O documento discute a avaliação e tratamento de feridas, enfatizando a importância de se encarar o paciente portador de feridas como um ser humano com necessidades emocionais. O tratamento de feridas requer uma abordagem bioética que respeite a dignidade do paciente. O enfermeiro desempenha um papel fundamental no tratamento, fornecendo conforto e educando o paciente.
2. “É importante, antes de mais nada, ressaltar que o
cliente portador de qualquer tipo de ferida deve
ser encarado como um sujeito que se emociona,
que sente, que deseja e que, como qualquer
outro, tem necessidades.”
(Silva et al, 2007)
3. Como recebemos o paciente
portador de feridas...
Paciente Estigmas
Preconceitos
Fragilizado
Odores e secreções
Dores
Baixa auto-estima
Recuperação longa
Perspectivas
Sequelas
Quantos mecanismos de defesa psicológica
desenvolvemos durante o processo de tratamento?
4. Cuidar de feridas é um processo dinâmico,
complexo, no qual o enfermeiro deve ter uma
visão ampla e tem importante papel no seu
desenvolvimento.
Não é apenas a realização do curativo
5. Enfermeiro
- Confiança
- Tranquilidade
- Educação continuada
- Serenidade é essencial
- Elo entre equipe médica e paciente
- Examina e diagnostica as necessidades
- Integralidade
6. “O cuidar da ferida de alguém vai muito além
dos cuidados gerais ou da realização de
um curativo. Uma ferida pode não ser
apenas uma lesão física, mas algo que dói
sem necessariamente precisar de
estímulos sensoriais; uma marca ou uma
mágoa, uma perda irreparável ou uma
doença incurável. A ferida é algo que
fragiliza e muitas vezes incapacita.”
Jorge & Dantas (2003)
7. O tratamento de
feridas requer da
enfermagem uma
postura bioética que
seja condizente
com a compreensão
do ser humano
como uma pessoa
revestida de toda
sua dignidade.
9. Lesões de Pele / Feridas
Qualquer interrupção na continuidade da pele
por rompimento de suas camadas de forma
intencional (cirúrgica) ou acidental (trauma)
Impede o desempenho das funções básicas da
pele
As feridas podem variar em espessura. podendo
atingir desde a epiderme até estruturas mais
profundas
10. Ética x Tratamento de Feridas
Ética - tenta criar regras e normas de
condutas para a atividade livre do ser humano,
orientada pelos preceitos morais mais aceitos.
Quem são nossos pacientes?
- Fragilizados com odores e secreções
- Dor: física e na “alma”
- Baixa auto-estima
- Tratamento prolongado
- Sequelas e complicações
11. Moral x Ética no Tratamento de
Feridas
Manifesta-se no uso e
costumes do indivíduo
e da sociedade
Aspectos práticos da
vida do indivíduo e da
sociedade
Caráter de norma de
conduta
Ética
O tratamento de feridas requer da enfermagem uma
postura bioética que seja condizente com a
compreensão do ser humano como uma pessoa
revestida de toda sua dignidade.
Moral
12. O Código Penal brasileiro destaca que
crime culposo é aquele em que “o agente
deu causa ao resultado por imprudência,
negligência ou imperícia”.
ImperíciaImprudência
Forma de agir
sem a devida
cautela, com
precipitação ou
insensatez
Inércia, inação,
passividade,
agir por
indolência ou
“preguiça
mental”
Falta de conhe-
cimento técnico
da profissão
Negligência
13. Exemplo
As lesões por úlcera por pressão muitas
vezes podem estar associadas ao ato
omisso e negligente do profissional que
deixa de mobilizar o cliente no leito,
quando este está impossibilitado, visto
que é sabido que a pressão exercida
sobre a pele e às estruturas ósseas, por
tempo superior a duas horas, causa
pressão externa ao corpo maior do que a
pressão dos capilares, o que leva à
isquemia.
14. Autonomia do Enfermeiro na
Prevenção e Tratamento de
Feridas
Art.1 Cap.1 da Resolução COFEN n.240/2000
“...Atua na promoção, proteção e recuperação da
saúde e reabilitação das pessoas...”
Art.6 Cap.1 da Resolução COFEN n.240/2000
“O profissional de enfermagem exerce a profissão
com autonomia, respeitando os preceitos legais
da enfermagem”
A prescrição da utilização de colchões especiais,
aplicação de hidratantes para a pele e/ou de
todos outros produtos de higiene pessoal e
15. Autonomia do Enfermeiro na
Prevenção e Tratamento de
Feridas
Protocolos - Desenvolvimento, aprovação e
implementação
Debridamento: Ato médico???
