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Disciplina: Língua Portuguesa
Profa. Dra. Ilka Mota
RESUMO DA AULA: LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO
O que a gente faz quando a gente se encontra?
A gente conversa!
Toda mensagem causa uma reação.
Uma mensagem pode causar humor, tristeza, ira, sedução, convencimento, nojo, horror, etc.
Toda vez que alguém compreende uma mensagem é porque houve comunicação.
Toda vez que uma comunicação causa como reação outra mensagem é porque houve interação.
A fala humana causa reações, interfere no comportamento de quem as houve.
===
CONCEITUANDO
Comunicação: Ocorre quando interagimos com outras pessoas utilizando a linguagem.
Linguagem: É um processo comunicativo pelo qual as pessoas interagem entre si.
Para se comunicar as pessoas podem fazer uso de linguagem verbal, gesticulação, expressões corporais e
faciais e movimentos. Tudo isso é linguagem.
Além da linguagem verbal, há a linguagem não-verbal: música, dança, mímica, pintura, fotografia, escultura,
placas de trânsito, etc.
As mensagens são estruturadas basicamente em gesto, som, movimento, imagem, etc.
Há também as linguagens mistas, como as histórias em quadrinhos, cinema, teatro, programas de TV.
Com a informática apareceu a linguagem digital ou linguagem de programação.
Para se constituir a comunicação são necessários que se constituam os interlocutores da mensagem.
Interlocutores: São as pessoas que participam do processo de interação por meio da linguagem.
Locutor é quem emite a mensagem.
Locutário é que recebe a mensagem.
Ambos são interlocutores.
===
O CÓDIGO
A língua portuguesa é um código verbal.
Código é uma convenção estabelecida.
Palavra oral e escrita, sinais de trânsito, símbolos, código morse, buzinas de carros, etc.
Código: é um conjunto de sinais convencionados socialmente para a construção e a transmissão de
mensagens.
Códigos são usados para transmissões rápidas.
===
LÍNGUA
Qual a língua que mais usamos?
Quando e para quê a usamos?
Quais as vantagens de se dominar bem uma língua?
O que significa dominar uma língua?
Forma, Significado, Estrutura, Pragmática
Garantir o futuro para trabalhar o presente e garantir para estudar.
Trabalhar para garantir o presente e estudar para garantir o futuro.
Língua: é um código formado por signos (palavras) e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se
comunicam e interagem entre si.
A língua pertence à coletividade;
Um indivíduo não consegue fazer uma língua sozinho.
Tem que haver convenção social.
Embora falar ou escrever, enfim, expressar-se, seja um ato individual, sempre se produz uma mensagem para
alguém, neste aspecto passa-se a ser uma atividade social. Por isso os interlocutores devem estar
convencionados com a Língua em uso, ou seja, admitir e praticar, ou tacitamente ter por convenção tal condição
para as relações sociais
Quais os aspectos devem ser levados em consideração quando se produz uma mensagem?
A língua não é imutável, ela evolui. Está sempre em evolução.
As palavras podem:
Ganhar ou perder fonemas;
Ganhar ou perder letras;
Ganhar ou perder sinais;
Mudar ou ganhar significados;
Receber palavras emprestadas de outras línguas.
===
A Língua Portuguesa, como as demais línguas neolatinas, originou-se do latim vulgar e surgiu em meados do
século XII, ainda como galego-português. Durante a expansão marítima, no século XV, foi levada pelos
portugueses a outros continentes. Hoje é falada por cerca de 200 milhões de habitantes, em Portugal, Brasil,
Moçambique, Angola, Cabo Verde, Macau, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste.
===
Onde se fala melhor o português no Brasil?
Você já deve ter ouvido esse tipo de pergunta. E também resposta como “no Maranhão”, “no Rio de Janeiro”,
“no Rio Grande do Sul”, justificadas por motivos históricos, sociais, culturais. Porém, de acordo com a visão
contemporânea da língua, não existe um modelo linguístico que deva ser seguido, nem mesmo o português
lusitano.
Todas as variedades linguísticas regionais são perfeitamente adequadas à realidade onde surgiram. Em certos
contextos, aliás, o uso de outra variedade, mesmo que seja a língua padrão, é que pode soar estranho e até
não cumprir sua função essencial de comunicar.
===
Canal: Telefone
A escola é o melhor lugar do
mundo!
Emissor Receptor
Referente
Mensagem
Código: Língua
Portuguesa
Roman Jakobson
Signo Linguístico: Unidade ou sinal básico convencionado de um sistema de comunicação ou linguagem.
A língua sofre mudanças ao longo do tempo e por influências geográficas, históricas, econômicas, de grupos
sociais, de grupos profissionais, de grupos de gênero e idade, de graus de formalidade, etc.
Professora Ilka de Oliveira Mota Disciplina: Língua Portuguesa
Conteúdo Programático: Língua, variação linguística e sociedade.
O texto que vem a seguir é a letra de uma das músicas de Adoriran Barbosa, o mesmo compositor de Saudosa Maloca, O samba do
Arnesto e Trem das onze.
SAMBA NO BIXIGA
Domingo nóis fumo, num samba no bixiga
Na Rua Major, na casa do Nicola
Á mezza notte o'clock, saiu uma baita duma briga
Era só pizza que avoava, junto com as brajola
Nóis era estranho no lugar
E não quisemo se meter
Não fumo lá pra brigar
Nóis fumo lá pra comer’
Na hora H , se infiemo debaixo da mesa
Fiquemo ali de beleza, vendo o Nicola brigá
Dali a pouco escuitemo a patrulha chegar
E o sargento Oliveira falar: __"Num tem importância , vou chamar duas ambulância !"
Carma pessoar ! A situação aqui tá muito cínica !
Os mais pior vai pras Crínica
Questão 1
1) Como se sabe, é comum Adoniran usar em suas letras uma variante do português que mistura certos traços da linguagem caipira com
a fala dos imigrantes italianos do Bexiga (conhecido bairro de São Paulo) para figurativizar personagens.
a) além de mesclar o italiano com a fala caipira, há no texto uma outra mistura lingüística curiosa: transcreva a passagem em que o autor
embaralha italiano com inglês.
b) Que efeito de sentido produz essa mistura?
