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Imaginário da liderança
metodista na capa do
Expositor Cristão:
análise das imagens publicadas em 1964
após o Golpe Civil-Militar
Expositor Cristão
• Jornal Oficial da Igreja Metodista no Brasil;
• 129 anos de história;
• Mais antigo ainda em circulação no Brasil;
• Em 1964 era quinzenal e apresentava
pelo menos uma foto na 1ª página;
Cobertura da imprensa
Análise das imagens
• O trabalho analisa as fotografias utilizando como metodologia os
conceitos da iconografia e iconologia de Panofsky.
• Panofsky enumera três níveis de desenvolvimento da imagem:
1. Primário/natural relacionado a identificação das formas puras
(descrição pré-iconográfica);
2. Secundário que liga combinações de motivos com assuntos e
conceitos (iconografia);
3. O terceiro nível que relaciona o significado intrínseco ou conteúdo –
valores simbólicos (iconologia).
Construção do imaginário
• A noção de imaginário surge em relação a tudo que se apreende
visualmente do mundo e é elaborado coletivamente.
• [...] O estado de espírito de um grupo, de um país, de um Estado, nação, de
uma comunidade, etc. O imaginário estabelece vínculo. É cimento social. Logo,
se o imaginário liga, une numa mesma atmosfera, não pode ser individual
(MAFFESOLI, 2001, p.76).
• O imaginário é, portanto, um componente da existência humana como
experiência marcadamente social, que dá sentido à vida coletiva e é
ressignificado por ela, tornando-se um elemento em permanente
construção (CUNHA, 2011, p. 38).
Templo da Igreja Metodista Central de São José
do Rio Preto (Expositor Cristão, 1º de abril de
1964).
Interior do templo da Igreja Metodista
Wesley em Porto Alegre/RS (Expositor
Cristão, 15 de abril de 1964).
Bispo Emérito César Dacorso Filho -
primeiro metodista brasileiro eleito
ao episcopado. (Expositor Cristão,
15 de maio de 1964).
Templo metodista de Loderno - Porto, em
Portugal. (Expositor Cristão, 15 de maio de
1964).
Templo da Igreja Metodista Central de
Curitiba/PR. (Expositor Cristão, 1º de
junho de 1964).
Interior do templo da Igreja Metodista Rudge Ramos
(Expositor Cristão, 15 de junho de 1964).
Rev. José Sucasas Júnior - novo redator
do Expositor Cristão (Expositor Cristão,
1º de agosto de 1964).
Expositor Cristão, 1º de setembro de
1964. Casa pastoral de Botucatu e a
conversão de um cantor.
Crianças de um orfanato da 5ª Região Eclesiástica.
(Expositor Cristão, 15 de setembro de 1964).
• 18 edições (de abril a dezembro de 1964)
• 33 fotografias
• 16 – templos, prédios da Igreja Metodista
• 13 – pastores e bispos
• 3 – trabalhos sociais
• 1 - evento
Imaginário metodista
• Em meio aos conturbados fatos políticos ocorridos no país em 1964, os
maiores destaques fotográficos do jornal na primeira página são
templos metodistas em várias regiões do país, pastores e bispos em
ação (eclesiocentrismo e clericalismo).
• As prisões, torturas, mortes e repressões ocorridas no período da
ditadura civil-militar brasileira não aparecem nas primeiras
páginas do jornal Expositor Cristão da Igreja Metodista. Há um
silenciamento em relação ao tema que marcou a história do Brasil
por 21 anos.
Análise das fotografias
• As imagens que ganharam a capa do jornal Expositor Cristão em
1964 após o golpe civil-militar apontam para a força da teologia
pietista na Igreja Metodista da época.
• Ênfase teológica: salvação da alma x salvação do homem total.
• Os principais líderes da denominação reforçavam a prioridade da
salvação da alma, como meio de tirar a sociedade da condenação
do pecado.
• Mudanças sociais, de acordo com essa visão, são consequência da
transformação das pessoas salvas.
Resistência da juventude
Ao lado da foto o jornal
publicou o texto: “para mim o
viver é Cristo – não só como
comunhão íntima e vital com
Deus, mas como preocupação
pela redenção do homem
total.”
Jovens no encerramento do VI Congresso
Geral da Mocidade Metodista. (Expositor
Cristão, 15 de agosto de 1964).
Considerações finais
• Há um silenciamento do Expositor Cristão sobre o início da ditadura civil-militar
no Brasil;
• O silêncio, porém, não esconde o discurso. Aspectos do não-dito podem
ser analisados pois expressam significados e remetem a outros sentidos.
