O documento discute a teoria sociocultural da comunicação de George Herbert Mead. Mead argumenta que a mente, o self e a sociedade se desenvolvem conjuntamente através da interação simbólica. Ele vê a comunicação como fundamental para a formação da identidade individual e da ordem social.
2. Apresentação
A tradição sociocultural, surgida no século
XIX, representa o momento em que a
sociologia e a antropologia passaram a se
preocupar com os problemas concernentes à
comunicação, teorizada como um “processo
simbólico que produz e reproduz padrões
socioculturais compartilhados” (Craig 1999:
144).
3. Apresentação
Nessa tradição, a comunicação procura
explicar como a ordem social (um
macroprocesso) é criada, produzida,
sustentada e transformada por meio de
microprocessos de interação. Um dos
grandes problemas dessa tradição é
encontrar o equilíbrio entre produção e
reprodução, níveis micro e macrossociais,
interação e estrutura, cultura particular e lei
universal.
4. Apresentação
Vistos com base nessa tradição, os
problemas da comunicação preocupam-se
em discutir as questões relativas ao espaço e
ao tempo, aos conflitos e às tensões sociais,
às mudanças tecnológicas, à cultura urbana
e, mais recentemente, à cultura pós-
moderna e à globalização.
5. Apresentação
As palavras “sociedade”, “estrutura”,
“prática”, “ritual”, “regra”, “socialização”,
“cultura”, “identidade”, “construção” são
recorrentes em seu jargão. A tradição
sociocultural da comunicação adquire
relevância ao reforçar as noções de que os
indivíduos são produtos de seu meio social;
de que cada sociedade possui sua própria
cultura; de que as ações sociais podem ter
efeitos inesperados, transformando a ordem
das coisas.
6. Apresentação
Por outro lado, torna-se desafiadora ao
colocar ênfase na ação e na
responsabilidade individuais,
questionando a crença na identidade do
“eu” e na existência de uma ordem natural
e imutável da sociedade, além de apontar
para as diferenças radicais que constituem
os indivíduos.
7. CRAIG;MULLER
Como a função da comunicação faz para
produzir, manter, e mudar formações sociais
variando a partir de pequenos grupos para o
sistema global?
Como que variações na cultura e na
sociedade afetam a comunicação?
Como são conduzidas as interações entre
membros individuais da sociedade?
Como os indivíduos se relacionam para
coletividade de larga-escala e processos
sociais?
8. CRAIG;MULLER
A sociedade seria impossível sem
comunicação.
Da mesma forma, a comunicação seria
impossível ou severamente limitada na
ausência de padrões comuns de ação e
significado que permitem compreensão
mútua, isto é, na ausência da sociedade e de
uma cultura comum.
9. CRAIG;MULLER
Ao contrário das teorias sociopsicológicas da
comunicação, que são numerosas mas
bastante uniformes em suas suposições
metateóricas...
a abordagem sociocultural varia
transversalmente com diferentes estilos
teóricos.
Uma distinção chave que ajuda a explicar a
diversidade nesta tradição é a distinção
entre abordagens macro e microssociais.
10. MACRO
Teorias macrossociais, tais como o
funcionalismo (Merton, 1957) e o
estruturalismo (Lévi-Strauss, 1963) vendo a
comunicação de um grande ponto de vista
da sociedade como um todo.
Sistema de funcionamento coletivamente
produzido, propriedades emergentes como a
cultura e a estrutura de classe social que não
podem ser totalmente explicadas em termos
de indivíduo ou comportamento de
pequenos grupos.
Grande escala, tais como forças sociais como
a urbanização, a concorrência da economia,
a disseminação de novas tecnologias que
determinam o comportamento agregado de
indivíduos e grupos.
(Poster; Cameron)
11. MICRO
Teorias microssociais como o interacionismo
simbólico (Blumer,1968) e a
etnometodologia (Garfinkel, 1967/1987)
para examinar os detalhes do indivíduo e da
participação em grupo na vida Social.
Teorias microssociais cresceram a partir da
sociologia e da psicologia social.
A ação individual e criatividade tornam-se
mais aparente.
Indivíduos fazem escolhas estratégicas em
resposta a circunstâncias sociais particulares.
(Mead; Taylor, Groleau, Heaton, & Van Every)
12. Alguns teorias são exclusivamente macro ou
micro enquanto alguns, como por exemplo a
teoria da estruturação (Giddens, 1984),
tentam combinar ambas abordagens.
