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Elementos de Química Geral
              Volume 1    Edilson Clemente
              2ª edição




     Apoio:
Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
             Rua Visconde de Niterói, 1364 – Mangueira – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20943-001
                                Tel.: (21) 2299-4565 Fax: (21) 2568-0725


                                                Presidente
                                             Masako Oya Masuda

                                               Vice-presidente
                                                Mirian Crapez

                                 Coordenação do Curso de Biologia
                                      UENF - Milton Kanashiro
                                     UFRJ - Ricardo Iglesias Rios
                                      UERJ - Cibele Schwanke




Material Didático
ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO                                         Departamento de Produção
Edilson Clemente
                                                         EDITORA                                       PROGRAMAÇÃO VISUAL
COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO
                                                         Tereza Queiroz                                Alexandre d'Oliveira
INSTRUCIONAL
                                                                                                       Bruno Gomes
Cristine Costa Barreto                                   COPIDESQUE                                    Marcelo Carneiro
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL                             Cristina Maria Freixinho                      Renata Borges
E REVISÃO                                                REVISÃO TIPOGRÁFICA                           ILUSTRAÇÃO
Zulmira Speridião                                        Elaine Bayma                                  Fabiana Rocha
Roberto Paes de Carvalho                                 Patrícia Paula
                                                                                                       CAPA
COORDENAÇÃO DE LINGUAGEM                                 COORDENAÇÃO DE                                Fabiana Rocha
Maria Angélica Alves                                     PRODUÇÃO
Cyana Leahy-Dios                                         Jorge Moura                                   PRODUÇÃO GRÁFICA
                                                                                                       Andréa Dias Fiães
COORDENAÇÃO DE AVALIAÇÃO DO
                                                                                                       Fábio Rapello Alencar
MATERIAL DIDÁTICO
Débora Barreiros
AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO
Ana Paula Abreu Fialho
Aroaldo Veneu                                          Copyright © 2005, Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
                                   Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio
                                   eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Fundação.

                                C626e
                                            Clemente, Edilson.
                                              Elementos de química geral. v. 1 / Edilson Clemente.
                                            – 2.ed. – Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008.
                                              189p.; 19 x 26,5 cm.

                                                   ISBN: 978-85-7648-385-4

                                                1. Química geral. 2. Evolução da química. 3.
                                            Propriedades. 4. Átomo. 5. Estruturas de Lewis. II. Título.
                                                                                        CDD: 540
2008/2
                                        Referências Bibliográficas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT.
Governo do Estado do Rio de Janeiro


                                                Governador
                                             Sérgio Cabral Filho


                                Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia
                                             Alexandre Cardoso




Universidades Consorciadas

UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO                                    UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO
NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO                                     RIO DE JANEIRO
Reitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho                           Reitor: Aloísio Teixeira



UERJ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO                                   UFRRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL
RIO DE JANEIRO                                                     DO RIO DE JANEIRO
Reitor: Ricardo Vieiralves                                         Reitor: Ricardo Motta Miranda


UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE                              UNIRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO
Reitor: Roberto de Souza Salles                                    DO RIO DE JANEIRO
                                                                   Reitora: Malvina Tania Tuttman
Elementos
                          de Química Geral                                Volume 1


SUMÁRIO   Aula 1 – Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier ______________ 7
          Aula 2 – Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais __________ 19
          Aula 3 – Propriedades gerais da matéria __________________________ 29
          Aula 4 – O átomo é divisível!___________________________________ 45
          Aula 5 – Estrutura eletrônica dos átomos __________________________ 61
          Aula 6 – Propriedades periódicas dos elementos ____________________ 83
          Aula 7 – Combinações entre átomos: a ligação iônica ________________ 97
          Aula 8 – Combinações entre átomos: a ligação covalente_____________ 111
          Aula 9 – Estruturas de Lewis: Parte l ____________________________ 125
          Aula 10 – Estruturas de Lewis: Parte ll ___________________________ 137
          Aula 11 – Forma das moléculas: Parte I __________________________ 155
          Aula 12 – Forma das moléculas: Parte II__________________________ 167
1
                                                                                     AULA
                                      Evolução da Química:
                                 da Pré-história a Lavoisier

                                                                                       Meta da aula
                                                         Descrever a evolução histórica da Química, até o
                                                         século XVIII, como determinante na constituição
                                                                                            desta ciência.
objetivos


            Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

            • Identificar alguns materiais (e suas propriedades) usados
              desde a Antiguidade e que ainda estão presentes no
              cotidiano do homem moderno.
            • Compreender os princípios da teoria do flogisto.
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier



INTRODUÇÃO               Consultando o verbete “química” em dicionários da Língua Portuguesa,
                         encontramos a seguinte definição: “Química é o estudo científico da constituição
                         da matéria, suas propriedades, transformações e as leis que as regem.”
                         Esta definição mostra que a Química é uma ciência exata, regida por leis
                         bem estabelecidas e estruturadas. Estas leis permitem a análise e a previsão
                         do comportamento de substâncias que existem naturalmente, ou que são
                         produzidas pelo homem.
                         Entretanto, o caráter científico da Química só foi estabelecido há cerca de três
                         séculos. Até o século XVIII, as práticas químicas se misturavam aos conceitos
                         da alquimia, fazendo com que seu caráter científico fosse mascarado, algumas
                         vezes, pelos ensinamentos místicos dos alquimistas. Por isso, é interessante
                         observar como essa ciência evoluiu ao longo do tempo. Nesta primeira aula,
                         você vai acompanhar a evolução da Química, desde tempos imemoriais até o
                         ponto em que ela se tornou uma ciência exata.


                         A QUÍMICA NOS TEMPOS ANTIGOS: PASSEANDO PELA
                         HISTÓRIA

                                O ser humano utiliza a Química desde o seu surgimento na
                         Terra, ainda que nos primórdios não tivesse consciência deste fato. Os
                         homens da Pré-história usavam pigmentos extraídos das plantas e dos
                         demais reinos da Natureza para decorar suas cavernas ou representar
                         seu cotidiano e suas crenças. São famosas as pinturas em cavernas
                         encontradas em vários locais do mundo, inclusive no Brasil, como está
                         ilustrado na Figura 1.1.




                           Figura 1.1: Pintura do homem das cavernas encontrada no Nordeste do Brasil.


8 CEDERJ
O domínio do fogo, que o homem conhecia mas não controlava,




                                                                                        1
permitiu a produção de grande variedade de utensílios e ferramentas. O




                                                                                        AULA
homem aprendeu a extrair e a trabalhar o cobre, o bronze e o ferro. Por
conseqüência, as comunidades que sabiam trabalhar os metais assumiram
a liderança sobre as demais.
      Em um salto histórico, estamos agora por volta de 4000-3000
a.C. No Oriente Próximo (onde hoje estão o Egito, a Síria, a Turquia, o
Líbano e Israel), bem como na China e na Índia, florescem as primeiras
grandes civilizações. Dentre elas, a egípcia foi a que mais influenciou a
humanidade nos tempos antigos.
      Nos séculos seguintes, os egípcios trabalharam o ferro, o ouro,
a prata e outros metais. Ainda fabricaram o vidro, produziram tintas e
pigmentos para pintura de ambientes, papiro para a escrita, aprenderam
a curtir o couro e extrair corantes, medicamentos e perfumes das plantas,
fabricaram bebidas fermentadas e aprenderam a produzir sabão e
vinagre. Não podemos esquecer que os egípcios dominavam a técnica
da mumificação e, para tal, utilizavam resinas especiais, provavelmente
extraídas de plantas e misturadas com matérias do reino animal. Esta
técnica tinha a função de preservar o corpo do morto por longo período,
e nela atingiram níveis de perfeição admirados até hoje.
      A tecnologia egípcia foi absorvida, difundida e, algumas vezes,
aprimorada pelos outros povos da Antiguidade. Entretanto, é importante
assinalar que o conhecimento adquirido por esses povos era totalmente
empírico, ou seja, baseado na experiência do dia-a-dia. Não havia registro
de uma preocupação sistemática com o estudo da natureza da matéria
e de suas propriedades até cerca de 500-400 a.C., quando os gregos
desenvolveram os primeiros modelos para explicar como são formadas
as substâncias presentes na Natureza.




                                                                             CEDERJ 9
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier



                           ATIVIDADE

                           1. O vidro é um material utilizado pelos antigos egípcios e faz parte integrante
                           do dia-a-dia da civilização atual. Entre num site para pesquisar quais são os
                           principais componentes do vidro comum e dos vidros coloridos.

                                                                          RESPOSTA COMENTADA
                           Você vai descobrir que o vidro é feito com uma das matérias-primas
                           mais baratas que podemos encontrar na Natureza: a areia. Esta é,
                           essencialmente, formada por silicatos de sódio e alumínio. O vidro
                           colorido é obtido pela adição de óxidos de ferro, cobre, cromo, cobalto
                           ou manganês. A engenhosidade do homem em manipular os materiais
                           que a Natureza oferece é o segredo de sua evolução neste planeta.




                           OS PRIMEIROS MODELOS TEÓRICOS EM QUÍMICA

                                  A civilização grega é considerada mãe da civilização ocidental. Ela
                           influenciou todos os povos que a sucederam – em especial os romanos,
                           – particularmente nas artes, na filosofia, na ciência e na religião. Para
                           os gregos, estes aspectos da cultura humana estavam intimamente
                           relacionados. Esta visão holística do mundo levou a indagações de
                           caráter filosófico sobre a natureza das substâncias formadoras do
                           Universo, cabendo aos gregos a elaboração dos primeiros modelos para
                           a constituição da matéria.
                                  Por volta de 420 a.C., o filósofo Demócrito (∼460-370 a.C.)
                           defendia o modelo de seu mestre Leucipo, que propôs ser a matéria
                           constituída de partículas infinitamente pequenas e indivisíveis, chamadas
                           átomos. Assim, cada substância seria formada por átomos nela presentes.
                           O modelo corpuscular de Leucipo se opunha ao de Empédocles (490-
Figura 1.2: Demócrito.     435 a.C.); este supunha ser o universo formado pela união dos quatro
                           elementos: fogo, ar, terra e água.
                                  O modelo dos quatro elementos foi adotado por Aristóteles
                           (384-322 a.C.), filósofo grego de maior influência no Ocidente. As
                           idéias aristotélicas dominaram o pensamento do Ocidente e do Oriente
                           Próximo, levando ao fortalecimento da alquimia, forma como a Química
                           mais se desenvolveu pelos séculos seguintes.



Figura 1.3: Aristóteles.


  10 CEDERJ
A ALQUIMIA E A IATROQUÍMICA




                                                                                                        1
                                                                                        ALQUIMIA




                                                                                                        AULA
       A ALQUIMIA era uma “arte secreta” na qual se misturavam idéias               Palavra derivada
                                                                                  do árabe al-kımıá,
                                                                                                ¯ ¯
de magia e práticas químicas. Os primeiros registros são em Alexandria               que por sua vez
                                                                                      originou-se do
e apresentam forte inspiração filosófica da teoria dos quatro elementos,             grego chymeıa,
                                                                                                  ¯
defendida por Aristóteles. A alquimia perdeu prestígio na Europa por volta         cujo significado é
                                                                                  “mistura de vários
de 292 d.C., devido à destruição de muitos escritos guardados em Alexandria,           ingredientes”.

mas manteve sua influência entre os povos do Oriente Próximo.
       Com a chegada dos árabes ao continente europeu alguns séculos
depois, a alquimia tornou-se novamente importante, embora seus
praticantes fossem, muitas vezes, perseguidos pela Igreja Católica.
Os árabes levaram consigo os ensinamentos de vários livros secretos,
considerados a base dos estudos alquímicos.
       Os ideais dos alquimistas estavam relacionados à descoberta da
“pedra filosofal”, capaz de transformar qualquer metal em ouro; e do
elixir da longa vida, capaz de curar todas as doenças. Na Figura 1.4, você
pode ter uma idéia de como funcionava um “laboratório” de alquimia.
Imagens como esta ficaram registradas no subconsciente das pessoas,
imprimindo à Química, durante séculos, um caráter pouco científico.




  Figura 1.4: Um laboratório alquímico, no qual se buscava a “pedra filosofal”.
                                                                                            CEDERJ 11
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier




                            Um trecho do Compositum de compositis de Alberto, o Grande (1193-1280),
                            um dos maiores alquimistas do Ocidente, traduz claramente o pensamento dos
                            praticantes na Idade Média :

                            “Observou-se que a natureza dos metais, tal como a conhecemos, é engendrada,
                            de uma maneira geral, pelo Enxofre e o Mercúrio. Somente a diferença de cocção
                            e de digestão produz a variedade na espécie metálica. Eu próprio observei
                            que num só e único vaso, quer dizer, num mesmo filão, a natureza produziu
                            vários metais e a prata, disseminados por aqui e ali. Demonstramos claramente
                            no nosso ‘Tratado dos minerais’ que, de fato, a geração dos metais é circular,
                            passando facilmente de um a outro, segundo um círculo; os metais vizinhos têm
                            propriedades semelhantes; é por isso que a prata se transforma mais facilmente
                            em ouro que qualquer outro metal.”



                                Os alquimistas não conseguiram chegar às metas sonhadas, mas,
                         ao longo de suas pesquisas, acabaram produzindo novos materiais
                         como o álcool, o ácido sulfúrico, o ácido nítrico e muitos outros
                         ácidos, bases, sais e óxidos. Também descobriram e manipularam
                         vários metais e substâncias elementares importantes, como o enxofre, o
                         fósforo, o mercúrio e o cádmio. Fabricaram, ainda, novos artefatos para
                         o uso em suas práticas alquímicas (como o almofariz e o alambique) e
                         aperfeiçoaram novas técnicas, como a destilação e a extração. A alquimia
                         contribuiu muito para o desenvolvimento da técnica química, mas não
                         para as explicações dos fenômenos químicos.



                            Recorde da Química Básica que:
                                 Ácidos inorgânicos são substâncias que contêm o íon H+;
                                 Bases inorgânicas são substâncias que contêm o íon OH-;
                                 Sais inorgânicos são obtidos pela combinação entre ácidos e bases;
                                 Óxidos são compostos formados por um metal ou não-metal e
                                 oxigênio.



                                Entre os alquimistas mais famosos do Ocidente, podemos destacar
                         os nomes de Maria, a Judia, Nicolas Flamel (1330-1418) e Paracelso
                         (1494-1541). A primeira é uma figura lendária, não se sabendo precisar
                         quando existiu ou mesmo se este nome se refere a uma única pessoa.
                         A ela atribui-se a criação do banho-maria, tão utilizado em aplicações
                         científicas e mesmo caseiras. Flamel, por sua vez, enganou a muitos e
                         a si mesmo, dizendo ter obtido o segredo da transmutação de metais
                         menos nobres em ouro.




12 CEDERJ
Paracelso, cujo nome verdadeiro é Philippus Aureolus Theophrastus




                                                                                                  1
                                                                            IATROQUÍMICA
Bombastus von Hohenmheim, dedicou boa parte de sua vida ao preparo




                                                                                                  AULA
                                                                             Doutrina médica
de medicamentos extraídos das plantas e dos outros reinos da Natureza.              reinante no
                                                                               século XVI que
Com ele, as artes mágicas da alquimia, já em declínio, adquiriram um        pretendia explicar
                                                                                 os fenômenos
caráter mais científico. A alquimia praticada por Paracelso e seus
                                                                             fisiológicos pelas
seguidores foi chamada I A T R O Q U Í M I C A .                              leis da Química.




                                Figura 1.5: Paracelso.


        Com o surgimento da iatroquímica, a Química entrou em nova
fase, inclinada à Medicina. Segundo o próprio Paracelso, “o fim próprio
da Química não é fazer ouro, é preparar remédios”.
        Vale a pena notar que a alquimia se difundiu em plena Idade
Média. A época de Paracelso corresponde precisamente ao período
de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, marcado pelo
Renascimento nas artes, na ciência, na religião e na organização social
e política do Ocidente.




                                                                                      CEDERJ 13
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier



                         ATIVIDADE

                         2. No texto a seguir, estão materiais utilizados pelos alquimistas. Ao final
                         do texto, são apresentadas definições que se encaixam corretamente
                         nele. Utilize seus conhecimentos de Química Básica para completar
                         adequadamente os espaços pontilhados. As definições descrevem materiais
                         (e algumas propriedades deles) usados pelos alquimistas.

                         O enxofre, .................................., era muito utilizado nas práticas alquímicas.
                         Ao queimar, produz o .............................., um gás tóxico de odor irritante.
                         O mercúrio era outro material querido dos alquimistas: atraía-os uma
                         propriedade incomum, a de ser ............................... Muitos metais eram
                         corroídos com ...................., um líquido xaroposo que provoca queimaduras
                         dolorosas. Finalmente, o grande fascínio dos alquimistas era o ouro,
                         .................................