Auto-avaliação de competência
Profissional mais capacitado na equipe
16. Anamnese
Identificação da lesão
- Tipos
- Sistema de Avaliação
Patologias associadas
Fatores de risco complicações
17. Classificação da ferida
As feridas podem ser classificadas de
formas diferentes:
◦ Etiologia
◦ Maneira como foram produzidas
◦ Grau de contaminação
◦ Cor do leito
18. Feridas Agudas: As feridas agudas, são originadas de
cirurgias ou traumas e a reparação ocorre em tempo
adequado, geralmente sem complicações
Exemplos: incisão cirúrgica, queimaduras e abrasões.
Etiologia
19. Feridas Crônicas: As feridas crônicas, são aquelas
que não são reparadas em tempo esperado e
apresentam complicações
Exemplos: Ulcera venosa, úlcera diabética, úlcera por
pressão e lesões vegetantes malignas
Etiologia
20. Quanto ao Mecanismo de
Lesão
◦ Incisas/cirúrgicas
◦ Contusas
◦ Lacerantes
◦ Perfurantes
◦ Venenosa
◦ Iatrogênica
21. Feridas Incisas ou Cirúrgicas
◦ São aquelas produzidas por um
instrumento cortante.
22. Feridas Contusas
◦ São produzidas por objeto rombo e são
caracterizadas por traumatismo das partes
moles, hemorragia e edema.
23. Feridas Laceradas
◦ São aquelas com margens irregulares como
as produzidas por vidro ou arame farpado.
24. Feridas Traumáticas
Ferida traumática é a "lesão
tecidual, causada por agente
vulnerante que, atuando sobre
qualquer superfície corporal,
promove uma alteração na
fisiologia tissular. As lesões
traumáticas podem variar de
simples escoriações a lesões
amplas, que podem causar
deformidades ou amputações.
26. Ferida Iatrogênica
◦ São lesões secundárias a procedimentos ou
tratamentos como radioterapia,
quimioterapia
27. Dermatite Associada à
Incontinência - DAI
•Dermatose inflamatória que atinge
o períneo,região glútea, abdômen
inferior e coxas, causada pelo
contato de pele com fezes e urina
em ambiente úmido ,quente e
fechado pela fralda.
•É resultado da exposição crônica
da pele à materiais urinários e
fecais;
28. Feridas Causadas por
Adesivos
Ocorre um traumatismo
tecidual causado pela
remoção de fitas adesivas
e curativos e podem levar
à exacerbação da dor,
aumento da tamanho da
ferida e retardo na
cicatrização;
29. Skin Tears
Rasgo na pele
Ocorre devido a separação da epiderme da
derme
Fragilidade capilar
30. Classificação das Feridas
Quanto ao grau de contaminação, as
feridas podem ser:
Limpas
Limpas-contaminadas
Contaminadas
Sujas e infectadas.
31. Feridas Limpas
◦ São as produzidas em ambiente cirúrgico,
sendo que não foram abertos sistemas
como o digestório, respiratório e genito-
urinário.
◦ A probabilidade da infecção da ferida é
baixa, em torno de 1 a 5%.
32. Ferida Limpa-Contaminada
Também são conhecidas como
potencialmente contaminadas;
contaminação grosseira, por exemplo nas
ocasionadas por faca de cozinha, ou nas
situações cirúrgicas em que houve abertura
dos sistemas contaminados descritos
anteriormente.
O risco de infecção é de 3 a 11%.
33. Ferida Contaminada
Há reação inflamatória;
Tiveram contato com material como terra,
fezes, etc.
São consideradas contaminadas aquelas em
que já se passou seis horas após o ato que
resultou na ferida.
O risco de infecção da ferida já atinge 10 a
17%.
36. Classificação pela cor do leito
VERMELHO AMARELO PRETO
Aparência úmida,
brilhante, limpa,
granulada
Saudável
Hidratar, absorver
Em fase de
cicatrização
Apresenta material
fibrótico, infecção
Esfacelo
Absorver,
desbridar, proteger
leito, tratar
infecção
Coberta por tecido
necrótico
Desbridar e
hidratar
37.
