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Textualização do discurso de relato
Manoel Neves
TEXTUALIZAÇÃO DO DISCURSO DE RELATO
textualização do discurso de relato
COMPONENTES ORGANIZACIONAIS
textualização do discurso de relato
locutor ou foco de enunciação
fases ou etapas
narrador	protagonista;	
narrador	testemunha;	
outros.	
sumário:	3tulo	sub3tulo	e	lide,	isto	é,	relato	sumariado	do	acontecimento	(quem,	
o	quê,	quando,	onde,	como,	por	quê);		
suíte	(ou	con=nuação	do	acontecimento	no=ciado	no	lide):	relato	com	detalhe	
sobre	as	pessoas	envolvidas,	repercussões,	desdobramentos,	comentários;	pode	
ter	inter3tulos.
COMPONENTES ORGANIZACIONAIS
textualização do discurso de relato
estratégias de organização
coesão verbal
valor	 dos	 pretéritos,	 perfeito,	 imperfeito,	 mais-que-perfeito,	 do	 futuro	 do	
presente	e	do	futuro	do	pretérito.		
conexão textual
marcas	 linguís=cas	 e	 gráficas	 da	 ar=culação	 do	 discurso	 narra=vo	 com	 outros	
discursos	e	sequências	de	texto;		
marcadores	 textuais	 de	 progressão/segmentação	 temá=ca:	 ar=culações	
hierárquicas,	temporais	e/ou	lógicas	entre	as	fases	ou	etapas	do	discurso;		
ordenação	temporal	linear;		
ordenação	temporal	com	retrospecção	(flash	back);	
ordenação	temporal	com	prospecção.
COMPONENTES ORGANIZACIONAIS
textualização do discurso de relato
textualização do discurso citado ou relatado
coesão nominal
estratégias	de	introdução	temá=ca;	
estratégias	de	manutenção	e	retomada	temá=ca.	
discurso	direto;	
discurso	indireto;	
ilha	textual;	
resumo	com	citações.	
organização linguística do discurso de relato
recursos	semân=cos	e	morfossintá=cos	mais	caracterís=cos	e/ou	frequentes.
TEXTO
textualização do discurso narrativo
TEXTO
Relato de ocorrência, de Rubem Fonseca
Na	 madrugada	 do	 dia	 3	 de	 maio,	 uma	 vaca	 marrom	 caminha	 na	 ponte	 do	 rio	 Coroado,	 no	
quilômetro	53,	em	direção	ao	Rio	de	Janeiro.	
Um	ônibus	de	passageiros	da	empresa	Única	Auto	Ônibus,	chapa	RF	80-07-83	e	JR	81-12-27,	
trafega	na	ponte	do	rio	Coroado	em	direção	a	São	Paulo.	
Quando	vê	a	vaca,	o	motorista	Plínio	Sérgio	tenta	se	desviar.	Bate	na	vaca,	bate	no	muro	da	
ponte,	o	ônibus	se	precipita	no	rio.	
Em	cima	da	ponte,	a	vaca	está	morta.	
Debaixo	 da	 ponte	 estão	 mortos:	 uma	 mulher	 ves=da	 de	 calça	 comprida	 e	 blusa	 amarela,	 de	
vinte	anos	presumíveis	e	que	nunca	será	iden=ficada;	Ovídia	Monteiro,	de	trinta	anos;	Manuel	
dos	Santos	Pinhal,	português,	de	trinta	e	cinco	anos,	que	usava	carteira	de	sócio	do	Sindicato	de	
Empregados	em	Fábricas	de	Bebidas;	o	menino	Reinaldo	de	um	ano,	filho	de	Manuel;	Eduardo	
Varela,	casado,	quarenta	e	três	anos.	