Questão 2
a) Transcreva um trecho em que se usa uma forma verbal do italiano conjugada com um verbo português.
b) Transcreva um exemplo em que, à maneira caipira, não se faz a concordância do verbo com o sujeito e um exemplo em que o substantivo
não está concordando com o artigo.
Questão 3
saiu uma baita duma briga
Era só pizza que avoava,
junto com as brajola
a) O efeito de espontaneidade dessa passagem depende em grande parte da escolha de duas palavras da fala coloquial popular.
Transcreva-as, substituindo-as pelas formas da língua culta escrita.
b) No mesmo trecho há duas palavras próprias do léxico de um falante ítalo-brasileiro. Quais são elas?
QUESTÃO 4
Há circunstâncias de comunicação que, dada a solenidade que envolvem, exigem um uso mais cuidadoso e apurado da linguagem.
Falar em público é uma dessas ocasiões, como foi o caso do reeducando do grande presídio do Carandiru em São Paulo, incumbido
de fazer a apresentação de um “show” da atriz Rita Cadillac.
Eis como o médico Dráuzio Varella transcreve um trecho dessa apresentação:
Prezados reeducandos deste estabelecimento penal o humilde locutor que vos dirige o verbo tem a honra de anunciar esta grande
artista figurativa da televisão. Musa indomável da arte dançarina. Aquela que foi a bailarina crooner do impredizível Chacrinha,
que Deus o tenha. Nesse momento festivo, convido para adentrar ao palco a madrinha da Casa de Detenção: Rita Cadillac!
(VARELA, Dráuzio. Estação Carandiru. São Paulo. Companhia das Letras, 1999, pág. 77).
a) O uso da variante lingüística escolhida pelo reeducando foi apropriada? Comente sua resposta.
b) Dependendo da resposta dada em a, reescreva o trecho, fazendo as adaptações lingüísticas exigidas pela situação.
Sociolinguística: ciência que estuda as relações entre língua e sociedade;
Língua: instrumento de comunicação, de interação, de informação e de expressão entre os falantes;
Língua ≠ uniforme, monolítica Língua = heterogênea
Objeto de estudo: língua falada e escrita, observada, descrita e analisada em seu contexto social, em situações reais de uso.
Variação linguística:
“Uma característica de todas as línguas do mundo é que elas não são unas, não são uniformes, mas apresentam variedades, ou
seja, não são faladas da mesma maneira por todos os seus usuários. Muitas pessoas dizem que isso ocorre na nossa língua porque
“os brasileiros não sabem direito o português”. Não é verdade, todas as línguas apresentam variações: o inglês, o francês, o
italiano etc. também as línguas antigas tinham variações. O português e as outras línguas românicas (o francês, o espanhol, o
italiano, etc) provêm de uma variedade do latim, o chamado latim vulgar (popular), muito diferente do latim culto. A variação
lingüística é inerente ao fenômeno lingüístico”. (cf. Platão et Fiorin, 1999)
A variação ocorre em todos os níveis da língua (no nível dos sons, da morfologia, da sintaxe)
No nível lexical: papagaio e pipa, jerimum e abóbora ou ainda aipim e mandioca;
No nível fonético: o l final de sílaba é pronunciado como consoante pelos gaúchos, enquanto em quase todo o restante do Brasil é
vocalizado (pronunciado como um u); o r final de silaba é pronunciado de maneira bem distinta por um carioca e por uma pessoa do
interior de São Paulo; em certos segmentos sociais, troca-se o l pelo r (diz-se arto e não alto);
No nível sintático: Em certos seguimentos sociais e em certas situações não se realiza a concordância verbal ou a nominal (eles
bebeu muito naquela noite; os home); em algumas regiões do país, usam-se formas próprias da sintaxe do italiano (somos em seis);
No nível morfológico: conjugam-se muitas vezes, por analogia, os verbos irregulares como regulares (ansio em lugar de anseio,
se eu repor em lugar de seu repuser, manteu por manteve).
 Variação (variante) diatópica: são as variações de uma região para outra
As línguas variam de região para região, de grupo social para grupo social, de situação para situação. O cruzamento desses fatores
torna ainda mais complexo o fenômeno da variação. Assim, temos, por exemplo, um falar gaúcho e um paulista. No falar gaúcho,
podemos identificar uma variante popular e uma culta. Dentro da variedade popular gaúcha, temos um falar formal e um informal.
 Variação (variante) diastrática:
As variações de um grupo social para outro são chamadas variantes diastráticas.
Essas variações são muito numerosas: as gírias, os jargões etc. No texto de Júlia Medaglia, na gíria dos jovens roqueiros, procura-
se transmitir um recado não só à prefeita de São Paulo, mas também a jovens roqueiros, de que é preciso valorizar a música erudita.
 Variação diafásica
As variações de uma situação de comunicação para outra são denominadas variantes diafásicas. Todos sabemos que há situações
que permitem uma linguagem bem informal (uma conversa com os amigos num bar) e outras que exigem um nível mais formal
de linguagem (um jantar de cerimônia). Cada uma dessas situações tem construções e termos apropriados.
 Variação diacrônica: As línguas não são estáticas, mas mudam através do tempo. Basta comparar um romance escrito no século
XIX com um produzido agora.
Texto 1
Aqui é bandido: Plínio Marcos. Atenção, malandrage! Eu num vô pedir nada, vô te dá um alô!
Te liga aí: Aids é uma praga que rói até os mais fortes, e rói devagarinho. Deixa o corpo sem defesa
contra a doença. Quem pegá essa praga está ralado de verde e amarelo, de primeiro ao quinto, e sem
vaselina. Num tem dotô que dê jeito, nem reza brava, nem choro, nem vela, nem ai, Jesus. Pegou
Aids, foi pro brejo! Agora sente o aroma da perpétua: Aids pega pelo esperma e pelo sangue,
entendeu? pelo esperma e pelo sangue! (Pausa)
Eu num tô te dando esse alô pra te assombrá, então se toca! Não é porque tu tá na tranca que
virou anjo. Muito pelo contrário, cana dura deixa o cara ruim! Mas é preciso que casa um se cuide,
ninguém pode valê prá ninguém nesse negócio de Aids. Então, já viu: transá, só de acordo com o
parceiro, e de camisinha! (Pausa)
Agora, tu aí que é metido a esculachá os outros, metido a ganhá o campanheiro na força bruta,
na congesta! Pára com isso, tu vai acabá empesteado! Aids num toma conhecimento de macheza,
pega pra lá, pega pra cá, pega em home, pega em bicha, pega em mulhé, pega em raçadeira! Pra essa
peste num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E fica um tempão sem sabê. Daí, o mais malandro,
no dia da visita, recebe mamão com açúcar da família e manda pra casa o Aids! E num é isto que tu
qué, né, vago mestre? Então te cuida. Sexo, só com camisinha. (Pausa)
Quem descobre que pegô a doença se sente no prejuízo e quer ir à forra, passando pros outros.
