O documento discute os conceitos de Joseph Campbell sobre a jornada do herói mitológico, incluindo as etapas da partida, iniciação e retorno. A iniciação envolve enfrentar desafios e provas, recebendo ajuda de auxiliares, até alcançar uma recompensa como a união com uma deusa. Os mitos refletem temas universais sobre crescimento espiritual, bem e mal, vida e morte.
1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
Relações Públicas, Propaganda e Turismo
Pós-Graduação em Ciências da Comunicação
· Cyro Couto
· Daniela Ferreira de Oliveira
· Emiliana Pomarico Ribeiro
· João de Deus Dias Neto
· Katia Valente
· Lebna
. Margarete de Moraes
11/06/2012
SEMINÁRIO – JOSEPH CAMPBELL
- O Herói de Mil Faces -
Orientação:
prof. Dr. Paulo Nassar
2. CAPÍTULO II – A Iniciação –
1. O Caminho de Provas / O Herói e suas Proezas:
Física: ato de coragem, durante uma batalha ou salva uma vida.
Espiritual: aprende a lidar com o nível superior da via espiritual humana
e retorna com uma mensagem.
Início: algum tipo de usurpação ou a falta de algo entre as
experiências normais franqueadas ou permitidas aos membros
da sociedade.
Círculo: Partida e Retorno.
Passagem do primeiro limiar:
Enfrenta seu destino (multipersonificado) que o ajudam e guiam;
Enfrenta o guardião do limiar (porta que o leva à área da força ampliada);
Defensores do limiar guardam o mundo nas quatro direções,
- bem como, em cima e embaixo -, marcando os limites
do horizonte de vida;
Além deste limites: trevas, desconhecido e o perigo.
"Os mitos são sonhos públicos; os
sonhos são mitos privados.“
Campbell
3. AUXÍLIO AO HERÓI ( de forma encoberta):
Conselho, amuletos e agentes secretos do auxiliar sobrenatural
(já encontrado antes de penetrar na região desconhecida)
DESCOBERTA: existência de um poder benigno em toda parte, que o
sustenta em sua passagem humana.
Motivos para Tarefas Difíceis:
- Busca do amor perdido (Psique e Cupido)
- Salvar uma tribo;
- Trazer algo “novo” para a comunidade;
- Buscar mantimento/água para a comunidade;
- etc
4. Desafios de Psique:
• Separar grãos diversos – ajuda de formigas
• Colher o Velocino de Ouro – ajuda de um junco
• Cântaro de água da montanha c/ dragões – ajuda de uma águia
• Buscar no Abismo do Mundo Inferior, uma
caixa cheia de beleza sobrenatural – ajuda da torre.
6. Dr. Géza Róheim (primeiro antropólogo psicalanista)
“Toda tribo primitiva em o curandeiro no centro da sociedade.
Ele gerlamente é “neurótico ou psicótico” .
Sua “arte” fundamenta-se na neurose ou na psicose: transe.
... a situação infantil é modificada ou invertida pelo processo de
amadurecimento, novamente modificada pelo necessário ajustamento à
realidade.
Vínculos libidinais invisíveis sem eles nenhum grupo humano pode existir.
Curandeiros: combatem demônios e lutam contra a realidade.
“Quem desce aos tortuosos caminhos de seu labirinto espiritual, encontra
figuras simbólicas que podem devorá-lo. É a purificação do Eu. Sentidos
purificados e tornados humildes, pela:
- dissolução, transcendência ou transmutação
das imagem infantis de nosso passado pessoal”. -
7. Dr. Géza Róheim: Estudos sobre Sonhos
Sonhos: perigos, gárgulas, provações, auxiliares secretos e guias;
Indicam situação presente e caminhos a seguir, para sermos salvos.
As dificuldades psicológicas revelados pelos sonhos:
falta de fôlego - gago
viga no caminho - homossexualidade
pára-brisa quebrado - perda da virgindade
Para Róheim:
Ainda podemos ver na multiplicidade de mitos e lendas...
o esboço de alguns elementos do nosso destino ainda humano.