O	 desastre	 foi	 presenciado	 por	 Elias	 Gen=l	 dos	 Santos	 e	 sua	 mulher	 Lucília,	 residentes	 nas	
cercanias.	Elias	manda	a	mulher	apanhar	um	facão	em	casa.	Um	facão?	Pergunta	Lucília.	Um	
facão	depressa	sua	besta,	diz	Elias.	Ele	está	preocupado.	Ah!	Percebe	Lucília.	Lucília	corre.	
Surge	Marcílio	da	Conceição.	Elias	olha	com	ódio	para	ele.	Aparece	também	Ivonildo	de	Moura	
Júnior.	E	aquela	besta	que	não	traz	o	facão!,	pensa	Elias.	Ele	está	com	raiva	de	todo	mundo,	suas	
mãos	tremem.	Elias	cospe	no	chão	várias	vezes,	com	força,	até	que	a	sua	boca	seca.
TEXTO
Relato de ocorrência, de Rubem Fonseca
Bom	dia,	seu	Elias,	diz	Marcílio.	Bom	dia,	diz	Elias	entre	os	dentes,	olhando	pros	lados.	Esse	
mulato!,	pensa	Elias.	
Que	coisa,	diz	Ivonildo,	depois	de	se	debruçar	na	amurada	da	ponte	e	olhar	os	bombeiros	e	os	
policiais	 embaixo.	 Em	 cima	 da	 ponte,	 além	 do	 motorista	 de	 um	 carro	 da	 Polícia	 Rodoviária,	
estão	apenas	Elias,	Marcílio	e	Ivonildo.	
A	coisa	não	anda	boa	não,	diz	Elias	olhando	para	a	vaca.	Ele	não	consegue	=rar	os	olhos	da	vaca.	
É	verdade,	diz	Marcílio.	
Os	três	olham	para	a	vaca.	
Ao	longe	vê-se	o	vulto	de	Lucília,	correndo.	
Elias	 recomeçou	 a	 cuspir.	 Se	 eu	 pudesse	 eu	 também	 era	 rico,	 diz	 Elias.	 Marcílio	 e	 Ivonildo	
balançam	a	cabeça,	olham	para	a	vaca	e	para	Lucília,	que	se	aproxima	correndo.	Lucília	também	
não	 gosta	 de	 ver	 os	 dois	 homens.	 Bom	 dia	 dona	 Lucília,	 diz	 Marcílio.	 Lucília	 responde	
balançando	a	cabeça.	Demorei	muito?,	pergunta,	sem	fôlego,	ao	marido.	
Elias	segura	o	facão	na	mão,	como	se	fosse	um	punhal;	olha	com	ódio	para	Marcílio	e	Ivonildo.	
Cospe	no	chão.	Corre	para	cima	da	vaca.	
No	lombo	é	onde	fica	o	filé,	diz	Lucília.	Elias	corta	a	vaca.	
Marcílio	se	aproxima.	O	senhor	depois	me	empresta	a	sua	faca,	seu	Elias?,	pergunta	Marcilio.	
Não,	responde	Elias.
TEXTO
Relato de ocorrência, de Rubem Fonseca
Marcílio	se	afasta,	andando	apressadamente.	Ivonildo	corre	em	grande	velocidade.	
Eles	vão	apanhar	facas,	diz	Elias	com	raiva,	aquele	mulato,	aquele	corno.	Suas	mãos,	sua	camisa	
e	sua	calça	estão	cheias	de	sangue.	Você	devia	ter	trazido	uma	bolsa,	uma	saca,	duas	sacas,	
imbecil.	Vai	buscar	duas	sacas,	ordena	Elias.	
Lucília	corre.	
Elias	já	cortou	dois	pedaços	grandes	de	carne	quando	surgem,	correndo,	Marcílio	e	sua	mulher	
Dalva,	Ivonildo	e	sua	sogra	Aurélia	e	Erandir	Medrado	com	seu	irmão	Valfrido	Medrado.	Todos	
carregam	facas	e	facões.	A=ram-se	sobre	a	vaca.	