(Pausa) Sexo, só com camisinha! Num tem escolha, transá, só com camisinha.
Quanto a tu, mais chegado ao pico, eu tô sabendo que ninguém corta o vício só por ordem da
chefia. Mas escuta bem, vago mestre, a seringa é o canal pra Aids. No desespero, tu não se toca, num
vê, num qué nem sabê que, às vezes, a seringa vem até com um pingo de sangue, e tud mete ela direto
em ti. As vezes, ela parece que vem limpona, e vem com a praga. E tu, na afobação, mete ela direto
na veia. Aí tu dança. Tu, que se diz mais tu, mas que diz que num pode agüentá a tranca sem pico, se
cuida. Quem gosta de tu é tu mesmo. (Pausa) E a farinha que tu cheira, e a erva que tu barrufa
enfraquece o corpo e deixa tu chué da cabeça e dos peitos. E aí tu fica moleza pro Aids! Mas o pico
é o canal direto pra essa praga que está aí. Então, malandro, se cobre. Quem gosta de tu é tu mesmo.
A saúde é como a liberdade. A gente dá valor pra ela quando já era!
Questões:
a) Que tipo de texto é esse?
b) Quem são os interlocutores do texto em questão?
c) Por que, em sua opinião, o locutor fez essa escolha lexical e não outra?
d) Qual o ‘recado’ (leia-se mensagem) do locutor?
e) Como você deve ter percebido, há fortes traços linguísticos característicos da oralidade. Aponte
alguns deles.
Texto B
Bailemos agora, por Deus, ai velidas,
So aquestas aveladeiras frolidas
E que for velida, como nós velidas, se amig’amar,
So aquestas avelaneiras frolidas
Verrá bailar! D. Joam Garcia de Guilharde
Texto C
Antigamente
Antigamente a s moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não
faziam anos:
Vamos refletir e discutir!
1) Em que momentos você se percebe monitorando seu estilo?
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2) Em que momentos você se sente mais livre para falar com as pessoas, isto é, sem se preocupar
em demasia com aspectos linguísticos e gramaticais da língua portuguesa?
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3) Cite alguns domínios sociais em que se exigem do sujeito maior e menor monitoração
linguística.
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Conteúdo programático: leitura e compreensão de texto
O arquivo
Victor Giudice
No fim de um ano de trabalho, joão obteve uma redução de quinze por cento em seus vencimentos.
joão era moço. Aquele era seu primeiro emprego. Não se mostrou orgulhoso, embora tenha sido um
dos poucos contemplados. Afinal, esforçara-se. Não tivera uma só falta ou atraso. Limitou-se a sorrir,
a agradecer ao chefe.
No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do centro da cidade. Com o salário reduzido,
podia pagar um aluguel menor.
Passou a tomar duas conduções para chegar ao trabalho. No entanto, estava satisfeito. Acordava mais
cedo, e isto parecia aumentar-lhe a disposição.
Dois anos mais tarde, veio outra recompensa. O chefe chamou-o e lhe comunicou o segundo corte
salarial. Desta vez, a empresa atravessava um período excelente. A redução foi um pouco maior:
dezessete por cento. Novos sorrisos, novos agradecimentos, nova mudança. Agora joão acordava às
cinco da manhã. Esperava três conduções. Em compensação, comia menos. Ficou mais esbelto. Sua
pele tornou-se menos rosada. O contentamento aumentou.
Prosseguiu a luta. Porém, nos quatro anos seguintes, nada de extraordinário aconteceu. joão
preocupava-se. Perdia o sono, envenenado em intrigas de colegas invejosos. Odiava-os. Torturava-se
com a incompreensão do chefe. Mas não desistia. Passou a trabalhar mais duas horas diárias.
Uma tarde, quase ao fim do expediente, foi chamado ao escritório principal.
Respirou descompassado.
— Seu joão. Nossa firma tem uma grande dívida com o senhor. joão baixou a cabeça em sinal de
modéstia.
— Sabemos de todos os seus esforços. É nosso desejo dar-lhe uma prova substancial de nosso
reconhecimento.
O coração parava.
— Além de uma redução de dezesseis por cento em seu ordenado, resolvemos, na reunião de ontem,
rebaixá-lo de posto.
A revelação deslumbrou-o. Todos sorriam.
— De hoje em diante, o senhor passará a auxiliar de contabilidade, com menos cinco dias de férias.
Contente?
Radiante, joão gaguejou alguma coisa ininteligível, cumprimentou a diretoria, voltou ao trabalho.
Nesta noite, joão não pensou em nada. Dormiu pacífico, no silêncio do subúrbio.
Mais uma vez, mudou-se. Finalmente, deixara de jantar. O almoço reduzira-se a um sanduíche.
Emagrecia, sentia-se mais leve, mais ágil. Não havia necessidade de muita roupa. Eliminara certas
despesas inúteis, lavadeira, pensão.
Chegava em casa às onze da noite, levantava-se às três da madrugada. Esfarelava-se num trem e dois
ônibus para garantir meia hora de antecedência. A vida foi passando, com novos prêmios.
Aos sessenta anos, o ordenado equivalia a dois por cento do inicial. O organismo acomodara-se à
fome. Uma vez ou outra, saboreava alguma raiz das estradas. Dormia apenas quinze minutos. Não
tinha mais problemas de moradia ou vestimenta. Vivia nos campos, entre árvores refrescantes, cobria-
se com os farrapos de um lençol adquirido há muito tempo.
O corpo era um monte de rugas sorridentes.