8. Relato da Passagem pelos Portões da Metamorfose
Mito sumeriano da descida da deusa Inana ao mundo inferior.
Provações:
Entrar na terra sem retorno, mundo inferior da morte e das trevas.
Sete perdas de vestes e adornos:
Nua à frente de sua irmã Ereshkigal,
tornou-se cadáver pelas palavras dos sete juízes
do mundo inferior.
9. CAPÍTULO II – A Iniciação -
2. O Encontro com a Deusa
Aventura última: Casamento do herói com a Rainha-Deusa do Mundo.
Hierógamos – é a cópula (às vezes casamento), de um divindade e um
homem ou uma mulher ...
Mito irlandês do Príncipe da Ilha Solitária
e da Senhora do Tubber Tintye.
10. A imagem recordada de Deus-Mãe, nem sempre é benigna:
Mãe ausente e inalcançável;
Mãe repressoara, ameaçadora e punitiva;
Mãe “dominadora” que mantém o filho junto a si;
Mãe desejada, mas proibida (Édito/Jocasta);
- todas ocultas no território das lembranças infantis do adulto -
Ex.: Diana, deusa da Lua e da caça,
casta e inalcançável.
11. Jornada de Actéon:
Explorava florestas vizinhas, descobriu um vale espesso.
Sua curiosidade o levou até Diana e ninfas, todas banhando-se nuas.
Recanto de Diana: Actéon avistou-a e continuou olhando...
Transformou-se, pela ordem de Diana em um animal de chifres, atacado
pelos próprios cães de caça e amigos de jornadas.
12. Mãe Universal:
Abrange o abrangente
Nutre o nutriente
É a vida de tudo o que vive...
Útero e Túmulo
Fogo da vida
Sempre mãe e sempre virgem.
13. 3. O resgate com auxílio externo:
Retorno: volta de um mundo não humano, do além, das trevas. Lugar
onde o herói se perde ou enfrenta perigos.
A sociedade, que tem ciúme daqueles que dela se afastam, virá bater à
sua porta.
“Ele tem de enfrentar a sociedade com seu elixir, que ameaça o ego e
redime a vida, e receber o choque do retorno, que vai de queixas
razoáveis e duros ressentimentos à atitude de pessoas boas que
dificilmente o compreendem.” (p. 123)
Ele retorna carinhosamente conduzido pelas divindades orientadoras ou
orientado por forças internas.
Tendo sua consciência sucumbido, o inconsciente, não obstante, produz
seus próprios equilíbrios, e eis que o herói renasce para o mundo de
onde veio.
14. 4. A passagem pelo limiar do retorno:
Grande chave da compreensão do mito e do símbolo —, os dois reinos
são, na realidade, um só e único reino. O reino dos deuses é uma
dimensão esquecida do mundo que conhecemos.
Como sonhar. Vamos a um outro mundo, que está em nós, mas se este
sonho for bom, pensamos: por que voltar ao mundo?
Ele precisa ser capaz de manter a autoconfiança diante de todas as
desilusões do mundo ao qual retorna, precisa entender os seus diversos
valores e compreender a alteridade.
Necessidade do herói de reunir seus dois mundos. Em dar sentido as
pessoas que vivem em mundo sem aqueles sentidos. Agonia e desafio.
Reflexão:
Como comunicar, a pessoas que insistem na evidência exclusiva dos
próprios sentidos,a mensagem do vazio gerador de todas as coisas?
15. 5. Senhor dos dois mundos:
Transmitir mensagens para as pessoas (iniciadas) do mundo ao qual
retorna sobre o mundo não-humano.
Exemplo de Jesus. Os discípulos são os iniciados, ainda não dominam
o mistério, mas são introduzidos na experiência total do paradoxo dos
dois mundos em um.
Os símbolos são meros veículos de comunicação; não devem ser
confundidos com o termo final, o ponto essencial a que se referem.
