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Evolução da Administração Pública no Brasil 

Olá, pessoal! Para ajudar o pessoal que fará a prova do Tribunal de Contas da União (TCU) no 
final  de  setembro,  trago  aqui  uma  aulinha  sobre  Administração  Pública.  Espero  que  seja  de 
alguma ajuda aos candidatos que estão se preparando para esta prova. 

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ 

                    EVOLUÇÃO DA  ADM I N I STRA ÇÃO P ÚBLI CA  N O BRASI L 

      A evolução da administração pública em nosso país passou por três modelos diferentes: 
a  administração  patrimonialista,  a  administração  burocrática  e  a  administração  gerencial. 
Essas modalidades surgiram sucessivamente ao longo do tempo, não significando, porém, que 
alguma delas tenha sido definitivamente abandonada. 

       Na administração pública patrimonialista, própria dos Estados absolutistas europeus do 
século  XVIII,  o  aparelho  do  Estado  é  a  extensão  do  próprio  poder  do  governante  e  os  seus 
funcionários  são  considerados como  membros da  nobreza. O  patrimônio  do  Estado  confunde­ 
se com o patrimônio do soberano e os cargos são tidos como prebendas (ocupações rendosas 
e de pouco trabalho). A corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração. 

       A administração pública burocrática surge para combater a corrupção e o nepotismo do 
modelo  anterior.  São  princípios  inerentes  a  este  tipo  de  administração  a  impessoalidade,  o 
formalismo,  a  hierarquia  funcional,  a  idéia  de  carreira  pública  e  a  profissionalização  do 
servidor,  consubstanciando  a  idéia  de  poder  racional­legal.  Os  controles  administrativos 
funcionam  previamente,  para  evitar  a  corrupção.  Existe  uma  desconfiança  prévia  dos 
administradores públicos e dos cidadãos que procuram o Estado com seus pleitos. São sempre 
necessários,  por  esta  razão,  controles  rígidos  em  todos  os  processos,  como  na  admissão  de 
pessoal, nas contratações do Poder Público e no atendimento às necessidades da população. 

       A administração burocrática, embora possua o grande mérito de ser efetiva no controle 
dos  abusos, corre  o  risco  de  transformar  o  controle  a  ela  inerente  em  um  verdadeiro  fim  do 
Estado,  e  não  um  simples  meio  para  atingir  seus  objetivos.  Com  isso,  a  máquina 
administrativa volta­se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à 
sociedade. O seu  grande  problema,  portanto, é  a possibilidade  de se tornar  ineficiente,  auto­ 
referente e incapaz de atender adequadamente os anseios dos cidadãos. 

        A  administração  pública gerencial  apresenta­se  como  solução  para estes problemas da 
burocracia. Prioriza­se a eficiência da Administração, o aumento da qualidade dos serviços e a 
redução dos custos. Busca­se desenvolver uma cultura gerencial nas organizações, com ênfase 
nos resultados, e aumentar a governança do Estado, isto é, a sua capacidade de gerenciar com 
efetividade  e  eficiência.  O  cidadão  passa  a  ser  visto  com  outros  olhos,  tornando­se  peça 
essencial  para  o  correto  desempenho  da  atividade  pública,  por  ser  considerado  seu  principal 
beneficiário, o cliente dos serviços prestados pelo Estado. 

        A  administração  gerencial  constitui  um  avanço,  mas  sem  romper  em  definitivo  com  a 
administração  burocrática,  pois  não  nega  todos  os  seus  métodos  e  princípios.  Na  verdade,  o 
gerencialismo  apóia­se  na  burocracia,  conservando  seus  preceitos  básicos,  como  a  admissão 
de  pessoal  segundo  critérios  rígidos,  a  meritocracia  na  carreira  pública,  as  avaliações  de 
desempenho,o  aperfeiçoamento  profissional  e  um  sistema  de  remuneração  estruturado.  A 
diferença reside na maneira como é feito o controle, que passa a concentrar­se nos resultados, 
não  mais  nos  processos  em  si,  procurando­se,  ainda,  garantir  a  autonomia  do  servidor  para 
atingir tais resultados, que serão verificados posteriormente.




