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A experiência da formação do caráter de Cristo em nós

                                                                NOTAS




 A EXPERIÊNCIA DA FORMAÇÃO
DO CARÁTER DE CRISTO EM NÓS




                 136
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós

                                                                                NOTAS
A EXPERIÊNCIA DA FORMAÇÃO
DO CARÁTER DE CRISTO EM NÓS
Esboço do Planejamento do Curso

       Meta
       Que você possa expressar completamente a beleza da
pessoa de Jesus através de você. Que Seu caráter humilde e santo
se mostre através da sua vida.
       Outros Objetivos
       • Que você descubra que a vida cristã é uma parceria com o
          Espírito Santo e que para ser transformado em seu caráter
          Ele espera a sua resposta.
       • Que você comece a ser sensível à voz de Deus
          compreendendo quando Ele quer tocar em alguma área
          sensível.
       • Que você veja a mão do Senhor operando através de
          circunstancias, pessoas e pressões e dê a Ele a resposta
          esperada.
       • Que se possa reconhecer em você os traços de humildade,
          quebrantamento e espírito ensinável assim que essas
          verdades começarem a ser compreendidas e aplicadas na
          sua vida.
       Sugestões Bibliográficas
       1. O QUEBRANTAMENTO E A LIBERAÇÃO DO ESPÍRITO -
T. S. Watchman Nee
       2. VIDA QUE NASCE DA MORTE – T. A. Hegre
       3. O HOMEM ESPIRITUAL VOL. I, II E III - T. S. Watchman
Nee
       4. VIDA EM PROFUNDIDADE – Paul Billheimer
Recomendações Muito Importantes
       Diga ao Senhor em oração que você está aberto
humildemente aos seus tratamentos em sua vida e a partir daí
observe os acontecimentos e circunstâncias agindo de modo a
entrar no padrão de Jesus. Não se desanime se não consegue
responder em tudo. As mãos do Senhor, o oleiro, não desistirão de
você, mesmo que falhe. Volte ao altar da consagração e diga a
Jesus que está disposto a repetir a cartilha até a Sua imagem ser
formada completamente em você. E lembre-se! Esse processo
durará a sua vida inteira.

Avaliação
      • Descreva a experiência do cooperar com o Espírito Santo.
      • Defina o que é caráter.
      • Como o caráter de Cristo é formado em sua vida?
      • Como o seu responder pode apressar ou atrasar esse
        processo?
      • Pessoas duras experimentam situações mais drásticas?
        Por que?
      • Como o quebrantamento opera em nós? Qual seu
        resultado?


                                 137
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós

                                                                                 NOTAS
A EXPERIÊNCIA DA FORMAÇÃO
DO CARÁTER DE CRISTO EM NÓS

O Caráter De Cristo Em Nós É Formado Pela Cruz

        O caminho para o caráter de Cristo é o caminho da operação
da cruz em nós. Não há outra maneira das marcas do caráter de
Cristo serem formadas, a não ser pela cruz. E a cruz é o
quebrantamento da vontade e força humana pela ação do
Senhor.Deus prepara circunstâncias e situações que tratam com
nossas vontades para que possamos ser quebrantados. É através
da lei da cruz (Mt. 16:24) que somos formados em nosso caráter.
        Esta lei opera em nós, moldando-nos e ensinando-nos a vida
do Espírito. Não há como conter o processo dos tratamentos do
Senhor para formar o caráter cristão. Como é bom vivermos e nos
relacionarmos com pessoas quebrantadas e doces, que foram
tratadas por Deus. A cruz é que opera em nós a beleza do Senhor.
A cruz é o instrumento de Deus para moldar-nos à semelhança de
Cristo. A cruz é que nos capacita para termos o caráter que suporta
o poder de Deus. Antes de Jesus subir, Ele desceu (Ef. 4:8-9). Este
é o princípio de Deus. Antes de conhecermos o poder e a glória
temos que ser tratados pela cruz de Cristo. Quanto mais alto Deus
for nos levar, significa que mais tratamentos precisamos ter em
nosso caráter. Existe um princípio aqui: As pressões e tentações
aumentam à medida que subimos em Deus. Por isto, mais base de
caráter uma pessoa precisa ter na guerra contra o mundo espiritual
e o pecado. Jesus passou tal pressão que suou gotas de sangue
(Heb.12:4). O caráter do obreiro precisa ter sido formado pela cruz.
A maturidade emocional e espiritual vêm pelos tratamentos da cruz
de Cristo. Os homens de Deus precisam ser homens que vencem
os ataques do inimigo em sua mente e emoções, e isto vem pelo
quebrantamento. Não podem ser pessoas frágeis que cedem às
pressões malignas sobre a carne. O alicerce de uma casa é a parte
mais delicada da construção. Da mesma forma, na Igreja, ter líderes
fortes, tratados e preparados é a parte mais delicada e mais
importante da construção. As pressões não vêm somente pelos
ataques do inimigo mas também pelos princípios que envolvem
busca de Deus. As vezes, quanto mais buscamos ao Senhor,
parece que tanto mais os céus se fecham e se tornam de bronze. É
um princípio que precisamos saber: os que buscam ao Senhor, que
muitas vezes oram e jejuam, sentem muita resistência e
aparentemente nada acontece. Ou às vezes as pressões e
problemas aumentam. Este princípio está ligado ao fato de que nos
céus algo está sendo gerado e por isto estamos pagando o
preço.Sempre, antes da visitação de Deus e dos avivamentos, os
homens usados sofrem, choram e gemem, até que a mão do
Senhor seja livre para operar. Portanto, como obreiros de Deus
necessitamos conhecer estes caminhos, e estarmos preparados
para enfrentá-los.




                                  138
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


Definição De Caráter
                                                                                  NOTAS

        O caráter refletirá os traços da natureza pecaminosa (sendo
influenciado pelo mundo), ou os traços da natureza divina (sendo
influenciado pela Palavra de Deus). Caráter é a soma total de todas
as influências positivas ou negativas, aprendidas na vida de uma
pessoa. Se manifestará através dos seus valores, motivações,
atitudes, sentimentos e ações.
        Em Hb. 1:3, o escritor afirma que Cristo é o próprio caráter de
Deus. Caráter é como uma marca impressa que distingue a pessoa.
O caráter de Deus que foi impresso em Jesus Cristo precisa ser
impresso na Igreja para que, desta forma, o mundo creia em Deus.
Nossa primeira decisão é crer. Devemos ter uma decisão de seguir
a Jesus tornando-nos seus discípulos e, por fim, sermos feitos
conforme Sua própria imagem (Rom. 8:29 e I Cor. 15:49);
identificados, desta forma como cristãos.
        Caráter no grego significa IMAGEM.
Heb. 1:3, Afirma que Cristo é o próprio Caráter de Deus, a própria
estampa da natureza de Deus, aquele em que Deus estampou ou
imprimiu Seu ser.
        Caráter é o sinal identificador da natureza de qualquer ser ou
coisa (dicionário de Psicologia- Cabral e Nick). É o conjunto de
aspectos que caracterizam o Ego. O caráter é formado pela
aprendizagem. Todo ser humano a partir do seu nascimento
começa a receber influências do meio ambiente onde se encontra.
Estas influências são assimiladas e com o tempo passam a fazer
parte do caráter. Esse processo de aprendizagem é feito por
identificação, imitação, punição, e recompensa. O propósito é que o
homem se torne à imagem do seu Filho, o Senhor Jesus Cristo,
Deus-homem. Este propósito não mudou. A queda do homem não
mudou este plano e propósito de Deus. Desde Adão, passado por
Jesus e pela Igreja o plano de Deus será sempre o mesmo - Heb.
2:10 " Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem
todas as cousas existem, conduzindo muitos filhos à Glória,
aperfeiçoasse por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles."
Se a igreja deve atingir esta meta, seus líderes devem mostrar o
caminho, devem ir na frente. O caráter e a personalidade do Senhor
Jesus Cristo devem ser desenvolvidos nos líderes da Igreja antes
de ser formado no Seu povo. O caráter de alguém será conhecido
através de três maneiras.

Forma de Pensar

       A forma de pensar de uma pessoa é percebida pela maneira
como ela constrói a sua escala de valores. O meu caráter é
determinado em primeiro lugar pelo aspecto moral, ou seja, aquilo
que eu considero correto, errado, permitido, proibido e assim por
diante. Se eu aprovo aquilo que definitivamente é errado então se
pode dizer que o meu caráter é defeituoso, um "Mau Caráter".
Quando nos convertemos a primeira coisa que devemos fazer é
renovar a nossa mente. Renovar nesse caso significa mudar a


                                   139
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


minha maneira de perceber as coisas e também a minha escala de
                                                                                 NOTAS
valores. A vontade de Deus é que tenhamos o caráter de Cristo, a
sua mente (I Cor. 2:16).

Estilo de Vida

       O estilo de vida de uma pessoa é determinado pelos seus
alvos, hábitos e costumes. Se o meu grande alvo na vida é ganhar
dinheiro, eu devo desenvolver um estilo de vida compatível com
esse alvo. Devo desenvolver os hábitos e costumes coerentes com
o que quero alcançar. Se eu quero ser atleta e não treino há algo
errado. Se eu quero me desenvolver nos estudos mas não me
aplico a ler em casa também há algo errado. O estilo de vida faz
parte do nosso caráter, a prova disso é que normalmente pessoas
de uma mesma profissão apresentam características de caráter
semelhantes. Não é difícil percebermos isso em empresários,
caminhoneiros, programadores, etc.

Conduta

       A conduta é o conjunto de comportamentos que aprendemos
e que se firmam dentro de nós. Conduta é tudo aquilo que fazemos,
falamos, sentimos, esperamos e desejamos. A conduta se
manifesta na minha relação com outras pessoas. O meu
comportamento diante de outras pessoas manifesta o meu caráter,
ou seja, a minha forma de pensar e os motivos que vão dentro do
coração.
       Estes três elementos compõem o nosso caráter.
Evidentemente eles não podem ser observados separadamente. Em
tudo aquilo que fazemos manifestamos estes três aspectos
simultaneamente.Todos nós ao nos convertermos já possuímos um
caráter formado. Esse caráter foi formado por tudo aquilo que
recebemos de nosso meio ambiente. Muito daquilo que aprendemos
está correto mas existem partes da nossa forma de pensar, do
nosso estilo de vida e da nossa conduta que devem ser
transformados.
Todo o nosso crescimento espiritual é demonstrado pelo nosso
caráter. Se com o passar do tempo acumulamos muito
conhecimento, mas não demonstramos nenhuma mudança no
caráter isso mostra que o conhecimento foi em vão. Deus está
profundamente interessado em nossa conduta. Jesus e os
Apóstolos gastaram muito espaço para tratar de frutos, de
comportamento, de conduta, de coração, como vemos:

       Mt. 5:48 – “... portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o
vosso Pai celeste”.
       II Cor 13:9 –“... porque nos regozijamos quando nós estamos
fracos, e vós, fortes, e isto é o que pedimos, o vosso
aperfeiçoamento”.
       Gl. 4:19 – “Meus filhos, por quem de novo sofro as dores de
parto, até ser Cristo formado em vós”;


                                  140
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


       Ef. 1:4 – “Assim como nos escolheu nEle antes da fundação
                                                                                 NOTAS
do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele”;
       II Tm 3; 17 – “A fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra”.
       II Pe. 1; 3 –“ Visto como pelo seu Divino poder nos tem sido
doadas todas as cousas que conduzem à vida e à piedade, pelo
conhecimento completo daquele que nos chamou para sua própria
glória e virtude”.

        Em Rom. 8:29 vemos que o propósito eterno de Deus é ter
muitos filhos, mas não apenas isso, estes filhos devem ser
semelhantes a Jesus. Deus quer filhos que manifestem o caráter de
Jesus. Quando o homem caiu o propósito de Deus foi apenas
adiado, não foi mudado. A Igreja do Senhor deve atingir esta meta e
os seus líderes devem mostrar o caminho, devem ir à frente do
rebanho. O caráter de Senhor Jesus deve ser desenvolvido nos
líderes da Igreja antes de ser formado no seu povo.
        Não são poucos os escândalos que têm surgido entre líderes
investidos de autoridade que não receberam aprovação no caráter.
Um líder que apresenta deficiências sérias em seu caráter possui
assim, um grande obstáculo para a atuação de Deus em sua vida.
As deficiências de caráter nas vidas dos membros da igreja se
devem, em grande parte, aos próprios líderes. Em certo sentido
igreja é o retrato da sua liderança. Líderes relapsos geram um povo
relapso. Líderes preguiçosos geram um povo igualmente
preguiçoso. Se a liderança é imatura inevitavelmente também o
povo o será. Nunca será demais enfatizarmos o caráter do obreiro,
pois isto determina o sucesso no ministério. Somente um caráter
formado e aprovado pode suportar as pressões da obra e as
dificuldades do ministério.

A Diferença Entre Caráter e Dons

        Existe uma distorção que tem assolado a Igreja do Senhor
durante os séculos: a valorização dos dons em detrimento do
caráter. Um dom é uma dádiva de Deus. Deus concede a todos
indistintamente. Os dons podem ser: naturais ou espirituais. Os
dons naturais são aqueles com os quais nascemos como:
inteligência, astúcia, memória, capacidade do tocar, cantar, praticar
determinados esportes, etc. Os dons espirituais nos são concedidos
pelo Espírito Santo como instrumentos na sua obra: I Cor. 12:7-10.
Os dons são muito úteis mas são secundários. Deus coloca em
primeiro lugar a vida e o caráter. Todos podem achar que um
determinado irmão que possui uma grande inteligência e
capacidade extraordinária de memorização deverá se tornar um
grande pregador. Isto é um tremendo equívoco e não passa de
mentalidade mundana. A Igreja de Deus não é edificada com essas
coisas. Se tal irmão ainda não passou pelo processo da Cruz não
será útil para Deus, apesar do seu dom.
        Outra pessoa pode ainda pensar que outro irmão, por ter um
dom de cura e discernimento de espíritos, venha a ser uma coluna


                                  141
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


na casa de Deus. Isto também é um engano. Os dons são úteis mas
                                                                                 NOTAS
nunca podem ser a base da obra de edificação da Igreja. Este é o
motivo por que existem tantos escândalos: priorizamos mais o dom
que o caráter. Os dons, sejam espirituais ou naturais, devem passar
pela Cruz antes de serem úteis. O ministério é edificado sobre o
caráter e não sobre os dons. Deus não vai enviar ninguém sem
antes tratar com o seu caráter. Os dons atraem os homens mas o
caráter atrai a Deus.
        No livro de Êxodo encontramos um exemplo clássico do
equívoco de se priorizar os dons. A palavra do Senhor diz que o
povo de Israel estava sendo escravizado por Faraó. Moisés era o
homem que Deus havia escolhido para levar a cabo o seu propósito.
Moisés havia sido criado no palácio de Faraó e recebeu a melhor
instrução da época, era um homem excepcionalmente talentoso. O
próprio Moisés tinha algum entendimento desse fato e em certo
momento se dispôs ele mesmo a libertar o seu povo da escravidão (
ver Ex. 2:11-15 ). Moisés se achava capaz e perfeitamente
habilitado por que possuía a instrução Egípcia. Deus porém coloca
Moisés de molho por quarenta anos no deserto de Midiã até que o
seu caráter pudesse ser aprovado por Ele. Do ponto de vista natural
Moisés já estava pronto aos quarenta anos quando matou o egípcio,
mas do ponto de vista de Deus precisou de outros quarenta anos
até ao ponto de não mais confiar na sua força ou nos seus talentos.
( Ver Ex. 3:10 ). Quanto mais um homem confiar em si mesmo, nos
seus talentos naturais, menos utilidade terá para Deus.
O critério de Deus sempre é escolher o que se acha frágil, incapaz e
desqualificado. A glória de Deus se torna manifesta quando pessoas
a quem não reputávamos qualquer valor se levanta em poder e
autoridade. Fica patente que Deus é quem faz e não é um simples
uso de talentos especiais.

A Formação Do Caráter

       " Porque é Deus quem efetua em vós tanto o querer como o
realizar..." .
       Todos nós desejamos ter um caráter aprovado por Deus.
Todos nós queremos agradar a Deus e por isso ficamos apenas
esperando saber as normas para começarmos a praticá-las. A vida
cristã não é um mero cumprimento de normas e preceitos pois não
estamos mais debaixo de domínio da lei. A vida cristã se resume
simplesmente em:" Cristo em vós " ou seja, a vida cristã consiste,
em poucas palavras, na dependência completa do Espírito Santo
que habita em nós. É Ele quem muda o nosso querer e também é
Ele quem nos capacita a fazer a sua vontade. Ele é tudo em todos.
Jesus é a nossa bondade, a nossa mansidão, a nossa justiça, Ele
na verdade é tudo o que necessitamos. Tudo o que precisamos já
está em nós na pessoa do Espírito Santo. Seria muito fácil
começarmos a nos esforçar para cumprir um conjunto de
qualidades, não é essa, porém, a nossa proposta. Desejamos que
os irmãos tenham revelação do pleno suprimento de Deus para
nossas vidas pois na medida em que entendermos isso, as


                                  142
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


qualidades de caráter naturalmente vão tomando forma. O pleno
                                                                                NOTAS
suprimento de Deus para nós é Cristo Jesus que habita em nós.
Seja Ele a nossa vida. Seja Ele tudo em todos.
        Não adianta falarmos de caráter e conduta se nós ainda não
nos apropriamos do pleno suprimento de Deus para nós: a
libertação do velho homem, do poder do pecado, a nossa
justificação e regeneração em cristo, a dependência completa do
espírito e o andar no espírito. Precisamos nos apropriar destas
grandes realidades espirituais, mas não apenas isto, precisamos
aprender a perceber a direção de Deus em nosso espírito, fazermos
separação entre ALMA - ESPÍRITO, e conhecermos a prática da
renúncia diária do EU no princípio da Cruz. Todas essas
experiências devem ser compreendidas no espírito.
Quando enfatizamos muito as qualidades recomendáveis, corremos
o risco de estabelecermos um amontoado de regrinhas que não
estão na Bíblia. Tais como: cinco passos para vencer a ira; dez
passos para vencer a lascívia. etc. Essas coisas não funcionam e
nos desviam do centro da vida cristã. CRISTO É A NOSSA VIDA. A
vida do cristão é Cristo. Muitos pensam que podem ser santos se
tão somente conseguirem vencer certos tipos de pecados. Outros
pensam que sendo humildes e gentis são vitoriosos. Ainda alguns
imaginam que orando mais e lendo a Bíblia, tendo cuidado para
jejuar e vigiar então alcançarão um caráter Santo. Outros concebem
a idéia de que somente matando o Ego terão vitória. Todas estas
fórmulas tem a aparência de piedade e sinceridade mas tudo isso é
vão. Não podemos viver a vida cristã usando mil e uma fórmulas
para os mais variados problemas. Na prática não funciona. O que
Deus deseja é que entendamos que Cristo é a nossa vida, o perfeito
suprimento de Deus para todas as nossas necessidades.
Com este entendimento em vista vamos estudar alguns princípios
fundamentais que aumentarão a compreensão de que Cristo é de
fato a nossa vida.

A Formação Do Caráter Através Dos Tratamentos De Deus

       É a graça de Deus que me capacita a fazer as coisas certas
diante de Deus(II Pe.1:1-11). A leitura deste texto nos ajuda na
compreensão do processo que Deus usa para desenvolver o caráter
de um cristão. Deus, através de Jesus Cristo, nos provê a Sua
própria natureza. As promessas Divinas nos foram outorgadas ( ver
II Pe.1:4 ), e o poder de Deus é a nossa garantia de que Ele
realizará em nós as mudanças necessárias. ( ver II Pe.1:3 ).
Somente através de uma atitude diligente podemos alcançar o
aperfeiçoamento do nosso caráter, precisamos ter a decisão de
sermos semelhantes a Cristo, termos em nós a natureza Divina
amadurecida ( ver II Pe.1:10 e 11 ).
A vida cristã é um processo. Precisamos vencê-la passo a passo,
cada degrau corresponde a um novo nível alcançado, nova vitória
em determinada área, até alcançarmos o topo da escada. A
responsabilidade de Deus é prover a todo crente a própria natureza
Divina através do arrependimento do pecado e da fé em Jesus


                                 143
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


Cristo. A responsabilidade do homem é aplicar e cumprir esta
                                                                                  NOTAS
realidade em sua vida.Deus tem dado por direito aos crente, tudo o
que é necessário para uma vida santa: AUTORIDADE E PODER. O
cristão tem o que precisa para desenvolver um caráter maduro,
seguindo o Senhor Jesus.

Descrevendo O Processo

       Todos nascemos em iniqüidades e fomos formados em
pecado. Todos temos por nascimento uma natureza caída, que nos
acompanhará ou não por toda a vida. A natureza caída do homem
não está em harmonia com nenhuma das coisas do Senhor. Deus
colocou diante do cristão a meta da perfeição. Maturidade espiritual
é a meta Bíblica para todos os que estão em Cristo Jesus.
       Por vezes a carnalidade do homem não permite que ele
desenvolva seu caráter como as Escrituras ordenam. Esta natureza
humana é tratada definitivamente pelo Poder da Cruz, mas o Ego é
a principal razão pela qual o homem precisa do tratamento de Deus.
Cada cristão precisa do tratamento de Deus para motivá-lo a
prosseguir em direção à perfeição espiritual.


O Propósito Do Tratamento

        O cristão necessita do tratamento de Deus em sua vida por
que possui áreas escondidas em sua vida que devem ser reveladas.
Deus deseja revelar estas áreas escondidas de pecados em nós, de
maneira a nos ajudar a crescer. As Escrituras afirmam que é Deus
quem revela tais segredos.
        Deus revela os nossos pecados ocultos para que não
sejamos destruídos, nem o nosso ministério. Deus revela estas
áreas escuras, que estão presentes dentro de nós, para que
renunciemos a elas. Para que isto aconteça o cristão precisa da
graça de Deus por que, humanamente, a tendência é cobrir suas
próprias falhas e fraquezas. O homem deseja sempre defender-se e
esconder os motivos do coração.
        Deus deu ao cristão o Seu Espírito Santo. É o Espírito quem
revela as necessidades espirituais do homem, sondando o coração
do cristão para revelar os pecados que devem ser abandonados. A
palavra "revelar" significa retirar a tampa, e a palavra "ocultar"
significa esconder, cobrir, cobrir a vista, ou encobrir o assunto. Deus
tenta retirar a cobertura de cima do homem, enquanto que o homem
faz tudo para retê-la.
        Há vários homens nas Escrituras que ilustram o fato de
pecados ocultos. O começo de suas vidas contrastou drasticamente
com o fim delas. Começaram bem e acabaram tragicamente.
Os homens podem começar bem mas, se tiverem pecados ocultos
em suas vidas, os quais não confessam, mas os alimentam sem
arrependimento, estarão destruindo suas vidas e ministérios. Em II
Sm. 1:19, Davi lamentando a morte de Saul e Jônatas, chama três



                                   144
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


vezes:" Como caíram os valentes! ". Nesta lamentação Davi
                                                                                NOTAS
descreve os "valentes" no inicio da vida ministerial como:
      • Formosos ( ver Vs. 19 )
      • Poderosos ( ver vs. 19 )
      • Amados e queridos ( ver Vs. 23 )
      • Mais ligeiros do que as águias ( ver Vs. 23 )
      • Mais fortes do que leões ( ver Vs. 23 )

       Muitos homens de Deus tem seu bom começo mas em
função do pecado secreto, da falta de operação do Senhor em seu
caráter, acabaram num fim trágico. Veja alguns exemplos:
       Saul I Sm. 10 Espírito independente I Sm.31
       Salomão II Cr. 1:7-17 Orgulho, cobiça, I Rs.11, valores
errados, auto-confiança.
       Sansão Jz. 14:15-15 Luxúria, cedeu às suas Jz.16:20-27
emoções e sentimentos errados.