Lucília	chega	correndo.	Ela	mal	pode	falar.	Está	grávida	de	oito	meses,	sofre	de	verminose	e	sua	
casa	fica	no	alto	de	um	morro,	a	ponte	no	alto	de	outro	morro.	Lucília	trouxe	uma	segunda	faca	
com	ela.	Lucília	corta	a	vaca.	
Alguém	me	empresta	uma	faca	senão	eu	apreendo	tudo,	diz	o	motorista	do	carro	da	polícia.	Os	
irmãos	Medrado,	que	trouxeram	vários	facões,	emprestam	um	ao	motorista.	
Com	uma	serra,	um	facão	e	uma	machadinha	aparece	João	Leitão,	o	açougueiro,	acompanhado	
de	dois	ajudantes.	
O	senhor	não	pode,	grita	Elias.	
João	Leitão	se	ajoelha	perto	da	vaca.	
Não	pode,	diz	Elias	dando	um	empurrão	em	João.	João	cai	sentado.
TEXTO
Relato de ocorrência, de Rubem Fonseca
Não	pode,	gritam	os	irmãos	Medrado.	
Não	pode,	gritam	todos,	com	exceção	do	motorista	da	polícia.	
João	se	afasta;	a	dez	metros	de	distância,	para;	com	os	seus	ajudantes,	fica	observando.	
A	vaca	está	semidescarnada.	Não	foi	fácil	cortar	o	rabo.	A	cabeça	e	as	patas	ninguém	conseguiu	
cortas.	As	tripas	ninguém	quis.	
Elias	encheu	as	duas	sacas.	Ou	outros	homens	usam	as	camisas	como	se	fossem	sacos.	
Quem	primeiro	se	re=ra	é	Elias	com	a	mulher.	Faz	um	bifão	para	mim,	diz	ele	sorrindo	para	
Lucília.	Vou	pedir	umas	batatas	a	dona	Dalva,	vou	fazer	também	umas	batatas	fritas	para	você,	
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Os	despojos	da	vaca	estão	estendidos	numa	poça	de	sangue.	João	chama	com	um	assobio	os	
seus	dois	auxiliares.	Um	deles	traz	um	carrinho	de	mão.	Os	restos	da	vaca	são	colocados	no	
carro.	Na	ponte	fica	apenas	a	poça	de	sangue.	
FONSECA,	Rubem.	Relato	de	ocorrência.	Disponível	em:	hop://manoelneves.com.	Acesso	em:	12	nov.	2015.
ANÁLISE TEXTUAL
textualização do discurso narrativo
elementos estruturais
narrador	protagonista:	conta	a	história	em	1ª.	pessoa	e	é	personagem	principal;	
personagens:	narrador	e	engraxate;	
tempo:	cronológico,	linear,	evolu=vo;	
espaço:	urbano,	Rio	de	Janeiro;	aeroporto;	
ação:	narrador	engraxa	os	sapatos	no	aeroporto	do	RJ,	num	dia	de	muito	calor.	
fases ou etapas
exposição:	 dia	 de	 calor	 no	 RJ;	 como	 seu	 voo	 está	 atrasado,	 o	 narrador	 decide	
engraxar	seus	sapatos;	
complicador:	 enquanto	 engraxa	 os	 sapatos,	 o	 engraxate	 sua	 e	 usa	 o	 pano	 que	
daria	lustre	aos	sapatos	para	enxugar	seu	suor;	
clímax:	 paula=namente	 os	 sapatos	 ficam	 prontos	 e	 a	 testa	 do	 engraxate	 fica	
manchada	de	graxa;	
desfecho:	 engraxados	 os	 sapatos,	 o	 narrador,	 enternecido	 e	 com	 peso	 na	
consciência,	dá	uma	gorjeta	maior	do	que	a	esperada	ao	engraxate;	reflexão	de	
caráter	sócio-existencial.
estratégias de organização
ordenação	temporal	linear.		