                                a) Um metal amarelo brilhante e muito maleável
                                b) Um sólido amarelo, opaco e muito quebradiço
                                c) Dióxido de enxofre
                                d) Ácido sulfúrico
                                e) Um metal líquido à temperatura ambiente

                                                                               RESPOSTA COMENTADA
                         Você precisa conhecer algumas propriedades dos materiais
                         apresentados no texto. Felizmente são comuns, fazem parte do nosso
                         dia-a-dia. O enxofre é um sólido amarelo e opaco, que se quebra com
                         muita facilidade; a sua queima produz o dióxido de enxofre (SO2), um
                         gás muito tóxico e que pode levar até à formação de ácido sulfúrico na
                         atmosfera. O mercúrio é o único metal líquido à temperatura ambiente:
                         é usado nos termômetros. O ácido sulfúrico é uma substância altamente
                         corrosiva, com inúmeras aplicações em laboratório e indústria. O ouro
                         é um metal de cor amarelo brilhante utilizado na fabricação de jóias e
                         em partes de alguns instrumentos de precisão. b, c, e, d, a.




                         O NASCIMENTO DA QUÍMICA MODERNA: A CIÊNCIA
                         VENCE A CRENÇA

                                 O Renascimento marcou um novo período na civilização ocidental.
                         O método científico de investigação foi introduzido por pensadores
                         importantes como Rennè Descartes (1596-1650) e explicado por Francis
                         Bacon (1561-1626) em seu livro Novum Organum, em 1620. As idéias
                         destes pensadores se opunham às práticas alquímicas, nas quais não
                         havia um método científico de obtenção e estudo das propriedades dos
                         materiais utilizados. A figura de Robert Boyle (1627-1691) foi decisiva

14 CEDERJ
na implantação do método científico de investigação em Química. Suas




                                                                                                           1
experiências com gases marcaram, para muitos, o início da Química




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moderna.

!
    As experiências de Boyle com os gases o levaram a formular a lei de Boyle, que diz ser a
    pressão (p) de um gás inversamente proporcional ao seu volume (V) se a temperatura (T)
    for constante. A forma matemática desta lei é pV = C, T constante, na qual a constante
    C depende apenas da temperatura. A determinação de C levou à famosa equação dos
    gases perfeitos: pV = nRT.




                                Figura 1.6: Robert Boyle.



    A lei de Boyle fornece base para explicar as alterações que ocorrem na
    capacidade respiratória de mergulhadores no mergulho livre. Nossos pulmões
    têm uma capacidade média de seis litros de ar à pressão atmosférica. Quando
    um mergulhador atinge profundidades de algumas dezenas de metros, está
    sujeito a uma pressão muito maior; desta forma, sua capacidade pulmonar
    diminui sensivelmente.




Figura 1.7: Um mergulhador desprovido de equipamento de mergulho tem sua
capacidade pulmonar reduzida pelo aumento da pressão em seus pulmões.
                                                                                               CEDERJ 15
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier



                                         Boyle definiu elemento como qualquer substância que não pode
                                   ser dividida em substâncias ainda menores. Afirmou ainda que a matéria
                                   é composta por “corpúsculos” (átomos) de várias espécies e tamanhos
                                   capazes de formarem grupos, sendo que cada um deles constitui uma
                                   substância química. Com estas hipóteses, Boyle fez renascer as antigas
                                   idéias de Demócrito sobre a estrutura da matéria.
                                         Na tentativa de explicar o fenômeno da combustão, Georg
                                   Stahl (1660-1734) propôs, em 1697, a teoria na qual entendia que as
                                   substâncias queimavam porque eram ricas em uma certa substância
                                   chamada flogisto. A palavra flogisto vem do grego e significa “eu
                                   inflamo”. Segundo esta teoria, um corpo combustível era constituído de
                                   “terra metálica” e flogisto. A combustão era, segundo Stahl, a liberação
                                   do flogisto, que se manifestava sob a aparência de fogo livre.
                                         Você conseguiu entender? Vamos explicar! Para Stahl, a queima
                                   de um metal era vista como a perda do flogisto, deixando apenas a “cal”
                                   do metal (o óxido formado pela reação de combustão). Hoje entendemos
                                   este processo como uma reação de oxidação, com a formação de óxido
                                   do metal, segundo o esquema: Metal + oxigênio → óxido do metal.


        saída de flogisto                O mesmo princípio se aplicava à queima do carvão, produzindo
                                   gás carbônico. A chama nada mais era do que abundância de flogisto,
                                   como está ilustrado na Figura 1.8.
                                         A teoria do flogisto ganhou um grande número de simpatizantes,
                                   mas teve de enfrentar uma dificuldade que levou, mais tarde, à sua
                                   queda: verificou-se que os materiais resultantes da combustão (chamados
                                   materiais “deflogisticados”) pesavam mais do que o material com
                                   flogisto. Hoje podemos entender que esse fato é absolutamente coerente:
                                   a oxidação de um metal, por exemplo, o transforma no seu óxido; a
                                   substância formada tem massa maior que o metal puro, pois a ele foi
                                   incorporado o oxigênio do ar. Entretanto, na época de Stahl, não se sabia
                                   que a combustão era devida à reação das substâncias com o oxigênio.
                                         A descoberta do oxigênio por Joseph Priestley (1733-1804) e
                                   experiências bastante mais elaboradas de combustão de materiais à luz
                                   dessa nova descoberta, realizadas pelo próprio Priestley e por Antoine
                                   Lavoisier (1743-1794), destruíram a teoria do flogisto. Estamos no
Figura 1.8: Segundo Stahl, a
combustão era a liberação de       final do século XVIII e no começo de uma nova era para a Química.
flogisto, que saía pela chama do
material queimado.



       16 CEDERJ
Com isso, podemos ver que a história desta ciência vai muito além de




                                                                                                    1
uma simples história. Vamos parar por aqui!




                                                                                                    AULA
         Faça a Atividade Final para “fechar” esta breve introdução do
curso.




                             Figura 1.9: Joseph Pristley.



                                             ATIVIDADE FINAL

         O ferro se transforma em ferrugem (óxido de ferro) pelo contato com o oxigênio
         do ar atmosférico. Imagine que você tem a reação ferro + oxigênio → óxido de
         ferro. Como você mostraria que a teoria do flogisto não é válida?

         ____________________________________________________________________________
         ____________________________________________________________________________
         __________________________________________________________________________


                                                             RESPOSTA COMENTADA
         A teoria do flogisto foi uma tentativa de explicar os processos de combustão
         dos materiais. Uma dificuldade observada foi que a massa do material
         queimado era, muitas vezes, maior que a do material original. Este é o caso
         da oxidação de um metal. Na reação dada, um metal se transforma em seu
         óxido pela ação do oxigênio do ar. Se você pesar o material antes e depois
         da combustão, verá que o material oxidado tem massa maior que o metal
         puro. Se houvesse perda do flogisto do metal, o material queimado deveria
         ficar mais leve, o que entra em contradição com os resultados experimentais
         e mostra a inconsistência da teoria do flogisto.



                                                                                        CEDERJ 17
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier




  RESUMO

      A história da Química se confunde com a história da humanidade. Desde tempos
      imemoriais, a Química está presente no cotidiano do homem. Uma medida do grau
      de desenvolvimento de um povo pode ser dada pelo número de materiais que
      podem ser manipulados por ele. A Química dos povos antigos e da Idade Média
      era essencialmente empírica; pouco interesse havia em compreender a natureza
      mais íntima da matéria. Com o Renascimento, inaugurando a Idade Moderna e
      trazendo o método científico sistemático de investigação, a Química passa, ao fim
      do século XVIII, a ter o status de ciência.




                        INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

      Na próxima aula, você vai acompanhar o fabuloso desenvolvimento da Química
      nos séculos XIX e XX, e as perspectivas atuais desta ciência.




18 CEDERJ
2
                                                                                    AULA
                                 Evolução da Química: de
                               Lavoisier até os dias atuais

                                                                                     Metas da aula
                                                       Apresentar os principais períodos da evolução da
                                                            Química, desde Lavoisier até os dias atuais.
                                                                Descrever o modelo atômico de Dalton.
objetivos


            Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

            • Aplicar a teoria atômica de Dalton à representação de
              processos químicos.
            • Identificar algumas áreas importantes da Química
              contemporânea.




                                                                                       Pré-requisito
                                                          Para acompanhar esta aula, você deverá rever
                                                            o percurso histórico que foi apresentado na
                                                                                 Aula 1 desta disciplina.
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais



INTRODUÇÃO                Vimos na aula anterior que, ao final do século XVIII, as bases científicas da
                          Química foram estabelecidas, dando a ela o status de ciência exata. O químico
                          francês Antoine Lavoisier foi fundamental neste processo. Graças a ele, as leis
                          das combinações químicas ficaram bem estabelecidas, permitindo que, no início
                          do século XIX, John Dalton propusesse o primeiro modelo atômico consistente
                          com os dados experimentais disponíveis na época. A partir daí, um crescimento
                          impressionante de técnicas de análise e síntese de compostos químicos marcou
                          os séculos XIX e XX. Nesta aula, você vai acompanhar o notável desenvolvimento
                          da Química, tanto na parte experimental quanto teórica, desde o final do século
                          XVIII até os dias atuais.


                          LAVOISIER E DALTON

                                 Em 1789, no seu Tratado elementar de Química, Antoine Lavoisier
                          (1743-1794) fala das suas experiências com a combustão de metais e
                          outros elementos. Ele observou que o aumento da massa do material
                          queimado não se dá pela perda do flogisto (lembra do final da aula
                          anterior?), mas sim pela incorporação de uma certa quantidade de ar
                          (mais precisamente de oxigênio) ao metal. Seus trabalhos de análise
                          quantitativa dos produtos obtidos nas reações de combustão e em outras
                          reações químicas o levaram a propor a            LEI DA CONSERVAÇÃO DA MASSA,   e
                          ajudaram Joseph Proust (1754-1826) a estabelecer a           LEI DAS PROPORÇÕES

                          DEFINIDAS.   Estas duas leis formam a base da estequiometria, que você
   LEI   DA
   CONSERVAÇÃO DA         estudará detalhadamente mais adiante em nosso curso.
   MASSA    (Lavoisier)
   Em uma reação
   química, a soma
   das massas dos
   reagentes é igual à
   soma das massas
   dos produtos. “Na
   Natureza nada
   se perde, nada
   se cria. Tudo se
   transforma”.
   LEI DAS
   PROPORÇÕES
   DEFINIDAS   (Proust)
   Um composto
   é formado
   por elementos
   específicos
   combinados
   sempre na mesma
   proporção em
   massa.


                                                      Figura 2.1: Antoine Lavoisier.

20 CEDERJ
Além da lei da conservação da massa, podemos destacar como




                                                                                                     2
contribuições de Lavoisier:




                                                                                                     AULA
      a) a definição precisa de elementos químicos e sua descrição;
      b) a descrição dos compostos químicos formados pelas
combinações entre os elementos;
      c) a primeira nomenclatura sistemática dos compostos inorgânicos,
usando seus elementos constituintes;
      d) a composição quantitativa dos compostos pelo uso de balanças
de precisão;
      e) medições quantitativas das propriedades térmicas dos
elementos, dos compostos e das reações entre eles, pela construção e
uso de calorímetros.


      Se não inaugurou, Lavoisier fez avançar em muito a Química
Analítica, Química Inorgânica e Termodinâmica Química. Os resultados
das experiências de Lavoisier e Proust forneceram a base sobre a qual
John Dalton (1766-1844) pôde formular, em 1808, o seu modelo atômico.
Neste primeiro modelo quimicamente consistente, Dalton propôs que:
      a) a matéria é composta por partículas indivisíveis chamadas
átomos;
      b) todos os átomos de um elemento particular são idênticos em
massa e outras propriedades;
      c) os átomos de diferentes elementos diferem em massa e outras
propriedades;
      d) os átomos são indestrutíveis e simplesmente
se rearrumam nas reações químicas. Eles não se
dividem;
      e) quando os átomos de diferentes elementos
se combinam para formar compostos, eles formam
partículas novas, mais complexas. As partículas de
qualquer composto sempre contêm a mesma proporção
fixa de átomos.
      Podemos imaginar o átomo de Dalton como uma
esfera maciça e extremamente pequena. Átomos de um
mesmo elemento correspondem a esferas iguais em
natureza e tamanho. Átomos de elementos distintos são
representados por esferas também distintas. A formação
de um composto é descrita pela combinação de esferas,                 Figura 2.2: John Dalton.
em proporção definida pela lei de Proust.
                                                                                         CEDERJ 21
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais




                                O processo de formação da água a partir do hidrogênio e do
                         oxigênio, por exemplo, seria descrito pelo modelo de Dalton como a
                         aproximação de duas pequenas esferas ligadas entre si (representando
                         a molécula de hidrogênio, H2) a uma esfera maior, representando um
                         átomo de oxigênio. A molécula de H2O seria representada pela ligação
                         destas três esferas, como ilustrado na Figura 2.3.




                         Figura 2.3: Formação da água segundo o modelo de Dalton. Neste modelo, os
                         átomos são esferas maciças e de tamanho e massa característicos de cada átomo, e
                         as moléculas são representadas por esferas unidas entre si.


                                A teoria atômica de Dalton sofreria, entretanto, profundas
                         modificações, por já se saber ao final do século XIX que os átomos não
                         eram indivisíveis. Ainda assim, ela continua descrevendo precisamente
                         como a matéria se combina quimicamente segundo as leis de Lavoisier
                         e Proust.

                         ATIVIDADE

                         1. Faça uma representação da reação H2 +CO2 → H2O + CO utilizando
                         esferas de tamanho ou de cor diferente para representar os átomos de
                         hidrogênio, carbono e oxigênio, segundo o modelo de Dalton.
                         ___________________________________________________________________
                         ___________________________________________________________________
                         _________________________________________________________________

                                                                       RESPOSTA COMENTADA
                         Você deve desenhar inicialmente duas esferas pequenas unidas para
                         representar a molécula de H2, e três esferas unidas para representar
                         o dióxido de carbono. A forma como você vai unir as três esferas
                         mostra se você percebe ou não como o carbono se liga aos átomos
                         de oxigênio. A forma correta é colocar a esfera do carbono no centro
                         e as esferas dos oxigênios uma em cada lado, com as três esferas em
                         linha reta. Em seguida, você deve representar os produtos da reação.
                         Para a água, faça como no CO2 , com o átomo de oxigênio no centro.
                         A rigor, há um ângulo diferente de 180° entre as ligações O-H. Para
                         entender mais sobre a geometria de moléculas, aguarde a Aula 11.
                         A representação do CO é simples: duas esferas unidas representando
                         a ligação C=O.
22 CEDERJ
A QUÍMICA DO SÉCULO XIX




                                                                                                             2
                                                                                E S P E C T RO S C O P I A




                                                                                                             AULA
        Os avanços tecnológicos ocorridos no século XIX – pelo                         É o estudo da
                                                                                       luz absorvida
desenvolvimento das máquinas térmicas, pelo domínio da eletricidade,                ou emitida pelos
                                                                                      corpos sólidos,
pela melhora de equipamentos ópticos de precisão e pelos estudos sobre          líquidos ou gasosos.
o magnetismo – permitiram a descoberta de muitos novos elementos                  POLARIMETRIA
químicos. Também, graças a esses avanços, houve grande progresso na                    É o estudo do
                                                                                    desvio do plano
caracterização de compostos por técnicas não só puramente químicas,                da luz polarizada
                                                                                   quando atravessa
mas também por determinações             ESPECTROSCÓPICAS , POLARIMÉTRICAS E
                                                                                     uma substância
ELETROQUÍMICAS.                                                                           quiral (nos
                                                                                          compostos
        Talvez a melhor forma de ilustrar a importância dos acontecimentos        orgânicos, é a que
                                                                                  apresenta carbono
ocorridos naquele século, na área da Química, seja traçar uma pequena                   assimétrico).
cronologia em que vamos destacar alguns eventos, bem como os químicos           ELETROQUÍMICA
que os produziram. Acompanhe esta cronologia na Tabela 2.1 a seguir:                  É o estudo dos
                                                                                efeitos da passagem
                                                                                    de uma corrente
Tabela 2.1: Alguns eventos importantes na área da Química no século XIX                elétrica sobre
                                                                                sólidos inorgânicos
 Ano     Evento                                                                          e orgânicos,
                                                                                  líquidos puros ou
         Humphrey Davis utilizou células eletrolíticas na decomposição de
 1801                                                                                       soluções.
         compostos
 1803    Jön Berzelius realiza a decomposição eletrolítica de sais
 1807    Humphrey Davis obtém sódio e potássio por eletrólise
         Amedeo Avogadro estabelece que volumes iguais de gases diferentes
 1811
         têm o mesmo número de partículas
         Jean-Baptiste Biot descobriu que a luz tem seu plano de propagação
 1813    girado ao atravessar uma placa de quartzo e a seguir uma solução de
         sacarose
         Jön Berzelius calcula fórmulas de compostos orgânicos a partir de
 1815
         dados analíticos experimentais
         Franz Wöhler converteu o cianato de amônio em uréia, realizando
 1828    assim a primeira síntese de um composto orgânico a partir de um
         inorgânico
         Michael Faraday expôs as leis da eletrólise e estabeleceu a
 1833
         nomenclatura ainda hoje usada em eletroquímica
         Thomas Graham explicou a lei da efusão dos gases em pequenos
 1846
         orifícios
         Stanislao Cannizzaro mostrou a diferença entre pesos atômicos e
 1858
         moleculares
         Friedrich Kekulé definiu a química orgânica como a química dos
 1861
         compostos do carbono
         Robert Bunsen e Gustav Kirchhoff descobriram o césio e o rubídio por
 1861
         técnicas espectroscópicas
         Dimitri Mendeleev criou o sistema de classificação periódica dos
 1869
         elementos.
         Jacobus van’t Hoff demonstrou que as quatro ligações do carbono
 1874
         estão distribuídas em forma de tetraedro
         Svante Arrhenius demonstrou que os eletrólitos se dissociam em íons,
 1884    átomos ou grupos de átomos que transportam carga elétrica positiva
         ou negativa
 1896    Henri Becquerel descobre a radioatividade
 1897    Joseph John Thomson descobre o elétron
                                                                                               CEDERJ 23
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais



                                Você certamente não entendeu o significado de muitos termos que
                         apareceram na tabela anterior. Não se preocupe, pois a idéia aqui é apenas
                         ilustrar a nossa discussão com eventos importantes na área da Química do
                         século XIX. Você pode consultar alguns sites especializados em história
                         da Química para obter mais informações sobre estes eventos. Podemos
                         citar, por exemplo, o seguinte endereço: http://www.sobresites.com/
                         ciencia/historiadaciencia.html; além de outros que estão listados ao
                         final desta aula.
                                Apesar de parecer longa, a tabela apresentada está longe de ser
                         completa. Ela ilustra apenas a evolução extraordinária da Química
                         no século XIX e aponta claramente para a descoberta das partículas
                         subatômicas, formadoras dos átomos.