      Todo líder precisa lembrar que o propósito dos tratamentos
de Deus é revelar seu coração para que ele não caia. Alguns
exemplos Bíblicos de homens que começaram bem e terminaram
em tragédias, por não entenderem os propósitos do tratamento de
Deus em suas vidas.

Propósito De Deus No Tratamento

        Transformar o Crente à Imagem de Jesus Cristo Este
processo é relatado em II Cor. 3:18. " E todos nós com o rosto
desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor,
somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem,
como pelo Senhor, o Espírito ".
A palavra "transformar'' aqui, no Grego, " metamorphos", significa:
Mudança completa de um formato em outro. É a raiz da palavra
científica usada para descrever o processo de transformação de
uma lagarta em borboleta. Este processo leva tempo e gasta
energia. A lagarta muda de um formato para um outro
completamente diferente.
O cristão também precisa passar por uma metamorfose a cada dia.
O cristão que segue ao Senhor e responde positivamente tem mais
e mais, da sua natureza restaurada e transformada à imagem do
Senhor Jesus.

Limpar toda sujeira

      Deus quer nos tornar puros. Ele está constantemente levando
seu povo ao fogo através dos seus tratamentos. Em todo o mundo,
está havendo muita pressão e calor sobre o povo de Deus. Este
calor está ordenado por Deus, para purgar seu povo. A palavra
"purgar" significa refinar, tornar puro, mudar pelo calor.
      O povo de Deus, como o metal, é preparado para uso. Toda
a sujeira e sobras extras são trazidas à superfície para serem
lançadas fora. Escória é aquilo que é lançado fora, matéria que


                                 145
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


dobra, a parte não aproveitável. Deus está nestes dias removendo
                                                                                 NOTAS
todo o excesso e escória dos seus líderes. Ele quer o
desenvolvimento do caráter em todos os seus líderes ( Is 1:22-25,
Ez. 22:18-19, Mt. 3:12, II Tm 2:21 ).

Deus quer limpar as nossas vestes

       O pisoeiro era um artesão que limpava todas as fibras de um
pano, para que o material pudesse se tornar um lindo traje.
Freqüentemente, ele estabelecia seu negócio perto de riachos, e
depois de lavá-los várias vezes, os estendia sob pedras achatadas.
Depois ele batia os panos crus com um bastão de pisoeiro. Este
bastão era enorme e tinha dentes de ferro que serviam para extrair
sujeira dos panos. Conforme ele batia nos panos crus, todos os
fragmentos e sujeira subiam a superfície e a água os varria. Por
este processo, o material era limpo. Após a limpeza, o material
estava pronto para o artífice, para transformá-lo em um magnífico
traje. Malaquias 3:1-3 diz que Jesus é como "o fogo do ourives e
como a potassa dos lavandeiros..." e Ele sabe como nos bater sem
machucar. Deus tem um bastão que usa para extrair toda a sujeira
da vida dos cristãos. Deus não usa seu bastão simplesmente para
ostentar o poder, mas usa-o para limpar as vestes dos seus filhos.

Deus quer produzir frutos em nossas vidas

        Em João 15 temos a parábola da vinha e dos ramos. O
agricultor que poda a vinha deverá, às vezes, usar a tesoura de
podar. Os galhos mortos devem ser cortados de maneira a não
extrair a seiva necessária dos galhos vivos. Os galhos que não dão
frutos são cortados. Mas as varas que dão frutos, são podadas para
dar mais frutos. Deus irá podar, purgar, refinar e cortar as varas que
dão frutos para produzirem mais frutos. O propósito de Deus é
sempre positivo e redentor. Aqueles que desejarem mais frutos
serão os mais podados.

O propósito do tratamento de Deus é preparar os vasos para
servi-lo

       A partir do momento em que o vaso é formado do barro até o
momento em que é retirado do forno, ele e submetido a um
processo definido de formação. A aplicação das mãos do oleiro
sobre o vaso às vezes é dura e firme. A roda do oleiro, o forno, tanto
quanto as mãos do oleiro, são todas partes vitais na preparação do
vaso. O propósito de Deus nessa situação é ter o vaso para sua
honra - Jer. 17:1-10; II Tm 2:19-20.
       As Escrituras indicam que Judas, o apóstolo caído, e traidor
de Jesus Cristo, enforcou-se no campo do oleiro ( Mt. 27:1-10 ).
Neste campo foi encontrado um vaso humano, rejeitado, corrompido
e mutilado, vaso para desonra, como tantos outros.
Faltou algo na preparação de Judas como líder. O propósito do
tratamento de Deus, na vida de Judas, tanto quanto na vida de


                                  146
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


qualquer outro cristão que esteja sendo treinado para liderar, é
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expor as falhas do vaso rapidamente, para que Ele possa tratar com
as falhas e curá-las e deste modo usar o vaso para honra. Deus
quer usar os vasos eficazmente para um propósito específico e não
destruí-los.

Deus quer trazer crescimento às nossas vidas

      Em Is. 54:2 o profeta proclama: " amplia o espaço de tua
tenda ". Figuradamente isto pode significar que Deus quer ampliar a
capacidade daqueles que estão se preparando para liderar Sua
Casa, a fim de que recebam mais do Senhor. II Samuel 22:37
declara que o Senhor pode alargar os passos dos líderes. Is. 60:5
diz que o coração da pessoa pode ser dilatado a fim de que seu
"depósito espiritual " também aumente. O propósito do tratamento
de Deus é nos alargar de muitas maneiras. Deus deseja expandir o
nosso ministério e a nossa função na casa do Senhor, assim como
o nosso caráter.

Algumas áreas em nossas vidas onde podemos dizer que Deus
quer alargar:

      • Nossa Visão - I Cr.4:10
      • Nossos Passos - I Sm. 22:37
      • Nossos Corações - Is. 60:5
      • Nossas Fronteiras - Ex.34:24
      • Nossa Força - I Sm. 2:1
      • Nossa Habitação - Ez.41:7, Pv.24:3-4, Is. 54:2
      • Nosso Ministério - II Co. 6:11 e 13,II Co. 10:15-16


Deus quer através do tratamento em nossas vidas, nos levar a
uma busca intensa da sua pessoa

       O Senhor trará as pressões e o calor sobre os líderes em
períodos específicos, para motivá-lo a buscá-lo. A pressão não é
para desviá-los mas, para colocá-los na direção de Deus. Muitas
vezes, os tempos difíceis e as circunstâncias duras são mal
interpretadas pelo líder em preparação. Todos estes tratamentos
são para motivar o homem a se voltar para Deus como a sua única
força. Um líder deve aprender a buscar a Deus em tempos difíceis,
para que aprenda a ajudar outros a fazer o mesmo. Jesus aprendeu
pelo que sofreu. É a experiência que nos capacita a conduzir outros.

Deus quer mais do seu espírito fluindo em nossas vidas

       As Escrituras retratam o vinho como indicativo do Espírito de
regozijo (Mt.9:17, At.2:13-16;Ef.5:18). O tempo da colheita era um
tempo de alegria para todo o povo. Após o longo período de espera,
era finalmente hora da colheita. Neste tempo, toda a família se
envolvia na sega.


                                  147
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


       As mulheres e as crianças colocavam nas cabeças as uvas
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colhidas.Levavam estas uvas para grandes tonéis de pedras. Onde
pisadores aguardavam descalços as uvas a serem esmagadas. Os
pisadores então iniciavam o processo de andar por cima das uvas
maduras, apertando-as para a extração do suco. Enquanto o
pisador fazia isto ele se segurava na viga de madeira que estava
ligada ao mastro no centro do tonel. A maior parte do seu peso,
descansava nesta viga, de maneira a não pisar com demasiada
força sobre as uvas. Se ele pisasse forte demais sobre as uvas, ele
esmagaria a semente juntamente com a uva. Se isto acontecesse o
vinho se tornaria amargo, prestando somente para dar aos animais.
       A aplicação é maravilhosa. Deus é o pisador das uvas que
somos nós. Ele deseja que o vinho do Seu Espírito flua das nossas
vidas e ministério. Ele nos aperta. Este é um processo duro,
doloroso, mas Deus nunca esmagará nossos espíritos ( a semente
da uva ) para não nos tornar amargos. Uma vida amarga não é boa
para ninguém. Deus não deseja líderes amargos. Ele quer que o
vinho novo e fresco do Seu Espírito flua através de nossas vidas.

Através dos tratamentos Deus quer nos dar nova visão

       Em II Co. 4:16-18, Paulo enfoca esta realidade. Todas as
pressões, aflições e provas que vem sobre nós agora, são para
operar algo eterno. Não devemos olhar apenas para o presente,
analisando aquele momento. Precisamos encarar o futuro,
pensando no fruto eterno que será em nós, e através de nós, na
vida de outros. Dons são dados, mas o caráter é desenvolvido. O
caráter tem valor eterno, irá conosco para a Eternidade (ver I Co.
13:8 e 13).

Nossa Atitude Diante do Tratamento de Deus

       Termos o caráter desenvolvido à semelhança do de Jesus
Cristo é muito mais importante do que as aflições que possamos
viver nesta vida. Suportando estas aflições no presente teremos o
caráter de Jesus Cristo sendo desenvolvido em nós.
Nossas atitudes ou reações diante das circunstâncias que Deus usa
para tratar conosco definem nossa aceitação do tratamento, ou não.
Algumas atitudes que devemos desenvolver quando passamos por
provas:

• Oração - ( ver Tg. 5:13 ).
• Contrição - ( ver I Pe.4:19 )
• Reflexão - ( ver Hb. 12:3 )
• Louvor - ( ver Sl. 74; 21).
• Suportar as Circunstâncias - ( ver Mt. 10:22 e Ico. 10:13)
• Gozo - ( Ver Mt. 5:12 e Rm. 5:3 ).
• Disposição para Mudança - ( ver II Sm. 12:13 ).

      Resistir geralmente quer dizer "se segurar ou ser indiferente
durante os tratamentos".Em Jacó vemos uma atitude certa em


                                   148
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


resposta aos tratamentos de Deus. Através das Escrituras Deus se
                                                                                 NOTAS
identifica com três homens. Muitas vezes Deus disse: " Eu sou o
Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó ". Sendo o Deus de Abraão,
nos fala que é um Deus que guarda o concerto. Sendo o Deus de
Isaque fala do Deus dos milagres. Mas, quando a Escritura
proclama que Ele é o Deus de Jacó, fala de Deus como sendo Deus
da mudanças, pois mudou o nome de Jacó, e a sua natureza de
suplantador, para Israel.

Diante do tratamento de Deus podemos ter duas atitudes:
        Podemos ter a atitude de Cristo que se humilhou e cedeu e
foi à cruz ou ainda a atitude da serpente. Esta é arrogante e se
defende em tudo e acaba por se rebelar contra Deus. Estas duas
atitudes se contradizem. Alguns líderes aprenderam a responder a
Deus como Cristo outros como uma serpente. E você? Reage aos
tratamentos de Deus como um verme ou como uma serpente?

Nossa Atitude Como Resposta

       Devemos aceitar o tratamento de Deus em nossa vida,
crendo que " Todas as coisas cooperam para o nosso bem ",
visando um fiel proveito: O aperfeiçoamento ( maturidade ) do nosso
caráter.
       Todos aqueles poderosos homens de Deus iniciaram seus
ministérios com o esplendor do sucesso e terminaram derrotados.
Possuíam qualidades positivas no início de suas vidas e ministérios.
Por exemplo: humildade, sabedoria, fé, conhecimento, unção,
coração pronto para Deus. Apesar de todas as qualidades sólidas e
fortes que porventura possuamos devemos ter sensibilidade e
obediência ao Senhor, inclusive durante os tratamentos em nossas
vidas.

Os tratamentos de Deus

O Deserto e As Circunstâncias

        Todos os grandes nomes mencionados na Bíblia, foram de
homens que antes de realizarem qualquer coisa relacionada ao seu
ministério, passaram pelo deserto. Foram colocados à prova, sob
forte pressão, pois o alvo de Deus era formar um " CARÁTER "
solidificado. Muitos foram levados "Literalmente" ao deserto, outros
passaram por provas dificílimas. Alguns fizeram do deserto sua
própria casa, outros não aceitaram esse tratamento. Não há na
Bíblia nenhum homem que teve um Ministério próspero e
reconhecido sem ter passado pelo deserto, e todos que tentaram
assumir posições, sem a devida formação foram lançados por terra.
O alvo de Deus para nossas vidas é que sejamos completamente
aprovados em nossas atitudes, nas motivações do nosso coração,
que sejamos a expressão de Cristo para as pessoas no seu
quebrantamento, amor e brandura. O poder de Deus expressa
sempre Sua Grandeza e Glória, por outro lado o caráter de Cristo


                                  149
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


em nós revela Sua pessoa. Deus não tem como meta apenas
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revelar Sua Grandeza, Ele quer revelar-se. Mas como homens
duros, obstinados, arrogantes e cheios de si podem chegar a essa
posição de expressarem Cristo? Através dos tratamentos de Deus.
Dentre estes os mais eficientes são o Deserto e as Circunstâncias.

O Que é o Deserto?

       O deserto aponta para uma fase em nossas vidas
determinada por Deus para nos amadurecer e aprofundar no
relacionamento com Ele. É um tempo difícil para a carne e para o
Ego, pois normalmente o deserto vem para golpeá-los.
       A Bíblia diz que Deus é Pai, que nos ama e zela de nós com
grande cuidado. Quando estamos no deserto, normalmente nos
entristecemos achando que Deus não nos ama, não nos ouve e que
nos rejeitou. Mas é exatamente o contrário! Nunca gostamos do
deserto porque somos infantis no conhecimento de Deus. Tal como
as crianças, nós gostamos do que é agradável mas detestamos o
que nos causa desprazer. Deus não tem compromisso em nos ser
agradável. Ele tem a decisão de fazer o que é melhor. Muitas vezes
o que fazemos não agrada nossos filhos, mas não nos perturbamos.
Sabemos que o que fazemos é o necessário. É o melhor. É com
essa ótica que Deus nos envia ao deserto.

Deserto é Tempo de Pressão

        Só somos totalmente conhecidos quando colocados sob
pressão. E esta pressão vem, primeiro para que se torne conhecido
o que realmente somos. Nós achamos que nos conhecemos bem.
Que engano!
Nesse processo de nos conhecermos, a auto-análise e a
introspecção só atrapalham pois as suas cogitações vem da mente
com conceitos totalmente deturpados. Fora da luz e revelação do
Espírito Santo nenhum conceito sobre nós mesmos é digno de
crédito. A auto-análise gera orgulho ou sentimentos de inferioridade,
é carnal e altamente nociva. O deserto traz essa pressão a fim de
que se manifeste o que somos para as pessoas. Há muitos irmãos
que em condições normais gastam imensa energia da alma para
manterem firmes suas máscaras de espiritualidade, paciência,
brandura, pureza e profundidade no conhecimento de Deus. Estão
todo o tempo se policiando a fim de vender uma imagem que não
corresponde à sua realidade. Entretanto, quando as pressões do
deserto vem, tudo desmorona. O que somos, somos. O que
fingimos ser, cai às vistas de todos. Toda a nossa carnalidade fica
exposta. O deserto nos capacita a suportar pressões. Não é
possível Deus confiar nada a nós antes de passarmos pelo deserto.
Esta fase em nossas vidas visa transformar pessoas fracas e
vacilantes em pessoas fortes e corajosas. Antes de passarmos por
esse tempo, quando as pressões do diabo, do sofrimento e do
conflito vinham, nossa tendência era jogar tudo para cima,
assentarmos sobre uma pedra e chorarmos clamando pela nossa


                                  150
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


mãe. Não éramos confiáveis. O deserto nos torna rijos, destemidos
                                                                                 NOTAS
e calejados para as pressões. De tempos em tempos nossa
capacidade de suportar pressões vai aumentando, ao mesmo tempo
que aumenta a unção, as responsabilidades e o reconhecimento
dos homens.
       Sem passarmos pelo deserto tomaríamos para nós toda a
glória que pertence a Deus. Não éramos confiáveis. Quando sob a
menor pressão, tornávamos incrédulos, murmurávamos, e
abandonávamos tudo. Após o deserto as coisas mudam.

Deserto é Lugar de Solidão

       Por muitas vezes, quando mais desejei a presença de
amigos, pastores e discípulos não as tive. Estava no deserto. Muitas
vezes desejei a intimidade de grandes homens de Deus, mas em
todas estas ocasiões fui frustrado por Deus. Eu depositava grandes
expectativas na vida de alguns notáveis homens de Deus, mas o
Senhor nunca permitiu que estas expectativas se cumprissem: Deus
queria que dependesse exclusivamente dEle, não do homem.
Temos toda essa tendência, sincera, de buscar a Deus através de
homens e mulheres que já alcançaram grande intimidade com Ele.
Não queremos passar pelo processo do deserto. Desejamos achar
nas pessoas o que Deus quer nos dar de sua própria presença. O
deserto vem para nos decepcionar com toda expectativa e
esperança colocada no homem. Isso não é negativo, é muito bom
para nós. Passamos a ter como única alternativa o Senhor. Chega
um tempo em que já esperamos tanto do homem sem nada receber
que nos desiludimos. Abandonamos aquela idéia infantil do "grande
homem de Deus que virá de não sei de onde, vai impor as mãos
não sei de que jeito eliminando todos os problemas e transformando
a vida num mar de rosas".Na solidão do deserto parece que não há
mais ninguém com quem podemos contar. Todas as pessoas se
tornam distantes, impessoais e parecem não nos compreender. Isso
é obra de Deus. Ele quer se tornar o nosso amigo mais íntimo,
nosso companheiro de todas as horas, o ombro amado onde
choramos as nossas tristezas. Ele se torna no deserto a única
pessoa a quem podemos recorrer. Ao sairmos do deserto perdemos
as amizades naturais, os heróis humanos, os parentes mais
queridos e ganhamos a Deus. Bendita perda; bendito ganho!

O Deserto é Lugar do Esgotamento da Alma

       No deserto não tem água, não tem vida, não tem descanso.
Só calor e exaustão. Nossas energias naturais vão se esgotando
pouco a pouco até não haver mais nenhuma força, nenhum ânimo,
nenhum entusiasmo. O tempo do deserto é tempo sem sabor, sem
cor, sem novidade, sem sentimento. Deus retira todos os estímulos
naturais que nos animavam no natural. O alvo de Deus é nos livrar
da dependência da nossa vida natural e nos capacitar a depender
inteiramente do Seu Espírito. Enquanto temos estímulos de todas as
formas, não precisamos depender de Deus. Fazemos tudo no


                                  151
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


entusiasmo da alma. O alvo de Deus com esse tempo é retirar os
                                                                                 NOTAS
estímulos a fim de andarmos nas nossas próprias forças e nos
exaurirmos completamente.
       Quantos homens e mulheres de Deus passam por períodos
de estafa. O que caracteriza esse esgotamento é a exaustão de
todas as energias da alma. Às vezes até oramos por tais irmãos
para que Deus os restabeleça. Tal oração é contrária à vontade de
Deus. Aliás, Deus mesmo vai cooperar para que a estafa, o
esgotamento mais completo venha o mais depressa possível. Se
andamos baseados em nossa vida natural, não estamos andando
por fé e nem no Espírito. Chame como quiser mas a Bíblia diz que
isso é andar na carne. Precisamos saber que andar na carne não é
só cometer pecados grosseiros e manifestar aqueles frutos horríveis
mencionados em Gálatas 5. Andar na carne é não depender de
Deus, é depender de sua vida natural, de seu Ego. O deserto pois,
vem para nos acabar. Vem para destruir toda auto-confiança.
       Moisés antes do deserto desejava uma revelação e em seu
afã matou com as mãos um egípcio. Parecia que a promessa de
libertação da nação dependia exclusivamente dele. Após os 40 anos
no deserto ele disse ao Senhor: "tu deves estar enganado, nem ao
menos sei falar." Segundo a Bíblia Moisés se tornou o homem mais
manso de toda a terra. Bendito deserto!

No Deserto Deus se Mostra Como Luz.

       Podemos experimentar a presença de Deus sobre nós como
deleite e como luz. Como é bom adorarmos o Senhor e sentirmos
Sua maravilhosa presença. Não há na terra nada tão aprazível. Mas
a Bíblia diz que Deus também se manifesta como luz:"Na tua luz
vemos a luz"; "Ele é o sol da justiça " e "Nele estava a vida e a vida
era a luz dos homens".No deserto a poderosa presença de Deus se
manifesta como uma forte e vigorosa luz que penetra nas regiões
mais profundas e interiores de nosso ser. Sob a luz de Deus vamos
conhecendo a Ele na Sua glória, por outro lado nos conhecendo em
nossa miséria também. Que grande contraste há entre o Deus
eterno e o eu finito; entre a Grandeza de Deus e a minha
insignificância;entre o Deus Santo e o eu pecador. No Deserto
conhecemos a face de Deus, ao mesmo tempo que nos
conhecemos. Esse contraste entre a Glória e a miséria é que nos
torna verdadeiramente humildes.Ao sairmos do deserto, saímos
convencidos de que não há em nós mesmos nada útil para Deus,
nada próprio para Deus, nada próprio para o Reino. Sabemos que
somos totalmente desqualificados e vis. Moisés e Paulo eram tão
cultos, tão capazes, tão arrogantes, tão independentes de Deus, tão
seguros de si mesmos, tão inteligentes, tão auto-confiantes... Após
o deserto o primeiro disse: "não sei falar"e o segundo disse:"não
habita em mim bem nenhum; sou o maior pecador". Há muitos
irmãos que afirmam conhecer a Deus, nas suas atitudes depõem o
contrário. Quão incoerente é afirmarmos conhecer a Deus e sermos
ao mesmo tempo orgulhosos, jactanciosos e arrogantes. A
verdadeira maturidade não faz propaganda do seu próprio nome,


                                  152
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


não edifica um monumento a si mesmo e nem se julga competente.
                                                                                 NOTAS
Quanto mais conheço a Deus, mais me conheço.

Nossa Maleabilidade Determina a Duração e a Intensidade do
Deserto.

