3. O povo de Deus, através de seus profetas, exige um governo
justo que promova a paz social e a prosperidade (o shalom de
Deus). Esta exigência é reclamada de todas as nações e não se
limita, portanto, ao povo de Deus.
MISSÃO URBANA
4. Com isto fica claro, desde logo, que a tarefa da Missão Urbana
não se limita à vida na comunidade mas visa a toda a cidade.
Não se restringe, portanto, à vida religiosa. Sonha certamente
com a transformação social dentro do melhores padrões da
ética, justiça e sustentabilidade.
MISSÃO URBANA
6. A PERCEPÇÃO BÍBLICA DA CIDADE
Missiologia são as duas palavras de raiz grega que compõem o
termo ‘missiologia’. Logia significa ‘estudo’. Missio significa
‘concernente à missão’. Portanto, dentro de um contexto cristão,
com o propósito de equipar-se ao trabalho urbano, ‘Temos,
porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do
Poder seja de Deus, e não de nós’ 2 Coríntios 4.7 escolar ou
acadêmico, falar de missiologia é tratar sobre estratégias
contextuais de alcance.
MISSÃO URBANA
7. A partir deste tema, serão analisados os seguintes pontos: Existe
algo como uma “Teologia da Cidade” ou: “hermenêutica da
cidade”? Os “paradigmas”: Babilônia e Jerusalém. A cidade, vista
como Babilônia é o símbolo da violência e da perversão.
MISSÃO URBANA
8. Deus continua sendo o Senhor da história. (A superação da
Babilônia ocorrerá com a derrocada do mercado (Ap 18-19) e o
triunfo do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores – Jesus e a
instauração da cidade celeste, a Nova Jerusalém (Ap 21-22)).
MISSÃO URBANA
9. Assim, ao longo do AT, a cidade, como centro de poder e
dominação, é identificada como sendo Babilônia. Simboliza a
encarnação da violência, a dominação e a perversidade.
Embora seja uma criação humana, fruto da cultura, e não criação
de Deus, isto não significa que esteja entregue ao capricho de
governantes inescrupulosos. Deus reclama um outro perfil para a
cidade.
MISSÃO URBANA
10. A cidade como espaço de misericórdia, justiça e paz. Em
contraste à cidade dominada pela violência, Jerusalém aparece
na Bíblia de duas formas distintas: é a cidade capital espiritual de
Israel e, ao mesmo tempo, portadora de um símbolo: simboliza a
cidade da justiça e da paz.
MISSÃO URBANA
11. DIALÉTICA: JERUSALÉM E BABILÔNIA
Logo, Babilônia e Jerusalém são dois símbolos e duas realidades
presentes nas cidades ao longo da história. Nenhuma cidade é
totalmente Babilônia nem completamente Jerusalém. Não se
trata de um dualismo: ou uma ou outra, mas de uma relação
dialética, isto é: cada cidade é simultaneamente Babilônia –
cidade marcada pela injustiça e pela opressão e Jerusalém –
cidade que carrega de sinais de vida e de esperança.
MISSÃO URBANA
12. A Jerusalém histórica tornou-se Babilônia apesar de todo
cuidado de Deus para com ela (Ez 16). Para uma percepção
teológica adequada desta dialética, é necessária a busca de uma
chave hermenêutica (interpretativa) que permita lidar com esta
realidade.
MISSÃO URBANA
13. A melhor chave hermenêutica para a Missão Urbana, no
entanto, encontra-se na palavra de Jesus: Jerusalém, Jerusalém,
você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados!
Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha
reúne os seus pintinhos debaixo de suas asas, mas vocês não
quiseram! (Lc 13.34NVI)
MISSÃO URBANA
14. Por que esta palavra é tão central? Nela, Jesus mostra a relação
dialética entre a realidade objetiva e subjetiva da cidade. A
cidade é, simultaneamente, Babilônia e Jerusalém. Nela, opera o
juízo e a graça, a violência e a misericórdia.
MISSÃO URBANA
15. O Evangelho do Reino, por sua vez, segue a lógica dos profetas
do AT. Sustenta, assim, uma proposta para a superação desta
dialética que ocorre através do arrependimento e da conversão.
Veja o acontecido em Nínive de Jonas. A mesma mensagem é
anunciada por João Batista.
