3. Introdução à Radiologia
Em 1895, o físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen
publicou estudos observando a emissão de “luz” em
ampolas a vácuo;
Descreveu que tais raios, denominados “raios X”
atravessavam corpos como vidro e madeira, mas eram
bloqueados por metais como o chumbo;
A prova de sua experiência foi uma radiografia das mãos
dele e da esposa. (Prêmio Nobel de Física de 1896)
4. Wilhelm
Radiografia da mão da esposa de
Roentgen
Roentgen
5. Introdução à Radiologia
A partir de Roentgen, outros métodos foram
descobertos, como a Tomografia Computadorizada
(1970), o Ultrassom (II Guerra Mundial) e mais tarde a
Ressonância Magnética.
Como veremos, a Radiologia é uma especialidade que
utiliza qualquer forma de radiação, seja ela ionizante,
sonora ou magnética, passível de transformação em
imagens.
7. Radiografia
Formação da radiação X:
O tubo de raios X é a sua fonte geradora;
O interior do tubo é um ambiente à vácuo e
dois pólos: o ânodo (+) e o cátodo (-);
8. Radiografia
Por vezes, ocorre confusão nesses conceitos.
Vamos reforçá-los:
- Ânodo: pólo que atrai os ânions.
- Cátodo: pólo que atrai os cátions, e de
onde os elétrons são liberados.
9. Radiografia
Cátodo (-):
Composto por um filamento de tungstênio
que, sob corrente elétrica, torna-se aquecido e
libera elétrons.
A diferença de potencial entre Cátodo (-) e
Ânodo (+) induzem a migração de elétrons de –
para +;
10. Radiografia
Ao colidirem com o Ânodo (+), haverá geração de
calor (99%) e de radiação X (1%). O Ânodo possui um
sistema próprio de refrigeração (óleo especial).
O receptor de elétrons do ânodo é uma placa, giratória
e aderida a uma base de cobre.
A ampola é envolvida por uma blindagem de chumbo,
possuindo uma única abertura, por onde passará o feixe
de raios X.
14. Radiografia
Os filmes de raio X contêm uma película
composta de haletos de prata (Ag) que, ao serem
expostos à luz ou aos raios X, “queimam”
(sensibilizados), tornando o filme preto;
Os raios que são absorvidos pelo corpo não
sensibilizam o filme, de modo que as áreas
correspondentes ficarão brancas no filme.
15. Radiografia
Dependendo do peso atômico e espessura das
estruturas atravessadas pelos raios X, a
tonalidade irá variar do preto ao branco
(densidade radiológica);
As imagens brancas são referidas como
radiopacas (alta atenuação), enquanto as pretas
são ditas radiotransparentes ou radiolucentes
(baixa atenuação).
16. Radiografia
Existem 5 densidades básicas:
Densidade Absorção corporal Imagem no filme
Metal Total Branca
Cálcio (osso) Grande Menos branca
Água (tec. moles) Média Cinza
Gordura Pouca Quase preta
Ar Nenhuma Preta
17. Radiografia
O filme de raio X possui um revestimento para
que não seja sensibilizado pela luz ambiente;
Chassi é o estojo metálico onde é colocado;
Ecrã é uma folha que fica em íntimo contato
com o filme, possui material fluorescente que
diminui o uso da radiação (tempo) e também
melhora a imagem (efeito fotoquímico).
19. Modelo padrão de chassi, ecrã e filme de raio X.
Fundamentals of Diagnostic Imaging,
Brent & Helms, 3rd edition.
20. Radiografia
Qualidade da imagem:
Contraste: é dado pela dosagem equilibrada da
quilovoltagem (kV) e da miliamperagem (mAs)
Nitidez: depende basicamente da imobilidade
corporal, distância do tubo, tamanho do foco
(sistema de diafragmas e colimadores), e grade
antidifusora ou bucky (absorve radiação secundária).
22. Radiografia
Incidências básicas:
Póstero-Anterior (PA): raios X atravessam o
corpo no sentido póstero-anterior. As
estruturas mais anteriores do corpo serão
melhor representadas no filme.
26. Radiografia
Incidências básicas:
Antero-Posterior: raios
X atravessam o corpo
no sentido antero-
posterior. Esta posição
é utilizada para exames
no leito, por exemplo.