www.editoraferreira.com.br                        1                                   Luciano Oliveira 
Evolução da Administração Pública no Brasil 

        Aceita­se  também  uma  maior  participação  da  sociedade civil  na  prestação  de serviços 
que não sejam exclusivos de Estado. São as chamadas entidades paraestatais, que compõem 
o  terceiro  setor, composto  por  entidades  da  sociedade  civil  de fins  públicos  e  não  lucrativos, 
como  as  organizações  sociais  e  as  organizações  da  sociedade  civil  de  interesse  público 
(OSCIPs). Este setor passa a coexistir com o primeiro setor, que é o Estado, e com o segundo 
setor, que é o mercado. 

       Na administração  gerencial, a noção  de interesse  público  é diferente da  que  existe no 
modelo burocrático. A burocracia vê o interesse público como o interesse do próprio Estado. A 
administração  pública  gerencial  nega  essa  visão,  identificando  este  interesse  com  o  dos 
cidadãos,  passando  os  integrantes  da  sociedade  a  serem  vistos  como  clientes  dos  serviços 
públicos.

       Atualmente,  o  modelo  gerencial  na  Administração  Pública  vem  cada  vez  mais  se 
consolidando,  com  a  mudança  de  estruturas  organizacionais,  o  estabelecimento  de  metas  a 
alcançar, a redução da máquina estatal, a descentralização dos serviços públicos, a criação das 
agências  reguladoras  para  zelar  pela  adequada  prestação  dos  serviços  etc.  O  novo  modelo 
propõe­se  a  promover  o  aumento  da  qualidade  e  da  eficiência  dos  serviços  oferecidos  pelo 
Poder Público aos seus clientes: os cidadãos. 

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ 

Vista esta pequena teoria, vamos a alguns exercícios de provas anteriores. Visando a ajudar os 
candidatos que farão a prova do TCU no final de setembro, selecionamos algumas questões do 
CESPE. 

EXERCÍ CI OS 

Julgue os itens. 

1 (Analista TCE/AC 2007) No plano administrativo, a administração pública burocrática surgiu 
no século XVIII, com o início do Iluminismo europeu. 

2  (Analista TCE/AC 2007) A  administração  pública evoluiu  por meio  de  três modelos básicos: 
assistencialista, burocrático e gerencial. 

3  (Analista  TCE/AC  2007)  A  administração  pública  burocrática  surgiu  para  se  combaterem  a 
corrupção e o nepotismo patrimonialista. 

4  (Analista  TCE/AC  2007)  A  administração  pública  gerencial,  apesar  de  representar  uma 
evolução  em relação  ao  modelo burocrático, foi  apenas uma transição  de métodos  e  técnicas 
gerenciais, sem representar, de fato, uma nova visão do Estado e da administração pública. 

5  (Analista  TCE/AC  2007)  Na  administração  pública  gerencial,  a  estratégia  volta­se  para  a 
definição  dos  objetivos  que  o  administrador  público  deve  atingir  em  sua  unidade,  para  a 
garantia  da  autonomia  na  gestão  de  recursos  humanos,  materiais  e  financeiros  e  para  o 
controle e a cobrança a posteriori de resultados. 

6  (Analista  TCE/AC  2007)    O  modelo  burocrático  tradicional,  privilegiado  pelo  sistema  de 
direito  administrativo  brasileiro,  facilita  a  transparência  administrativa  e  promove,  desse 
modo, o controle social.




www.editoraferreira.com.br                        2                                    Luciano Oliveira 
Evolução da Administração Pública no Brasil 

7  (Analista  TCE/AC  2007)    Aumentar  a  governança  do  Estado  significa  aumentar  sua 
capacidade  administrativa  de  gerenciar  com  efetividade  e  eficiência,  voltando­se  a  ação  dos 
serviços do Estado para o atendimento ao cidadão. 