MISSÃO URBANA
16. A figura da galinha, que acolhia os pintinhos debaixo das asas,
simboliza o desejo de Jesus de abraçar a cidade com
misericórdia, o qual a natureza babilônica (violenta) dos
governantes não permitia.
MISSÃO URBANA
17. A MISSÃO URBANA NO NOVO TESTAMENTO
A mensagem do Reino de Deus, após a ressurreição de Jesus,
transpôs as fronteiras da Palestina e ingressou no mundo das
grandes cidades gregas e romanas. Em cerca de 20 anos, o
Evangelho alcançou a Antioquia na Síria, Roma na Itália, Éfeso na
Ásia Menor, Corinto na Grécia, Filipos e Tessalônica na
Macedônia e Alexandria no Egito.
MISSÃO URBANA
18. A vida com dignidade. No interior de uma sociedade
escravagista, as comunidades cristãs vivenciavam uma
solidariedade ímpar. Em Cristo, superavam as descriminações
raciais, sociais, econômicas, religiosas e de gênero. Tratavam-se
como irmãos e irmãs.
MISSÃO URBANA
19. A qualidade superior da ética decorrente da fé cristã contagiava
as pessoas e, consequentemente, as cidades da época. Longe de
esgotar tão apaixonante assunto, cabe-nos indagar qual o nosso
papel atual no cenário urbano brasileiro. Todavia, para
mergulhar nesta questão, impõe-se a compreensão da lógica do
processo urbanizatório brasileiro e suas consequências sociais e
espirituais.
MISSÃO URBANA
20. CONSEQUENCIAS SOCIAIS E RELIGIOSAS
Para entender a realidade urbana de nossos dias, é indispensável
a compreensão das causas e das consequências do processo
urbanizatório brasileiro na segunda metade do século XX.
MISSÃO URBANA
21. CONSEQUENCIAS SOCIAIS E RELIGIOSAS
Para entender a realidade urbana de nossos dias, é indispensável
a compreensão das causas e das consequências do processo
urbanizatório brasileiro na segunda metade do século XX.
MISSÃO URBANA
22. No período de seis décadas, Curitiba, a exemplo de outras
capitais, multiplicou sua população em quase dez vezes. As
consequências sociais do processo foram a favelização e o
inchaço urbano sem infraestrututura, caos na saúde, na
segurança e na habitação, a multiplicação da violência
(criminalidade), desintegração humana e social, desemprego,
drogadicção, prostituição infantil e tráfico de drogas.
MISSÃO URBANA
23. A urbanização é um fenômeno mundial. Cerca de metade da
população mundial, que já atingiu a cifra de seis bilhões e meio
de pessoas, mora em cidades.
Na década de 60, a população urbana representava 34% da
população do planeta. Esse número saltou para 44% em 1992, e
existe uma estimativa de que 61,01 % da população mundial
esteja vivendo em cidades até 2025.
MISSÃO URBANA
24. A igreja se relaciona direta e diariamente com a vida na cidade.
Ela vive junto, ora e atua em comum, onde cada um coopera
para o bem de todos e através da construção de uma sociedade
cristã e justa se deduz qual é o sentido de ser igreja. A
missiologia está sempre presente, levando a comunidade eclesial
a atuar de modo a obedecer a ordem de seu Senhor, apontando
o sentido de sua existência. A força atual da igreja só será
medida quando se puser em prática a missiologia urbana, com
todos os elementos que ela supõe.
MISSÃO URBANA
25. Deus decidiu precisar de homens e mulheres para realizar isso
de proclamar seu Filho. Por isso, os resgata, os chama, os
vocaciona, os capacita e os respalda para essa obra. Esse é o
papel da igreja: através da ação polarizadora do Espírito Santo
levar as boas novas aos que ainda não ouviram. Ou seja,
precisamos conhecer a Deus e torná-lo conhecido.
Devemos para isso não medir esforços em aprender como
analisar a cidade em todos os seus aspectos, para que a ação
seja, de fato, relevante.
MISSÃO URBANA
26. O CONTEXTO DA MISSÃO URBANA – ONDE?
“As cidades são o principal campo missionário do século XXI”.
