O documento discute a terapia como contexto para a reconstrução do significado. Ele descreve a terapia como uma prática social e conversacional que permite a criação de novos significados através do diálogo. A mudança ocorre quando os clientes contam e recontam suas histórias de vida.
1. CONSTRUTIVISMO 1 A Terapia como Contexto para a Reconstrução do Significado (Aula da Profª Lina Sue Matsumoto – 2010)
2. ProfªLina Sue Matsumoto Grandesso, M. A. Sobre a reconstrução do significado: uma análise epistemológica e hermenêutica da prática clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo,2000. PSICOTERAPIA COGNITIVA 2
3. Capítulo V : A Terapia como Contexto para a Reconstrução do Significado 3 ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA Grandesso, M. A. Sobre a reconstrução do significado: uma análise epistemológica e hermenêutica da prática clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo,2000. A conversação terapêutica - Itens 2.1; 2.2; 2.3 (pg. 237-244) O processo terapêutico - Itens 3.1; 3.2; 3.3 (pg. 244 - 254)
4. A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA 2. Uma análise hermenêutica da prática terapêutica Terapia = prática social = tipo especial de discurso Conversação terapêutica = dialógica = dilemas Criação de um contexto facilitador para a construção de novos significados, edificados em novas narrativas, ampliando o seu sentido de autoria e suas possibilidades existenciais. Prática colaborativa que se constrói no momento presente e a partir de dentro do próprio contexto dos participantes = deixa de lado os conceitos de patologia, normalidade e terapeuta como expert. 4
5. “...Cada cliente é considerado único nas suas circunstâncias... Cada sistema terapêutico e cada relação terapeuta-cliente são também idiossincráticos... Portanto, se uma depressão não é igual a outra depressão, a experiência que o terapeuta acumula é a habilidade de desconstruir sua escuta fechada, estar em diálogo, de criar um contexto conversacional gerador de novos significados mais libertadores, o que implica, necessariamente, uma atitude de respeito e humildade “ 5 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
6. 2.1. Terapia como prática social Um encontro que se dá na linguagem, um evento linguísticono qual pessoas com diferentes tipos de experiências, uma das quais, se define como terapeuta, interagem a partir de um interesse comum que os coloca juntos. A terapia constitui-se de pessoas que se relacionam na e por meio da linguagem, em torno dos dramas de diferentes complexidades que restringem as suas alternativas existenciais. 6 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
7. 2.2. Terapia como prática de conversação dialógica Prática conversacional = não é uma conversação trivial. Novos significados devem emergir, reescrevendo a experiência vivida a partir de novos marcos de sentido. Natureza terapêutica = não apenas as histórias mudam, mas as próprias pessoas que as narram. O espaço dialógico = conversações externas entre os participantes = internas dentro de cada participante a possibilidade da expressão do ainda não-dito. Dizer e expandir o não-dito e o ainda por ser dito = diálogo = novos significados. 7 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
8. 2.3. Terapia como prática narrativa A mudança do cliente decorre do contar histórias sobre sua vida. Terapeuta = bom editor = contar e recontar Criação de contextos exploratórios para as histórias de vida dos clientes procurando por narrativas da experiência, referendadas pelos clientes, revelando recursos, competências e habilidades veladas pelos recortes feitos na experiência, por meio de narrativas dominantes, edificadas em torno de problemas. 8 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
9. “As histórias vividas são sempre muito mais ricas que qualquer possibilidade de relato sobre elas... As experiências vividas, quando excluídas das narrativas pessoais, permanecendo não-historiadas, não só deixam de ser notadas e, portanto, de fazer diferença para a vida da pessoa, como também permanece fora das possibilidades de compreensão” (Monk, 1997) 9 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
10. 3. O processo terapêutico É a compreensão das narrativas pelas quais construímos as histórias da nossa existência, como co-autoriadas nos contextos dos quais fazemos parte, tendo como ecos as vozes canônicas da cultura. A metáfora narrativa estabelece que as pessoas vivem e estruturam suas vidas por meio de histórias, cujos efeitos podem tanto ampliar, como restringir as suas possibilidades existenciais. 10 O PROCESSO TERAPÊUTICO ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