8  (AFPS 2003) Tendo  em vista a  solução  de problemas da  administração  pública  brasileira, é 
correto  enfatizar  alguns  princípios,  como  a  focalização  da  ação  no  cidadão,  a  flexibilização 
administrativa, o controle social e a valorização do servidor. 

9  (Analista  TCE/AC  2007)    O  regime  jurídico  de  direito  público  encontra­se  fundado  nos 
princípios  da  prevalência  do  interesse  público  sobre  o  privado  e  o  da  indisponibilidade  desse 
interesse  público.  No  entanto,  de  acordo  com  uma  concepção  moderna  do  direito 
administrativo,  de cunho  gerencial, não  se  pode  afirmar  que  o  interesse  público  se  confunde 
com o do Estado. 

10  (Juiz  Federal  5.ª  Região  2006)  Segundo  o  plano  diretor  da  reforma  administrativa  do 
Estado,  o  chamado  terceiro  setor  é  aquele  em  que  a  atuação  do  Estado  ocorre  de  forma 
simultânea com entidades organizadas da sociedade civil, criando­se um espaço público, mas 
não estatal, cuja forma de administração é do tipo burocrática. 

11  (Analista  ANATEL  2006)  O  modelo  de  administração  propugnado  pela  reforma 
administrativa é de cunho gerencial. 

12  (Consultor  do  Senado  2002)  É  nítido  no  Plano  Diretor  da  Reforma  do  Aparelho  do  Estado 
uma visão  evolucionista a partir  da  sucessão  histórica de diferentes  formas  de administração 
pública: patrimonial, burocrática e gerencial. 

13 (Consultor do Senado 2002) Uma das características do patrimonialismo é a apropriação de 
ativos e interesses públicos por particulares. 

GA BA RI TO 

1E     2E      3C      4E      5C     6E      7C         8C    9C     10E    11C     12C     13C 

Por hoje é só, pessoal! Espero que tenham gostado. Desejo a todos bons estudos e boa sorte 
na prova do TCU! 

Abração. 

Luciano Oliveira.




www.editoraferreira.com.br                          3                                  Luciano Oliveira 

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Evolução da administração pública