27. Radiografia
Incidências básicas:
Perfil ou látero-lateral: os
raios X atravessam o
corpo no sentido látero-
lateral. No tórax,
colocamos o lado
esquerdo mais próximo do
filme, para que a imagem
cardíaca seja mais
representativa do real.
28. Radiografia
Principais utilidades:
Seios da face
Tórax
Abdome
Pelve
Ossos
Exames contrastados
(ex.: esôfago)
34. Tomografia Computadorizada
Permite a aquisição de imagens através de cortes
(secção, do prefixo grego tomo);
Possui três unidades básicas:
Unidade de varredura (gantry) = ampola + detectores
Unidade de computação
Unidade de apresentação da imagem (monitor e
câmeras multiformato)
35. Tomografia Computadorizada
Neste método, um feixe fino e altamente
colimado de raios X, após atravessar o corpo, é
captado por detectores de cintilação que se
movem de 180-360 graus;
As imagens são obtidas isoladamente, e
reconstruídas em grupo nos planos axial, sagital
ou coronal.
37. Tomografia Computadorizada
A imagem que vemos na tela do monitor
(bidimensional, os pixels) é na verdade a
representação de elementos com volume
(voxels);
Quanto maior for a espessura da secção, maior
será a sobreposição de elementos na imagem
formada.
38. Em A, nódulo pulmonar visto no monitor do Em B, esquema representativo do
tomógrafo, bidimensionalmente voxel e das diferentes densidades
Fundamentals of Diagnostic Imaging,
Brent & Helms, 3rd edition.
39. Tomografia Computadorizada
Na radiografia usamos os termos opacidade x
transparência; na TC, utilizaremos densidade.
Ela varia de valores positivos a negativos.
A unidade utilizada para medir a densidade chama-
se unidade Hounsfield (criador do método);
A água é utilizada como referência (0 Hounsfield).
40. TECIDO UNIDADES (HU)
Ar -1000
Pulmão -900 a -400
Gordura -110 a -65
Água 0
Líquor 0 a 10
Sangue normal 35 a 55
Sangue coagulado 80
Músculo 40 a 60
Fígado 50 a 85
Ossos 130 a 2.000
41. VALORES
AR = - 1000 HU PRÓXIMOS
HIPODENSOS
VALORES
REFERÊNCIA = ÁGUA = ZERO PRÓXIMOS
ISODENSOS
VALORES
OSSOS = ATÉ 2000 HU PRÓXIMOS
HIPERDENSOS
42. Tomografia Computadorizada
Vantagens:
Sem (ou pouca) superposição de imagens;
Capta diferenças mínimas de densidade tissular;
Processa imagens em diversos planos;
Rápido (usado em emergências);
Permite procedimentos concomitantes, como biópsias;
É um exame não-invasivo;
Permite o uso de substância de contraste;
43. Tomografia Computadorizada
Desvantagens:
Maior quantidade de radiação ionizante;
Maior número de artefatos na imagem (metais);
Método mais caro que radiografia e ultrassom;
Alguns pacientes não podem utilizar contraste;
PACIENTES ALÉRGICOS AO CONTRASTE IODADO
PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL (CR>1,3)
PACIENTES EM USO DE METFORMINA, INTERFERON
E INTERLEUCINA II
PACIENTES COM MIELOMA MÚLTIPLO
44. Tomografia Computadorizada
Principais utilidades:
Crânio e SNC (AVE e trauma)
Coluna (discopatias, trauma)
Tórax (doenças pulmonares, focais e/ou difusas)
TCAR (TC de Alta Resolução) ou não?
Abdome (massas abdominais, trauma, entre outros)
Estadiamento de tumores
54. Ultrassonografia
Por definição, envolve o espectro de ondas
acima da faixa do som audível (> 20.000
ciclos/segundo);
Basicamente, o aparelho emite ondas de
ultrassom que interagem com corpos/estruturas,
gerando ecos, que são captados de volta e
convertidos em imagem.
55. Ultrassonografia
O aparelho possui um transdutor especial, com
propriedades piezoelétricas que, quando
submetidas a corrente elétrica alternada, vibram,
produzindo o ultrassom;
Quando a onda é refletida, ocorre o inverso: o
cristal deforma-se e gera energia elétrica, que
será processada em imagem na tela.
