Este documento apresenta uma síntese histórica da ética e seus principais pensadores filosóficos, desde os pré-socráticos até a Idade Moderna. Começa com os "Sete Sábios da Grécia" no século VII-VI a.C., passando por Sócrates, Platão e Aristóteles na Grécia Antiga. Na Idade Média, destaca Agostinho e Tomás de Aquino. Na Modernidade, aborda Descartes, Rousseau e Kant, que desenvolveu uma ética baseada no dever.
2. Ética
Síntese Histórica
Esta aula dedica-se a apresentar uma síntese
histórica da ética e seus grandes pensadores
filosóficos, este material não contempla todas
as correntes de pensamentos, foram
selecionados os mais reconhecidas e que
tragam referenciais essenciais para a área de
comunicação.
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5. Sete Sábios da Grécia
Pensadores conhecidos como os “Sete Sábios da Grécia” começaram a elaborar as premissas do
pensamento ético nos séculos VII e VI a.C.
Não há consenso entre os historiadores sobre os nomes dos sete sábios, ao total 22 nomes foram
citados como pertencentes à lista: Tales, Pítaco, Bias, Sólon, Quilon de Esparta, Cleobulo,
Periandro, Míson, Aristodemo, Epiménides, Leofanto, Pitágoras, Anacarses, Epicarmo, Acusilau,
Orfeu, Pisístrato, Ferecides, Hermióneo, Laso, Panfilo e Anaxágoras..
Os nomes mais presentes são: Tales, Pítaco, Bias, Sólon.
(CRESCENZO, 1988)
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7. Tales
Filósofo,
engenheiro,
matemático e
astrônomo
Mileto
Conhece-te a ti mesmo.
A certeza é precursora da ruína.
A ignorância é incômoda.
Espera receber de teus filhos, quando fores velho, o mesmo
tratamento que dispensaste a teus pais.
Evita as palavras que possam ferir os amigos.
Evita enriquecer por vias desonestas.
Evita os adornos exteriores e procura os interiores.
Perto ou longe, importa lembrar os amigos.
Quem promete, falta.
Se és chefe, começa por saber dominar-te
Aforismos Pré-Socráticos
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8. A ambição é insaciável.
Ama a educação, a temperança, a prudência, a verdade, a
fidelidade, a experiência, a gentileza, a companhia dos outros,
a exatidão, os cuidados domésticos, a arte e a piedade.
Dá-te ao respeito.
Não faças o que não gostares que te façam.
Não reveles projetos para, se falhares, não seres motivo de
troça.
Saiba aproveitar a oportunidade.
Sábio é quem sabe discernir o futuro; o passado é passado,
mas o porvir é incerto.
Aforismos Pré-Socráticos
Pítaco
Estadista,
legislador e
general de
Atenas
Mitilene
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9. A maioria dos homens é perversa.
Adolescente, seja ativo; velho, seja sábio.
Aprenda a saber ouvir.
Fala sempre com propósito.
Não sejas nem mau, nem tolo.
O cargo revela o homem.
Persuade pelo bem, e nunca pela força.
Reflete nos teus atos.
Vê-te num espelho.
Aforismos Pré-Socráticos
Bias
Filósofo
Priene
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10. Aconselha o que for justo, não o que aches agradável.
Evita a mentira, confessando a verdade.
Evita o prazer, se ele for causa de remorso.
Guia-te pela razão.
Honra pai e mãe.
Procura ser honesto, porque a honestidade é melhor do que
uma palavra honrada.
Respeite os amigos.
Quando souberes obedecer, saberás chefiar.
Se exiges a honestidade dos outros, começa por ser honesto.
Aforismos Pré-Socráticos
Sólon
Legislador, jurista
e poeta grego
Atenas
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12. + Gregos
Sócrates
469 a.C a
399 a.C
Atenas
Filósofo
Platão
428 a.C a
348 a.C
Atenas
Filósofo e
Matemático
Aristóteles
384 a.C a
322 a.C
Atenas
Filósofo e
Professor
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13. + Sócrates
Sócrates
469 a.C a
399 a.C
Atenas
Filósofo
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É reconhecido por estudiosos como uma das figuras mais importantes da filosofia da ética,
que buscava a essência da virtude.
Sócrates estava convencido de que somente o conhecimento poderia ser a fonte de um
sistema coerente das virtudes humanas, assim como o erro estava na origem do mal.
Na visão do pensador grego, as pessoas praticavam o mal porque desconheciam o bem,
por não saberem o que é virtude.
Ele incomodou poderosos e mostrava a ignorância dos “falsos sábios” em uma época que
Atenas vivia não apenas uma crise de valores, como de saber. Foi condenado à morte por
envenenamento.
