O documento discute a missiologia, definindo-a como o estudo sistemático da atividade evangelizadora da Igreja e dos meios para realizá-la. Apresenta as origens da missiologia no contexto da Santíssima Trindade, com a missão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Discute também a missão de Cristo e a origem da missiologia católica.
1. MISSIOLOGIA
Introdução
A palavra é composta de outras duas palavras
heterogêneas: MISSIO (latim) e
LOGOS (grego).
A missiologia, portanto pode ser definida como:
“O estudo sistemático da atividade evangelizadora da
Igreja e dos meios para realizá-la. É um estudo
científico da realidade missionária da Igreja em que a
disciplina científica e o carisma missionário se
enriquecem reciprocamente. A missiologia deveria ser o
fundamento dinâmico de todos os estudos teológicos e
o coração da eclesiologia”.
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2. Em outras palavras a missiologia estuda a:
REALIDADE missionária e
REFLETE sobre a tarefa
missionária do cristão e da Igreja
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3. A missiologia estuda a teologia da missão em maneira sistemática
e orgânica. Isso é:
* expõe os fundamentos bíblicos da missão;
* aprofunda a dimensão trinitária, cristológica, eclesiológica e
pneumatológica da missão;
* dá elementos de espiritualidade e vocação missionária e
* percorre os caminhos históricos da missão, indicando como ela é
realizada aqui e além-fronteiras e toda a sua organização.
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4. A ORIGEM DA MISSIOLOGIA
A missiologia é uma ciência jovem. O primeiro a iniciar
um verdadeiro estudo sistemático da teologia da
missão foi o protestante GUSTAV WARNECK (18341910), o pai da missiologia com sua obra prima
Evangelische Missionslehre, dividida em cinco volumes.
Ele faz teologia da missão a partir da Bíblia conjugandoa com a praxe e a história da missão. Ele foi o titular da
cátedra de missiologia em absoluto.
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5. Pe. JOSEPH SCHMIDLIN (1876-1944), o pai da missiologia
católica
Pe. Schmidlin, com Robert Streit, omi (cofundador), é o
iniciador da missiologia em âmbito católico. Ele fundou a
União acadêmica missionária na Alemanha, em Muster, e
em 1912 a União missionária do clero. Sentia que lhe
faltava uma “experiência missionária no campo” e,
assim, em 1913 foi para o extremo Oriente, China e Hong
Kong.
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6. Voltando da missão, abre a nova cátedra de missiologia
católica em Muster, e contemporaneamente, dá novos
cursos de missiologia para o clero, para os missionários e
para os leigos. Além disso, conduz congressos
internacionais e nacionais de missiologia.
Com a faculdade de missiologia ele funda uma renomada
revista chamada Zeitschrif fur Missioswissenschaft, para
as pesquisa no âmbito da missiologia.
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7. Foi por mérito dele que a missão saiu de um certo
âmbito romântico e entrou decididamente no coração
da
pesquisa
teológica.
Pe.Schmidlin foi também um convicto opositor do
sistema nacional-socialista e por isso foi preso e levado
ao campo de concentração nazista de Struthof, onde
morreu o dia 10 de janeiro de 1944. No jazigo da família
está escrito: “Prof.Dr.Joseph Schmidlin morreu mártir
em Struthof e deveria estar sepultado aqui”.
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8. O começo do nascimento da missiologia católica
1909:
Congresso católico de Breslavia, o Katholikentag Superiores
de institutos missionários e interessados aos problemas da
missão se encontram e trocam experiências. Dentro do
congresso criou-se uma Comissão para as missões.
Nesse preciso contexto histórico é que nasce a missiologia
católica. O Pe. Robert Streit apresenta um projeto ousado de
uma “Bibliotheca Missionum”, isso é, uma bibliografia
universal de obras que diz respeito às missões.
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9. A “Bibliotheca Missionum”.
É uma obra monumental que iniciou em 1916 e terminou só
em 1974 e que tem XXX volumes. Compreende toda a
literatura missionária a partir do fim da Idade Média até os
nossos dias em forma bibliográfica e em ordem cronológica.
Só a titulo de curiosidade, esta Obra apresenta a África a
partir do ano mil, a Ásia do século XII e a América a partir do
descobrimento. A Obra foi acolhida com entusiasmo nos
círculos científicos missionários, não só no âmbito católico
mas até protestantes. Hoje é uma obra cientifica de consulta
que diz respeito à teologia da missão.
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10. A missiologia supera os confins da Alemanha.
O interesse para a missiologia ultrapassa o âmbito
alemão e entra nas universidades de Roma por obra de
um padre missionário do PIME (Pontifício Instituto das
Missões ao Exterior): João Batista Tragella. Com ele nasce
a primeira cátedra de missiologia que se tornou depois o
Instituto científico de missiologia, atualmente é
Universidade Urbaniana.
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11. A missiologia no Brasil
ITESP
Associação São Paulo de Estudos Superiores – Instituto
São Paulo de Estudos Superiores
Instituto Teológico São Paulo
MESTRADO EM TEOLOGIA
com especialização em Missiologia
O curso foi iniciado nos anos 87 e 88.
Menção explícita no doc. N 40 da CNBB, Igreja:
Comunhão e Missão.
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12. DOC. 40 CNBB (1988)
n. 124 “Nos seminários maiores, o estudo da
Missiologia seja incluído entre as disciplinas do
currículo teológico.”
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17. SER MISSIONÁRIA não é para a Igreja um privilégio,
nem uma simples nota característica:
É a sua própria razão de ser!
Ela Existe para a missão.
Foi fundada para isso.
A Igreja deixará de existir sobre a terra quando essa
missão estiver cumprida. Também não é mais Igreja
aquela comunidade que perde seu elã missionário.
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18. O QUE É MISSÃO?
Do latim “Mittere” = “Enviar”
“Missus” = “Enviado”
Missão:
Incumbência - tarefa - obrigação - encargo comissão especial - vocação.
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19. DIVERSOS TIPOS DE “MISSÃO”
Diplomática - de guerra - de paz - científica religiosa.
MISSÃO NO SENTIDO RELIGIOSO
Protagonistas: Deus e o homem
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21. 1.1. - A MISSÃO DO PAI : DEUS É AMOR
Deus caritas est (1 Jo 4.8.16)
Afirmar que Deus é amor é dizer que Ele não é “solidão
cerrada” e é afirmar que Ele é “relação”.
Transbordar, comunicar e relacionar são características do
amor.
O amor de Deus que transborda, na teologia da Santíssima
Trindade, é chamado de “amor fontal”.
“Deus amou de tal maneira o mundo, que lhe deu
(transbordou) seu Filho único, para que todo o que n‘Ele crer
não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou
seu Filho para condenar o mundo, mas para que o mundo seja
salvo por Ele.” (Jo 3,16-17)
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22. A origem, portanto, de toda ação salvífica, está no Pai.
Os destinatários: os homens, o mundo, nós.
O missionário é o enviado, o mediador, que sai à procura
do destinatário.
A missão = mediação salvífica (embora Deus possa falar
diretamente aos corações).
O Pai é o primeiro interessado na salvação do mundo.
“O vosso Pai que está nos céus não quer que se perca
uma só destes pequeninos” (Mt 18,14)
Por isso convida a pedir ao Pai para que como “Senhor da
messe, envie operários” (Cf. Mt 9,37-38)
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23. Todos nós que continuamos a missão de Jesus
na Igreja, temos que reconhecer no Pai a
origem
de
nossa
missão.
Nós somos missionários do Pai!
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25. 1. 2. A MISSÃO DO FILHO
Dimensão cristológica
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26. “Filipe disse a Jesus: Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta.
Jesus respondeu: Filipe, há tanto tempo estou convosco e não
me conhece? Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14, 8-9)
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai
senão por mim.” (Jo 14, 6)
Finalidade do envio do Filho, na nossa carne (missão –
encarnação): Restabelecer a paz ou a comunhão com Ele, e
formar uma comunidade fraterna entre os homens:
A UNIDADE “Pai, que TODOS sejam UM.” (Cf. Jo 17, 21.22)
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27. Cristo apresenta-se sempre como
“enviado do Pai”
Se diz missionário: “Saí de junto do Pai e vim ao mundo...”