Todos os dias, um caminhão anônimo transportava-o ao trabalho. Quando completou quarenta anos
de serviço, foi convocado pela chefia:
— Seu joão. O senhor acaba de ter seu salário eliminado. Não haverá mais férias. E sua função, a
partir de amanhã, será a de limpador de nossos sanitários.
O crânio seco comprimiu-se. Do olho amarelado, escorreu um líquido tênue. A boca tremeu, mas
nada disse. Sentia-se cansado. Enfim, atingira todos os objetivos. Tentou sorrir:
— Agradeço tudo que fizeram em meu benefício. Mas desejo requerer minha aposentadoria.
O chefe não compreendeu:
— Mas seu joão, logo agora que o senhor está desassalariado? Por quê? Dentro de alguns meses terá
de pagar a taxa inicial para permanecer em nosso quadro. Desprezar tudo isto? Quarenta anos de
convívio? O senhor ainda está forte. Que acha?
A emoção impediu qualquer resposta.
joão afastou-se. O lábio murcho se estendeu. A pele enrijeceu, ficou lisa. A estatura regrediu. A
cabeça se fundiu ao corpo. As formas desumanizaram-se, planas, compactas. Nos lados, havia duas
arestas. Tornou-se cinzento.
João transformou-se num arquivo de metal.
1) Leia e compreenda o texto.
a) O que você entende(u) pela frase “João transformou-se num arquivo de metal”?
b) O que levou JOÃO a se tornar um arquivo de metal? Que figura de linguagem é essa?
c) Você notou que o nome JOÃO foi escrito com letra minúscula? Que possível efeito de sentido
essa marca linguística produz?
d) Você notou ironia no texto? Indique.
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Professora Ilka de O. Mota Disciplina: Língua Portuguesa
Conteúdo programático: Prática de produção de texto1
: coesão, coerência,
textualidade.
Um dos processos utilizados para evitar-se a repetição de palavras idênticas num texto
é utilizar um vocábulo de conteúdo geral (hiperônimo2
) que englobe um outro vocábulo
anteriormente expresso.
1) Identifique as palavras de conteúdo geral que substituem (fazem referência a) as
palavras destacadas nas frases a seguir.
a) A Companhia Petroquímica de Camaçari registrou aumento de 7% nas vendas deste ano. A indústria
vendeu 85% da produção no mercado interno. _____________________
b) Pode nevar este ano nas serras do Rio Grande do Sul. Ontem a temperatura subiu um grau no estado e
geou em Santa Vitória do Palmar.______________________
c) Mais de cinco crianças morreram de gastroenterite na Bahia. O surto da doença já matou 86 pessoas desde
o mês passado. ____________________
d) Dezenove obras de arte foram doadas ao PDT para estimular a participação do povo na Constituinte. Tais
trabalhos ocupam parte da sala do líder do partido. ________________________
e) Veneza também não foi poupada pelo terrorismo, mas isso não impediu até agora a riqueza da animação
cultural, marca permanente da cidade. _________________________________________
Agora, preencha as lacunas das frases a seguir com palavras de conteúdo geral ou, se
quiser, um hiperônimo que substituam as palavras anteriormente destacadas em itálico.
f) As relações de Van Gogh com o irmão nunca foram as mais agradáveis que _________________teve em
sua curta vida.
g) A Coca-Cola cassou seu fabricante em Brasília e, assim, _____________é obrigada a comprar refrigerantes
em Minas Gerais.
h) O acusado declarou que não tomara cachaça durante o trabalho, mas a polícia descobriu inúmeras garrafas
da ____________________em seu gabinete.
i) O Vasco da Gama pretende ser o campeão do Brasil este ano, pelo menos é o que está nos planos do
_________________, que vai se reforçar com alguns craques da seleção.
j) Os estudantes decidiram ir a Belo Horizonte, mas não tinham qualquer informação sobre a
__________________________________.
k) Os meninos gostavam de andar na roda-gigante, mas desta vez o ________________ estava com defeito.
1
Atividades e reflexões baseadas na obra de:
CARNEIRO, A. D. (1996). Texto em construção. São Paulo: Editora Moderna.
GARCIA, O. M. (1983) Comunicação em Prosa Moderna. Rio de Janeiro: Ed. Getúlio Vargas.
2
Hiperônimo: Numa relação de hiperonímia, o termo cujo significado é mais genérico, ou seja, termo de conteúdo geral.
Hipônimo: Numa relação de hiponímia, o termo cujo significado é menos genérico.
l) Teme-se que os tumultos da Tailândia prejudiquem os investimentos estrangeiros naquele
__________________.
m) João e Maria estavam felizes com o nascimento dos quadrigêmeos, mas até ontem o
_______________não sabia como pagar as despesas das _____________________.
n) A cocaína acaba de vitimar mais uma modelo no Rio de Janeiro. A _________________continua
sendo uma das maiores causas de mortes entre jovens.
o) Bebeto, o jogador do La Coruña, não continuará na Espanha. Segundo o __________________,
ele pretende voltar ao Brasil antes da próxima Copa do Mundo.
p) Millôr Fernandes é um dos mais conceituados jornalistas do Rio. Amanhã o
__________________colocará seu prestígio à prova, lançando um novo livro com noite de
autógrafos.
q) Pintassilgo, urubus, melros e codornas não podem mais reclamar da comida do Zoológico do Rio.
A partir de agora, todas as __________________passam a receber ração balanceada.
2) Indique, sublinhando, as repetições do termo destacado no início do texto.
a)
As tartarugas também amam e, além disso, gostam de apanhar sol, confortavelmente
apoiadas umas às outras. isso é comum entre esses répteis da ordem dos quelônios,
principalmente no cativeiro. No zoológico do Rio, os cágados costumam provocar
comentários maliciosos, quando ficam na curiosa posição de banho de sol. Biólogos
garantem, porém, que esses só acasalam dentro da água.
b)
Entrevista
Aos 51 anos, o médico paulista Geraldo Medeiros é um dos endocrinologistas
brasileiros de maior e mais duradouro sucesso.
