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Nutrição e Esporte 
Uma abordagem bioquímica 
QBQ 2003 
Departamento de Bioquímica 
Instituto de Química 
USP
Nutrição e Esporte 
Uma abordagem bioquímica 
Professores 
Alexandre Z. Carvalho (ale.zat.carvalho@bol.com.br) 
André Amaral G. Bianco (biancob@iq.usp.br) 
Daniela Beton (danielab@iq.usp.br) 
Erik Cendel Saenz Tejada (esaenz@iq.usp.br) 
Fernando H. Lojudice da Silva (lojudice@iq.usp.br) 
Karina Fabiana Ribichich (kribi@iq.usp.br) 
Leonardo de O. Rodrigues (leonardo@iq.usp.br) 
Sayuri Miyamoto (miyamot@iq.usp.br) 
Tie Koide (tkoide@iq.usp.br) 
Supervisor 
Bayardo B. Torres (bayardo@iq.usp.br) 
2003
Cronograma das Aulas 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem bioquímica (QBQ 2003) 
Instituto de Química da USP – Bloco 6 inferior 
Dia Período Tema Abordado 
Manhã Apresentação do curso 
Contração muscular e fibras 
Revisão de vias metabólicas 
10/02/2003 
Tarde Adaptação 
Tomada de O2 
VO2 
Manhã Lactato 
Carboidratos 
Lipídeos 
Intensidade do exercício físico 
11/02/2003 
Tarde Proteínas 
Manhã Estresse Oxidativo 
Defesa Anti-Oxidante 
12/02/2003 
Tarde Vitaminas 
Sais Minerais 
Câimbra 
Hidratação 
13/02/2003 Manhã Doping 
Tarde Suplementos 
14/03/2003 Manhã Grupos Especiais 
Tarde Palestra
INDICE 
1. Contração Muscular e Fibras....................................................................... 1 
2. Revisão – Vias metabólicas....................................................................... 16 
3. ?-Oxidação .............................................................................................. 23 
4. Síntese de Ácidos Graxos......................................................................... 28 
5. Tomada de Oxigênio ................................................................................ 30 
6. Déficit de O2 ............................................................................................ 31 
7. VO2max - Consumo máximo de oxigênio ................................................... 32 
8. Recuperação após o exercício ................................................................... 35 
9. Limiar de Lactato..................................................................................... 40 
10. Adaptações na utilização de diferentes substratos durante o treinamento... 42 
11. Treinamento de longa duração e alta intensidade ..................................... 44 
12. Exercícios de intensidade baixa e moderada.............................................. 46 
13. Proteínas................................................................................................. 48 
14. Carboidratos............................................................................................ 55 
15. Lipídios.................................................................................................... 57 
16. Estresse Oxidativo, Defesa Antioxidante e Atividade Física ......................... 61 
17. Vitaminas e Minerais ................................................................................ 80 
18. Adaptações ao exercício em diferentes populações.................................... 91 
19. Doping ...................................................................................................103 
20. Suplementos..........................................................................................119 
21. Suplementação de Aminoácidos...............................................................131 
22. Hidratação..............................................................................................135 
23. Mitos e verdades acerca dos suplementos alimentares..............................136 
24. Apêndice ................................................................................................139
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
1. Contração Muscular e Fibras 
SISTEMA MUSCULAR 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -1-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
1.1. Introdução 
Os músculos são órgãos constituídos principalmente por tecido muscular, 
especializado em contrair e realizar movimentos, geralmente em resposta a um 
estímulo nervoso. Os músculos podem ser formados por três tipos básicos de tecido 
muscular (figura 1): 
Tecido Muscular Estriado Esquelético 
Apresenta, sob observação microscópica, faixas alternadas transversais, 
claras e escuras. Essa estriação resulta do arranjo regular de microfilamentos 
formados pelas proteínas actina e miosina, responsáveis pela contração 
muscular. A célula muscular estriada chamada fibra muscular, possui 
inúmeros núcleos e pode atingir comprimentos que vão de 1mm a 60 cm. 
Tecido Muscular Liso 
Está presente em diversos órgãos internos (tubo digestivo, bexiga, útero etc) 
e também na parede dos vasos sanguíneos. As células musculares lisas são 
uninucleadas e os filamentos de actina e miosina se dispõem em hélice em 
seu interior, sem formar padrão estriado como o tecido muscular esquelético. 
A contração dos músculos lisos é geralmente involuntária, ao contrário da 
contração dos músculos esqueléticos. 
Tecido Muscular Estriado Cardíaco 
Está presente no coração. Ao microscópio, apresenta estriação transversal. 
Suas células são uninucleadas e têm contração involuntária. 
