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HEMATOLOGIA
AULA 4
ANEMIAS HEMOLÍTICAS
Dr Francismar Prestes Leal (CRM/PR 18829)
Médico Hematologista (UFSM/UNIFESP)
Professor Uningá/Maringá/PR
Setembro/2013
© L. A. Burden 2005
ANEMIAS HEMOLÍTICAS
• Hemólise: destruição prematura de eritrócitos
• Anemia hemolítica: MO não consegue compensar
• Gravidade da anemia: intensidade/velocidade da
hemólise e da resposta medular (MO)
• Assintomática ou rapidamente fatal (IAM, ICC)
ANEMIAS HEMOLÍTICAS
• Apresentação clínica depende da causa (p.ex.,
crises álgicas na doença falciforme)
• Existem muitas causas (testes específicos) de
hemólise (exames gerais)
• Abordagem diagnóstica/terapêutica da hemólise
depende da causa subjacente da mesma
HEMÓLISE
• Hemólise Intravascular
– Destruição das hemácias dentro do espaço vascular
– Hb é liberada na circulação (hemoglobinemia) e
eventualmente perdida na urina (hemoglobinúria)
– Hb reage com haptoglobina (complexo catabolizado
pelo fígado), o que reduz a haptoglobina sérica
– Excedida a saturação da haptoglobina, Hb livre é
filtrada/eliminada pelos rins (hemoglobinúria)
HEMÓLISE
• Hemólise Intravascular
– A Hb reabsorvida é armazenada nas células
epiteliais tubulares renais como hemossiderina
– Quando a hemólise é crônica, células epiteliais
cheias de hemossiderina podem ser encontradas na
urina (hemossiderinúria; reação azul da Prússia)
HEMÓLISE
• Hemólise Extravascular
– A destruição das hemácias senescentes ou
anormais ocorre no interior dos macrófagos,
mormente no baço, no fígado e na MO
– A anatomia do baço o torna mais sensível para
detectar alterações mínimas nos eritrócitos e
removê-los (diferentemente dos demais locais)
HEMÓLISE
• Consequências:
– Redução da sobrevida de hemácias
– Rápido catabolismo do heme (macrófagos), com
produção de pigmentos biliares e CO
– O ferro é reaproveitado
– Protoporfirina é convertida em biliverdina e esta é
reduzida a bilirrubina , que circula ligada à albumina
HEMÓLISE
• Consequências:
– No fígado, a bilirrubina é conjugada com ácido
glicurônico (glicuroniltransferase), formando a
“bilirrubina conjugada” (bilirrubina-diglicuronato),
excretada nas fezes (bile)/urina (reabsorção)
– Bilirrubina (ou pigmentos biliares) na urina é sinal
de excreção de bilirrubina conjugada (ou direta)
– Bilirrubina não-conjugada (indireta) não é
excretada na urina!
HEMÓLISE
• Consequências:
– No intestino, a bilirrubina é reduzida a uma série de
compostos incolores (urobilinogênios)
– Os urobilinogênios podem gerar compostos
coloridos (urobilinas) ou fazer a recirculação enterohepática
– A grande quantidade de urobilinogênio excretado
leva a formação de cálculos biliares, inclusive com