        Deus espera sempre uma atitude responsiva no deserto. Mas
o que é ter uma atitude responsiva? É sermos maleáveis, é não nos
endurecermos ante aquilo que Deus vem golpeando. É tão triste ver
crentes sendo tratados por Deus e que, ao invés de se humilharem
fortalecem as antigas posições. Muitas vezes corremos esse risco
de não sermos sensíveis e não percebermos que aquilo de negativo
que está acontecendo é Deus desejando nos falar e nos mudar.
Sofremos em nossa reputação e nos defendemos, somos criticados
e criticamos; somos agredidos e agredimos. Sofremos prejuízo e
logo inventamos um modo de passar o prejuízo para outro. Quando
injustiçados vamos à desforra. Reivindicamos, exigimos,
desprezamos e usamos da nossa força humana para estabelecer
nossa própria vontade. Não percebemos que ao impormos estamos
fora do padrão do caráter de Cristo e nos endurecemos contra os
tratamentos de Deus, pois justamente aquilo que mais nos
incomodou era a mão de Deus nos tratando. Aquele chefe no
trabalho, aquele líder na Igreja, aquela pessoa que mais nos
incomoda, aquele a quem mais é difícil de se submeter, amar e
aceitar é justamente quem está mais sendo usado por Deus para
nos aperfeiçoar. Ceda! Seja maleável, mude, responda a Deus. A
mão bendita do oleiro se revela muitas vezes justamente na
situação que você mais detesta.
Quanto mais resistirmos em nossa obstinação e dureza mais tempo
passamos no deserto. E quanto mais o tempo passa mais duro vai
se tornando o deserto. Deus nos envia ao deserto para nos levar à
semelhança de Cristo, entretanto algumas pessoas são tão duras,
empedernidas e obstinadas que acabam morrendo no deserto. Vida
cristã é coisa séria. Que seria morrer no deserto? É viver a vida
inteira resistindo a Deus e sendo resistido por Ele. Não se usufrui de
sua graça, de sua bênção, do seu descanso e da sua vida. Nada na
vida dos tais funciona. Tornam-se pessoas amargas, críticas.
Acham tudo muito falho. Estão sempre cheias de auto-piedade, de
cobranças aos pais aos amigos e aos líderes na igreja. O mundo
todo está errado, o mundo todo é alvo de suas fortes críticas. Ao
agirem assim estão aprofundando o sofrimento, tornando as crises
mais agudas e aumentando a fase do deserto. Moisés passou 40
longos anos no deserto para que Deus pudesse usá-lo, para que a
face do Senhor pudesse ser vista por ele. Deus não tem prazer no
deserto. Ele tem prazer em nossa resposta. Há pessoas que falam
do seu deserto como se fosse uma grande vantagem. Quão
ignorantes são! Estão dando testemunho de sua grande dureza.
Não devemos endurecer-nos, pelo contrário devemos amar a
disciplina do Senhor cedendo rapidamente e mudando de coração e
de atitudes. Na escola de Deus não se pode pular de cartilha. Se
somos reprovados, nalgum tempo depois passaremos pelo mesmo


                                  153
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


teste. Isso se repetirá até darmos a Deus a resposta de
                                                                                NOTAS
quebrantamento e mudança que Ele espera de nós.

As Circunstâncias de Tratamento

       Além do deserto, que poderíamos chamar de fases nas quais
passamos uma ou mais vezes, Deus nos cria circunstâncias para
nos aperfeiçoar. Essas circunstâncias certamente virão para tratar-
nos nas áreas onde somos mais difíceis. Por exemplo: se o nosso
coração é extremamente apegado a bens materiais Deus nos dará
prejuízo, frustração após frustração. Se somos daquele tipo tímido
que pouco liga para as coisas de Deus mas que é grandemente
preocupado com a opinião das pessoas a seu respeito e com sua
reputação, este irmão vai sofrer vexame após vexame até sua
reputação ir para o brejo. Se é do tipo que ama os primeiros
lugares, lhe será reservado sempre aquele lugar desprestigiado e
ignorado. Se cobra o amor das pessoas, jamais o receberá. Isso se
perpetuará até ceder a Deus tendo seu coração completamente
nEle, até que se disponha ao invés de cobrar , dar amor, atenção, e
respeito negando-se a si mesmo completamente.


O QUEBRANTAMENTO

       Qualquer pessoa que serve a Deus descobrirá, mais cedo ou
mais tarde, que o grande impedimento para a sua obra não são
outras pessoas mas, sim, ela mesma. Descobrirá que sua alma e
seu espírito não estão em harmonia, pois os dois tendem para
direções opostas. Sentirá também, a incapacidade de sua alma
submeter-se ao controle do espírito, tornando-a, assim, incapaz de
obedecer aos mandamentos mais sublimes de Deus. Perceberá
rapidamente que a maior dificuldade acha-se na sua alma, pois esta
o impede de fazer uso do seu espírito.Muitos dos servos de Deus
nem sequer conseguem fazer as obras mais elementares.
Normalmente, devem ser capacitados pelo exercício do seu espírito
a conhecer a Palavra de Deus, a discernir a condição espiritual de
outra pessoa, entregar as mensagens de Deus com unção e
receber as revelações de Deus. Mesmo assim, devido às distrações
da alma parece que seu espírito não funciona apropriadamente. É
basicamente porque a alma nunca foi tratada. Por esta razão, o
reavivamento, o zelo, o muito implorar e o ativismo não passam de
um desperdício de tempo. Conforme veremos, há apenas um só
tratamento que pode capacitar o homem a ser útil diante de Deus: o
quebrantamento.

O Homem Interior e o Homem Exterior

       Note como a Bíblia divide o homem em duas partes: "
Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus "
(Rm 7:22). Nosso homem interior deleita-se na lei de Deus. “... que
sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem


                                 154
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


interior" (Ef. 3:16). E Paulo também nos informa: " Mesmo que o
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nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem
interior se renova de dia em dia" (2 Co 4:16).
        Quando Deus vem habitar em nós mediante o Seu Espírito, a
Sua vida e o Seu poder, entra em nosso espírito, é o que
chamamos de" homem interior. " Fora deste homem interior há a
alma, na qual funciona nossos pensamentos nossas emoções e
nossa vontade. O homem periférico é nosso corpo físico. Assim,
falaremos do homem interior como sendo o espírito, do homem
exterior como sendo a alma, e do homem periférico sendo o corpo,
Nunca devemos nos esquecer de que nosso homem interior é o
espírito humano onde Deus habita, onde Seu Espírito se combina
com nosso espírito. Assim como nós vestimos roupas, assim
também nosso homem interior "veste" um homem exterior: o espírito
"veste" a alma. E, de modo semelhante, o espírito e a alma
"vestem" o corpo. Está bem evidente que o homem geralmente está
mais consciente do homem exterior e do periférico, e dificilmente
reconhece ou entende seu espírito.
        Devemos saber que aquele que pode trabalhar para Deus, é
aquele cujo homem interior pode ser liberado. A dificuldade básica
de um servo de Deus acha-se no fracasso do homem interior de
irromper pelo homem exterior. Logo, devemos reconhecer diante de
Deus que a primeira dificuldade que enfrentamos na obra não está
nos outros mas, sim em nós mesmos. Nosso espírito parece estar
embrulhado num invólucro de modo que não pode facilmente
irromper de lá. Se nunca aprendemos como liberar nosso homem
interior por meio de irromper pelo homem exterior, não temos
capacidade de servir. Nada pode obstacular-nos tanto quanto este
homem exterior. Se nossas obras são frutíferas ou não, depende se
nosso homem exterior foi quebrantado pelo Senhor de modo que o
homem interior possa passar e se manifestar. Este é o problema
básico. O Senhor deseja quebrar nosso homem exterior a fim de
que o homem interior possa ter uma via de saída. Quando o homem
interior for liberado, tanto os descrentes quanto os cristãos serão
abençoados.

A Natureza Tem Sua Maneira de Quebrar

        O Senhor Jesus conta-nos em João 12:24 "Se o grão de
trigo, caindo na terra, morrer, produz muito fruto." A vida está no
grão de trigo, mas há uma casca, uma casca muito dura, do lado de
fora. Enquanto aquela casca não for rachada e aberta, o trigo não
pode brotar nem crescer. "Se o grão de trigo, caindo na terra, não
morrer..." Que morte é essa? É o arrombar da casca mediante a
cooperação da temperatura e a umidade no solo. Uma vez que a
casca é fendida e aberta, o trigo começa a crescer. Então, a
questão aqui não é se há vida dentro, mas, sim, se a casca externa
foi rachada.
        A Escritura continua, dizendo: "Quem ama sua vida (Grego,
alma) perde-a; mas aquele que odeia a sua vida (Grego, alma)
neste mundo, preserva-la-á para a vida eterna" (v.25). O Senhor


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A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


nos mostra aqui que a casca externa é nossa própria vida (a vida da
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nossa alma), ao passo que a vida interior é a vida eterna que Ele
nos deu. Para permitir que a vida interior se manifeste, é imperativo
que a vida exterior seja rompida. Se o exterior permanecer intacto, o
interior nunca poderá aparecer.
        Dirijamos estas palavras para aquele grupo de pessoas que
possui a vida do Senhor. Pode ser achada duas condições distintas:
uma inclui aqueles em que a vida é confinada, restringida,
aprisionada e incapaz de se manifestar; a outra inclui aqueles em
que o Senhor forjou um caminho, e a vida deles, portanto, é
liberada.
A pergunta, pois, não é como obter a vida, mas, sim, como permitir
que esta vida apareça. Quando dizemos que temos necessidade de
que o Senhor nos quebrante, não é meramente um modo de falar,
nem é apenas uma doutrina. É vital que sejamos quebrantados pelo
Senhor. Não que a vida do Senhor não possa cobrir a terra, mas,
sim, que Sua vida está sendo aprisionada por nós. Não que o
Senhor não possa abençoar a igreja, mas, sim, que a vida do
Senhor está tão confinada dentro de nós que não se manifesta. Se
o homem exterior permanecer intacto, nunca poderemos ser uma
bênção para a Sua igreja, e não podemos esperar que a palavra de
Deus seja abençoada através de nós!

O Vaso de Alabastro Deve Ser Quebrado

       A Bíblia conta acerca do Nardo puro. Deus, deliberadamente
usou este termo "puro" na Sua palavra para mostrar que é
verdadeiramente espiritual. Mas se o vaso de alabastro não for
quebrado, o Nardo puro não fluirá. Por estranho que pareça, muitos
ainda estão valorizando demasiadamente o vaso de alabastro,
pensando que seu valor excede o do ungüento. Muitos pensam que
seu homem exterior é mais precioso do que seu homem interior.
Este fica sendo o problema na igreja. Uma pessoa tem em grande
estima sua habilidade, pensando que é bem importante; outra
valoriza suas próprias emoções, e se estima como uma pessoa
muito espiritual; outra têm alta consideração por si mesmas, e
sentem que são melhores que outros, que sua eloqüência
ultrapassa a das demais, que sua rapidez de ação e exatidão de
julgamento são superiores, e assim por diante. Nós, porém, não
somos colecionadores de antiguidades; somos aqueles que
desejamos cheirar somente a fragrância do ungüento. Sem quebrar
o exterior, o interior não surgirá. Deste modo, individualmente não
temos qualquer fluir, como também a igreja não tem um caminho
vivo. Por que, pois, devemos considerar-nos tão preciosos, se
nosso interior retém a fragrância, ao invés de liberá-la?

O Espírito Santo não cessou de operar. Um evento após outro, uma
coisa após outra vem a nós. Cada operação disciplinar tem um só
propósito: quebrar nosso homem exterior a fim de que nosso
homem interior possa se manifestar. Aqui porém, está nossa
dificuldade: ficamos impacientes por causa de ninharias,


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A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


murmuramos diante de perdas de pequena monta. O Senhor está
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preparando um modo de usar-nos, mas, mal Sua mão nos tocou,
sentimo-nos infelizes, até ao ponto de contendermos com Deus e de
nos tornarmos negativos em nossas atitudes. Desde que fomos
salvos, fomos tocados várias vezes e de várias maneiras pelo
Senhor, e tudo com o propósito de quebrar nosso homem exterior.
Quer tenhamos consciência disto, quer não, o alvo do Senhor é
quebrar este homem exterior.
Desta maneira, o Tesouro está no vaso de barro, mas se o vaso de
barro não for quebrado, quem poderá ver o Tesouro que está
dentro? Qual é o objetivo final da operação do Senhor em nossas
vidas? É quebrar este vaso de barro, é quebrar nosso vaso de
alabastro, é arrombar nossa casca. O Senhor anseia por achar um
meio de abençoar o mundo através daqueles que pertencem a Ele.
O quebrantamento é o caminho da bênção, o caminho da
fragrância, o caminho da frutificação, mas também é um caminho
salpicado de sangue. Sim, há sangue de muitas feridas. Quando
nos oferecemos ao Senhor para fazer a Sua obra não podemos nos
dar ao luxo da morosidade, de nos pouparmos. Devemos deixar que
o Senhor rache totalmente nosso homem exterior, de modo que Ele
possa achar um caminho para Suas operações.
Cada um de nós deve descobrir para si mesmo qual é a mente do
Senhor para sua vida. É um fato muitíssimo lamentável, que muitos
não sabem qual é a mente ou intenção do Senhor para suas vidas.
Precisam de que Ele abra os seus olhos, para ver que tudo quanto
entra nas suas vidas pode ter significado. Entender o propósito do
Senhor é ver muito claramente que Ele visa um único objetivo: o
quebrantamento do homem exterior.
       Muitas pessoas, no entanto, antes mesmo que o Senhor erga
Sua mão, já estão aflitas. Oh! devemos reconhecer que todas as
experiências, problemas e provações que o Senhor nos envia são
para nosso bem supremo. Não podemos esperar que o Senhor nos
dê coisas melhores, pois estas são as melhores. Se alguém se
aproximasse do Senhor, e orasse, dizendo: "Oh Senhor, por favor,
deixa-me escolher o melhor." Creio que Ele lhe diria: "Aquilo que Eu
te dei é o melhor; tuas provações diárias são para teu máximo
proveito." Assim, o motivo por detrás de toda a providência de Deus
é quebrantar nosso homem exterior. Uma vez que isto ocorre e o
espírito pode fluir, então, começamos a exercitá-lo.

O Tempo do Nosso Quebrantamento

       O Senhor emprega dois meios diferentes para quebrar nosso
homem exterior: um é paulatino, o outro é repentino. Para alguns, o
Senhor dá um quebrantamento súbito seguido por um paulatino.
Com outros, o Senhor dispõe para que tenham provações diárias
constantes, até que, um dia, leva a efeito um quebrantamento em
grande escala. Se não for o repentino primeiro, e depois o paulatino,
então, é o paulatino seguido pelo repentino. Parece que o Senhor
normalmente trabalha conosco durante vários anos antes de poder
realizar esta obra de quebrantamento.


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A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


        A cronologia está na mão dEle. Não podemos encurtar o
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tempo, embora certamente o possamos prolongar. Em algumas
vidas, o Senhor pode realizar esta obra depois de uns poucos anos
de trato; noutras, é evidente que depois de dez ou vinte anos a obra
ainda está incompleta. Isto é muito sério! Nada é mais lastimável do
que desperdiçar o tempo de Deus. Quão freqüentemente a igreja é
atrapalhada! Podemos pregar com o uso da nossa mente, podemos
comover os outros com o uso das nossas emoções; mas se não
sabemos usar nosso espírito, o Espírito de Deus não poderá tocar
as pessoas através de nós. A perda será grande, se prolongarmos
desnecessariamente o tempo.
Logo, se nunca antes nos consagramos de modo total e inteligente
ao Senhor, façamo-lo agora, dizendo: "Senhor, para o futuro da
igreja, para o evangelho, para o Teu caminho, e também para minha
própria vida, ofereço-me sem condições, sem reservas, nas Tuas
mãos. Senhor, deleito-me em oferecer-me a Ti e estou disposto a
deixar-Te fazer toda a Tua vontade através de mim."

O Significado da Cruz

       Ouvimos falar freqüentemente acerca da cruz. Talvez
estejamos por demais familiarizados com o termo. Mas o que é a
cruz afinal das contas? Quando realmente compreendermos a cruz,
veremos que significa o quebrantamento do homem exterior. A cruz
reduz o homem exterior à morte; racha a casca humana e a abre. A
cruz deve quebrar tudo quanto pertence ao nosso homem exterior:
nossas opiniões, nossos modos, nossa habilidade, nosso amor-
próprio, nosso tudo.
Tão logo que nosso homem exterior é destruído, nosso espírito
pode sair facilmente para fora. Considere certo irmão, como
exemplo. Todos quantos o conhecem reconhecem que tem uma
mente aguçada, uma vontade dinâmica, e profundas emoções. Mas,
ao invés de ficarem impressionadas por estas características
naturais da sua alma, impressionam com a facilidade de tocar em
seu espírito. Sempre que as pessoas estão tendo comunhão com
ele, encontram um espírito, em espírito limpo. Por que? Porque tudo
quanto é da sua alma foi transformado.
Esta transformação do homem exterior é uma questão fundamental.
Devemos deixar o Senhor forjar um caminho em nossas vidas.

Duas Razões para Não Ser Quebrantado

        Por que é que, depois de muitos anos de trato, algumas
pessoas permanecem inalteradas? Alguns indivíduos tem uma
vontade forte; alguns tem emoções fortes; e outros tem uma mente
forte. O Senhor pode quebrantá-los e há duas razões principais para
isto acontecer. A primeira é que muitos que vivem nas trevas não
estão vendo a mão de Deus. Enquanto Deus está operando,
enquanto está destruindo, não reconhecem que o tratamento vem
da parte dele. Estão destituídos de luz, e, somente vêem homens
que se opõem a eles. Imaginam que o meio-ambiente é realmente


                                  158
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


difícil, que as circunstâncias são as culpadas.Não entendem que
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não é mão humana e nem mão de família nem de irmãos e irmãs na
igreja, mas, sim, a de Deus. Assim, continuam nas trevas e no
desespero, perdendo oportunidades de serem quebrantados pelo
Senhor.
 A segunda razão, outro grande impedimento à obra de quebrantar
o homem exterior é o amor-próprio. Devemos pedir que Deus
remova nosso o coração do amor-próprio. A medida em que Ele lida
conosco em resposta à nossa oração, devemos adorar e dizer: "Ó
Senhor, se isto for da Tua mão, que eu o aceite no meu coração."
Lembremo-nos de que a única razão para todo mal entendido, toda
a irritação, todo descontentamento, é que secretamente amamos a
nós mesmos. Assim, planejamos um modo mediante o qual
podemos livrar a nós mesmos. Muitas vezes, os problemas surgem
porque procuramos uma via de escape, uma fuga da operação da
cruz. Não tente escapar da cruz pois assim só adiará o tempo de
Deus na sua vida. Deixe Deus operar até que atinja Seu propósito,
que não é outro senão que Sua vida seja vivida através de ti.

As Feridas Virão Inevitavelmente.

        Ninguém é mais belo do que alguém que está quebrantado! A
teimosia e o amor-próprio cedem lugar à beleza na pessoa que foi
quebrantada por Deus. Vemos Jacó no Antigo Testamento, mesmo
no ventre da sua mãe, lutava com seu irmão. Era sutil, enganoso,
traiçoeiro. Por isso, sua vida estava cheia de tristezas e mágoas.
Ainda jovem, fugiu do seu lar. Durante vinte anos foi logrado por
Labão. A esposa do amor de seu coração, Raquel, morreu
prematuramente. O filho do seu amor, José, foi vendido. Anos mais
tarde, Benjamin foi preso no Egito. Deus tratou com ele
sucessivamente, e Jacó encontrou infortúnio após infortúnio.
Finalmente, depois de muitos tratamentos deste tipo, o homem Jacó
foi transformado. Durante seus últimos anos, era bem transparente.
Quão nobre foi sua resposta a Faraó! Quão belo foi seu fim, quando
adorou a Deus, apoiado no seu bordão! Quão claras eram suas
bênçãos pronunciadas sobre seus descendentes! Depois de ler a
última página da sua história, queremos curvar a cabeça e adorar a
Deus. Aqui temos alguém que está amadurecido, que conhece a
Deus. Várias décadas de tratos tiveram como resultado que o
homem exterior de Jacó foi quebrantado. Na sua velhice, o quadro é
belo.
        Cada um de nós tem boa parte da mesma natureza de Jacó
em nós. Nossa única esperança é que o Senhor marque um
caminho para fora, quebrando o homem exterior de tal maneira que
o homem interior possa surgir e se visto; isto é precioso, e é o
caminho daqueles que servem ao Senhor. Somente assim podemos
servir; somente assim podemos levar os homens ao Senhor. Tudo o
mais está limitado quanto ao seu valor. Somente a pessoa através
de quem Deus pode aparecer, é útil.
        Depois de nosso homem exterior ter sido ferido, tratado, e
levado por várias provas, deixamos o espírito emergir. É triste


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A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


encontrar alguns irmãos e irmãs cujo ser total permanece intacto,
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nunca tendo sido tratado e transformado.
Que Deus tenha misericórdia de nós, mostrando-nos claramente
este caminho, e revelando-nos que é o único caminho. Que
ninguém menospreze os tratos do Senhor. Que Ele nos revele
verdadeiramente o que significa o quebrantamento do homem
exterior. Se o homem exterior permanecesse integral, tudo seria
meramente mente, totalmente inútil. Tenhamos esperança de que o
Senhor venha a tratar de nós de modo completo.