Pouco importa o poder de atração que trazem consigo ou a impressão
que podem causar; os símbolos permanecem como meros meios
convenientes, adaptados às necessidades de compreensão.
Os símbolos podem gerar várias interpretações.
16. 6. Liberdade para viver:
É preciso também ser liberto da cobiça, do egoísmo, das coisas ruins do
indivíduo, reconciliando a consciência individual e a vontade universal.
E essa reconciliação é realizada através da percepção da verdadeira
relação existente entre os passageiros fenômenos do tempo e a vida
imperecível que vive e morre em todas as coisas.
Já que nada é eterno, por que se prender a algo?
CAPÍTULO II – A Iniciação
17. O herói mitológico, saindo de sua cabana ou castelo cotidianos, é atraído, levado
ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura. Ali, encontra uma
presença sombria que guarda a passagem. O herói pode derrotar essa força,
assim como pode fazer um acordo com ela, e penetrar com vida no reino das
trevas (batalha com o irmão, batalha com o dragão; oferenda, encantamento);
pode, da mesma maneira, ser morto pelo oponente e descer morto
(desmembramento, crucifixão). Além do limiar, então, o herói inicia uma jornada
por um mundo de forças desconhecidas e, não obstante, estranhamente
íntimas, algumas das quais o ameaçam fortemente (provas), ao passo que outras
lhe oferecem uma ajuda mágica (auxiliares). Quando chega ao nadir da jornada
mitológica, o herói passa pela suprema provação e obtém sua recompensa. Seu
triunfo pode ser representado pela união sexual com a deusa-mãe (casamento
sagrado), pelo reconhecimento por parte do pai-criador (sintonia com o pai), pela
sua própria divinizaçao (apoteose) ou, mais uma vez — se as forças se tiverem
mantido hostis a ele -—, pelo roubo, por parte do herói, da bênção que ele foi
buscar (rapto da noiva, roubo do fogo); intrinsecamente, trata-se de uma
expansão da consciência e, por conseguinte, do ser (iluminação, transfiguração,
libertação). O trabalho final é o do retorno. Se as forças abençoaram o herói, ele
agora retorna sob sua proteção (emissário); se não for esse o caso, ele
empreende uma fuga e é perseguido (fuga de transformação, fuga de obstáculos).
No limiar de retorno, as forças transcendentais devem ficar para trás; o herói
reemerge do reino do terror (retorno, ressurreição). A bênção que ele traz
consigo restaura o mundo (elixir).
Resumo
18. CAMPBELL, Joseph , O herói de
mil faces. São Paulo.
Cultrix/Pensamento, 1948
Mitos,
Deuses
Tempo
Sentimentos
Visões e crenças de vários
Deuses
19. Viracocha Deus Inca
Deus cristão
Ganesha Deus
Hindu
São heróis que penetram em
nosso mundo e lidam com:
Bem e o mal;
Doença e saúde
Viver e morrer
Alegria e tristeza
Morte e a vida eterna
Os mitos e os heróis
transcendem a vida
Buda
Deus
do
Japão
Referência de paz
20. Pois a essência do tempo é o fluxo;
A essência da vida é o tempo;
Tempo visto como eterno.
Pessoas morrem na terra e vão para uma vida infinita,
ressuscitam e voltam de outras formas.