Numa especialidade em que o prestígio dos profissionais oscila conforme a moda, há três
décadas ele mantém sua fama em ascendência. Em seu consultório de 242 metros quadrados,
na elegante região dos Jardins, uma das mais exclusivas de São Paulo, Medeiros guarda as
fichas de 32.600 clientes que já atendeu. Mais da metade o procurou para fazer regime de
emagrecimento.
Sua sala de espera está permanentemente lotada e às vezes é necessário marcar uma
consulta com semanas de antecedência.

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  • 1. Disciplina: Língua Portuguesa Profa. Dra. Ilka Mota RESUMO DA AULA: LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO O que a gente faz quando a gente se encontra? A gente conversa! Toda mensagem causa uma reação. Uma mensagem pode causar humor, tristeza, ira, sedução, convencimento, nojo, horror, etc. Toda vez que alguém compreende uma mensagem é porque houve comunicação. Toda vez que uma comunicação causa como reação outra mensagem é porque houve interação. A fala humana causa reações, interfere no comportamento de quem as houve. === CONCEITUANDO Comunicação: Ocorre quando interagimos com outras pessoas utilizando a linguagem. Linguagem: É um processo comunicativo pelo qual as pessoas interagem entre si. Para se comunicar as pessoas podem fazer uso de linguagem verbal, gesticulação, expressões corporais e faciais e movimentos. Tudo isso é linguagem. Além da linguagem verbal, há a linguagem não-verbal: música, dança, mímica, pintura, fotografia, escultura, placas de trânsito, etc. As mensagens são estruturadas basicamente em gesto, som, movimento, imagem, etc. Há também as linguagens mistas, como as histórias em quadrinhos, cinema, teatro, programas de TV. Com a informática apareceu a linguagem digital ou linguagem de programação. Para se constituir a comunicação são necessários que se constituam os interlocutores da mensagem. Interlocutores: São as pessoas que participam do processo de interação por meio da linguagem. Locutor é quem emite a mensagem. Locutário é que recebe a mensagem.
  • 2. Ambos são interlocutores. === O CÓDIGO A língua portuguesa é um código verbal. Código é uma convenção estabelecida. Palavra oral e escrita, sinais de trânsito, símbolos, código morse, buzinas de carros, etc. Código: é um conjunto de sinais convencionados socialmente para a construção e a transmissão de mensagens. Códigos são usados para transmissões rápidas. === LÍNGUA Qual a língua que mais usamos? Quando e para quê a usamos? Quais as vantagens de se dominar bem uma língua? O que significa dominar uma língua? Forma, Significado, Estrutura, Pragmática Garantir o futuro para trabalhar o presente e garantir para estudar. Trabalhar para garantir o presente e estudar para garantir o futuro. Língua: é um código formado por signos (palavras) e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si. A língua pertence à coletividade; Um indivíduo não consegue fazer uma língua sozinho. Tem que haver convenção social. Embora falar ou escrever, enfim, expressar-se, seja um ato individual, sempre se produz uma mensagem para alguém, neste aspecto passa-se a ser uma atividade social. Por isso os interlocutores devem estar convencionados com a Língua em uso, ou seja, admitir e praticar, ou tacitamente ter por convenção tal condição para as relações sociais Quais os aspectos devem ser levados em consideração quando se produz uma mensagem?
  • 3. A língua não é imutável, ela evolui. Está sempre em evolução. As palavras podem: Ganhar ou perder fonemas; Ganhar ou perder letras; Ganhar ou perder sinais; Mudar ou ganhar significados; Receber palavras emprestadas de outras línguas. === A Língua Portuguesa, como as demais línguas neolatinas, originou-se do latim vulgar e surgiu em meados do século XII, ainda como galego-português. Durante a expansão marítima, no século XV, foi levada pelos portugueses a outros continentes. Hoje é falada por cerca de 200 milhões de habitantes, em Portugal, Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Macau, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste. === Onde se fala melhor o português no Brasil? Você já deve ter ouvido esse tipo de pergunta. E também resposta como “no Maranhão”, “no Rio de Janeiro”, “no Rio Grande do Sul”, justificadas por motivos históricos, sociais, culturais. Porém, de acordo com a visão contemporânea da língua, não existe um modelo linguístico que deva ser seguido, nem mesmo o português lusitano. Todas as variedades linguísticas regionais são perfeitamente adequadas à realidade onde surgiram. Em certos contextos, aliás, o uso de outra variedade, mesmo que seja a língua padrão, é que pode soar estranho e até não cumprir sua função essencial de comunicar. === Canal: Telefone A escola é o melhor lugar do mundo! Emissor Receptor Referente Mensagem Código: Língua Portuguesa Roman Jakobson
  • 4. Signo Linguístico: Unidade ou sinal básico convencionado de um sistema de comunicação ou linguagem. A língua sofre mudanças ao longo do tempo e por influências geográficas, históricas, econômicas, de grupos sociais, de grupos profissionais, de grupos de gênero e idade, de graus de formalidade, etc.
