2. Convergência
• Convergência: fluxo de conteúdos através de
múltiplos suportes midiáticos, cooperação entre
múltiplos mercados midiáticos e comportamento
migratório dos públicos dos meios de comunicação,
que vão a quase qualquer parte em busca de
experiências de entretenimento que desejam.
JENKINS, Henry. Convergence culture: where old and new media collide. New York: New York
University Press, 2006
3. Convergência
• “Diversas forças, contudo, começaram a derrubar os
muros que separam esses diferentes meios de
comunicação. Novas tecnologias midiáticas
permitiram que o mesmo conteúdo fluísse por vários
canais diferentes e assumisse formas distintas no
ponto de recepção.”
4. Convergência
• Sistemas de distribuição são apenas e simplesmente
tecnologias; meios de comunicação são também
sistemas culturais.
• Um meio é um conjunto de “protocolos” associados ou
práticas sociais e culturais que cresceram em torno
dessa tecnologia. Tecnologias de distribuição vêm e
vão o tempo todo, mas os meios de comunicação
persistem como camadas dentro de um estrato de
entretenimento e informação cada vez mais
complicado.
5. Convergência
• A convergência implica transformações nos
protocolos de produção e de consumo midiático. Ela
altera a relação entre tecnologias existentes,
indústrias, mercados, gêneros e públicos. Altera
também as lógicas de operação da indústria
midiática e dos consumidores.
6. Convergência
• “A convergência dos meios de comunicação impacta
o modo como consumimos esses meios. [...] Fãs de
um popular seriado de televisão podem capturar
amostras de diálogos no vídeo, resumir episódios,
discutir sobre roteiros, criar fan fiction, gravar suas
próprias trilhas sonoras, fazer seus próprios filmes –
e distribuir tudo isso ao mundo inteiro pela internet.”
7. Convergência
• A convergência é tanto um processo corporativo, de cima para
baixo, quanto um processo de consumidor, de baixo para
cima.
• Empresas aceleram o fluxo de conteúdo midiático pelos
canais de distribuição para aumentar as oportunidades de
lucros. Consumidores aprendem a utilizar diferentes
tecnologias para ter um controle mais completo sobre o fluxo
de mídia e para interagir com outros consumidores.
• Inspirados por esses ideais, os consumidores estão lutando
pelo direito de participar mais plenamente de sua cultura. O
embate entre convergência corporativa e convergência
redefine a face da cultura.
9. Convergência
• O processo convergente se desenvolve aliando o
poder do produtor de mídia ao do consumidor.
• A audiência assume a condução dos modos
convergentes.
• O consumidor participativo faz barulho tanto de cima
pra baixo, como de baixo pra cima.
• O conteúdo circula mais e consequentemente atinge
mais pessoas e mais remixagens.
10. Convergência
• “Permitir aos consumidores interagir com as mídias
sob circunstâncias controladas é uma coisa; permitir
que participem na produção e distribuição de bens
culturais – seguindo as próprias regras – é
totalmente outra” (JENKINS, 2006).
• Os fãs constituem um grupo de consumidores com
comportamento mais ativo e reivindicador (JENKINS,
1992; 2008).
11. Convergência
• O fã é um membro de uma subcultura que age de forma
participativa com relação aos seus produtos de adoração e
contesta taticamente o formato tradicional de consumo
cultural. Além disso, são pioneiros na adaptação às
tecnologias.
• A condição de fã é fruto da articulação entre produção,
consumo e reinvestimento. MONTEIRO (2007)
• Esta articulação ocorre por uma afetividade investida em
determinado produto e numa comunidade de sujeitos que
compartilha interesses, gerando um empenho e um
investimento pessoais.
12.
13. Convergência
• O desenvolvimento das tecnologias de comunicação e
informação facilita a interação entre o grupo, permitindo com
que ela seja realizada sem as barreiras geográficas e
temporais.
• As redes digitais também ampliam a possibilidade de
aquisição de produtos relacionados ao seu objeto de
adoração, o acesso a informações relacionadas a Star Wars e a
distribuição das produções amadoras, confirmando o que
propõe a ideia da cultura da convergência.
• A facilitação do consumo e acesso também atua em prol do
mercado.
14. Convergência
• Táticas de apropriação cotidianas ligadas à diversão, mas não
despolitizadas.
• Afetividade, investimento pessoal, busca pelo estar-junto,
busca pela comunidade que compartilha interesses, satisfação
pessoal.
• A cultura da convergência não é apenas uma questão otimista
do desenvolvimento tecnológico, há um caráter
mercadológico e comercial na sua constituição, uma vez que
divulga seus produtos e produções em países nos quais há
pouco investimento em publicidade e atração dos
consumidores.
15. Convergência
• A narrativa transmidiática refere-se a uma nova estética que
surgiu em resposta à convergência de mídias – uma estética que
faz novas exigências aos consumidores e depende da
participação ativa das comunidades de conhecimento. A
narrativa transmidiática é a arte da criação de um universo.
17. • Os meios e as mídias são inseparáveis das formas de
socialização e cultura que ajudam a criar.
• A cultura digital traz consigo novos ambientes
comunicacionais próprios e característicos do momento
vivido.