Com essa frase o Dr. Charles Van Engen[2], iniciou sua série de
preleções sobre missão urbana[3], em março de 2002, na cidade
de Londrina (PR). Sua afirmação é uma verdade latente e
preocupante por parte dos missiólogos espalhados pelo mundo
inteiro.
A preocupação dos acadêmicos é proporcional ao crescimento
dos centros urbanos. O grande desafio hoje é levantar os olhos e
ver a cidade como um grande campo branco pronto para a ceifa
(Jo 4:35).
MISSÃO URBANA
27. A CIDADE E A CULTURA
Contudo, a cidade não é apenas população e problemas sociais,
mas uma concentração cultural. Olhando para isso, é possível
entender que a cidade deixou de ser um conceito geográfico e
passou a ser um conceito sociológico.
MISSÃO URBANA
28. Por um lado, as pessoas que migram de diferentes regiões
procuram se concentrar, formando “guetos culturais”. São
formados grupos que tentam manter vivas as tradições da terra
natal, como os Centros de Tradição Gaúcha, espalhados por todo
país. Isso é uma maneira de fortalecer os laços culturais.
MISSÃO URBANA
29. A cidade é um amontoado de culturas diversas misturadas com
culturas locais, preservando valores originários. É também um
lugar onde impera o individualismo, onde as pessoas tendem a
competir para conquistar um melhor lugar dentro da sociedade
vigente.
MISSÃO URBANA
30. Com a Reforma, a igreja passou a olhar mais para os moradores
da cidade. Uma das primeiras atitudes dos reformadores foi de
traduzir a Bíblia na linguagem do povo. Neste período ainda a
igreja ditava as regras, fosse católica ou protestante.
MISSÃO URBANA
31. Com as duas grandes revoluções da história, a Francesa e a
industrial, a igreja começou a perder seu poder. Até este
período, a igreja se encontrava sempre na vanguarda da história,
e agora passa à retaguarda. Isso é de suma importância para
entendermos o papel da igreja nas cidades hoje.
MISSÃO URBANA
32. A TEOLOGIA DA MISSÃO URBANA – POR QUE?
Precisamos pensar na cidade antes de realizarmos um ministério
efetivo nela. Conhecer a cidade e suas culturas, suas faces, as
pessoas. Enfim ser um explorador da cidade. Porque? Porque só
conhecendo a cidade e seus habitantes podemos ser efetivo na
transmissão do amor e da justiça de Deus.
Porque realizar a missão na cidade? Quero destacar algumas
motivações.
MISSÃO URBANA
34. Quando a paixão por Cristo toma nosso coração, somos tomados
também pela paixão por sua Noiva, seu Corpo. Cristo amou tanto
a igreja que se entregou por ela (Ef 5:2,25). Quando nos
entregamos à paixão por Cristo, obviamente nos entregamos à
paixão pela igreja. Estamos dispostos a morrer tanto por um
quanto pelo outro.
MISSÃO URBANA
35. Por diversas vezes vemos a apóstolo Paulo tomando as dores de
Cristo pela igreja. Podemos entender essa preocupação como
um resultado do amor ardente de Paulo por Cristo. O sentimento
motivador de Cristo a se entregar pela igreja era o mesmo que
Paulo tinha por ele. A entrega, portanto era bilateral: Cristo se
entregou pela igreja, e Paulo se entregou por Ele.
MISSÃO URBANA
36. As cidades têm vivido tremendas dificuldades: guerrilhas
urbanas, violência sem controle, brutalidade, fome, miséria,
drogas, impunidade, corrupção, desamor, tragédias,
desigualdade social, pais se levantando contra filhos e filhos
contra pais. A lista é imensa e parece não ter fim.
Temos sentido hoje, mais do que nunca, que o mundo precisa de
Deus. E Deus decidiu precisar de servos. Somos seus servos para
levar a mensagem das boas novas, pois só ela é capaz de
transformar as urbes.
MISSÃO URBANA
37. O grande campo missionário desse século são as cidades. Eles
necessitam cada dia de mais missionários e igrejas que estejam
dispostas a gastar suas vidas em prol do resgate da cidade. O
campo já está pronto para a ceifa, esperando os ceifeiros.
A igreja deve servir a Deus na cidade com todas as suas forças e
estruturas, pois só assim o Reino divino será implantado e o
Senhor será glorificado.
MISSÃO URBANA