  • 5. Professora Ilka de Oliveira Mota Disciplina: Língua Portuguesa Conteúdo Programático: Língua, variação linguística e sociedade. O texto que vem a seguir é a letra de uma das músicas de Adoriran Barbosa, o mesmo compositor de Saudosa Maloca, O samba do Arnesto e Trem das onze. SAMBA NO BIXIGA Domingo nóis fumo, num samba no bixiga Na Rua Major, na casa do Nicola Á mezza notte o'clock, saiu uma baita duma briga Era só pizza que avoava, junto com as brajola Nóis era estranho no lugar E não quisemo se meter Não fumo lá pra brigar Nóis fumo lá pra comer’ Na hora H , se infiemo debaixo da mesa Fiquemo ali de beleza, vendo o Nicola brigá Dali a pouco escuitemo a patrulha chegar E o sargento Oliveira falar: __"Num tem importância , vou chamar duas ambulância !" Carma pessoar ! A situação aqui tá muito cínica ! Os mais pior vai pras Crínica Questão 1 1) Como se sabe, é comum Adoniran usar em suas letras uma variante do português que mistura certos traços da linguagem caipira com a fala dos imigrantes italianos do Bexiga (conhecido bairro de São Paulo) para figurativizar personagens. a) além de mesclar o italiano com a fala caipira, há no texto uma outra mistura lingüística curiosa: transcreva a passagem em que o autor embaralha italiano com inglês. b) Que efeito de sentido produz essa mistura? Questão 2 a) Transcreva um trecho em que se usa uma forma verbal do italiano conjugada com um verbo português. b) Transcreva um exemplo em que, à maneira caipira, não se faz a concordância do verbo com o sujeito e um exemplo em que o substantivo não está concordando com o artigo. Questão 3 saiu uma baita duma briga Era só pizza que avoava, junto com as brajola a) O efeito de espontaneidade dessa passagem depende em grande parte da escolha de duas palavras da fala coloquial popular. Transcreva-as, substituindo-as pelas formas da língua culta escrita. b) No mesmo trecho há duas palavras próprias do léxico de um falante ítalo-brasileiro. Quais são elas? QUESTÃO 4 Há circunstâncias de comunicação que, dada a solenidade que envolvem, exigem um uso mais cuidadoso e apurado da linguagem. Falar em público é uma dessas ocasiões, como foi o caso do reeducando do grande presídio do Carandiru em São Paulo, incumbido de fazer a apresentação de um “show” da atriz Rita Cadillac. Eis como o médico Dráuzio Varella transcreve um trecho dessa apresentação: Prezados reeducandos deste estabelecimento penal o humilde locutor que vos dirige o verbo tem a honra de anunciar esta grande artista figurativa da televisão. Musa indomável da arte dançarina. Aquela que foi a bailarina crooner do impredizível Chacrinha, que Deus o tenha. Nesse momento festivo, convido para adentrar ao palco a madrinha da Casa de Detenção: Rita Cadillac! (VARELA, Dráuzio. Estação Carandiru. São Paulo. Companhia das Letras, 1999, pág. 77). a) O uso da variante lingüística escolhida pelo reeducando foi apropriada? Comente sua resposta. b) Dependendo da resposta dada em a, reescreva o trecho, fazendo as adaptações lingüísticas exigidas pela situação.
  • 6. Sociolinguística: ciência que estuda as relações entre língua e sociedade; Língua: instrumento de comunicação, de interação, de informação e de expressão entre os falantes; Língua ≠ uniforme, monolítica Língua = heterogênea Objeto de estudo: língua falada e escrita, observada, descrita e analisada em seu contexto social, em situações reais de uso. Variação linguística: “Uma característica de todas as línguas do mundo é que elas não são unas, não são uniformes, mas apresentam variedades, ou seja, não são faladas da mesma maneira por todos os seus usuários. Muitas pessoas dizem que isso ocorre na nossa língua porque “os brasileiros não sabem direito o português”. Não é verdade, todas as línguas apresentam variações: o inglês, o francês, o italiano etc. também as línguas antigas tinham variações. O português e as outras línguas românicas (o francês, o espanhol, o italiano, etc) provêm de uma variedade do latim, o chamado latim vulgar (popular), muito diferente do latim culto. A variação lingüística é inerente ao fenômeno lingüístico”. (cf. Platão et Fiorin, 1999) A variação ocorre em todos os níveis da língua (no nível dos sons, da morfologia, da sintaxe) No nível lexical: papagaio e pipa, jerimum e abóbora ou ainda aipim e mandioca; No nível fonético: o l final de sílaba é pronunciado como consoante pelos gaúchos, enquanto em quase todo o restante do Brasil é vocalizado (pronunciado como um u); o r final de silaba é pronunciado de maneira bem distinta por um carioca e por uma pessoa do interior de São Paulo; em certos segmentos sociais, troca-se o l pelo r (diz-se arto e não alto); No nível sintático: Em certos seguimentos sociais e em certas situações não se realiza a concordância verbal ou a nominal (eles bebeu muito naquela noite; os home); em algumas regiões do país, usam-se formas próprias da sintaxe do italiano (somos em seis); No nível morfológico: conjugam-se muitas vezes, por analogia, os verbos irregulares como regulares (ansio em lugar de anseio, se eu repor em lugar de seu repuser, manteu por manteve).  Variação (variante) diatópica: são as variações de uma região para outra As línguas variam de região para região, de grupo social para grupo social, de situação para situação. O cruzamento desses fatores torna ainda mais complexo o fenômeno da variação. Assim, temos, por exemplo, um falar gaúcho e um paulista. No falar gaúcho, podemos identificar uma variante popular e uma culta. Dentro da variedade popular gaúcha, temos um falar formal e um informal.  Variação (variante) diastrática: As variações de um grupo social para outro são chamadas variantes diastráticas. Essas variações são muito numerosas: as gírias, os jargões etc. No texto de Júlia Medaglia, na gíria dos jovens roqueiros, procura- se transmitir um recado não só à prefeita de São Paulo, mas também a jovens roqueiros, de que é preciso valorizar a música erudita.  Variação diafásica As variações de uma situação de comunicação para outra são denominadas variantes diafásicas. Todos sabemos que há situações que permitem uma linguagem bem informal (uma conversa com os amigos num bar) e outras que exigem um nível mais formal de linguagem (um jantar de cerimônia). Cada uma dessas situações tem construções e termos apropriados.  Variação diacrônica: As línguas não são estáticas, mas mudam através do tempo. Basta comparar um romance escrito no século XIX com um produzido agora.