(Jo 16, 28)
Jesus é o passo definitivo de Deus na história da salvação:
“O Reino de Deus está no meio de nós” (Cf. Lc 16,16)
“Com seu sangue reconciliou-nos a todos e, na sua pessoa,
deu-nos todas as bênçãos.” ( Cf. Ef 1,3-4)
De fato, “O Pai ama o Filho e colocou tudo em suas mãos.”
(Jo 3, 35)
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28. “A função da Igreja é apenas realizar a missão de Jesus.”
(AG 5)
Jesus, no momento de nos dar o mandato missionário,
proclamou solenemente que o Pai lhe tinha dado “todo
o poder” ( Cf. Mt 28,18)
E na Igreja que envia, deixou este mesmo poder para
enviar e participar de seu poder. Portanto, hoje, todo
verdadeiro missionário só pode ser enviado pela Igreja pelo Cristo - pelo Pai.
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29. Jesus deu regras para fazer a missão
1. Ser mediador – “Enviado como mediador entre Deus e os
homens”.
2. Encarnar-se – “Andou pelos caminhos da verdadeira
encarnação, para tornar os homens participantes da
natureza divina; sendo rico, fez-se pobre...” ( Cf. 2Cor 8,9)
3. Ser fiel – Jesus nada mudou, nem do plano, nem da
doutrina recebida do Pai, apesar de provocar escândalos e
divisões.
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30. 4. Evangelizar - Foi uma forma concreta com a qual
Cristo realizou sua missão. “É necessário que anuncie o
Reino de Deus em outras Cidades, porque para isso fui
enviado...”(Cf. Mc 1,38) Trata-se de uma evangelização
feita de Gestos e Palavras, dirigida sobretudo aos
pobres - anuncia a libertação de tudo que oprime o
homem: pecado pessoal e social.
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31. 5. A Boa-Nova é Ele Mesmo! - Acreditar n’Ele,
enviado do Pai. “Não faço nada por minha
conta, mas digo as coisas como me ensinou o
Pai. E o que me enviou está comigo.” (Jo 8,38)
“A minha doutrina não é minha mas daquele
que me enviou.” (Jo 7,16)
31
32. • O missionário também é enviado a pregar não a si mesmo, ou
suas ideias pessoais, mas a pregar um Evangelho de que, nem
ele (o missionário), nem ela (a Igreja) são donos absolutos para
dele dispor a seu gosto, mas ministro para transmiti-lo com
fidelidade. Os dois termos “transmissão e fidelidade” são
importantes. (EN 4-15)
• “O que foi pregado uma vez pelo Senhor, ou o que nele se
realizou pela salvação do gênero humano, deve ser proclamado
e difundido até os últimos confins da terra”
(AG 3)
32
33. 6. Seu estilo?-“Vida de pobreza, de serviço total, de
perseguição, de aparente fracasso até a morte” (AG 5)
“A Igreja é destinada a percorrer o mesmo caminho, a fim de
comunicar os frutos da salvação dos homens” (LG 8) A
redenção universal é obra da cruz: “quando eu for elevado da
terra, atrairei todos a mim” (Cf. Jo 12,23) e “o discípulo não é
maior que seu mestre” (Mt 10,24)
No sofrimento é onde se cumpre a missão de Cristo e do
missionário.
33
34. 7. Cristo é também o centro e o objetivo de
nossa atividade missionária.
“Ele é a verdade”. (Cf. Jo 14,6) Ele é o
“Evangelho de Deus” (Cf. Mc 1,1)
Portanto, não devemos somente anunciar
as suas palavras, mas sobretudo a sua
pessoa. De sua aceitação ou não, depende
a nossa salvação.
34
35. “O mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o constituiu
Senhor e Messias”. (I°discurso de Pedro, At 2,23).
Por consequência “Convertei-vos e batizai-vos todos em nome
de
Jesus”.
(Cf.
At
2,36s)
é
o
KERIGMA.
São Paulo inaugurou sua pregação missionária dizendo: “Assim
pois, fique bem claro, irmãos, que, por meio d’Este, se vos
anuncia o perdão dos pecados; e de tudo aquilo que não pudestes
ser libertados pela lei de Moisés, por este é libertado todo aquele
que tem fé.” (At 13,38-39)
35
36. João Paulo II, na encíclica missionária
Redemptoris Missio (RM) diz:
“ A auto-revelação definitiva de Deus é o
motivo fundamental pelo qual a Igreja é por
sua natureza, missionária. Não pode deixar
de proclamar o Evangelho, ou seja, a
plenitude da verdade que Deus nos deu a
conhecer de si mesmo “ (RM 5).
36
37. A missão de Cristo é universal. –
“A evangelização deve também conter
sempre, como base, centro e cume de seu
dinamismo, uma clara proclamação de que
Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, morto
e ressuscitado, se oferece para a salvação de
todos os homens”. (EN 27)
8.
37
39. 1. 3. A MISSÃO DO ESPÍRITO
SANTO
Dimensão pneumatológica
39
40. Jesus não deixou aos apóstolos um manual de missão, nem uma
organização bem estruturada. Ele deixou o Espírito Santo que é o
“protagonista da Missão” (RM 21)
“O Pai envia-lo-à a vós em meu nome” (Jo 14, 26)
É um dom de Cristo ressuscitado: “Recebei o Espírito Santo...” (Cf. Jo 21)
Ao dar-lhes o mandato missionário “Ide e pregai ao mundo inteiro” (Mc
16, 15), deu-lhes também outro mandato: “Primeiro esperai ser
revestidos da força do alto” – “Recebereis a força do Espírito Santo e
sereis minhas testemunhas até os confins do mundo.” (At 1, 8)
40
41. Somente depois da vinda do Espírito Santo, no
Pentecostes, os Apóstolos saem para todas as
partes
do
mundo.
(EN
75)
A encíclica missionária Redemptoris Missio, no
cap. 3, diz que “o Espírito Santo é o
PROTAGONISTA
da
missão.
41
42. Sem o Espírito Santo a colaboração do homem na
obra missionária não vale nada. “As técnicas de
evangelização são boas; porém, nem as mais
aperfeiçoadas poderiam substituir a ação discreta
do Espírito Santo. Sem Ele, a dialética mais
convincente nada consegue sobre o espírito dos
homens. Sem Ele, os esquemas mais bem
estruturados sobre bases sociológicas ou
psicológicas, revelam-se depressa desprovidos de
todo o valor” (EN 75)
42
43. O ESPÍRITO IMPÕE UM DINAMISMO
No Antigo Testamento, o Espírito revela-se, com frequência,
como “Ruah” , sopro-força que “reveste, enche, impulsiona” os
enviados a fim de poderem cumprir a missão recebida .
No Novo Testamento, a partir de Pentecostes, o espírito
aparece como a força do missionário. Faz sentir seus
imperativos missionários. Ex. a Pedro receoso, ordena:
“Levanta-te, desce e vem com eles três pagãos sem duvidar,
porque fui eu quem os enviou” (At 10,20)
43
44. No relato da conversão do primeiro pagão (At 10), o Espírito
parece estar já em contato com aquele homem que segue a
consciência, dá esmolas e..., a um certo ponto, o quer salvar
levando-o a procurar o missionário (Pedro)... e a “escutar suas
palavras, pelas quais será salvo ele e toda sua família”.
“Se a Igreja ou os missionários não acudirem as missões, o
Espírito, por caminhos conhecidos só de Deus, oferecerá a
possibilidade aos não-cristãos de se unirem ao mistério pascal”
(GS 22a)
44
45. A Igreja de Antioquia: O espírito ordena:
“Separai-me Barnabé e Saulo, para a obra
que
os
chamei”.
O Espírito Santo é uma pessoa concreta em
continuo diálogo com o Apóstolo: “Levarnos-á a verdade completa, recordar-vos-á o
que vos ensinei”. (Cf. Jo 15,12s)
45
46. O “Ad Gentes” lembra: “Jesus, por meio do
Espírito Santo, distribui os carismas para
utilidade comum e inspira a vocação
missionária” . O Espírito Santo predispõe
também a se tomar a alma aberta e
acolhedora da Boa-Nova e do Reino
anunciado e leva a aceitar e compreender a
Palavra da salvação (EN 75).
