemente através de frases como “este filme é
excelente, pois é um retrato fiel da sociedade americana nos anos 60”, ou como “este
quadro é tão bom que mal conseguimos distinguir aquilo que o artista pintou do modelo
utilizado”.
A teoria da arte como imitação
Turner (1775-1851)
Limitações da teoria:
A teoria da arte como imitação
Obras de arte que não imitam nada encontramo-las
tanto na pintura como na escultura abstratas ou
noutras artes visuais não figurativas. De forma ainda
mais notória encontramo-las na literatura e na
música.
Jackson Pollock
Mark Rothko
Teoria da arte como expressão
Munch, o Grito
Teoria da arte como expressão
Insatisfeitos com a teoria da arte como imitação (ou
representação), muitos filósofos e artistas
românticos do século XIX propuseram uma
definição de arte que procurava libertar-se das
limitações da teoria anterior, ao mesmo tempo que
deslocava para o artista, ou criador, a chave da
compreensão da arte. Trata-se da teoria da arte
como expressão.
Segundo a teoria da expressão:
Uma obra é arte se, e só se, exprime sentimentos e
emoções do artista.
Van Gogh
Se é verdade, como parece ser, que a arte provoca
em nós determinadas emoções ou sentimentos,
então é porque tais sentimentos e emoções
existiram no seu criador e deram origem a tais
obras.
Também nos oferece, como a teoria anterior, um
critério que permite, com algum rigor, classificar
objectos como obras de arte. Com a vantagem
acrescida de classificar como arte todas as obras
que não imitam nada, o que acontece
frequentemente na literatura e sempre na música e
na arte abstracta.
Mais uma vez oferece um critério valorativo: uma
obra é tanto melhor quanto melhor conseguir
exprimir os sentimentos do artista que a criou.
Uma teoria como esta manifesta-se frequentemente
em juízos como “Este é um livro exemplar em que o
autor nos transmite o seu desespero perante uma
vida sem sentido” ou como “O autor do filme filma
magistralmente os seus próprios traumas e
obsessões”.
Teoria da arte como expressão
Contudo, esta teoria, tal como acontecia com a teoria da imitação,
não consegue apresentar um critério que permita decidir com
segurança o que é arte e o que não o é.
Piet Mondrian
Teoria da arte como expressão
Há obras de arte que não expressam emoções do artista,
nem procuram provocar determinadas emoções no
espectador.
Yves Klein
Teoria da arte como expressão
De acordo com a teoria da expressão essas obras não seriam arte…
Victor Vasarely
Por outro lado, se não soubéssemos quem é o autor de uma obra, ou se
não nos fosse possível saber quais as emoções que estavam na origem da
obra, não a poderíamos interpretar…
E poderá haver arte produzida sem um autor?
Pelo menos sem um autor humano?
Teoria da arte como forma significante
Claude Monet (1840-1926)
Verificando que a diversidade de obras de arte é bem maior do que
as teorias da imitação e da expressão fariam supor, uma teoria
mais elaborada, e também mais recente, conhecida como teoria da
forma significante (ou “teoria formalista”), abandonou a ideia de
que existe uma característica que possa ser directamente
encontrada em todas as obras de arte.
Teoria da arte como forma significante
Gustave
Klimt
(1840-1926)
Esta teoria, defendida, entre outros, pelo filósofo Clive Bell,
considera que não se deve começar por procurar aquilo que define
uma obra de arte na própria obra, mas sim no sujeito que a
aprecia.
Marc Chagall
(1887-1985)
Teoria da arte como forma significante
Gustave Klimt
“A árvore de vida”
Gustave Klimt
“O beijo”
Marc Chagall
A característica comum a todas as obras de arte só
pode ser identificada por intermédio de um tipo de
emoção peculiar, a que Clive Bell chama emoção
estética, que elas, e só elas, provocam em nós.
Teoria da arte como forma significante
Salvador Dali
“A persistência da memória”
De acordo com a teoria formalista de Clive Bell:
Uma obra é arte se, e só se, provoca nas pessoas emoções
estéticas.
Tendo em conta a definição dada, reparamos que a
característica de provocar emoções estéticas constitui,
simultaneamente, a condição necessária e suficiente
para que um objecto seja uma obra de arte.