14. George Herbert Mead
“Mind, Self, and Society” (1934)
Processo em que Mente, Self e Sociedade
desenvolvem-se em conjunto através da
interação simbólica.
Como a comunicação forma a identidade
individual, tornando tanto a individualidade
e a comunidade social possíveis, esta é a
pergunta no coração desta investigação.
A teoria semiótica foi uma influência
importante em Mead.
15. George Herbert Mead
“Mind, Self, and Society” (1934)
Engajar-se em comunidade não é algo que
leva a perder a individualidade. Só se pode
se tornar um indivíduo (no sentido de ter
um auto-conceito único) como membro de
uma comunidade, engajando-se com os
outros em atividade cooperativa.
A teoria de Mead move-se de uma visão
micro em direção a uma visão macro de
sociedade, mostrando como a interação
simbólica entre os indivíduos produz ordem
social.
16. George Herbert Mead
“Mind, Self, and Society” (1934)
Um ideal, uma verdadeira sociedade
democrática para Mead seria aquela em que
cada membro desenvolveu a sua própria
individualidade ao máximo, realizando-se em
suas funções sociais particulares, tendo
simultaneamente as atitudes de todos os
outros em sociedade que pode ser afetada.
Uma sociedade perfeita seria caracterizada
por uma comunicação perfeita.
17. “Mind, Self, and Society”
MENTE
A mente pode ser definida como o processo de
interacção da pessoa com o seu próprio eu.
A capacidade de usar símbolos significativos para
respondermos a nós mesmos leva à possibilidade
de experiências interiores que podem ou não ser
consumados na conduta manifesta.
Refletir envolve hesitação (protelar a ação aberta)
enquanto a pessoa interpreta conscientemente,
atribui significado aos estímulos e examina
possíveis ações alternativas.
Para Mead a reflexão mental é que fornece o
fundamento lógico para ver a pessoa como um
ator e não como um reator passivo. Os seres
humanos constróem literalmente o acto antes de
o consumarem.
(SOUSA, 2015)
18. “
Mind, Self, and Society”
SELF
Afirmar que uma pessoa tem um eu sugere que o
indivíduo pode actuar em relação a si mesmo, tal como
pode atuar em relação aos outros.
Uma das principais contribuições de Mead é, portanto, o
conceito do outro generalizado. É através desta
consciência dos papéis, sentimentos e valores dos outros
que toma forma nas nossas mentes o outro generalizado.
Este é aproximadamente equacionado com os padrões ou
valores da comunidade.
O outro generalizado é o papel unificado em decorrência
do qual o indivíduo passa a ver-se a si mesmo. É a
percepção do indivíduo do modo global como os outros o
vêem. O conceito de eu será finalmente organizado e
unificado através da internalização desse outro
generalizado.
Tomando repetidamente o papel de outro generalizado,
uma pessoa desenvolve o conceito do eu — da espécie de
pessoa que é —, ao mesmo tempo que aplica
repetidamente os julgamentos deste outro generalizado
às suas próprias ações. A falha em desenvolver esta
capacidade para adotar o ponto de vista de outrem — ou
assumir o papel de outrem — parece fazer claudicar o
desenvolvimento da personalidade.
(SOUSA, 2015)
19. “Mind, Self, and Society”
SOCIEDADE
Basicamente, a sociedade ou vida em grupo é um
aglomerado de comportamentos cooperativos exibidos
por parte dos seus membros.
Existem duas importantes funções na cooperação
humana.
Em primeiro lugar, uma pessoa deve chegar a entender as
intenções do outro comunicador.
Assim, a cooperação consiste em «ler» as ações e
intenções da outra pessoa e em responder de um modo
apropriado. Isso é a essência da comunicação
interpessoal, e essa noção de resposta mútua com o uso
da linguagem faz do interacionismo simbólico uma teoria
vital da comunicação.
Por outro lado, os seres humanos fazem uso de símbolos
na sua comunicação. As pessoas levam a efeito
conscientemente um processo de manipulação mental,
demorando a resposta e atribuindo significado aos gestos
de outras. O símbolo é interpretado pelo receptor.
(SOUSA, 2015)
21. George Herbert Mead
OS FUNDAMENTOS E FUNÇÕES DO
PENSAMENTO SOCIAL E COMUNICAÇÃO
Da mesma forma sócio-fisiológica que o
indivíduo humano se torna consciente dele
mesmo, também se torna consciente de
outro indivíduo.