• Cultura impressa = sujeito fixo e estável
• Cultura digital = sujeito mutante e instável
• Os sujeitos são sempre mediados por linguagem.
• A linguagem da cultura digital altera os sujeitos e cria um
sujeito cultural próprio do momento.
18. • As pessoas não querem só informação na mídia, mas
também é fundamental ver-se, ouvir-se, participar, fazer
parte de uma comunidade.
• A informação e a comunicação, no sentido da partilha de
emoções e de sentimentos, só podem dirigir-se a tribos
que comungam em torno de um totem.
• A noção de cultura aplicada precisa estar diretamente
ligada ao contexto social atual e não é uma noção/idéia
fechada.
• As constantes e diferentes experiências do cotidiano
geram novas/diferentes significações.
19. As práticas em mutação no
jornalismo digital
ou
Manifesto pós-jornalístico
21. Os presságios mortais contra a mídia - ou contra o
jornalismo – vêm de longe. Jean Baudrillard, em seu
clássico Requiem for the media, de 1972, atacou o
sistema de meios de comunicação unilateral e vertical.
Entendendo a comunicação como mais do que uma
simples transmissão-recepção da mensagem.
Informar não é comunicar.
Mas a maior parte dos meios de comunicação
continuou na idade da Internet com a transmissão-
recepção clássica da mensagem.
22. Manifesto pós-jornalístico
• 1) A informação torna-se um processo
compartilhado. Os produtores de informação
incluem os leitores no desenvolvimento do
conteúdo. Compartilhar em blogs, plataformas
de vídeo ou sites os detalhes de como eles
têm desenvolvido o trabalho informativo é tão
importante quanto o resultado final. O
conteúdo irá tornar-se um making of em
tempo real.
23. Manifesto pós-jornalístico
• 2) A definição do conteúdo evolui, cresce, se
expande. Discutir a notícia, espalhá-la com
valor acrescentado (mais conteúdo), remixá-
la, é criar conteúdo. A adesão (clickar no “Eu
curti” em uma rede social) é uma nova
mutação do conteúdo. A edição será
considerada uma forma de autoria.
24. Manifesto pós-jornalístico
• 3) O pós-jornalista confunde-se com o
curador. Selecionar o conteúdo relevante na
infosfera da superabundância será uma das
suas principais tarefas. Filtrar conteúdo será
uma das funções do pós-jornalista.
25. Manifesto pós-jornalístico
• 4) Temos que entender o pós-jornalismo como
uma estrutura de código aberto em constante
desenvolvimento. Ninguém é dono do
jornalismo. Qualquer um pode usá-lo.
Qualquer um pode melhorá-lo. Qualquer um
pode hackeá-lo.
26. Manifesto pós-jornalístico
• 5) A notícia - que não vai desaparecer- não é mais a
unidade básica do pós-jornalismo. O fluxo, um fluxo
constante de fatos, dados e declarações, torna-se a
espinha dorsal do pós-jornalista. A informação torna-se
um rio compartilhado que incorpora fragmentos
distribuídos produzidos por jornalistas e leitores. O rio
vai coexistir com uma estrutura de informação
descentralizada (arquivo em beta) inspirada na
Wikipedia.
27. Manifesto pós-jornalístico
• 6) A informação não é mais um produto: é
uma comunidade. Às vezes, as comunidades
vão viver ao redor do conteúdo gerado pelos
pós-jornalistas. Em outras ocasiões, elas
próprias desenvolverão seus próprios
conteúdos. A mídia, com conteúdo próprio ou
alheio, tem que tentar ser uma plataforma de
interações.
28. Manifesto pós-jornalístico
• 7) O imediato será considerado como um simples plug in
ou aplicativo de algo maior. Sem um sistema operacional,
sem um gestor de conteúdo, o plug in ou aplicativo de
software é inútil. O imediato, ainda que importante, já
não é o epicentro do pós-jornalismo. A inteligência
coletiva de uma população armada de telefones
inteligentes será o melhor amigo (não inimigo) do pós-
jornalismo para compreender e cubrir o imediato.
Grande parte das fontes clássicas serão devoradas por
essa inteligência coletiva em tempo real.
29. Manifesto pós-jornalístico
• 8) O pós-jornalismo dá sentido aos fatos já
conhecidos. O leitor vai encontrar menos
notícias nas marcas informativas. Vai entender
depois de consultar as marcas informativas os
fragmentos já conhecidos. Portanto, não basta
informar. Se comunicar com os leitores não é
suficiente. Explicar, analisar e contextualizar
são características que irão se diluindo em
todos os gêneros narrativos.
30. Manifesto pós-jornalístico
• 9) Sobre a definição de narração: as histórias
estarão construídas com peças de diferentes
tipos, com peças sobrepostas, com partes
modificáveis. As histórias vão adotar novos e
imprevisíveis formatos híbridos construídos
com peças aparentemente desconexas.
31. Manifesto pós-jornalístico
• 10) Sobre o eco da mensagem: agora
prevalece a importância da circulação e do
compartilhado. A mensagem será coral,
distribuída, enriquecida e retroalimentada
durante todo o ciclo da comunicação. O eco -
uma nova narração coletiva - se confunde com
a mensagem.
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