46
47. Nesse caso, existirá de nossa parte, uma grave
responsabilidade: será que poderemos nos salvar se,
por negligência, por medo, por vergonha ou por ideias
falsas, nos omitirmos de anunciá-lo? Porque isto
significa sermos infiéis ao chamado de Deus, que, por
meio dos ministros do Evangelho, quer fazer germinar a
semente. (EN 80)
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49. CONCLUINDO
O Espírito Santo é a pessoa da Santíssima Trindade que
dinamiza a Igreja, dá força a sua ação missionária no
mundo.
O missionário nada pode fazer sem o Espírito Santo. O
sucesso está na unidade-colaboração com o Espírito
Santo.
49
51. 2.
A missão eclesial
2.1 . Dimensão eclesiologica
da missão
A Igreja foi instituída como “ sacramento universal de
salvação” (LG 49), portanto existe uma profunda relação
entre a natureza da Igreja (ícone da Trindade) e sua
missão (comunhão-unidade-ser para). Podemos afirmar
que a natureza da Igreja é a sua missão.
“Deus quis santificar e salvar toda a humanidade não
individualmente, mas como um povo” (LG 9)
51
52. A missão não é só obra da Igreja universal, mas
cada Igreja local é responsável. Não só as Igrejas já
formadas, mas todas as Igrejas, também as jovens
Igrejas. Veja a mensagem de Bento XVI para o dia
mundial das missões 2007:
“ Todas as Igrejas para Todo o Mundo: este é o
tema escolhido para o próximo Dia Mundial das
Missões. Ele convida as Igrejas locais de todos os
Continentes a uma compartilhada consciência
acerca da urgente necessidade de relançar a ação
missionária ...”
52
53. “ Em primeiro lugar, Ele continua a chamar as Igrejas
assim ditas de antiga tradição, que no passado
forneceram às Missões, além de meios materiais,
também um número consistente de sacerdotes,
religiosos, religiosas e leigos, dando vida a uma eficaz
cooperação entre comunidades cristãs. Desta
cooperação nasceram abundantes frutos apostólicos,
seja para as Igrejas jovens em terra de Missão, seja para
as realidades eclesiais das quais provinham os
missionários.
“
Todas
as
Igrejas
para
Todo
o
Mundo
53
54. “Para dedicar-se generosamente à Missão “ad gentes”,
o Bom Pastor convida também as Igrejas de recente
evangelização. Apesar das muitas necessidades locais,
são, todavia, enviados a desempenhar seu ministério
pastoral e seu serviço apostólico em outros lugares,
também nas terras de antiga evangelização. Desse
modo, assiste-se a um providencial “intercâmbio de
dons”, que reverte em benefício de todo o Corpo Místico
de
Cristo.”
Todas as Igrejas para Todo o Mundo
54
55. “A Igreja é missionária por natureza”, escreveu João Paulo II na
Encíclica Redemptoris Missio, “porque o mandado de Cristo não
é algo de contingente e exterior, mas atinge o próprio coração
da Igreja. Segue-se daí que toda a Igreja e cada uma das Igrejas
é enviada aos não-cristãos. Mesmo as Igrejas mais jovens,
precisamente “para este zelo missionário florescer nos
membros da sua pátria”, devem “participar o quanto antes e de
fato na Missão universal da Igreja, enviando também elas, por
todo o mundo, missionários a pregar o Evangelho, mesmo que
sofram
escassez
de
clero”
(n°
62).
Todas as Igrejas para Todo o Mundo
55
56. “A cinquenta anos do histórico apelo do meu predecessor Pio
XII, com a Encíclica Fidei Donum para uma cooperação entre
as Igrejas a serviço da Missão(...). Deu vida assim a um novo
“sujeito missionário”, que, justamente das primeiras palavras
da Encíclica, extraiu o nome de “fidei donum”. “Inúmeros
sacerdotes, após deixar as comunidades de origem,
depositaram suas energias apostólicas ao serviço de
comunidades que, às vezes, acabavam de nascer, em zonas
de pobreza e em desenvolvimento. Entre eles há não poucos
mártires que, ao testemunho da palavra e à dedicação
apostólica,
uniram
o
sacrifício
da
vida.”
Todas as Igrejas para Todo o Mundo
56
57. Há nestes conceitos uma superação da distinção entre
“Igreja que doa” e “Igreja que recebe” , entre uma
“Igreja que envia” e “Igreja que acolhe”.
Cada Igreja local é a representação da única Igreja.
Missão como comunhão, partilha, reciprocidade intercâmbio.
“Desse modo, assiste-se a um providencial ‘intercâmbio
de dons’, que reverte em benefício de todo o Corpo
Místico de Cristo.”
Todas as Igrejas para Todo o Mundo
57
58. A missão é sinal de uma Igreja jovem.
A missão não concede à Igreja pausas, repousos,
estagnação, mas a coloca sempre além das suas
fronteiras.
O além é o coração da missão, a fronteira sempre nova
na sua caminhada. A missão empurra a Igreja para as
mudanças necessárias para que o homem e a mulher
de cada tempo, raça e cultura, se deixe tocar pelo
anúncio libertador do Evangelho de Deus, Jesus Cristo.
DUC IN ALTUM
58
59. Concluindo: Teologia da missão e teologia da Igreja, isto é
missiologia
e
eclesiologia
são
inseparáveis.
A missão não exprime uma modalidade da Igreja, mas revela a
própria identidade da Igreja. Por isso a teologia da missão
enriquece a eclesiologia e a cristologia porque coloca a Igreja no
seu dever natural o de abrir-se ao mundo entendido como o lugar
teológico em que Ela encontra o ser humano histórico, concreto,
situado e inculturado, e lhe anuncia a salvação de Jesus Cristo,
além de todas as fronteiras geográfica, antropológica, cultural e
religiosa pois o mandamento de Jesus a coloca em direção de
todos os horizontes da humanidade: “ Ide, portanto e fazei meus
discípulos todas as nações...” (Mt 28,19)
59
60. n.376 “ Para não cairmos
na armadilha de nos fechar
em nós mesmos, devemos
formar-nos como
discípulos missionários
sem fronteiras, dispostos a
ir a outra margem, àquela
aonde Cristo não é ainda
reconhecido como Deus e
Senhor e a Igreja não está
presente”.
60
61. A Diocese, a paróquia ou o cristão que prefere gastar
todas as suas energias em casa, antes de dedicá-las às
missões, é semelhante à pessoa que, temendo o
empobrecimento do coração pelo impulsionar o sangue
até às extremidades do organismo, levanta barreiras
para estancar o sangue no coração. Imediatamente se
aperceberá que as mãos e os pés se paralisarão e o
próprio coração se acaba” (F. Sheen).
61
63. O Antigo Testamento não conhece o conceito de
“Missão” no sentido técnico da palavra, como é
entendido hoje, isto é “dirigir-se aos que ainda
não conhecem a Cristo com a intenção de
comunicar-lhes a fé num Deus Pai que nos ama.”
No entanto, é possível olhar o AT e entender o
conceito de missão por meio da palavra-chave
ALIANÇA.
64. Deus faz uma ALIANÇA – PACTO com o povo
hebreu, escolhendo pessoas e elegendo um
povo, do qual mais tarde virá o Messias. Será
Cristo que abrirá, definitivamente, as portas
desse povo para todos outros povos.
65. Primeira ALIANÇA – NOÉ: sinal deste pacto é o arco-íris
Texto bíblico: “Deus abençoou Noé e seus filhos, dizendo:
“Sejam fecundos, multipliquem-se e encham a terra (...).
Eu estabeleço a minha ALIANÇA com vocês e com seus
descendentes (...). Colocarei o meu arco-íris nas nuvens, e
ele se tornará um sinal da minha aliança com a terra (...).
Este é o sinal da aliança que estabeleço com tudo o que
vive sobre a terra.” (Gênesis 9, 1.9.13.16-17)
66. ALIANÇA COM ABRÃO: Por meio de Abrão, há mais de
quatro mil anos, Deus fez uma aliança com o povo
judeu, uma aliança que perpetuará.