coesão verbal
predomínio	de	verbos	do	pretérito	perfeito	no	indica=vo,	o	que	é	condizente	com	
o	=po	textual	narra=vo;		
há,	 no	 primeiro	 parágrafo,	 uso	 do	 futuro	 do	 pretérito,	 indicando	 uma	 hipótese	
levantada	pelo	locutor;		
no	 segundo	 e	 no	 terceiro	 parágrafos,	 nota-se	 a	 presença	 do	 presente	 do	
indica=vo,	 o	 que	 sinaliza	 não	 só	 sinaliza	 o	 comentário	 faz	 dos	 eventos	
[caracterís=ca	 da	 crônica]	 mas	 também	 indica	 para	 o	 leitor	 o	 momento	 da	
enunciação.	
conexão textual
uso	de	sequências	textuais	descri=vas.
textualização do discurso citado ou relatado
predomínio	do	discurso	indireto:	o	narrador-protagonista	apresenta	suas	falas	e	as	
falas	de	seu	interlocutor	por	intermédio	da	estrutura	de	verbo	discendi,	conjunção	
e	discurso	relatado.	
coesão nominal
num	primeiro	momento,	a	personagem	com	a	qual	o	narrador	simpa=zará	e	que	
levará	o	protagonista	a	um	sen=mento	de	culpa	é	apresentada	de	forma	neutra	
como	engraxate;	
sua	 manutenção	 no	 texto	 é	 garan=da	 por	 intermédio	 do	 uso	 de	 verbos	 que	
indicam	 suas	 ações	 e	 dispensam	 o	 narrador	 de	 usar	 o	 termo	 engraxate,	
hipônimos,	hiperônimos	ou	pronomes	de	retomada;	
no	desfecho	do	texto,	os	elementos	de	retomada	revelam	a	empa=a	do	locutor	
com	o	engraxate	e	o	sen=mento	de	culpa	que	se	apossa	do	narrador;	isso	pode	ser	
notado	 pelo	 uso	 da	 expressão:	 o	 valente	 filho	 do	 povo,	 presente	 no	 sé=mo	
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Textualização do discurso de relato

  • 1. Textualização do discurso de relato Manoel Neves
  • 2. TEXTUALIZAÇÃO DO DISCURSO DE RELATO textualização do discurso de relato
  • 3. COMPONENTES ORGANIZACIONAIS textualização do discurso de relato locutor ou foco de enunciação fases ou etapas narrador protagonista; narrador testemunha; outros. sumário: 3tulo sub3tulo e lide, isto é, relato sumariado do acontecimento (quem, o quê, quando, onde, como, por quê); suíte (ou con=nuação do acontecimento no=ciado no lide): relato com detalhe sobre as pessoas envolvidas, repercussões, desdobramentos, comentários; pode ter inter3tulos.
  • 4. COMPONENTES ORGANIZACIONAIS textualização do discurso de relato estratégias de organização coesão verbal valor dos pretéritos, perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito, do futuro do presente e do futuro do pretérito. conexão textual marcas linguís=cas e gráficas da ar=culação do discurso narra=vo com outros discursos e sequências de texto; marcadores textuais de progressão/segmentação temá=ca: ar=culações hierárquicas, temporais e/ou lógicas entre as fases ou etapas do discurso; ordenação temporal linear; ordenação temporal com retrospecção (flash back); ordenação temporal com prospecção.
  • 5. COMPONENTES ORGANIZACIONAIS textualização do discurso de relato textualização do discurso citado ou relatado coesão nominal estratégias de introdução temá=ca; estratégias de manutenção e retomada temá=ca. discurso direto; discurso indireto; ilha textual; resumo com citações. organização linguística do discurso de relato recursos semân=cos e morfossintá=cos mais caracterís=cos e/ou frequentes.