  • 1. Evolução da Administração Pública no Brasil  Olá, pessoal! Para ajudar o pessoal que fará a prova do Tribunal de Contas da União (TCU) no  final  de  setembro,  trago  aqui  uma  aulinha  sobre  Administração  Pública.  Espero  que  seja  de  alguma ajuda aos candidatos que estão se preparando para esta prova.  ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­  EVOLUÇÃO DA  ADM I N I STRA ÇÃO P ÚBLI CA  N O BRASI L  A evolução da administração pública em nosso país passou por três modelos diferentes:  a  administração  patrimonialista,  a  administração  burocrática  e  a  administração  gerencial.  Essas modalidades surgiram sucessivamente ao longo do tempo, não significando, porém, que  alguma delas tenha sido definitivamente abandonada.  Na administração pública patrimonialista, própria dos Estados absolutistas europeus do  século  XVIII,  o  aparelho  do  Estado  é  a  extensão  do  próprio  poder  do  governante  e  os  seus  funcionários  são  considerados como  membros da  nobreza. O  patrimônio  do  Estado  confunde­  se com o patrimônio do soberano e os cargos são tidos como prebendas (ocupações rendosas  e de pouco trabalho). A corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração.  A administração pública burocrática surge para combater a corrupção e o nepotismo do  modelo  anterior.  São  princípios  inerentes  a  este  tipo  de  administração  a  impessoalidade,  o  formalismo,  a  hierarquia  funcional,  a  idéia  de  carreira  pública  e  a  profissionalização  do  servidor,  consubstanciando  a  idéia  de  poder  racional­legal.  Os  controles  administrativos  funcionam  previamente,  para  evitar  a  corrupção.  Existe  uma  desconfiança  prévia  dos  administradores públicos e dos cidadãos que procuram o Estado com seus pleitos. São sempre  necessários,  por  esta  razão,  controles  rígidos  em  todos  os  processos,  como  na  admissão  de  pessoal, nas contratações do Poder Público e no atendimento às necessidades da população.  A administração burocrática, embora possua o grande mérito de ser efetiva no controle  dos  abusos, corre  o  risco  de  transformar  o  controle  a  ela  inerente  em  um  verdadeiro  fim  do  Estado,  e  não  um  simples  meio  para  atingir  seus  objetivos.  Com  isso,  a  máquina  administrativa volta­se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à  sociedade. O seu  grande  problema,  portanto, é  a possibilidade  de se tornar  ineficiente,  auto­  referente e incapaz de atender adequadamente os anseios dos cidadãos.  A  administração  pública gerencial  apresenta­se  como  solução  para estes problemas da  burocracia. Prioriza­se a eficiência da Administração, o aumento da qualidade dos serviços e a  redução dos custos. Busca­se desenvolver uma cultura gerencial nas organizações, com ênfase  nos resultados, e aumentar a governança do Estado, isto é, a sua capacidade de gerenciar com  efetividade  e  eficiência.  O  cidadão  passa  a  ser  visto  com  outros  olhos,  tornando­se  peça  essencial  para  o  correto  desempenho  da  atividade  pública,  por  ser  considerado  seu  principal  beneficiário, o cliente dos serviços prestados pelo Estado.  A  administração  gerencial  constitui  um  avanço,  mas  sem  romper  em  definitivo  com  a  administração  burocrática,  pois  não  nega  todos  os  seus  métodos  e  princípios.  Na  verdade,  o  gerencialismo  apóia­se  na  burocracia,  conservando  seus  preceitos  básicos,  como  a  admissão  de  pessoal  segundo  critérios  rígidos,  a  meritocracia  na  carreira  pública,  as  avaliações  de  desempenho,o  aperfeiçoamento  profissional  e  um  sistema  de  remuneração  estruturado.  A  diferença reside na maneira como é feito o controle, que passa a concentrar­se nos resultados,  não  mais  nos  processos  em  si,  procurando­se,  ainda,  garantir  a  autonomia  do  servidor  para  atingir tais resultados, que serão verificados posteriormente. www.editoraferreira.com.br  1  Luciano Oliveira 
