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Balanço ticEDUCA2010: palavras finais
Guilhermina Lobato Miranda
gmiranda@ie.ul.pt
20 Novembro de 2010
Antes de passar a palavra ao meu colega João Filipe Matos, que vai
abordar as perspectivas em relação à continuidade deste Encontro, queria
deixar algumas ideias como reflexão final.
Fizemos até agora um balanço muito próximo do que ocorreu neste
encontro. No entanto, e como refere Jerôme Bruner, o grande psicólogo
norte-americano ainda vivo fundador, em conjunto com outro grande
psicólogo George Miller, do Center of Cognitive Studies na Universidade de
Harvard [em 1960], ler e pensar é ir além da informação dada (Beyond the
Information Given, 1973). Interpretar o que ocorreu nestes dois dias e
meio à luz de outras lentes não sei se mais focadas ou desfocadas, talvez
nos ajude a ver com outros olhos.
Pareceu-me que a maioria das comunicações foi de tonalidade
optimista, quer dizer, falou-se sobretudo de ideias e experiências
positivas, de resultados de práticas de introdução das tecnologias nas
escolas e nos processos de ensino e aprendizagem também eles positivos,
o que é natural. Gostamos de falar do que nos corre bem. A maioria das
experiências e investigações descritas recaiu sobre o próprio trabalho dos
docentes que olham e investigam a sua prática ou a de colegas seus. Não
houve relato de investigações em grande escala e fora do contexto de
cada um. É um olhar de dentro e para dentro. Houve outras
comunicações, mas poucas, de tonalidade pessimista, quer dizer, olhou-se
e descreveu-se o que não está bem, o que não funciona com a introdução
das TIC nas escolas e salas de aula, ou o que estas tecnologias vieram
reforçar em termos de modelos e práticas educativas consideradas
desajustadas e sobretudo o que ainda falta fazer… E a realidade tem estas
duas facetas, embora eu ache também fecundas as descrições do que
correu menos bem, pois obrigam-nos a pensar. É mais provável que um
dado processo reflexivo ocorra quando algo não corre como o previsto, ou
como diz Bruner, aprendemos mais com a dificuldades encontradas por
nós ou descritas por outros do que com os sucessos que obtemos ou que
nos são transmitidos.
Contudo, quando olhada através do raciocínio e do método científico,
como o designou o grande médico e fisiologista francês Claude Bernard, a
realidade surge-nos mais matizada e a pedir uma leitura crítica, que só os
resultados, fruto do controlo introduzido pelos modelos e técnicas
investigativas, nos podem devolver. Refiro-me sobretudo aos métodos
quantitativos (correlacional e experimental) e aos modelos estatísticos
que lhe estão associados.
O que vos convido agora é, como referiu Vygotsky (1994) em relação
ao desenvolvimento intelectual, ver de fora para dentro, i.e., ler e
interpretar o que aqui se passou à luz de outros olhares, de outros
resultados.
O uso das TIC na educação básica (e também secundária) tem ou
deveria ter como principal objectivo apoiar e tornar mais eficientes os
métodos e técnicas de ensino usados pelos professores (onde pode ser
incluído o conceito introduzido por Richard Andrews na sua conferência,
de economia da atenção) para facilitar e promover a aprendizagem dos
alunos. O ensino da ou das disciplinas que o professor lecciona e em que é
especialista e a aprendizagem dos conteúdos e procedimentos (dos
saberes e saberes-fazer) associados a cada disciplina ou área disciplinar. E
aqui os resultados da introdução das TIC no ensino não tem sido muito
positivos a não ser quando associado às TIC se usam determinados
métodos e estratégias de ensino e se induzem os alunos a usar estratégias
de aprendizagem adequadas.
Não vou falar da importância de familiarizar as crianças e jovens com o
uso das tecnologias pois sempre que se questionam os alunos sobre como
aprenderam a usar as TIC, a percentagem maior vai para a auto-
aprendizagem ou aprendizagem não-formal, feita entre colegas, como os
irmãos e amigos. Este aspecto é necessário, como muito bem ilustrou na
sua conferência Graham Atwell, mas não suficiente.
António Nóvoa, nosso colega e na actualidade Reitor da Universidade
de Lisboa, salientou na sessão de abertura, que é necessário não nos
deixarmos levar pelas modas, por mais sedutoras que nos pareçam ser. As
tecnologias são importantes, temos que as saber usar, mas por si sós, sem
serem associadas aquilo que os professores competentes sempre fizeram
bem, que é ensinar (qualquer que seja o entendimento que temos desta
palavra), não dão bons resultados. O método pedagógico usado pelo
professor e o próprio professor são tão ou mais importantes que as
tecnologias que usa. Querem tecnologia mais poderosa do que boas ideias
e bons argumentos transmitidos pela voz humana, a fala?
