2. A Terceira Geração Romântica no Brasil é o período
que corresponde de 1870 a 1880. Conhecida como
"Geração Condoreira", uma vez que esteve marcada
pela liberdade e uma visão mais ampla, características
da ave que habita a Cordilheira dos Andes: Condor.
4. Condoreirismo ou condorismo é uma parte de uma
escola literária da poesia brasileira, a terceira fase
romântica, marcada pela temática social e a defesa de
ideias igualitárias.
As décadas de 1860 e 1870 representam para a poesia
brasileira um período de transição. Ao mesmo tempo
que muitos dos procedimentos da primeira e da
segunda geração são mantidos, novidades de forma e
de conteúdo dão origem à terceira geração da poesia
romântica, mais voltada para os problemas sociais e
com uma nova forma de tratar o tema amoroso.
5. Fugindo um pouco do egocentrismo dos
ultrarromânticos, os condoreiros desenvolveram uma
poesia social, comprometidos com a causa abolicionista
e republicana. Em geral são poemas de tom
grandiloquente, próximos da oratória, cuja finalidade é
convencer o leitor-ouvinte e conquistá-lo para a causa
defendida.
O nome da corrente, condoreirismo, associa-se ao
condor ou outras aves, como Baleia, águia, o falcão e o
albatroz, que foram tomadas como símbolo dessa
geração de poetas com preocupações sociais.
6. Identificando-se com o condor, ave de voo alto e
solitário, com capacidade de enxergar a grande
distância, os poetas condoreiros supunham ser eles
também dotados dessa capacidade e, por isso, tinham
o compromisso, como poetas-gênios iluminados por
Deus, de orientar os homens comuns para os
caminhos da justiça e da liberdade.
O poeta Tobias Barreto, patrono da cadeira 38 da
Academia Brasileira de Letras, é considerado o
fundador do condoreirismo brasileiro.
7. Nesse período, a literatura sofre forte influência do
escritor francês Victor-Marie Hugo (1802-1885)
recebendo o nome de "Geração Hugoniana".
Importante notar que nessa fase, a busca pela
identidade nacional ainda continua, não só focada nas
etnias europeia e indígena, mas também na
identidade negra do país. Por esse motivo, o tema do
abolicionismo foi bastante explorado pelos escritores,
com destaque para Castro Alves, que ficou conhecido
como o "poeta dos escravos".
8. No Brasil, a primeira fase do movimento romântico
tem como pano de fundo o processo de
Independência. Por isso, os escritores desse período
estão preocupados com a construção da identidade
nacional. Depois, na segunda fase, os escritores
deixam de lado o discurso nacionalista e se voltam
para as profundezas do indivíduo.
9. Mas, na terceira fase do movimento romântico, o Brasil
já se encontra em outro contexto social e histórico. É o
momento em que os republicanos querem acabar com
a monarquia e o movimento abolicionista ganha força
entre os intelectuais. Por isso, a terceira fase do
Romantismo também é conhecida como geração
condoreira, pois o condor é uma ave que, voando muito
alto, representa o desejo de renovação da sociedade
brasileira.
10. Na verdade, a terceira geração romântica questiona a
ideologia da primeira geração. É que os escritores da
primeira fase do nosso Romantismo, como José de
Alencar, representam o povo brasileiro como resultado
da união de duas etnias: o branco europeu e o índio –
mas deixa o negro de fora desse projeto nacionalista-
literário. Afinal, numa sociedade escravocrata,
transformar o negro em herói seria uma grande
contradição.
11. Logo, podemos pensar que a terceira geração, ao
recuperar o negro como personagem da nossa cultura,
possibilita uma resposta a essa lacuna.
12. O maior representante da terceira geração do
Romantismo no Brasil é o poeta baiano Castro Alves,
diretamente envolvido na campanha abolicionista, um
dos temas centrais de sua obra, o que lhe rendeu o
título de “Poeta dos Escravos”. Como o objetivo é
sensibilizar os outros sobre as questões sociais de seu
tempo, a poesia de Castro Alves foi feita para ser
recitada para grandes públicos, por isso adota um
estilo condoreiro, de vocabulário pomposo e tom
grandiloquente.