Como Nós Somos Antes do Quebrantamento

       O quebrantamento da alma é a experiência de todos aqueles
que servem a Deus. Deve acontecer antes que Ele possa nos usar
de modo eficaz. Quando alguém está trabalhando para Deus, duas
possibilidades podem surgir. Primeiramente, é possível que, com o
homem exterior intacto, o espírito da pessoa seja inerte e incapaz
de funcionar. Se for uma pessoa habilidosa, sua mente governa seu
trabalho; se for uma pessoa compassiva, as emoções controlam
suas ações. Tal trabalho pode parecer bem sucedido, mas não pode
trazer as pessoas a Deus. Em segundo lugar, o espírito pode
aparecer revestido dos pensamentos ou das emoções da própria
pessoa. O resultado é misturado e impuro. Tal obra trará os homens
para uma experiência mista e impura. Estas duas condições
enfraquecem nosso serviço a Deus.
       Se desejamos trabalhar de modo eficaz devemos reconhecer
que, basicamente, " é o Espírito que vivifica." Mais cedo ou mais
tarde - se não no primeiro dia da nossa salvação, talvez dez anos
mais tarde - devemos reconhecer este fato. Muitos têm de ser
trazidos ao fim da sua sabedoria e ver o vazio da sua labuta antes
de saberem quão inúteis são seus muitos pensamentos, suas
variadas emoções. Não importa quantas pessoas você pode atrair
com seus pensamentos ou emoções, o resultado vem a ser nada.
Finalmente devemos confessar: " É o Espírito que vivifica." Somente
o Espírito faz as pessoas viverem. O homem pode ser trazido para a
vida somente pelo Espírito. Muitas pessoas que servem ao Senhor
chegam a enxergar este fato somente depois de passarem por
muita tristeza e muitos fracassos. Finalmente, a palavra do Senhor
passa a ter significado para elas: aquilo que vivifica é o Espírito.
Quando o espírito é liberado, os pecadores podem nascer de novo e
os santos podem ser estabelecidos. Quando a vida é comunicada
através do canal do espírito, aqueles que a recebem nascem de
novo. Quando a vida é fornecida através do espírito para os crentes,
resulta em serem estabelecidos. Sem o Espírito, não pode haver
novo nascimento, nem estabelecimento.
       Uma coisa notável é que Deus não quer fazer distinção entre
o Seu Espírito e o nosso espírito. Há muitos lugares na Bíblia onde
é impossível determinar se a palavra " espírito" indica nosso espírito
humano ou o Espírito de Deus. Os tradutores bíblicos, desde Lutero
até os estudiosos da atualidade que labutaram nas versões, não
conseguiram resolver se a palavra " espírito”, usada em muitos


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A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


lugares no Novo Testamento, se refere ao espírito humano ou ao
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Espírito de Deus.
        Da Bíblia inteira, Romanos 8 é muito provavelmente o
capítulo em que a palavra " espírito" é empregada mais
freqüentemente. Quem pode discernir quantas vezes a palavra
"espírito" neste capítulo se refere ao espírito humano e quantas
vezes ao Espírito de Deus? Em várias versões existentes, a palavra
" pneuma" (espírito) às vezes é escrita com uma letra maiúscula;
noutras ocasiões, com uma letra minúscula. É simplesmente
impossível distinguir. Quando, na regeneração, recebemos nosso
novo espírito, recebemos o Espírito de Deus, também. No momento
em que nosso espírito humano é ressuscitado do estado da morte,
recebemos o Espírito Santo. Freqüentemente dizemos que o
Espírito Santo habita em nosso espírito, mas achamos difícil
discernir qual é o Espírito Santo e qual é o nosso próprio espírito. O
Espírito Santo e nosso espírito se combinam tanto, que embora
cada um seja individual, não são facilmente distinguidos.
        Deste modo, a liberação do espírito, é a liberação do espírito
humano, bem como a do Espírito Santo, que está no espírito do
homem. Visto que o Espírito Santo e o nosso espírito, são unidos
em um só (1 Co 6:17), pode ser distinguidos somente no nome, e
não no fato. E visto que a liberação de um importa na liberação dos
dois, outros podem tocar o Espírito Santo quando tocam o nosso
espírito. Graças a Deus porque à medida em que você deixa as
pessoas entrarem em contato com o seu espírito, deixa-as terem
contato com Deus. O seu espírito trouxe o Espírito Santo aos
homens.
        Quando o Espírito Santo está operando, precisa ser
transportado pelo espírito humano. A eletricidade numa lâmpada
elétrica, não viaja como o raio. Deve ser conduzida através de fios
elétricos. Se você quiser usar a eletricidade, precisa de um fio
elétrico para trazê-la até você. De modo semelhante, o Espírito de
Deus faz uso do espírito humano para transmiti-lo, e através dele,
Ele é trazido ao homem.
        Toda pessoa que recebeu a graça, tem o Espírito Santo
habitando no seu espírito. Se pode ser usado pelo Senhor, ou não,
depende, não do seu espírito, mas, sim, do seu homem exterior. A
dificuldade de muitas pessoas é que seu homem exterior não foi
quebrantado. Não há evidência daquele caráter marcado pelo
sangue - daquelas chagas ou cicatrizes. Assim, o Espírito de Deus é
aprisionado dentro do espírito do homem e não pode irromper e
sair. Às vezes o nosso homem exterior está ativo, mas o homem
interior permanece inativo. O homem exterior se manifesta,
enquanto que o homem interior fica para trás.

Alguns Problemas Práticos

      Vamos passar tudo isto em revista através de alguns
problemas práticos! Tomemos a pregação como um exemplo. Quão
freqüentemente podemos estar pregando com sinceridade - dando
uma mensagem bem preparada e sólida - mas interiormente nos


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A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


sentimos frios como gelo. Ansiamos por animar os outros, mas nós
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mesmos não ficamos comovidos. Há falta de harmonia entre o
homem exterior e o interior. O homem exterior está suado com o
calor, mas o homem interior está tremendo de frio. Podemos contar
aos outros quão grande é o amor do Senhor, mas pessoalmente
não somos tocados por ele. Podemos contar aos outros quão
trágico é o sofrimento da cruz, mas, ao voltar para nosso quarto,
podemos rir. O que podemos fazer a respeito disto? Nossa mente
pode labutar, nossas emoções podem ser energizadas, mas o
tempo todo, temos a sensação de que o homem interior está
meramente observando os acontecimentos. O homem exterior e o
interior não estão unidos.
        Considere outra situação. O homem interior está sendo
devorado pelo zelo. A pessoa quer gritar, mas nada consegue
expressar. Depois de falar por muito tempo parece que ainda está
andando em círculos. Quanto mais anseia por falar, mas não
consegue achar expressão. Quando se encontra com um pecador,
seu homem interior tem vontade de chorar, mas ele não consegue
derramar uma lágrima. Há um senso de urgência dentro dele, mas
quando sobe ao púlpito e procura gritar, vê-se perdido num labirinto
de palavras. Uma situação desta é muito penosa. A causa radical é
a mesma: a casca externa ainda se apega a ele. O exterior não
obedece aos ditames do interior: chorando por dentro, mas por fora,
sem se comover; sofrendo por dentro, mas por fora, a mente parece
estar em branco. O espírito ainda tem de descobrir um meio de
atravessar a casca.
        Deste modo, o quebrantamento do homem exterior é a
primeira lição para toda pessoa que deseja aprender a servir a
Deus. Aquele que é verdadeiramente usado por Deus, é aquele cujo
pensamento e emoção externa, não agem independentemente. Se
não aprendermos esta lição, a nossa eficácia, será grandemente
prejudicada. Que Deus nos traga ao lugar em que o homem exterior
é completamente quebrantado.Quando prevalecer esta condição,
haverá fim desta atividade exterior com a inércia interior; acabará o
chorar interior com a compostura exterior. Seus pensamentos
ajudarão o seu espírito ao invés de atrapalhá-lo.
        De modo semelhante, nossas emoções também são uma
casca muito dura. Muitos que desejam estar felizes não podem
expressar felicidade, ou talvez queiram chorar, sem, porém,
consegui-lo. Se o Senhor tiver ferido nosso homem exterior através
da disciplina ou da iluminação do Espírito Santo, poderemos
expressar alegria ou tristeza conforme os ditames do interior.
        A liberação do espírito nos possibilita permanecer cada vez
mais em Deus. Tocamos o espírito da revelação divina. Quando
estamos testemunhando ou pregando, transmitimos a palavra de
Deus através do nosso espírito. Além disto, podemos, muito
espontaneamente, entrar em contato com o espírito dos outros,
mediante o nosso espírito. Sempre que alguém fala em nossa
presença, podemos "tirar a medida dele" - avaliar que tipo de
pessoa é, qual atitude está adotando, que tipo de cristão é, e qual é
a sua necessidade. Nosso espírito pode tocar o espírito dele. E o


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A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


que é maravilhoso, é que outros facilmente entram em contato com
                                                                               NOTAS
o nosso espírito. No caso de alguns, apenas temos um encontro
com seus pensamentos, com suas emoções, ou com sua vontade.
Depois de conversar com eles durante horas a fio, ainda não
encontramos a pessoa real, embora ambos sejamos cristãos. A
casca exterior é grossa demais para outras pessoas tocarem o
homem interior. Com o quebrantamento do homem exterior, o
espírito começa a fluir e sempre está aberto diante de outras
pessoas.

Aventurando-se e Recolhendo-se

        Uma vez que o homem exterior tenha sido quebrantado, o
espírito do homem muito naturalmente, permanece na presença de
Deus sem cessar. Dois anos depois de certo irmão ter confiado no
Senhor, leu “ A Prática da Presença de Deus" do Irmão Lawrence.
Depois de lê-lo, sentiu-se aflito com seu fracasso quanto a
permanecer incessantemente na presença de Deus como o Irmão
Lawrence. Fez então, uma aliança com horário marcado para orar
com alguém. Por que? Bem, a Bíblia diz: "Orai sem cessar," eles
mudaram a expressão para " Orai toda hora." Cada vez que ouviam
o relógio bater a hora, oravam. Esforçavam-se ao máximo para
recolher-se em Deus, porque achavam que não podiam manter-se
continuamente na Sua presença. Era como se Ele tivesse ido
embora quietamente enquanto trabalhavam, e, assim precisassem
rapidamente recolher-se em Deus. Ou se projetasse para fora
enquanto estudavam, e agora deviam fazer um rápido retorno para
Deus. De outra forma, achar-se-iam ausentes de Deus durante o dia
inteiro. Oravam freqüentemente, passando dias inteiros orando no
Dia do Senhor e metade do dia aos sábados. Assim continuaram,
durante dois ou três anos. Mesmo assim, o problema ainda
permanecia: recolhendo-se, desfrutavam da presença de Deus, mas
ao saírem para fora, perdiam-na. Naturalmente, este problema não
é só deles; tal é a experiência de muitos cristãos. Indica que
estamos procurando manter a presença de Deus por meio da nossa
memória. O senso da Sua presença flutua de acordo com a nossa
memória. Quando nós nos lembramos, há a consciência da Sua
presença; senão, não há nenhuma. Isto é pura tolice, pois a
presença de Deus está no espírito e não na memória.
        Para solucionar este problema, devemos primeiramente
resolver a questão do quebrantamento do homem exterior. Visto
que nem nossa emoção nem nosso pensamento tem a mesma
natureza que Deus, não podem ser juntados com Ele. O Evangelho
segundo João, capítulo 4, mostra-nos a natureza de Deus. Deus é
Espírito. Somente nosso espírito é da mesma natureza de Deus;
logo, pode ser eternamente unido com Ele. Se procurarmos chegar
a obter a presença de Deus por meio de dirigir nosso pensamento,
então, quando não estamos nos concentrando, Sua presença
parece perdida. Além disto, se procurarmos usar nossa emoção, a
mesma coisa acontece, Sua presença parece ter ido embora.Às
vezes estamos felizes, e tomamos este fato por termos a presença


                                163
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


de Deus. Deste modo, quando a felicidade cessa, a presença foge!
                                                                                NOTAS
Ou podemos supor que Sua presença está conosco enquanto
lastimamos e choramos. Infelizmente, não podemos derramar
lágrimas durante nossa vida inteira. Logo, nossas lágrimas se
secarão, e depois, a presença de Deus desaparece. Tanto nossos
pensamentos quanto nossas emoções são energias humanas.
Todas as atividades devem chegar ao fim. Se procuramos manter a
presença de Deus com a atividade, então, quando a atividade
cessa, Sua presença termina. A presença de Deus requer uma
natureza igual à dEle. Somente o homem interior é da mesma
natureza de Deus. Através dele, exclusivamente, a presença de
Deus pode ser manifestada. Quando o homem exterior está em
atividades, estas podem perturbar o homem interior, de tocar na
presença de Deus.
        Deus nos deu o espírito para nos capacitar a corresponder a
Ele. O homem exterior, no entanto, sempre está correspondendo às
coisas de fora, e daí nos priva da presença de Deus. Não podemos
destruir todas as coisas do lado de fora, mas podemos quebrantar o
homem exterior. Milhões e bilhões de coisas no mundo, estão
totalmente além do nosso controle. Cada vez que alguma coisa
acontece, nosso homem exterior corresponderá; todavia não
conseguimos desfrutar em paz da presença de Deus. Concluímos,
portanto, que experimentar a presença de Deus depende do
quebrantamento do nosso homem exterior. Se, pela misericórdia de
Deus, nosso homem exterior foi quebrantado, podemos ser
caracterizados da seguinte maneira: Ontem, estávamos cheios de
curiosidade, mas hoje é impossível ser curioso. Anteriormente,
nossas emoções podiam facilmente ser despertadas, ou movendo
nosso amor, a mais delicada das emoções, ou provocando nossa
ira, a mais grosseira delas. Mas agora, sejam quantas forem as
coisas que vierem em cima de nós, nosso homem interior fica
imperturbável, a presença de Deus fica imutável, e nossa paz
interior permanece sem a mais leve agitação. Torna-se evidente que
o quebrantamento do homem exterior é a base para desfrutar da
presença de Deus. O Irmão Lawrece estava ocupado em serviços
de cozinha. As pessoas pediam, impacientes, as coisas que
queriam. Embora houvesse o tinido de pratos e utensílios, seu
homem interior não se perturbava. Podia sentir a presença de Deus
na agitação de uma cozinha tanto quanto na oração em momentos
quietos. Por que? Estava impenetrável aos barulhos externos.
Aprendera a comungar no seu espírito e desconsiderar a vida da
sua alma.
        Alguns acham que, para ter a presença de Deus, seu
ambiente deve estar livre de perturbações tais como o tinido dos
utensílios. Quanto mais longe estão da humanidade, tanto melhor
poderão sentir a presença de Deus. Que erro! O problema acha-se,
não nos pratos, nem nas outras pessoas, mas, sim, neles mesmos.
Deus não vai livrar-nos dos pratos; livrar-nos-á das nossas
respostas! Não importa quão barulhento fica lá fora, o lado de
dentro não precisa corresponder. Visto que o Senhor quebrantou
nosso homem externo, simplesmente reagimos como se não


                                 164
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


tivéssemos ouvido. Louvado seja Deus, podemos possuir uma
                                                                                 NOTAS
audição muito afinada, mas, devido à obra da graça em nossas
vidas, não estamos influenciados de modo algum pelas coisas que
fazem pressões sobre nosso homem exterior. Podemos ficar diante
de Deus em tais ocasiões tanto quanto, quando estivermos orando
sozinhos.
       Uma vez que o homem exterior é quebrantado, a pessoa já
não precisa recolher-se em Deus, pois sempre está na presença
Dele. Não é assim no caso daquele cujo homem exterior ainda está
intacto. Depois de fazer algum dever, precisa voltar, pois supõe que
se movimentou para longe de Deus. Até mesmo ao fazer a obra do
Senhor, escapa dAquele a quem serve. Assim, parece que a melhor
coisa para ele é não fazer movimento algum. Apesar disto, os que
conhecem a Deus não precisam voltar, porque nunca se
ausentaram. Desfrutam da presença de Deus quando consagram
um dia a oração, e desfrutam da mesma presença em grau muito
semelhante quando estão ativamente ocupados nas tarefas da vida
diária. Talvez seja nossa experiência comum que, ao nos
aproximarmos de Deus, sentimos Sua presença; ao passo que, se
estamos ocupados em algum trabalho, sentimos que fizemos uma
longa viagem e que devemos voltar. Qual é a resposta? O
quebrantamento do homem exterior torna desnecessárias tais
voltas. Sentimos a presença de Deus na nossa conversação e
tarefas diárias tanto quanto ajoelhados em oração. Cumprir nossas
tarefas diárias não nos afasta de Deus; logo, não precisamos voltar.

A Divisão Entre o Homem Exterior e o Interior:

Alma e Espírito

       Quando o homem exterior é quebrado, as coisas de fora
serão conservadas fora, e o homem interior viverá diante de Deus
continuamente. O problema de muitas pessoas é que seu homem
exterior e seu homem interior estão juntos, de modo que o que
influencia o externo influencia o interno. Através da operação
misericordiosa de Deus, o homem exterior e o homem interior
devem ser separados. Então, aquilo que afeta o homem exterior não
poderá alcançar o interior. Embora o homem exterior esteja
ocupado numa conservação, o homem interior está tendo
comunhão com Deus. O homem exterior talvez ache pesaroso ter
que ouvir o tinido dos pratos; o homem interior, no entanto,
permanece em Deus. A pessoa pode levar a efeito suas atividades,
entrar em contato com o mundo através do homem exterior, mas,
mesmo assim, o homem interior permanece sem ser afetado porque
vive diante de Deus.
       Consideremos um ou dois exemplos. Certo irmão está
trabalhando na estrada. Se seu homem exterior e interior já foram
divididos, este último não será perturbado pelas coisas externas.
Pode labutar no seu homem exterior, enquanto, ao mesmo tempo,
está internamente adorando a Deus. Ou considere um pai: seu
homem exterior talvez esteja rindo e brincando com seu filhinho. De


                                  165
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


repente, surge certa necessidade espiritual. Pode imediatamente
                                                                                 NOTAS
enfrentar a situação com seu homem interior, pois nunca esteve
ausente da presença de Deus. Assim, é importante que
reconheçamos que a divisão entre o homem exterior e o homem
interior tem um efeito muito decisivo sobre o trabalho e a vida da
pessoa. Somente assim é que a pessoa pode labutar sem distração.
        Podemos descrever os crentes como sendo pessoas "únicas"
ou " duplas." No caso de alguns, seu homem interior e exterior são
um só; com outros, os dois foram separados. Enquanto alguém é
uma pessoa " única," deve conclamar a totalidade do seu ser para
seu trabalho ou para sua oração. Ao trabalhar, deixa Deus para trás.
Ao orar mais tarde, deve separar-se do seu serviço. Porque seu
homem exterior não foi quebrantado, está forçado a aventurar-se e
a recolher-se. A pessoa " dupla," do outro lado, tem a capacidade
de trabalhar com seu homem exterior enquanto seu homem interior
permanece constantemente diante de Deus. Sempre que a
necessidade surge, seu homem interior pode fluir com força e
manifestar-se diante de outras pessoas. Desfruta da presença
ininterrupta de Deus. Perguntemos a nós mesmos: Sou uma pessoa
" única" ou " dupla "? Faz toda a diferença, realmente, se o homem
exterior é dividido do interior.
        Se, pela misericórdia de Deus, você experimentou esta
divisão, você sabe que há um homem dentro de você que mantém a
calma. Embora o homem exterior esteja ocupado em coisas
externas, estas não penetrarão no homem interior.
        Aqui está o segredo maravilhoso! Conhecer a presença de
Deus é através da divisão destes dois. O Irmão Lawrence parecia
ativamente ocupado com os trabalhos da cozinha, mas dentro dele
havia outro homem que ficava diante de Deus e que desfrutava de
comunhão com Ele, sem perturbação alguma. Semelhante divisão
interior conservará nossas reações livres da contaminação da carne
e do sangue.
        Concluindo, lembremo-nos de que a capacidade de usar
nosso espírito depende da obra dupla de Deus: o quebrantamento
do homem exterior e a divisão entre o espírito e a alma, ou seja: a
separação do nosso homem interior do exterior. Somente depois de
Deus ter realizado estes dois processos em nossa vida é que
poderemos exercitar nosso espírito. O homem exterior é
quebrantado mediante a disciplina do Espírito Santo; é dividido do
homem interior pela revelação do Espírito Santo(Hb 4:12).

A Manifestação de Deus e a Restrição de Deus

       Houve um tempo em que Deus Se confiou à forma humana
na Pessoa de Jesus de Nazaré. Antes do Verbo Se tornar carne, a
plenitude de Deus não conhecia limite algum. No entanto, uma vez
que a encarnação veio a ser uma realidade, Sua obra e Seu poder
eram limitados a esta carne. Este Homem, Cristo Jesus, restringirá
a Deus ou O manifestará? A Bíblia nos mostra que, longe de limitar
a Deus, Ele manifestou a plenitude de Deus de modo maravilhoso.



                                  166
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós


       Em nossos dias, Deus Se confia à igreja. Seu poder e Sua
                                                                                 NOTAS
obra estão na igreja. Assim como nos Evangelhos achamos toda a
obra de Deus dada ao Filho, assim hoje Deus confiou à igreja todas
as Suas obras, e não agirá à parte dela. Desde o Dia do Pentecoste
até ao tempo presente, a obra de Deus tem sido levada à efeito
através da igreja. Pense na responsabilidade tremenda da igreja! O
ato de Deus em confiar-Se à igreja é como Seu ato anterior de
confiar-Se a um só Homem, Cristo - sem reservas, sem restrições.
A igreja, porém, pode restringir a obra de Deus ou limitar Sua
manifestação.
       Jesus de Nazaré é o próprio Deus. Seu ser inteiro, de dentro
para fora, é revelar a Deus. Suas emoções refletem as emoções de
Deus; Seus pensamentos revelam os pensamentos de Deus.
Enquanto estava nesta terra podia dizer: "Não para fazer a minha
própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou..." O
Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir
fazer o Pai... Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o
Pai que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que
anunciar" (João 6:38; 5:19; 12:49). Aqui vemos um Homem em
quem Deus depositou sua confiança.
       Ele é o Verbo que Se tornou carne. É Deus que Se tornou
homem. É perfeito. Quando veio o dia em que Deus desejou
Distribuir Sua vida entre os homens, aquele Homem podia declarar:
" Se o grão de trigo, caindo na terra... morrer, produz muito fruto "
(João 12:24). Deste modo, Deus escolheu a igreja para ser Seu
vaso hoje - o vaso daquilo que Ele fala, para a manifestação do Seu
poder e da Sua operação.
O ensino básico dos Evangelhos é a presença de Deus em um
Homem, ao passo que o das Epístolas é a de Deus na igreja.
Quando esta luz raiar sobre nós, ergueremos espontaneamente
nossos olhos ao céu, dizendo: " Ó Deus! Quanto nós Te
impedimos!" Em Cristo, o Deus onipotente ainda era onipotente sem
sofrer qualquer restrição ou estreitamento. O que Deus espera hoje
é que este mesmo poder possa permanecer intacto à medida em
que Ele reside na igreja. Ele deve ficar tão livre para manifestar-Se
na igreja quanto o era em Cristo. Qualquer restrição ou
incapacidade na igreja invariavelmente limitará a Deus. Esta é uma
coisa muito séria; não a mencionamos levianamente. O impecilho
em cada um de nós constitui-se um impecilho para Deus.
       Por que a disciplina do Espírito Santo é tão importante?
Porque a divisão entre o espírito e a alma é tão urgente? É porque
Deus precisa ter um caminho através de nós. Que ninguém pense
que estamos interessados apenas na experiência espiritual. Nosso
zelo e dedicação é o caminho de Deus e Sua obra.
Deus está livre para operar através das nossas vidas? A não ser
que sejamos tratados e quebrantados através da disciplina,
restringiremos a Deus. Sem o quebrantamento do homem exterior,
a igreja não pode ser um canal para Deus.