Tempo = fruto da mente racional
Deuses que representam a energia do sol, o amor,
a morte, a tristeza e alegria , de acordo com as
interpretações de cada povo eram bissexuais,
portanto, homem e mulher (ele e ela são um só)
Homem
• Criador e protetor da casa
• Fora – sobrevivência –
medo, guerra e inimigo
(mau para fora)
Tudo que é morto torna-se
pai = tempo = luz
Mulher
Vista como a
geradora (filhos
apartados do pais
na geração)
Mãe escuridão
21. Sto. Agostinho em busca da verdade:
“Ao longo dos séculos , o pensador
moderno desejoso de saber o
significado de uma religião mundial
(isto é, de uma doutrina do amor
universal) deve voltar-se a outra
grande (e muito mais antiga) a
comunhão do Buda, na qual a principal
palavra é a paz – paz para todos os
seres”
Santo Agostinho = amor
Buda = paz
22. Explicações para combater
o Bem e o Mal:
• O estudo da psicanálise para combater
pessoas que sofrem de “desejos” e
“hostilidade”
• Libertação do mal para participar
• Meditação das salas de chá no Japão
Suportes de meditação dos Tibetanos:
A forma feminina (Yum) = tempo
Masculina (Yab) = eternidade
União dos dois = Deuses
Masculino e femininos encarados
ora como “tempo” e ora como
“eternidade”
25. • O herói como um ser superior, um
rei nato.
• Contos de fadas e deuses
encarnados.
• Para o herói comum, um teste,
uma prova.
• Mas para o eleito, nenhum
empecilho.
• Ele é indestrutível.
26. Desenvolvimento infantil – “mitologia” em formação.
• Reação às fantasias destruidoras do corpo – quando a criança é afastada
do seio da mãe.
• Ansiedade em relação à integridade do próprio corpo.
• Exigência profunda de indestrutibilidade.
• Proteção contra forças “maléficas”.
No adulto:
Da Psique em formação às
atividades da vida, esforços
espirituais, crenças religiosas e
práticas rituais.
27. • Curandeiro como mecanismo de
defesa contra a destruição.
• Outra imagem de
indestrutibilidade é a ideia do
“duplo espiritual” – uma alma
externa não afligida pelas dores,
que existe, em segurança, em
algum lugar remoto
29. Fantasias infantis que todos carregamos no
inconsciente – ser indestrutível.
Presente nos mitos, contos de fada e
ensinamentos da Igreja.
30. Mito hindu
• A batalha primordial entre titãs e deuses pelo
elixir da imortalidade.
• Oceano Lácteo da vida imortal.
• Titãs e deuses batem o leite juntos.
• Do Leite, nascem novos deuses, inclusive
Dhanvantari, o médico dos deuses, trazendo
uma xícara com o néctar da vida.
• Começa uma batalha pela posse da
beberagem.
• Vishnu quer acabar com a briga. Transforma-se
numa dançarina para encantar os Titãs, que
eram dados à luxúria, e ajudou os deuses a
vencerem.
31. Deuses como guardiões do que é Imperecível
De um elixir da juventude, o qual é procurado pelo herói. E
que ele consegue, somente se for digno.
32. O Mito de Gilgamesh
• Mesopotâmia
• Vai em busca de uma planta da
imortalidade, a “Nunca Envelhecer”.
• Passa são e salvo por leões e homens-
escorpião.
• Atravessa vários obstáculos.
• Descobre a planta no fundo de um mar
cósmico.
• Mas ele dorme e, atraída pelo perfume da
planta, uma serpente a come.
• Gilgamesh acorda e chora.
33. “Quando os homens oram aos deuses pedindo riqueza, eles apenas
riem” – provérbio japonês.
A benção concedida ao fiel é do tamanho dele, não mais.
Rei Midas
Ganhou de Baco a sorte de poder ter o que quisesse,
então, pediu que tudo o que ele tocasse fosse
transformado em ouro.
Acaba transformando a filha, que ele amava sobre todas
as coisas, em uma estátua de ouro.
34. • A agonia da ultrapassagem das limitações pessoais é a
agonia do crescimento espiritual.
• A arte, a literatura, o mito, o culto, a filosofia e as
disciplinas ascéticas são instrumentos para auxiliar o
indivíduo a ultrapassar seus limites e crescer.
Buda sob a árvore Bo
• Buda vence a batalha contra a árvore
Bo tendo uma espada em mente.
• Ele rompe a bolha do universo e este
se transforma em nada.
• Mas o que acontece é que tudo se
renovou.
35. “Existe um certo tipo de mito que pode ser chamado de
busca visionária, partir em busca de algo relevante, uma
visão, que tem a mesma forma em todas as mitologias.