14. Método socrático
Sócrates
469 a.C a
399 a.C
Atenas
Filósofo
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Sócrates perambulava pelas ruas de Atenas fazendo perguntas aos cidadãos sobre
moralidade e política. A medida que as pessoas iam respondendo, ele insistia em novas
perguntas, fazendo com que elas reformulassem suas respostas, melhorando-as ou
descartando-as.
Ele estimulava a visão crítica e subversiva dos cidadãos, levando-os a questionar tudo, por
isso, os falsos sábios eram expostos. Por isso foi acusado de corromper a juventude da
época.
Dizia-se contra a escrita por prejudicar a memória. O que se tem de registro de sua ideias,
foram os diálogos com seu discípulo, Platão.
16. + Platão
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É reconhecido como um filosofo complexo, que desafia os estudiosos da filosofia da ética,
teve como mestre Sócrates aos vinte e poucos anos. Estava presente no julgamento e
morte dele e registrou seus últimos ensinamentos que recebeu o nome de Apologia a
Sócrates.
Sua principal obra é conhecida como a República, dividida em 10 extensos livros. A
premissa é a discussão sobre a organização da sociedade e a natureza política. É uma obra
à quatro mãos, com contribuições de Sócrates e de seus dois irmãos: Glauco e Adimanto.
Platão
428 a.C a
348 a.C
Atenas
Filósofo e
Matemático
17. Dialética de Platão
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Desiludido com a democracia na Grécia e após a morte do seu mestre, saiu em jornada
pela Itália e Egito. Foi onde desenvolveu sua obra, os diálogos de Platão tinha como
personagem central seu mestre, que recebia nomes como "Críton", "Laques", "Lísias",
"Górgias" e "Protágoras". O foco de suas teorias era a filosofia política, um homem bom é
um bom cidadão.
Para divulgar seus diálogos e multiplicar o valor do saber ético-político, fundou a Academia
de Platão aos 40 anos em Atenas e aceitava jovens e anciãos como estudantes.
Para ele, o homem só encontra a felicidade na prática das virtudes. O homem virtuoso
imita a Deus.
Platão
428 a.C a
348 a.C
Atenas
Filósofo e
Matemático
19. + Aristóteles
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Discípulo de Platão e depois professor de Alexandre O Grande, Aristóteles estudou muitas
áreas do conhecimento (lógica, física, política, economia, psicologia, metafísica,
meteorologia e retórica), porém sua contribuição no campo da ética foi a análise do “agir
humano”.
Para ele, todo o conhecimento e trabalho do homem devem visar o bem e a busca por este
bem que nos difere dos animais.
As virtudes são adquiridas com a prática cotidiana e o fim de todo homem é a felicidade.
A ética aristotélica é vista como uma ética do comedimento, da moderação, do
afastamento de todo e qualquer excesso.
Aristóteles
384 a.C a
322 a.C
Atenas
Filósofo e
Professor
20. Ética Aristotélica
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A sua mais famosa obra é a Ética a Nicômano, dedicada ao seu filho tem como pano de
fundo a discussão sobre a felicidade humana (eudemonismo) sob o manto da preocupação
de um pai com seu filho. A obra dividia em 10 volumes traz a concepção da racionalidade
prática, da virtude e considerações acerca do papel do hábito e da prudência.
A ética aristotélica é vista como uma ética do comedimento, da moderação, do
afastamento de todo e qualquer excesso, onde a felicidade não consiste de prazeres,
riquezas e honra e sim na vida virtuosa.
Aristóteles
384 a.C a
322 a.C
Atenas
Filósofo e
Professor
23. Ética na Idade Média: Teocêntrica
A filosofia da ética neste período sofreu forte influência do cristianismo e islamismo, onde os
feudos religiosos tinham poder, havia uma servidão coletiva da população aos seus mestres e um
fundamentalismo religioso imposto.
Enquanto os pensadores gregos se preocupavam em entender a felicidade por meio de uma vida
virtuosa, os filósofos da idade média estavam mais interessados em discutir a ética na
interpretação da moral nos ensinamentos religiosos da época.
Temas estranhos aos gregos foram introduzidos: imortalidade da alma, céu, inferno, purgatório.
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24. Ética Medieval
Bispo que “restabeleceu
a fé antiga”. Ensinava
gramática e retórica,
uma das áreas de
estudo de Aristóteles.
A ética agostiniana
envolve o conceito de
liberdade e o livre-
arbítrio. A felicidade se
dá pela busca de Deus, o
bem é a ausência do
mal.