Não me vou alongar, irei apenas referir dois estudos recentes, saídos
um em Dezembro de 2009 e outro em Julho de 2010: este último sobre a
introdução da banda larga nas escolas portuguesas e o primeiro sobre a
aceitação do uso das TIC na sala de aula por professores em formação
inicial. Refiro estes dois estudos porque ambos salientam o que muitos de
nós suspeitávamos (dizemos em voz baixa ou ouvimos dizer em surdina) e
que já tinham sido apontados por estudos anteriores. E nós, os que já
sabemos usar as tecnologias, que gostamos de as usar, cada um à sua
maneira, temos um papel importante junto dos outros colegas que não as
utilizam, porque não o sabem fazer, porque as consideram inúteis ou não
estão dispostos a fazer o esforço necessário.
Interessa, por exemplo, pensar nos resultados do primeiro estudo
referido, elaborado por colegas nossos do Instituto Superior Técnico,
Rodrigo Belo, Pedro Ferreira, e Rahul Telang, no artigo “The effects of
broadband in schools: evidence from Portugal” SSRN:
http://ssrn.com/abstract=1636584. Referem que as novas tecnologias de
comunicação, nomeadamente a internet, podem também ser uma fonte
de distracção das actividades lectivas. Este estudo pretendeu avaliar o
impacto da introdução da internet de banda larga nas escolas
portuguesas. Foram analisados e comparados os dados referentes às
classificações dos exames nacionais de 9º ano e o uso da banda larga em
mais de 900 escolas, entre os anos de 2005 a 2009. Verificou-se que neste
período os resultados escolares baixaram em média cerca de 8,9%. Este
efeito foi mais marcante nos rapazes que, segundo pesquisas anteriores,
são mais propensos a iniciar actividades que os distraem, enquanto não se
verifica uma alteração estatística significativa nas classificações das
raparigas. O efeito de decréscimo nas classificações foi mais notório nas
escolas pior classificadas em 2005, ao contrário do que aconteceu nas
escolas mais bem classificadas, onde se registou uma ligeira melhoria,
embora estatisticamente não significativa. Aparentemente, a introdução
da internet banda larga acentuou as diferenças entre as escolas, pelo que
os autores do estudo preconizam que se acompanhe a introdução desta
tecnologia com medidas que promovam o seu uso produtivo (Cavaleiro,
2010). Aqui, de novo, a importância do professor e das metodologias que
usa e como apoia os alunos a saber procurar, seleccionar e organizar a
informação que precisam para atingir os objectivos educativos;
Igualmente interessantes são os resultados da outra investigação
referida, sobre as variáveis que mais afectam o grau de aceitação que
professores em formação inicial dizem ter do uso das TIC na sala de aula.
Os autores usaram como referencial A Teoria Unificada de Aceitação e Uso
da Tecnologia (The Unified Theory of Acceptance and Use of Technology –
UTAUT) desenvolvida por Venkatesh et al em 2003. Este modelo avalia as
seguintes variáveis: Expectativa de realização, Expectativa de Esforço,
Influência Social e Condições facilitadoras. O resultado da análise de
regressão mostra que a variável que explica melhor a intenção de uso das
TIC em sala de aula é a Expectativa de esforço, ou seja, quando os
professores percepcionam que o uso das TIC em sala de aula lhes vai exigir
um esforço considerável tendem a evitar o seu uso.
Já suspeitava que esta fosse uma das variáveis importantes no receio
de uso das TIC na sala de aula, como referi num artigo que publiquei na
revista Sísifo em 2007 (http://sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/sisifo03PT03.pdf), mas
agora há evidências da investigação que sustentam essa minha convicção.
Termino, agradecendo a vossa Atenção.
REFERÊNCIAS
Belo, R., Ferreira. P., e Telang, R. (2010).The effects of broadband in
schools: evidence from Portugal. Social Sciences Research Network.
Retirado em 18 de Novembro de SSRN:
http://ssrn.com/abstract=1636584
Birch, A., e Irvine, V. (2009). Preservice teachers’ acceptance of ICT
integration in the classroom: applying the UTAUT model. Educational
Media International, 46(4), 295-315.
Bruner, J. (1973). Beyond the information given. Studies in the psychology
of knowing. New York. Norton
Cavaleiro, M. (2010). Pré-projecto de doutoramento, apresentado no
Seminário de Investigação, do Doutoramento em Educação,
especialidade em TIC na Educação do Instituto de Educação da
Universidade de Lisboa.
Miranda, G. (2007). Limites e possibilidades das TIC na educação. Sísifo.