                            O vencedor do primeiro Nobel em Química foi Jacobus van’t Hoff (1852-1911),
                            que recebeu esse prêmio em 1901 pelas suas pesquisas em dinâmica química
                            e pelos estudos de pressão osmótica em soluções. Este assunto é de extrema
                            importância em ciências biológicas e você vai aprender mais sobre ele no estudo
                            das propriedades coligativas de soluções.




                         A QUÍMICA DO SÉCULO XX E DOS DIAS ATUAIS

                                Ao final do século XIX, o desenvolvimento da Química era
                         tão amplo que já existiam “divisões” dela em áreas de conhecimento
                         específico. A Química Inorgânica, Orgânica, Analítica e Físico-Química
                         estavam estruturadas. A Química dos sistemas biológicos, devido à sua
                         grande complexidade, ainda não tinha tido um desenvolvimento tão
                         acentuado, mas este quadro se modificaria rapidamente no século XX,
                         quando ganhou impulso extraordinário graças aos sofisticadíssimos
                         equipamentos que começaram a surgir.
                                Os avanços na Espectroscopia e o domínio das leis da eletricidade e
                         do magnetismo permitiram descobrir e caracterizar partículas subatômicas.
                         A determinação da relação entre a carga e a massa de partículas
                         carregadas eletricamente levou à construção dos espectrômetros de
                         massa. A espectroscopia de amostras na presença de campos magnéticos
                         levou à construção dos aparelhos de ressonância magnética nuclear; hoje,
                         versões destes aparelhos são amplamente utilizadas na medicina.




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2
                                                                                                                    AULA
Figura 2.4: Aparelhos de ressonância magnética são hoje amplamente utilizados na
área médica para diagnóstico.


        A descoberta das partículas subatômicas levou à formulação
de novos modelos atômicos, dos quais destacamos os de Niels Bohr
(1871-1937) e de Erwin Schrödinger (1887-1961). Estes modelos serão
discutidos com detalhes nas próximas aulas.
        Os modelos criados para explicar as ligações entre os átomos
evoluíram a tal ponto que levaram a estabelecer um novo ramo: a
Química Teórica. O notável desenvolvimento da eletrônica, levando-nos
aos microcomputadores e equipamentos extremamente sofisticados,
tornou possível controlar experiências em nível molecular e realizar                   Figura 2.5: Niels Bohr.
cálculos químicos que permitem prever as propriedades de moléculas
tão grandes quanto polipeptídeos, carboidratos e polímeros.
        Novamente, um pequeno panorama cronológico pode ser traçado
para facilitar a visualização da evolução da Química no século XX. Ele
está apresentado na Tabela 2.2 a seguir.


Tabela 2.2: Alguns eventos importantes na área da Química no século XX

 Ano     Evento

         Mikhail Tsvet inventou o papel cromatográfico como meio de
 1901
         separação de pigmentos

 1909    Sören Sörensen inventou a escala de pH

 1911    Niels Bohr propôs o seu modelo atômico
                                                                                   Figura 2.6: Erwin Schrödinger.




                                                                                                CEDERJ 25
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais




                                    Max Von Laue mostrou que os cristais eram compostos por camadas
                          1912
                                    regulares e repetidas de átomos, através da difração de raios X
                                    Henry Moseley elaborou a tabela periódica baseada no número
                          1914
                                    atômico, que ele igualou à carga positiva do núcleo de um átomo
                                    Gilbert Lewis explicou a ligação covalente como sendo uma
                          1916
                                    distribuição dos elétrons
                                    Erwin Schrödinger estabeleceu o modelo dos orbitais para o átomo de
                          1925
                                    hidrogênio
                                    Heitler e London descrevem a formação da molécula de hidrogênio à
                          1927
                                    luz da mecânica quântica
                                    Arne Tiselius inventou a eletroforese, que separa partículas em
                          1930
                                    suspensão em um campo elétrico

                          1932      Harold Urey descobriu o deutério, um isótopo do hidrogênio
                                    Edwin McMilan e Philip Abelson sintetizaram o primeiro elemento
                          1940      transurânico (de número atômico maior do que o urânio), o neptúnio,
                                    bombardeando urânio com nêutrons
                                    Derek Barton deduziu que as propriedades de compostos orgânicos
                          1950
                                    são afetadas pela orientação dos seus grupos funcionais
                                    Francis Crick, Rosalind Franklin, James Watson e Maurice Wilkins
                          1953      determinaram a estrutura de dupla-hélice do DNA (ácido
                                    desoxirribonucléico) por difração de raios X
                                    Neil Bartlett preparou o primeiro composto de um gás nobre, o
                          1962
                                    hexafluoroplatinato de xenônio
                                    Roald Hoffmann e Kenichi Fukui aplicaram a mecânica quântica para
                          1981
                                    prever o caminho de reações químicas
                                    Harold Kroto e David Walton descobriram os fulerenos, uma nova
                          1985      família de sólidos constituídos por coberturas fechadas de átomos de
                                    carbono
                                    Químicos norte-americanos da Universidade da Califórnia sintetizaram
                          1993
                                    a rapamicina, testada como agente anticanceroso




                          !
                              A observação feita após a Tabela 2.1 vale também para as informações contidas nesta
                              tabela: você não precisa se preocupar em entender o significado de todos os termos
                              que aparecem; muitos deles são altamente especializados e sua interpretação foge aos
                              objetivos do nosso curso.




                                  É notável que a Química do final do século XX e dos dias atuais
                         esteja voltada para as aplicações em sistemas biológicos. Você mesmo
                         pode concluir este fato olhando a seqüência de eventos mostrada na
                         Tabela 2.2. A moderna tecnologia permite não só sintetizar e analisar
                         moléculas muito complexas (como os fármacos mais diversos), mas
                         também modelar computacionalmente os efeitos destas moléculas
                         nos seres vivos. Parece não existirem mais fronteiras na Química e as
                         perspectivas futuras são ilimitadas.



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ATIVIDADE




                                                                                                          2
                                                                                                          AULA
                        2. A diversidade de conhecimento químico atual e a interdisciplinaridade
                        geraram uma série de subdivisões na área de Química. Descubra do que
                        tratam as seguintes subáreas da Química e descreva, de forma sucinta,
                        suas aplicações:
                              a) Bioeletroquímica
                              b) Química Marinha
                              c) Química Forense
                              d) Geoquímica
                              e) Petroquímica

                                                                       RESPOSTA COMENTADA
                        Você encontrará facilmente o significado destas importantes áreas
                        de conhecimento, nas quais a Química e outras ciências têm uma
                        importante interface. A Bioeletroquímica se ocupa do estudo dos
                        princípios e aplicações da Eletroquímica nos processos biológicos. A
                        Química Marinha está voltada para a análise de materiais encontrados
                        no mar; tem um forte componente voltado ao meio ambiente. A Química
                        Forense está ligada às análises químicas e determinações de substâncias
                        em locais onde ocorreram fatos que podem estar relacionados a delitos.
                        Ambas são ramos da Química analítica. Finalmente, a Geoquímica e
                        a Petroquímica fazem a interface da química com as geociências. Na
                        Geoquímica, estuda-se a composição química e processos químicos
                        que ocorrem no globo terrestre; um ramo especial desta ciência é a
                        química do petróleo (Petroquímica).




CONCLUSÃO

      Numerosos produtos que consumimos no nosso dia-a-dia são
produzidos em decorrência de décadas de pesquisa e desenvolvimento,
visando a sua obtenção. A Química atual conjuga experiência prática,
avançados métodos de síntese e análise química e teorias sofisticadas
que permitem desenhar fármacos, corantes e catalisadores antes mesmo
de serem produzidos. Esses métodos tiveram sua origem nos esforços
de outros grandes cientistas que, conhecendo o passado, avançaram em
seu tempo, abrindo o caminho para a imensa tecnologia que dispomos
nos dias atuais.




                                                                                              CEDERJ 27
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais




  RESUMO

      Uma seqüência de eventos importantes, das experiências rigorosamente
      quantitativas de Lavoisier até a formulação de modelos matemáticos extremamente
      sofisticados para a compreensão da estrutura da matéria, levou a Química ao
      status de ciência e trouxe grande desenvolvimento a esta área do conhecimento
      humano. A descoberta de muitos equipamentos permitiu estabelecer vários ramos
      da ciência química, com desenvolvimento particularmente notável na química de
      sistemas biológicos.




                        INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

      Na próxima aula, você vai aprender os conceitos de matéria, propriedades e
      transformações. Eles são essenciais para definir a Química como ciência.




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3
                                                                                      AULA
                                           Propriedades gerais
                                                   da matéria

                                                                                        Metas da aula
                                                                                        Meta
                                     Caracterizar elementos, substâncias simples e compostas e misturas.
                                                                  Descrever os estados físicos da matéria.
                                                         Descrever as unidades fundamentais do Sistema
                                              Internacional e aplicá-las na determinação de propriedades
                                                                                fundamentais da matéria.
objetivos


            Esperamos que, ao final desta aula, você
            seja capaz de:
            • Caracterizar substâncias simples,
              compostas e misturas.
            • Identificar elementos comuns na tabela
              periódica.
            • Avaliar propriedades e transformações,
              distinguindo se são de natureza física ou
              química.
            • Determinar unidades de grandezas
              físicas com base nas unidades
              fundamentais do Sistema Internacional
              de Unidades (SI).




                                                                                        Pré-requisitos
                                                       É importante você rever os modelos de constituição
                                                       da matéria descritos nas Aulas 1 e 2. Isso vai ajudar
                                                          a compreender os conceitos expostos na primeira
                                                                                          parte desta aula.
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria



INTRODUÇÃO               Você já aprendeu que a Química é a ciência que trata das propriedades e das
                         transformações da matéria. Agora, vamos especificar algumas propriedades
                         fundamentais da matéria e os tipos de transformações que vamos abordar
                         ao longo de nosso curso. Você vai aprender a distinguir os estados físicos
                         da matéria pelas suas características mais fundamentais. Vamos também
                         introduzir nesta aula conceitos importantes que permitem distinguir as
                         substâncias puras das misturas, e caracterizar as propriedades destas. Você
                         vai conhecer também as unidades utilizadas na determinação das propriedades
                         fundamentais da matéria. Através delas, as unidades de qualquer propriedade
                         podem ser obtidas.


                         TIPOS E COMPOSIÇÃO DA MATÉRIA


                         Definição de matéria

                                O mundo físico em que vivemos é formado por matéria, dos mais
                         diversos tipos. Observe a Figura 3.1. Nela estão representados um ser
                         vivo, um pequeno objeto contendo um líquido puro e um grande corpo
                         celeste. Estes corpos, animados e inanimados, são formados por matéria.
                         Matéria é tudo que contém massa e ocupa lugar no espaço. As folhas da
                         aula que você está lendo, o seu corpo, a água que você bebe e o ar que
                         você respira são exemplos de matéria.




 MASSA
 Massa é uma
 medida do quão
 difícil é começar o
 movimento de um
 corpo ou mudar
 a sua velocidade.       Figura 3.1: O peixe, o copo com água e o planeta Saturno são formados por matéria.
 Esta definição de
 massa é puramente
 operacional e vem
 das leis de Newton,            A MASSA é, para um dado corpo, constante e independente do local
 que você aprendeu da
 Física elementar. A     onde o corpo se encontra. Você deve distinguir claramente a massa de
 massa é propriedade     um corpo de seu peso. O peso de um corpo é uma medida da força de
 intrínseca da matéria
 e não pode ser          atração da gravidade sobre ele e depende do valor da força gravitacional.
 definida senão pelos
 efeitos que causa em    Um mesmo objeto na Terra e na Lua tem pesos diferentes, embora sua
 outros corpos.
                         massa seja a mesma.



30   CEDERJ
!




                                                                                                   3
    O valor do peso P de um corpo de massa m é dado por




                                                                                                   AULA
                                       P = mg
    Em que g é a aceleração provocada pelo campo gravitacional. Na Terra,
    g = 9,8 m/s2 ao nível do mar e a 45° de latitude. O valor de g muda em relação
    à altura e à latitude.




Composição e tipos de matéria

       As inúmeras evidências experimentais mostram que a matéria
é formada por partículas extremamente pequenas chamadas átomos.
Embora a variedade de espécies de matéria seja extraordinária, existem
apenas pouco mais de cerca de cem tipos distintos de átomos.


!
    Atente agora para as seguintes definições:
    Um elemento químico é uma substância que não pode ser decomposta em
    substâncias mais simples por processos físicos ou químicos comuns.
    Um átomo é a menor unidade de um elemento que detém suas propriedades.
    Uma molécula é uma unidade química que contém dois ou mais átomos unidos
    por ligações químicas.




       Átomos ou moléculas formadas pelo mesmo elemento são subs-
tâncias simples ou elementares. Substâncias formadas por moléculas
que contêm átomos diferentes são denominadas substâncias compostas
ou compostos.
       O oxigênio (O2), por exemplo, é uma substância simples, formada
por moléculas que só contêm átomos do elemento oxigênio (O). Cada
molécula de oxigênio é formada por dois átomos de oxigênio. Já a água
(H2O) é um composto. Cada molécula de água contém dois átomos do
elemento hidrogênio (H) e um átomo do elemento oxigênio (O).
       A observação de que a composição elementar de um composto é
sempre a mesma corresponde à lei das proporções definidas, formulada
por Proust por volta de 1800. Já vimos esta lei na aula anterior, está
lembrado?
       Os compostos podem ser decompostos em substâncias elementares
que o formam. A água pode ser decomposta (por meio da eletrólise), por
exemplo, em hidrogênio e oxigênio.


                                                                                     CEDERJ   31
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria



                               As substâncias (simples ou compostas) podem ser puras ou estar
                        misturadas com outras substâncias. Uma substância pura é formada
                        por átomos ou moléculas de uma só espécie. As misturas são formadas
                        por substâncias de natureza diferente. Se a composição e a aparência
                        da mistura for a mesma em toda a sua extensão, então temos uma
                        mistura homogênea ou solução. Caso contrário, temos uma mistura
                        heterogênea.
                               Ao adicionarmos sal de cozinha à água, por exemplo, verificamos
                        que a mistura formada é homogênea em sua constituição e propriedades:
                        trata-se de uma solução. Já o sal de cozinha adicionado à areia do mar não
                        forma uma solução. Percebemos claramente os grãos de areia e os cristais
                        brancos do sal. Esta mistura é heterogênea.