Almada Negreiros
Tendo em conta a definição dada, reparamos que a
característica de provocar emoções estéticas constitui,
simultaneamente, a condição necessária e suficiente
para que um objecto seja uma obra de arte.
Francis Bacon
A pintar
Mas se essa emoção peculiar chamada “emoção
estética” é provocada pelas obras de arte, e só por
elas, então tem de haver alguma propriedade também
ela peculiar a todas as obras de arte, que seja capaz
de provocar tal emoção nas pessoas.
Mas essa característica existe mesmo? Clive Bell
responde que sim e diz que é a forma significante.
Mas essa característica existe mesmo? Clive Bell responde
que sim e diz que é a forma significante.
Wassily Kandinsky
Frases como “Este quadro é uma verdadeira obra prima devido à
excepcional harmonia das cores e ao equilíbrio da composição”,
ou como “Aquele livro é excelente porque está muito bem escrito
e apresenta uma história bem construída apoiada em
personagens convincentes e bem caracterizadas”, exprimem
habitualmente uma perspectiva formalista da arte.
Texto da apresentação até este slide é baseado no seguinte
documento: Aires Almeida "O que é a arte?"
´
Piet Mondrian
“A teoria de Bell pode ser resumida na expressão “A arte é forma
significante”. A teoria é essencialmente a seguinte: alguns objectos,
criados por mãos humanas, foram, por algum motivo, dotados com
o poder de produzir uma emoção estética nos espectadores
sensíveis. Estes objectos estão por todo o lado; e quando estamos
interessados neles enquanto obras de arte é irrelevante quando
foram feitos, quem os fez ou porquê. O poder para produzir uma
emoção estética é inerente à forma significante. A forma significante
é uma combinação de linhas, formas e cores em certas relações.”
Nigel Warburt
Nem toda a forma é significante; mas se um objecto tem uma forma
significante, tem-na por causa das relações entre essas linhas,
formas e cores. A forma significante, defendeu Bell, é “a única
qualidade comum a todas as obras de arte visual”. A representação
– o que uma pintura pinta – é irrelevante para a nossa apreciação
das obras de arte como arte. Não se trata de Bell achar que existe
algo de intrinsecamente errado com a representação; mas antes
que o valor artístico da arte visual se encontra noutro lado.
Nigel Warburt
Assim, a arte não é acerca da vida, mesmo quando parece sê-lo. O único
conhecimento relevante que o observador precisa de ter é um sentido da
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Teorias estéticas

  • 1. As teorias estéticas essencialistas www.filosofarliberta.blogspot.pt
  • 2.
  • 3. O primeiro problema que qualquer teoria da arte tem de enfrentar é o problema da própria definição de “arte” ou de “obra de arte”. Como podemos então definir “arte”? Patrícia Piccinini
  • 4. As teorias essencialistas defendem que existe uma essência de arte, ou seja, que existem propriedades essenciais comuns a todas as obras de arte e que só nas obras de arte se encontram. Picasso
  • 5.
  • 6. Uma definição essencialista exige também que tais propriedades sirvam para distinguir a arte de outras coisas que não são arte. Daí que se procurem apenas identificar as propriedades essenciais que sejam individuadoras da arte. Vieira da Silva
  • 7.