Você deixa o mundo em que está e se encaminha na
direção de algo mais profundo, mais distante ou mais
alto.”
Joseph Campbell – O Poder do Mito
“O mito conta uma história sagrada, quer dizer, um
acontecimento primordial que teve lugar no começo do
Tempo. Mas contar uma história sagrada equivale a
revelar um mistério, pois os personagens do mito não são
seres humanos: são deuses ou Heróis civilizadores”.
Mircea Eliade – O Sagrado e o Profano
36. “As poderosas forças do inconsciente manifestam-se não
apenas no material clínico, mas também no mitológico, no
religioso, no artístico e em todas as outras atividades culturais
por meio das quais o homem se expressa”
Marie-Louise Von Franz – O homem e seus símbolos
37. A recusa do retorno
• Terminada a busca do herói, ele deve
retornar com seu troféu transmutador de
vida.
• Isso requer que o herói inicie o trabalho de
trazer os símbolos da sabedoria, o
Velocino de Ouro ou a princesa
adormecida, de volta ao reino humano,
onde a benção alcançada pode servir à
renovação da comunidade, da nação, do
39. A recusa do retorno
• Os deuses estavam perdendo lutas para os demônios e
pediram ajuda a Muchukunda que os atendeu.
• Ao término da batalha vencida, os deuses o presentearam
com seu desejo: um sono profundo. E a pessoa que viesse a
acordá-lo seria fulminada por seu olhar.
• Muitos anos se passaram até que foi acordado pelo jovem rei
Krishna, que havia encarnado o senhor do mundo.
• Muchukunda pediu desculpas a Deus e disse que se refugiaria
na sua presença. Ao sair da caverna, ao invés de retornar ao
mundo, decidiu viver em retiro ainda mais longe do mundo.
40. A fuga mágica
• Se o herói conseguir em seu triunfo a
benção dos deuses e for encarregado de
retornar ao mundo com algum elixir
restaurador, o estágio final de sua
aventura será apoiado pelos poderes do
seu patrono sobrenatural.
• Por outro lado, se o troféu foi conquistado
sem a benção do seu guardião, o último
estágio do ciclo mitológico será a
41. A fuga mágica
• Uma das fugas com mais
obstáculos é a do herói grego
Jasão.
• Ele tomou a si tarefa de obter o
Velocino de Ouro. A bordo de
Argos, chegou ao palácio do rei
Eetes.
• A filha do rei, Medéia, apaixona-
se por Jasão. Ela e suas feitiçarias
o ajudam.
42. A fuga mágica
• Apaixonada, Média conduziu o jovem Jasão ao
carvalho de onde pendia o Velocino de Ouro.
• Ela criou vários encantos que permitiram que
tivesse sucesso.
• Ao perceber o roubo, o rei começa sua
perseguição. Mas Medéia persuade Jasão a matar
seu irmão e a atirar os pedaços do seu corpo
desmembrado ao mar. Isso força o rei a parar a
perseguição para dar um enterro a seu filho.
43. O resgate com auxílio externo
• O herói pode ser resgatado de
sua aventura sobrenatural por
meio de assistência externa.
• Isto é, o mundo tem que ir ao
seu encontro e recuperá-lo.
• Três exemplos ilustram o
auxílio externo. Um deles é o
conto do Corvo dos Esquimós
que penetrou com sua tochas
no ventre da baleia.
44. O resgate com auxílio externo
• Viu-se uma bela sala em que estava sentada uma jovem (inua: a
alma da baleia). De um tubo que se estendia ao longo da espinha
dorsal pingava um óleo que alimentava a lamparina. O Corvo
permaneceu por 4 dias no ventre da baleia.
• Quando a jovem saiu da sala, o Corvo foi até a lamparina e
experimentou o óleo. Muito doce, ele experimentou mais. De
repente, uma grande golfada de óleo desceu pela sala. A
movimentação dentro da baleia foi intensa por 4 dias. Até que a
baleia morreu.