• O jornal expressa o imaginário da liderança metodista pautada na teologia da
salvação da alma;
• O contraste com a realidade se faz cada vez mais evidente a medida em
que fatos da época são revelados. O relatório da Comissão Nacional da
Verdade sobre os crimes praticados durante a ditadura, por exemplo, traz
luz aos documentos que, de alguma forma, se silenciaram.
Bibliografia
ALMEIDA, Vasni de. Metodistas e Ditadura Militar no Brasil: Silêncios, Contestação, Ensino. In Mnemosine – Revista do Programa de Pós-Graduação em
História da UFCG. Campina Grande: PPGH, 2014. Disponível em:
http://www.ufcg.edu.br/~historia/mnemosinerevista/Revistas/Vol%205%20Num%20Especial%20-%202014.pdf Acesso em: 26 jun.2015.
COMIÇÃO NACIONAL DA VERDADE. Relatório. Brasília: CNV, 2014. Vol. III.
CUNHA, Magali do Nascimento. Da imagem, à imaginação e ao imaginário: elementos-chave para os estudos de comunicação e cultura. In: BARROS,
Laan Mendes de. Discursos Midiáticos: representações e apropriações culturais. São Bernardo do Campo: Editora Metodista, 2011.
JORNAL EXPOSITOR CRISTÃO. São Bernardo do Campo: Biblioteca da Faculdade de Teologia.
ORLANDI, E.P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 2. ed. Campinas-SP: Pontes. 1987.
_____. Análise de Discurso: Princípios & Procedimentos. 10 Ed. Campinas-SP: Pontes Editores, 2012.
_____. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 4. Ed. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 1997.
PÊCHEUX, Michel. Análise automática do discurso. In: GADET, Françoise; HAK, Tony (Orgs). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra
de Michel Pecheux. 3ª Ed. Campinas-SP: Editora Unicamp, 1997.
REILY, Duncan Alexander. História documental do protestantismo no Brasil. São Paulo: Aste, 1993.
SANTOS, Almir dos. Para mim viver é Cristo. In: Cruz de Malta. Setembro-Outubro 1964, p.19.
KOSSOY, B. 2001. Fotografia & História. 2. ed. rev. São Paulo: Ateliê Editorial.
MACHADO, Arlindo. A ilusão especular. São Paulo: Brasiliense, 1984.
BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
VICENTE, Tania Aparecida de Souza. Metodologia da análise de imagens. Contracampo, n. 4, 2000. Disponível em:
http://www.uff.br/contracampo/index.php/revista/article/view/422/209

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O imaginário metodista na capa do Expositor Cristão (1964

  • 1. Imaginário da liderança metodista na capa do Expositor Cristão: análise das imagens publicadas em 1964 após o Golpe Civil-Militar
  • 2. Expositor Cristão • Jornal Oficial da Igreja Metodista no Brasil; • 129 anos de história; • Mais antigo ainda em circulação no Brasil; • Em 1964 era quinzenal e apresentava pelo menos uma foto na 1ª página;
  • 4. Análise das imagens • O trabalho analisa as fotografias utilizando como metodologia os conceitos da iconografia e iconologia de Panofsky. • Panofsky enumera três níveis de desenvolvimento da imagem: 1. Primário/natural relacionado a identificação das formas puras (descrição pré-iconográfica); 2. Secundário que liga combinações de motivos com assuntos e conceitos (iconografia); 3. O terceiro nível que relaciona o significado intrínseco ou conteúdo – valores simbólicos (iconologia).
  • 5. Construção do imaginário • A noção de imaginário surge em relação a tudo que se apreende visualmente do mundo e é elaborado coletivamente. • [...] O estado de espírito de um grupo, de um país, de um Estado, nação, de uma comunidade, etc. O imaginário estabelece vínculo. É cimento social. Logo, se o imaginário liga, une numa mesma atmosfera, não pode ser individual (MAFFESOLI, 2001, p.76). • O imaginário é, portanto, um componente da existência humana como experiência marcadamente social, que dá sentido à vida coletiva e é ressignificado por ela, tornando-se um elemento em permanente construção (CUNHA, 2011, p. 38).
  • 6. Templo da Igreja Metodista Central de São José do Rio Preto (Expositor Cristão, 1º de abril de 1964). Interior do templo da Igreja Metodista Wesley em Porto Alegre/RS (Expositor Cristão, 15 de abril de 1964).
  • 7. Bispo Emérito César Dacorso Filho - primeiro metodista brasileiro eleito ao episcopado. (Expositor Cristão, 15 de maio de 1964). Templo metodista de Loderno - Porto, em Portugal. (Expositor Cristão, 15 de maio de 1964).
  • 8. Templo da Igreja Metodista Central de Curitiba/PR. (Expositor Cristão, 1º de junho de 1964). Interior do templo da Igreja Metodista Rudge Ramos (Expositor Cristão, 15 de junho de 1964).