Nessa aliança há:
UM CHAMADO: “Deus disse a Abrão: Saia de sua
terra, do meio de seus parentes e da casa de seu pai e
vá para a terra que eu lhe mostrar.” (Gn 12, 1)
67. UMA PROMESSA: “ Eu farei de você um grande povo, e
o abençoarei; tornarei famoso o seu nome, de modo
que se torne uma bênção...” (Gn 12,2) “Em você todas
as famílias da terra serão abençoadas” (Gn 12, 3b).
UMA OBEDIÊNCIA: “Abrão partiu conforme lhe dissera
o Senhor Javé.” (Gn 12,4)
68. Na concepção de missão, podemos
considerar Abrão como o primeiro
grande missionário da Bíblia,
modelo de toda a ação missionária
da Igreja e de toda e qualquer
vocação.
69. UMA CONTINUIDADE: Quando Abrãao morreu, o
projeto de Deus continuou por meio de seus
descendentes (Isaac, Jacó...) e operou até
mesmo durante o cativeiro no Egito. Ali, Deus
escolheu um outro “missionário”, MOISÉS, para
livrar o povo da escravidão e sobre o Monte Sinai
renova com ele a ALIANÇA iniciada com Abrão.
Então Deus dá a Moisés a TORAH (LEI), conhecida
hoje como os dez mandamentos .
70. Nas páginas do AT não se encontra uma verdadeira
atividade missionária por parte de Israel. Ele se
considerava o povo eleito, único, escolhido por Deus. Os
outros povos eram “estrangeiros”, pagãos e portanto
inimigos, a serem combatidos ou conquistados.
Existe no AT, como uma tensão entre Particularismo e
Universalismo.
71. PARTICULARISMO: Israel tem consciência de
ser o povo eleito:
“Você é um povo consagrado a Javé seu
Deus: foi a você que Deus escolheu para que
pertença a Ele como povo próprio, entre
todos os povos da terra.” (Dt 7, 6)
72. “Se Javé se afeiçoou a vocês e os escolheu, não é
porque vocês são os mais numerosos entre todos os
povos; pelo contrário, vocês são o menor de todos os
povos! Foi por amor a vocês e para manter a promessa
que ele jurou aos antepassados de vocês.” (Dt 7, 7-8b)
Essa eleição e separação dos outros povos é marcada
com um sinal na carne: a circuncisão (Cf. Gn 17,11).
73. Porém, Israel tem também a consciência de ter sido
escolhido em favor dos outros povos. Qual é a sua maior
tentação? A de fechar-se em si mesmo, no particularismo.
Dois exemplos: Jonas e o livro do Eclesiástico.
Jonas se aborrece com Deus porque Ele é benevolente e
misericordioso para com os ninivitas.
74. “ Há duas coisas que eu detesto, e uma terceira
que nem sequer é nação: os habitantes da
montanha de Seir, os filisteus e o povo
insensato que habita em Siquém (os
samaritanos)” (Eclesiástico 50, 27-28).
75. Mas não obstante essa tentação o AT, afirma que Deus
salva este povo para que, através dele a salvação possa
chegar
a
TODOS
os
povos.
UNIVERSALISMO:
Depois de ter atravessado o rio Jordão rumo à
terra prometida: “ Isso aconteceu para que todos os povos
da terra saibam como é forte a mão de Javé, a fim de que
vocês temam sempre a Javé seu Deus.” (Josué 4, 24)
76. “Todas as nações da terra se converterão e
temerão a Deus com sinceridade. Eles todos
abandonarão os ídolos, que os enganaram com
mentiras e bendirão, como é justo, o Deus dos
séculos.” (Cf Tobias 14,6-8)
77. Também os SALMOS contêm uma dimensão universal: por
exemplo o Salmo 67,4: “Que todos os povos te celebrem,
ó Deus, que todos os povos te celebrem”.
E ainda o salmo 117: “Louvem a Deus, nações todas, e o
glorifiquem todos os povos! Pois o seu amor por nós é
firme, e sua fidelidade é para sempre!”
78. Mas eis que surgem os PROFETAS para lembrarem
ao povo de Israel o compromisso da aliança e que
serão eles quem darão a essa aliança um conteúdo
mais universal = missionário!
Entre os profetas destaca-se ISAÍAS aquele que
anuncia a vinda do Messias, o Emanuel, Jesus, Deus
conosco.
79. O Servo do Senhor e sua missão (Is 42,1-9) : “1 Eis meu servo
a quem apoio, meu eleito, ao qual quero bem! Pus nele
meu espírito; ele levará o direito aos povos.”
2 Não gritará, não levantará a voz e não fará ouvir sua
voz
pelas
ruas.
3 Não quebrará a cana já rachada nem apagará a mecha
que está morrendo; com fidelidade levará o direito.
80. 4 Ele não esmoecerá nem se deixará abater, até estabelecer
na terra o direito; as ilhas aguardam sua doutrina.
5 Assim fala Deus, o Senhor que criou o céu e o desdobrou,
que consolidou a terra com os seus produtos, que concedeu o
hálito aos homens, seus habitantes, o sopro vital aos que nela
andam:
6 Eu, o Senhor, te chamei com justiça e tomei-te pela mão; eu
te formei e te fiz como aliança do povo, como luz das nações;
81. 7 a fim de abrires olhos cegos, tirares do cárcere os presos e da
masmorra os que moram na escuridão.
8 Eu sou o Senhor , este é meu nome: Não vou dar a minha
glória a nenhum outro e tampouco aos ídolos o louvor que me
cabe.
9 Vede: os primeiros acontecimentos já se realizaram, e estou a
ponto de anunciar outros novos; antes que eles venham à luz,
dou-os a conhecer.”
82. “Voltem-se para mim e vocês serão alvos, ó extremidades
todas da terra, pois eu sou Deus e não existe outro.” (Is 45,
22)
“Ilhas, escutem; prestem atenção, povos distantes (...).
Faço de você uma luz para as nações, para que a minha
salvação chegue até os confins da terra. Os reis verão e
ficarão de pé, os chefes se ajoelharão, porque Javé é fiel, e
o santo de Israel escolheu você.” (Cf Is 49, 1.6)
83. “ O povo que andava nas trevas viu uma grande
luz (...). Porque nasceu para nós um menino, um
filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o
manto real, e ele se chamará ‘Conselheiro
maravilhoso’, ‘Deus Forte’, ‘Pai para sempre’,
‘Príncipe da Paz’. Grande será o seu domínio, e a
paz não terá fim sobre o trono de Davi e seu
reino, firmado e reforçado com o direito e a
justiça.” (Is 9,1.5-6).
84. “A montanha da casa do Senhor se erguerá no
cume das montanhas e será mais alta do que
as colinas. Nela se reunirão todas as tribos e a
ela afluirão muitos povos...Porque de Sião
sairá a Lei e de Jerusalém a Palavra do Senhor”
(Is 2,2 e Mq 4,1ss)
85. CONCLUINDO: Embora o judaísmo não tenha sido uma religião
missionária, o AT missionário, pois afirma claramente que, por
meio do povo hebreu, a salvação era destinada não somente aos
filhos de Abrão, mas a todos os homens. É claro que a salvação
plena seria realizada na plenitude dos tempos, por meio de
Cristo.
O AT é uma grande preparação para este EVENTO MISSIONÁRIO
que realizará a promessa feita a Abrão: “Em você todas as
famílias da terra serão abençoadas.” (Cf. Gn 12, 3)
86. Caberá
à Igreja desempenhar essa missão, a partir
justamente do testemunho do AT. A Igreja não pode
esquecer que é Deus quem convoca as nações por meio do
seu povo. Somente a intervenção divina faz de Israel “luz
das nações”. A Igreja é o novo Israel e por isso mesmo a sua
natureza é e sempre será MISSIONÁRIA.
87. A MISSÃO NO AT EXPRESSA
GRAFICAMENTE MISSÃO CENTRÍPETA
As nações eram convidadas a irem para o povo de Israel,
porque no meio dele nasceria o futuro Messias, o Salvador
de
todos
os
povos.
88. A MISSÃO NO AT EXPRESSA
GRAFICAMENTE MISSÃO CENTRÍFUGA
Jesus convida o novo povo de Deus a sair de si mesmo
para anunciar a todos os povos a Boa-Nova;
Evangelização AD Gentes.