  • 8. A teoria da arte como imitação
  • 9. Esta é uma das mais antigas teorias da arte. Foi, aliás, durante muito tempo aceite pelos próprios artistas como inquestionável. A teoria da arte como imitação José Malhoa 1855-1933
  • 10. A definição que constitui a sua tese central é a seguinte: Uma obra é arte se, e só se, é produzida pelo homem e imita algo. A característica própria desta teoria não reside no facto de defender que uma obra de arte tem de ser produzida pelo homem, o que é comum a outras teorias, mas na ideia de que para ser arte essa obra tem de imitar algo. A teoria da arte como imitação
  • 11. Vários foram os filósofos que se referiram à arte como imitação. Alguns desprezavam-na por isso mesmo, como acontecia com o conhecido filósofo grego Platão que, ao considerar que as obras de arte imitavam os objectos naturais, via essas obras como imagens imperfeitas dos seus originais. Ainda por cima quando, no seu ponto de vista, os próprios objectos naturais eram por sua vez cópias de outros seres mais perfeitos. A teoria da arte como imitação
  • 12. Já o seu contemporâneo Aristóteles, mantendo embora a ideia de arte como imitação, tinha uma opinião mais favorável à arte, uma vez que os objectos que a arte imita não são, segundo ele, cópias de nada [e a arte pode contribuir para uma purificação emocional das pessoas que entram em relação com ela, libertando-as de emoções negativas - Catharsis]. A teoria da arte como imitação
  • 13. Pontos fortes da teoria: A teoria da arte como imitação Fotografia de Eugenio Recuenco, inspirada nos frisos do Parténon
  • 14. 1. Adequa-se ao facto incontestável de muitas pinturas, esculturas e outras obras de arte, como peças de teatro ou filmes imitarem algo da natureza: paisagens, pessoas, objectos, acontecimentos, etc. A teoria da arte como imitação Fotografia de Eugenio Recuenco, inspirada nos frisos do Parténon
  • 15. Friso do Parténon atribuído a Fídeas Sec. V a.C.
  • 18. 2. Oferece um critério de classificação das obras de arte bastante rigoroso, o que nos permite, aparentemente, distinguir com alguma facilidade um objecto que é uma obra de arte de outro que o não é. A teoria da arte como imitação Pinturas hiperrealistas de Roberto Bernardi
  • 19. Pintura de Roberto Bernardi
  • 22. Pintura de Javier Arizabalo
  • 25. Pintura de Rob Hefferan
  • 26. Um aspecto geral desta teoria mostra-nos que é uma teoria centrada nos objectos imitados. Ela exprime-se frequentemente através de frases como “este filme é excelente, pois é um retrato fiel da sociedade americana nos anos 60”, ou como “este quadro é tão bom que mal conseguimos distinguir aquilo que o artista pintou do modelo utilizado”. A teoria da arte como imitação Turner (1775-1851)
  • 27. Limitações da teoria: A teoria da arte como imitação Obras de arte que não imitam nada encontramo-las tanto na pintura como na escultura abstratas ou noutras artes visuais não figurativas. De forma ainda mais notória encontramo-las na literatura e na música. Jackson Pollock
  • 28.
  • 30. Teoria da arte como expressão Munch, o Grito
  • 31.
  • 32. Teoria da arte como expressão Insatisfeitos com a teoria da arte como imitação (ou representação), muitos filósofos e artistas românticos do século XIX propuseram uma definição de arte que procurava libertar-se das limitações da teoria anterior, ao mesmo tempo que deslocava para o artista, ou criador, a chave da compreensão da arte. Trata-se da teoria da arte como expressão.
  • 33. Segundo a teoria da expressão: Uma obra é arte se, e só se, exprime sentimentos e emoções do artista. Van Gogh
  • 34. Se é verdade, como parece ser, que a arte provoca em nós determinadas emoções ou sentimentos, então é porque tais sentimentos e emoções existiram no seu criador e deram origem a tais obras. Também nos oferece, como a teoria anterior, um critério que permite, com algum rigor, classificar objectos como obras de arte. Com a vantagem acrescida de classificar como arte todas as obras que não imitam nada, o que acontece frequentemente na literatura e sempre na música e na arte abstracta. Mais uma vez oferece um critério valorativo: uma obra é tanto melhor quanto melhor conseguir exprimir os sentimentos do artista que a criou.
  • 35. Uma teoria como esta manifesta-se frequentemente em juízos como “Este é um livro exemplar em que o autor nos transmite o seu desespero perante uma vida sem sentido” ou como “O autor do filme filma magistralmente os seus próprios traumas e obsessões”.
  • 36. Teoria da arte como expressão Contudo, esta teoria, tal como acontecia com a teoria da imitação, não consegue apresentar um critério que permita decidir com segurança o que é arte e o que não o é. Piet Mondrian
  • 37. Teoria da arte como expressão Há obras de arte que não expressam emoções do artista, nem procuram provocar determinadas emoções no espectador. Yves Klein
  • 38. Teoria da arte como expressão De acordo com a teoria da expressão essas obras não seriam arte… Victor Vasarely
  • 39. Por outro lado, se não soubéssemos quem é o autor de uma obra, ou se não nos fosse possível saber quais as emoções que estavam na origem da obra, não a poderíamos interpretar… E poderá haver arte produzida sem um autor? Pelo menos sem um autor humano?