  • 7. TEXTO Relato de ocorrência, de Rubem Fonseca Na madrugada do dia 3 de maio, uma vaca marrom caminha na ponte do rio Coroado, no quilômetro 53, em direção ao Rio de Janeiro. Um ônibus de passageiros da empresa Única Auto Ônibus, chapa RF 80-07-83 e JR 81-12-27, trafega na ponte do rio Coroado em direção a São Paulo. Quando vê a vaca, o motorista Plínio Sérgio tenta se desviar. Bate na vaca, bate no muro da ponte, o ônibus se precipita no rio. Em cima da ponte, a vaca está morta. Debaixo da ponte estão mortos: uma mulher ves=da de calça comprida e blusa amarela, de vinte anos presumíveis e que nunca será iden=ficada; Ovídia Monteiro, de trinta anos; Manuel dos Santos Pinhal, português, de trinta e cinco anos, que usava carteira de sócio do Sindicato de Empregados em Fábricas de Bebidas; o menino Reinaldo de um ano, filho de Manuel; Eduardo Varela, casado, quarenta e três anos. O desastre foi presenciado por Elias Gen=l dos Santos e sua mulher Lucília, residentes nas cercanias. Elias manda a mulher apanhar um facão em casa. Um facão? Pergunta Lucília. Um facão depressa sua besta, diz Elias. Ele está preocupado. Ah! Percebe Lucília. Lucília corre. Surge Marcílio da Conceição. Elias olha com ódio para ele. Aparece também Ivonildo de Moura Júnior. E aquela besta que não traz o facão!, pensa Elias. Ele está com raiva de todo mundo, suas mãos tremem. Elias cospe no chão várias vezes, com força, até que a sua boca seca.
  • 8. TEXTO Relato de ocorrência, de Rubem Fonseca Bom dia, seu Elias, diz Marcílio. Bom dia, diz Elias entre os dentes, olhando pros lados. Esse mulato!, pensa Elias. Que coisa, diz Ivonildo, depois de se debruçar na amurada da ponte e olhar os bombeiros e os policiais embaixo. Em cima da ponte, além do motorista de um carro da Polícia Rodoviária, estão apenas Elias, Marcílio e Ivonildo. A coisa não anda boa não, diz Elias olhando para a vaca. Ele não consegue =rar os olhos da vaca. É verdade, diz Marcílio. Os três olham para a vaca. Ao longe vê-se o vulto de Lucília, correndo. Elias recomeçou a cuspir. Se eu pudesse eu também era rico, diz Elias. Marcílio e Ivonildo balançam a cabeça, olham para a vaca e para Lucília, que se aproxima correndo. Lucília também não gosta de ver os dois homens. Bom dia dona Lucília, diz Marcílio. Lucília responde balançando a cabeça. Demorei muito?, pergunta, sem fôlego, ao marido. Elias segura o facão na mão, como se fosse um punhal; olha com ódio para Marcílio e Ivonildo. Cospe no chão. Corre para cima da vaca. No lombo é onde fica o filé, diz Lucília. Elias corta a vaca. Marcílio se aproxima. O senhor depois me empresta a sua faca, seu Elias?, pergunta Marcilio. Não, responde Elias.
  • 9. TEXTO Relato de ocorrência, de Rubem Fonseca Marcílio se afasta, andando apressadamente. Ivonildo corre em grande velocidade. Eles vão apanhar facas, diz Elias com raiva, aquele mulato, aquele corno. Suas mãos, sua camisa e sua calça estão cheias de sangue. Você devia ter trazido uma bolsa, uma saca, duas sacas, imbecil. Vai buscar duas sacas, ordena Elias. Lucília corre. Elias já cortou dois pedaços grandes de carne quando surgem, correndo, Marcílio e sua mulher Dalva, Ivonildo e sua sogra Aurélia e Erandir Medrado com seu irmão Valfrido Medrado. Todos carregam facas e facões. A=ram-se sobre a vaca. Lucília chega correndo. Ela mal pode falar. Está grávida de oito meses, sofre de verminose e sua casa fica no alto de um morro, a ponte no alto de outro morro. Lucília trouxe uma segunda faca com ela. Lucília corta a vaca. Alguém me empresta uma faca senão eu apreendo tudo, diz o motorista do carro da polícia. Os irmãos Medrado, que trouxeram vários facões, emprestam um ao motorista. Com uma serra, um facão e uma machadinha aparece João Leitão, o açougueiro, acompanhado de dois ajudantes. O senhor não pode, grita Elias. João Leitão se ajoelha perto da vaca. Não pode, diz Elias dando um empurrão em João. João cai sentado.