Figura 1: Os três tipos de tecido muscular 
Músculo Esquelético 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -2-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Antes de prosseguirmos devemos nos recordar que os músculos esqueléticos não podem 
executar suas funções sem suas estruturas associadas (figura 2). Os músculos esqueléticos geram a 
força que deve ser transmitida a um osso através da junção músculo-tendão. As propriedades destes 
elementos estruturais podem afetar a força que um músculo pode desenvolver e o papel que ele tem 
em mecânicos comuns. 
Figura 2: Estruturas associadas ao 
músculo. 
O movimento depende da conversão de energia química do ATP em energia 
mecânica pela ação dos músculos esqueléticos. O corpo humano possui mais de 
660 músculos esqueléticos envolvidos em tecido conjuntivo. As fibras são células 
musculares longas e cilíndricas, multinucleadas que se posicionam paralelas umas 
às outras. O tamanho de uma fibra pode variar de alguns mm como nos músculos 
dos olhos a mais de 100mm nos músculos das pernas. 
Composição Química 
Cerca de 75% do músculo esquelético e composto por água e 20%, proteína. Os 
5% restantes consistem em sais inorgânicos, uréia, acida lático, fósforo, lipídeos, 
carboidratos, etc. As proteínas mais abundantes dos músculos são: miosina (60%), 
actina e tropomiosina. Além disso, a mioglobina também esta incorporada no tecido 
muscular (700 mg de proteína para 100g tecido). 
Aporte Sanguíneo 
Durante o exercício, a demanda por oxigênio é de 4.0L/min e a tomada de 
oxigênio pelo músculo aumenta 70 vezes, 11mL/110g/min, ou seja, um total de 
3400mL por minuto. Para isso, a rede de vasos sanguíneos fornece enormes 
quantidades de sangue para o tecido. Aproximadamente 200 a 500 capilares 
fornecem sangue para cada mm2 de tecido ativo. 
Com treinamentos de resistência, pode haver um aumento na densidade 
capilar dos músculos treinados. Além de fornecer oxigênio, nutrientes e hormônios, 
a microcirculação remove calor e produtos metabólicos dos tecidos. Há estudos 
utilizando microscopia eletrônica que mostram que em atletas treinados, a 
densidade de capilares é cerca de 40% maior do que em pessoas não treinadas. 
Essa relação era aproximadamente igual à diferença na tomada máxima de 
oxigênio observada entre esses dois grupos. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -3-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Para entender a fisiologia e o mecanismo da contração muscular, devemos 
conhecer a estrutura do músculo esquelético.Os músculos esqueléticos são 
compostos de fibras musculares que são organizadas em feixes, (fascículos) (figura 
3). 
Os miofilamentos compreendem as miofibrilas, que por sua vez são 
agrupadas juntas para formar as fibras musculares. Cada fibra possui uma 
cobertura ou membrana, o sarcolema, e é composta de uma substância semelhante 
à gelatina, sarcoplasma. Centenas de miofibrilas contráteis e outras estruturas 
importantes, tais como as mitocôndrias e o retículo sarcoplasmático, estão inclusas 
no sarcoplasma. 
Figura 3: Estrutura muscular 
Ultraestrutura 
Cada miofibrila contém muitos miofilamentos. Os miofilamentos são fios finos 
de duas moléculas de proteínas, actina (filamentos finos) (figura4) e miosina 
(filamentos grossos), que forma um filamento bipolar (figura 5). Há outras 
proteínas envolvidas na contração muscular: troponina e tropomiosina, que se 
localizam ao longo dos filamentos de actina (figura 4), dentre outras. 
Figura 4: Os filamentos 
de actina são polímeros de 
moléculas globulares de 
actina que se enrolam 
formando uma hélice. A 
tropomiosina é um dímero 
helicoidal que se une cabeça a 
cauda formando um cordão. A 
troponina é um trímero que se 
liga a um sítio específico em 
cada dímero de tropomiosina. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -4-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Figura 5: Filamento grosso de miosina. As moléculas 
de miosina se associam cauda a cauda para formar o 
filamento 
Ao longo da fibra muscular é possível observar bandas claras e escuras, o 
que dá ao músculo a aparência estriada (figura 6). A área mais clara é denominada 
banda I e a mais escura, A. A linha Z bissecciona a banda I e fornece estabilidade à 
estrutura. A unidade entre duas linhas Z é denominada de sarcômero, a unidade 
funcional da fibra muscular. A posição da actina e miosina no sarcômero resulta em 
filamentos com sobreposição. A região A contém a zona H, onde não há filamentos 
de actina. Essa zona é bisseccionada pela linha M que delineia o centro do 
sarcômero e contém estruturas protéicas para suportar o arranjo dos filamentos de 
miosina. 