  • 9. Rev. José Sucasas Júnior - novo redator do Expositor Cristão (Expositor Cristão, 1º de agosto de 1964). Expositor Cristão, 1º de setembro de 1964. Casa pastoral de Botucatu e a conversão de um cantor.
  • 10. Crianças de um orfanato da 5ª Região Eclesiástica. (Expositor Cristão, 15 de setembro de 1964).
  • 11. • 18 edições (de abril a dezembro de 1964) • 33 fotografias • 16 – templos, prédios da Igreja Metodista • 13 – pastores e bispos • 3 – trabalhos sociais • 1 - evento
  • 12. Imaginário metodista • Em meio aos conturbados fatos políticos ocorridos no país em 1964, os maiores destaques fotográficos do jornal na primeira página são templos metodistas em várias regiões do país, pastores e bispos em ação (eclesiocentrismo e clericalismo). • As prisões, torturas, mortes e repressões ocorridas no período da ditadura civil-militar brasileira não aparecem nas primeiras páginas do jornal Expositor Cristão da Igreja Metodista. Há um silenciamento em relação ao tema que marcou a história do Brasil por 21 anos.
  • 13. Análise das fotografias • As imagens que ganharam a capa do jornal Expositor Cristão em 1964 após o golpe civil-militar apontam para a força da teologia pietista na Igreja Metodista da época. • Ênfase teológica: salvação da alma x salvação do homem total. • Os principais líderes da denominação reforçavam a prioridade da salvação da alma, como meio de tirar a sociedade da condenação do pecado. • Mudanças sociais, de acordo com essa visão, são consequência da transformação das pessoas salvas.
  • 14. Resistência da juventude Ao lado da foto o jornal publicou o texto: “para mim o viver é Cristo – não só como comunhão íntima e vital com Deus, mas como preocupação pela redenção do homem total.” Jovens no encerramento do VI Congresso Geral da Mocidade Metodista. (Expositor Cristão, 15 de agosto de 1964).
  • 15. Considerações finais • Há um silenciamento do Expositor Cristão sobre o início da ditadura civil-militar no Brasil; • O silêncio, porém, não esconde o discurso. Aspectos do não-dito podem ser analisados pois expressam significados e remetem a outros sentidos. • O jornal expressa o imaginário da liderança metodista pautada na teologia da salvação da alma; • O contraste com a realidade se faz cada vez mais evidente a medida em que fatos da época são revelados. O relatório da Comissão Nacional da Verdade sobre os crimes praticados durante a ditadura, por exemplo, traz luz aos documentos que, de alguma forma, se silenciaram.
  • 16. Bibliografia ALMEIDA, Vasni de. Metodistas e Ditadura Militar no Brasil: Silêncios, Contestação, Ensino. In Mnemosine – Revista do Programa de Pós-Graduação em História da UFCG. Campina Grande: PPGH, 2014. Disponível em: http://www.ufcg.edu.br/~historia/mnemosinerevista/Revistas/Vol%205%20Num%20Especial%20-%202014.pdf Acesso em: 26 jun.2015. COMIÇÃO NACIONAL DA VERDADE. Relatório. Brasília: CNV, 2014. Vol. III. CUNHA, Magali do Nascimento. Da imagem, à imaginação e ao imaginário: elementos-chave para os estudos de comunicação e cultura. In: BARROS, Laan Mendes de. Discursos Midiáticos: representações e apropriações culturais. São Bernardo do Campo: Editora Metodista, 2011. JORNAL EXPOSITOR CRISTÃO. São Bernardo do Campo: Biblioteca da Faculdade de Teologia. ORLANDI, E.P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 2. ed. Campinas-SP: Pontes. 1987. _____. Análise de Discurso: Princípios & Procedimentos. 10 Ed. Campinas-SP: Pontes Editores, 2012. _____. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 4. Ed. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 1997. PÊCHEUX, Michel. Análise automática do discurso. In: GADET, Françoise; HAK, Tony (Orgs). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pecheux. 3ª Ed. Campinas-SP: Editora Unicamp, 1997. REILY, Duncan Alexander. História documental do protestantismo no Brasil. São Paulo: Aste, 1993. SANTOS, Almir dos. Para mim viver é Cristo. In: Cruz de Malta. Setembro-Outubro 1964, p.19. KOSSOY, B. 2001. Fotografia & História. 2. ed. rev. São Paulo: Ateliê Editorial. MACHADO, Arlindo. A ilusão especular. São Paulo: Brasiliense, 1984. BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. VICENTE, Tania Aparecida de Souza. Metodologia da análise de imagens. Contracampo, n. 4, 2000. Disponível em: http://www.uff.br/contracampo/index.php/revista/article/view/422/209