Tomas de Aquino era
frade e tinha afinidade
com a ética aristotélica.
Abraçou diversas ideias
de Aristóteles e
articulou com as
premissas do
cristianismo.
Curiosidade: ele criou o
termo “preço justo”.
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27. Ética na Idade Moderna: Antropocêntrica
Neste período houve um distanciamento da ética teocêntrica da idade medieval e a ética
antropocêntrica surgiu, a medida que o sistema feudal foi substituído pelo sistema capitalista de
produção.
O ser humano passou a ser o centro das discussões filosóficas, assim como foi na Grécia antiga.
Uma nova concepção moral baseada na autonomia dos homens.
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28. Ética Medieval
René Descartes é
reconhecido como primeiro
pensador moderno,
rompeu totalmente coma
ética moderna e propôs
instituiu a dúvida: só se
pode dizer que existe aquilo
que puder ser provado,
sendo o ato de duvidar
indubitável. A ética é
baseada na noção de
virtude e na noção de
felicidade.
Jean-Jacques Rousseau,
filósofo, teórico político,
escritor e compositor
autodidata suíço. Afirmava
que a consciência moral e o
sentimento de dever são
inatos, logo, nascemos
bons, mas a sociedade nos
corrompe. A “lei do
coração”. O que nos
diferencia dos animais é a
“inquietação moral”.
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29. Ética na Idade Moderna
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Livre-arbítrio/ Autonomia
31. Ética Kantiana: o dever
Immanuel Kant é visto como o principal filósofo da era moderna, realizou numerosos trabalhos na
ciência, matemática e física. Natural de Königsberg, Reino de Prússsia, nunca saiu de sua cidade e
tornou-se professor na mesma universidade que estudou.
Kant afirmava que a “razão humana” era legisladora, ou seja, capaz de elaborar normas universais
para os homens. Portanto o “ato moral” era aquele praticado de forma autônoma e consciente,
como também “por dever”.
Segundo ele, ser moral é a mesma coisa que ser racional. Porque ninguém pode nos obrigar a ser
racional, como também a ser moral.
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32. Ética Kantiana: o dever
Na ética kantiana há uma relação entre as ações e intenções que pode ser resumida assim:
Logo, a ética kantiana baseia-se no dever e não na felicidade, como a ética grega e medieval.
A mesma ação pode ser
praticada com diferentes
intenções (ter benefício
próprio ou dever).
Para saber o “valor moral”
desta ação é preciso
conhecer com qual
intenção foi praticada.
Uma ação só tem “valor
moral” se praticada em
nome do dever e sem outro
interesse.
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33. O Imperativo Categórico
Os imperativos categóricos de Kant são “guias” para viver uma vida mais ética, sem usar as pessoas
para conseguir algo (como meio) e sim considerar as pessoas como fim
(respeito/consideração/bem comum).
“Agir de tal forma que sua ação seja considera norma universal”.
“Tornar a humanidade como fim e não como meio”.
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35. A morte da ética?
Zygmunt Bauman é um sociólogo polaco e que ainda está vivo, produzindo uma série de livros sobre
as particularidades da sociedade líquida. Para ele, vivemos em tempos líquidos, onde valores e
padrões morais são efêmeros e não tem forma.
Em 1993 ele lança o livro Ética Pós-Moderna, a obra dedica-se a discutir se a atual moralidade está
com os dias contados e se a ética tem sua morte anunciada.
Para Bauman os grandes temas da ética não perderam nada de sua força, porém precisam ser
revistos e tratados de modo inteiramente novo. Nossa era, sugere ele, pode ainda representar uma
alvorada e não um entardecer para a ética.
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37. Bibliografia
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BAUMAN, Z. Entrevista a Revista Isto é. Disponível em: <
http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/102755_VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS+NADA+E+PARA
+DURAR+ > Acesso em 12 de fevereiro de 2016.
CECCATO, C. Filosofia antiga. Disponível em: http://profciroceccato.blogspot.com.br/p/filosofia-antiga.html.
Acesso em 10 de fevereiro de 2016.
CRESCENZO, L. História da filosofia grega: os pré-socráticos. Lisboa: Editorial Presença. 1988.
POLIEDO. Aula de Filosofia. Immanuel Kant - Parte I. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=BuvKyjhcS1o. Acesso em 08 de fevereiro de 2016.
PONDÉ, L. Vídeo Café Filosófico: o diagnóstico de Zygmunt Bauman para a pós modernidade. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=6xt-k2kkvb4. Acesso em 10 de fevereiro de 2016.
YAMAGA, R. Material da disciplina de Ética e Legislação. São Paulo: 2014.