icterícia obstrutiva (aumento da BD e colúria)
HEMÓLISE
• Consequências:
– A elevação de bilirrubina indireta no plasma se
manifesta como icterícia acolúrica (já que a BI não
é excretada na urina)
– A hiperatividade fagocitária pode gerar
esplenomegalia e hepatomegalia
– A medula óssea também estará hiperplásica, com
aumento da eritropoese (até 6-7 vezes o normal)
HEMÓLISE
• Consequências:
– Quando a sobrevida eritrocitária é menor que 20
dias, a MO não consegue mais compensar as
perdas, e surge a anemia
– Refletindo a hiperatividade da MO, há aumento de
reticulócitos no sangue (reticulocitose)
– Nas anemias hemolíticas crônicas e graves, podem
ocorrer alterações ósseas importantes
HEMÓLISE
• Em geral, os mecanismos que causam hemólise
podem ser divididos em quatro grupos:
– Anormalidades da membrana das hemácias
– Anormalidades da hemoglobina
– Anormalidades das enzimas eritrocitárias
– Fatores externos às hemácias
HEMÓLISE
• Anormalidades da membrana das hemácias
– Afetam forma e/ou deformabilidade das hemácias
– Exemplos: esferocitose, estomatocitose,
eliptocitose (hereditárias); HPN (complemento)
– Hemólise extravascular (macrófagos do baço)
devido a pouca deformabilidade
– Diagnóstico: Hmg/SP; fragilidade osmótica; estudo
de proteínas de membrana (eletroforese); outros
HEMÓLISE
• Anormalidades da hemoglobina
– Podem ser estruturais ou de síntese (ritmo)
– Também alteram viscosidade/deformabilidade
– A Hb anormal mais conhecida é a HbS
– Anormalidades no ritmo da síntese: talassemias
– Diagnóstico: clínica; Hmg/SP; solubilidade Hb;
eletroforese Hb; pesquisa de Hb instáveis, HbH,
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HEMÓLISE
• Anormalidades das enzimas eritrocitárias
– Apenas algumas tem maior importância prática:
• Defeito na via das pentoses: G6PD
• Defeito na via de Embden-Meyerhof:
Piruvatocinase
– Diagnóstico: clínica; Hmg; G6PD (Brewer;
quantificação; estudos moleculares); na ausência de
alterações de G6PD, estudar demais enzimas
HEMÓLISE
• Fatores externos (extrínsecos) às hemácias
– Fixação de anticorpos à membrana
• IgM (aglutininas)
• IgG (incompletos; causam esferocitose imune)
• Ativação do complemento (hemólise intravascular)
– Diagnóstico: clínica; Hmg/SP; TAD (Coombs
Direto); TAI (Coombs indireto); pesquisa de
aglutininas e outros Ac/complemento
HEMÓLISE
• Fatores externos (extrínsecos) às hemácias
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• Deposição de fibrina na (micro)circulação:
hemólise microangiopática (CID, PTT, SHU)
• Valvopatia cardíaca (prótese)
• Marcha prolongada
– Infecções
• Malária, viroses (imune) etc.
Testes para Diagnosticar
Hemólise
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.