• O Corvo estava preso, mas logo ouviu vozes de pescadores que
abriram um buraco para pegar a carne da baleia. O Corvo saiu,
mas percebeu que havia esquecido seu gravetos. Disse a todos
que corriam risco de vida e todos foram embora. Ele pode, então,
voltar com tranquilidade para dentro da baleia.
45. O resgate com auxílio externo
• Nos estágios finais da aventura, a continuidade da operação
da força sobrenatural auxilia que tem acompanhado o eleito
em todo o curso de suas provas.
• Em lugar de salvar seu ego, tal como ocorre no padrão da fuga
mágica, ele o perde e, no entanto, por meio da graça, recebe-
o de volta.
• Isso nos leva à crise final do percurso.
• Trata-se da paradoxal passagem do herói para o limiar do
retorno, que o leva do reino místico à terra cotidiana. Ao ser
resgatado com ajuda externa, o herói tem de penetrar outra
vez “no ventre da baleia”, por exemplo, trazendo a benção
obtida. Ele tem que enfrentar a sociedade com seu elixir, que
ameaça o ego e redime a vida.
46. 4. A passagem pelo limiar do retorno
Divino e humano só podem ser descritos como distintos entre si, contudo, os
dois mundos são, na realidade um único reino (o reino divino é uma
dimensão esquecida do mundo humano).
O sentido da façanha do herói é a exploração da dimensão divina.
Então desaparecem os valores e distinções que antes, na vida normal,
pareciam importantes.
O temor da perda da individuação, característica da exploração da dimensão
divina, pode significar para “almas não qualificadas” como o preço a ser
pago por tal experiência transcendental. Contudo, para o herói, não há
pausa, há avanço e ousadia e então descobre “bruxas convertidas em
deusas e dragões em guardiões dos deuses”.
47. Última e difícil tarefa do herói: conseguir retraduzir, na linguagem do mundo,
as revelações das trevas, que desafiam a fala. Como representar no
mundo tridimensional um sentido multidimensional?
Primeiro problema do herói que retorna: aceitar como real (depois de uma
experiência da visão de completeza, que traz satisfação à alma) as
alegrias e tristezas passageiras, as banalidades e ruidosas obscenidades
da vida? Por que tornar plausível para homens e mulheres consumidos
pela vida mundana, a experiência da bem-aventurança transcendental?
Não pareceria ele um idiota diante de da incredulidade? Mais fácil seria
abandonar os homens e voltar ao reino dos deuses. Se isto não for
possível, o herói terá então que representar a eternidade no plano
temporal.
Há sempre uma perda para o herói que retorna. O equilíbrio da perfeição é
perdido, o espírito fraqueja e o herói cai. A santidade ou virtude mágica
contida no homem pode ser descarregada no contato com a terra
(condutor do fluido mágico).
Ovídio (Metamorfoses) - chocantes transformações ocorrem quando o
isolamento entre um centro de força altamente concentrada e o campo de
força inferior do mundo é subitamente retirado, sem as devidas
precauções.
O herói que retorna para completar a sua aventura, deve sobreviver ao
impacto da chegada ao mundo dos homens. A realidade do profundo não
48. Resumo da aventura do Herói
Herói
deixand
o o
cotidian
o
Guard
iao
Reino das trevas, ou divino. Jornada,
provas, ameaças e auxiliares.
Nadir - suprema
provação e recompensa
Triunfo - Expansão da Consciência
União Sexual com a Deusa-
Mãe(Casamento Sagrado)
Reconhecimento do Pai-
Criador (Sintonia com o Pai)
Própria Divinização
(Apoteose)
Roubo da bênção (Roubo da
noiva ou do fogo)
Retorno
Emissário (sob proteção
das bênçãos)
Fuga de transformação
ou obstáculos (sem as
bençãos)
No limiar do retorno, as forças transcendentais devem ficar para trás. O herói reemerge do reino do
terror. As bençãos que traz restaura o mundo (elixir)