                                  167
A experiência da formação do caráter de Cristo em nós

                                                                                  NOTAS
O Quebrantamento e a Maneira de Deus Operar

        Passemos agora a considerar como o quebrantamento do
homem exterior afetará nosso modo de ler a Bíblia, nosso modo de
ser ministros da Sua Palavra, e nossa pregação do evangelho.
Lendo a Bíblia: É sem dúvida que o que somos, determina o
proveito que tiramos da Bíblia. Quão freqüentemente o homem, na
sua soberba, depende da sua mente não-renovada e confusa para
ler a Bíblia. O fruto é nada senão seu próprio pensamento. Não toca
o espírito das Sagradas Escrituras. Se esperamos encontrar o
Senhor na Sua Palavra, nossos pensamentos devem primeiramente
ser quebrantados por Deus. Talvez tenhamos alto conceito da
nossa habilidade, mas para Deus é um grande obstáculo. Nunca
poderá levar-nos ao pensamento de Deus.
        Há, pelo menos, duas exigências básicas para ler a Bíblia.
Primeiramente, nosso pensamento deve entrar no pensamento da
Bíblia; e, em segundo lugar, nosso espírito deve entrar no espírito
da Bíblia. Você deve pensar como o escritor, seja Paulo, Pedro ou
João, estava pensando quando escrevia a Palavra de Deus. Seu
pensamento deve começar onde o pensamento dele começa, e
desenvolver como o dele se desenvolve. Você deve ter a
capacidade de raciocinar como ele raciocina e de exortar como ele
exorta. Em outras palavras, seu pensamento deve ser engrenado
com o pensamento dele. Isto permitirá ao Espírito que lhe dê o
significado exato das Escrituras.
        Pense numa pessoa que vem à Bíblia com sua mente já fixa.
Lê a Bíblia para obter apoio para suas doutrinas preconcebidas.
Que tragédia! Uma pessoa experiente, depois de escutar alguém
assim falar durante cinco ou dez minutos, pode discernir se quem
fala está usando a Bíblia para suas próprias finalidades, ou se seu
pensamento entrou no pensamento da Bíblia. Há uma diferença de
âmbitos aqui. Uma pessoa pode levantar-se e dar uma mensagem
agradável que parece ser bíblica, mas, na realidade, seu
pensamento é contraditório ao pensamento da Bíblia. Ou podemos
escutar alguém pregar, cujo pensamento expressa o pensamento
da Bíblia e, portanto, é harmonioso e unido com ela. Embora esta
condição deva ser anormal nem todos chegam a ela. Para unir
nosso pensamento com o pensamento da Bíblia, é necessário que
nosso homem exterior seja quebrantado. Não pense que nossa
leitura bíblica é fraca por causa de falta de instrução. O defeito está
muito mais em nós, porque nossos pensamentos não foram
subjugados por Deus. Ser quebrantado desta maneira é o cessar
das nossas próprias atividades e do nosso pensamento subjetivo, e
paulatinamente começar a tocar a mente do Senhor e seguir a
tendência do pensamento da Bíblia. Não é antes de ser
quebrantado o homem exterior que podemos entrar no pensamento
da Palavra de Deus.
        Ora, embora isto seja importante, ainda nos falta mencionar o
assunto primário. A Bíblia é mais do que palavras, idéias e
pensamentos. O aspecto mais destacado da Bíblia é que o Espírito
de Deus é liberado através deste Livro. Quando um escritor, seja


                                   168
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5.a experiencia da formação do caráter de cristo em nós