Sua consciência tanto de si mesmo e de
outros indivíduos é igualmente importante
para seu próprio auto-desenvolvimento e
para o desenvolvimento da sociedade
organizada ou grupo social a que pertence.
22. George Herbert Mead
OS FUNDAMENTOS E FUNÇÕES DO
PENSAMENTO SOCIAL E COMUNICAÇÃO
O princípio é tão básico - a organização social
humana é a da comunicação envolvendo a
participação do outro.
Este requer a aparência do outro no eu
(SELF), a identificação do outro com o eu, o
alcance da autoconsciência através do outro.
23. George Herbert Mead
OS FUNDAMENTOS E FUNÇÕES DO
PENSAMENTO SOCIAL E COMUNICAÇÃO
No grupo humano, a pessoa que usa um
gesto e assim o comunica assume a atitude
de outro indivíduo, chamando-o no outro.
Ele próprio está no papel do outro e
assumindo este papel, é capaz de voltar
sobre si mesmo e assim dirigir o seu próprio
processo de comunicação.
É este controle da resposta que exerce sobre
si mesmo e tendo o papel do outro que leva
ao valor deste tipo de comunicação a parti
do ponto de vista da organização da conduta
do grupo.
Processo de cooperação.
24. George Herbert Mead
OS FUNDAMENTOS E FUNÇÕES DO
PENSAMENTO SOCIAL E COMUNICAÇÃO
E assim é que o controle social, como
operacional em termos de auto-crítica,
exerce-se tão intimamente e extensivamente
sobre o comportamento individual ou
conduta, que serve para integrar o indivíduo
e suas ações para o processo social em que
ele é implicado.
Auto-crítica é essencialmente crítica social, e
comportamento controlado por auto-crítica
é essencialmente o comportamento
controlado socialmente.
25. George Herbert Mead
OS FUNDAMENTOS E FUNÇÕES DO
PENSAMENTO SOCIAL E COMUNICAÇÃO
O grau em que a vida de toda comunidade
pode entrar na vida auto-consciente dos
indivíduos varia enormemente.
Tal consideração explica a importância
da história.
Uma comunidade que não tenha
nenhum interesse comum, nenhuma
atividade cooperativa, é aquela com o qual
você não conseguirá se comunicar.
(Religião, Guerra, Interesses econômicos -
atitude de cooperação)
26. George Herbert Mead
OS FUNDAMENTOS E FUNÇÕES DO
PENSAMENTO SOCIAL E COMUNICAÇÃO
O processo de comunicação é, então, em um
sentido mais universal do que estes
diferentes processos cooperativos. É o meio
através do qual estas atividades cooperativas
podem ser exercidas na sociedade auto-
consciente.
O processo de comunicação não pode ser
configurado como algo que existe por si só,
ou como pressuposto do processo social.Pelo
contrário, o processo social é pressuposto , a
fim de tornar o pensamento e a
comunicação possíveis.
27. George Herbert Mead
OS FUNDAMENTOS E FUNÇÕES DO
PENSAMENTO SOCIAL E COMUNICAÇÃO
O desenvolvimento da comunicação não é
simplesmente uma questão de idéias
abstratas, mas é um processo de colocar um
indivíduo no lugar da atitude do outro,
comunicando-se através de símbolos
significativos.
Este símbolo que o gesto que afeta os
outros, deve afetar o próprio indivíduo no
mesmo caminho.
Esse sistema de comunicação pode ser
teoricamente perfeito - o indivíduo afeta a si
mesmo como ele afeta os outros em todos
os sentidos.
Isso seria o ideal de comunicação, um
ideal alcançado em discurso lógico onde
quer que seja entendido.
28. George Herbert Mead
OS FUNDAMENTOS E FUNÇÕES DO
PENSAMENTO SOCIAL E COMUNICAÇÃO
É possível para o indivíduo desenvolver suas
próprias peculiaridades, aquilo que o
individualiza, e ainda ser um membro de
uma comunidade, desde que ele seja capaz
de levar uma atitude daqueles a quem ele
afeta.
29. CONTRIBUIÇÕES
Os três conceitos cardeais na teoria de Mead
- sociedade, eu e mente – não são distintos -
são ênfases diferentes sobre o mesmo
processo geral: o ato social.
