2. Nascida em 12/09/1876, na cidade de
Macaíba/RN;
Com 3 anos, desencarna sua mãe e com 5 anos,
desencarna seu pai. Passa para a guarda dos
avós maternos, que se transferem para o Recife;
Tinha uma precocidade extraordinária: aos 7
(1883) anos já lia estórias para crianças pobres e
para escravos;
Ainda menina, aos 10 anos, desencarna seu irmão Irineu;
Em Recife, recebe educação primorosa, especialmente a
religiosa, estudando até 1890 o Evangelho profundamente, ano
em que contrai tuberculose, retornando à Macaíba/RN;
Com 17 anos de idade, em 1893, são publicadas suas primeiras
poesias em jornais locais e revistas;
No final de 1900 (portanto, com 23 anos), vê publicado seu
primeiro e único livro, denominado HORTO.
Desencarna em 07/02/1901, aos 24 anos de idade.
3. “(...) o labor pertinaz de um artista,
transformando as suas idéias, as suas torturas,
as suas esperanças, os seus desenganos em
pequeninas jóias.”
4. FIO PARTIDO
I II
Fugir à mágoa terrena Lá vai a pomba voando
E ao sonho, que faz sofrer, Livre, através dos espaços...
Deixar o mundo sem pena Sacode as asas cantando:
Será morrer? “Quebrei meus laços!”
Fugir neste anseio infindo Aqui na amplidão liberta,
À treva do anoitecer, Quem pode deter-me os passos?
Buscar a aurora sorrindo Deixei a prisão deserta,
Será morrer? Quebrei meus laços!
E ao grito que a dor arranca Jesus, este vôo infindo
E o coração faz tremer, Há de amparar-me nos braços
Voar uma pomba branca Enquanto eu direi sorrindo:
Será morrer? “Quebrei meus laços!”
5. “recordo-me de um soneto intitulado "N. Sra. da Amargura“. (...)
Eu estava em oração, certa noite, quando se aproximou de mim o
espírito de uma jovem, irradiando intensa luz. Pediu papel e lápis e
escreveu o soneto a que me referi. Chorou tanto ao escrevê-lo que
eu também comecei a chorar de emoção, sem saber, naquele
momento, se meus olhos eram os dela ou se os olhos dela eram os
meus. Mais tarde, soube, por nosso caro Emmanuel, que se tratava
de Auta de Souza, a admirável poetisa do Rio Grande do Norte.“
(Elias Barbosa. No Mundo de Chico Xavier)
A partir daí, com a edição do Livro PARNASO
DE ALÉM TÚMULO, em 1931, há uma vasta
produção mediúnica passada por AUTA DE
SOUZA para o médium:
89 poesias (16 em Parnaso) e 27 trovas.
EM PAZ
6. Entre a lavra da jovem enferma e a alma liberta, uma só diferença
profundamente confortadora para quantos buscam o confronto sem
a exclusiva preocupação de identificação do estilo:
Na existência física atormentada é a Ave
Cativa, que canta seu anseio de liberdade, o
coração resignado que busca no Cristo o
consolo das bem-aventuranças prometidas aos
aflitos da terra;
Além do túmulo é o pássaro liberto e feliz que,
tornando ao ninho dos antigos infortúnios, vem
trazer aos homens a mensagem de bondade e
esperança, o apelo à Fé e à Caridade,
indicando o rumo certo para a conquista da
verdadeira vida
7. Durante o enterro de um amigo de Chico Xavier, em 1931, um
padre interpelou o médium:
É verdade que É verdade!
você escreve
mensagens do
Além? Os
espíritos que
cautela! Os escrevem
espíritos das trevas através de mim
têm muita astúcia só ensinam o
para seduzir ao mal. Bem!
Há agora, onde estamos, Pois não!
algum espírito que se
disponha a escrever?
8. O sino plange em terna suavidade,
No ambiente balsâmico da igreja;
Entre as naves, no altar, em tudo adeja
O perfume dos goivos da saudade.
Geme a viuvez, lamenta-se a orfandade;
E a alma que regressou do exílio beija
A luz que resplandece, que viceja,
Na catedral azul da imensidade.
“Adeus, Terra das minhas desventuras...
Adeus, amados meus...” – diz nas alturas
A alma liberta, o azul do céu singrando...
– Adeus... – choram as rosas desfolhadas,
– Adeus... Clamam as vozes desoladas
De quem ficou no exílio soluçando...
9. Volve ao teu templo, interno abandonado,
Meu irmão: Tuas preces mais singelas
Ouve o teu coração em cada te domina,
Compreenderás a dor que prece
–São ouvidasde todas asilimitado,–
A mais alta no espaço capelas
Deus responde em ti mesmo e e peregrina
Ante a linguagem pura te esclarece
E as respostas mais lúcidas e belas
Mas sei que às vezes choras, consternado,
Com a força eternaem luz de redenção.
Da voz de Deus, da consolação.
Hão de trazer-te alegre e deslumbrado.
Ao silêncio da força que interpelas.
10. “Nossos irmãos trovadores
Revelam em poesia
Que vivem além da morte
Na beleza da alegria.”
AUTA DE SOUZA
@igormateus_RN
igor.mateus@oi.com.br
http://estudosespiritas.tk
11. REFERÊNCIAS:
1. SOUZA, Auta. Horto. 5ª ed. Rio Grande do Norte. UFRN,
2001.
2. Auta de Souza. Artigo publicado no Portal do Espírito. Acesso
em 11/09/2012.
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/gabilan/auta-de-
souza.html.
3. ROCHA, Alexandre Caroli. A Poesia Transcendente de
Parnaso de Além Túmulo. Dissertação de Mestrado.
UNICAMP. 2001.
4. BARBOSA, Elias. No Mundo de Chico Xavier.
5. XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de Além Túmulo. 14ª
ed. Rio de Janeiro, FEB, 1994.
6. _________. Auta de Souza. Edição IDE.
12. Mãe das Dores, Senhora da Amargura,
Eu vos contemplo o peito lacerado
Pelas mágoas do filho muito amado,
Nas estradas da vida ingrata e dura.
Existe em vosso olhar tanta ternura,
Tanto afeto e amor divinizado
Que do vosso semblante torturado
Irradia-se a luz formosa e pura;
Luz que ilumina a senda mais trevosa,
Excelsa luz, sublime e esplendorosa
Que clareia e conduz, ampara e guia.
Senhora, vossas lágrimas tão belas
Assemelham-se a fúlgidas estrelas:
Gotas de luz nas trevas da agonia.
13. Tanto roguei a paz consoladora
Durante os meus amargos sofrimentos,
Elevando a Jesus meus pensamentos,
Que recebi a paz confortadora!
Sentindo-me feliz, ditosa agora,
Nestas paragens de deslumbramentos
Onde terminam todos os sofrimentos
Que inundam de amargor a alma que chora.
Jesus! Doce Jesus meigo e bondoso,
Quanto agradeço a paz que concedestes
Ao meu viver tristonho e doloroso!
E desse lindo oásis encantado,
Canto de luz dos páramos celestes
Bendigo o vosso amor ilimitado!