11. 3.1. Sobre problemas e diagnósticos Diagnóstico = reconhecer uma doença. Acreditar é ver = encontrar o que procuramos. Acreditar é ouvir = nosso clientes vão tender a apresentar os problemas cuja existência acreditamos. O que obtemos com nossas definições dos problemas = são apenas as nossas próprias descrições e explicações dos problemas. Terapeutas + clientes co-constroem narrativas = preferências temáticas do terapeuta (etnia, minoria, ciclo vital, cultura, perdas e lutos...) 11 O PROCESSO TERAPÊUTICO ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
12. 3.1. Sobre problemas e diagnósticos Qual é? Para quem é? O que é? Porque é ? Significados estruturados em narrativas nas quais as pessoas organizam a experiência de si mesmas e do seu mundo, descrevendo uma empobrecida capacidade de autoria pessoal, como se fossem impotentes diante dos dilemas que as afligem. O problema (dilema) é considerado como um sistema de significados organizado pelo sofrimento, do qual fazem parte todos os que contribuem para esse sistema. Solução Situação de vida (lifesituation) 12 O PROCESSO TERAPÊUTICO ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
13. 3.1. Sobre problemas e diagnósticos Somente os protagonistas da história podem descrever como tem sido afetados nas suas vidas, nos seus relacionamentos, nas visões sobre si mesmos e nas suas perspectivas de futuro. Cada um localiza o problema no outro, e o outro nega tal coisa, muitas vezes contra-atacando desafio para a construção de um sistema terapêutico colaborativo. 13 O PROCESSO TERAPÊUTICO ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
14. 3.2. Quem são os clientes? Clientes que buscam por terapia são pessoas envolvidas em histórias de sofrimentos, mais ou menos dolorosos e alarmantes, de alguma forma, protagonistas de histórias de dificuldades existenciais, em que figuram restrições de autonomia, da condição de autoria e de melhores e mais esperançosas alternativas de vida. Seja qual for o caso, as pessoas costumam recorrer à terapia quando algo abala sua sensação de bem-estar, o reconhecimento de suas competências e a validação de si mesmas como pessoas. 14 O PROCESSO TERAPÊUTICO ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
15. 3.2. Quem são os clientes? Seus dilemas existenciais organizam-se em histórias de queixas para as quais, ou não vêm saídas, ou não conseguem colocá-las em prática. Nesse tipo de terapia, os clientes são colocados no lugar de especialistas. Assim, abandonando papéis tradicionais do terapeuta como aquele que sabe, e do cliente como o que não sabe,“terapeutas aprendem e clientes ensinam”. 15 O PROCESSO TERAPÊUTICO ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
16. 3.3. O conceito de mudança A mudança, coerentemente com o conceito de problema, envolve o desenvolvimento de narrativas em primeira pessoa, ou seja, de narrativas do self, favorecendo a compreensão da experiência e dos eventos da vida, de modo que permita: “múltiplas possibilidades no ser e estar no mundo em um dado momento e determinada circunstância, ajudando o cliente a ter acesso, expressar ou exercer a autoria ou agenciamento pessoal”. 16 O PROCESSO TERAPÊUTICO ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
17. 3.3. O conceito de mudança Compreendo que uma terapia bem-sucedida favorece tanto a libertação em relação às histórias saturadas de problemas, e, portanto, opressoras do self, como um sentido de esperança à medida que as histórias mais libertadoras, vindas do acesso e expansão do ainda não-dito, podem construir futuros mais promissores. 17 O PROCESSO TERAPÊUTICO ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA
18. Metáfora da Fogueira Para manter a primeira chama vacilante acesa, necessita-se colocar pequenos gravetos no tempo adequado. Se for colocado apenas um, ele rapidamente será consumido e o fogo apagar-se-á; se forem muitos de uma só vez, ou lenha muito pesada, a chama será sufocada. Assim, gentil e habilmente cuidada, a chama pode ser alimentada pelo oxigênio, até que, estabelecida, a fogueira possa receber a lenha mais pesada e seguir por si mesma sua vida. 18 O PROCESSO TERAPÊUTICO ProfªLina Sue Matsumoto PSICOTERAPIA COGNITIVA