                        ATIVIDADE


                        1. Em uma bancada de laboratório estão quatro frascos contendo materiais
                        distintos:


                             Frasco             1              2               3             4

                                                                            Azeite e
                           Conteúdo          Etanol      Água e açúcar
                                                                             água
                                                                                            Iodo


                        Identifique o frasco que corresponde a uma:
                        A) substância elementar pura
                        B) composto puro
                        C) mistura homogênea ou solução
                        D) mistura heterogênea

                                                                   RESPOSTA COMENTADA
                        Você deve ter em mente as definições dadas no tópico que prece-
                        de esta atividade para bem desenvolvê-la. Lembre-se de que uma
                        substância pura é formada por átomos ou moléculas de uma só
                        espécie química; ela é elementar se só existe um elemento em sua
                        constituição, e composta se é formada por mais de um elemento
                        diferente. As misturas contêm mais de uma espécie química. São
                        homogêneas se têm aspecto e composição uniforme; caso contrário,
                        são heterogêneas. Assim, o conteúdo do frasco I é o de uma subs-
                        tância pura cujas moléculas são formadas por átomos de carbono,
                        hidrogênio e oxigênio; trata-se de um composto puro (B). O frasco
                        II contém uma mistura de dois compostos: a água (formada por
                        átomos de hidrogênio e oxigênio) e a sacarose (formada por áto-
                        mos de carbono, hidrogênio e oxigênio); como o açúcar é solúvel




32   CEDERJ
3
                       em água, o frasco II contém uma mistura homogênea ou solução (C).




                                                                                                           AULA
                       O azeite e a água também formam uma mistura de dois compostos.
                       Entretanto, o azeite não se dissolve na água; temos, então, uma mistura
                       heterogênea no frasco III (D). Finalmente, o conteúdo do frasco IV é
                       o de uma substância pura formada por átomos do mesmo elemento
                       químico. Trata-se de uma substância elementar pura.




Representação dos elementos químicos

       Um elemento é representado pelo seu símbolo. Normalmente, o
símbolo dado a um elemento é formado pela primeira letra de seu nome.
O símbolo do hidrogênio, por exemplo, é H, o do carbono é C e o do
oxigênio é O. Quando mais de um elemento tiver seu nome começando
pela mesma letra, as duas primeiras letras do nome serão usadas para
representá-lo. Os símbolos do cálcio e do cromo, que começam com a
mesma letra, são Ca e Cr, respectivamente.
       Em muitos casos, parece que as regras acima não são cumpridas.
Isso ocorre porque muitos nomes de elementos vêm do latim. O símbo-
lo do sódio, por exemplo, é Na, que vem de natrium. Dessa forma, o
melhor é memorizar os símbolos dos elementos que aparecem com mais
freqüência. Alguns deles estão listados na Tabela 3.1 a seguir:


Tabela 3.1: Símbolos de alguns elementos comuns

    Elemento            Símbolo            Elemento             Símbolo
    Nitrogênio              N               Alumínio                Al
       Flúor                F               Cobalto                Co
      Fósforo               P                Cobre                 Cu
      Enxofre               S                 Ferro                Fe
     Potássio               K                 Sódio                Na
       Iodo                 I                 Zinco                Zn



       A lista dos elementos conhecidos, com seus símbolos e outras
importantes características, está contida na Tabela Periódica dos
Elementos, que você encontra no final deste livro. O estudo dessa tabela
faz parte do conteúdo da Aula 5.




                                                                                             CEDERJ   33
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria



                        ATIVIDADE


                        2. Observe a tabela periódica. Localize nesta tabela o quadro correspondente
                        ao elemento oxigênio e copie as informações contidas nele. Na Aula 5,
                        você compreenderá a organização de cada quadro da tabela.
                         ________________________________________________________________
                         ________________________________________________________________
                         ________________________________________________________________
                         ________________________________________________________________

                                                                   RESPOSTA COMENTADA
                        Embora esta tarefa seja muito simples, é importante que você
                        observe os detalhes de cada quadro da Tabela Periódica. Ele
                        apresenta o símbolo químico e nome do elemento considerado,
                        além de um número acima (o número atômico) e um número abaixo
                        (a massa atômica) no mesmo quadro. Na Aula 6, estudaremos
                        detalhadamente a estrutura desta tabela.




                        ESTADOS DA MATÉRIA

                               Toda matéria pode existir em três estados, sólido, líquido e gasoso.
                        Estes três estados diferem na:
                               • distância entre as partículas que formam a substância
                               • intensidade das forças de atração entre as partículas
                               • intensidade e tipo de movimento de suas partículas
                               Em um sólido, as forças de atração entre as partículas são relativa-
                        mente fortes. As partículas se empacotam próximas umas das outras em
                        um arranjo estrutural rígido. Isso dá forma e volume definidos ao sólido,
                        como você pode visualizar no cubo de gelo mostrado na Figura 3.2.




                        Figura 3.2: Os cristais hexagonais do gelo têm uma arrumação regular e definida,
                        que dão forma e volume definidos ao gelo.




34   CEDERJ
Existem dois tipos de sólidos, em função da diferença no arranjo das




                                                                                                     3
partículas que eles contêm. Nos sólidos amorfos, as partículas estão presas




                                                                                                     AULA
em um padrão orientado ao acaso. Nos sólidos cristalinos, as partículas
formam estruturas tridimensionais com padrão ordenado e regular. Nestas
estruturas, as partículas vibram em torno de suas posições de equilíbrio na
rede cristalina. Quando a temperatura é baixa, as vibrações são pequenas.
O aumento da temperatura faz aumentar a amplitude dessas vibrações até
que, no ponto de fusão do sólido, a rede cristalina se rompe.


 !
     Como exemplos de sólidos amorfos temos o vidro e os plásticos. Os metais são
     sólidos cristalinos, assim como o gelo, o açúcar (sacarose) e o sal de cozinha
     (cloreto de sódio). A rede cristalina do NaCl, por exemplo, tem o aspecto ilus-
     trado na Figura 3.3. Nela as esferas pequenas são átomos de Na,e as maiores,
     de Cl. Você pode observar o rigoroso ordenamento dos átomos na rede.




Figura 3.3: O NaCl é um exemplo de sólido cristalino; nele, os átomos têm um
ordenamento rigorosamente definido.


        Em um líquido, as partículas não estão presas tão firmemente quanto
em um sólido. Embora próximas umas das outras, podem mover-se de um
lugar para outro, deslizando umas sobre as outras. Por isso, um líquido
pode escoar de um lugar para o outro e tomar a forma do recipiente que
o contém, mantendo, entretanto, o seu volume.




     Figura 3.4: Um líquido escoa e toma a forma do recipiente que o contém.


                                                                                       CEDERJ   35
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria



                                 Em uma dada temperatura, as moléculas da superfície de um líquido
                        (ou próximas a ela) podem escapar, pois não estão presas às outras moléculas
                        com a mesma intensidade que no interior da massa líquida. Se não colidirem
                        com as moléculas do ar, elas não mais voltarão ao líquido. Este processo é
                        denominado evaporação do líquido.
                                 O aumento da temperatura favorece a agitação das moléculas do
                        líquido, enfraquecendo as forças de atração até que, no ponto de ebulição
                        do líquido, as moléculas escapam completamente: o líquido se transforma
                        em gás.




                             Figura 3.5: Em um gás, as moléculas estão muito separadas umas das outras.



                                  No gás, as partículas estão muito afastadas e viajam a grande
                        velocidade. O gás não tem forma nem volume definidos; ele enche com-
                        pletamente o recipiente que o contém. Ao se movimentarem através do
                        recipiente que o armazena, as moléculas do gás colidem com as suas
                        paredes. O efeito destas colisões é expresso pela pressão do gás dentro
                        do recipiente. Quanto maior o número de colisões com as paredes, maior
                        é a pressão do gás.


                         !
                             Lembre-se da Aula 1: pela lei de Boyle, a pressão de um gás é inversamente
                             proporcional ao volume do recipiente que o contém, se a temperatura for
                             constante. Um cilindro de oxigênio, por exemplo, contém o gás a alta pressão;
                             se abrirmos a válvula do cilindro para a atmosfera, o gás escapa e vai ocupar um
                             volume muito maior, pois a pressão a que ele estará submetido é bem menor.




                        PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

                                 Toda substância tem um conjunto único de propriedades que a
                        distinguem das demais. A título de ilustração, algumas propriedades do
                        hidrogênio, do oxigênio e da água foram listadas na Tabela 3.2.


36   CEDERJ
Tabela 3.2: Algumas propriedades da água, do hidrogênio e do oxigênio à




                                                                                                3
temperatura ambiente




                                                                                                AULA
     Substância            Água              Hidrogênio           Oxigênio
       Estado             Líquido              Gasoso              Gasoso
 Densidade (g/mL)           1,00             0,84 x 10  -3
                                                                  1,33 x 10-3
 Ponto de fusão (°C)        100                 -253                - 183
    Inflamável?             Não                  Sim                 Não



       As propriedades podem ser agrupadas em duas categorias:
       • propriedades físicas – são medidas sem alterar a identidade e a
composição da substância. Exemplos de propriedades físicas são a cor,
o cheiro, a dureza, o ponto de fusão e o ponto de ebulição.
       • propriedades químicas – descrevem como a substância pode se
alterar, ou reagir para formar outras substâncias. A capacidade que uma
substância tem de queimar em presença de oxigênio (ou de reagir com
ácidos e bases) é um exemplo de propriedade química.
       Assim como as propriedades de uma substância, as transformações
que ela sofre são classificadas em:
       • transformações físicas – são aquelas cuja substância muda a
sua aparência física, mas não muda a sua composição. A fusão e a
ebulição são exemplos de transformações físicas, nas quais a substância
muda de estado físico, mas continua com sua composição e identidade
inalteradas.
       • transformações químicas – são aquelas cuja substância é trans-
formada em outra(s) substância(s) quimicamente diferente(s) dela. São
também chamadas reações químicas.


UNIDADES DE MEDIDA


Unidades fundamentais de medida

       Muitas propriedades da matéria são quantitativas, ou seja, estão
associadas a números. Quando um número está associado a uma grandeza
medida, as unidades deste número sempre devem ser especificadas.

!
    Se você medir a distância entre dois pontos, por exemplo, e não especificar
    a unidade, não saberemos se esta distância é em metros, centímetros ou
    quilômetros.




                                                                                  CEDERJ   37
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria



                                As unidades usadas em medições científicas são derivadas do
                        sistema métrico, desenvolvido na França ao final do século XVIII. Em
                        1960, um acordo foi obtido para especificar um conjunto particular de
                        unidades métricas para uso em medições científicas. Estas unidades são
                        as do Sistema Internacional de Unidades (SI). O SI tem sete unidades
                        básicas, a partir das quais todas as demais são derivadas. Estas unidades
                        estão listadas na Tabela 3.3 a seguir:

                        Tabela 3.3: Unidades fundamentais do Sistema Internacional de Unidades (SI)

                              Grandeza Física          Nome da Unidade                  Símbolo
                                   Massa                    Quilograma                      Kg
                                Comprimento                    Metro                        M
                                   Tempo                     Segundo                        S
                              Corrente elétrica               Ampère                        A
                                Temperatura                    Kelvin                       K
                             Intensidade da luz               Candela                       cd
                               Quantidade de
                                                                Mol                        mol
                                 substância



                                Muitas vezes é conveniente usar prefixos para indicar frações
                        decimais ou múltiplos das várias unidades. O prefixo centi, por exemplo,
                        representa 10-2 (o centésimo) de uma unidade. A Tabela 3.4 apresenta
                        os prefixos mais utilizados em Química.


                         !
                             Lembre-se de que a notação exponencial é utilizada para não carregarmos
                             uma quantidade exagerada de zeros. Assim, 10n (n positivo) indica que
                             temos n zeros após o número 1. Já 10-n indica que temos n zeros antes do
                             número 1, sendo o primeiro deles seguido de vírgula. Por exemplo, 103 = 1000
                             e 10-3 = 0,001.




38   CEDERJ
Tabela 3.4: Prefixos mais utilizados no sistema métrico




                                                                                               3
                                                                                               AULA
          Prefixo                   Símbolo                 Significado
            giga                        G                        109
           mega                         M                        106
            quilo                       K                        103
            deci                        D                        10-1
            centi                        C                       10-2
            mili                        M                        10-3
           micro                         µ                       10-6
            nano                         n                       10-9
            pico                         p                      10-12

           femto                         f                      10-15



        A unidade SI de comprimento é o metro. Grandes distâncias
são medidas em quilômetros, e pequenas distâncias em submúltiplos
do metro (centímetros, milímetros ou micrômetros). A unidade SI para
massa é o quilograma. Seus submúltiplos são o grama (1 g = 10-3 kg),
a centigrama (1 cg = 10-2 g = 10-5 kg), o miligrama (1 mg = 10-3 g =
10-6 kg) e o micrograma (1 mg = 10-6 g = 10-9 kg).



 !
     Observe que a escolha do quilograma como unidade de massa não é usual,
     pois esta unidade é um múltiplo do grama. Em muitas situações práticas, o
     grama é usado ao invés do quilograma.




        A chamada quantidade de substância é dada pelo número de
moles (ou móis) da substância presente. O mol é a quantidade de
substância que contém 6,02×1023 partículas (átomos ou moléculas).
Este número é chamado de número de Avogrado. Assim, 16 gramas de
oxigênio molecular e 98 g de ácido sulfúrico correspondem à mesma
quantidade (ambos têm 1 mol de cada substância), embora suas massas
sejam diferentes. Você vai aprender tudo sobre a relação entre massa e
quantidade de substância nas aulas de Estequiometria.




                                                                                 CEDERJ   39
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria



                           ATIVIDADE


                           3.
                           a) O diâmetro de um glóbulo branco do sangue mede cerca de 42 µm.
                           Exprima este valor em m e em nm.

                           b) Um médico prescreve uma dose de 0,1 g de um medicamento. Quantos
                           tabletes contendo 25 mg do medicamento são necessários para satisfazer
                           à prescrição?

                                                                     RESPOSTA COMENTADA
                           a) Você precisa estar atento às transformações de unidades e ao
                           trabalho com as potências de 10 (notação exponencial).
                           Sabendo que 1 µm = 10-6 m, então 42 µm são 42×10-6 m ou
                           4,2×10-5 m. Sendo 1 nm = 10-9 m, então vale a seguinte relação
                           entre µm e nm: 1 m = 106 µm = 109 nm. Dividindo os dois últimos
                           membros por 106, vemos que 1 µm = 103 nm. Assim, 42 µm são
                           42×103 nm = 4,2×104 nm.


                           b) Este exercício segue o mesmo padrão do exercício anterior, logo
                           a recomendação para a sua execução é a mesma.
                           Sabemos que 1 g = 103 mg. Então, 0,1 g = 102 mg = 100 mg.
                           Cada comprimido tem 25 mg. Logo, precisamos de 100/25 = 4
                           comprimidos para ter a dosagem requerida.




                           Unidades derivadas das unidades fundamentais

                                  As unidades de base do SI permitem que se obtenha a unidade
                           de qualquer outra grandeza, basta que saibamos exprimir a grandeza
                           desejada em termos de grandezas fundamentais. A unidade da grandeza
                           desejada será uma combinação de unidades fundamentais, posto que
                           deriva destas.
 VOLUME                           Para se obter a unidade SI de uma grandeza qualquer a partir das
 O volume (V) de um        unidades fundamentais, procedemos da seguinte forma:
 corpo define o lugar
 ocupado pelo corpo               • Etapa 1 - Exprime-se a grandeza desejada em termos das
 no espaço tridimen-
 sional.                   grandezas fundamentais do SI por uma relação matemática.
                                  • Etapa 2 - A unidade da grandeza desejada é obtida pela
 MASSA ESPECÍFICA          combinação de unidades das grandezas fundamentais que guarda a
 A massa específica (ρ),   mesma relação matemática obtida na primeira etapa.
 ou densidade de um
 corpo, é a razão entre
                                  Vamos aplicar estas etapas na determinação da unidade SI de
 a massa (m) do corpo e    duas grandezas importantes em química: o         VOLUME   ea   MASSA ESPECÍFICA
 seu volume (V).
                           de um corpo.

40   CEDERJ
Como os corpos podem ter as mais diversas formas, vamos con-




                                                                                                   3
siderar um cubo de aresta L. O volume deste corpo é dado por




                                                                                                   AULA
                                      V = L3

       Esta é a relação matemática entre a grandeza desejada (volume) e
as grandezas fundamentais do SI (no caso, o comprimento). A unidade da
grandeza desejada guarda com as unidades fundamentais a mesma relação
matemática dada pela equação anterior. Assim, sendo o metro a unidade
SI de comprimento, a unidade SI de volume é o metro cúbico (m3).


!
    Em laboratório, é comum usarmos submúltiplos de unidade: o decímetro
    cúbico (1 dm3 = 10-3 m3) e o centímetro cúbico (1 cm3 = 10-6 m3). Estas duas
    últimas se relacionam ao litro (L), uma unidade muito usada, mas que não
    pertence ao SI. As relações são
                                     1 dm3 = 1 L
                                    1 cm3 = 1 mL
                      Logo, 1 L = 1 dm3 = 1000 mL = 1000 cm3




       A massa específica se define pela relação


                                ρ= m = m
                                   V   L3

       Então, lembrando as unidades de massa e de comprimento no SI,
a unidade SI de massa específica é o kg/m3.


