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Universidade Federal de Santa Catarina 
Gabriel de Mello Vianna Siqueira 
gabrielsica@gmail.com 
Tensão entre as racionalidades 
substantiva e instrumental na 
gestão de ecovilas
Problema de pesquisa 
“Quais os efeitos da tensão entre a racionalidade 
substantiva e a racionalidade instrumental na prática da 
gestão de uma ecovila?”
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 Cálculo utilitário de consequências 
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 Capacidade ética e crítica de natureza pessoal 
 Auto realização e satisfação social mediadas pelo julgamento 
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Tabela 1: Quadro de Análise (SERVA, 1996) 
Tipo de Racionalidade 
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Substantiva 
Racionalidade 
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Autonomia 
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Desempenho 
Dimensão simbólica 
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Desempenho
Campo de estudos da racionalidade na adm 
Quadro de análise da racionalidade nas organizações 
(Serva 1996) 
Primeira geração de estudos teórico-empíricos 
 +30 Dissertações, teses e artigos 
Segunda geração de estudos teórico-empíricos 
 Miriam Silva (2009) – UFRN 
 Déris Caitano (2011) – UFSC / ORD 
 Laís Santos (2012) – UFSC / ORD 
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Debate sobre desenvolvimento e meio ambiente 
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quando pessoas escolhem viver juntas ou próximas o suficiente 
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 Assentamento funcionalmente completo; 
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 Etnografia 
 Observação participante 
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 Posição privilegiada X Subjetividade do pesquisador
Categoria: 
processos 
organizacionais 
Fonte: : o autor, com base em Voegelin 
(1974), Guerreiro Ramos (1981, 1983), 
Serva (1996), Caitano (2010), Andrade 
(2010), Christian (2003, 2007) Gilman 
(1991), Educação Gaia (2005), Dawson 
(2010), Kasper (2008) e Mulder, 
Costanza e Erickson (2006).
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Fonte: o autor.
Ecovila Itapeba 
30 famílias residentes, 80 moradores e mais de 20 nacionalidades 
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 Centro de Desenvolvimento Humano 
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empresa CUDS 
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 Rejeição ao novo 
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Tensão entre racionalidades 
 Falta de clareza e distinção entre objetivos econômicos da 
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 Ausência de espaços decisórios onde as pessoas podem se 
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 Opressão sobre uma minoria excluída do processo decisório; 
 Multiplicidade de espaços informais de comunicação; 
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Significado da Tensão
Conclusões: ecovilas e tensão 
 Coexistência: trabalho e ocupação; 
 Estilo de vida que integra relações ambientais sustentáveis e 
ação social transformadora; 
 Reflexão sobre a organização é parte integrante de todas as 
etapas da gestão de ecovilas; 
 Pautadas por valores substantivos mas imbricadas no 
mercado; 
 Permeadas de relações interpessoais próximas e íntimas 
entre seus membros, o que atenua a tensão entre 
racionalidades; 
 Relações ambientais e ação social amenizam os efeitos da 
tensão.
São as nossas utopias que tornam nosso mundo tolerável. Utopia é a vida real, 
aqui ou em qualquer lugar, levada até o limite das suas possibilidades ideais. 
(...) 
Não procuraremos a utopia num horizonte histórico de um futuro longínquo, e 
muito menos na Lua ou num planeta remoto. Encontrá-la-emos nas nossas 
próprias almas e na terra debaixo dos nossos pés, ainda disponível para 
alimentar as forças da vida e do amor, e para restaurar no próprio homem o 
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Tensão entre as racionalidades substantiva e instrumental na gestão de ecovilas

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Tensão entre as racionalidades substantiva e instrumental na gestão de ecovilas

  • 1. Universidade Federal de Santa Catarina Gabriel de Mello Vianna Siqueira gabrielsica@gmail.com Tensão entre as racionalidades substantiva e instrumental na gestão de ecovilas
  • 2. Problema de pesquisa “Quais os efeitos da tensão entre a racionalidade substantiva e a racionalidade instrumental na prática da gestão de uma ecovila?”
  • 3. Abordagem substantiva das organizações (Guerreiro Ramos 1981) Racionalidade instrumental  Cálculo utilitário de consequências Racionalidade Substantiva  Critério para a ordenação da vida humana associada;  Capacidade ética e crítica de natureza pessoal  Auto realização e satisfação social mediadas pelo julgamento ético
  • 4. Tabela 1: Quadro de Análise (SERVA, 1996) Tipo de Racionalidade X Processos Organizacionais Racionalidade Substantiva Racionalidade Instrumental Hierarquia e normas Entendimento Julgamento ético Fins Desempenho Estratégia interpessoal Valores e objetivos Auto-realização Valores emancipatórios Julgamento ético Utilidade Fins Rentabilidade Tomada de decisão Entendimento Julgamento ético Cálculo Utilidade Maximização recursos Controle Entendimento Maximização recursos Desempenho Estratégia interpessoal Divisão do trabalho Auto-realização Entendimento Autonomia Maximização recursos Desempenho Cálculo Comunicação e Relações interpessoais Autenticidade Valores emancipatórios Autonomia Desempenho Êxito/Resultados Estratégia interpessoal Ação social e Relações ambientais Valores emancipatórios Fins Êxito/Resultados Reflexão sobre a organização Julgamento ético Valores emancipatórios Desempenho Fins Rentabilidade Conflitos Julgamento ético Autenticidade Autonomia Cálculo Fins Estratégia interpessoal Satisfação individual Auto-realização Autonomia Fins Êxito Desempenho Dimensão simbólica Auto-realização Valores emancipatórios Utilidade Êxito/Resultados Desempenho
  • 5. Campo de estudos da racionalidade na adm Quadro de análise da racionalidade nas organizações (Serva 1996) Primeira geração de estudos teórico-empíricos  +30 Dissertações, teses e artigos Segunda geração de estudos teórico-empíricos  Miriam Silva (2009) – UFRN  Déris Caitano (2011) – UFSC / ORD  Laís Santos (2012) – UFSC / ORD  Gabriel Siqueira (2012) – UFSC / ORD
  • 6. Ecovilas: contexto Debate sobre desenvolvimento e meio ambiente  Conferências internacionais da ONU;  Debate acadêmico; e  Institucionalização do movimento ambientalista.  Conceito de desenvolvimento sustentável “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades” (Relatório Bruntland, 1987).