O homem é um ator e não um reator.
O ato social é um conceito abrangente.
.
Os atos começam com um impulso;
envolvem percepção e, atribuição de
significado, repetição mental e ponderação
de alternativas na cabeça da pessoa, e
consumação final.
(SOUSA, 2015)
30. CONTRIBUIÇÕES
Tal matriz de pensamento traz, em seu bojo, uma
lógica dialética para suas reflexões sobre a relação
do homem com a sociedade, contrapondo-se à
visão essencialista de um sujeito que cria mundos
e que age autonomamente por meio de uma
consciência que precede a experiência,
enclausurada numa razão solitária muito presente
na filosofia moderna.
Os autores rompem com essa concepção de razão
ao introduzirem o agir como mecanismo integrado
ao pensamento e à consciência. Desse modo,
puderam avançar na superação da filosofia do
objeto (da consciência) se aproximando de uma
filosofia da linguagem, ao enfatizarem que a
formação do sujeito se assenta na
intersubjetividade, porque o processo de
individuação, do qual ele emerge, percorre uma
rede de interações sociais mediadas pela
linguagem.
(Sant’Ana, 2015)
31. CONTRIBUIÇÕES
Referências ou pertenças do sujeito a
determinados universos socioculturais
orientam as suas ações no mundo,
conformando padrões de interação
intersubjetiva mediados por elementos da
totalidade social.
Essa é uma linha comum a essas
perspectivas teóricas, que geraram um
remanejamento de questões significativas
relativas à subjetividade, promovendo o
rompimento com o dualismo cartesiano ao
radicar a razão em situações concretas.
(Sant’Ana, 2015)
32. CONTRIBUIÇÕES
Mead (1967) também parte de pressupostos semelhantes
no desenvolvimento de sua análise do ato social. O autor
compreende ato social como a atividade coordenada de
um grupo de organismos para atingir um mesmo fim,
estendendo-o para a experiência humana.
O que diferencia sua abordagem das clássicas análises do
comportamento, de base positivista, é sua recusa de que
a compreensão do ato social pode ser feita a partir da
soma dos atos isolados que o compõe.
Segundo a perspectiva téorico-metodológica meadiana,
devemos buscar o sentido do ato social, o conjunto de
atos que compõe uma totalidade portadora de
significações, e não do ato isolado em si.
Na mesma lógica de raciocínio de Vigotski, entende Mead
que a unidade do ato social deve ser buscada em um
conjunto de significações sociais que mediam as ações
dos indivíduos na interação face a face.
(Sant’Ana, 2015)
33. CONTRIBUIÇÕES
Nesta perspectiva, Mead (1967) concebe que a
mais completa significação do ato social envolve
compreendê-lo enquanto relação social que
condensa elementos de uma totalidade social.
A compreensão dos sinais, gestos e falas dos
sujeitos participantes no ato social não decorre da
simples observação das ações dos indivíduos
interatuantes, em díades ou grupo, mas de seu
embricamento com um mundo mais amplo de
relações sociais, a lhes oferecer significação para a
realidade experienciada .
Cada ato envolve muito mais do que está incluído
na expressão verbal e gestual de quem o
emite.Para o autor, o ato isolado não tem sentido
para a análise, pois todo ato implica aqueles que o
antecedem e todos os que o sucedem (Sant’Ana,
2002, 2004b).
(Sant’Ana, 2015)
34. Referências
Sant’Ana, Ruth Bernardes de (2007).A dimensão social na formação do sujeito
na psicologia. Memorandum, 12, 125-142. Retirado em / / , da World Wide
Web http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a12/santana01.htm. Disponível
em: http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a12/santana01.htm
SOARES, Rosana de Lima.Margens das mídias: comunicação, linguagem e
discurso. In: Revista Comunicação, Mídia e Consumo. São Paulo: Escola Superior
de Propaganda e Marketing, vol 3, n.7, p.131-146, julho 2006. Disponível em:
http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/comunicacaomidiaeconsumo/
article/viewFile/5201/4829. Acesso em 31/05/2015.
Sousa, J. Francisco Saraiva de. Interaccionismo Simbólico e Comunicação
LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E INTERACÇÃO SIMBÓLICA. Disponível em:
http://cyberdemocracia.blogspot.com.br/2007/07/interaccionismo-simblico-e-
comunicao.html
OUTROS
http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/645/521
http://xanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/539-0.pdf