57. Ultrassonografia
O transdutor varia sua frequência conforme a
região a ser estudada;
Quanto mais profundo o órgão a ser analisado,
menor deve ser a frequencia, pois o
comprimento de onda será maior;
Exemplo: fígado 3,5 MHz
tireóide 7,5-10 MHz
58. Ultrassonografia
Interpretação da imagem:
Anecóica: não emite eco, propagando a onda. Não
havendo retorno, sua cor é preta. Exemplo: líquido,
bile, urina, líquor. Gera reforço acústico posterior.
Hipoecóica: ocorre quando a onda atravessa tecidos
com densidades de partes moles, como rim e
pâncreas. Não gera reforço acústico posterior.
59. Ultrassonogafria
Interpretação da imagem:
Hiperecóica: o som não ultrapassa a estrutura (cálcio,
cálculos, ossos) ou interage com ela e se dispersa
(gases). Há formação de sombra acústica posterior.
62. Ultrassonografia
Cuidados que melhoram a qualidade do exame:
Gel aquoso: maior aderência transdutor x tecido
Transdutor adequado: transvaginal, transesofágico
Jejum e uso de laxativos para eliminar gases e fezes
Encher o estômago com líquido para facilitar acesso
ao pâncreas, também para bexiga e órgãos pélvicos.
63. Ultrassonografia
Principais utilidades:
SNC em crianças (transfontanelar)
Estudo da retina
Ecocardiografia (estrutura e função cardíaca)
Abdome (fígado, baço, pâncreas, rins, vasos)
Mama, tireóide, glândulas salivares, testículos
Sistema musculoesquelético
Pesquisa de líquido em cavidades
65. Ressonância Magnética
(ou Ressonância Nuclear Magnética (RNM ou RM)
Baseia-se no comportamento dos prótons de
hidrogênio (H+), que é o mais abundante do
corpo humano (70% de água);
Ao entrar em um campo magnético intenso,
dentro da sala do exame, os spins dos íons se
alinham;
66. Ressonância Magnética
Ao receberem uma frequencia de pulso (RF, ou
pulso de radiofrequência), os spins deixam a
posição inicial, havendo movimento; após a
cessação do pulso, retornam ao alinhamento de
origem;
A energia liberada desse processo é captada por
antenas e transmitida ao computador, que
formará a imagem.
67. Ressonância Magnética
Pulsos de radiofrequências e periodicidades
diferentes formarão imagens (sequências)
diferentes para uma mesma região. (Ex: T1, T2,
GE, FLAIR, STIR…)
68. Ressonância Magnética
Componentes da RM:
Campo magnético principal
Sistema de estimulação-recepção
Sistema gradiente do campo magnético
(pequenos ímãs de campos e locaizações variáveis
que permitem as reconstruções tridimensionais das
imagens)
Sistema de tratamento da imagem
Sistema de informatização
71. Ressonância Magnética
Os pulsos são repetidos regularmente a
intervalos chamados tempo de repetição (TR);
O tempo entre a emissão do FR e da chegada do
sinal ao detector é chamado tempo de eco (TE);
Estas duas variáveis permitem formar imagens
em T1 e T2 (essas siglas são padrões de
tempo).
72. Ressonância Magnética
Na RM, utiliza-se o termo intensidade para
caracterizar as imagens obtidas:
Hipointensidade (ou hipossinal): escura
Isointensidade: média
Hiperintensidade: clara (branco)
75. Ressonância Magnética
O contraste utilizado neste exame é o
gadolíneo (substância paramagnética);
O uso é amplo (como na TC).
Situações especiais:
Gravidez (utilizado)
Alergia conhecida ao iodo (TC)
Marca-passo cardíaco (contraindicado), e próteses
metálicas de forma geral
76. Ressonância Magnética
Vantagens:
Melhor detalhamento de estruturas
Aquisição de várias sequências e planos anatômicos
Não utiliza radiação ionizante
Baixo índice de reações adversas ao contraste
Desvantagens:
Exame demorado (pouco útil na emergência)
Contra-indicações absolutas e relativas
80. Referências Bibliográficas
Bushong, Ciência Radiológica para tecnólogos, 9a ed.
Elsevier, 2010.
Marchiori, Introdução à Radiologia, 1a ed. Guanabara
Koogan, 2009.
Brant & Helms, Fundamentos de Radiologia, 3a ed.
Gen, 2008.
Novelline, Fundamentos de Radiologia de Squire, 5a ed.
Artmed, 1999.