!
    É mais comum exprimir a densidade em gramas por mililitro (g/mL ou g mL-1)
    para sólidos e líquidos, e gramas por litro g/L ou g L-1 para gases. A relação
    entre estas unidades e as unidades SI pode ser obtida como se segue:
                 1g/mL = 10-3 kg/10-3 L = 10-3 kg/10-6 m3 = 103 kg/m3
                          1 g/L = 10-3 kg/10-3 m3 = 1 kg/m3




                                                                                     CEDERJ   41
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria




                                         ATIVIDADES FINAIS

       a) Identifique se as transformações a seguir são físicas ou químicas, marcando a
       coluna correta:

                       Transformação                   Física             Química
        (A) Dissolução do açúcar na água

        (B) Solidificação do ferro numa siderurgia

        (C) Corrosão do ferro pela água do mar

        (D) Queima da glicose em uma célula viva


       b) Obtenha a unidade SI das grandezas a seguir, a partir de sua definição:

       1) velocidade (razão entre a distância percorrida por um corpo e o tempo que o
       corpo leva para percorrê-la).

       2) aceleração (variação da velocidade de um corpo com o tempo)

       3) força (produto da massa de um corpo pela aceleração a ele imposta)

       4) pressão (razão entre a força exercida em um corpo e sua área)

       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________

       c) O que pesa mais, um quilo de papel ou um quilo de chumbo? E quem tem maior
       densidade? Justifique suas respostas.

       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________
       __________________________________________________________________________



42   CEDERJ
RESPOSTAS COMENTADAS




                                                                                                                  3
a) Lembre-se dos conceitos mencionados no tópico PROPRIEDADES E




                                                                                                                  AULA
TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA. Uma transformação física mantém
a identidade da substância, enquanto uma transformação química
altera a substância, transformando-a em outras. Assim, (A) e (B) são
transformações físicas, enquanto (C) e (D) são químicas. A corrosão
leva o ferro à ferrugem (óxido de ferro), e a queima da glicose produz
gás carbônico e água.

b) Reveja as duas regrinhas estabelecidas no subtópico Unidades
derivadas das unidades fundamentais. Você precisa inicialmente
estabelecer a expressão da grandeza desejada em termos de grandezas
fundamentais do SI. A unidade da grandeza desejada é obtida pela
mesma relação entre ela e as grandezas fundamentais. Vamos analisar
os quatro casos propostos.
b.1) A velocidade (v) de um corpo é a razão entre a distância (L)
percorrida pelo corpo e o tempo (t) necessário para percorrer esta
distância. A expressão matemática definidora da velocidade é,
então, v = L . A unidade de velocidade no SI será dada pela razão
            t
entre as unidades de distância e de tempo. Então, teremos


                                 unidade de distância (SI)       m
unidade de velocidade (SI)   =                               =        = ms-1
                                  unidade de tempo (SI)          s


b.2) A aceleração (a) é a razão entre a velocidade do corpo e o tempo
necessário para alterar sua velocidade. A expressão matemática defini-
                           v
dora da aceleração é a =      . Por sua vez, a velocidade é definida em
                           t
termos de grandezas fundamentais, como no item (1). A aceleração,
expressa em termos das grandezas fundamentais do SI, é dada por
    v
a=
    t
       = L2 . A unidade SI da aceleração será dada por
          t

                                 unidade de distância (SI)       m
unidade de aceleração (SI) =                                 =        = ms-2
                                 (unidade de tempo (SI))2        s2


b.3) A força (F) é definida como o produto da massa (m) de um corpo
                                       v      L
por sua aceleração (a): F = ma = m = m 2 . A última igualdade
                                       t      t
exprime a força em termos das grandezas fundamentais do SI. A
unidade SI de força será dada então por

                                                     unidade de distância (SI)            m
unidade de força (SI) = unidade de massa (SI) x                                  =   kg        =   kg ms-2
                                                    (unidade de tempo (SI))2              s2


Esta unidade recebe o nome de newton, (N). Assim, 1 N = 1 kg m s-2.