Revista de Ciências da Educação, 3, 41-50. Retirado em 18
Novembro de 2010 de http://sisifo.fpce.ul.pt
Vygostky, L. S. (1994). A formação social da mente (5ª ed.). São Paulo:
Martins Fontes

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Balanço ticEDUCA2010: reflexões finais sobre o uso de TIC na educação

  • 1. Balanço ticEDUCA2010: palavras finais Guilhermina Lobato Miranda gmiranda@ie.ul.pt 20 Novembro de 2010 Antes de passar a palavra ao meu colega João Filipe Matos, que vai abordar as perspectivas em relação à continuidade deste Encontro, queria deixar algumas ideias como reflexão final. Fizemos até agora um balanço muito próximo do que ocorreu neste encontro. No entanto, e como refere Jerôme Bruner, o grande psicólogo norte-americano ainda vivo fundador, em conjunto com outro grande psicólogo George Miller, do Center of Cognitive Studies na Universidade de Harvard [em 1960], ler e pensar é ir além da informação dada (Beyond the Information Given, 1973). Interpretar o que ocorreu nestes dois dias e meio à luz de outras lentes não sei se mais focadas ou desfocadas, talvez nos ajude a ver com outros olhos. Pareceu-me que a maioria das comunicações foi de tonalidade optimista, quer dizer, falou-se sobretudo de ideias e experiências positivas, de resultados de práticas de introdução das tecnologias nas escolas e nos processos de ensino e aprendizagem também eles positivos, o que é natural. Gostamos de falar do que nos corre bem. A maioria das experiências e investigações descritas recaiu sobre o próprio trabalho dos
  • 2. docentes que olham e investigam a sua prática ou a de colegas seus. Não houve relato de investigações em grande escala e fora do contexto de cada um. É um olhar de dentro e para dentro. Houve outras comunicações, mas poucas, de tonalidade pessimista, quer dizer, olhou-se e descreveu-se o que não está bem, o que não funciona com a introdução das TIC nas escolas e salas de aula, ou o que estas tecnologias vieram reforçar em termos de modelos e práticas educativas consideradas desajustadas e sobretudo o que ainda falta fazer… E a realidade tem estas duas facetas, embora eu ache também fecundas as descrições do que correu menos bem, pois obrigam-nos a pensar. É mais provável que um dado processo reflexivo ocorra quando algo não corre como o previsto, ou como diz Bruner, aprendemos mais com a dificuldades encontradas por nós ou descritas por outros do que com os sucessos que obtemos ou que nos são transmitidos. Contudo, quando olhada através do raciocínio e do método científico, como o designou o grande médico e fisiologista francês Claude Bernard, a realidade surge-nos mais matizada e a pedir uma leitura crítica, que só os resultados, fruto do controlo introduzido pelos modelos e técnicas investigativas, nos podem devolver. Refiro-me sobretudo aos métodos
  • 3. quantitativos (correlacional e experimental) e aos modelos estatísticos que lhe estão associados. O que vos convido agora é, como referiu Vygotsky (1994) em relação ao desenvolvimento intelectual, ver de fora para dentro, i.e., ler e interpretar o que aqui se passou à luz de outros olhares, de outros resultados. O uso das TIC na educação básica (e também secundária) tem ou deveria ter como principal objectivo apoiar e tornar mais eficientes os métodos e técnicas de ensino usados pelos professores (onde pode ser incluído o conceito introduzido por Richard Andrews na sua conferência, de economia da atenção) para facilitar e promover a aprendizagem dos alunos. O ensino da ou das disciplinas que o professor lecciona e em que é especialista e a aprendizagem dos conteúdos e procedimentos (dos saberes e saberes-fazer) associados a cada disciplina ou área disciplinar. E aqui os resultados da introdução das TIC no ensino não tem sido muito positivos a não ser quando associado às TIC se usam determinados métodos e estratégias de ensino e se induzem os alunos a usar estratégias de aprendizagem adequadas. Não vou falar da importância de familiarizar as crianças e jovens com o uso das tecnologias pois sempre que se questionam os alunos sobre como
  • 4. aprenderam a usar as TIC, a percentagem maior vai para a auto- aprendizagem ou aprendizagem não-formal, feita entre colegas, como os irmãos e amigos. Este aspecto é necessário, como muito bem ilustrou na sua conferência Graham Atwell, mas não suficiente. António Nóvoa, nosso colega e na actualidade Reitor da Universidade de Lisboa, salientou na sessão de abertura, que é necessário não nos deixarmos levar pelas modas, por mais sedutoras que nos pareçam ser. As tecnologias são importantes, temos que as saber usar, mas por si sós, sem serem associadas aquilo que os professores competentes sempre fizeram bem, que é ensinar (qualquer que seja o entendimento que temos desta palavra), não dão bons resultados. O método pedagógico usado pelo professor e o próprio professor são tão ou mais importantes que as tecnologias que usa. Querem tecnologia mais poderosa do que boas ideias e bons argumentos transmitidos pela voz humana, a fala? Não me vou alongar, irei apenas referir dois estudos recentes, saídos um em Dezembro de 2009 e outro em Julho de 2010: este último sobre a introdução da banda larga nas escolas portuguesas e o primeiro sobre a aceitação do uso das TIC na sala de aula por professores em formação inicial. Refiro estes dois estudos porque ambos salientam o que muitos de nós suspeitávamos (dizemos em voz baixa ou ouvimos dizer em surdina) e