  • 1. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós NOTAS A EXPERIÊNCIA DA FORMAÇÃO DO CARÁTER DE CRISTO EM NÓS 136
  • 2. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós NOTAS A EXPERIÊNCIA DA FORMAÇÃO DO CARÁTER DE CRISTO EM NÓS Esboço do Planejamento do Curso Meta Que você possa expressar completamente a beleza da pessoa de Jesus através de você. Que Seu caráter humilde e santo se mostre através da sua vida. Outros Objetivos • Que você descubra que a vida cristã é uma parceria com o Espírito Santo e que para ser transformado em seu caráter Ele espera a sua resposta. • Que você comece a ser sensível à voz de Deus compreendendo quando Ele quer tocar em alguma área sensível. • Que você veja a mão do Senhor operando através de circunstancias, pessoas e pressões e dê a Ele a resposta esperada. • Que se possa reconhecer em você os traços de humildade, quebrantamento e espírito ensinável assim que essas verdades começarem a ser compreendidas e aplicadas na sua vida. Sugestões Bibliográficas 1. O QUEBRANTAMENTO E A LIBERAÇÃO DO ESPÍRITO - T. S. Watchman Nee 2. VIDA QUE NASCE DA MORTE – T. A. Hegre 3. O HOMEM ESPIRITUAL VOL. I, II E III - T. S. Watchman Nee 4. VIDA EM PROFUNDIDADE – Paul Billheimer Recomendações Muito Importantes Diga ao Senhor em oração que você está aberto humildemente aos seus tratamentos em sua vida e a partir daí observe os acontecimentos e circunstâncias agindo de modo a entrar no padrão de Jesus. Não se desanime se não consegue responder em tudo. As mãos do Senhor, o oleiro, não desistirão de você, mesmo que falhe. Volte ao altar da consagração e diga a Jesus que está disposto a repetir a cartilha até a Sua imagem ser formada completamente em você. E lembre-se! Esse processo durará a sua vida inteira. Avaliação • Descreva a experiência do cooperar com o Espírito Santo. • Defina o que é caráter. • Como o caráter de Cristo é formado em sua vida? • Como o seu responder pode apressar ou atrasar esse processo? • Pessoas duras experimentam situações mais drásticas? Por que? • Como o quebrantamento opera em nós? Qual seu resultado? 137
  • 3. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós NOTAS A EXPERIÊNCIA DA FORMAÇÃO DO CARÁTER DE CRISTO EM NÓS O Caráter De Cristo Em Nós É Formado Pela Cruz O caminho para o caráter de Cristo é o caminho da operação da cruz em nós. Não há outra maneira das marcas do caráter de Cristo serem formadas, a não ser pela cruz. E a cruz é o quebrantamento da vontade e força humana pela ação do Senhor.Deus prepara circunstâncias e situações que tratam com nossas vontades para que possamos ser quebrantados. É através da lei da cruz (Mt. 16:24) que somos formados em nosso caráter. Esta lei opera em nós, moldando-nos e ensinando-nos a vida do Espírito. Não há como conter o processo dos tratamentos do Senhor para formar o caráter cristão. Como é bom vivermos e nos relacionarmos com pessoas quebrantadas e doces, que foram tratadas por Deus. A cruz é que opera em nós a beleza do Senhor. A cruz é o instrumento de Deus para moldar-nos à semelhança de Cristo. A cruz é que nos capacita para termos o caráter que suporta o poder de Deus. Antes de Jesus subir, Ele desceu (Ef. 4:8-9). Este é o princípio de Deus. Antes de conhecermos o poder e a glória temos que ser tratados pela cruz de Cristo. Quanto mais alto Deus for nos levar, significa que mais tratamentos precisamos ter em nosso caráter. Existe um princípio aqui: As pressões e tentações aumentam à medida que subimos em Deus. Por isto, mais base de caráter uma pessoa precisa ter na guerra contra o mundo espiritual e o pecado. Jesus passou tal pressão que suou gotas de sangue (Heb.12:4). O caráter do obreiro precisa ter sido formado pela cruz. A maturidade emocional e espiritual vêm pelos tratamentos da cruz de Cristo. Os homens de Deus precisam ser homens que vencem os ataques do inimigo em sua mente e emoções, e isto vem pelo quebrantamento. Não podem ser pessoas frágeis que cedem às pressões malignas sobre a carne. O alicerce de uma casa é a parte mais delicada da construção. Da mesma forma, na Igreja, ter líderes fortes, tratados e preparados é a parte mais delicada e mais importante da construção. As pressões não vêm somente pelos ataques do inimigo mas também pelos princípios que envolvem busca de Deus. As vezes, quanto mais buscamos ao Senhor, parece que tanto mais os céus se fecham e se tornam de bronze. É um princípio que precisamos saber: os que buscam ao Senhor, que muitas vezes oram e jejuam, sentem muita resistência e aparentemente nada acontece. Ou às vezes as pressões e problemas aumentam. Este princípio está ligado ao fato de que nos céus algo está sendo gerado e por isto estamos pagando o preço.Sempre, antes da visitação de Deus e dos avivamentos, os homens usados sofrem, choram e gemem, até que a mão do Senhor seja livre para operar. Portanto, como obreiros de Deus necessitamos conhecer estes caminhos, e estarmos preparados para enfrentá-los. 138
  • 4. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós Definição De Caráter NOTAS O caráter refletirá os traços da natureza pecaminosa (sendo influenciado pelo mundo), ou os traços da natureza divina (sendo influenciado pela Palavra de Deus). Caráter é a soma total de todas as influências positivas ou negativas, aprendidas na vida de uma pessoa. Se manifestará através dos seus valores, motivações, atitudes, sentimentos e ações. Em Hb. 1:3, o escritor afirma que Cristo é o próprio caráter de Deus. Caráter é como uma marca impressa que distingue a pessoa. O caráter de Deus que foi impresso em Jesus Cristo precisa ser impresso na Igreja para que, desta forma, o mundo creia em Deus. Nossa primeira decisão é crer. Devemos ter uma decisão de seguir a Jesus tornando-nos seus discípulos e, por fim, sermos feitos conforme Sua própria imagem (Rom. 8:29 e I Cor. 15:49); identificados, desta forma como cristãos. Caráter no grego significa IMAGEM. Heb. 1:3, Afirma que Cristo é o próprio Caráter de Deus, a própria estampa da natureza de Deus, aquele em que Deus estampou ou imprimiu Seu ser. Caráter é o sinal identificador da natureza de qualquer ser ou coisa (dicionário de Psicologia- Cabral e Nick). É o conjunto de aspectos que caracterizam o Ego. O caráter é formado pela aprendizagem. Todo ser humano a partir do seu nascimento começa a receber influências do meio ambiente onde se encontra. Estas influências são assimiladas e com o tempo passam a fazer parte do caráter. Esse processo de aprendizagem é feito por identificação, imitação, punição, e recompensa. O propósito é que o homem se torne à imagem do seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, Deus-homem. Este propósito não mudou. A queda do homem não mudou este plano e propósito de Deus. Desde Adão, passado por Jesus e pela Igreja o plano de Deus será sempre o mesmo - Heb. 2:10 " Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as cousas existem, conduzindo muitos filhos à Glória, aperfeiçoasse por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles." Se a igreja deve atingir esta meta, seus líderes devem mostrar o caminho, devem ir na frente. O caráter e a personalidade do Senhor Jesus Cristo devem ser desenvolvidos nos líderes da Igreja antes de ser formado no Seu povo. O caráter de alguém será conhecido através de três maneiras. Forma de Pensar A forma de pensar de uma pessoa é percebida pela maneira como ela constrói a sua escala de valores. O meu caráter é determinado em primeiro lugar pelo aspecto moral, ou seja, aquilo que eu considero correto, errado, permitido, proibido e assim por diante. Se eu aprovo aquilo que definitivamente é errado então se pode dizer que o meu caráter é defeituoso, um "Mau Caráter". Quando nos convertemos a primeira coisa que devemos fazer é renovar a nossa mente. Renovar nesse caso significa mudar a 139
  • 5. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós minha maneira de perceber as coisas e também a minha escala de NOTAS valores. A vontade de Deus é que tenhamos o caráter de Cristo, a sua mente (I Cor. 2:16). Estilo de Vida O estilo de vida de uma pessoa é determinado pelos seus alvos, hábitos e costumes. Se o meu grande alvo na vida é ganhar dinheiro, eu devo desenvolver um estilo de vida compatível com esse alvo. Devo desenvolver os hábitos e costumes coerentes com o que quero alcançar. Se eu quero ser atleta e não treino há algo errado. Se eu quero me desenvolver nos estudos mas não me aplico a ler em casa também há algo errado. O estilo de vida faz parte do nosso caráter, a prova disso é que normalmente pessoas de uma mesma profissão apresentam características de caráter semelhantes. Não é difícil percebermos isso em empresários, caminhoneiros, programadores, etc. Conduta A conduta é o conjunto de comportamentos que aprendemos e que se firmam dentro de nós. Conduta é tudo aquilo que fazemos, falamos, sentimos, esperamos e desejamos. A conduta se manifesta na minha relação com outras pessoas. O meu comportamento diante de outras pessoas manifesta o meu caráter, ou seja, a minha forma de pensar e os motivos que vão dentro do coração. Estes três elementos compõem o nosso caráter. Evidentemente eles não podem ser observados separadamente. Em tudo aquilo que fazemos manifestamos estes três aspectos simultaneamente.Todos nós ao nos convertermos já possuímos um caráter formado. Esse caráter foi formado por tudo aquilo que recebemos de nosso meio ambiente. Muito daquilo que aprendemos está correto mas existem partes da nossa forma de pensar, do nosso estilo de vida e da nossa conduta que devem ser transformados. Todo o nosso crescimento espiritual é demonstrado pelo nosso caráter. Se com o passar do tempo acumulamos muito conhecimento, mas não demonstramos nenhuma mudança no caráter isso mostra que o conhecimento foi em vão. Deus está profundamente interessado em nossa conduta. Jesus e os Apóstolos gastaram muito espaço para tratar de frutos, de comportamento, de conduta, de coração, como vemos: Mt. 5:48 – “... portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”. II Cor 13:9 –“... porque nos regozijamos quando nós estamos fracos, e vós, fortes, e isto é o que pedimos, o vosso aperfeiçoamento”. Gl. 4:19 – “Meus filhos, por quem de novo sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós”; 140
  • 6. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós Ef. 1:4 – “Assim como nos escolheu nEle antes da fundação NOTAS do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele”; II Tm 3; 17 – “A fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. II Pe. 1; 3 –“ Visto como pelo seu Divino poder nos tem sido doadas todas as cousas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para sua própria glória e virtude”. Em Rom. 8:29 vemos que o propósito eterno de Deus é ter muitos filhos, mas não apenas isso, estes filhos devem ser semelhantes a Jesus. Deus quer filhos que manifestem o caráter de Jesus. Quando o homem caiu o propósito de Deus foi apenas adiado, não foi mudado. A Igreja do Senhor deve atingir esta meta e os seus líderes devem mostrar o caminho, devem ir à frente do rebanho. O caráter de Senhor Jesus deve ser desenvolvido nos líderes da Igreja antes de ser formado no seu povo. Não são poucos os escândalos que têm surgido entre líderes investidos de autoridade que não receberam aprovação no caráter. Um líder que apresenta deficiências sérias em seu caráter possui assim, um grande obstáculo para a atuação de Deus em sua vida. As deficiências de caráter nas vidas dos membros da igreja se devem, em grande parte, aos próprios líderes. Em certo sentido igreja é o retrato da sua liderança. Líderes relapsos geram um povo relapso. Líderes preguiçosos geram um povo igualmente preguiçoso. Se a liderança é imatura inevitavelmente também o povo o será. Nunca será demais enfatizarmos o caráter do obreiro, pois isto determina o sucesso no ministério. Somente um caráter formado e aprovado pode suportar as pressões da obra e as dificuldades do ministério. A Diferença Entre Caráter e Dons Existe uma distorção que tem assolado a Igreja do Senhor durante os séculos: a valorização dos dons em detrimento do caráter. Um dom é uma dádiva de Deus. Deus concede a todos indistintamente. Os dons podem ser: naturais ou espirituais. Os dons naturais são aqueles com os quais nascemos como: inteligência, astúcia, memória, capacidade do tocar, cantar, praticar determinados esportes, etc. Os dons espirituais nos são concedidos pelo Espírito Santo como instrumentos na sua obra: I Cor. 12:7-10. Os dons são muito úteis mas são secundários. Deus coloca em primeiro lugar a vida e o caráter. Todos podem achar que um determinado irmão que possui uma grande inteligência e capacidade extraordinária de memorização deverá se tornar um grande pregador. Isto é um tremendo equívoco e não passa de mentalidade mundana. A Igreja de Deus não é edificada com essas coisas. Se tal irmão ainda não passou pelo processo da Cruz não será útil para Deus, apesar do seu dom. Outra pessoa pode ainda pensar que outro irmão, por ter um dom de cura e discernimento de espíritos, venha a ser uma coluna 141
  • 7. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós na casa de Deus. Isto também é um engano. Os dons são úteis mas NOTAS nunca podem ser a base da obra de edificação da Igreja. Este é o motivo por que existem tantos escândalos: priorizamos mais o dom que o caráter. Os dons, sejam espirituais ou naturais, devem passar pela Cruz antes de serem úteis. O ministério é edificado sobre o caráter e não sobre os dons. Deus não vai enviar ninguém sem antes tratar com o seu caráter. Os dons atraem os homens mas o caráter atrai a Deus. No livro de Êxodo encontramos um exemplo clássico do equívoco de se priorizar os dons. A palavra do Senhor diz que o povo de Israel estava sendo escravizado por Faraó. Moisés era o homem que Deus havia escolhido para levar a cabo o seu propósito. Moisés havia sido criado no palácio de Faraó e recebeu a melhor instrução da época, era um homem excepcionalmente talentoso. O próprio Moisés tinha algum entendimento desse fato e em certo momento se dispôs ele mesmo a libertar o seu povo da escravidão ( ver Ex. 2:11-15 ). Moisés se achava capaz e perfeitamente habilitado por que possuía a instrução Egípcia. Deus porém coloca Moisés de molho por quarenta anos no deserto de Midiã até que o seu caráter pudesse ser aprovado por Ele. Do ponto de vista natural Moisés já estava pronto aos quarenta anos quando matou o egípcio, mas do ponto de vista de Deus precisou de outros quarenta anos até ao ponto de não mais confiar na sua força ou nos seus talentos. ( Ver Ex. 3:10 ). Quanto mais um homem confiar em si mesmo, nos seus talentos naturais, menos utilidade terá para Deus. O critério de Deus sempre é escolher o que se acha frágil, incapaz e desqualificado. A glória de Deus se torna manifesta quando pessoas a quem não reputávamos qualquer valor se levanta em poder e autoridade. Fica patente que Deus é quem faz e não é um simples uso de talentos especiais. A Formação Do Caráter " Porque é Deus quem efetua em vós tanto o querer como o realizar..." . Todos nós desejamos ter um caráter aprovado por Deus. Todos nós queremos agradar a Deus e por isso ficamos apenas esperando saber as normas para começarmos a praticá-las. A vida cristã não é um mero cumprimento de normas e preceitos pois não estamos mais debaixo de domínio da lei. A vida cristã se resume simplesmente em:" Cristo em vós " ou seja, a vida cristã consiste, em poucas palavras, na dependência completa do Espírito Santo que habita em nós. É Ele quem muda o nosso querer e também é Ele quem nos capacita a fazer a sua vontade. Ele é tudo em todos. Jesus é a nossa bondade, a nossa mansidão, a nossa justiça, Ele na verdade é tudo o que necessitamos. Tudo o que precisamos já está em nós na pessoa do Espírito Santo. Seria muito fácil começarmos a nos esforçar para cumprir um conjunto de qualidades, não é essa, porém, a nossa proposta. Desejamos que os irmãos tenham revelação do pleno suprimento de Deus para nossas vidas pois na medida em que entendermos isso, as 142
  • 8. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós qualidades de caráter naturalmente vão tomando forma. O pleno NOTAS suprimento de Deus para nós é Cristo Jesus que habita em nós. Seja Ele a nossa vida. Seja Ele tudo em todos. Não adianta falarmos de caráter e conduta se nós ainda não nos apropriamos do pleno suprimento de Deus para nós: a libertação do velho homem, do poder do pecado, a nossa justificação e regeneração em cristo, a dependência completa do espírito e o andar no espírito. Precisamos nos apropriar destas grandes realidades espirituais, mas não apenas isto, precisamos aprender a perceber a direção de Deus em nosso espírito, fazermos separação entre ALMA - ESPÍRITO, e conhecermos a prática da renúncia diária do EU no princípio da Cruz. Todas essas experiências devem ser compreendidas no espírito. Quando enfatizamos muito as qualidades recomendáveis, corremos o risco de estabelecermos um amontoado de regrinhas que não estão na Bíblia. Tais como: cinco passos para vencer a ira; dez passos para vencer a lascívia. etc. Essas coisas não funcionam e nos desviam do centro da vida cristã. CRISTO É A NOSSA VIDA. A vida do cristão é Cristo. Muitos pensam que podem ser santos se tão somente conseguirem vencer certos tipos de pecados. Outros pensam que sendo humildes e gentis são vitoriosos. Ainda alguns imaginam que orando mais e lendo a Bíblia, tendo cuidado para jejuar e vigiar então alcançarão um caráter Santo. Outros concebem a idéia de que somente matando o Ego terão vitória. Todas estas fórmulas tem a aparência de piedade e sinceridade mas tudo isso é vão. Não podemos viver a vida cristã usando mil e uma fórmulas para os mais variados problemas. Na prática não funciona. O que Deus deseja é que entendamos que Cristo é a nossa vida, o perfeito suprimento de Deus para todas as nossas necessidades. Com este entendimento em vista vamos estudar alguns princípios fundamentais que aumentarão a compreensão de que Cristo é de fato a nossa vida. A Formação Do Caráter Através Dos Tratamentos De Deus É a graça de Deus que me capacita a fazer as coisas certas diante de Deus(II Pe.1:1-11). A leitura deste texto nos ajuda na compreensão do processo que Deus usa para desenvolver o caráter de um cristão. Deus, através de Jesus Cristo, nos provê a Sua própria natureza. As promessas Divinas nos foram outorgadas ( ver II Pe.1:4 ), e o poder de Deus é a nossa garantia de que Ele realizará em nós as mudanças necessárias. ( ver II Pe.1:3 ). Somente através de uma atitude diligente podemos alcançar o aperfeiçoamento do nosso caráter, precisamos ter a decisão de sermos semelhantes a Cristo, termos em nós a natureza Divina amadurecida ( ver II Pe.1:10 e 11 ). A vida cristã é um processo. Precisamos vencê-la passo a passo, cada degrau corresponde a um novo nível alcançado, nova vitória em determinada área, até alcançarmos o topo da escada. A responsabilidade de Deus é prover a todo crente a própria natureza Divina através do arrependimento do pecado e da fé em Jesus 143
  • 9. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós Cristo. A responsabilidade do homem é aplicar e cumprir esta NOTAS realidade em sua vida.Deus tem dado por direito aos crente, tudo o que é necessário para uma vida santa: AUTORIDADE E PODER. O cristão tem o que precisa para desenvolver um caráter maduro, seguindo o Senhor Jesus. Descrevendo O Processo Todos nascemos em iniqüidades e fomos formados em pecado. Todos temos por nascimento uma natureza caída, que nos acompanhará ou não por toda a vida. A natureza caída do homem não está em harmonia com nenhuma das coisas do Senhor. Deus colocou diante do cristão a meta da perfeição. Maturidade espiritual é a meta Bíblica para todos os que estão em Cristo Jesus. Por vezes a carnalidade do homem não permite que ele desenvolva seu caráter como as Escrituras ordenam. Esta natureza humana é tratada definitivamente pelo Poder da Cruz, mas o Ego é a principal razão pela qual o homem precisa do tratamento de Deus. Cada cristão precisa do tratamento de Deus para motivá-lo a prosseguir em direção à perfeição espiritual. O Propósito Do Tratamento O cristão necessita do tratamento de Deus em sua vida por que possui áreas escondidas em sua vida que devem ser reveladas. Deus deseja revelar estas áreas escondidas de pecados em nós, de maneira a nos ajudar a crescer. As Escrituras afirmam que é Deus quem revela tais segredos. Deus revela os nossos pecados ocultos para que não sejamos destruídos, nem o nosso ministério. Deus revela estas áreas escuras, que estão presentes dentro de nós, para que renunciemos a elas. Para que isto aconteça o cristão precisa da graça de Deus por que, humanamente, a tendência é cobrir suas próprias falhas e fraquezas. O homem deseja sempre defender-se e esconder os motivos do coração. Deus deu ao cristão o Seu Espírito Santo. É o Espírito quem revela as necessidades espirituais do homem, sondando o coração do cristão para revelar os pecados que devem ser abandonados. A palavra "revelar" significa retirar a tampa, e a palavra "ocultar" significa esconder, cobrir, cobrir a vista, ou encobrir o assunto. Deus tenta retirar a cobertura de cima do homem, enquanto que o homem faz tudo para retê-la. Há vários homens nas Escrituras que ilustram o fato de pecados ocultos. O começo de suas vidas contrastou drasticamente com o fim delas. Começaram bem e acabaram tragicamente. Os homens podem começar bem mas, se tiverem pecados ocultos em suas vidas, os quais não confessam, mas os alimentam sem arrependimento, estarão destruindo suas vidas e ministérios. Em II Sm. 1:19, Davi lamentando a morte de Saul e Jônatas, chama três 144
  • 10. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós vezes:" Como caíram os valentes! ". Nesta lamentação Davi NOTAS descreve os "valentes" no inicio da vida ministerial como: • Formosos ( ver Vs. 19 ) • Poderosos ( ver vs. 19 ) • Amados e queridos ( ver Vs. 23 ) • Mais ligeiros do que as águias ( ver Vs. 23 ) • Mais fortes do que leões ( ver Vs. 23 ) Muitos homens de Deus tem seu bom começo mas em função do pecado secreto, da falta de operação do Senhor em seu caráter, acabaram num fim trágico. Veja alguns exemplos: Saul I Sm. 10 Espírito independente I Sm.31 Salomão II Cr. 1:7-17 Orgulho, cobiça, I Rs.11, valores errados, auto-confiança. Sansão Jz. 14:15-15 Luxúria, cedeu às suas Jz.16:20-27 emoções e sentimentos errados. Todo líder precisa lembrar que o propósito dos tratamentos de Deus é revelar seu coração para que ele não caia. Alguns exemplos Bíblicos de homens que começaram bem e terminaram em tragédias, por não entenderem os propósitos do tratamento de Deus em suas vidas. Propósito De Deus No Tratamento Transformar o Crente à Imagem de Jesus Cristo Este processo é relatado em II Cor. 3:18. " E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito ". A palavra "transformar'' aqui, no Grego, " metamorphos", significa: Mudança completa de um formato em outro. É a raiz da palavra científica usada para descrever o processo de transformação de uma lagarta em borboleta. Este processo leva tempo e gasta energia. A lagarta muda de um formato para um outro completamente diferente. O cristão também precisa passar por uma metamorfose a cada dia. O cristão que segue ao Senhor e responde positivamente tem mais e mais, da sua natureza restaurada e transformada à imagem do Senhor Jesus. Limpar toda sujeira Deus quer nos tornar puros. Ele está constantemente levando seu povo ao fogo através dos seus tratamentos. Em todo o mundo, está havendo muita pressão e calor sobre o povo de Deus. Este calor está ordenado por Deus, para purgar seu povo. A palavra "purgar" significa refinar, tornar puro, mudar pelo calor. O povo de Deus, como o metal, é preparado para uso. Toda a sujeira e sobras extras são trazidas à superfície para serem lançadas fora. Escória é aquilo que é lançado fora, matéria que 145
  • 11. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós dobra, a parte não aproveitável. Deus está nestes dias removendo NOTAS todo o excesso e escória dos seus líderes. Ele quer o desenvolvimento do caráter em todos os seus líderes ( Is 1:22-25, Ez. 22:18-19, Mt. 3:12, II Tm 2:21 ). Deus quer limpar as nossas vestes O pisoeiro era um artesão que limpava todas as fibras de um pano, para que o material pudesse se tornar um lindo traje. Freqüentemente, ele estabelecia seu negócio perto de riachos, e depois de lavá-los várias vezes, os estendia sob pedras achatadas. Depois ele batia os panos crus com um bastão de pisoeiro. Este bastão era enorme e tinha dentes de ferro que serviam para extrair sujeira dos panos. Conforme ele batia nos panos crus, todos os fragmentos e sujeira subiam a superfície e a água os varria. Por este processo, o material era limpo. Após a limpeza, o material estava pronto para o artífice, para transformá-lo em um magnífico traje. Malaquias 3:1-3 diz que Jesus é como "o fogo do ourives e como a potassa dos lavandeiros..." e Ele sabe como nos bater sem machucar. Deus tem um bastão que usa para extrair toda a sujeira da vida dos cristãos. Deus não usa seu bastão simplesmente para ostentar o poder, mas usa-o para limpar as vestes dos seus filhos. Deus quer produzir frutos em nossas vidas Em João 15 temos a parábola da vinha e dos ramos. O agricultor que poda a vinha deverá, às vezes, usar a tesoura de podar. Os galhos mortos devem ser cortados de maneira a não extrair a seiva necessária dos galhos vivos. Os galhos que não dão frutos são cortados. Mas as varas que dão frutos, são podadas para dar mais frutos. Deus irá podar, purgar, refinar e cortar as varas que dão frutos para produzirem mais frutos. O propósito de Deus é sempre positivo e redentor. Aqueles que desejarem mais frutos serão os mais podados. O propósito do tratamento de Deus é preparar os vasos para servi-lo A partir do momento em que o vaso é formado do barro até o momento em que é retirado do forno, ele e submetido a um processo definido de formação. A aplicação das mãos do oleiro sobre o vaso às vezes é dura e firme. A roda do oleiro, o forno, tanto quanto as mãos do oleiro, são todas partes vitais na preparação do vaso. O propósito de Deus nessa situação é ter o vaso para sua honra - Jer. 17:1-10; II Tm 2:19-20. As Escrituras indicam que Judas, o apóstolo caído, e traidor de Jesus Cristo, enforcou-se no campo do oleiro ( Mt. 27:1-10 ). Neste campo foi encontrado um vaso humano, rejeitado, corrompido e mutilado, vaso para desonra, como tantos outros. Faltou algo na preparação de Judas como líder. O propósito do tratamento de Deus, na vida de Judas, tanto quanto na vida de 146
  • 12. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós qualquer outro cristão que esteja sendo treinado para liderar, é NOTAS expor as falhas do vaso rapidamente, para que Ele possa tratar com as falhas e curá-las e deste modo usar o vaso para honra. Deus quer usar os vasos eficazmente para um propósito específico e não destruí-los. Deus quer trazer crescimento às nossas vidas Em Is. 54:2 o profeta proclama: " amplia o espaço de tua tenda ". Figuradamente isto pode significar que Deus quer ampliar a capacidade daqueles que estão se preparando para liderar Sua Casa, a fim de que recebam mais do Senhor. II Samuel 22:37 declara que o Senhor pode alargar os passos dos líderes. Is. 60:5 diz que o coração da pessoa pode ser dilatado a fim de que seu "depósito espiritual " também aumente. O propósito do tratamento de Deus é nos alargar de muitas maneiras. Deus deseja expandir o nosso ministério e a nossa função na casa do Senhor, assim como o nosso caráter. Algumas áreas em nossas vidas onde podemos dizer que Deus quer alargar: • Nossa Visão - I Cr.4:10 • Nossos Passos - I Sm. 22:37 • Nossos Corações - Is. 60:5 • Nossas Fronteiras - Ex.34:24 • Nossa Força - I Sm. 2:1 • Nossa Habitação - Ez.41:7, Pv.24:3-4, Is. 54:2 • Nosso Ministério - II Co. 6:11 e 13,II Co. 10:15-16 Deus quer através do tratamento em nossas vidas, nos levar a uma busca intensa da sua pessoa O Senhor trará as pressões e o calor sobre os líderes em períodos específicos, para motivá-lo a buscá-lo. A pressão não é para desviá-los mas, para colocá-los na direção de Deus. Muitas vezes, os tempos difíceis e as circunstâncias duras são mal interpretadas pelo líder em preparação. Todos estes tratamentos são para motivar o homem a se voltar para Deus como a sua única força. Um líder deve aprender a buscar a Deus em tempos difíceis, para que aprenda a ajudar outros a fazer o mesmo. Jesus aprendeu pelo que sofreu. É a experiência que nos capacita a conduzir outros. Deus quer mais do seu espírito fluindo em nossas vidas As Escrituras retratam o vinho como indicativo do Espírito de regozijo (Mt.9:17, At.2:13-16;Ef.5:18). O tempo da colheita era um tempo de alegria para todo o povo. Após o longo período de espera, era finalmente hora da colheita. Neste tempo, toda a família se envolvia na sega. 147