89. A MISSÃO NO
NOVO TESTAMENTO
OS SINÓTICOS
Para Mateus a missão é ENSINAR = fazer discípulos e é
caracterizada pelo GRANDE ENVIO que encerra o Evangelho e
tem como símbolo A MONTANHA.
Para Marcos a missão é ITINERANTE e o símbolo é a ESTRADA .
E para Lucas como é a MISSÃO?
89
90. 1- A teologia da missão em Lucas
Quem é Lucas?
É filho de pagãos, médico de profissão, não foi discípulo
direto de Jesus e faz parte da 2ª geração: é discípulo de
Paulo. Escreve o Evangelho pelo ano 80 e se dirige em
maneira especial aos cristãos de origem pagã e grega.
Para Lucas a missão é TESTEMUNHAR e o seu símbolo é a
COMUNIDADE.
90
91. Frase forte: “... descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará
força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a
Judéia e Samaria e até os confins do mundo.” (At 1,8)
A obra de Lucas é em dois volumes e
é a apresentação mais clara da missão
universal da Igreja de todo o NT
-Evangelho
-Atos dos
Apóstolos
91
92. Lucas liga a narrativa da comunidade primitiva (Atos) à narrativa
da vida de Jesus (Evangelho) justamente para mostrar a
relação entre:
* A MISSÃO DE JESUS
e
* A MISSÃO DA IGREJA.
Os temas mais importantes na teologia da missão de Lucas são:
* o Espírito como força impulsionadora para a missão
* o perdão
* a oração
* o amor e misericórdia
* a justiça
92
93. Quando teve origem a missão segundo os sinóticos?
A missão teve sua origem na manhã do domingo de Páscoa,
quando Maria Madalena e a outra Maria foram ao túmulo e o
encontraram vazio. Logo após o anúncio da Ressurreição, vem a
missão: “Ide já contar aos discípulos que ele ressurgiu dos mortos,
conforme havia dito” (Mt 28, 7). E elas foram apressadas fazer o
anúncio aos discípulos que, segundo Marcos, estavam “aflitos e
choravam” (Cf. Mc 16, 10).
Em Pentecostes, iniciou-se a missão a todos os povos da terra.
Essa missão continua até os nossos dias. Mas, apesar de vinte
séculos, ela ainda está no início. O anúncio de Jesus Cristo e de sua
Palavra ainda não chegou a todos os povos, a todas as culturas, a
todos os espaços sociais.
93
94. 1.1- A missão como encargo final
A
última
parte
do
Evangelho
de
Lucas
relata:
túmulo
vazio
(Lc
24,1-12).
1a
descoberta
do
“No primeiro dia da semana, muito cedo, dirigiram-se ao sepulcro
com os aromas que haviam preparado. Acharam a pedra removida
longe da abertura do sepulcro. Entraram, mas não encontraram o
corpo do Senhor Jesus. Não sabiam elas o que pensar, quando
apareceram em frente delas dois personagens com vestes
resplandecentes. Como estivessem amedrontadas e voltassem o
rosto para o chão, disseram-lhes eles: Por que buscais entre os
mortos aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou.
94
95. Lembrai-vos de como ele vos disse, quando ainda estava na
Galiléia: O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos
pecadores e crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia. Então elas
se lembraram das palavras de Jesus. Voltando do sepulcro,
contaram tudo isso aos Onze e a todos os demais. Eram elas Maria
Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; as outras suas amigas
relataram aos apóstolos a mesma coisa. Mas essas notícias
pareciam-lhes como um delírio, e não lhes deram crédito. Contudo,
Pedro correu ao sepulcro; inclinando-se para olhar, viu só os panos
de linho na terra. Depois, retirou-se para a sua casa, admirado do
que acontecera.”
95
96. 1. 2 - Aparição aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35)
“Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma
aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta
estádios. Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha
passado. Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o
mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles. Mas
os olhos estavam-lhes como que vendados e não o
reconheceram. Perguntou-lhes, então: De que estais falando
pelo caminho, e por que estais tristes?
96
97. Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: És tu acaso
o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela
aconteceu estes dias? Perguntou-lhes ele: Que foi?
Disseram: A respeito de Jesus de Nazaré... Era um
profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e
de todo o povo. Os nossos sumos sacerdotes e os nossos
magistrados o entregaram para ser condenado à morte
e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem
havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é
hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam.
97
98. É verdade que algumas mulheres dentre nós nos
alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol;
e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que
tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que
está vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam
assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo
não viram. Jesus lhes disse: Ó gente sem inteligência!
Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que
anunciaram os profetas!
98
99. Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas
coisas
e
assim
entrasse
na
sua
glória?
E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas,
explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as
Escrituras. Aproximaram-se da aldeia para onde iam e
ele fez como se quisesse passar adiante. Mas eles
forçaram-no a parar: Fica conosco, já é tarde e já
declina o dia. Entrou então com eles.
99
100. Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa,
ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lhes. Então
se lhes abriram os olhos e o reconheceram... mas ele
desapareceu. Diziam então um para o outro: Não se nos
abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e
nos explicava as Escrituras? Levantaram-se na mesma hora
e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os
que com eles estavam. Todos diziam: O Senhor ressuscitou
verdadeiramente e apareceu a Simão. Eles, por sua parte,
contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o
tinham reconhecido ao partir do pão.”
100
101. 1.3- A aparição à comunidade reunida em Jerusalém (Lc 24,36-49)
"Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio
deles e disse-lhes: A paz esteja convosco! Perturbados e espantados,
pensaram estar vendo um espírito. Mas ele lhes disse: Por que estais
perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações? Vede
minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um
espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho. E, dizendo
isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas, vacilando eles ainda e
estando transportados de alegria, perguntou: Tendes aqui alguma
coisa para comer?
101
102. Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado.
Ele tomou e comeu à vista deles. Depois lhes disse: Isto
é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era
necessário que se cumprisse tudo o que de mim está
escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos.
102
103. Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as
Escrituras, dizendo: Assim é que está escrito, e assim era
necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos
mortos ao terceiro dia. E que em seu nome se pregasse a
penitência e a remissão dos pecados a todas as nações,
começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de tudo
isso. Eu vos mandarei o Prometido de meu pai; entretanto,
permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do
alto.
103
104. Depois os levou para Betânia e, levantando as
mãos, os abençoou. Enquanto os abençoava,
separou-se deles e foi arrebatado ao céu.
Depois de o terem adorado, voltaram para
Jerusalém com grande júbilo. E permaneciam
no templo, louvando e bendizendo a Deus.”
104
105. É interessante notar como Lucas coloca o chamado
para a missão universal no contexto da aparição da
Ressurreição, mostrando assim que esse é o evento
culminante da história de Jesus. A missão é
“testemunhar” o Cristo ressuscitado = vivo, operante.
Outro elemento é que a missão começa por Jerusalém
e se estenderá a todas as nações (Cf. Lc 24,47).
105
107. Para Lucas, a capital Jerusalém assume um valor simbólico. Jesus
cumpre a promessa do AT e leva a termo a sua obra messiânica em
Jerusalém e é de Jerusalém que brota a comunidade cristã
(a Eclésia) e a sua missão. Jesus fundamenta esse universalismo na
vontade de Deus (Cf Atos 10). Nessa missão, Jesus designa
os apóstolos como “testemunhas disso” (Cf. Lc 24,48). Os apóstolos
constituem o elo entre Jesus e a comunidade nascente.
Outra característica de Lucas é a presença do Espírito como a fonte
que sustentará e dirigirá a Igreja. Para Lucas, a missão da Igreja está
fortemente associada à obra do Espírito.
107
108. 2. – Jesus e a missão universal em Lucas
Desde o início do Evangelho, Lucas assinala claramente:
a- O alcance universal de Jesus:
Em Lucas 2, 25-32 o cântico de Simeão: “Ora, havia em Jerusalém
um
homem
chamado
Simeão.
Este
homem,
justo
e
piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito
Santo estava nele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo
que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor.
Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo.
108
109. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para
cumprirem a respeito dele os preceitos da lei, tomou-o em
seus braços e louvou a Deus nestes termos: Agora, Senhor,
deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra.
Porque os meus olhos viram a vossa salvação que
preparastes diante de todos os povos, como luz para
iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel.”