  • 7. Texto 1 Aqui é bandido: Plínio Marcos. Atenção, malandrage! Eu num vô pedir nada, vô te dá um alô! Te liga aí: Aids é uma praga que rói até os mais fortes, e rói devagarinho. Deixa o corpo sem defesa contra a doença. Quem pegá essa praga está ralado de verde e amarelo, de primeiro ao quinto, e sem vaselina. Num tem dotô que dê jeito, nem reza brava, nem choro, nem vela, nem ai, Jesus. Pegou Aids, foi pro brejo! Agora sente o aroma da perpétua: Aids pega pelo esperma e pelo sangue, entendeu? pelo esperma e pelo sangue! (Pausa) Eu num tô te dando esse alô pra te assombrá, então se toca! Não é porque tu tá na tranca que virou anjo. Muito pelo contrário, cana dura deixa o cara ruim! Mas é preciso que casa um se cuide, ninguém pode valê prá ninguém nesse negócio de Aids. Então, já viu: transá, só de acordo com o parceiro, e de camisinha! (Pausa) Agora, tu aí que é metido a esculachá os outros, metido a ganhá o campanheiro na força bruta, na congesta! Pára com isso, tu vai acabá empesteado! Aids num toma conhecimento de macheza, pega pra lá, pega pra cá, pega em home, pega em bicha, pega em mulhé, pega em raçadeira! Pra essa peste num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E fica um tempão sem sabê. Daí, o mais malandro, no dia da visita, recebe mamão com açúcar da família e manda pra casa o Aids! E num é isto que tu qué, né, vago mestre? Então te cuida. Sexo, só com camisinha. (Pausa) Quem descobre que pegô a doença se sente no prejuízo e quer ir à forra, passando pros outros. (Pausa) Sexo, só com camisinha! Num tem escolha, transá, só com camisinha. Quanto a tu, mais chegado ao pico, eu tô sabendo que ninguém corta o vício só por ordem da chefia. Mas escuta bem, vago mestre, a seringa é o canal pra Aids. No desespero, tu não se toca, num vê, num qué nem sabê que, às vezes, a seringa vem até com um pingo de sangue, e tud mete ela direto em ti. As vezes, ela parece que vem limpona, e vem com a praga. E tu, na afobação, mete ela direto na veia. Aí tu dança. Tu, que se diz mais tu, mas que diz que num pode agüentá a tranca sem pico, se cuida. Quem gosta de tu é tu mesmo. (Pausa) E a farinha que tu cheira, e a erva que tu barrufa enfraquece o corpo e deixa tu chué da cabeça e dos peitos. E aí tu fica moleza pro Aids! Mas o pico é o canal direto pra essa praga que está aí. Então, malandro, se cobre. Quem gosta de tu é tu mesmo. A saúde é como a liberdade. A gente dá valor pra ela quando já era! Questões: a) Que tipo de texto é esse? b) Quem são os interlocutores do texto em questão? c) Por que, em sua opinião, o locutor fez essa escolha lexical e não outra? d) Qual o ‘recado’ (leia-se mensagem) do locutor? e) Como você deve ter percebido, há fortes traços linguísticos característicos da oralidade. Aponte alguns deles. Texto B Bailemos agora, por Deus, ai velidas, So aquestas aveladeiras frolidas E que for velida, como nós velidas, se amig’amar, So aquestas avelaneiras frolidas Verrá bailar! D. Joam Garcia de Guilharde Texto C Antigamente Antigamente a s moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
  • 8. Vamos refletir e discutir! 1) Em que momentos você se percebe monitorando seu estilo? ................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................ 2) Em que momentos você se sente mais livre para falar com as pessoas, isto é, sem se preocupar em demasia com aspectos linguísticos e gramaticais da língua portuguesa? ................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................ 3) Cite alguns domínios sociais em que se exigem do sujeito maior e menor monitoração linguística. ................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................ Conteúdo programático: leitura e compreensão de texto O arquivo Victor Giudice No fim de um ano de trabalho, joão obteve uma redução de quinze por cento em seus vencimentos. joão era moço. Aquele era seu primeiro emprego. Não se mostrou orgulhoso, embora tenha sido um dos poucos contemplados. Afinal, esforçara-se. Não tivera uma só falta ou atraso. Limitou-se a sorrir, a agradecer ao chefe. No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do centro da cidade. Com o salário reduzido, podia pagar um aluguel menor. Passou a tomar duas conduções para chegar ao trabalho. No entanto, estava satisfeito. Acordava mais cedo, e isto parecia aumentar-lhe a disposição. Dois anos mais tarde, veio outra recompensa. O chefe chamou-o e lhe comunicou o segundo corte salarial. Desta vez, a empresa atravessava um período excelente. A redução foi um pouco maior: dezessete por cento. Novos sorrisos, novos agradecimentos, nova mudança. Agora joão acordava às cinco da manhã. Esperava três conduções. Em compensação, comia menos. Ficou mais esbelto. Sua pele tornou-se menos rosada. O contentamento aumentou. Prosseguiu a luta. Porém, nos quatro anos seguintes, nada de extraordinário aconteceu. joão preocupava-se. Perdia o sono, envenenado em intrigas de colegas invejosos. Odiava-os. Torturava-se com a incompreensão do chefe. Mas não desistia. Passou a trabalhar mais duas horas diárias.
  • 9. Uma tarde, quase ao fim do expediente, foi chamado ao escritório principal. Respirou descompassado. — Seu joão. Nossa firma tem uma grande dívida com o senhor. joão baixou a cabeça em sinal de modéstia. — Sabemos de todos os seus esforços. É nosso desejo dar-lhe uma prova substancial de nosso reconhecimento. O coração parava. — Além de uma redução de dezesseis por cento em seu ordenado, resolvemos, na reunião de ontem, rebaixá-lo de posto. A revelação deslumbrou-o. Todos sorriam. — De hoje em diante, o senhor passará a auxiliar de contabilidade, com menos cinco dias de férias. Contente? Radiante, joão gaguejou alguma coisa ininteligível, cumprimentou a diretoria, voltou ao trabalho. Nesta noite, joão não pensou em nada. Dormiu pacífico, no silêncio do subúrbio. Mais uma vez, mudou-se. Finalmente, deixara de jantar. O almoço reduzira-se a um sanduíche. Emagrecia, sentia-se mais leve, mais ágil. Não havia necessidade de muita roupa. Eliminara certas despesas inúteis, lavadeira, pensão. Chegava em casa às onze da noite, levantava-se às três da madrugada. Esfarelava-se num trem e dois ônibus para garantir meia hora de antecedência. A vida foi passando, com novos prêmios. Aos sessenta anos, o ordenado equivalia a dois por cento do inicial. O organismo acomodara-se à fome. Uma vez ou outra, saboreava alguma raiz das estradas. Dormia apenas quinze minutos. Não tinha mais problemas de moradia ou vestimenta. Vivia nos campos, entre árvores refrescantes, cobria- se com os farrapos de um lençol adquirido há muito tempo. O corpo era um monte de rugas sorridentes. Todos os dias, um caminhão anônimo transportava-o ao trabalho. Quando completou quarenta anos de serviço, foi convocado pela chefia: — Seu joão. O senhor acaba de ter seu salário eliminado. Não haverá mais férias. E sua função, a partir de amanhã, será a de limpador de nossos sanitários. O crânio seco comprimiu-se. Do olho amarelado, escorreu um líquido tênue. A boca tremeu, mas nada disse. Sentia-se cansado. Enfim, atingira todos os objetivos. Tentou sorrir: — Agradeço tudo que fizeram em meu benefício. Mas desejo requerer minha aposentadoria. O chefe não compreendeu:
  • 10. — Mas seu joão, logo agora que o senhor está desassalariado? Por quê? Dentro de alguns meses terá de pagar a taxa inicial para permanecer em nosso quadro. Desprezar tudo isto? Quarenta anos de convívio? O senhor ainda está forte. Que acha? A emoção impediu qualquer resposta. joão afastou-se. O lábio murcho se estendeu. A pele enrijeceu, ficou lisa. A estatura regrediu. A cabeça se fundiu ao corpo. As formas desumanizaram-se, planas, compactas. Nos lados, havia duas arestas. Tornou-se cinzento. João transformou-se num arquivo de metal. 1) Leia e compreenda o texto. a) O que você entende(u) pela frase “João transformou-se num arquivo de metal”? b) O que levou JOÃO a se tornar um arquivo de metal? Que figura de linguagem é essa? c) Você notou que o nome JOÃO foi escrito com letra minúscula? Que possível efeito de sentido essa marca linguística produz? d) Você notou ironia no texto? Indique. .................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................... ............................................................................................................................. ................................................................................................................................................................ ..........................................................................................................................