  • 5. que já tinham sido apontados por estudos anteriores. E nós, os que já sabemos usar as tecnologias, que gostamos de as usar, cada um à sua maneira, temos um papel importante junto dos outros colegas que não as utilizam, porque não o sabem fazer, porque as consideram inúteis ou não estão dispostos a fazer o esforço necessário. Interessa, por exemplo, pensar nos resultados do primeiro estudo referido, elaborado por colegas nossos do Instituto Superior Técnico, Rodrigo Belo, Pedro Ferreira, e Rahul Telang, no artigo “The effects of broadband in schools: evidence from Portugal” SSRN: http://ssrn.com/abstract=1636584. Referem que as novas tecnologias de comunicação, nomeadamente a internet, podem também ser uma fonte de distracção das actividades lectivas. Este estudo pretendeu avaliar o impacto da introdução da internet de banda larga nas escolas portuguesas. Foram analisados e comparados os dados referentes às classificações dos exames nacionais de 9º ano e o uso da banda larga em mais de 900 escolas, entre os anos de 2005 a 2009. Verificou-se que neste período os resultados escolares baixaram em média cerca de 8,9%. Este efeito foi mais marcante nos rapazes que, segundo pesquisas anteriores, são mais propensos a iniciar actividades que os distraem, enquanto não se verifica uma alteração estatística significativa nas classificações das
  • 6. raparigas. O efeito de decréscimo nas classificações foi mais notório nas escolas pior classificadas em 2005, ao contrário do que aconteceu nas escolas mais bem classificadas, onde se registou uma ligeira melhoria, embora estatisticamente não significativa. Aparentemente, a introdução da internet banda larga acentuou as diferenças entre as escolas, pelo que os autores do estudo preconizam que se acompanhe a introdução desta tecnologia com medidas que promovam o seu uso produtivo (Cavaleiro, 2010). Aqui, de novo, a importância do professor e das metodologias que usa e como apoia os alunos a saber procurar, seleccionar e organizar a informação que precisam para atingir os objectivos educativos; Igualmente interessantes são os resultados da outra investigação referida, sobre as variáveis que mais afectam o grau de aceitação que professores em formação inicial dizem ter do uso das TIC na sala de aula. Os autores usaram como referencial A Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia (The Unified Theory of Acceptance and Use of Technology – UTAUT) desenvolvida por Venkatesh et al em 2003. Este modelo avalia as seguintes variáveis: Expectativa de realização, Expectativa de Esforço, Influência Social e Condições facilitadoras. O resultado da análise de regressão mostra que a variável que explica melhor a intenção de uso das TIC em sala de aula é a Expectativa de esforço, ou seja, quando os
  • 7. professores percepcionam que o uso das TIC em sala de aula lhes vai exigir um esforço considerável tendem a evitar o seu uso. Já suspeitava que esta fosse uma das variáveis importantes no receio de uso das TIC na sala de aula, como referi num artigo que publiquei na revista Sísifo em 2007 (http://sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/sisifo03PT03.pdf), mas agora há evidências da investigação que sustentam essa minha convicção. Termino, agradecendo a vossa Atenção. REFERÊNCIAS Belo, R., Ferreira. P., e Telang, R. (2010).The effects of broadband in schools: evidence from Portugal. Social Sciences Research Network. Retirado em 18 de Novembro de SSRN: http://ssrn.com/abstract=1636584 Birch, A., e Irvine, V. (2009). Preservice teachers’ acceptance of ICT integration in the classroom: applying the UTAUT model. Educational Media International, 46(4), 295-315. Bruner, J. (1973). Beyond the information given. Studies in the psychology of knowing. New York. Norton Cavaleiro, M. (2010). Pré-projecto de doutoramento, apresentado no Seminário de Investigação, do Doutoramento em Educação,
  • 8. especialidade em TIC na Educação do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Miranda, G. (2007). Limites e possibilidades das TIC na educação. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 3, 41-50. Retirado em 18 Novembro de 2010 de http://sisifo.fpce.ul.pt Vygostky, L. S. (1994). A formação social da mente (5ª ed.). São Paulo: Martins Fontes