  • 40. Teoria da arte como forma significante Claude Monet (1840-1926)
  • 41.
  • 42.
  • 43. Verificando que a diversidade de obras de arte é bem maior do que as teorias da imitação e da expressão fariam supor, uma teoria mais elaborada, e também mais recente, conhecida como teoria da forma significante (ou “teoria formalista”), abandonou a ideia de que existe uma característica que possa ser directamente encontrada em todas as obras de arte. Teoria da arte como forma significante Gustave Klimt (1840-1926)
  • 44. Esta teoria, defendida, entre outros, pelo filósofo Clive Bell, considera que não se deve começar por procurar aquilo que define uma obra de arte na própria obra, mas sim no sujeito que a aprecia. Marc Chagall (1887-1985) Teoria da arte como forma significante
  • 48. A característica comum a todas as obras de arte só pode ser identificada por intermédio de um tipo de emoção peculiar, a que Clive Bell chama emoção estética, que elas, e só elas, provocam em nós. Teoria da arte como forma significante Salvador Dali “A persistência da memória”
  • 49. De acordo com a teoria formalista de Clive Bell: Uma obra é arte se, e só se, provoca nas pessoas emoções estéticas.
  • 50. Tendo em conta a definição dada, reparamos que a característica de provocar emoções estéticas constitui, simultaneamente, a condição necessária e suficiente para que um objecto seja uma obra de arte. Almada Negreiros
  • 51.
  • 52. Tendo em conta a definição dada, reparamos que a característica de provocar emoções estéticas constitui, simultaneamente, a condição necessária e suficiente para que um objecto seja uma obra de arte. Francis Bacon A pintar
  • 53. Mas se essa emoção peculiar chamada “emoção estética” é provocada pelas obras de arte, e só por elas, então tem de haver alguma propriedade também ela peculiar a todas as obras de arte, que seja capaz de provocar tal emoção nas pessoas. Mas essa característica existe mesmo? Clive Bell responde que sim e diz que é a forma significante.
  • 54. Mas essa característica existe mesmo? Clive Bell responde que sim e diz que é a forma significante. Wassily Kandinsky
  • 55.
  • 56. Frases como “Este quadro é uma verdadeira obra prima devido à excepcional harmonia das cores e ao equilíbrio da composição”, ou como “Aquele livro é excelente porque está muito bem escrito e apresenta uma história bem construída apoiada em personagens convincentes e bem caracterizadas”, exprimem habitualmente uma perspectiva formalista da arte. Texto da apresentação até este slide é baseado no seguinte documento: Aires Almeida "O que é a arte?" ´ Piet Mondrian
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  • 58. “A teoria de Bell pode ser resumida na expressão “A arte é forma significante”. A teoria é essencialmente a seguinte: alguns objectos, criados por mãos humanas, foram, por algum motivo, dotados com o poder de produzir uma emoção estética nos espectadores sensíveis. Estes objectos estão por todo o lado; e quando estamos interessados neles enquanto obras de arte é irrelevante quando foram feitos, quem os fez ou porquê. O poder para produzir uma emoção estética é inerente à forma significante. A forma significante é uma combinação de linhas, formas e cores em certas relações.” Nigel Warburt
  • 59. Nem toda a forma é significante; mas se um objecto tem uma forma significante, tem-na por causa das relações entre essas linhas, formas e cores. A forma significante, defendeu Bell, é “a única qualidade comum a todas as obras de arte visual”. A representação – o que uma pintura pinta – é irrelevante para a nossa apreciação das obras de arte como arte. Não se trata de Bell achar que existe algo de intrinsecamente errado com a representação; mas antes que o valor artístico da arte visual se encontra noutro lado. Nigel Warburt
  • 60. Assim, a arte não é acerca da vida, mesmo quando parece sê-lo. O único conhecimento relevante que o observador precisa de ter é um sentido da forma, da cor e do espaço tridimensional. Nigel Warburt Salvador Dali