                                                                                               CEDERJ        43
Evolução da Química desde a Pré-História
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  • 3. Elementos de Química Geral Volume 1 Edilson Clemente 2ª edição Apoio:
  • 4. Fundação Cecierj / Consórcio Cederj Rua Visconde de Niterói, 1364 – Mangueira – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20943-001 Tel.: (21) 2299-4565 Fax: (21) 2568-0725 Presidente Masako Oya Masuda Vice-presidente Mirian Crapez Coordenação do Curso de Biologia UENF - Milton Kanashiro UFRJ - Ricardo Iglesias Rios UERJ - Cibele Schwanke Material Didático ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO Departamento de Produção Edilson Clemente EDITORA PROGRAMAÇÃO VISUAL COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO Tereza Queiroz Alexandre d'Oliveira INSTRUCIONAL Bruno Gomes Cristine Costa Barreto COPIDESQUE Marcelo Carneiro DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL Cristina Maria Freixinho Renata Borges E REVISÃO REVISÃO TIPOGRÁFICA ILUSTRAÇÃO Zulmira Speridião Elaine Bayma Fabiana Rocha Roberto Paes de Carvalho Patrícia Paula CAPA COORDENAÇÃO DE LINGUAGEM COORDENAÇÃO DE Fabiana Rocha Maria Angélica Alves PRODUÇÃO Cyana Leahy-Dios Jorge Moura PRODUÇÃO GRÁFICA Andréa Dias Fiães COORDENAÇÃO DE AVALIAÇÃO DO Fábio Rapello Alencar MATERIAL DIDÁTICO Débora Barreiros AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Ana Paula Abreu Fialho Aroaldo Veneu Copyright © 2005, Fundação Cecierj / Consórcio Cederj Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Fundação. C626e Clemente, Edilson. Elementos de química geral. v. 1 / Edilson Clemente. – 2.ed. – Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008. 189p.; 19 x 26,5 cm. ISBN: 978-85-7648-385-4 1. Química geral. 2. Evolução da química. 3. Propriedades. 4. Átomo. 5. Estruturas de Lewis. II. Título. CDD: 540 2008/2 Referências Bibliográficas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT.
  • 5. Governo do Estado do Rio de Janeiro Governador Sérgio Cabral Filho Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia Alexandre Cardoso Universidades Consorciadas UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO RIO DE JANEIRO Reitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho Reitor: Aloísio Teixeira UERJ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO UFRRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL RIO DE JANEIRO DO RIO DE JANEIRO Reitor: Ricardo Vieiralves Reitor: Ricardo Motta Miranda UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UNIRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO Reitor: Roberto de Souza Salles DO RIO DE JANEIRO Reitora: Malvina Tania Tuttman
  • 6.
  • 7. Elementos de Química Geral Volume 1 SUMÁRIO Aula 1 – Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier ______________ 7 Aula 2 – Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais __________ 19 Aula 3 – Propriedades gerais da matéria __________________________ 29 Aula 4 – O átomo é divisível!___________________________________ 45 Aula 5 – Estrutura eletrônica dos átomos __________________________ 61 Aula 6 – Propriedades periódicas dos elementos ____________________ 83 Aula 7 – Combinações entre átomos: a ligação iônica ________________ 97 Aula 8 – Combinações entre átomos: a ligação covalente_____________ 111 Aula 9 – Estruturas de Lewis: Parte l ____________________________ 125 Aula 10 – Estruturas de Lewis: Parte ll ___________________________ 137 Aula 11 – Forma das moléculas: Parte I __________________________ 155 Aula 12 – Forma das moléculas: Parte II__________________________ 167
  • 8.
  • 9. 1 AULA Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier Meta da aula Descrever a evolução histórica da Química, até o século XVIII, como determinante na constituição desta ciência. objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: • Identificar alguns materiais (e suas propriedades) usados desde a Antiguidade e que ainda estão presentes no cotidiano do homem moderno. • Compreender os princípios da teoria do flogisto.
  • 10. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier INTRODUÇÃO Consultando o verbete “química” em dicionários da Língua Portuguesa, encontramos a seguinte definição: “Química é o estudo científico da constituição da matéria, suas propriedades, transformações e as leis que as regem.” Esta definição mostra que a Química é uma ciência exata, regida por leis bem estabelecidas e estruturadas. Estas leis permitem a análise e a previsão do comportamento de substâncias que existem naturalmente, ou que são produzidas pelo homem. Entretanto, o caráter científico da Química só foi estabelecido há cerca de três séculos. Até o século XVIII, as práticas químicas se misturavam aos conceitos da alquimia, fazendo com que seu caráter científico fosse mascarado, algumas vezes, pelos ensinamentos místicos dos alquimistas. Por isso, é interessante observar como essa ciência evoluiu ao longo do tempo. Nesta primeira aula, você vai acompanhar a evolução da Química, desde tempos imemoriais até o ponto em que ela se tornou uma ciência exata. A QUÍMICA NOS TEMPOS ANTIGOS: PASSEANDO PELA HISTÓRIA O ser humano utiliza a Química desde o seu surgimento na Terra, ainda que nos primórdios não tivesse consciência deste fato. Os homens da Pré-história usavam pigmentos extraídos das plantas e dos demais reinos da Natureza para decorar suas cavernas ou representar seu cotidiano e suas crenças. São famosas as pinturas em cavernas encontradas em vários locais do mundo, inclusive no Brasil, como está ilustrado na Figura 1.1. Figura 1.1: Pintura do homem das cavernas encontrada no Nordeste do Brasil. 8 CEDERJ
  • 11. O domínio do fogo, que o homem conhecia mas não controlava, 1 permitiu a produção de grande variedade de utensílios e ferramentas. O AULA homem aprendeu a extrair e a trabalhar o cobre, o bronze e o ferro. Por conseqüência, as comunidades que sabiam trabalhar os metais assumiram a liderança sobre as demais. Em um salto histórico, estamos agora por volta de 4000-3000 a.C. No Oriente Próximo (onde hoje estão o Egito, a Síria, a Turquia, o Líbano e Israel), bem como na China e na Índia, florescem as primeiras grandes civilizações. Dentre elas, a egípcia foi a que mais influenciou a humanidade nos tempos antigos. Nos séculos seguintes, os egípcios trabalharam o ferro, o ouro, a prata e outros metais. Ainda fabricaram o vidro, produziram tintas e pigmentos para pintura de ambientes, papiro para a escrita, aprenderam a curtir o couro e extrair corantes, medicamentos e perfumes das plantas, fabricaram bebidas fermentadas e aprenderam a produzir sabão e vinagre. Não podemos esquecer que os egípcios dominavam a técnica da mumificação e, para tal, utilizavam resinas especiais, provavelmente extraídas de plantas e misturadas com matérias do reino animal. Esta técnica tinha a função de preservar o corpo do morto por longo período, e nela atingiram níveis de perfeição admirados até hoje. A tecnologia egípcia foi absorvida, difundida e, algumas vezes, aprimorada pelos outros povos da Antiguidade. Entretanto, é importante assinalar que o conhecimento adquirido por esses povos era totalmente empírico, ou seja, baseado na experiência do dia-a-dia. Não havia registro de uma preocupação sistemática com o estudo da natureza da matéria e de suas propriedades até cerca de 500-400 a.C., quando os gregos desenvolveram os primeiros modelos para explicar como são formadas as substâncias presentes na Natureza. CEDERJ 9
  • 12. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier ATIVIDADE 1. O vidro é um material utilizado pelos antigos egípcios e faz parte integrante do dia-a-dia da civilização atual. Entre num site para pesquisar quais são os principais componentes do vidro comum e dos vidros coloridos. RESPOSTA COMENTADA Você vai descobrir que o vidro é feito com uma das matérias-primas mais baratas que podemos encontrar na Natureza: a areia. Esta é, essencialmente, formada por silicatos de sódio e alumínio. O vidro colorido é obtido pela adição de óxidos de ferro, cobre, cromo, cobalto ou manganês. A engenhosidade do homem em manipular os materiais que a Natureza oferece é o segredo de sua evolução neste planeta. OS PRIMEIROS MODELOS TEÓRICOS EM QUÍMICA A civilização grega é considerada mãe da civilização ocidental. Ela influenciou todos os povos que a sucederam – em especial os romanos, – particularmente nas artes, na filosofia, na ciência e na religião. Para os gregos, estes aspectos da cultura humana estavam intimamente relacionados. Esta visão holística do mundo levou a indagações de caráter filosófico sobre a natureza das substâncias formadoras do Universo, cabendo aos gregos a elaboração dos primeiros modelos para a constituição da matéria. Por volta de 420 a.C., o filósofo Demócrito (∼460-370 a.C.) defendia o modelo de seu mestre Leucipo, que propôs ser a matéria constituída de partículas infinitamente pequenas e indivisíveis, chamadas átomos. Assim, cada substância seria formada por átomos nela presentes. O modelo corpuscular de Leucipo se opunha ao de Empédocles (490- Figura 1.2: Demócrito. 435 a.C.); este supunha ser o universo formado pela união dos quatro elementos: fogo, ar, terra e água. O modelo dos quatro elementos foi adotado por Aristóteles (384-322 a.C.), filósofo grego de maior influência no Ocidente. As idéias aristotélicas dominaram o pensamento do Ocidente e do Oriente Próximo, levando ao fortalecimento da alquimia, forma como a Química mais se desenvolveu pelos séculos seguintes. Figura 1.3: Aristóteles. 10 CEDERJ
  • 13. A ALQUIMIA E A IATROQUÍMICA 1 ALQUIMIA AULA A ALQUIMIA era uma “arte secreta” na qual se misturavam idéias Palavra derivada do árabe al-kımıá, ¯ ¯ de magia e práticas químicas. Os primeiros registros são em Alexandria que por sua vez originou-se do e apresentam forte inspiração filosófica da teoria dos quatro elementos, grego chymeıa, ¯ defendida por Aristóteles. A alquimia perdeu prestígio na Europa por volta cujo significado é “mistura de vários de 292 d.C., devido à destruição de muitos escritos guardados em Alexandria, ingredientes”. mas manteve sua influência entre os povos do Oriente Próximo. Com a chegada dos árabes ao continente europeu alguns séculos depois, a alquimia tornou-se novamente importante, embora seus praticantes fossem, muitas vezes, perseguidos pela Igreja Católica. Os árabes levaram consigo os ensinamentos de vários livros secretos, considerados a base dos estudos alquímicos. Os ideais dos alquimistas estavam relacionados à descoberta da “pedra filosofal”, capaz de transformar qualquer metal em ouro; e do elixir da longa vida, capaz de curar todas as doenças. Na Figura 1.4, você pode ter uma idéia de como funcionava um “laboratório” de alquimia. Imagens como esta ficaram registradas no subconsciente das pessoas, imprimindo à Química, durante séculos, um caráter pouco científico. Figura 1.4: Um laboratório alquímico, no qual se buscava a “pedra filosofal”. CEDERJ 11
  • 14. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier Um trecho do Compositum de compositis de Alberto, o Grande (1193-1280), um dos maiores alquimistas do Ocidente, traduz claramente o pensamento dos praticantes na Idade Média : “Observou-se que a natureza dos metais, tal como a conhecemos, é engendrada, de uma maneira geral, pelo Enxofre e o Mercúrio. Somente a diferença de cocção e de digestão produz a variedade na espécie metálica. Eu próprio observei que num só e único vaso, quer dizer, num mesmo filão, a natureza produziu vários metais e a prata, disseminados por aqui e ali. Demonstramos claramente no nosso ‘Tratado dos minerais’ que, de fato, a geração dos metais é circular, passando facilmente de um a outro, segundo um círculo; os metais vizinhos têm propriedades semelhantes; é por isso que a prata se transforma mais facilmente em ouro que qualquer outro metal.” Os alquimistas não conseguiram chegar às metas sonhadas, mas, ao longo de suas pesquisas, acabaram produzindo novos materiais como o álcool, o ácido sulfúrico, o ácido nítrico e muitos outros ácidos, bases, sais e óxidos. Também descobriram e manipularam vários metais e substâncias elementares importantes, como o enxofre, o fósforo, o mercúrio e o cádmio. Fabricaram, ainda, novos artefatos para o uso em suas práticas alquímicas (como o almofariz e o alambique) e aperfeiçoaram novas técnicas, como a destilação e a extração. A alquimia contribuiu muito para o desenvolvimento da técnica química, mas não para as explicações dos fenômenos químicos. Recorde da Química Básica que: Ácidos inorgânicos são substâncias que contêm o íon H+; Bases inorgânicas são substâncias que contêm o íon OH-; Sais inorgânicos são obtidos pela combinação entre ácidos e bases; Óxidos são compostos formados por um metal ou não-metal e oxigênio. Entre os alquimistas mais famosos do Ocidente, podemos destacar os nomes de Maria, a Judia, Nicolas Flamel (1330-1418) e Paracelso (1494-1541). A primeira é uma figura lendária, não se sabendo precisar quando existiu ou mesmo se este nome se refere a uma única pessoa. A ela atribui-se a criação do banho-maria, tão utilizado em aplicações científicas e mesmo caseiras. Flamel, por sua vez, enganou a muitos e a si mesmo, dizendo ter obtido o segredo da transmutação de metais menos nobres em ouro. 12 CEDERJ
  • 15. Paracelso, cujo nome verdadeiro é Philippus Aureolus Theophrastus 1 IATROQUÍMICA Bombastus von Hohenmheim, dedicou boa parte de sua vida ao preparo AULA Doutrina médica de medicamentos extraídos das plantas e dos outros reinos da Natureza. reinante no século XVI que Com ele, as artes mágicas da alquimia, já em declínio, adquiriram um pretendia explicar os fenômenos caráter mais científico. A alquimia praticada por Paracelso e seus fisiológicos pelas seguidores foi chamada I A T R O Q U Í M I C A . leis da Química. Figura 1.5: Paracelso. Com o surgimento da iatroquímica, a Química entrou em nova fase, inclinada à Medicina. Segundo o próprio Paracelso, “o fim próprio da Química não é fazer ouro, é preparar remédios”. Vale a pena notar que a alquimia se difundiu em plena Idade Média. A época de Paracelso corresponde precisamente ao período de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, marcado pelo Renascimento nas artes, na ciência, na religião e na organização social e política do Ocidente. CEDERJ 13
  • 16. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier ATIVIDADE 2. No texto a seguir, estão materiais utilizados pelos alquimistas. Ao final do texto, são apresentadas definições que se encaixam corretamente nele. Utilize seus conhecimentos de Química Básica para completar adequadamente os espaços pontilhados. As definições descrevem materiais (e algumas propriedades deles) usados pelos alquimistas. O enxofre, .................................., era muito utilizado nas práticas alquímicas. Ao queimar, produz o .............................., um gás tóxico de odor irritante. O mercúrio era outro material querido dos alquimistas: atraía-os uma propriedade incomum, a de ser ............................... Muitos metais eram corroídos com ...................., um líquido xaroposo que provoca queimaduras dolorosas. Finalmente, o grande fascínio dos alquimistas era o ouro, ................................. a) Um metal amarelo brilhante e muito maleável b) Um sólido amarelo, opaco e muito quebradiço c) Dióxido de enxofre d) Ácido sulfúrico e) Um metal líquido à temperatura ambiente RESPOSTA COMENTADA Você precisa conhecer algumas propriedades dos materiais apresentados no texto. Felizmente são comuns, fazem parte do nosso dia-a-dia. O enxofre é um sólido amarelo e opaco, que se quebra com muita facilidade; a sua queima produz o dióxido de enxofre (SO2), um gás muito tóxico e que pode levar até à formação de ácido sulfúrico na atmosfera. O mercúrio é o único metal líquido à temperatura ambiente: é usado nos termômetros. O ácido sulfúrico é uma substância altamente corrosiva, com inúmeras aplicações em laboratório e indústria. O ouro é um metal de cor amarelo brilhante utilizado na fabricação de jóias e em partes de alguns instrumentos de precisão. b, c, e, d, a. O NASCIMENTO DA QUÍMICA MODERNA: A CIÊNCIA VENCE A CRENÇA O Renascimento marcou um novo período na civilização ocidental. O método científico de investigação foi introduzido por pensadores importantes como Rennè Descartes (1596-1650) e explicado por Francis Bacon (1561-1626) em seu livro Novum Organum, em 1620. As idéias destes pensadores se opunham às práticas alquímicas, nas quais não havia um método científico de obtenção e estudo das propriedades dos materiais utilizados. A figura de Robert Boyle (1627-1691) foi decisiva 14 CEDERJ
  • 17. na implantação do método científico de investigação em Química. Suas 1 experiências com gases marcaram, para muitos, o início da Química AULA moderna. ! As experiências de Boyle com os gases o levaram a formular a lei de Boyle, que diz ser a pressão (p) de um gás inversamente proporcional ao seu volume (V) se a temperatura (T) for constante. A forma matemática desta lei é pV = C, T constante, na qual a constante C depende apenas da temperatura. A determinação de C levou à famosa equação dos gases perfeitos: pV = nRT. Figura 1.6: Robert Boyle. A lei de Boyle fornece base para explicar as alterações que ocorrem na capacidade respiratória de mergulhadores no mergulho livre. Nossos pulmões têm uma capacidade média de seis litros de ar à pressão atmosférica. Quando um mergulhador atinge profundidades de algumas dezenas de metros, está sujeito a uma pressão muito maior; desta forma, sua capacidade pulmonar diminui sensivelmente. Figura 1.7: Um mergulhador desprovido de equipamento de mergulho tem sua capacidade pulmonar reduzida pelo aumento da pressão em seus pulmões. CEDERJ 15
  • 18. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier Boyle definiu elemento como qualquer substância que não pode ser dividida em substâncias ainda menores. Afirmou ainda que a matéria é composta por “corpúsculos” (átomos) de várias espécies e tamanhos capazes de formarem grupos, sendo que cada um deles constitui uma substância química. Com estas hipóteses, Boyle fez renascer as antigas idéias de Demócrito sobre a estrutura da matéria. Na tentativa de explicar o fenômeno da combustão, Georg Stahl (1660-1734) propôs, em 1697, a teoria na qual entendia que as substâncias queimavam porque eram ricas em uma certa substância chamada flogisto. A palavra flogisto vem do grego e significa “eu inflamo”. Segundo esta teoria, um corpo combustível era constituído de “terra metálica” e flogisto. A combustão era, segundo Stahl, a liberação do flogisto, que se manifestava sob a aparência de fogo livre. Você conseguiu entender? Vamos explicar! Para Stahl, a queima de um metal era vista como a perda do flogisto, deixando apenas a “cal” do metal (o óxido formado pela reação de combustão). Hoje entendemos este processo como uma reação de oxidação, com a formação de óxido do metal, segundo o esquema: Metal + oxigênio → óxido do metal. saída de flogisto O mesmo princípio se aplicava à queima do carvão, produzindo gás carbônico. A chama nada mais era do que abundância de flogisto, como está ilustrado na Figura 1.8. A teoria do flogisto ganhou um grande número de simpatizantes, mas teve de enfrentar uma dificuldade que levou, mais tarde, à sua queda: verificou-se que os materiais resultantes da combustão (chamados materiais “deflogisticados”) pesavam mais do que o material com flogisto. Hoje podemos entender que esse fato é absolutamente coerente: a oxidação de um metal, por exemplo, o transforma no seu óxido; a substância formada tem massa maior que o metal puro, pois a ele foi incorporado o oxigênio do ar. Entretanto, na época de Stahl, não se sabia que a combustão era devida à reação das substâncias com o oxigênio. A descoberta do oxigênio por Joseph Priestley (1733-1804) e experiências bastante mais elaboradas de combustão de materiais à luz dessa nova descoberta, realizadas pelo próprio Priestley e por Antoine Lavoisier (1743-1794), destruíram a teoria do flogisto. Estamos no Figura 1.8: Segundo Stahl, a combustão era a liberação de final do século XVIII e no começo de uma nova era para a Química. flogisto, que saía pela chama do material queimado. 16 CEDERJ
  • 19. Com isso, podemos ver que a história desta ciência vai muito além de 1 uma simples história. Vamos parar por aqui! AULA Faça a Atividade Final para “fechar” esta breve introdução do curso. Figura 1.9: Joseph Pristley. ATIVIDADE FINAL O ferro se transforma em ferrugem (óxido de ferro) pelo contato com o oxigênio do ar atmosférico. Imagine que você tem a reação ferro + oxigênio → óxido de ferro. Como você mostraria que a teoria do flogisto não é válida? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ RESPOSTA COMENTADA A teoria do flogisto foi uma tentativa de explicar os processos de combustão dos materiais. Uma dificuldade observada foi que a massa do material queimado era, muitas vezes, maior que a do material original. Este é o caso da oxidação de um metal. Na reação dada, um metal se transforma em seu óxido pela ação do oxigênio do ar. Se você pesar o material antes e depois da combustão, verá que o material oxidado tem massa maior que o metal puro. Se houvesse perda do flogisto do metal, o material queimado deveria ficar mais leve, o que entra em contradição com os resultados experimentais e mostra a inconsistência da teoria do flogisto. CEDERJ 17