38. Úlcera Por Pressão - UPP
Segundo a NPUAP (National Pressure Ulcer
Advisory Panel):
“áreas de necrose tissular, que tendem a se
desenvolver quando o tecido mole é comprimido
entre uma proeminência óssea e uma superfície
externa, por um longo período de tempo”
39. Quem são esses clientes?
Cliente hospitalizado
Acamado
Restrição de movimentos
Sequelas e complicações
Longos tratamentos
Estão direta ou indiretamente relacionados
com cuidados de enfermagem
40. Úlcera por Pressão - UPP
Aumento dos custos
Interfere no bem-estar físico, mental e espiritual
Cuidados da família
Cuidado especializado
42. Classificação das UPP
Categoria I
Categoria II
Categoria III
Categoria IV
Não classificáveis
ou sem classificação
43. Categoria I
Eritema não
branqueável em
pele íntegra
Calor, edema,
endurecimento ou
dor podem estar
presentes
44. Categoria II
Perda parcial da
espessura
Pouco profunda
Leito da ferida rósea ou
vermelha
Sem esfacelos
Pode apresentar bolha
intacta ou rota com
exsudato seroso ou
serosanguinolento
45. Categoria III
Perda total da
espessura da pele
Tecido subcutâneo
visível
Pode apresentar
esfacelo
Cavidades e tunelização
Osso e tendão não são
visíveis
46. Categoria IV
Perda total da espessura
dos tecidos
Músculo / Osso visível
Podem aparecer
esfacelos ou necroses
Frequente tunelização
48. Prevenção das UPP
Avaliação de risco na pele – escalas de
avaliação
Cuidados com a pele
Redução da pressão
Educação
49. Avaliação do grau de risco - Escala de Braden*
Percepção
Sensorial
1.Totalmente
limitado
2. Muito limitado
3.Levemente
limitado
4.Nenhuma
limitação
Umidade 1.Excessiva 2. Muita 3.Ocasional 4.Rara
Atividade 1.Acamado
2. Confinado a
cadeira
3.Deambula
ocasionalmente
4.Deambula
freqüentemente
Mobilidade 1.Imóvel 2. Muito limitado
3.Discreta
limitação
4.Sem limitação
Nutrição 1.Deficiente 2. Inadequada 3.Adequada 4.Excelente
Fricção e
Cisalhamento
1.Problema
2. Problema
potencial
3.Sem
problema
aparente
--------------
Total:
Risco Brando
15 a 16 ( )
Risco Moderado de
12 a 14 ( )
Risco Severo
abaixo de 11 ( )
16 September 2015
50. Cuidados de enfermagem na
prevenção das UPP
Incluir a avaliação completa da pele na triagem
Inspecionar a pele a cada mudança de decúbito
Treinar equipe para fazer avaliação global da pele
Busca de danos ocasionados por dispositivos
Solicitar ao paciente que informe locais que
estejam sentindo algum tipo de incomodo
Mudança de decúbito 2/2h (padrão ouro)
Técnica correta para mudança de decúbito
Controle da umidade
Nutrição e hidratação
55. Parâmetro Conteúdo
M Measure (medida) Comprimento, largura, profundidade e
área
E Exudate (exsudato) Quantidade e qualidade
A Appearence
(aparência)
Leito da ferida, tipo e quantidade de
tecido
S Suffering (dor) Tipo e intensidade de dor
U Undermining
(descolamento)
Presença ou ausência
R Re-avaluation
(reavaliação)
Monitorização periódica de todos os
parâmetros
E Edge (borda) Condição das bordas da ferida e da
pele adjacente
Sistema de Avaliação
56. Medida (M)
O tamanho e o formato de uma ferida alternam-se
durante o processo de cicatrização.
Forma de acompanhamento do processo de
cicatrização.
Deve ser feita com regularidade (aguda / crônica)
Feridas agudas evoluem com maior rapidez e a
medida deve ser feita a cada troca de cobertura
57. Medida (M)
Mensuração simples
- Comprimento x largura
- Método mais simples
- Melhor utilização em cavidades pequenas
58. Medida (M)
Medida da área da ferida
- Decalque ou modelagem da ferida
- Utilização de papel quadriculado – colocar
o desenho da lesão sobre papel
quadriculado e calcular a área coberta
- Recomendado o uso simultâneo do
desenho e a fotografia da lesão
- Fotografia ***
59. Medida (M)
Mensuração do volume
- Quando as feridas são profundas, pode
ser útil a mensuração do seu volume
- Mede-se a profundidade e multiplica-se
pela área
60. Exsudato (E)
Varia de acordo com o processo de
cicatrização
Deve-se avaliar: quantidade, qualidade e
odor
O odor pode indicar processo infeccioso
Algumas coberturas podem produzir mau
odor
• Quantidade
- mínimo
- moderado
- intenso
• Qualidade (tipos)
- Seroso
- Sanguinolento
- Purulento
- Misto
61. Aparência (A)
Indicação do estágio de cicatrização
alcançado ou de qualquer complicação
presente
Podem ser classificadas como:
- Com necrose
- Com infecção
- Com esfacelo / tecido desvitalizado
- Com tecido de granulação
- Com tecido de epitelização
62. Aparência (A)
Feridas com necrose
- Uma área de tecido que se torna isquêmica
durante algum tempo morrerá
- Formação de crosta com cor preta ou
marrom
- Mascara o tamanho real da ferida, necessita
intervenção para que essa ferida cicatrize
63.