  • 11. Professora Ilka de O. Mota Disciplina: Língua Portuguesa Conteúdo programático: Prática de produção de texto1 : coesão, coerência, textualidade. Um dos processos utilizados para evitar-se a repetição de palavras idênticas num texto é utilizar um vocábulo de conteúdo geral (hiperônimo2 ) que englobe um outro vocábulo anteriormente expresso. 1) Identifique as palavras de conteúdo geral que substituem (fazem referência a) as palavras destacadas nas frases a seguir. a) A Companhia Petroquímica de Camaçari registrou aumento de 7% nas vendas deste ano. A indústria vendeu 85% da produção no mercado interno. _____________________ b) Pode nevar este ano nas serras do Rio Grande do Sul. Ontem a temperatura subiu um grau no estado e geou em Santa Vitória do Palmar.______________________ c) Mais de cinco crianças morreram de gastroenterite na Bahia. O surto da doença já matou 86 pessoas desde o mês passado. ____________________ d) Dezenove obras de arte foram doadas ao PDT para estimular a participação do povo na Constituinte. Tais trabalhos ocupam parte da sala do líder do partido. ________________________ e) Veneza também não foi poupada pelo terrorismo, mas isso não impediu até agora a riqueza da animação cultural, marca permanente da cidade. _________________________________________ Agora, preencha as lacunas das frases a seguir com palavras de conteúdo geral ou, se quiser, um hiperônimo que substituam as palavras anteriormente destacadas em itálico. f) As relações de Van Gogh com o irmão nunca foram as mais agradáveis que _________________teve em sua curta vida. g) A Coca-Cola cassou seu fabricante em Brasília e, assim, _____________é obrigada a comprar refrigerantes em Minas Gerais. h) O acusado declarou que não tomara cachaça durante o trabalho, mas a polícia descobriu inúmeras garrafas da ____________________em seu gabinete. i) O Vasco da Gama pretende ser o campeão do Brasil este ano, pelo menos é o que está nos planos do _________________, que vai se reforçar com alguns craques da seleção. j) Os estudantes decidiram ir a Belo Horizonte, mas não tinham qualquer informação sobre a __________________________________. k) Os meninos gostavam de andar na roda-gigante, mas desta vez o ________________ estava com defeito. 1 Atividades e reflexões baseadas na obra de: CARNEIRO, A. D. (1996). Texto em construção. São Paulo: Editora Moderna. GARCIA, O. M. (1983) Comunicação em Prosa Moderna. Rio de Janeiro: Ed. Getúlio Vargas. 2 Hiperônimo: Numa relação de hiperonímia, o termo cujo significado é mais genérico, ou seja, termo de conteúdo geral. Hipônimo: Numa relação de hiponímia, o termo cujo significado é menos genérico.
  • 12. l) Teme-se que os tumultos da Tailândia prejudiquem os investimentos estrangeiros naquele __________________. m) João e Maria estavam felizes com o nascimento dos quadrigêmeos, mas até ontem o _______________não sabia como pagar as despesas das _____________________. n) A cocaína acaba de vitimar mais uma modelo no Rio de Janeiro. A _________________continua sendo uma das maiores causas de mortes entre jovens. o) Bebeto, o jogador do La Coruña, não continuará na Espanha. Segundo o __________________, ele pretende voltar ao Brasil antes da próxima Copa do Mundo. p) Millôr Fernandes é um dos mais conceituados jornalistas do Rio. Amanhã o __________________colocará seu prestígio à prova, lançando um novo livro com noite de autógrafos. q) Pintassilgo, urubus, melros e codornas não podem mais reclamar da comida do Zoológico do Rio. A partir de agora, todas as __________________passam a receber ração balanceada. 2) Indique, sublinhando, as repetições do termo destacado no início do texto. a) As tartarugas também amam e, além disso, gostam de apanhar sol, confortavelmente apoiadas umas às outras. isso é comum entre esses répteis da ordem dos quelônios, principalmente no cativeiro. No zoológico do Rio, os cágados costumam provocar comentários maliciosos, quando ficam na curiosa posição de banho de sol. Biólogos garantem, porém, que esses só acasalam dentro da água. b) Entrevista Aos 51 anos, o médico paulista Geraldo Medeiros é um dos endocrinologistas brasileiros de maior e mais duradouro sucesso. Numa especialidade em que o prestígio dos profissionais oscila conforme a moda, há três décadas ele mantém sua fama em ascendência. Em seu consultório de 242 metros quadrados, na elegante região dos Jardins, uma das mais exclusivas de São Paulo, Medeiros guarda as fichas de 32.600 clientes que já atendeu. Mais da metade o procurou para fazer regime de emagrecimento. Sua sala de espera está permanentemente lotada e às vezes é necessário marcar uma consulta com semanas de antecedência.