  • 20. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier RESUMO A história da Química se confunde com a história da humanidade. Desde tempos imemoriais, a Química está presente no cotidiano do homem. Uma medida do grau de desenvolvimento de um povo pode ser dada pelo número de materiais que podem ser manipulados por ele. A Química dos povos antigos e da Idade Média era essencialmente empírica; pouco interesse havia em compreender a natureza mais íntima da matéria. Com o Renascimento, inaugurando a Idade Moderna e trazendo o método científico sistemático de investigação, a Química passa, ao fim do século XVIII, a ter o status de ciência. INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA Na próxima aula, você vai acompanhar o fabuloso desenvolvimento da Química nos séculos XIX e XX, e as perspectivas atuais desta ciência. 18 CEDERJ
  • 21. 2 AULA Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais Metas da aula Apresentar os principais períodos da evolução da Química, desde Lavoisier até os dias atuais. Descrever o modelo atômico de Dalton. objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: • Aplicar a teoria atômica de Dalton à representação de processos químicos. • Identificar algumas áreas importantes da Química contemporânea. Pré-requisito Para acompanhar esta aula, você deverá rever o percurso histórico que foi apresentado na Aula 1 desta disciplina.
  • 22. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais INTRODUÇÃO Vimos na aula anterior que, ao final do século XVIII, as bases científicas da Química foram estabelecidas, dando a ela o status de ciência exata. O químico francês Antoine Lavoisier foi fundamental neste processo. Graças a ele, as leis das combinações químicas ficaram bem estabelecidas, permitindo que, no início do século XIX, John Dalton propusesse o primeiro modelo atômico consistente com os dados experimentais disponíveis na época. A partir daí, um crescimento impressionante de técnicas de análise e síntese de compostos químicos marcou os séculos XIX e XX. Nesta aula, você vai acompanhar o notável desenvolvimento da Química, tanto na parte experimental quanto teórica, desde o final do século XVIII até os dias atuais. LAVOISIER E DALTON Em 1789, no seu Tratado elementar de Química, Antoine Lavoisier (1743-1794) fala das suas experiências com a combustão de metais e outros elementos. Ele observou que o aumento da massa do material queimado não se dá pela perda do flogisto (lembra do final da aula anterior?), mas sim pela incorporação de uma certa quantidade de ar (mais precisamente de oxigênio) ao metal. Seus trabalhos de análise quantitativa dos produtos obtidos nas reações de combustão e em outras reações químicas o levaram a propor a LEI DA CONSERVAÇÃO DA MASSA, e ajudaram Joseph Proust (1754-1826) a estabelecer a LEI DAS PROPORÇÕES DEFINIDAS. Estas duas leis formam a base da estequiometria, que você LEI DA CONSERVAÇÃO DA estudará detalhadamente mais adiante em nosso curso. MASSA (Lavoisier) Em uma reação química, a soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos. “Na Natureza nada se perde, nada se cria. Tudo se transforma”. LEI DAS PROPORÇÕES DEFINIDAS (Proust) Um composto é formado por elementos específicos combinados sempre na mesma proporção em massa. Figura 2.1: Antoine Lavoisier. 20 CEDERJ
  • 23. Além da lei da conservação da massa, podemos destacar como 2 contribuições de Lavoisier: AULA a) a definição precisa de elementos químicos e sua descrição; b) a descrição dos compostos químicos formados pelas combinações entre os elementos; c) a primeira nomenclatura sistemática dos compostos inorgânicos, usando seus elementos constituintes; d) a composição quantitativa dos compostos pelo uso de balanças de precisão; e) medições quantitativas das propriedades térmicas dos elementos, dos compostos e das reações entre eles, pela construção e uso de calorímetros. Se não inaugurou, Lavoisier fez avançar em muito a Química Analítica, Química Inorgânica e Termodinâmica Química. Os resultados das experiências de Lavoisier e Proust forneceram a base sobre a qual John Dalton (1766-1844) pôde formular, em 1808, o seu modelo atômico. Neste primeiro modelo quimicamente consistente, Dalton propôs que: a) a matéria é composta por partículas indivisíveis chamadas átomos; b) todos os átomos de um elemento particular são idênticos em massa e outras propriedades; c) os átomos de diferentes elementos diferem em massa e outras propriedades; d) os átomos são indestrutíveis e simplesmente se rearrumam nas reações químicas. Eles não se dividem; e) quando os átomos de diferentes elementos se combinam para formar compostos, eles formam partículas novas, mais complexas. As partículas de qualquer composto sempre contêm a mesma proporção fixa de átomos. Podemos imaginar o átomo de Dalton como uma esfera maciça e extremamente pequena. Átomos de um mesmo elemento correspondem a esferas iguais em natureza e tamanho. Átomos de elementos distintos são representados por esferas também distintas. A formação de um composto é descrita pela combinação de esferas, Figura 2.2: John Dalton. em proporção definida pela lei de Proust. CEDERJ 21
  • 24. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais O processo de formação da água a partir do hidrogênio e do oxigênio, por exemplo, seria descrito pelo modelo de Dalton como a aproximação de duas pequenas esferas ligadas entre si (representando a molécula de hidrogênio, H2) a uma esfera maior, representando um átomo de oxigênio. A molécula de H2O seria representada pela ligação destas três esferas, como ilustrado na Figura 2.3. Figura 2.3: Formação da água segundo o modelo de Dalton. Neste modelo, os átomos são esferas maciças e de tamanho e massa característicos de cada átomo, e as moléculas são representadas por esferas unidas entre si. A teoria atômica de Dalton sofreria, entretanto, profundas modificações, por já se saber ao final do século XIX que os átomos não eram indivisíveis. Ainda assim, ela continua descrevendo precisamente como a matéria se combina quimicamente segundo as leis de Lavoisier e Proust. ATIVIDADE 1. Faça uma representação da reação H2 +CO2 → H2O + CO utilizando esferas de tamanho ou de cor diferente para representar os átomos de hidrogênio, carbono e oxigênio, segundo o modelo de Dalton. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _________________________________________________________________ RESPOSTA COMENTADA Você deve desenhar inicialmente duas esferas pequenas unidas para representar a molécula de H2, e três esferas unidas para representar o dióxido de carbono. A forma como você vai unir as três esferas mostra se você percebe ou não como o carbono se liga aos átomos de oxigênio. A forma correta é colocar a esfera do carbono no centro e as esferas dos oxigênios uma em cada lado, com as três esferas em linha reta. Em seguida, você deve representar os produtos da reação. Para a água, faça como no CO2 , com o átomo de oxigênio no centro. A rigor, há um ângulo diferente de 180° entre as ligações O-H. Para entender mais sobre a geometria de moléculas, aguarde a Aula 11. A representação do CO é simples: duas esferas unidas representando a ligação C=O. 22 CEDERJ
  • 25. A QUÍMICA DO SÉCULO XIX 2 E S P E C T RO S C O P I A AULA Os avanços tecnológicos ocorridos no século XIX – pelo É o estudo da luz absorvida desenvolvimento das máquinas térmicas, pelo domínio da eletricidade, ou emitida pelos corpos sólidos, pela melhora de equipamentos ópticos de precisão e pelos estudos sobre líquidos ou gasosos. o magnetismo – permitiram a descoberta de muitos novos elementos POLARIMETRIA químicos. Também, graças a esses avanços, houve grande progresso na É o estudo do desvio do plano caracterização de compostos por técnicas não só puramente químicas, da luz polarizada quando atravessa mas também por determinações ESPECTROSCÓPICAS , POLARIMÉTRICAS E uma substância ELETROQUÍMICAS. quiral (nos compostos Talvez a melhor forma de ilustrar a importância dos acontecimentos orgânicos, é a que apresenta carbono ocorridos naquele século, na área da Química, seja traçar uma pequena assimétrico). cronologia em que vamos destacar alguns eventos, bem como os químicos ELETROQUÍMICA que os produziram. Acompanhe esta cronologia na Tabela 2.1 a seguir: É o estudo dos efeitos da passagem de uma corrente Tabela 2.1: Alguns eventos importantes na área da Química no século XIX elétrica sobre sólidos inorgânicos Ano Evento e orgânicos, líquidos puros ou Humphrey Davis utilizou células eletrolíticas na decomposição de 1801 soluções. compostos 1803 Jön Berzelius realiza a decomposição eletrolítica de sais 1807 Humphrey Davis obtém sódio e potássio por eletrólise Amedeo Avogadro estabelece que volumes iguais de gases diferentes 1811 têm o mesmo número de partículas Jean-Baptiste Biot descobriu que a luz tem seu plano de propagação 1813 girado ao atravessar uma placa de quartzo e a seguir uma solução de sacarose Jön Berzelius calcula fórmulas de compostos orgânicos a partir de 1815 dados analíticos experimentais Franz Wöhler converteu o cianato de amônio em uréia, realizando 1828 assim a primeira síntese de um composto orgânico a partir de um inorgânico Michael Faraday expôs as leis da eletrólise e estabeleceu a 1833 nomenclatura ainda hoje usada em eletroquímica Thomas Graham explicou a lei da efusão dos gases em pequenos 1846 orifícios Stanislao Cannizzaro mostrou a diferença entre pesos atômicos e 1858 moleculares Friedrich Kekulé definiu a química orgânica como a química dos 1861 compostos do carbono Robert Bunsen e Gustav Kirchhoff descobriram o césio e o rubídio por 1861 técnicas espectroscópicas Dimitri Mendeleev criou o sistema de classificação periódica dos 1869 elementos. Jacobus van’t Hoff demonstrou que as quatro ligações do carbono 1874 estão distribuídas em forma de tetraedro Svante Arrhenius demonstrou que os eletrólitos se dissociam em íons, 1884 átomos ou grupos de átomos que transportam carga elétrica positiva ou negativa 1896 Henri Becquerel descobre a radioatividade 1897 Joseph John Thomson descobre o elétron CEDERJ 23
  • 26. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais Você certamente não entendeu o significado de muitos termos que apareceram na tabela anterior. Não se preocupe, pois a idéia aqui é apenas ilustrar a nossa discussão com eventos importantes na área da Química do século XIX. Você pode consultar alguns sites especializados em história da Química para obter mais informações sobre estes eventos. Podemos citar, por exemplo, o seguinte endereço: http://www.sobresites.com/ ciencia/historiadaciencia.html; além de outros que estão listados ao final desta aula. Apesar de parecer longa, a tabela apresentada está longe de ser completa. Ela ilustra apenas a evolução extraordinária da Química no século XIX e aponta claramente para a descoberta das partículas subatômicas, formadoras dos átomos. O vencedor do primeiro Nobel em Química foi Jacobus van’t Hoff (1852-1911), que recebeu esse prêmio em 1901 pelas suas pesquisas em dinâmica química e pelos estudos de pressão osmótica em soluções. Este assunto é de extrema importância em ciências biológicas e você vai aprender mais sobre ele no estudo das propriedades coligativas de soluções. A QUÍMICA DO SÉCULO XX E DOS DIAS ATUAIS Ao final do século XIX, o desenvolvimento da Química era tão amplo que já existiam “divisões” dela em áreas de conhecimento específico. A Química Inorgânica, Orgânica, Analítica e Físico-Química estavam estruturadas. A Química dos sistemas biológicos, devido à sua grande complexidade, ainda não tinha tido um desenvolvimento tão acentuado, mas este quadro se modificaria rapidamente no século XX, quando ganhou impulso extraordinário graças aos sofisticadíssimos equipamentos que começaram a surgir. Os avanços na Espectroscopia e o domínio das leis da eletricidade e do magnetismo permitiram descobrir e caracterizar partículas subatômicas. A determinação da relação entre a carga e a massa de partículas carregadas eletricamente levou à construção dos espectrômetros de massa. A espectroscopia de amostras na presença de campos magnéticos levou à construção dos aparelhos de ressonância magnética nuclear; hoje, versões destes aparelhos são amplamente utilizadas na medicina. 24 CEDERJ
  • 27. 2 AULA Figura 2.4: Aparelhos de ressonância magnética são hoje amplamente utilizados na área médica para diagnóstico. A descoberta das partículas subatômicas levou à formulação de novos modelos atômicos, dos quais destacamos os de Niels Bohr (1871-1937) e de Erwin Schrödinger (1887-1961). Estes modelos serão discutidos com detalhes nas próximas aulas. Os modelos criados para explicar as ligações entre os átomos evoluíram a tal ponto que levaram a estabelecer um novo ramo: a Química Teórica. O notável desenvolvimento da eletrônica, levando-nos aos microcomputadores e equipamentos extremamente sofisticados, tornou possível controlar experiências em nível molecular e realizar Figura 2.5: Niels Bohr. cálculos químicos que permitem prever as propriedades de moléculas tão grandes quanto polipeptídeos, carboidratos e polímeros. Novamente, um pequeno panorama cronológico pode ser traçado para facilitar a visualização da evolução da Química no século XX. Ele está apresentado na Tabela 2.2 a seguir. Tabela 2.2: Alguns eventos importantes na área da Química no século XX Ano Evento Mikhail Tsvet inventou o papel cromatográfico como meio de 1901 separação de pigmentos 1909 Sören Sörensen inventou a escala de pH 1911 Niels Bohr propôs o seu modelo atômico Figura 2.6: Erwin Schrödinger. CEDERJ 25
  • 28. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais Max Von Laue mostrou que os cristais eram compostos por camadas 1912 regulares e repetidas de átomos, através da difração de raios X Henry Moseley elaborou a tabela periódica baseada no número 1914 atômico, que ele igualou à carga positiva do núcleo de um átomo Gilbert Lewis explicou a ligação covalente como sendo uma 1916 distribuição dos elétrons Erwin Schrödinger estabeleceu o modelo dos orbitais para o átomo de 1925 hidrogênio Heitler e London descrevem a formação da molécula de hidrogênio à 1927 luz da mecânica quântica Arne Tiselius inventou a eletroforese, que separa partículas em 1930 suspensão em um campo elétrico 1932 Harold Urey descobriu o deutério, um isótopo do hidrogênio Edwin McMilan e Philip Abelson sintetizaram o primeiro elemento 1940 transurânico (de número atômico maior do que o urânio), o neptúnio, bombardeando urânio com nêutrons Derek Barton deduziu que as propriedades de compostos orgânicos 1950 são afetadas pela orientação dos seus grupos funcionais Francis Crick, Rosalind Franklin, James Watson e Maurice Wilkins 1953 determinaram a estrutura de dupla-hélice do DNA (ácido desoxirribonucléico) por difração de raios X Neil Bartlett preparou o primeiro composto de um gás nobre, o 1962 hexafluoroplatinato de xenônio Roald Hoffmann e Kenichi Fukui aplicaram a mecânica quântica para 1981 prever o caminho de reações químicas Harold Kroto e David Walton descobriram os fulerenos, uma nova 1985 família de sólidos constituídos por coberturas fechadas de átomos de carbono Químicos norte-americanos da Universidade da Califórnia sintetizaram 1993 a rapamicina, testada como agente anticanceroso ! A observação feita após a Tabela 2.1 vale também para as informações contidas nesta tabela: você não precisa se preocupar em entender o significado de todos os termos que aparecem; muitos deles são altamente especializados e sua interpretação foge aos objetivos do nosso curso. É notável que a Química do final do século XX e dos dias atuais esteja voltada para as aplicações em sistemas biológicos. Você mesmo pode concluir este fato olhando a seqüência de eventos mostrada na Tabela 2.2. A moderna tecnologia permite não só sintetizar e analisar moléculas muito complexas (como os fármacos mais diversos), mas também modelar computacionalmente os efeitos destas moléculas nos seres vivos. Parece não existirem mais fronteiras na Química e as perspectivas futuras são ilimitadas. 26 CEDERJ
  • 29. ATIVIDADE 2 AULA 2. A diversidade de conhecimento químico atual e a interdisciplinaridade geraram uma série de subdivisões na área de Química. Descubra do que tratam as seguintes subáreas da Química e descreva, de forma sucinta, suas aplicações: a) Bioeletroquímica b) Química Marinha c) Química Forense d) Geoquímica e) Petroquímica RESPOSTA COMENTADA Você encontrará facilmente o significado destas importantes áreas de conhecimento, nas quais a Química e outras ciências têm uma importante interface. A Bioeletroquímica se ocupa do estudo dos princípios e aplicações da Eletroquímica nos processos biológicos. A Química Marinha está voltada para a análise de materiais encontrados no mar; tem um forte componente voltado ao meio ambiente. A Química Forense está ligada às análises químicas e determinações de substâncias em locais onde ocorreram fatos que podem estar relacionados a delitos. Ambas são ramos da Química analítica. Finalmente, a Geoquímica e a Petroquímica fazem a interface da química com as geociências. Na Geoquímica, estuda-se a composição química e processos químicos que ocorrem no globo terrestre; um ramo especial desta ciência é a química do petróleo (Petroquímica). CONCLUSÃO Numerosos produtos que consumimos no nosso dia-a-dia são produzidos em decorrência de décadas de pesquisa e desenvolvimento, visando a sua obtenção. A Química atual conjuga experiência prática, avançados métodos de síntese e análise química e teorias sofisticadas que permitem desenhar fármacos, corantes e catalisadores antes mesmo de serem produzidos. Esses métodos tiveram sua origem nos esforços de outros grandes cientistas que, conhecendo o passado, avançaram em seu tempo, abrindo o caminho para a imensa tecnologia que dispomos nos dias atuais. CEDERJ 27
  • 30. Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais RESUMO Uma seqüência de eventos importantes, das experiências rigorosamente quantitativas de Lavoisier até a formulação de modelos matemáticos extremamente sofisticados para a compreensão da estrutura da matéria, levou a Química ao status de ciência e trouxe grande desenvolvimento a esta área do conhecimento humano. A descoberta de muitos equipamentos permitiu estabelecer vários ramos da ciência química, com desenvolvimento particularmente notável na química de sistemas biológicos. INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA Na próxima aula, você vai aprender os conceitos de matéria, propriedades e transformações. Eles são essenciais para definir a Química como ciência. 28 CEDERJ
  • 31. 3 AULA Propriedades gerais da matéria Metas da aula Meta Caracterizar elementos, substâncias simples e compostas e misturas. Descrever os estados físicos da matéria. Descrever as unidades fundamentais do Sistema Internacional e aplicá-las na determinação de propriedades fundamentais da matéria. objetivos Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: • Caracterizar substâncias simples, compostas e misturas. • Identificar elementos comuns na tabela periódica. • Avaliar propriedades e transformações, distinguindo se são de natureza física ou química. • Determinar unidades de grandezas físicas com base nas unidades fundamentais do Sistema Internacional de Unidades (SI). Pré-requisitos É importante você rever os modelos de constituição da matéria descritos nas Aulas 1 e 2. Isso vai ajudar a compreender os conceitos expostos na primeira parte desta aula.
  • 32. Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria INTRODUÇÃO Você já aprendeu que a Química é a ciência que trata das propriedades e das transformações da matéria. Agora, vamos especificar algumas propriedades fundamentais da matéria e os tipos de transformações que vamos abordar ao longo de nosso curso. Você vai aprender a distinguir os estados físicos da matéria pelas suas características mais fundamentais. Vamos também introduzir nesta aula conceitos importantes que permitem distinguir as substâncias puras das misturas, e caracterizar as propriedades destas. Você vai conhecer também as unidades utilizadas na determinação das propriedades fundamentais da matéria. Através delas, as unidades de qualquer propriedade podem ser obtidas. TIPOS E COMPOSIÇÃO DA MATÉRIA Definição de matéria O mundo físico em que vivemos é formado por matéria, dos mais diversos tipos. Observe a Figura 3.1. Nela estão representados um ser vivo, um pequeno objeto contendo um líquido puro e um grande corpo celeste. Estes corpos, animados e inanimados, são formados por matéria. Matéria é tudo que contém massa e ocupa lugar no espaço. As folhas da aula que você está lendo, o seu corpo, a água que você bebe e o ar que você respira são exemplos de matéria. MASSA Massa é uma medida do quão difícil é começar o movimento de um corpo ou mudar a sua velocidade. Figura 3.1: O peixe, o copo com água e o planeta Saturno são formados por matéria. Esta definição de massa é puramente operacional e vem das leis de Newton, A MASSA é, para um dado corpo, constante e independente do local que você aprendeu da Física elementar. A onde o corpo se encontra. Você deve distinguir claramente a massa de massa é propriedade um corpo de seu peso. O peso de um corpo é uma medida da força de intrínseca da matéria e não pode ser atração da gravidade sobre ele e depende do valor da força gravitacional. definida senão pelos efeitos que causa em Um mesmo objeto na Terra e na Lua tem pesos diferentes, embora sua outros corpos. massa seja a mesma. 30 CEDERJ