  • 10. TEXTO Relato de ocorrência, de Rubem Fonseca Não pode, gritam os irmãos Medrado. Não pode, gritam todos, com exceção do motorista da polícia. João se afasta; a dez metros de distância, para; com os seus ajudantes, fica observando. A vaca está semidescarnada. Não foi fácil cortar o rabo. A cabeça e as patas ninguém conseguiu cortas. As tripas ninguém quis. Elias encheu as duas sacas. Ou outros homens usam as camisas como se fossem sacos. Quem primeiro se re=ra é Elias com a mulher. Faz um bifão para mim, diz ele sorrindo para Lucília. Vou pedir umas batatas a dona Dalva, vou fazer também umas batatas fritas para você, responde Lucília. Os despojos da vaca estão estendidos numa poça de sangue. João chama com um assobio os seus dois auxiliares. Um deles traz um carrinho de mão. Os restos da vaca são colocados no carro. Na ponte fica apenas a poça de sangue. FONSECA, Rubem. Relato de ocorrência. Disponível em: hop://manoelneves.com. Acesso em: 12 nov. 2015.
  • 12. elementos estruturais narrador protagonista: conta a história em 1ª. pessoa e é personagem principal; personagens: narrador e engraxate; tempo: cronológico, linear, evolu=vo; espaço: urbano, Rio de Janeiro; aeroporto; ação: narrador engraxa os sapatos no aeroporto do RJ, num dia de muito calor. fases ou etapas exposição: dia de calor no RJ; como seu voo está atrasado, o narrador decide engraxar seus sapatos; complicador: enquanto engraxa os sapatos, o engraxate sua e usa o pano que daria lustre aos sapatos para enxugar seu suor; clímax: paula=namente os sapatos ficam prontos e a testa do engraxate fica manchada de graxa; desfecho: engraxados os sapatos, o narrador, enternecido e com peso na consciência, dá uma gorjeta maior do que a esperada ao engraxate; reflexão de caráter sócio-existencial.
  • 13. estratégias de organização ordenação temporal linear. coesão verbal predomínio de verbos do pretérito perfeito no indica=vo, o que é condizente com o =po textual narra=vo; há, no primeiro parágrafo, uso do futuro do pretérito, indicando uma hipótese levantada pelo locutor; no segundo e no terceiro parágrafos, nota-se a presença do presente do indica=vo, o que sinaliza não só sinaliza o comentário faz dos eventos [caracterís=ca da crônica] mas também indica para o leitor o momento da enunciação. conexão textual uso de sequências textuais descri=vas.
  • 14. textualização do discurso citado ou relatado predomínio do discurso indireto: o narrador-protagonista apresenta suas falas e as falas de seu interlocutor por intermédio da estrutura de verbo discendi, conjunção e discurso relatado. coesão nominal num primeiro momento, a personagem com a qual o narrador simpa=zará e que levará o protagonista a um sen=mento de culpa é apresentada de forma neutra como engraxate; sua manutenção no texto é garan=da por intermédio do uso de verbos que indicam suas ações e dispensam o narrador de usar o termo engraxate, hipônimos, hiperônimos ou pronomes de retomada; no desfecho do texto, os elementos de retomada revelam a empa=a do locutor com o engraxate e o sen=mento de culpa que se apossa do narrador; isso pode ser notado pelo uso da expressão: o valente filho do povo, presente no sé=mo parágrafo, reduzida, ao final do texto a filho do povo.