O documento descreve a teoria do conhecimento de Immanuel Kant. Kant propõe que o conhecimento tem duas fontes: a experiência sensorial (a posteriori) e as estruturas inatas da mente (a priori). Ele defende que a razão e a experiência são necessárias para o conhecimento, discordando dos racionalistas e empiristas. O conhecimento resulta da aplicação de conceitos a priori à matéria fornecida pelos sentidos.
4. Pontos de partida de Kant
Kant reconhece que o conhecimento implica:
a existência de informações
sensoriais e de uma capacidade que só percepcionamos e explicamos
(do sujeito) para as captar a informação sensorial a partir
de uma «formatação»
que a nossa mente não é
uma espécie de «cera»
passiva que se limite que os dispositivos estruturais da razão
a gravar essas informações condicionam a experiência,
influenciando a concepção do mundo
que o sujeito é um conjunto de
dispositivos (formas da sensibilidade
e formas do entendimento) que que as coisas são conhecidas em
funcionam como um programa onde função das características da nossa
as informações são recebidas estrutura mental
e interpretadas, isto é, «formatadas»
6. Argumentos de Kant
Condições para que haja conhecimento:
um conhecimento (de um sujeito) à capacidade do sujeito para se deixar
só se pode referir a objectos impressionar pelo objecto chama‐se
mediante uma intuição sensibilidade
uma intuição (sensível) a sensibilidade fornece intuições
(representações obtidas através
pressupõe que um objecto
da experiência sensorial)
nos seja dado (tem de existir
um objecto real)
7. Argumentos de Kant
Condições para que haja conhecimento:
as intuições têm de ser pensadas: este objecto de conhecimento
o entendimento é a faculdade de pensar é o objecto construído pela
(organizar os dados dos sentidos, produzindo mente (moldado pelas formas
o objecto de conhecimento) do entendimento)
embora pressuponha a existência
do objecto externo, o conhecimento
depende das estruturas do sujeito
8. Argumentos de Kant
Existem duas fontes do conhecimento:
a fonte empírica:
recebe as representações sensíveis a sensação é o elemento
(é nela que o objecto percebido empírico do conhecimento:
ou construído pela mente, é dado é a posteriori
ao sujeito)
a fonte racional (ou pura): o conceito é o elemento
organiza as representações puro do conhecimento:
(é nela que o objecto percebido é
pensado mediante os conceitos)
é a priori
9. Argumentos de Kant
Características das faculdades que permitem ao sujeito que
o objecto lhe seja dado e o possa pensar:
a sensibilidade é a receptividade
do nosso espírito (é a faculdade que recebe
as intuições sensíveis)
o entendimento é a
espontaneidade de produzir
conceitos (é a faculdade que dá forma às
intuições sensíveis)
10. Argumentos de Kant
Características das faculdades que permitem ao sujeito
que o objecto lhe seja dado e o possa pensar:
o conhecimento resulta da colaboração entre a sensibilidade
e o entendimento. Sem a sensibilidade nenhum objecto nos
é dado; sem o entendimento nenhum objecto é pensado
nenhuma destas faculdades (sensibilidade e entendimento) tem
primazia sobre a outra: o conhecimento não é possível nem
válido sem a existência de intuições e de conceitos,
interligados: «Pensamentos sem conteúdo são vazios;
intuições sem conceitos são cegas.» (Kant)
12. Apriorismo, racionalismo
e empirismo
Kant concorda com os: Kant discorda dos:
racionalistas racionalistas
a razão é o elemento determinante a razão, sem o contributo da experiência,
no processo de conhecer não pode conhecer o mundo
empiristas
empiristas o conhecimento exige que o sujeito possua formas
não existe conhecimento sem a priori (da sensibilidade) para receber os dados
o contributo da experiência da experiência e formas a priori (do entendimento)
para organizar os dados sensíveis e construir
o objecto do conhecimento
O conhecimento é uma construção mental que exige dados (a posteriori)
e formas (a priori).
13. Apriorismo, racionalismo
e empirismo
Teorias explicativas do conhecimento – quadro comparativo
Origem do conhecimento Critério de verdade
Racionalismo As ideias inatas da razão A universalidade e a verdade do conhecimento são
(Descartes) As sensações são origem de erro garantidas pela evidência das ideias inatas e pelo
rigor da dedução
Empirismo Todo o conhecimento deriva das sensações A origem sensorial ou empírica do conhecimento
(Hume) Não há ideias inatas não permite considerá‐lo verdadeiro, reduzindo‐o
a uma probabilidade
Apriorismo Duas fontes do conhecimento
(Kant)
A sensibilidade gera as sensações Matéria do conhecimento (a posteriori)
O entendimento (a razão) Configura, isto é, dá forma às sensações,
organizando‐as segundo determinados modos
ou categorias (a priori ) – forma ou modos de unificar
os dados sensíveis
Conhecimento síntese de matéria e forma
expressa o modo como a razão humana (forma)
organiza as sensações (matéria)
não permite conhecer as coisas em si mesmas,
mas o que são para nós (e que depende do modo
como as apreendemos e organizamos)
16. Exercícios
Afirmações V / F
Afirmações V / F
Segundo Kant, há duas fontes do conhecimento: a empírica e a racional (ou pura). ?