109
110. Não será porém Jesus que levará essa luz até os confins da terra,
mas a comunidade por Ele fundada, a Igreja missionária. Embora
Jesus, o profeta, exerça o seu ministério dentro de Israel, Ele
é fiel ao programa pastoral anunciado em Nazaré e a sua ação
missionária é sempre aberta aos “estranhos”, como o centurião
gentio e os samaritanos. Os samaritanos, tidos como povo
inferior pelo Eclo 50, 25, com Jesus tornam-se até exemplo de
virtude (parábola do bom samaritano em Lc 10,30-37, o leproso que
volta a agradecer em Lc 17,11-19).
110
111. Jesus se dirige também aos leprosos e estende a sua mão para eles
(um gesto considerado “impuro”): “Estando ele numa cidade,
apareceu um homem cheio de lepra. Vendo Jesus, lançou-se com o
rosto por terra e lhe suplicou: Senhor, se queres, podes limpar-me.
Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: Eu quero; sê purificado! No
mesmo instante desapareceu dele a lepra” (Lc 5,12-15).
Também sua solicitude pelos pobres é um tema constante em sua
pregação (veja a parábola do rico “Epulão” e o pobre
Lázaro em Lc 16, 19-31). Pode-se afirmar que Lucas vê a relação entre
essa dimensão universal de Jesus e os esforços que a Igreja de
ontem e de sempre deve fazer para ultrapassar as próprias
fronteiras. (Mais uma vez Atos dos Apóstolos 10 sobre Pedro e Cornélio)
111
112. b- Missão e salvação
A palavra salvação aparece 6 vezes no Evangelho de Lucas. Salvação
também como libertação (“libertação aos cativos...” - Cf. Lc 4, 18) de
todos os males, salvação que exige uma conversão como resposta
do homem ao convite de Deus (não é algo automático e mágico).
c- Formação da comunidade
A finalidade da missão de Jesus é restaurar Israel, moldar o povo de
Deus = formar a nova comunidade o novo Israel. Lucas mostra que o
plano de Deus consiste em incorporar “toda a carne” dentro do povo
de Deus; nenhuma fronteira pode ser erguida para excluir os que
temem a Deus e praticam a justiça ( ainda Cf. At 10).
112
113. Portanto, um dos papeis centrais da missão em
Lucas é a constituição de comunidade entre povos
diferentes unidos na fé e no amor. Jesus dá o
exemplo: jantando com os pecadores é julgado de
ser um comilão e glutão (Cf. Lc 7,34), se deixa
tocar por uma mulher de rua (Cf. Lc 7, 36), escolhe
Zaqueu e vai à casa dele (Cf. Lc 19, 1ss), etc.
113
114. 3. O poder do Espírito
O Evangelho termina com um convite para esperar a “força
que vem do alto” (Lc 24, 29), uma bela definição do Espírito.
Desde o começo do Evangelho, fala-se do Espírito
(Anunciação como primeiro Pentecostes, visitação como
segundo Pentecostes), mas é, sobretudo, em Atos dos
Apóstolos que Lucas mostra como o poder do Espírito
impulsiona a comunidade para o mundo “gentílico” e guia
para novas estratégias pastorais (42 vezes em Atos e 13 no
Evangelho)
114
115. Atos dos Apóstolos: A missão universal da comunidade
O programa da missão exposto em Lc 24, 44-49, como
abordado anteriormente, é executado pelos apóstolos e pela
comunidade do livro dos Atos. Todo esse livro (estrutura e
conteúdo) é marcado pelo problema da missão universal (é
proibido ser chamado de cristão sem ter lido esse livro). O
poder do Espírito inaugurará uma missão que se estenderá
desde Jerusalém por toda a Judeia e Samaria, até os confins
da terra. O início de Atos, na realidade, é a continuação do
Evangelho de Lucas.
115
116. 1 – Estrutura do livro de Atos
A própria estrutura do livro está em uma perspectiva
missionária contida no próprio envio: “Jerusalém-Samariaextremidade da terra” (Lc 1,8). O ponto central do livro é o
capítulo 10: a conversão do pagão Cornélio e a compreensão
de que eles também são chamados a fazer parte da nova
comunidade. Duas figuras importantes: Pedro e Tiago – são
agentes da missão em Jerusalém-Judeia-Samaria.
Paulo: instrumento escolhido para levar a salvação até as
“extremidades da terra”. (At 9,15)
116
117. Segunda etapa: A perseguição desencadeada contra os
cristãos e a morte de Estevão (capítulos 6-8 de Atos) é a
ocasião concreta para fazer sair de Jerusalém a Palavra e
espalhá-la na Judeia e na Samaria: “E Saulo havia aprovado a
morte de Estêvão. Naquele dia, rompeu uma grande
perseguição contra a comunidade de Jerusalém. Todos se
dispersaram pelas regiões da Judéia e da Samaria, com
exceção dos apóstolos.” (At 8,1). Como aconteceu com Jesus,
repete-se a mesma lógica: por meio da morte (perseguição)
chega a vida:
117
118. “Os que se haviam dispersado iam por toda parte,
anunciando a Palavra (de Deus). Assim Filipe
desceu à cidade de Samaria, pregando-lhes Cristo.
A multidão estava atenta ao que Filipe lhe dizia,
escutando-o unanimemente e presenciando os
prodígios que fazia. Pois os espíritos imundos de
muitos possessos saíam, levantando grandes
brados. Igualmente foram curados muitos
paralíticos e coxos. Por esse motivo, naquela
cidade reinava grande alegria.” (At 8, 4-8)
118
119. Terceira etapa: Paulo é o instrumento que leva a Palavra da
salvação até as extremidades da terra. É tema predominante da
segunda
metade
do
livro
de
Atos.
Paulo, a partir do cap. 13, 44-52, após ter sido rejeitado nas
sinagogas, passa corajosamente para a missão na Ásia, na Grécia e
finalmente em Roma, cumprindo com isso a promessa da salvação
universal
de
Deus.
2- Mensagem de missão em Atos:
Os Atos nos apresentam:
* uma Igreja que nasce pela força do Cristo Ressuscitado,
Vivo e animada pelo Espírito Santo;
* uma Igreja que está totalmente animada pelo espírito
missionário.
119
120. A missão universal da Igreja é a fundamental
preocupação em Lucas. Ele mostra também que
essa missão tem um custo: os missionários como
Pedro
e
Paulo
sofrem
perseguição,
encarceramento, privações e rejeições, como
também Jesus sofreu. A palavra grega MARTIR é
traduzida como TESTEMUNHA. É por isso que a
missão em Lucas é TESTEMUNHO e o seu símbolo é
a COMUNIDADE.
120
121. 4- Teologia da Missão em João
Quem era João?
Filho de Zebedeu, era pescador do Mar da Galiléia por onde Jesus
passou e o chamou para ser apóstolo com seu irmão Tiago.
“Uns poucos passos mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu,
e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E
chamou-os logo. Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os
empregados
e
o
seguiram”.
(Mc
1,19).
João mesmo diz que escreve “o que viu e ouviu, o que contemplou com
os olhos e tocou com as próprias mãos” (1 Jo 1,1). É verdadeiro teólogo,
não um simples cronista. Ele quer mostrar a Divindade do Mestre, e
escreve não aos pagãos, mas aos cristãos. Redigiu o Evangelho no
finzinho
do
século.
121
122. 4.1- Envio final: “Disse-lhes outra vez: A paz esteja
convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.
Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o
Espírito
Santo.”
(Jo20,21).
Para João a missão é TRANSFORMANTE e o seu símbolo é a MESA.
Jesus é a Palavra feita carne (veja o prólogo), enviado pelo Pai com
a missão de redimir o mundo. A missão de Jesus é tornar conhecido
o nome de Deus: Jo 17,3 “Ora, a vida eterna consiste em que
conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que
enviaste”.
O alvo da missão de Jesus é declarado pelo texto de Jo 3,17: “Pois
Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o
mundo
seja
salvo
por
ele”.
122
123. O envio final :
“Como o Pai
me enviou,
assim também eu
vos envio a vós...”
quer dizer que os discípulos participam da mesma missão de Jesus.