Hemograma Seriado
Contagem de Reticulócitos
Bilirrubinas Séricas
DHL Sérica
Haptoglobina Sérica
Hemosiderinúria
Hemoglobinúria
Anemia Hemolítica
Anemia por aumento da destruição eritrocitária
• Meia-vida menor das hemácias
• Normocítica/Normocrômica
• Reticulocitose e hiperbilirrubinemia (BI)
• Geralmente assintomática até que a meia-vida
eritrocitária seja menor que 20 dias
• MO compensa até 6-7 vezes
Anemia
Hemolítica
Reticulócitos e IPR

Aumentados

Bilirrubina Total e Indireta

Aumentadas

DHL

Aumentada

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Hemoglobinúria

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Hemosiderinúria

Presente

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Diminuída
Anemia Hemolítica
Microangiopática
Esquizocitose (Fragmentos)
Microangiopatia
Valvopatia
Cardíaca
Uremia
Hipertermia
Maligna
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Drepanócitos (SS)
Anemia Falciforme

www.drsarma.in
Target Cells (Células Alvo)
Talassemias
Hepatopatias
Asplenia
Esplenectomia
Esferocitose
Esferocitose Hereditária
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3.
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RPI/Reticulócitos
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  • 1. HEMATOLOGIA AULA 4 ANEMIAS HEMOLÍTICAS Dr Francismar Prestes Leal (CRM/PR 18829) Médico Hematologista (UFSM/UNIFESP) Professor Uningá/Maringá/PR Setembro/2013 © L. A. Burden 2005
  • 2. ANEMIAS HEMOLÍTICAS • Hemólise: destruição prematura de eritrócitos • Anemia hemolítica: MO não consegue compensar • Gravidade da anemia: intensidade/velocidade da hemólise e da resposta medular (MO) • Assintomática ou rapidamente fatal (IAM, ICC)
  • 3. ANEMIAS HEMOLÍTICAS • Apresentação clínica depende da causa (p.ex., crises álgicas na doença falciforme) • Existem muitas causas (testes específicos) de hemólise (exames gerais) • Abordagem diagnóstica/terapêutica da hemólise depende da causa subjacente da mesma
  • 4. HEMÓLISE • Hemólise Intravascular – Destruição das hemácias dentro do espaço vascular – Hb é liberada na circulação (hemoglobinemia) e eventualmente perdida na urina (hemoglobinúria) – Hb reage com haptoglobina (complexo catabolizado pelo fígado), o que reduz a haptoglobina sérica – Excedida a saturação da haptoglobina, Hb livre é filtrada/eliminada pelos rins (hemoglobinúria)
  • 5. HEMÓLISE • Hemólise Intravascular – A Hb reabsorvida é armazenada nas células epiteliais tubulares renais como hemossiderina – Quando a hemólise é crônica, células epiteliais cheias de hemossiderina podem ser encontradas na urina (hemossiderinúria; reação azul da Prússia)
  • 6. HEMÓLISE • Hemólise Extravascular – A destruição das hemácias senescentes ou anormais ocorre no interior dos macrófagos, mormente no baço, no fígado e na MO – A anatomia do baço o torna mais sensível para detectar alterações mínimas nos eritrócitos e removê-los (diferentemente dos demais locais)
  • 7. HEMÓLISE • Consequências: – Redução da sobrevida de hemácias – Rápido catabolismo do heme (macrófagos), com produção de pigmentos biliares e CO – O ferro é reaproveitado – Protoporfirina é convertida em biliverdina e esta é reduzida a bilirrubina , que circula ligada à albumina
  • 8. HEMÓLISE • Consequências: – No fígado, a bilirrubina é conjugada com ácido glicurônico (glicuroniltransferase), formando a “bilirrubina conjugada” (bilirrubina-diglicuronato), excretada nas fezes (bile)/urina (reabsorção) – Bilirrubina (ou pigmentos biliares) na urina é sinal de excreção de bilirrubina conjugada (ou direta) – Bilirrubina não-conjugada (indireta) não é excretada na urina!
  • 9. HEMÓLISE • Consequências: – No intestino, a bilirrubina é reduzida a uma série de compostos incolores (urobilinogênios) – Os urobilinogênios podem gerar compostos coloridos (urobilinas) ou fazer a recirculação enterohepática – A grande quantidade de urobilinogênio excretado leva a formação de cálculos biliares, inclusive com icterícia obstrutiva (aumento da BD e colúria)