Figura 6: (A) Micrografia eletrônica de baixa magnificação através de corte 
longitudinal de músculo esquelético, mostrando o padrão estriado. (B) Detalhe do 
músculo esquelético mostrado em (A), mostrando porções adjacentes de duas 
miofibrilas e a definição de sarcômero. (C) Diagrama esquemático de um único 
sarcômero, mostrando a origem das bandas claras e escuras vistas nas 
micrografias eletrônicas. A linha Z, localizada nas extremidades dos sarcômeros, 
estão ligadas a sítios dos filamentos finos (filamentos de actina), a linha M, na 
metade do sarcômero, é a localização de proteínas específicas que ligam 
filamentos grossos adjacentes (filamentos de miosina). As regiões verdes marcam 
a localização dos filamentos grossos e são referidas como banda A. As regiões 
vermelhas contêm somente filamentos finos e são chamadas de banda I. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -5-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Etapas da Contração Muscular 
1) Um potencial de ação trafega ao longo de um nervo motor até suas 
terminações nas fibras musculares; 
2) Em cada terminação, o nervo secreta uma pequena quantidade de substância 
neurotransmissora: a acetilcolina; 
3) Essa acetilcolina atua sobre uma área localizada na membrana da fibra 
muscular, abrindo numerosos canais acetilcolina-dependentes dentro de 
moléculas protéicas na membrana da fibra muscular; 
4) A abertura destes canais permite que uma grande quantidade de íons sódio 
flua para dentro da membrana da fibra muscular no ponto terminal neural. 
Isso desencadeia potencial de ação na fibra muscular; 
5) O potencial de ação cursa ao longo da membrana da fibra muscular da 
mesma forma como o potencial de ação cursa pelas membranas neurais; 
6) O potencial de ação despolariza a membrana da fibra muscular e também 
passa para profundidade da fibra muscular, onde o faz com que o retículo 
sarcoplasmático libere para as miofibrilas grande quantidade de íons cálcio, 
que estavam armazenados no interior do retículo sarcoplasmático; 
7) Os íons cálcio provocam grandes forças atrativas entre os filamentos de 
actina e miosina, fazendo com que eles deslizem entre si, o que constitui o 
processo contrátil; 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -6-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
8) Após fração de segundo, os íons cálcio são bombeados de volta para o 
retículo sarcoplasmático, onde permanecem armazenados até que um novo 
potencial de ação chegue; essa remoção dos íons cálcio da vizinhança das 
miofibrilas põe fim à contração. 
Mecanismos da Contração Muscular 
A teoria mais aceita para a contração muscular é denominada sliding 
filament theory (figura 7), que propõe que um músculo se movimenta devido ao 
deslocamento relativos dos filamentos finos e grossos sem a mudança dos seus 
comprimentos. O motor molecular para este processo é a ação das pontes de 
miosina que ciclicamente se conectam e desconectam dos filamentos de actina com 
a energia fornecida pela hidrólise de ATP. Isto causa uma mudança no tamanho 
relativo das diferentes zonas e bandas do sarcômero e produz força nas bandas Z. 
Figura 7: Sliding filament 
theory como modelo de 
contração muscular. Os 
filamentos de actina e de 
miosina deslizam uns 
sobre os outros sem 
diminuição no tamanho 
do filamento. 
A miosina tem um papel enzimático e estrutural na ação muscular. A cabeça 
globular tem atividade de ATPase ativada por actina no sitio de ligação a actina e 
fornece a energia necessária para a movimentação das fibras 
Seqüência de eventos na contração muscular 
1)Com o sítio de ligação de ATP livre, a miosina se liga fortemente a actina (figura 
8); 
2) Quando uma molécula de ATP se liga a miosina, a conformação da miosina e o 
sítio de ligação se tornam instáveis liberando a actina; 
3) Quando a miosina libera a actina, o ATP é parcialmente hidrolisado 
(transformando-se em ADP) e a cabeça da miosina inclina-se para frente; 
4) A religação com a actina provoca a liberação do ADP e a cabeça da miosina se 
altera novamente voltando à posição de início, pronta para mais um ciclo. 
5) Todo este ciclo leva ao deslocamento dos filamentos e o músculo contrai; 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -7-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
6) A ativação continua até que a concentração de cálcio caia e libere os complexos 
inibitórios troponina-tropomiosina, relaxando o músculo. 
Tipos de Fibras Musculares 
Figura 8: O ciclo de mudanças 
nas quais a molécula de miosina 
“caminha” sobre os filamentos 
de actina (Baseado em I. 
Rayment et al., Science 261:50- 
58, 1993). 