  • 13. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós As mulheres e as crianças colocavam nas cabeças as uvas NOTAS colhidas.Levavam estas uvas para grandes tonéis de pedras. Onde pisadores aguardavam descalços as uvas a serem esmagadas. Os pisadores então iniciavam o processo de andar por cima das uvas maduras, apertando-as para a extração do suco. Enquanto o pisador fazia isto ele se segurava na viga de madeira que estava ligada ao mastro no centro do tonel. A maior parte do seu peso, descansava nesta viga, de maneira a não pisar com demasiada força sobre as uvas. Se ele pisasse forte demais sobre as uvas, ele esmagaria a semente juntamente com a uva. Se isto acontecesse o vinho se tornaria amargo, prestando somente para dar aos animais. A aplicação é maravilhosa. Deus é o pisador das uvas que somos nós. Ele deseja que o vinho do Seu Espírito flua das nossas vidas e ministério. Ele nos aperta. Este é um processo duro, doloroso, mas Deus nunca esmagará nossos espíritos ( a semente da uva ) para não nos tornar amargos. Uma vida amarga não é boa para ninguém. Deus não deseja líderes amargos. Ele quer que o vinho novo e fresco do Seu Espírito flua através de nossas vidas. Através dos tratamentos Deus quer nos dar nova visão Em II Co. 4:16-18, Paulo enfoca esta realidade. Todas as pressões, aflições e provas que vem sobre nós agora, são para operar algo eterno. Não devemos olhar apenas para o presente, analisando aquele momento. Precisamos encarar o futuro, pensando no fruto eterno que será em nós, e através de nós, na vida de outros. Dons são dados, mas o caráter é desenvolvido. O caráter tem valor eterno, irá conosco para a Eternidade (ver I Co. 13:8 e 13). Nossa Atitude Diante do Tratamento de Deus Termos o caráter desenvolvido à semelhança do de Jesus Cristo é muito mais importante do que as aflições que possamos viver nesta vida. Suportando estas aflições no presente teremos o caráter de Jesus Cristo sendo desenvolvido em nós. Nossas atitudes ou reações diante das circunstâncias que Deus usa para tratar conosco definem nossa aceitação do tratamento, ou não. Algumas atitudes que devemos desenvolver quando passamos por provas: • Oração - ( ver Tg. 5:13 ). • Contrição - ( ver I Pe.4:19 ) • Reflexão - ( ver Hb. 12:3 ) • Louvor - ( ver Sl. 74; 21). • Suportar as Circunstâncias - ( ver Mt. 10:22 e Ico. 10:13) • Gozo - ( Ver Mt. 5:12 e Rm. 5:3 ). • Disposição para Mudança - ( ver II Sm. 12:13 ). Resistir geralmente quer dizer "se segurar ou ser indiferente durante os tratamentos".Em Jacó vemos uma atitude certa em 148
  • 14. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós resposta aos tratamentos de Deus. Através das Escrituras Deus se NOTAS identifica com três homens. Muitas vezes Deus disse: " Eu sou o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó ". Sendo o Deus de Abraão, nos fala que é um Deus que guarda o concerto. Sendo o Deus de Isaque fala do Deus dos milagres. Mas, quando a Escritura proclama que Ele é o Deus de Jacó, fala de Deus como sendo Deus da mudanças, pois mudou o nome de Jacó, e a sua natureza de suplantador, para Israel. Diante do tratamento de Deus podemos ter duas atitudes: Podemos ter a atitude de Cristo que se humilhou e cedeu e foi à cruz ou ainda a atitude da serpente. Esta é arrogante e se defende em tudo e acaba por se rebelar contra Deus. Estas duas atitudes se contradizem. Alguns líderes aprenderam a responder a Deus como Cristo outros como uma serpente. E você? Reage aos tratamentos de Deus como um verme ou como uma serpente? Nossa Atitude Como Resposta Devemos aceitar o tratamento de Deus em nossa vida, crendo que " Todas as coisas cooperam para o nosso bem ", visando um fiel proveito: O aperfeiçoamento ( maturidade ) do nosso caráter. Todos aqueles poderosos homens de Deus iniciaram seus ministérios com o esplendor do sucesso e terminaram derrotados. Possuíam qualidades positivas no início de suas vidas e ministérios. Por exemplo: humildade, sabedoria, fé, conhecimento, unção, coração pronto para Deus. Apesar de todas as qualidades sólidas e fortes que porventura possuamos devemos ter sensibilidade e obediência ao Senhor, inclusive durante os tratamentos em nossas vidas. Os tratamentos de Deus O Deserto e As Circunstâncias Todos os grandes nomes mencionados na Bíblia, foram de homens que antes de realizarem qualquer coisa relacionada ao seu ministério, passaram pelo deserto. Foram colocados à prova, sob forte pressão, pois o alvo de Deus era formar um " CARÁTER " solidificado. Muitos foram levados "Literalmente" ao deserto, outros passaram por provas dificílimas. Alguns fizeram do deserto sua própria casa, outros não aceitaram esse tratamento. Não há na Bíblia nenhum homem que teve um Ministério próspero e reconhecido sem ter passado pelo deserto, e todos que tentaram assumir posições, sem a devida formação foram lançados por terra. O alvo de Deus para nossas vidas é que sejamos completamente aprovados em nossas atitudes, nas motivações do nosso coração, que sejamos a expressão de Cristo para as pessoas no seu quebrantamento, amor e brandura. O poder de Deus expressa sempre Sua Grandeza e Glória, por outro lado o caráter de Cristo 149
  • 15. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós em nós revela Sua pessoa. Deus não tem como meta apenas NOTAS revelar Sua Grandeza, Ele quer revelar-se. Mas como homens duros, obstinados, arrogantes e cheios de si podem chegar a essa posição de expressarem Cristo? Através dos tratamentos de Deus. Dentre estes os mais eficientes são o Deserto e as Circunstâncias. O Que é o Deserto? O deserto aponta para uma fase em nossas vidas determinada por Deus para nos amadurecer e aprofundar no relacionamento com Ele. É um tempo difícil para a carne e para o Ego, pois normalmente o deserto vem para golpeá-los. A Bíblia diz que Deus é Pai, que nos ama e zela de nós com grande cuidado. Quando estamos no deserto, normalmente nos entristecemos achando que Deus não nos ama, não nos ouve e que nos rejeitou. Mas é exatamente o contrário! Nunca gostamos do deserto porque somos infantis no conhecimento de Deus. Tal como as crianças, nós gostamos do que é agradável mas detestamos o que nos causa desprazer. Deus não tem compromisso em nos ser agradável. Ele tem a decisão de fazer o que é melhor. Muitas vezes o que fazemos não agrada nossos filhos, mas não nos perturbamos. Sabemos que o que fazemos é o necessário. É o melhor. É com essa ótica que Deus nos envia ao deserto. Deserto é Tempo de Pressão Só somos totalmente conhecidos quando colocados sob pressão. E esta pressão vem, primeiro para que se torne conhecido o que realmente somos. Nós achamos que nos conhecemos bem. Que engano! Nesse processo de nos conhecermos, a auto-análise e a introspecção só atrapalham pois as suas cogitações vem da mente com conceitos totalmente deturpados. Fora da luz e revelação do Espírito Santo nenhum conceito sobre nós mesmos é digno de crédito. A auto-análise gera orgulho ou sentimentos de inferioridade, é carnal e altamente nociva. O deserto traz essa pressão a fim de que se manifeste o que somos para as pessoas. Há muitos irmãos que em condições normais gastam imensa energia da alma para manterem firmes suas máscaras de espiritualidade, paciência, brandura, pureza e profundidade no conhecimento de Deus. Estão todo o tempo se policiando a fim de vender uma imagem que não corresponde à sua realidade. Entretanto, quando as pressões do deserto vem, tudo desmorona. O que somos, somos. O que fingimos ser, cai às vistas de todos. Toda a nossa carnalidade fica exposta. O deserto nos capacita a suportar pressões. Não é possível Deus confiar nada a nós antes de passarmos pelo deserto. Esta fase em nossas vidas visa transformar pessoas fracas e vacilantes em pessoas fortes e corajosas. Antes de passarmos por esse tempo, quando as pressões do diabo, do sofrimento e do conflito vinham, nossa tendência era jogar tudo para cima, assentarmos sobre uma pedra e chorarmos clamando pela nossa 150
  • 16. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós mãe. Não éramos confiáveis. O deserto nos torna rijos, destemidos NOTAS e calejados para as pressões. De tempos em tempos nossa capacidade de suportar pressões vai aumentando, ao mesmo tempo que aumenta a unção, as responsabilidades e o reconhecimento dos homens. Sem passarmos pelo deserto tomaríamos para nós toda a glória que pertence a Deus. Não éramos confiáveis. Quando sob a menor pressão, tornávamos incrédulos, murmurávamos, e abandonávamos tudo. Após o deserto as coisas mudam. Deserto é Lugar de Solidão Por muitas vezes, quando mais desejei a presença de amigos, pastores e discípulos não as tive. Estava no deserto. Muitas vezes desejei a intimidade de grandes homens de Deus, mas em todas estas ocasiões fui frustrado por Deus. Eu depositava grandes expectativas na vida de alguns notáveis homens de Deus, mas o Senhor nunca permitiu que estas expectativas se cumprissem: Deus queria que dependesse exclusivamente dEle, não do homem. Temos toda essa tendência, sincera, de buscar a Deus através de homens e mulheres que já alcançaram grande intimidade com Ele. Não queremos passar pelo processo do deserto. Desejamos achar nas pessoas o que Deus quer nos dar de sua própria presença. O deserto vem para nos decepcionar com toda expectativa e esperança colocada no homem. Isso não é negativo, é muito bom para nós. Passamos a ter como única alternativa o Senhor. Chega um tempo em que já esperamos tanto do homem sem nada receber que nos desiludimos. Abandonamos aquela idéia infantil do "grande homem de Deus que virá de não sei de onde, vai impor as mãos não sei de que jeito eliminando todos os problemas e transformando a vida num mar de rosas".Na solidão do deserto parece que não há mais ninguém com quem podemos contar. Todas as pessoas se tornam distantes, impessoais e parecem não nos compreender. Isso é obra de Deus. Ele quer se tornar o nosso amigo mais íntimo, nosso companheiro de todas as horas, o ombro amado onde choramos as nossas tristezas. Ele se torna no deserto a única pessoa a quem podemos recorrer. Ao sairmos do deserto perdemos as amizades naturais, os heróis humanos, os parentes mais queridos e ganhamos a Deus. Bendita perda; bendito ganho! O Deserto é Lugar do Esgotamento da Alma No deserto não tem água, não tem vida, não tem descanso. Só calor e exaustão. Nossas energias naturais vão se esgotando pouco a pouco até não haver mais nenhuma força, nenhum ânimo, nenhum entusiasmo. O tempo do deserto é tempo sem sabor, sem cor, sem novidade, sem sentimento. Deus retira todos os estímulos naturais que nos animavam no natural. O alvo de Deus é nos livrar da dependência da nossa vida natural e nos capacitar a depender inteiramente do Seu Espírito. Enquanto temos estímulos de todas as formas, não precisamos depender de Deus. Fazemos tudo no 151
  • 17. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós entusiasmo da alma. O alvo de Deus com esse tempo é retirar os NOTAS estímulos a fim de andarmos nas nossas próprias forças e nos exaurirmos completamente. Quantos homens e mulheres de Deus passam por períodos de estafa. O que caracteriza esse esgotamento é a exaustão de todas as energias da alma. Às vezes até oramos por tais irmãos para que Deus os restabeleça. Tal oração é contrária à vontade de Deus. Aliás, Deus mesmo vai cooperar para que a estafa, o esgotamento mais completo venha o mais depressa possível. Se andamos baseados em nossa vida natural, não estamos andando por fé e nem no Espírito. Chame como quiser mas a Bíblia diz que isso é andar na carne. Precisamos saber que andar na carne não é só cometer pecados grosseiros e manifestar aqueles frutos horríveis mencionados em Gálatas 5. Andar na carne é não depender de Deus, é depender de sua vida natural, de seu Ego. O deserto pois, vem para nos acabar. Vem para destruir toda auto-confiança. Moisés antes do deserto desejava uma revelação e em seu afã matou com as mãos um egípcio. Parecia que a promessa de libertação da nação dependia exclusivamente dele. Após os 40 anos no deserto ele disse ao Senhor: "tu deves estar enganado, nem ao menos sei falar." Segundo a Bíblia Moisés se tornou o homem mais manso de toda a terra. Bendito deserto! No Deserto Deus se Mostra Como Luz. Podemos experimentar a presença de Deus sobre nós como deleite e como luz. Como é bom adorarmos o Senhor e sentirmos Sua maravilhosa presença. Não há na terra nada tão aprazível. Mas a Bíblia diz que Deus também se manifesta como luz:"Na tua luz vemos a luz"; "Ele é o sol da justiça " e "Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens".No deserto a poderosa presença de Deus se manifesta como uma forte e vigorosa luz que penetra nas regiões mais profundas e interiores de nosso ser. Sob a luz de Deus vamos conhecendo a Ele na Sua glória, por outro lado nos conhecendo em nossa miséria também. Que grande contraste há entre o Deus eterno e o eu finito; entre a Grandeza de Deus e a minha insignificância;entre o Deus Santo e o eu pecador. No Deserto conhecemos a face de Deus, ao mesmo tempo que nos conhecemos. Esse contraste entre a Glória e a miséria é que nos torna verdadeiramente humildes.Ao sairmos do deserto, saímos convencidos de que não há em nós mesmos nada útil para Deus, nada próprio para Deus, nada próprio para o Reino. Sabemos que somos totalmente desqualificados e vis. Moisés e Paulo eram tão cultos, tão capazes, tão arrogantes, tão independentes de Deus, tão seguros de si mesmos, tão inteligentes, tão auto-confiantes... Após o deserto o primeiro disse: "não sei falar"e o segundo disse:"não habita em mim bem nenhum; sou o maior pecador". Há muitos irmãos que afirmam conhecer a Deus, nas suas atitudes depõem o contrário. Quão incoerente é afirmarmos conhecer a Deus e sermos ao mesmo tempo orgulhosos, jactanciosos e arrogantes. A verdadeira maturidade não faz propaganda do seu próprio nome, 152
  • 18. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós não edifica um monumento a si mesmo e nem se julga competente. NOTAS Quanto mais conheço a Deus, mais me conheço. Nossa Maleabilidade Determina a Duração e a Intensidade do Deserto. Deus espera sempre uma atitude responsiva no deserto. Mas o que é ter uma atitude responsiva? É sermos maleáveis, é não nos endurecermos ante aquilo que Deus vem golpeando. É tão triste ver crentes sendo tratados por Deus e que, ao invés de se humilharem fortalecem as antigas posições. Muitas vezes corremos esse risco de não sermos sensíveis e não percebermos que aquilo de negativo que está acontecendo é Deus desejando nos falar e nos mudar. Sofremos em nossa reputação e nos defendemos, somos criticados e criticamos; somos agredidos e agredimos. Sofremos prejuízo e logo inventamos um modo de passar o prejuízo para outro. Quando injustiçados vamos à desforra. Reivindicamos, exigimos, desprezamos e usamos da nossa força humana para estabelecer nossa própria vontade. Não percebemos que ao impormos estamos fora do padrão do caráter de Cristo e nos endurecemos contra os tratamentos de Deus, pois justamente aquilo que mais nos incomodou era a mão de Deus nos tratando. Aquele chefe no trabalho, aquele líder na Igreja, aquela pessoa que mais nos incomoda, aquele a quem mais é difícil de se submeter, amar e aceitar é justamente quem está mais sendo usado por Deus para nos aperfeiçoar. Ceda! Seja maleável, mude, responda a Deus. A mão bendita do oleiro se revela muitas vezes justamente na situação que você mais detesta. Quanto mais resistirmos em nossa obstinação e dureza mais tempo passamos no deserto. E quanto mais o tempo passa mais duro vai se tornando o deserto. Deus nos envia ao deserto para nos levar à semelhança de Cristo, entretanto algumas pessoas são tão duras, empedernidas e obstinadas que acabam morrendo no deserto. Vida cristã é coisa séria. Que seria morrer no deserto? É viver a vida inteira resistindo a Deus e sendo resistido por Ele. Não se usufrui de sua graça, de sua bênção, do seu descanso e da sua vida. Nada na vida dos tais funciona. Tornam-se pessoas amargas, críticas. Acham tudo muito falho. Estão sempre cheias de auto-piedade, de cobranças aos pais aos amigos e aos líderes na igreja. O mundo todo está errado, o mundo todo é alvo de suas fortes críticas. Ao agirem assim estão aprofundando o sofrimento, tornando as crises mais agudas e aumentando a fase do deserto. Moisés passou 40 longos anos no deserto para que Deus pudesse usá-lo, para que a face do Senhor pudesse ser vista por ele. Deus não tem prazer no deserto. Ele tem prazer em nossa resposta. Há pessoas que falam do seu deserto como se fosse uma grande vantagem. Quão ignorantes são! Estão dando testemunho de sua grande dureza. Não devemos endurecer-nos, pelo contrário devemos amar a disciplina do Senhor cedendo rapidamente e mudando de coração e de atitudes. Na escola de Deus não se pode pular de cartilha. Se somos reprovados, nalgum tempo depois passaremos pelo mesmo 153
  • 19. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós teste. Isso se repetirá até darmos a Deus a resposta de NOTAS quebrantamento e mudança que Ele espera de nós. As Circunstâncias de Tratamento Além do deserto, que poderíamos chamar de fases nas quais passamos uma ou mais vezes, Deus nos cria circunstâncias para nos aperfeiçoar. Essas circunstâncias certamente virão para tratar- nos nas áreas onde somos mais difíceis. Por exemplo: se o nosso coração é extremamente apegado a bens materiais Deus nos dará prejuízo, frustração após frustração. Se somos daquele tipo tímido que pouco liga para as coisas de Deus mas que é grandemente preocupado com a opinião das pessoas a seu respeito e com sua reputação, este irmão vai sofrer vexame após vexame até sua reputação ir para o brejo. Se é do tipo que ama os primeiros lugares, lhe será reservado sempre aquele lugar desprestigiado e ignorado. Se cobra o amor das pessoas, jamais o receberá. Isso se perpetuará até ceder a Deus tendo seu coração completamente nEle, até que se disponha ao invés de cobrar , dar amor, atenção, e respeito negando-se a si mesmo completamente. O QUEBRANTAMENTO Qualquer pessoa que serve a Deus descobrirá, mais cedo ou mais tarde, que o grande impedimento para a sua obra não são outras pessoas mas, sim, ela mesma. Descobrirá que sua alma e seu espírito não estão em harmonia, pois os dois tendem para direções opostas. Sentirá também, a incapacidade de sua alma submeter-se ao controle do espírito, tornando-a, assim, incapaz de obedecer aos mandamentos mais sublimes de Deus. Perceberá rapidamente que a maior dificuldade acha-se na sua alma, pois esta o impede de fazer uso do seu espírito.Muitos dos servos de Deus nem sequer conseguem fazer as obras mais elementares. Normalmente, devem ser capacitados pelo exercício do seu espírito a conhecer a Palavra de Deus, a discernir a condição espiritual de outra pessoa, entregar as mensagens de Deus com unção e receber as revelações de Deus. Mesmo assim, devido às distrações da alma parece que seu espírito não funciona apropriadamente. É basicamente porque a alma nunca foi tratada. Por esta razão, o reavivamento, o zelo, o muito implorar e o ativismo não passam de um desperdício de tempo. Conforme veremos, há apenas um só tratamento que pode capacitar o homem a ser útil diante de Deus: o quebrantamento. O Homem Interior e o Homem Exterior Note como a Bíblia divide o homem em duas partes: " Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus " (Rm 7:22). Nosso homem interior deleita-se na lei de Deus. “... que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem 154
  • 20. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós interior" (Ef. 3:16). E Paulo também nos informa: " Mesmo que o NOTAS nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia" (2 Co 4:16). Quando Deus vem habitar em nós mediante o Seu Espírito, a Sua vida e o Seu poder, entra em nosso espírito, é o que chamamos de" homem interior. " Fora deste homem interior há a alma, na qual funciona nossos pensamentos nossas emoções e nossa vontade. O homem periférico é nosso corpo físico. Assim, falaremos do homem interior como sendo o espírito, do homem exterior como sendo a alma, e do homem periférico sendo o corpo, Nunca devemos nos esquecer de que nosso homem interior é o espírito humano onde Deus habita, onde Seu Espírito se combina com nosso espírito. Assim como nós vestimos roupas, assim também nosso homem interior "veste" um homem exterior: o espírito "veste" a alma. E, de modo semelhante, o espírito e a alma "vestem" o corpo. Está bem evidente que o homem geralmente está mais consciente do homem exterior e do periférico, e dificilmente reconhece ou entende seu espírito. Devemos saber que aquele que pode trabalhar para Deus, é aquele cujo homem interior pode ser liberado. A dificuldade básica de um servo de Deus acha-se no fracasso do homem interior de irromper pelo homem exterior. Logo, devemos reconhecer diante de Deus que a primeira dificuldade que enfrentamos na obra não está nos outros mas, sim em nós mesmos. Nosso espírito parece estar embrulhado num invólucro de modo que não pode facilmente irromper de lá. Se nunca aprendemos como liberar nosso homem interior por meio de irromper pelo homem exterior, não temos capacidade de servir. Nada pode obstacular-nos tanto quanto este homem exterior. Se nossas obras são frutíferas ou não, depende se nosso homem exterior foi quebrantado pelo Senhor de modo que o homem interior possa passar e se manifestar. Este é o problema básico. O Senhor deseja quebrar nosso homem exterior a fim de que o homem interior possa ter uma via de saída. Quando o homem interior for liberado, tanto os descrentes quanto os cristãos serão abençoados. A Natureza Tem Sua Maneira de Quebrar O Senhor Jesus conta-nos em João 12:24 "Se o grão de trigo, caindo na terra, morrer, produz muito fruto." A vida está no grão de trigo, mas há uma casca, uma casca muito dura, do lado de fora. Enquanto aquela casca não for rachada e aberta, o trigo não pode brotar nem crescer. "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer..." Que morte é essa? É o arrombar da casca mediante a cooperação da temperatura e a umidade no solo. Uma vez que a casca é fendida e aberta, o trigo começa a crescer. Então, a questão aqui não é se há vida dentro, mas, sim, se a casca externa foi rachada. A Escritura continua, dizendo: "Quem ama sua vida (Grego, alma) perde-a; mas aquele que odeia a sua vida (Grego, alma) neste mundo, preserva-la-á para a vida eterna" (v.25). O Senhor 155
  • 21. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós nos mostra aqui que a casca externa é nossa própria vida (a vida da NOTAS nossa alma), ao passo que a vida interior é a vida eterna que Ele nos deu. Para permitir que a vida interior se manifeste, é imperativo que a vida exterior seja rompida. Se o exterior permanecer intacto, o interior nunca poderá aparecer. Dirijamos estas palavras para aquele grupo de pessoas que possui a vida do Senhor. Pode ser achada duas condições distintas: uma inclui aqueles em que a vida é confinada, restringida, aprisionada e incapaz de se manifestar; a outra inclui aqueles em que o Senhor forjou um caminho, e a vida deles, portanto, é liberada. A pergunta, pois, não é como obter a vida, mas, sim, como permitir que esta vida apareça. Quando dizemos que temos necessidade de que o Senhor nos quebrante, não é meramente um modo de falar, nem é apenas uma doutrina. É vital que sejamos quebrantados pelo Senhor. Não que a vida do Senhor não possa cobrir a terra, mas, sim, que Sua vida está sendo aprisionada por nós. Não que o Senhor não possa abençoar a igreja, mas, sim, que a vida do Senhor está tão confinada dentro de nós que não se manifesta. Se o homem exterior permanecer intacto, nunca poderemos ser uma bênção para a Sua igreja, e não podemos esperar que a palavra de Deus seja abençoada através de nós! O Vaso de Alabastro Deve Ser Quebrado A Bíblia conta acerca do Nardo puro. Deus, deliberadamente usou este termo "puro" na Sua palavra para mostrar que é verdadeiramente espiritual. Mas se o vaso de alabastro não for quebrado, o Nardo puro não fluirá. Por estranho que pareça, muitos ainda estão valorizando demasiadamente o vaso de alabastro, pensando que seu valor excede o do ungüento. Muitos pensam que seu homem exterior é mais precioso do que seu homem interior. Este fica sendo o problema na igreja. Uma pessoa tem em grande estima sua habilidade, pensando que é bem importante; outra valoriza suas próprias emoções, e se estima como uma pessoa muito espiritual; outra têm alta consideração por si mesmas, e sentem que são melhores que outros, que sua eloqüência ultrapassa a das demais, que sua rapidez de ação e exatidão de julgamento são superiores, e assim por diante. Nós, porém, não somos colecionadores de antiguidades; somos aqueles que desejamos cheirar somente a fragrância do ungüento. Sem quebrar o exterior, o interior não surgirá. Deste modo, individualmente não temos qualquer fluir, como também a igreja não tem um caminho vivo. Por que, pois, devemos considerar-nos tão preciosos, se nosso interior retém a fragrância, ao invés de liberá-la? O Espírito Santo não cessou de operar. Um evento após outro, uma coisa após outra vem a nós. Cada operação disciplinar tem um só propósito: quebrar nosso homem exterior a fim de que nosso homem interior possa se manifestar. Aqui porém, está nossa dificuldade: ficamos impacientes por causa de ninharias, 156
  • 22. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós murmuramos diante de perdas de pequena monta. O Senhor está NOTAS preparando um modo de usar-nos, mas, mal Sua mão nos tocou, sentimo-nos infelizes, até ao ponto de contendermos com Deus e de nos tornarmos negativos em nossas atitudes. Desde que fomos salvos, fomos tocados várias vezes e de várias maneiras pelo Senhor, e tudo com o propósito de quebrar nosso homem exterior. Quer tenhamos consciência disto, quer não, o alvo do Senhor é quebrar este homem exterior. Desta maneira, o Tesouro está no vaso de barro, mas se o vaso de barro não for quebrado, quem poderá ver o Tesouro que está dentro? Qual é o objetivo final da operação do Senhor em nossas vidas? É quebrar este vaso de barro, é quebrar nosso vaso de alabastro, é arrombar nossa casca. O Senhor anseia por achar um meio de abençoar o mundo através daqueles que pertencem a Ele. O quebrantamento é o caminho da bênção, o caminho da fragrância, o caminho da frutificação, mas também é um caminho salpicado de sangue. Sim, há sangue de muitas feridas. Quando nos oferecemos ao Senhor para fazer a Sua obra não podemos nos dar ao luxo da morosidade, de nos pouparmos. Devemos deixar que o Senhor rache totalmente nosso homem exterior, de modo que Ele possa achar um caminho para Suas operações. Cada um de nós deve descobrir para si mesmo qual é a mente do Senhor para sua vida. É um fato muitíssimo lamentável, que muitos não sabem qual é a mente ou intenção do Senhor para suas vidas. Precisam de que Ele abra os seus olhos, para ver que tudo quanto entra nas suas vidas pode ter significado. Entender o propósito do Senhor é ver muito claramente que Ele visa um único objetivo: o quebrantamento do homem exterior. Muitas pessoas, no entanto, antes mesmo que o Senhor erga Sua mão, já estão aflitas. Oh! devemos reconhecer que todas as experiências, problemas e provações que o Senhor nos envia são para nosso bem supremo. Não podemos esperar que o Senhor nos dê coisas melhores, pois estas são as melhores. Se alguém se aproximasse do Senhor, e orasse, dizendo: "Oh Senhor, por favor, deixa-me escolher o melhor." Creio que Ele lhe diria: "Aquilo que Eu te dei é o melhor; tuas provações diárias são para teu máximo proveito." Assim, o motivo por detrás de toda a providência de Deus é quebrantar nosso homem exterior. Uma vez que isto ocorre e o espírito pode fluir, então, começamos a exercitá-lo. O Tempo do Nosso Quebrantamento O Senhor emprega dois meios diferentes para quebrar nosso homem exterior: um é paulatino, o outro é repentino. Para alguns, o Senhor dá um quebrantamento súbito seguido por um paulatino. Com outros, o Senhor dispõe para que tenham provações diárias constantes, até que, um dia, leva a efeito um quebrantamento em grande escala. Se não for o repentino primeiro, e depois o paulatino, então, é o paulatino seguido pelo repentino. Parece que o Senhor normalmente trabalha conosco durante vários anos antes de poder realizar esta obra de quebrantamento. 157
  • 23. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós A cronologia está na mão dEle. Não podemos encurtar o NOTAS tempo, embora certamente o possamos prolongar. Em algumas vidas, o Senhor pode realizar esta obra depois de uns poucos anos de trato; noutras, é evidente que depois de dez ou vinte anos a obra ainda está incompleta. Isto é muito sério! Nada é mais lastimável do que desperdiçar o tempo de Deus. Quão freqüentemente a igreja é atrapalhada! Podemos pregar com o uso da nossa mente, podemos comover os outros com o uso das nossas emoções; mas se não sabemos usar nosso espírito, o Espírito de Deus não poderá tocar as pessoas através de nós. A perda será grande, se prolongarmos desnecessariamente o tempo. Logo, se nunca antes nos consagramos de modo total e inteligente ao Senhor, façamo-lo agora, dizendo: "Senhor, para o futuro da igreja, para o evangelho, para o Teu caminho, e também para minha própria vida, ofereço-me sem condições, sem reservas, nas Tuas mãos. Senhor, deleito-me em oferecer-me a Ti e estou disposto a deixar-Te fazer toda a Tua vontade através de mim." O Significado da Cruz Ouvimos falar freqüentemente acerca da cruz. Talvez estejamos por demais familiarizados com o termo. Mas o que é a cruz afinal das contas? Quando realmente compreendermos a cruz, veremos que significa o quebrantamento do homem exterior. A cruz reduz o homem exterior à morte; racha a casca humana e a abre. A cruz deve quebrar tudo quanto pertence ao nosso homem exterior: nossas opiniões, nossos modos, nossa habilidade, nosso amor- próprio, nosso tudo. Tão logo que nosso homem exterior é destruído, nosso espírito pode sair facilmente para fora. Considere certo irmão, como exemplo. Todos quantos o conhecem reconhecem que tem uma mente aguçada, uma vontade dinâmica, e profundas emoções. Mas, ao invés de ficarem impressionadas por estas características naturais da sua alma, impressionam com a facilidade de tocar em seu espírito. Sempre que as pessoas estão tendo comunhão com ele, encontram um espírito, em espírito limpo. Por que? Porque tudo quanto é da sua alma foi transformado. Esta transformação do homem exterior é uma questão fundamental. Devemos deixar o Senhor forjar um caminho em nossas vidas. Duas Razões para Não Ser Quebrantado Por que é que, depois de muitos anos de trato, algumas pessoas permanecem inalteradas? Alguns indivíduos tem uma vontade forte; alguns tem emoções fortes; e outros tem uma mente forte. O Senhor pode quebrantá-los e há duas razões principais para isto acontecer. A primeira é que muitos que vivem nas trevas não estão vendo a mão de Deus. Enquanto Deus está operando, enquanto está destruindo, não reconhecem que o tratamento vem da parte dele. Estão destituídos de luz, e, somente vêem homens que se opõem a eles. Imaginam que o meio-ambiente é realmente 158