  • 10. HEMÓLISE • Consequências: – A elevação de bilirrubina indireta no plasma se manifesta como icterícia acolúrica (já que a BI não é excretada na urina) – A hiperatividade fagocitária pode gerar esplenomegalia e hepatomegalia – A medula óssea também estará hiperplásica, com aumento da eritropoese (até 6-7 vezes o normal)
  • 11. HEMÓLISE • Consequências: – Quando a sobrevida eritrocitária é menor que 20 dias, a MO não consegue mais compensar as perdas, e surge a anemia – Refletindo a hiperatividade da MO, há aumento de reticulócitos no sangue (reticulocitose) – Nas anemias hemolíticas crônicas e graves, podem ocorrer alterações ósseas importantes
  • 12. HEMÓLISE • Em geral, os mecanismos que causam hemólise podem ser divididos em quatro grupos: – Anormalidades da membrana das hemácias – Anormalidades da hemoglobina – Anormalidades das enzimas eritrocitárias – Fatores externos às hemácias
  • 13. HEMÓLISE • Anormalidades da membrana das hemácias – Afetam forma e/ou deformabilidade das hemácias – Exemplos: esferocitose, estomatocitose, eliptocitose (hereditárias); HPN (complemento) – Hemólise extravascular (macrófagos do baço) devido a pouca deformabilidade – Diagnóstico: Hmg/SP; fragilidade osmótica; estudo de proteínas de membrana (eletroforese); outros
  • 14. HEMÓLISE • Anormalidades da hemoglobina – Podem ser estruturais ou de síntese (ritmo) – Também alteram viscosidade/deformabilidade – A Hb anormal mais conhecida é a HbS – Anormalidades no ritmo da síntese: talassemias – Diagnóstico: clínica; Hmg/SP; solubilidade Hb; eletroforese Hb; pesquisa de Hb instáveis, HbH, Bart’s, corpos de Heinz; estudos genéticos
  • 15. HEMÓLISE • Anormalidades das enzimas eritrocitárias – Apenas algumas tem maior importância prática: • Defeito na via das pentoses: G6PD • Defeito na via de Embden-Meyerhof: Piruvatocinase – Diagnóstico: clínica; Hmg; G6PD (Brewer; quantificação; estudos moleculares); na ausência de alterações de G6PD, estudar demais enzimas
  • 16. HEMÓLISE • Fatores externos (extrínsecos) às hemácias – Fixação de anticorpos à membrana • IgM (aglutininas) • IgG (incompletos; causam esferocitose imune) • Ativação do complemento (hemólise intravascular) – Diagnóstico: clínica; Hmg/SP; TAD (Coombs Direto); TAI (Coombs indireto); pesquisa de aglutininas e outros Ac/complemento
  • 17. HEMÓLISE • Fatores externos (extrínsecos) às hemácias – Lesão mecânica • Deposição de fibrina na (micro)circulação: hemólise microangiopática (CID, PTT, SHU) • Valvopatia cardíaca (prótese) • Marcha prolongada – Infecções • Malária, viroses (imune) etc.
  • 18. Testes para Diagnosticar Hemólise 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Hemograma Seriado Contagem de Reticulócitos Bilirrubinas Séricas DHL Sérica Haptoglobina Sérica Hemosiderinúria Hemoglobinúria
  • 19. Anemia Hemolítica Anemia por aumento da destruição eritrocitária • Meia-vida menor das hemácias • Normocítica/Normocrômica • Reticulocitose e hiperbilirrubinemia (BI) • Geralmente assintomática até que a meia-vida eritrocitária seja menor que 20 dias • MO compensa até 6-7 vezes
  • 20. Anemia Hemolítica Reticulócitos e IPR Aumentados Bilirrubina Total e Indireta Aumentadas DHL Aumentada Haptoglobina Diminuída Hemoglobinúria Presente Hemosiderinúria Presente Urobilinogênio na Urina Aumentado Meia-vida Hemácias Cr 51 Diminuída
  • 24. Target Cells (Células Alvo) Talassemias Hepatopatias Asplenia Esplenectomia
  • 28. Testes para Definir a Causa da Hemólise 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Eletroforese de Hemoglobina Autoimune: TAD e TAI (CD e CI) Fragilidade Osmótica (Esferocitose) Crioaglutininas (AHC) Teste HAM/Imunofenotipagem (HPN) Enzimopatia (G6PD, PK etc.) Coagulograma (CID, PTT, SHU)
  • 29. Algoritmo para Diagnóstico Anemia? História e EF Hb, Ht Diminuídos Identifique a Causa RPI/Reticulócitos <2 RPI/Reticulócitos >2 VCM, HCM, CHCM, SP Sgto ou Hemólise Microcítica/Hipocrômica Anemia Ferropênica Macrocítica Megaloblástica Coombs D e I Normoblástica Eletroforese Hb Ferritina, IST, Fe MO Folatos Fígado, Álcool Fragil. Osmótica Talassemia, Hbpatia B12; Perniciosa Tireoidopatia Teste de HAM Anemia Sideroblástica Drogas Crioaglutininas Doença Crônica, Pb Medulopatia CID, PTT, SHU