  • 7. Ecovilas: antecedentes  Pós Maio de 1968, Movimento Nova Era: Comunidades Alternativas  Final da década de 1970: Comunidades intencionais são formadas quando pessoas escolhem viver juntas ou próximas o suficiente para conseguirem levar um estilo de vida compartilhado, com uma cultura compartilhada e um propósito comum.  Kibutz em Israel: 250 comunidades com 150 mil membros, sociedades alternativas, meios de produção coletivamente geridos;  Década de 1980: emergência da Permacultura: imitar padrões da natureza para produzir um sistema de apoio à vida para a cidade ou a zona rural, utilizando a menor área disponível.
  • 8. Ecovilas “A human-scale, full-featured settlement, in which human activities are harmlessly integrated into the natural world in a way that is supportive of healthy human development and can be successfully continued into the indefinite future” (GILMAN; GILMAN, 1991, p.10).  Assentamento funcionalmente completo;  Proporções humanas;  Integração inofensiva das atividades humanas no mundo natural;  Apoiar o desenvolvimento humano saudável;  Continuidade bem sucedida no futuro indefinido.
  • 9. Método  Etnografia  Observação participante  Limitações do estudo  Curto período de tempo do mestrado  Posição privilegiada X Subjetividade do pesquisador
  • 10. Categoria: processos organizacionais Fonte: : o autor, com base em Voegelin (1974), Guerreiro Ramos (1981, 1983), Serva (1996), Caitano (2010), Andrade (2010), Christian (2003, 2007) Gilman (1991), Educação Gaia (2005), Dawson (2010), Kasper (2008) e Mulder, Costanza e Erickson (2006).
  • 11. Quadro de análise Fonte: o autor.
  • 12. Ecovila Itapeba 30 famílias residentes, 80 moradores e mais de 20 nacionalidades Organizações formais  Centro de Desenvolvimento Humano  Itapeba Ecovillage Organizações não formalizadas legalmente  Escola Livre  Casa de Nascimento Entidades simbólicas  Ecovila Itapeba  Comunidade Ankara
  • 13.
  • 14. Análise preliminar da gestão  Falta de clareza e separação entre objetivos da ecovila e da empresa CUDS  Jornadas de trabalho superiores a 40h semanais  Conflito internos entre os sócios da empresa CUDS  Antagonismo Ecovila X Comunidade Ankara  Rejeição ao novo  Exclusão social (categoria “funcionários”)  Dependência econômica  Voluntários em uma empresa econômica  Queixas de estresse e sobrecarga de trabalho
  • 15. Tensão entre racionalidades  Falta de clareza e distinção entre objetivos econômicos da empresa, objetivos sociais da comunidade e objetivos de autorrealização das pessoas ;  Ausência de espaços decisórios onde as pessoas podem se engajar em relações verdadeiramente autogratificantes;  Influência econômica e social exercida pelo casal de líderes;  Opressão sobre uma minoria excluída do processo decisório;  Multiplicidade de espaços informais de comunicação;  Interação simbólica intensa;  Abertura para o exterior.
  • 17. Conclusões: ecovilas e tensão  Coexistência: trabalho e ocupação;  Estilo de vida que integra relações ambientais sustentáveis e ação social transformadora;  Reflexão sobre a organização é parte integrante de todas as etapas da gestão de ecovilas;  Pautadas por valores substantivos mas imbricadas no mercado;  Permeadas de relações interpessoais próximas e íntimas entre seus membros, o que atenua a tensão entre racionalidades;  Relações ambientais e ação social amenizam os efeitos da tensão.
  • 18. São as nossas utopias que tornam nosso mundo tolerável. Utopia é a vida real, aqui ou em qualquer lugar, levada até o limite das suas possibilidades ideais. (...) Não procuraremos a utopia num horizonte histórico de um futuro longínquo, e muito menos na Lua ou num planeta remoto. Encontrá-la-emos nas nossas próprias almas e na terra debaixo dos nossos pés, ainda disponível para alimentar as forças da vida e do amor, e para restaurar no próprio homem o sentido de suas potencialidades mais que humanas (MUMFORD, 1922, p.7).