Para João a missão de Jesus, a missão do Espírito e a missão dos
discípulos estão estritamente ligadas entre si, para não dizer que é
a mesma missão.
Tem 4 tipos de envio em João:
1. João Batista é enviado por Deus a fim de testemunhar a respeito
de Jesus (1,6-8;3,28)
123
124. “Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
Esse veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim
de que todos cressem por meio dele. Não era ele a luz, mas
veio para dar testemunho da luz”.
*João replicou: Ninguém pode atribuir-se a si mesmo senão o
que lhe foi dado do céu. Vós mesmos me sois testemunhas de
que disse:
Eu não sou o Cristo, mas fui enviado diante dele .
124
125. MATEUS
Era do grupo
dos 12
Estes três
evangelhos são
chamados de
sinóticos
LUCAS
Não era
do grupo dos 12
MARCOS
Não era
do grupo dos 12
JOÃO
Era do grupo
dos 12
125
126. 2. Jesus mesmo é enviado pelo Pai, a fim de
testemunhar a respeito do Pai e realizar a sua obra.
3. O Espírito (Paraclíto) é enviado tanto pelo Pai como
também pelo Filho para dar testemunho de Jesus.
4. Os discípulos são enviados por Jesus para fazerem
como Ele fez. Só o Pai não é enviado, pois Ele é a
origem da missão. Em João, o ponto final da missiologia
ao qual tudo converge é o PAI .
126
127. 5 – Teologia da missão em Paulo
Quem era Saulo de Tarso chamado de Paulo?
Nasceu em Tarso, na Cilícia (atual Turquia)
poucos anos após o nascimento de Jesus.
Ele aparece na Bíblia em ocasião do martírio
de Estêvão ± ano 35 (At 6-7), era um perseguidor da Igreja (At 7,58)
e se converte a caminho de Damasco (AT 9; Gl 1,11-14). Fica alguns
anos em Damasco, sob a direção de Ananias e na Arábia (Gl1,15-17).
± ano 36: Paulo volta à sua pátria, Tarso e junto com Barnabé
conhece a Igreja de Jerusalém e Antioquia (At 11,25ss).
48/49 “Concílio dos Apóstolos em Jerusalém”(At 15). Os não-judeus
são aceitos na comunidade cristã.
127
129. 50/52 SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA.(Cf. At 15-18) Paulo vai
à Galácia (Turquia do Norte) e à Macedônia e à Acáia. Funda as
Igrejas da Galácia, Filipos, Tessalônica, Corinto. Durante esta viagem
Paulo escreve as primeiras cartas.
129
130. 53/58: TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA.
(Cf. At 18-21) Paulo permanece muito tempo
em Éfeso onde é também preso. Visita as Igrejas da Grécia e volta
a Jerusalém. Paulo escreve as cartas aos Corintios, aos Gálatas e
aos Romanos.
130
131. 61/63: VIAGEM DO CATIVEIRO
Paulo é transferido para Roma, onde fica em prisão domiciliar
(Cf. At 27-28). Então ele escreve as cartas do cativeiro: Colossenses,
Filemon, Efésios e Filipenses.
64/67: Martírio de Paulo em Roma, durante a perseguição de
Nero.
131
133. A palavra na ordem de São Paulo:
“Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma
obrigação que se me impõe. Ai de mim se eu não anunciar
o Evangelho!” (1 Cor 9, 16)
O seu maior testemunho: “São hebreus? Também eu. São
israelitas? Também eu. São ministros de Cristo? Falo como
menos sábio: eu, ainda mais. Muito mais pelos trabalhos,
muitos mais pelos cárceres, pelos açoites sem medida.
Muitas vezes vi a morte de perto. Cinco vezes recebi dos
judeus os quarenta açoites menos um. Três vezes fui
flagelado com varas. Uma vez apedrejado. Três vezes
naufraguei, uma noite e um dia passei no abismo.
133
134. Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de
salteadores, perigos da parte de meus concidadãos, perigos da
parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no
mar perigos entre falsos irmãos! Trabalhos e fadigas, repetidas
vigílias, com fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez! Além de
outras coisas, a minha preocupação cotidiana, a solicitude por todas
as igrejas! Quem é fraco, que eu não seja fraco? Quem sofre
escândalo,
que
eu
não
me
consuma
de
dor?
Se for preciso que a gente se glorie, eu me gloriarei na minha
fraqueza. Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é bendito
pelos séculos, sabe que não minto.” (2 Cor, 22-31)
134
135. 5.1 – Paulo, o missionário “ad gentes”
O aparecimento de Paulo na história do cristianismo faz com que a
missão fique definitivamente universal - “ad gentes” e “ad extra” até
os extremos confins da terra. A teologia missionária de Paulo está
presente nas suas cartas e é fruto da sua prática missionária.
Não é uma teologia feita “na mesa” ou uma teologia de “escritório”,
mas é a prática missionária que provoca a reflexão teológica, a
partir da experiência pessoal de Deus, em Jesus de Nazaré, que
Paulo faz na estrada de Damasco. A experiência e teologia de Paulo
é paradigmática para todos os missionários de todos os tempos e
culturas. Lendo as cartas paulinas ele se apresenta sempre como
“apóstolo” dos povos e como “embaixador de Cristo”.
135
136. “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o
irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto, e a todos
os irmãos santos que estão em toda a Acaia.” (2 Cor 1, 1)
“Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores em
nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso
intermédio.” (2 Cor 5, 20)
De maneira especial ele se considera apóstolo aos gentios:
“temos recebido a graça e o apostolado, a fim de levar, em seu
nome, todas as nações pagãs à obediência da fé.” (Rm 1, 5)
136
137. “Pois não há distinção entre judeu e grego, porque
todos têm um mesmo Senhor, rico para com todos os
que o invocam, porque todo aquele que invocar o
nome
do
Senhor
será
salvo¹.
Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E
como crerão naquele de quem não ouviram falar? E
como ouvirão falar, se não houver quem pregue? E
como pregarão, se não forem enviados, como está
escrito: Quão formosos são os pés daqueles que
anunciam as boas novas²?” (Rm 10, 14)
¹ Cf. Jl 3,5
² Is 52,7
137
138. 5.2.-
O
conteúdo
das
pregações
de
Paulo
É o Deus que oferece a Salvação a todos
mediante a morte e ressurreição do seu Filho Jesus, o
Cristo: “Na verdade, julgo como perda todas as coisas,
em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de
Jesus Cristo, meu Senhor. Por ele tudo desprezei e tenho em
conta de esterco, a fim de ganhar Cristo e estar com ele.”
(Fl 3, 8-9)
138
139. “Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é
lucro” (Fl 1, 21)
É a fé em Jesus Cristo que me justifica (=salva) e
não as obras da lei (como a circuncisão): mas a fé
é fruto da um encontro e uma fé pessoais ao
chamado de Cristo: isso é missão para Paulo.
139
140. “Mas, agora, sem o concurso da lei, manifestou-se
a justiça de Deus, atestada pela lei e pelos profetas.
Esta é a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo,
para todos os fieis (pois não há distinção; com
efeito, todos pecaram e todos estão provados da
glória de Deus), e são justificados gratuitamente
por sua graça; tal é a obra da redenção, realizada
em Jesus Cristo.” (Rm 3, 21-24)
140
141. “...sabemos, contudo, que ninguém se justifica
pela prática da lei, mas somente pela fé em
Jesus Cristo. Também nós cremos em Jesus
Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da
fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois,
pela prática da lei, nenhum homem será
justificado.” (Gal 2, 15-16)
141
142. Conclusão
A atividade missionária de Paulo é a explicitação do mandato
missionário de Mateus e Marcos: um mandato vindo de Cristo
ressuscitado e destinado a todos os povos. Paulo é uma pessoa
convencida e ardorosa no desempenho da sua missão:
“Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação
que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!”
(1 Cor 9,16). Paulo cumpriu o mandato missionário de Cristo. O
fundamento da sua missão era a sua fé pessoal em Jesus como
Salvador do mundo que ele experimentou em sua própria
conversão e que foi confirmada pela tradição cristã dos
primeiros tempos.
