Cardiotocografia: exame de monitorização fetal durante o trabalho de parto
1. CARDIOTOCOGRAFIA
Dda. Flávia Barreto Garcez
Aracaju (SE)
Dezembro, 2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
INTERNATO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
MATERNIDADE NOSSA SENHORA DE LOURDES
2. DEFINIÇÃO E OBJETIVO
Exame utilizado na avaliação do bem estar fetal
Análise do comportamento da frequencia cardíaca
fetal (FCF)
Cardiotocógrafo: registro do traçado da FCF, das
contrações uterinas e dos movimentos fetais
Método de triagem (alta sensibilidade e alto VPN)
6. NO TRABALHO DE PARTO...
ATIVIDADE UTERINA NORMAL – PRESSÃO
INTRAMIOMETRIAL 80 A 120 mmHg
> PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA MATERNA
DIMINUIÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO
INSUFICIÊNCIA CIRCULATÓRIA
(uteroplacentária ou fetoplacentária)
MÁ PERFUSÃO FETAL = ASFIXIA = SOFRIMENTO
FETAL AGUDO
9. MODALIDADES DE CARDIOTOCOGRAFIA
Repouso ou Basal
Estimulada: Estímulo Mecânico ou
Vibroacústico
Com Sobrecarga:
– Teste do esforço (Stemberg)
– Teste do estímulo mamilar
– Teste da Ocitocina (Prova de Pose)
15. Aumento na
incidência de partos
operatórios
Sem redução de
morte neonatal
Baixa prevalência de
asfixia
99,8% dos traçados
não reativos sem
associação com PC
BAIXO RISCO ALTO RISCO
NÃO SE RECOMENDA A
MONITORIZAÇÃO
ELETRÔNICA DE
ROTINA!!!
Prevalência de
asfixia em torno
de 10%
Não há consenso
na literatura
quanto a
recomendação
QUAL PACIENTE A CTG BENEFICIA?
16. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Monitoramento:
Palpação
Transdutor externo
Monitor de pressão intrauterino
Padrão e intensidade
Adequada
Hipersistolia (>7 em 15min)
17. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
FCF média num intervalo de 10 minutos
(excluindo-se as variações periódicas)
Valor normal: 110-160 bpm
Alterações da linha de base: ocorrem nos
intervalos das contrações uterinas - AI
21. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Tipos
o Longa duração (macroscilação) - SNPS
o Curta duração (microscilação)
Diferença entre o maior e o menor valor da
FCF no período de 1 minuto
Normal = 10-15 bpm de amplitude
Reflete função normal do SNC
Melhor preditor de bem-estar fetal
22. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
• Causas de variabilidade reduzida:
– Hipóxia / Acidose
– Sono fetal
– Prematuridade
– Malformações fetais (SNC)
– Drogas: Depressoras do SNC
Anticolinérgicos / Parassimpaticolíticos
Corticoides
23. PROGRESSÃO DO SOFRIMENTO FETAL
AGUDO
HIPÓXIA
PERDA DO ESTÍMULO EFERENTE SIMPÁTICO
PERDA DAS ACELERAÇÕES
PERDA DA VARIABILIDADE
BRADICARDIA E DESACELERAÇÕES TARDIAS
C
O
M
P
E
N
S
A
Ç
Ã
O
25. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
TIPO DE OSCILAÇÃO AMPLITUDE SIGNIFICADO CLÍNICO
Silenciosa (tipo 0) < 5 bpm Hipóxia acentuada. Padrão terminal.
Excluir depressores do SNC.
Comprimida (tipo 1)
5 – 10 bpm Hipoxemia inicial. Excluir fármacos
depressores do SNC ou períodos de
sono* (uso de CTG estimulada).
Ondulatória ou
oscilatória (tipo 2)
10 – 25 bpm Normal
Saltatória (tipo 3)
> 25 bpm 3 a 6 episódios por minuto. Etiologia
incerta. Episódios de hipóxia
moderada compensada e aumento da
atividade alfa-adrenérgica.
28. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Definição:
− Aumento de ≥ 15 bpm
− Duração de ≥ 15 minutos*
*antes de 32 semanas : 10 bpm / 10 min
Presença = bem estar fetal (reservas metabólicas)
– atividade uterina e MVF
Ausência:
− Alto índice de falso positivo em gestações de baixo
risco
− Requer avaliação mais apurada (PBF, Teste de
estresse)
29. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
FETO REATIVO
Pelo menos 2 picos em período de
20 minutos
FETO NÃO
REATIVO
Ausência de acelerações em 40
minutos
30. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Definição:
− Quedas transitórias na frequência cadíaca fetal
Periódicas: I (Precoce) / II (Tardia) / III (Variável)
Não periódicas: Espicas ou 0 / Prolongada
Recorrentes: > 50% das contrações
Leves (<15 bpm)
Moderadas (15-45 bpm)
Graves (>45 bpm)
31. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Queda uniforme, gradual
Coincide com as contrações uterinas
Nadir do DIP não se afasta do ápice da
contração mais do que 18 – 21 segundos
Compressão cefálica
32. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Contração uterina
↓
Compressão do pólo cefálico
↓
Hipertensão intracraniana
↓
Redução do fluxo sanguíneo cerebral
↓
Hipóxia local (estímulo centro vagal)
↓
Resposta vagal
↓
Desaceleração
33.
34. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Início após a contração
Nadir ocorre após o pico da contração
(decalagem – 20s)
Retorno à linha de base
Estase de sangue interviloso
35. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Contração uterina / HAS materna
↓
Diminuição do fluxo no espaço interviloso
↓
Troca gasosa prejudicada
↓
Redução da pO2
↓
Estímulo dos quimiorreceptores
↓
Resposta vagal
↓
Desaceleração tardia
36.
37. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Queda abrupta* e retorno à LB da FCF
*Início - Nadir < 30 s
Amplitude de Queda >15 BPM
Duração >15 s -< 2 min
Decalagem Variável
38. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Variável na duração, forma e profundidade
Não se relaciona à contração uterina
ACELERAÇÃO INICIAL E SECUNDÁRIA
RECUPERAÇÃO LENTA
PERDA DA OSCILAÇÃO
DESACELERAÇÃO DUPLA (BIFÁSICA)
39. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Compressão cordão umbilical
↓
Diminuição da perfusão fetoplacentária
↓
Hipertensão fetal
↓
Estímulo de barorreceptores (reflexo rápido)
↓
Queda súbita da linha de base
↓
Desaceleração variável
40.
41.
42.
43. AVALIAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA
Avaliação do estado fetal
− Tranquilizador (Categoria I)
− Intranquilizador (Categoria III)
Estabelecer um plano de conduta baseado no
padrão encontrado
44. CATEGORIA I (PADRÃO TRANQUILIZADOR)
1. Linha de base entre 110-160 bpm
2. Variabilidade moderada (6 a 25 bpm)
3. Ausência de desacelerações tardias ou variáveis
4. Acelerações / Desacelerações precoces
(presentes ou não)
Cd: Monitorização de acordo com a rotina
45. CATEGORIA III (INTRANQUILIZADOR)
1. Ausência de variabilidade
2. Qualquer uma das alterações:
Desacelerações tardias recorrentes
Desacelerações variáveis recorrentes
Bradicardia
Padrão sinusoidal
46. CATEGORIA III (INTRANQUILIZADOR)
Conduta:
1) Avaliação imediata: sinais vitais maternos e
exame vaginal (prolapso, sangramento vaginal,
rápida descida da apresentação)
2) Ressuscitação intrauterina: oxigenação,
mudança do decúbito materno, interromper
ocitocina, corrigir hipotensão, tratar a
taquissistolia
3) Planejar o parto IMEDIATO
47. CATEGORIA II (INTERMEDIÁRIO)
Qualquer outra alteração que não preencha os
critérios para as categorias anteriores
Conduta:
Avaliação e vigilância
Testes auxiliares para assegurar a vitalidade
fetal
- Normalmente a diminuição do fluxo dura poucas segundos e não causa prejuizo ao feto, mas na presença de algum tipo de insuficiência circulatória...
Uteroplacentária: hiperatividade uterina (hipersistolia, taquissistolia, hipertonia) / hipotensão / hipovolemia
Fetoplacentária: alteração posicional ou compressiva do cordão (favorecida pela oligodramnia)
Insuficiência placentária crônica – Gestações de alto risco: menor capacidade de adaptaçao fetal no trabalho de parto
Feto tolera FC até de 80 bpm, se a variabilidade estiver mantida
Semelhante a onda de sino, variabilidade regular, periodicidade 2 a 5 ciclos, ritmo fixo e regular, amplitude 15bpm e duração 15-30s. Resposta a hipoxemia moderada (geralmente secundária a anemia fetal) >> intervenção urgente
MVF: vasodilatação muscular >> diminuição do DC >> aumento compensatório da FCF
Ativ. Uterina: compressão cordão umbilical >> diminui retorno venoso para AD >> aceleração da FC
Na hipóxia – reserva de glicogênio – aceleração não acontece porque é “gasto de energia”
DIP 0: sem significado clinico / quedas rápidas sem amplitude
Prolongada: hipotensão arterial / hipertonia uterina
DECALAGEM: do pico da contração ao nadir
Compressão funicular: circulares de cordao; rotura de membranas; oligodramnia; prolapso do cordão; inserção velamentosa do cordão; parto pélvico