  • 2. Evolução da Administração Pública no Brasil  Aceita­se  também  uma  maior  participação  da  sociedade civil  na  prestação  de serviços  que não sejam exclusivos de Estado. São as chamadas entidades paraestatais, que compõem  o  terceiro  setor, composto  por  entidades  da  sociedade  civil  de fins  públicos  e  não  lucrativos,  como  as  organizações  sociais  e  as  organizações  da  sociedade  civil  de  interesse  público  (OSCIPs). Este setor passa a coexistir com o primeiro setor, que é o Estado, e com o segundo  setor, que é o mercado.  Na administração  gerencial, a noção  de interesse  público  é diferente da  que  existe no  modelo burocrático. A burocracia vê o interesse público como o interesse do próprio Estado. A  administração  pública  gerencial  nega  essa  visão,  identificando  este  interesse  com  o  dos  cidadãos,  passando  os  integrantes  da  sociedade  a  serem  vistos  como  clientes  dos  serviços  públicos. Atualmente,  o  modelo  gerencial  na  Administração  Pública  vem  cada  vez  mais  se  consolidando,  com  a  mudança  de  estruturas  organizacionais,  o  estabelecimento  de  metas  a  alcançar, a redução da máquina estatal, a descentralização dos serviços públicos, a criação das  agências  reguladoras  para  zelar  pela  adequada  prestação  dos  serviços  etc.  O  novo  modelo  propõe­se  a  promover  o  aumento  da  qualidade  e  da  eficiência  dos  serviços  oferecidos  pelo  Poder Público aos seus clientes: os cidadãos.  ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­  Vista esta pequena teoria, vamos a alguns exercícios de provas anteriores. Visando a ajudar os  candidatos que farão a prova do TCU no final de setembro, selecionamos algumas questões do  CESPE.  EXERCÍ CI OS  Julgue os itens.  1 (Analista TCE/AC 2007) No plano administrativo, a administração pública burocrática surgiu  no século XVIII, com o início do Iluminismo europeu.  2  (Analista TCE/AC 2007) A  administração  pública evoluiu  por meio  de  três modelos básicos:  assistencialista, burocrático e gerencial.  3  (Analista  TCE/AC  2007)  A  administração  pública  burocrática  surgiu  para  se  combaterem  a  corrupção e o nepotismo patrimonialista.  4  (Analista  TCE/AC  2007)  A  administração  pública  gerencial,  apesar  de  representar  uma  evolução  em relação  ao  modelo burocrático, foi  apenas uma transição  de métodos  e  técnicas  gerenciais, sem representar, de fato, uma nova visão do Estado e da administração pública.  5  (Analista  TCE/AC  2007)  Na  administração  pública  gerencial,  a  estratégia  volta­se  para  a  definição  dos  objetivos  que  o  administrador  público  deve  atingir  em  sua  unidade,  para  a  garantia  da  autonomia  na  gestão  de  recursos  humanos,  materiais  e  financeiros  e  para  o  controle e a cobrança a posteriori de resultados.  6  (Analista  TCE/AC  2007)    O  modelo  burocrático  tradicional,  privilegiado  pelo  sistema  de  direito  administrativo  brasileiro,  facilita  a  transparência  administrativa  e  promove,  desse  modo, o controle social. www.editoraferreira.com.br  2  Luciano Oliveira 
  • 3. Evolução da Administração Pública no Brasil  7  (Analista  TCE/AC  2007)    Aumentar  a  governança  do  Estado  significa  aumentar  sua  capacidade  administrativa  de  gerenciar  com  efetividade  e  eficiência,  voltando­se  a  ação  dos  serviços do Estado para o atendimento ao cidadão.  8  (AFPS 2003) Tendo  em vista a  solução  de problemas da  administração  pública  brasileira, é  correto  enfatizar  alguns  princípios,  como  a  focalização  da  ação  no  cidadão,  a  flexibilização  administrativa, o controle social e a valorização do servidor.  9  (Analista  TCE/AC  2007)    O  regime  jurídico  de  direito  público  encontra­se  fundado  nos  princípios  da  prevalência  do  interesse  público  sobre  o  privado  e  o  da  indisponibilidade  desse  interesse  público.  No  entanto,  de  acordo  com  uma  concepção  moderna  do  direito  administrativo,  de cunho  gerencial, não  se  pode  afirmar  que  o  interesse  público  se  confunde  com o do Estado.  10  (Juiz  Federal  5.ª  Região  2006)  Segundo  o  plano  diretor  da  reforma  administrativa  do  Estado,  o  chamado  terceiro  setor  é  aquele  em  que  a  atuação  do  Estado  ocorre  de  forma  simultânea com entidades organizadas da sociedade civil, criando­se um espaço público, mas  não estatal, cuja forma de administração é do tipo burocrática.  11  (Analista  ANATEL  2006)  O  modelo  de  administração  propugnado  pela  reforma  administrativa é de cunho gerencial.  12  (Consultor  do  Senado  2002)  É  nítido  no  Plano  Diretor  da  Reforma  do  Aparelho  do  Estado  uma visão  evolucionista a partir  da  sucessão  histórica de diferentes  formas  de administração  pública: patrimonial, burocrática e gerencial.  13 (Consultor do Senado 2002) Uma das características do patrimonialismo é a apropriação de  ativos e interesses públicos por particulares.  GA BA RI TO  1E  2E  3C  4E  5C  6E  7C  8C  9C  10E  11C  12C  13C  Por hoje é só, pessoal! Espero que tenham gostado. Desejo a todos bons estudos e boa sorte  na prova do TCU!  Abração.  Luciano Oliveira. www.editoraferreira.com.br  3  Luciano Oliveira