64. Aparência (A)
Feridas com infecção
- Sinais: dor, calor, edema, eritema e pus
- Os sinais variam de acordo com o agente
65. Aparência (A)
Feridas com esfacelo
- Forma de fragmentos sobre a superfície
da lesão, podendo cobrir grandes áreas
- Composto de células mortas que se
acumulam no exsudato
- Com cor branca/amarela
- Pode estar relacionado com o fim do
estágio inflamatório do processo de
cicatrização
66.
67. Aparência (A)
Feridas com tecido de granulação
- Está relacionado com o estágio de
restauração tissular
- A cor da ferida é vermelha
- As paredes dos vasos capilares são bem
finas e facilmente lesadas – sangram com
facilidade
68.
69. Aparência (A)
Feridas com tecido de epitelização
- À medida que o epitélio nas bordas começa a
a se dividir rapidamente, a margem se torna
ligeiramente elevada e adquire uma
coloração azulada-rósea.
70. Dor (S)
No tratamento de feridas crônicas é
necessário avaliação e controle da dor
O aumento da intensidade da dor pode ser
um indicador de infecção
A remoção de coberturas e outras
atividades de cuidado com a ferida pode
causar dor
Utilizar escala da dor
71.
72. Descolamento (U)
Feridas com cavidades
Importante para identificar descolamento,
fístula ou tunelização.
Utilização de cotonete estéril/swab com o
objetivo de medir a extensão do
descolamento
Facilita a determinação das condutas
73. Reavaliação (R)
Tem como objetivo verificar qualquer sinal
de complicações e monitorar progressos
A frequência dessa conduta varia de
acordo com o tipo de ferida, mas na
maioria das feridas crônicas, elas devem
ocorrer a cada 1-2 semanas
74. Borda ou Margem (E)
Avaliação das margens da ferida e a pele
perilesional
Fornece informações úteis referentes às
condições da etiologia e da cicatrização
Características (borda):
- Plana/elevada
- Regular/ irregular
77. Curativo
limpeza, debridamento e indicação de
cobertura
a própria substância ou os componentes ativos
exerçam dupla função: atuar interativamente
no leito da ferida e permitir a sua oclusão com
o meio externo
Coberturas
78. Objetivos
◦ Prevenir a contaminação;
◦ Promover a cicatrização;
◦ Proteger a ferida;
◦ Absorver secreção e facilitar a drenagem;
◦ Aliviar a dor.
79. Classificação das Coberturas
Passivos: São aqueles que simplesmente
ocluem e protegem a lesão, não sendo
valorizada nem sua atuação nem as
demandas específicas da ferida (p.ex., gazes)
Interativos: Mantêm um microambiente úmido
favorecendo a restauração do tecido
danificado (p.ex.,filmes, HDC, espumas)
Bioativos: Estimulam diretamente substâncias
ou reações na cascata de cicatrização (p.ex.,
fatores de crescimento, colágenos)
80. Classificação das Coberturas
Quanto a sua relação de contato com o
leito da ferida
Primária são aquelas colocadas diretamente
sobre a ferida e que satisfaçam as suas
necessidades
Secundárias são aquelas colocadas sobre a
cobertura primária, quando necessário, tem
função terapêutica, de proteção ou fixação,
aumentando a habilidade da cobertura
primária
84. Terapias Complementares no Tratamento
de Feridas
O tratamento de feridas envolve mais do que o uso
de curativos e pomadas
Novas tecnologias:
- Terapia de pressão negativa
- Laser
- OHB
Profissional de saúde conhecimento
- Materiais
- Fisiologia da cicatrização
85. Importante!
O tratamento da ferida é um processo dinâmico,
que depende de avaliações sistematizadas e
deve ser feito de forma individualizada
Os recursos financeiros para a terapia devem
ser avaliados no momento da escolha do
tratamento
Deve-se considerar:
◦ Fatores individuais do paciente
◦ Recursos materiais e humanos
◦ Indicação, contra-indicação e custos
86. Adotar atitudes positivas
Dar explicações claras sobre o tratamento e o
prognóstico
Promover a participação do paciente e/ou
familiares
Evitar comentários desnecessários em relação à
doença ou ao tratamento
Importante!