V
A sensação, elemento empírico do conhecimento, é a posteriori. ?F
O conceito, elemento puro do conhecimento, é a priori.
?
V
A sensibilidade é a faculdade que recebe as intuições sensíveis.
?V
O entendimento é a faculdade que dá forma às intuições sensíveis. ?
V
17. Exercícios
Afirmações V / F
Afirmações V / F
Segundo Kant, o conhecimento é uma análise de matéria e forma. ?
F
Segundo Kant, o conhecimento é uma síntese de matéria e forma.
?
V
Segundo Kant, o conhecimento expressa o modo como a razão humana organiza
as sensações. ?
V
Segundo Kant, apenas podemos conhecer o que as coisas são para nós.
?
V
18. Exercícios
Afirmações V / F
Afirmações V / F
Kant concorda com os racionalistas: a razão é o elemento determinante
no processo de conhecer. ?
V
Kant concorda com os empiristas: não existe conhecimento sem
o contributo da experiência. ?
V
Kant discorda dos racionalistas: a razão, sem o contributo da experiência,
não pode conhecer o mundo. ?
V
Kant discorda dos empiristas: o conhecimento exige que o sujeito possua formas
a priori para receber e organizar os dados da experiência e construir o objecto
do conhecimento.
?
V
19. Exercícios
Afirmações V / F
Complete os espaços em branco
O apriorismo defende que o conhecimento resulta da aplicação de uma forma a
priori (conceitos puros) a uma matéria a posteriori (as intuições sensíveis).
Segundo Descartes, o «Eu penso» é a primeira ideia indubitável e permite justificar
a existência de Deus e das ideias inatas.
David Hume é um empirista: defende que as ideias têm uma impressão ou
sensação como origem e recusa as ideias inatas.
20. Glossário
Afirmações V / F
Intuição
Apreensão directa do objecto.
As intuições sensíveis são as sensações que
o objecto externo causa na sensibilidade
do sujeito. A intuição sensível é a matéria
do conhecimento.
21. Glossário
Afirmações V / F
Sensibilidade
Faculdade de se deixar impressionar pelo
objecto externo, isto é, apreender o objecto
na experiência sensível. Fornece a matéria
do conhecimento – é uma faculdade
passiva.
22. Glossário
Afirmações V / F
Entendimento
É a faculdade racional que permite pensar,
isto é, organizar e unificar as intuições
sensíveis (os dados dos sentidos) mediante
conceitos puros. Fornece a forma
do conhecimento – é uma faculdade activa.
23. Glossário
V / F
Empírico
Relativo à experiência.
24. Glossário
V / F
A posteriori
(à letra, o que vem depois de…)
O que provém da experiência,
sinónimo de empírico.
25. Glossário
V / F
Sensação
O elemento empírico do conhecimento, isto
é, o elemento a posteriori, ou intuição
empírica – é a matéria do conhecimento.
26. Glossário
V / F
Puro
Aquilo que é de natureza lógica, ou racional.
É absolutamente independente
da experiência.
27. Glossário
V / F
A priori
(à letra, o que antecede algo…)
O que é, por definição, absolutamente
independente da experiência. Sinónimo
de puro, racional.
28. Glossário
V / F
Receptividade
É a capacidade da sensibilidade gerar
sensações, que fornece, depois,
ao entendimento.
29. Glossário
V / F
Espontaneidade
É a capacidade do entendimento para
produzir os conceitos puros, que,
organizados em categorias, se aplicam à
matéria
do conhecimento.
30. Glossário
V / F
Conceito
Elemento puro do conhecimento, isto é,
a priori. É o elemento que dá forma à
matéria.
31. Glossário
V / F
Conhecimento
No contexto do apriorismo kantiano,
é a união da matéria com a forma e resulta
da colaboração entre a sensibilidade
e o entendimento.
32. Glossário
V / F
Forma
No contexto do apriorismo kantiano,
forma é o elemento lógico e racional,
ou a priori, necessário para transformar
os dados da sensibilidade em objecto
do conhecimento.
33. Glossário
V / F
Matéria
No contexto do apriorismo kantiano,
matéria é o elemento empírico, ou a
posteriori, do conhecimento, proveniente
da sensibilidade – a faculdade que apreende
o objecto na experiência sensível.
34. Glossário
V / F
Apriorismo
Teoria em que Immanuel Kant defende que
o conhecimento resulta da aplicação de
uma forma, a priori (conceitos puros), a uma
matéria, a posteriori (intuições sensíveis).
35. Não se esqueça de fazer os exercícios
Jorge Barbosa, 2010
JB, 2010 35