142
143. 6 – TEOLOGIA DA MISSÃO NO RESTANTE DOS LIVROS DO NT
6.1 Pedro: o testemunho da esperança (as duas cartas de Pedro) A
primeira carta apresenta a teologia do Batismo e a esperança como
testemunho cristão. Os destinatários são cristãos batizados
recentemente como fala em 1Pd 3,21 : “Esta água prefigurava o
batismo de agora, que vos salva também a vós, não pela purificação
das impurezas do corpo, mas pela que consiste em pedir a Deus uma
consciência
boa,
pela
ressurreição
de
Jesus
Cristo”.
143
144. É na pregação missionária da Igreja e nas águas do batismo
que o cristão vai encontrar este momento de graça, a força
de sua esperança e do seu testemunho missionário
(batismo come fonte do chamado a ser missionário, tema
hoje
muito
atual).
A carta foi escrita “aos que vivem dispersos como
estrangeiros” por todas as regiões da Ásia menor. São
portanto migrantes que vivem fora da pátria (missionários).
144
145. “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são estrangeiros
e estão espalhados no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia.”
(1Pd 1, 1ss) Eram cristãos longe de sua pátria, que sofrem
humilhações, injúrias, perseguições por serem estrangeiros e
cristãos. A carta foi escrita em “Babilônia”, que provavelmente
designa a cidade de Roma e a data provável é o período
imediatamente anterior a perseguição de Nero no ano 64. As
cartas de São Pedro, de Tiago, de Judas e as 3 de João são
chamadas de epístolas católicas (são 7) porque justamente são
universais, isto é, não são dirigidas só a uma comunidade (como
as de Paulo) mas em geral a todas as comunidades.
145
146. A segunda carta de Pedro é uma exortação à
fidelidade de Cristo e ao amor de Deus, lembrando a
vinda do Dia do Senhor. Foi escrita por volta do ano
80. Também tem uma clara advertência para rejeitar
as falsas doutrinas pregadas por falsos profetas de
vida corrupta. (Cf. 2Pd 2,1ss)
146
147. “Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim
também haverá entre vós falsos doutores que introduzirão
disfarçadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o
Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina.
Muitos os seguirão nas suas desordens e serão deste modo a
causa de o caminho da verdade ser caluniado. Movidos por
cobiça, eles vos hão de explorar por palavras cheias de astúcia.
Há muito tempo a condenação os ameaça, e a sua ruína não
dorme.” (2 Pd 2, 1-3)
147
148. Estamos no tempo em que a Igreja está passando da
época primitiva para a chamada época pós-apostólica. O
tempo de Jesus histórico começava a ficar longe e a
Parusia demorava. Perigo: esfriamento da fé e
influências negativas. A carta quer responder a essa
situação, ensinando a firmeza na doutrina recebida, a
paciência e a perseverança. São temas missionários
sempre atuais!
148
149. 6.2 O livro do Apocalipse: Testemunho profético
Apocalipse é uma palavra grega, cujo significado é
“REVELAÇÃO”.
“Revelação de Jesus Cristo, que lhe foi confiada por Deus para
manifestar aos seus servos o que deve acontecer em breve.
Ele, por sua vez, por intermédio de seu anjo, comunicou ao
seu servo João” (Ap 1, 1). Trata-se portanto de um livro
profético. Nele Deus revela os seus mistérios sobre a vida e
sobre a salvação.
149
150. O autor escreve tal mensagem de forma disfarçada, em
símbolos e figuras, por causa do clima de perseguição.
Essa mensagem é dirigida a TODOS os cristãos que
vivem dentro do longo período que vai da Ascensão do
Senhor até o seu retorno no fim do mundo. É um livro
missionário, pois a Salvação é proclamada para todos:
“Vi, então, outro anjo que voava pelo meio do céu,
tendo um evangelho eterno para anunciar aos
habitantes da terra e a toda nação, tribo, língua e
povo.” (Ap 14, 6)
150
151. 6.3- As cartas pastorais: Primeira e segunda Timóteo e Tito
Estas cartas são chamadas pastorais porque são dirigidas a bispos,
aos quais São Paulo dá normas pastorais. Timóteo é discípulo de
Paulo e seu companheiro de viagem. Como a preocupação maior é o
bom andamento interno da Igreja, parece que fica limitado o
impulso de missão “ad extra”. Mesmo assim desde o começo é
proclamado expressamente o alcance universal da missão: 1Tm 3,16
“Sim, é tão sublime - unanimemente o proclamamos - o mistério da
bondade divina: manifestado na carne, justificado no Espírito, visto
pelos anjos, anunciado aos povos, acreditado no mundo, exaltado
na
glória!”
Também em várias passagens, Paulo repete que ele foi designado
como pregador e apóstolo para uma missão universal (veja a
introdução de 1 e 2Tm e Tito 1,1).
151
152. Conclusão
A concentração nessas cartas sobre problemas internos, tais
como de ordem, de doutrina e de conflitos éticos, faz com que a
perspectiva da missão diminua à medida que a Igreja se tornava
institucionalizada. Muitos desses escritores, contemporâneos do
Evangelho ou mesmo de Paulo, manifestam um esforço
missionário não somente verbal. É o caso da 1 Pd e Ap que falam
de missão como testemunho heroico. Os escritos do NT
representam os múltiplos modos pelos quais os membros da
comunidade cristã ponderavam sobre a experiência de missão
deles e sobre a sua relação com a pessoa de Jesus e a história de
152
Israel.
153. A MISSIOGRAFIA
É MISSÃO + GEOGRAFIA
Se baseia sobretudo nas estatística e nos números do
Annuarium Statisticum Ecclesiae
Veja agora um exemplo de missiografia:
153
162. PORCENTAGEM MUNDIAL DOS CATÓLICOS
90
80
ÁFRICA
ÁSIA
70
60
OCEANIA
50
40
EUROPA
30
20
10
0
AMERICA
DO NORTE
AMERICA
DO SUL
162
163. AS 4 NAÇÕES COM MAIS CATÓLICOS
140.000.000
120.000.000
100.000.000
BRASIL
80.000.000
MÉXICO
60.000.000
USA
40.000.000
ITÁLIA
20.000.000
0
163
164. Comunicação Missionária
-SIM- Serviço de Informação Missionária das POMs;
-Revista Missões, missionários (as)
da Consolata;
-Revista Mundo e Missão do PIME;
-Jornal Missão Jovem do PIME;
-Jornal O Transcendente do PIME
PIME – Pontifício Instituto das Missões ao Exterior
164
172. ESTA É UMA REVISTA DO PIME
PONTIFÍCIO INSTITUTO DAS MISSÕES AO EXTERIOR
172
173. - Diretor:
Padre Pedro Facci
- Local
. Rua Joaquim Távora , 686
. CEP 04015-011 - São Paulo . Tel: (11) 5549-7295
www.mundomissao.com.br
173
174. - Outubro de 1992, com o nome de Missão e Notícia e,
em julho de 1993, ganha o nome de Mundo e Missão.
174
175. Finalidades:
-animar missionariamente a Igreja do Brasil;
-estimular o ardor missionário;
-abrir as comunidades católicas do Brasil às
dimensões da Missão universal;
175
176. -apresentar a missão em sua totalidade,
em especial, a “missão ad Gentes”
(Missão Além- Fronteiras);
-colocar em relevo os testemunhos missionários, de
maneira particular de missionários (as) brasileiros e
-suscitar vocações missionárias.
176
177. - Revista no mundo hoje
A revista Mundo e Missão está presente
em mais de 70 países dos 5 continentes.
177
180. Carisma:
-evangelizar os povos não cristãos;
-evangelizar Além-fronteiras;
-evangelizar por toda a vida;
-evangelizar juntos e
-acolher também padres diocesanos
que querem partir para as missões
(padres associados).
180
181. PIME no Mundo hoje:
- O PIME está presente em 18 países.
181
182. Conteúdo da revista
Mundo e Missão:
-Editorial
-Cartas e Linha direta
-Notícias
-Europa, Oceania, África, Ásia, América
182
187. O que diz o Documento de Aparecida a
respeito das paróquias?
O documento diz:
“As paróquias sejam centros de
irradiação missionária (n.306)
e “ A conversão pastoral de nossas
comunidades exige que se vá além de
uma pastoral de mera conservação
para uma pastoral decididamente
missionária. (n. 370)
187