  • 33. ! 3 O valor do peso P de um corpo de massa m é dado por AULA P = mg Em que g é a aceleração provocada pelo campo gravitacional. Na Terra, g = 9,8 m/s2 ao nível do mar e a 45° de latitude. O valor de g muda em relação à altura e à latitude. Composição e tipos de matéria As inúmeras evidências experimentais mostram que a matéria é formada por partículas extremamente pequenas chamadas átomos. Embora a variedade de espécies de matéria seja extraordinária, existem apenas pouco mais de cerca de cem tipos distintos de átomos. ! Atente agora para as seguintes definições: Um elemento químico é uma substância que não pode ser decomposta em substâncias mais simples por processos físicos ou químicos comuns. Um átomo é a menor unidade de um elemento que detém suas propriedades. Uma molécula é uma unidade química que contém dois ou mais átomos unidos por ligações químicas. Átomos ou moléculas formadas pelo mesmo elemento são subs- tâncias simples ou elementares. Substâncias formadas por moléculas que contêm átomos diferentes são denominadas substâncias compostas ou compostos. O oxigênio (O2), por exemplo, é uma substância simples, formada por moléculas que só contêm átomos do elemento oxigênio (O). Cada molécula de oxigênio é formada por dois átomos de oxigênio. Já a água (H2O) é um composto. Cada molécula de água contém dois átomos do elemento hidrogênio (H) e um átomo do elemento oxigênio (O). A observação de que a composição elementar de um composto é sempre a mesma corresponde à lei das proporções definidas, formulada por Proust por volta de 1800. Já vimos esta lei na aula anterior, está lembrado? Os compostos podem ser decompostos em substâncias elementares que o formam. A água pode ser decomposta (por meio da eletrólise), por exemplo, em hidrogênio e oxigênio. CEDERJ 31
  • 34. Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria As substâncias (simples ou compostas) podem ser puras ou estar misturadas com outras substâncias. Uma substância pura é formada por átomos ou moléculas de uma só espécie. As misturas são formadas por substâncias de natureza diferente. Se a composição e a aparência da mistura for a mesma em toda a sua extensão, então temos uma mistura homogênea ou solução. Caso contrário, temos uma mistura heterogênea. Ao adicionarmos sal de cozinha à água, por exemplo, verificamos que a mistura formada é homogênea em sua constituição e propriedades: trata-se de uma solução. Já o sal de cozinha adicionado à areia do mar não forma uma solução. Percebemos claramente os grãos de areia e os cristais brancos do sal. Esta mistura é heterogênea. ATIVIDADE 1. Em uma bancada de laboratório estão quatro frascos contendo materiais distintos: Frasco 1 2 3 4 Azeite e Conteúdo Etanol Água e açúcar água Iodo Identifique o frasco que corresponde a uma: A) substância elementar pura B) composto puro C) mistura homogênea ou solução D) mistura heterogênea RESPOSTA COMENTADA Você deve ter em mente as definições dadas no tópico que prece- de esta atividade para bem desenvolvê-la. Lembre-se de que uma substância pura é formada por átomos ou moléculas de uma só espécie química; ela é elementar se só existe um elemento em sua constituição, e composta se é formada por mais de um elemento diferente. As misturas contêm mais de uma espécie química. São homogêneas se têm aspecto e composição uniforme; caso contrário, são heterogêneas. Assim, o conteúdo do frasco I é o de uma subs- tância pura cujas moléculas são formadas por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio; trata-se de um composto puro (B). O frasco II contém uma mistura de dois compostos: a água (formada por átomos de hidrogênio e oxigênio) e a sacarose (formada por áto- mos de carbono, hidrogênio e oxigênio); como o açúcar é solúvel 32 CEDERJ
  • 35. 3 em água, o frasco II contém uma mistura homogênea ou solução (C). AULA O azeite e a água também formam uma mistura de dois compostos. Entretanto, o azeite não se dissolve na água; temos, então, uma mistura heterogênea no frasco III (D). Finalmente, o conteúdo do frasco IV é o de uma substância pura formada por átomos do mesmo elemento químico. Trata-se de uma substância elementar pura. Representação dos elementos químicos Um elemento é representado pelo seu símbolo. Normalmente, o símbolo dado a um elemento é formado pela primeira letra de seu nome. O símbolo do hidrogênio, por exemplo, é H, o do carbono é C e o do oxigênio é O. Quando mais de um elemento tiver seu nome começando pela mesma letra, as duas primeiras letras do nome serão usadas para representá-lo. Os símbolos do cálcio e do cromo, que começam com a mesma letra, são Ca e Cr, respectivamente. Em muitos casos, parece que as regras acima não são cumpridas. Isso ocorre porque muitos nomes de elementos vêm do latim. O símbo- lo do sódio, por exemplo, é Na, que vem de natrium. Dessa forma, o melhor é memorizar os símbolos dos elementos que aparecem com mais freqüência. Alguns deles estão listados na Tabela 3.1 a seguir: Tabela 3.1: Símbolos de alguns elementos comuns Elemento Símbolo Elemento Símbolo Nitrogênio N Alumínio Al Flúor F Cobalto Co Fósforo P Cobre Cu Enxofre S Ferro Fe Potássio K Sódio Na Iodo I Zinco Zn A lista dos elementos conhecidos, com seus símbolos e outras importantes características, está contida na Tabela Periódica dos Elementos, que você encontra no final deste livro. O estudo dessa tabela faz parte do conteúdo da Aula 5. CEDERJ 33
  • 36. Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria ATIVIDADE 2. Observe a tabela periódica. Localize nesta tabela o quadro correspondente ao elemento oxigênio e copie as informações contidas nele. Na Aula 5, você compreenderá a organização de cada quadro da tabela. ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ RESPOSTA COMENTADA Embora esta tarefa seja muito simples, é importante que você observe os detalhes de cada quadro da Tabela Periódica. Ele apresenta o símbolo químico e nome do elemento considerado, além de um número acima (o número atômico) e um número abaixo (a massa atômica) no mesmo quadro. Na Aula 6, estudaremos detalhadamente a estrutura desta tabela. ESTADOS DA MATÉRIA Toda matéria pode existir em três estados, sólido, líquido e gasoso. Estes três estados diferem na: • distância entre as partículas que formam a substância • intensidade das forças de atração entre as partículas • intensidade e tipo de movimento de suas partículas Em um sólido, as forças de atração entre as partículas são relativa- mente fortes. As partículas se empacotam próximas umas das outras em um arranjo estrutural rígido. Isso dá forma e volume definidos ao sólido, como você pode visualizar no cubo de gelo mostrado na Figura 3.2. Figura 3.2: Os cristais hexagonais do gelo têm uma arrumação regular e definida, que dão forma e volume definidos ao gelo. 34 CEDERJ
  • 37. Existem dois tipos de sólidos, em função da diferença no arranjo das 3 partículas que eles contêm. Nos sólidos amorfos, as partículas estão presas AULA em um padrão orientado ao acaso. Nos sólidos cristalinos, as partículas formam estruturas tridimensionais com padrão ordenado e regular. Nestas estruturas, as partículas vibram em torno de suas posições de equilíbrio na rede cristalina. Quando a temperatura é baixa, as vibrações são pequenas. O aumento da temperatura faz aumentar a amplitude dessas vibrações até que, no ponto de fusão do sólido, a rede cristalina se rompe. ! Como exemplos de sólidos amorfos temos o vidro e os plásticos. Os metais são sólidos cristalinos, assim como o gelo, o açúcar (sacarose) e o sal de cozinha (cloreto de sódio). A rede cristalina do NaCl, por exemplo, tem o aspecto ilus- trado na Figura 3.3. Nela as esferas pequenas são átomos de Na,e as maiores, de Cl. Você pode observar o rigoroso ordenamento dos átomos na rede. Figura 3.3: O NaCl é um exemplo de sólido cristalino; nele, os átomos têm um ordenamento rigorosamente definido. Em um líquido, as partículas não estão presas tão firmemente quanto em um sólido. Embora próximas umas das outras, podem mover-se de um lugar para outro, deslizando umas sobre as outras. Por isso, um líquido pode escoar de um lugar para o outro e tomar a forma do recipiente que o contém, mantendo, entretanto, o seu volume. Figura 3.4: Um líquido escoa e toma a forma do recipiente que o contém. CEDERJ 35
  • 38. Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria Em uma dada temperatura, as moléculas da superfície de um líquido (ou próximas a ela) podem escapar, pois não estão presas às outras moléculas com a mesma intensidade que no interior da massa líquida. Se não colidirem com as moléculas do ar, elas não mais voltarão ao líquido. Este processo é denominado evaporação do líquido. O aumento da temperatura favorece a agitação das moléculas do líquido, enfraquecendo as forças de atração até que, no ponto de ebulição do líquido, as moléculas escapam completamente: o líquido se transforma em gás. Figura 3.5: Em um gás, as moléculas estão muito separadas umas das outras. No gás, as partículas estão muito afastadas e viajam a grande velocidade. O gás não tem forma nem volume definidos; ele enche com- pletamente o recipiente que o contém. Ao se movimentarem através do recipiente que o armazena, as moléculas do gás colidem com as suas paredes. O efeito destas colisões é expresso pela pressão do gás dentro do recipiente. Quanto maior o número de colisões com as paredes, maior é a pressão do gás. ! Lembre-se da Aula 1: pela lei de Boyle, a pressão de um gás é inversamente proporcional ao volume do recipiente que o contém, se a temperatura for constante. Um cilindro de oxigênio, por exemplo, contém o gás a alta pressão; se abrirmos a válvula do cilindro para a atmosfera, o gás escapa e vai ocupar um volume muito maior, pois a pressão a que ele estará submetido é bem menor. PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA Toda substância tem um conjunto único de propriedades que a distinguem das demais. A título de ilustração, algumas propriedades do hidrogênio, do oxigênio e da água foram listadas na Tabela 3.2. 36 CEDERJ
  • 39. Tabela 3.2: Algumas propriedades da água, do hidrogênio e do oxigênio à 3 temperatura ambiente AULA Substância Água Hidrogênio Oxigênio Estado Líquido Gasoso Gasoso Densidade (g/mL) 1,00 0,84 x 10 -3 1,33 x 10-3 Ponto de fusão (°C) 100 -253 - 183 Inflamável? Não Sim Não As propriedades podem ser agrupadas em duas categorias: • propriedades físicas – são medidas sem alterar a identidade e a composição da substância. Exemplos de propriedades físicas são a cor, o cheiro, a dureza, o ponto de fusão e o ponto de ebulição. • propriedades químicas – descrevem como a substância pode se alterar, ou reagir para formar outras substâncias. A capacidade que uma substância tem de queimar em presença de oxigênio (ou de reagir com ácidos e bases) é um exemplo de propriedade química. Assim como as propriedades de uma substância, as transformações que ela sofre são classificadas em: • transformações físicas – são aquelas cuja substância muda a sua aparência física, mas não muda a sua composição. A fusão e a ebulição são exemplos de transformações físicas, nas quais a substância muda de estado físico, mas continua com sua composição e identidade inalteradas. • transformações químicas – são aquelas cuja substância é trans- formada em outra(s) substância(s) quimicamente diferente(s) dela. São também chamadas reações químicas. UNIDADES DE MEDIDA Unidades fundamentais de medida Muitas propriedades da matéria são quantitativas, ou seja, estão associadas a números. Quando um número está associado a uma grandeza medida, as unidades deste número sempre devem ser especificadas. ! Se você medir a distância entre dois pontos, por exemplo, e não especificar a unidade, não saberemos se esta distância é em metros, centímetros ou quilômetros. CEDERJ 37
  • 40. Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria As unidades usadas em medições científicas são derivadas do sistema métrico, desenvolvido na França ao final do século XVIII. Em 1960, um acordo foi obtido para especificar um conjunto particular de unidades métricas para uso em medições científicas. Estas unidades são as do Sistema Internacional de Unidades (SI). O SI tem sete unidades básicas, a partir das quais todas as demais são derivadas. Estas unidades estão listadas na Tabela 3.3 a seguir: Tabela 3.3: Unidades fundamentais do Sistema Internacional de Unidades (SI) Grandeza Física Nome da Unidade Símbolo Massa Quilograma Kg Comprimento Metro M Tempo Segundo S Corrente elétrica Ampère A Temperatura Kelvin K Intensidade da luz Candela cd Quantidade de Mol mol substância Muitas vezes é conveniente usar prefixos para indicar frações decimais ou múltiplos das várias unidades. O prefixo centi, por exemplo, representa 10-2 (o centésimo) de uma unidade. A Tabela 3.4 apresenta os prefixos mais utilizados em Química. ! Lembre-se de que a notação exponencial é utilizada para não carregarmos uma quantidade exagerada de zeros. Assim, 10n (n positivo) indica que temos n zeros após o número 1. Já 10-n indica que temos n zeros antes do número 1, sendo o primeiro deles seguido de vírgula. Por exemplo, 103 = 1000 e 10-3 = 0,001. 38 CEDERJ
  • 41. Tabela 3.4: Prefixos mais utilizados no sistema métrico 3 AULA Prefixo Símbolo Significado giga G 109 mega M 106 quilo K 103 deci D 10-1 centi C 10-2 mili M 10-3 micro µ 10-6 nano n 10-9 pico p 10-12 femto f 10-15 A unidade SI de comprimento é o metro. Grandes distâncias são medidas em quilômetros, e pequenas distâncias em submúltiplos do metro (centímetros, milímetros ou micrômetros). A unidade SI para massa é o quilograma. Seus submúltiplos são o grama (1 g = 10-3 kg), a centigrama (1 cg = 10-2 g = 10-5 kg), o miligrama (1 mg = 10-3 g = 10-6 kg) e o micrograma (1 mg = 10-6 g = 10-9 kg). ! Observe que a escolha do quilograma como unidade de massa não é usual, pois esta unidade é um múltiplo do grama. Em muitas situações práticas, o grama é usado ao invés do quilograma. A chamada quantidade de substância é dada pelo número de moles (ou móis) da substância presente. O mol é a quantidade de substância que contém 6,02×1023 partículas (átomos ou moléculas). Este número é chamado de número de Avogrado. Assim, 16 gramas de oxigênio molecular e 98 g de ácido sulfúrico correspondem à mesma quantidade (ambos têm 1 mol de cada substância), embora suas massas sejam diferentes. Você vai aprender tudo sobre a relação entre massa e quantidade de substância nas aulas de Estequiometria. CEDERJ 39
  • 42. Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria ATIVIDADE 3. a) O diâmetro de um glóbulo branco do sangue mede cerca de 42 µm. Exprima este valor em m e em nm. b) Um médico prescreve uma dose de 0,1 g de um medicamento. Quantos tabletes contendo 25 mg do medicamento são necessários para satisfazer à prescrição? RESPOSTA COMENTADA a) Você precisa estar atento às transformações de unidades e ao trabalho com as potências de 10 (notação exponencial). Sabendo que 1 µm = 10-6 m, então 42 µm são 42×10-6 m ou 4,2×10-5 m. Sendo 1 nm = 10-9 m, então vale a seguinte relação entre µm e nm: 1 m = 106 µm = 109 nm. Dividindo os dois últimos membros por 106, vemos que 1 µm = 103 nm. Assim, 42 µm são 42×103 nm = 4,2×104 nm. b) Este exercício segue o mesmo padrão do exercício anterior, logo a recomendação para a sua execução é a mesma. Sabemos que 1 g = 103 mg. Então, 0,1 g = 102 mg = 100 mg. Cada comprimido tem 25 mg. Logo, precisamos de 100/25 = 4 comprimidos para ter a dosagem requerida. Unidades derivadas das unidades fundamentais As unidades de base do SI permitem que se obtenha a unidade de qualquer outra grandeza, basta que saibamos exprimir a grandeza desejada em termos de grandezas fundamentais. A unidade da grandeza desejada será uma combinação de unidades fundamentais, posto que deriva destas. VOLUME Para se obter a unidade SI de uma grandeza qualquer a partir das O volume (V) de um unidades fundamentais, procedemos da seguinte forma: corpo define o lugar ocupado pelo corpo • Etapa 1 - Exprime-se a grandeza desejada em termos das no espaço tridimen- sional. grandezas fundamentais do SI por uma relação matemática. • Etapa 2 - A unidade da grandeza desejada é obtida pela MASSA ESPECÍFICA combinação de unidades das grandezas fundamentais que guarda a A massa específica (ρ), mesma relação matemática obtida na primeira etapa. ou densidade de um corpo, é a razão entre Vamos aplicar estas etapas na determinação da unidade SI de a massa (m) do corpo e duas grandezas importantes em química: o VOLUME ea MASSA ESPECÍFICA seu volume (V). de um corpo. 40 CEDERJ
  • 43. Como os corpos podem ter as mais diversas formas, vamos con- 3 siderar um cubo de aresta L. O volume deste corpo é dado por AULA V = L3 Esta é a relação matemática entre a grandeza desejada (volume) e as grandezas fundamentais do SI (no caso, o comprimento). A unidade da grandeza desejada guarda com as unidades fundamentais a mesma relação matemática dada pela equação anterior. Assim, sendo o metro a unidade SI de comprimento, a unidade SI de volume é o metro cúbico (m3). ! Em laboratório, é comum usarmos submúltiplos de unidade: o decímetro cúbico (1 dm3 = 10-3 m3) e o centímetro cúbico (1 cm3 = 10-6 m3). Estas duas últimas se relacionam ao litro (L), uma unidade muito usada, mas que não pertence ao SI. As relações são 1 dm3 = 1 L 1 cm3 = 1 mL Logo, 1 L = 1 dm3 = 1000 mL = 1000 cm3 A massa específica se define pela relação ρ= m = m V L3 Então, lembrando as unidades de massa e de comprimento no SI, a unidade SI de massa específica é o kg/m3. ! É mais comum exprimir a densidade em gramas por mililitro (g/mL ou g mL-1) para sólidos e líquidos, e gramas por litro g/L ou g L-1 para gases. A relação entre estas unidades e as unidades SI pode ser obtida como se segue: 1g/mL = 10-3 kg/10-3 L = 10-3 kg/10-6 m3 = 103 kg/m3 1 g/L = 10-3 kg/10-3 m3 = 1 kg/m3 CEDERJ 41
  • 44. Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria ATIVIDADES FINAIS a) Identifique se as transformações a seguir são físicas ou químicas, marcando a coluna correta: Transformação Física Química (A) Dissolução do açúcar na água (B) Solidificação do ferro numa siderurgia (C) Corrosão do ferro pela água do mar (D) Queima da glicose em uma célula viva b) Obtenha a unidade SI das grandezas a seguir, a partir de sua definição: 1) velocidade (razão entre a distância percorrida por um corpo e o tempo que o corpo leva para percorrê-la). 2) aceleração (variação da velocidade de um corpo com o tempo) 3) força (produto da massa de um corpo pela aceleração a ele imposta) 4) pressão (razão entre a força exercida em um corpo e sua área) __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ c) O que pesa mais, um quilo de papel ou um quilo de chumbo? E quem tem maior densidade? Justifique suas respostas. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 42 CEDERJ
  • 45. RESPOSTAS COMENTADAS 3 a) Lembre-se dos conceitos mencionados no tópico PROPRIEDADES E AULA TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA. Uma transformação física mantém a identidade da substância, enquanto uma transformação química altera a substância, transformando-a em outras. Assim, (A) e (B) são transformações físicas, enquanto (C) e (D) são químicas. A corrosão leva o ferro à ferrugem (óxido de ferro), e a queima da glicose produz gás carbônico e água. b) Reveja as duas regrinhas estabelecidas no subtópico Unidades derivadas das unidades fundamentais. Você precisa inicialmente estabelecer a expressão da grandeza desejada em termos de grandezas fundamentais do SI. A unidade da grandeza desejada é obtida pela mesma relação entre ela e as grandezas fundamentais. Vamos analisar os quatro casos propostos. b.1) A velocidade (v) de um corpo é a razão entre a distância (L) percorrida pelo corpo e o tempo (t) necessário para percorrer esta distância. A expressão matemática definidora da velocidade é, então, v = L . A unidade de velocidade no SI será dada pela razão t entre as unidades de distância e de tempo. Então, teremos unidade de distância (SI) m unidade de velocidade (SI) = = = ms-1 unidade de tempo (SI) s b.2) A aceleração (a) é a razão entre a velocidade do corpo e o tempo necessário para alterar sua velocidade. A expressão matemática defini- v dora da aceleração é a = . Por sua vez, a velocidade é definida em t termos de grandezas fundamentais, como no item (1). A aceleração, expressa em termos das grandezas fundamentais do SI, é dada por v a= t = L2 . A unidade SI da aceleração será dada por t unidade de distância (SI) m unidade de aceleração (SI) = = = ms-2 (unidade de tempo (SI))2 s2 b.3) A força (F) é definida como o produto da massa (m) de um corpo v L por sua aceleração (a): F = ma = m = m 2 . A última igualdade t t exprime a força em termos das grandezas fundamentais do SI. A unidade SI de força será dada então por unidade de distância (SI) m unidade de força (SI) = unidade de massa (SI) x = kg = kg ms-2 (unidade de tempo (SI))2 s2 Esta unidade recebe o nome de newton, (N). Assim, 1 N = 1 kg m s-2. CEDERJ 43