13. Já falta bem pouco. Sacode a cadeia
Que chamam riquezas...que nódoas te são!
Não manches a folha de tua epopéia
No sangue o escavo, no imundo balcão.
Castro Alves
14. Nesses versos, do poema América, perceba que o eu
lírico continua exaltando a pátria, como faziam os
escritores da primeira geração. Porém, o ele também
faz uma crítica à escravidão, entendida como uma
“mancha” na história do Brasil.
15. O seio virginal, que a mão recata,
Embalde o prende a mão...cresce, flutua...
Sonha a moça ao relento...Além na rua
Preludia um violão na serenata!....
...Furtivos passos morrem no lajedo...
Resvala a escada do balcão discreta...
Matam os lábios os beijos em segredo...
Castro Alves
16. De um modo geral, tanto na poesia como na prosa, o
amor e a mulher são idealizados pelo Romantismo.
Mas, nesses versos de Castro Alves, perceba que a
figura feminina já não é tão inacessível assim e o
sofrimento amoroso, em vez de levar o eu lírico a
desejar a morte, faz com que ele deseje
ardentemente viver esse amor. Logo, temos uma
poesia que fala do amor de maneira mais concreta e
sensual.
18. A Terceira Geração Romântica tem como principais
características:
Erotismo
Pecado
Liberdade
Abolicionismo
Realidade social
Negação do amor platônico
20. Antônio Frederico de Castro
Alves (1847-1871)
Escritor baiano de maior
destaque da terceira geração
romântica, Castro Alves,
chamado de "Poeta dos
Escravos” apresenta uma poesia
dividida em duas temáticas: a
poesia social e a poesia lírico-
amorosa. Dentre elas podemos
destacar: Vozes D'África: Navio
Negreiro (1869), Espumas
Flutuantes (1870), A Cachoeira
de Paulo Afonso (1876), Os
Escravos (1883).
21. Joaquim de Sousa Andrade
(1833-1902)
Mais conhecido por
Sousândrade, Joaquim de
Sousa Andrade foi um
escritor e poeta maranhense
muito influente da literatura
brasileira. Em 1857, publicou
seu primeiro livro de poesia
“Harpas Selvagens”(1857).
Sua obra mais destacada é o
poema narrativo: O Guesa
(1871) baseado na lenda
indígena Guesa Errante.
22. Tobias Barreto de
Meneses (1839-1889)
Tobias Barreto foi
poeta, filósofo e crítico
brasileiro, notável pelos
seus poemas
românticos com grande
influência do escritor
Victor-Marie Hugo
(1802-1885). Suas
obras: Glosa (1864),
Amar (1866), O Gênio
da Humanidade (1866),
A Escravidão (1868).
23. Joaquim Aurélio Barreto
Nabuco de Araújo (1849-
1910)
Um dos fundadores da
Academia Brasileira de
Letras, Joaquim Nabuco foi
um poeta, jornalista,
diplomata, orador, político
e historiador brasileiro. Os
principais temas de sua
obra: abolição da
escravatura e liberdade
religiosa. Suas obras:
Abolicionismo (1883),
Escravos (1886), Minha
formação (1900).
24. Sílvio Vasconcelos da Silveira
Ramos Romero (1851-1914)
Sílvio Romero, um dos
fundadores da Academia
Brasileira de Letras, foi um
crítico literário, poeta,
ensaísta, historiador, filósofo,
professor e político brasileiro.
Possui uma vasta obra nas
áreas da: filosofia, política,
sociologia, literatura, folclore,
etnologia, direito, poesia,
cultura popular e história.
Destacam-se: A poesia
contemporânea (1869),
Cantos do fim do século
(1878) e Últimos harpejos
(1883).