  • 24. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós difícil, que as circunstâncias são as culpadas.Não entendem que NOTAS não é mão humana e nem mão de família nem de irmãos e irmãs na igreja, mas, sim, a de Deus. Assim, continuam nas trevas e no desespero, perdendo oportunidades de serem quebrantados pelo Senhor. A segunda razão, outro grande impedimento à obra de quebrantar o homem exterior é o amor-próprio. Devemos pedir que Deus remova nosso o coração do amor-próprio. A medida em que Ele lida conosco em resposta à nossa oração, devemos adorar e dizer: "Ó Senhor, se isto for da Tua mão, que eu o aceite no meu coração." Lembremo-nos de que a única razão para todo mal entendido, toda a irritação, todo descontentamento, é que secretamente amamos a nós mesmos. Assim, planejamos um modo mediante o qual podemos livrar a nós mesmos. Muitas vezes, os problemas surgem porque procuramos uma via de escape, uma fuga da operação da cruz. Não tente escapar da cruz pois assim só adiará o tempo de Deus na sua vida. Deixe Deus operar até que atinja Seu propósito, que não é outro senão que Sua vida seja vivida através de ti. As Feridas Virão Inevitavelmente. Ninguém é mais belo do que alguém que está quebrantado! A teimosia e o amor-próprio cedem lugar à beleza na pessoa que foi quebrantada por Deus. Vemos Jacó no Antigo Testamento, mesmo no ventre da sua mãe, lutava com seu irmão. Era sutil, enganoso, traiçoeiro. Por isso, sua vida estava cheia de tristezas e mágoas. Ainda jovem, fugiu do seu lar. Durante vinte anos foi logrado por Labão. A esposa do amor de seu coração, Raquel, morreu prematuramente. O filho do seu amor, José, foi vendido. Anos mais tarde, Benjamin foi preso no Egito. Deus tratou com ele sucessivamente, e Jacó encontrou infortúnio após infortúnio. Finalmente, depois de muitos tratamentos deste tipo, o homem Jacó foi transformado. Durante seus últimos anos, era bem transparente. Quão nobre foi sua resposta a Faraó! Quão belo foi seu fim, quando adorou a Deus, apoiado no seu bordão! Quão claras eram suas bênçãos pronunciadas sobre seus descendentes! Depois de ler a última página da sua história, queremos curvar a cabeça e adorar a Deus. Aqui temos alguém que está amadurecido, que conhece a Deus. Várias décadas de tratos tiveram como resultado que o homem exterior de Jacó foi quebrantado. Na sua velhice, o quadro é belo. Cada um de nós tem boa parte da mesma natureza de Jacó em nós. Nossa única esperança é que o Senhor marque um caminho para fora, quebrando o homem exterior de tal maneira que o homem interior possa surgir e se visto; isto é precioso, e é o caminho daqueles que servem ao Senhor. Somente assim podemos servir; somente assim podemos levar os homens ao Senhor. Tudo o mais está limitado quanto ao seu valor. Somente a pessoa através de quem Deus pode aparecer, é útil. Depois de nosso homem exterior ter sido ferido, tratado, e levado por várias provas, deixamos o espírito emergir. É triste 159
  • 25. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós encontrar alguns irmãos e irmãs cujo ser total permanece intacto, NOTAS nunca tendo sido tratado e transformado. Que Deus tenha misericórdia de nós, mostrando-nos claramente este caminho, e revelando-nos que é o único caminho. Que ninguém menospreze os tratos do Senhor. Que Ele nos revele verdadeiramente o que significa o quebrantamento do homem exterior. Se o homem exterior permanecesse integral, tudo seria meramente mente, totalmente inútil. Tenhamos esperança de que o Senhor venha a tratar de nós de modo completo. Como Nós Somos Antes do Quebrantamento O quebrantamento da alma é a experiência de todos aqueles que servem a Deus. Deve acontecer antes que Ele possa nos usar de modo eficaz. Quando alguém está trabalhando para Deus, duas possibilidades podem surgir. Primeiramente, é possível que, com o homem exterior intacto, o espírito da pessoa seja inerte e incapaz de funcionar. Se for uma pessoa habilidosa, sua mente governa seu trabalho; se for uma pessoa compassiva, as emoções controlam suas ações. Tal trabalho pode parecer bem sucedido, mas não pode trazer as pessoas a Deus. Em segundo lugar, o espírito pode aparecer revestido dos pensamentos ou das emoções da própria pessoa. O resultado é misturado e impuro. Tal obra trará os homens para uma experiência mista e impura. Estas duas condições enfraquecem nosso serviço a Deus. Se desejamos trabalhar de modo eficaz devemos reconhecer que, basicamente, " é o Espírito que vivifica." Mais cedo ou mais tarde - se não no primeiro dia da nossa salvação, talvez dez anos mais tarde - devemos reconhecer este fato. Muitos têm de ser trazidos ao fim da sua sabedoria e ver o vazio da sua labuta antes de saberem quão inúteis são seus muitos pensamentos, suas variadas emoções. Não importa quantas pessoas você pode atrair com seus pensamentos ou emoções, o resultado vem a ser nada. Finalmente devemos confessar: " É o Espírito que vivifica." Somente o Espírito faz as pessoas viverem. O homem pode ser trazido para a vida somente pelo Espírito. Muitas pessoas que servem ao Senhor chegam a enxergar este fato somente depois de passarem por muita tristeza e muitos fracassos. Finalmente, a palavra do Senhor passa a ter significado para elas: aquilo que vivifica é o Espírito. Quando o espírito é liberado, os pecadores podem nascer de novo e os santos podem ser estabelecidos. Quando a vida é comunicada através do canal do espírito, aqueles que a recebem nascem de novo. Quando a vida é fornecida através do espírito para os crentes, resulta em serem estabelecidos. Sem o Espírito, não pode haver novo nascimento, nem estabelecimento. Uma coisa notável é que Deus não quer fazer distinção entre o Seu Espírito e o nosso espírito. Há muitos lugares na Bíblia onde é impossível determinar se a palavra " espírito" indica nosso espírito humano ou o Espírito de Deus. Os tradutores bíblicos, desde Lutero até os estudiosos da atualidade que labutaram nas versões, não conseguiram resolver se a palavra " espírito”, usada em muitos 160
  • 26. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós lugares no Novo Testamento, se refere ao espírito humano ou ao NOTAS Espírito de Deus. Da Bíblia inteira, Romanos 8 é muito provavelmente o capítulo em que a palavra " espírito" é empregada mais freqüentemente. Quem pode discernir quantas vezes a palavra "espírito" neste capítulo se refere ao espírito humano e quantas vezes ao Espírito de Deus? Em várias versões existentes, a palavra " pneuma" (espírito) às vezes é escrita com uma letra maiúscula; noutras ocasiões, com uma letra minúscula. É simplesmente impossível distinguir. Quando, na regeneração, recebemos nosso novo espírito, recebemos o Espírito de Deus, também. No momento em que nosso espírito humano é ressuscitado do estado da morte, recebemos o Espírito Santo. Freqüentemente dizemos que o Espírito Santo habita em nosso espírito, mas achamos difícil discernir qual é o Espírito Santo e qual é o nosso próprio espírito. O Espírito Santo e nosso espírito se combinam tanto, que embora cada um seja individual, não são facilmente distinguidos. Deste modo, a liberação do espírito, é a liberação do espírito humano, bem como a do Espírito Santo, que está no espírito do homem. Visto que o Espírito Santo e o nosso espírito, são unidos em um só (1 Co 6:17), pode ser distinguidos somente no nome, e não no fato. E visto que a liberação de um importa na liberação dos dois, outros podem tocar o Espírito Santo quando tocam o nosso espírito. Graças a Deus porque à medida em que você deixa as pessoas entrarem em contato com o seu espírito, deixa-as terem contato com Deus. O seu espírito trouxe o Espírito Santo aos homens. Quando o Espírito Santo está operando, precisa ser transportado pelo espírito humano. A eletricidade numa lâmpada elétrica, não viaja como o raio. Deve ser conduzida através de fios elétricos. Se você quiser usar a eletricidade, precisa de um fio elétrico para trazê-la até você. De modo semelhante, o Espírito de Deus faz uso do espírito humano para transmiti-lo, e através dele, Ele é trazido ao homem. Toda pessoa que recebeu a graça, tem o Espírito Santo habitando no seu espírito. Se pode ser usado pelo Senhor, ou não, depende, não do seu espírito, mas, sim, do seu homem exterior. A dificuldade de muitas pessoas é que seu homem exterior não foi quebrantado. Não há evidência daquele caráter marcado pelo sangue - daquelas chagas ou cicatrizes. Assim, o Espírito de Deus é aprisionado dentro do espírito do homem e não pode irromper e sair. Às vezes o nosso homem exterior está ativo, mas o homem interior permanece inativo. O homem exterior se manifesta, enquanto que o homem interior fica para trás. Alguns Problemas Práticos Vamos passar tudo isto em revista através de alguns problemas práticos! Tomemos a pregação como um exemplo. Quão freqüentemente podemos estar pregando com sinceridade - dando uma mensagem bem preparada e sólida - mas interiormente nos 161
  • 27. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós sentimos frios como gelo. Ansiamos por animar os outros, mas nós NOTAS mesmos não ficamos comovidos. Há falta de harmonia entre o homem exterior e o interior. O homem exterior está suado com o calor, mas o homem interior está tremendo de frio. Podemos contar aos outros quão grande é o amor do Senhor, mas pessoalmente não somos tocados por ele. Podemos contar aos outros quão trágico é o sofrimento da cruz, mas, ao voltar para nosso quarto, podemos rir. O que podemos fazer a respeito disto? Nossa mente pode labutar, nossas emoções podem ser energizadas, mas o tempo todo, temos a sensação de que o homem interior está meramente observando os acontecimentos. O homem exterior e o interior não estão unidos. Considere outra situação. O homem interior está sendo devorado pelo zelo. A pessoa quer gritar, mas nada consegue expressar. Depois de falar por muito tempo parece que ainda está andando em círculos. Quanto mais anseia por falar, mas não consegue achar expressão. Quando se encontra com um pecador, seu homem interior tem vontade de chorar, mas ele não consegue derramar uma lágrima. Há um senso de urgência dentro dele, mas quando sobe ao púlpito e procura gritar, vê-se perdido num labirinto de palavras. Uma situação desta é muito penosa. A causa radical é a mesma: a casca externa ainda se apega a ele. O exterior não obedece aos ditames do interior: chorando por dentro, mas por fora, sem se comover; sofrendo por dentro, mas por fora, a mente parece estar em branco. O espírito ainda tem de descobrir um meio de atravessar a casca. Deste modo, o quebrantamento do homem exterior é a primeira lição para toda pessoa que deseja aprender a servir a Deus. Aquele que é verdadeiramente usado por Deus, é aquele cujo pensamento e emoção externa, não agem independentemente. Se não aprendermos esta lição, a nossa eficácia, será grandemente prejudicada. Que Deus nos traga ao lugar em que o homem exterior é completamente quebrantado.Quando prevalecer esta condição, haverá fim desta atividade exterior com a inércia interior; acabará o chorar interior com a compostura exterior. Seus pensamentos ajudarão o seu espírito ao invés de atrapalhá-lo. De modo semelhante, nossas emoções também são uma casca muito dura. Muitos que desejam estar felizes não podem expressar felicidade, ou talvez queiram chorar, sem, porém, consegui-lo. Se o Senhor tiver ferido nosso homem exterior através da disciplina ou da iluminação do Espírito Santo, poderemos expressar alegria ou tristeza conforme os ditames do interior. A liberação do espírito nos possibilita permanecer cada vez mais em Deus. Tocamos o espírito da revelação divina. Quando estamos testemunhando ou pregando, transmitimos a palavra de Deus através do nosso espírito. Além disto, podemos, muito espontaneamente, entrar em contato com o espírito dos outros, mediante o nosso espírito. Sempre que alguém fala em nossa presença, podemos "tirar a medida dele" - avaliar que tipo de pessoa é, qual atitude está adotando, que tipo de cristão é, e qual é a sua necessidade. Nosso espírito pode tocar o espírito dele. E o 162
  • 28. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós que é maravilhoso, é que outros facilmente entram em contato com NOTAS o nosso espírito. No caso de alguns, apenas temos um encontro com seus pensamentos, com suas emoções, ou com sua vontade. Depois de conversar com eles durante horas a fio, ainda não encontramos a pessoa real, embora ambos sejamos cristãos. A casca exterior é grossa demais para outras pessoas tocarem o homem interior. Com o quebrantamento do homem exterior, o espírito começa a fluir e sempre está aberto diante de outras pessoas. Aventurando-se e Recolhendo-se Uma vez que o homem exterior tenha sido quebrantado, o espírito do homem muito naturalmente, permanece na presença de Deus sem cessar. Dois anos depois de certo irmão ter confiado no Senhor, leu “ A Prática da Presença de Deus" do Irmão Lawrence. Depois de lê-lo, sentiu-se aflito com seu fracasso quanto a permanecer incessantemente na presença de Deus como o Irmão Lawrence. Fez então, uma aliança com horário marcado para orar com alguém. Por que? Bem, a Bíblia diz: "Orai sem cessar," eles mudaram a expressão para " Orai toda hora." Cada vez que ouviam o relógio bater a hora, oravam. Esforçavam-se ao máximo para recolher-se em Deus, porque achavam que não podiam manter-se continuamente na Sua presença. Era como se Ele tivesse ido embora quietamente enquanto trabalhavam, e, assim precisassem rapidamente recolher-se em Deus. Ou se projetasse para fora enquanto estudavam, e agora deviam fazer um rápido retorno para Deus. De outra forma, achar-se-iam ausentes de Deus durante o dia inteiro. Oravam freqüentemente, passando dias inteiros orando no Dia do Senhor e metade do dia aos sábados. Assim continuaram, durante dois ou três anos. Mesmo assim, o problema ainda permanecia: recolhendo-se, desfrutavam da presença de Deus, mas ao saírem para fora, perdiam-na. Naturalmente, este problema não é só deles; tal é a experiência de muitos cristãos. Indica que estamos procurando manter a presença de Deus por meio da nossa memória. O senso da Sua presença flutua de acordo com a nossa memória. Quando nós nos lembramos, há a consciência da Sua presença; senão, não há nenhuma. Isto é pura tolice, pois a presença de Deus está no espírito e não na memória. Para solucionar este problema, devemos primeiramente resolver a questão do quebrantamento do homem exterior. Visto que nem nossa emoção nem nosso pensamento tem a mesma natureza que Deus, não podem ser juntados com Ele. O Evangelho segundo João, capítulo 4, mostra-nos a natureza de Deus. Deus é Espírito. Somente nosso espírito é da mesma natureza de Deus; logo, pode ser eternamente unido com Ele. Se procurarmos chegar a obter a presença de Deus por meio de dirigir nosso pensamento, então, quando não estamos nos concentrando, Sua presença parece perdida. Além disto, se procurarmos usar nossa emoção, a mesma coisa acontece, Sua presença parece ter ido embora.Às vezes estamos felizes, e tomamos este fato por termos a presença 163
  • 29. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós de Deus. Deste modo, quando a felicidade cessa, a presença foge! NOTAS Ou podemos supor que Sua presença está conosco enquanto lastimamos e choramos. Infelizmente, não podemos derramar lágrimas durante nossa vida inteira. Logo, nossas lágrimas se secarão, e depois, a presença de Deus desaparece. Tanto nossos pensamentos quanto nossas emoções são energias humanas. Todas as atividades devem chegar ao fim. Se procuramos manter a presença de Deus com a atividade, então, quando a atividade cessa, Sua presença termina. A presença de Deus requer uma natureza igual à dEle. Somente o homem interior é da mesma natureza de Deus. Através dele, exclusivamente, a presença de Deus pode ser manifestada. Quando o homem exterior está em atividades, estas podem perturbar o homem interior, de tocar na presença de Deus. Deus nos deu o espírito para nos capacitar a corresponder a Ele. O homem exterior, no entanto, sempre está correspondendo às coisas de fora, e daí nos priva da presença de Deus. Não podemos destruir todas as coisas do lado de fora, mas podemos quebrantar o homem exterior. Milhões e bilhões de coisas no mundo, estão totalmente além do nosso controle. Cada vez que alguma coisa acontece, nosso homem exterior corresponderá; todavia não conseguimos desfrutar em paz da presença de Deus. Concluímos, portanto, que experimentar a presença de Deus depende do quebrantamento do nosso homem exterior. Se, pela misericórdia de Deus, nosso homem exterior foi quebrantado, podemos ser caracterizados da seguinte maneira: Ontem, estávamos cheios de curiosidade, mas hoje é impossível ser curioso. Anteriormente, nossas emoções podiam facilmente ser despertadas, ou movendo nosso amor, a mais delicada das emoções, ou provocando nossa ira, a mais grosseira delas. Mas agora, sejam quantas forem as coisas que vierem em cima de nós, nosso homem interior fica imperturbável, a presença de Deus fica imutável, e nossa paz interior permanece sem a mais leve agitação. Torna-se evidente que o quebrantamento do homem exterior é a base para desfrutar da presença de Deus. O Irmão Lawrece estava ocupado em serviços de cozinha. As pessoas pediam, impacientes, as coisas que queriam. Embora houvesse o tinido de pratos e utensílios, seu homem interior não se perturbava. Podia sentir a presença de Deus na agitação de uma cozinha tanto quanto na oração em momentos quietos. Por que? Estava impenetrável aos barulhos externos. Aprendera a comungar no seu espírito e desconsiderar a vida da sua alma. Alguns acham que, para ter a presença de Deus, seu ambiente deve estar livre de perturbações tais como o tinido dos utensílios. Quanto mais longe estão da humanidade, tanto melhor poderão sentir a presença de Deus. Que erro! O problema acha-se, não nos pratos, nem nas outras pessoas, mas, sim, neles mesmos. Deus não vai livrar-nos dos pratos; livrar-nos-á das nossas respostas! Não importa quão barulhento fica lá fora, o lado de dentro não precisa corresponder. Visto que o Senhor quebrantou nosso homem externo, simplesmente reagimos como se não 164
  • 30. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós tivéssemos ouvido. Louvado seja Deus, podemos possuir uma NOTAS audição muito afinada, mas, devido à obra da graça em nossas vidas, não estamos influenciados de modo algum pelas coisas que fazem pressões sobre nosso homem exterior. Podemos ficar diante de Deus em tais ocasiões tanto quanto, quando estivermos orando sozinhos. Uma vez que o homem exterior é quebrantado, a pessoa já não precisa recolher-se em Deus, pois sempre está na presença Dele. Não é assim no caso daquele cujo homem exterior ainda está intacto. Depois de fazer algum dever, precisa voltar, pois supõe que se movimentou para longe de Deus. Até mesmo ao fazer a obra do Senhor, escapa dAquele a quem serve. Assim, parece que a melhor coisa para ele é não fazer movimento algum. Apesar disto, os que conhecem a Deus não precisam voltar, porque nunca se ausentaram. Desfrutam da presença de Deus quando consagram um dia a oração, e desfrutam da mesma presença em grau muito semelhante quando estão ativamente ocupados nas tarefas da vida diária. Talvez seja nossa experiência comum que, ao nos aproximarmos de Deus, sentimos Sua presença; ao passo que, se estamos ocupados em algum trabalho, sentimos que fizemos uma longa viagem e que devemos voltar. Qual é a resposta? O quebrantamento do homem exterior torna desnecessárias tais voltas. Sentimos a presença de Deus na nossa conversação e tarefas diárias tanto quanto ajoelhados em oração. Cumprir nossas tarefas diárias não nos afasta de Deus; logo, não precisamos voltar. A Divisão Entre o Homem Exterior e o Interior: Alma e Espírito Quando o homem exterior é quebrado, as coisas de fora serão conservadas fora, e o homem interior viverá diante de Deus continuamente. O problema de muitas pessoas é que seu homem exterior e seu homem interior estão juntos, de modo que o que influencia o externo influencia o interno. Através da operação misericordiosa de Deus, o homem exterior e o homem interior devem ser separados. Então, aquilo que afeta o homem exterior não poderá alcançar o interior. Embora o homem exterior esteja ocupado numa conservação, o homem interior está tendo comunhão com Deus. O homem exterior talvez ache pesaroso ter que ouvir o tinido dos pratos; o homem interior, no entanto, permanece em Deus. A pessoa pode levar a efeito suas atividades, entrar em contato com o mundo através do homem exterior, mas, mesmo assim, o homem interior permanece sem ser afetado porque vive diante de Deus. Consideremos um ou dois exemplos. Certo irmão está trabalhando na estrada. Se seu homem exterior e interior já foram divididos, este último não será perturbado pelas coisas externas. Pode labutar no seu homem exterior, enquanto, ao mesmo tempo, está internamente adorando a Deus. Ou considere um pai: seu homem exterior talvez esteja rindo e brincando com seu filhinho. De 165
  • 31. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós repente, surge certa necessidade espiritual. Pode imediatamente NOTAS enfrentar a situação com seu homem interior, pois nunca esteve ausente da presença de Deus. Assim, é importante que reconheçamos que a divisão entre o homem exterior e o homem interior tem um efeito muito decisivo sobre o trabalho e a vida da pessoa. Somente assim é que a pessoa pode labutar sem distração. Podemos descrever os crentes como sendo pessoas "únicas" ou " duplas." No caso de alguns, seu homem interior e exterior são um só; com outros, os dois foram separados. Enquanto alguém é uma pessoa " única," deve conclamar a totalidade do seu ser para seu trabalho ou para sua oração. Ao trabalhar, deixa Deus para trás. Ao orar mais tarde, deve separar-se do seu serviço. Porque seu homem exterior não foi quebrantado, está forçado a aventurar-se e a recolher-se. A pessoa " dupla," do outro lado, tem a capacidade de trabalhar com seu homem exterior enquanto seu homem interior permanece constantemente diante de Deus. Sempre que a necessidade surge, seu homem interior pode fluir com força e manifestar-se diante de outras pessoas. Desfruta da presença ininterrupta de Deus. Perguntemos a nós mesmos: Sou uma pessoa " única" ou " dupla "? Faz toda a diferença, realmente, se o homem exterior é dividido do interior. Se, pela misericórdia de Deus, você experimentou esta divisão, você sabe que há um homem dentro de você que mantém a calma. Embora o homem exterior esteja ocupado em coisas externas, estas não penetrarão no homem interior. Aqui está o segredo maravilhoso! Conhecer a presença de Deus é através da divisão destes dois. O Irmão Lawrence parecia ativamente ocupado com os trabalhos da cozinha, mas dentro dele havia outro homem que ficava diante de Deus e que desfrutava de comunhão com Ele, sem perturbação alguma. Semelhante divisão interior conservará nossas reações livres da contaminação da carne e do sangue. Concluindo, lembremo-nos de que a capacidade de usar nosso espírito depende da obra dupla de Deus: o quebrantamento do homem exterior e a divisão entre o espírito e a alma, ou seja: a separação do nosso homem interior do exterior. Somente depois de Deus ter realizado estes dois processos em nossa vida é que poderemos exercitar nosso espírito. O homem exterior é quebrantado mediante a disciplina do Espírito Santo; é dividido do homem interior pela revelação do Espírito Santo(Hb 4:12). A Manifestação de Deus e a Restrição de Deus Houve um tempo em que Deus Se confiou à forma humana na Pessoa de Jesus de Nazaré. Antes do Verbo Se tornar carne, a plenitude de Deus não conhecia limite algum. No entanto, uma vez que a encarnação veio a ser uma realidade, Sua obra e Seu poder eram limitados a esta carne. Este Homem, Cristo Jesus, restringirá a Deus ou O manifestará? A Bíblia nos mostra que, longe de limitar a Deus, Ele manifestou a plenitude de Deus de modo maravilhoso. 166
  • 32. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós Em nossos dias, Deus Se confia à igreja. Seu poder e Sua NOTAS obra estão na igreja. Assim como nos Evangelhos achamos toda a obra de Deus dada ao Filho, assim hoje Deus confiou à igreja todas as Suas obras, e não agirá à parte dela. Desde o Dia do Pentecoste até ao tempo presente, a obra de Deus tem sido levada à efeito através da igreja. Pense na responsabilidade tremenda da igreja! O ato de Deus em confiar-Se à igreja é como Seu ato anterior de confiar-Se a um só Homem, Cristo - sem reservas, sem restrições. A igreja, porém, pode restringir a obra de Deus ou limitar Sua manifestação. Jesus de Nazaré é o próprio Deus. Seu ser inteiro, de dentro para fora, é revelar a Deus. Suas emoções refletem as emoções de Deus; Seus pensamentos revelam os pensamentos de Deus. Enquanto estava nesta terra podia dizer: "Não para fazer a minha própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou..." O Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai... Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar" (João 6:38; 5:19; 12:49). Aqui vemos um Homem em quem Deus depositou sua confiança. Ele é o Verbo que Se tornou carne. É Deus que Se tornou homem. É perfeito. Quando veio o dia em que Deus desejou Distribuir Sua vida entre os homens, aquele Homem podia declarar: " Se o grão de trigo, caindo na terra... morrer, produz muito fruto " (João 12:24). Deste modo, Deus escolheu a igreja para ser Seu vaso hoje - o vaso daquilo que Ele fala, para a manifestação do Seu poder e da Sua operação. O ensino básico dos Evangelhos é a presença de Deus em um Homem, ao passo que o das Epístolas é a de Deus na igreja. Quando esta luz raiar sobre nós, ergueremos espontaneamente nossos olhos ao céu, dizendo: " Ó Deus! Quanto nós Te impedimos!" Em Cristo, o Deus onipotente ainda era onipotente sem sofrer qualquer restrição ou estreitamento. O que Deus espera hoje é que este mesmo poder possa permanecer intacto à medida em que Ele reside na igreja. Ele deve ficar tão livre para manifestar-Se na igreja quanto o era em Cristo. Qualquer restrição ou incapacidade na igreja invariavelmente limitará a Deus. Esta é uma coisa muito séria; não a mencionamos levianamente. O impecilho em cada um de nós constitui-se um impecilho para Deus. Por que a disciplina do Espírito Santo é tão importante? Porque a divisão entre o espírito e a alma é tão urgente? É porque Deus precisa ter um caminho através de nós. Que ninguém pense que estamos interessados apenas na experiência espiritual. Nosso zelo e dedicação é o caminho de Deus e Sua obra. Deus está livre para operar através das nossas vidas? A não ser que sejamos tratados e quebrantados através da disciplina, restringiremos a Deus. Sem o quebrantamento do homem exterior, a igreja não pode ser um canal para Deus. 167
  • 33. A experiência da formação do caráter de Cristo em nós NOTAS O Quebrantamento e a Maneira de Deus Operar Passemos agora a considerar como o quebrantamento do homem exterior afetará nosso modo de ler a Bíblia, nosso modo de ser ministros da Sua Palavra, e nossa pregação do evangelho. Lendo a Bíblia: É sem dúvida que o que somos, determina o proveito que tiramos da Bíblia. Quão freqüentemente o homem, na sua soberba, depende da sua mente não-renovada e confusa para ler a Bíblia. O fruto é nada senão seu próprio pensamento. Não toca o espírito das Sagradas Escrituras. Se esperamos encontrar o Senhor na Sua Palavra, nossos pensamentos devem primeiramente ser quebrantados por Deus. Talvez tenhamos alto conceito da nossa habilidade, mas para Deus é um grande obstáculo. Nunca poderá levar-nos ao pensamento de Deus. Há, pelo menos, duas exigências básicas para ler a Bíblia. Primeiramente, nosso pensamento deve entrar no pensamento da Bíblia; e, em segundo lugar, nosso espírito deve entrar no espírito da Bíblia. Você deve pensar como o escritor, seja Paulo, Pedro ou João, estava pensando quando escrevia a Palavra de Deus. Seu pensamento deve começar onde o pensamento dele começa, e desenvolver como o dele se desenvolve. Você deve ter a capacidade de raciocinar como ele raciocina e de exortar como ele exorta. Em outras palavras, seu pensamento deve ser engrenado com o pensamento dele. Isto permitirá ao Espírito que lhe dê o significado exato das Escrituras. Pense numa pessoa que vem à Bíblia com sua mente já fixa. Lê a Bíblia para obter apoio para suas doutrinas preconcebidas. Que tragédia! Uma pessoa experiente, depois de escutar alguém assim falar durante cinco ou dez minutos, pode discernir se quem fala está usando a Bíblia para suas próprias finalidades, ou se seu pensamento entrou no pensamento da Bíblia. Há uma diferença de âmbitos aqui. Uma pessoa pode levantar-se e dar uma mensagem agradável que parece ser bíblica, mas, na realidade, seu pensamento é contraditório ao pensamento da Bíblia. Ou podemos escutar alguém pregar, cujo pensamento expressa o pensamento da Bíblia e, portanto, é harmonioso e unido com ela. Embora esta condição deva ser anormal nem todos chegam a ela. Para unir nosso pensamento com o pensamento da Bíblia, é necessário que nosso homem exterior seja quebrantado. Não pense que nossa leitura bíblica é fraca por causa de falta de instrução. O defeito está muito mais em nós, porque nossos pensamentos não foram subjugados por Deus. Ser quebrantado desta maneira é o cessar das nossas próprias atividades e do nosso pensamento subjetivo, e paulatinamente começar a tocar a mente do Senhor e seguir a tendência do pensamento da Bíblia. Não é antes de ser quebrantado o homem exterior que podemos entrar no pensamento da Palavra de Deus. Ora, embora isto seja importante, ainda nos falta mencionar o assunto primário. A Bíblia é mais do que palavras, idéias e pensamentos. O aspecto mais destacado da Bíblia é que o Espírito de Deus é liberado através deste Livro. Quando um escritor, seja 168