Há diferentes e controversos critérios para a classificação do músculo 
esquelético humano. Baseados nas características de contração e metabolismo 
podemos classificar dois tipos de fibras, as de contração rápida e lenta (figura 9). 
Figura 9: (A) Células especializadas em produzir contrações 
rápidas são marcadas com anticorpos contra miosina “rápida”. (B) 
Células especializadas em produzir contrações lentas e longas são 
marcadas com anticorpos contra miosina “lenta”. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -8-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Uma técnica comum para estabelecer o tipo de fibra é baseada na 
sensibilidade diferencial a alteração de pH da miosina ATPase. São as 
características dessa enzima que determinam a velocidade de contração do 
sarcômero. Nas fibras rápidas (fast-twitch), a miosina ATPase é inativada por pH 
ácido mas é estável em pH alcalino, essas fibras coram escuro para esta enzima. 
Para fibras lentas (slow-twitch) a atividade da miosina ATPase permanece alta em 
pH ácido e fica estável em pH alcalino. 
As fibras rápidas são conhecidas como células musculares brancas porque 
elas contém relativamente pouco de mioglobina, proteína que se torna vermelha 
quando na presença de oxigênio. As fibras lentas são chamadas de células 
musculares vermelhas, porque elas contêm muito mais desta proteína. As células 
podem ajustar-se à característica rápida ou lenta através de mudanças de 
expressão gênica de acordo com o padrão de estimulação nervosa que elas 
recebem. 
Características dos diferentes tipos de fibra muscular 
Figura 10: Percentagem do grupo de fibras lentas nos 
músculos de atletas de diferentes categorias. 
Cada esporte exige uma demanda de energia, esforço e obviamente uma 
velocidade de contração muscular diferente. Sendo assim é mais do que lógico 
imaginar que existem tipos diferentes de fibras que compõem a musculatura. Como 
observado na figura 10, cada atleta possui uma percentagem específica de fibras de 
contração rápida e lenta. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -9-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Slow-twitch – tipo I 
?? Metabolismo aeróbio 
?? Baixa atividade de miosina ATPase 
?? Baixa velocidade de captação e liberação de cálcio 
?? Capacidade glicolítica menor do que na fast-twitch 
?? Número grande de mitocôndrias, tamanho das organelas é maior 
?? A concentração de mitocôndria e citocromos combinada com alta 
pigmentação por mioglobina são responsáveis pela coloração característica. 
?? Alta concentração de enzimas mitocondriais para o metabolismo aeróbio 
?? Usadas para treino de resistência 
?? SO : slow speed of shortening 
?? Adaptadas ao exercício prolongado 
Fast-twitch – tipo II 
?? Alta capacidade de transmissão eletroquímica dos potenciais de ação 
?? Alta atividade de miosina ATPase 
?? Alta velocidade de liberação e captação de cálcio (reticulo endoplasmático 
desenvolvido) 
?? Gera energia rapidamente para ações rápidas e potentes 
?? Velocidade de contração é de 3 a 5 vezes maior que na slow-twitch 
?? Sistema glicolítico de curta duração bem desenvolvido 
?? Metabolismo anaeróbio 
Tipo IIA 
Intermediaria: contração rápida e capacidade aeróbia moderada (alto nível 
SDH) e anaeróbia (PFK) = FOG (fast oxidative glicolytic fiber) 
Tipo IIB 
Potencial anaeróbio maior – verdadeira fast – twitch FG (fast glicolytic) 
Tipo IIC 
Rara e não diferenciada; envolvida na inervação motora. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -10-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Tipo de fibra pode ser mudado? 
Treinamento: pode induzir mudanças, mas há controvérsias. 
Pode ser que só haja um aumento na capacidade aeróbia das fast. Ou vice versa. 
Altamente determinado pelo código genético. 
Idade não é impedimento 
Diferenças entre grupos atléticos 
45 a 55% de slow-twitch 
slow twitch – atletas de resistência 
Hipertrofia x Hiperplasia 
Hipertrofia é um aumento no tamanho e volume celular enquanto que 
Hiperplasia é um aumento no número de células. 
Se você olhar para um fisiculturista e para um maratonista, de cara dá para 
notar que a especificidade de um treinamento produz efeitos diferentes em cada 
atleta. Um treinamento aeróbico resulta em um aumento de volume/densidade 
mitocondrial, enzimas oxidativas e densidade capilar (devido a um aumento no 
número de hemácias). Atletas de resistência também possuem as fibras de seus 
músculos treinados, menores quando comparadas com as de pessoas sedentárias. 
Por outro lado, fisiculturistas e outros levantadores de peso, têm músculos muito 
maiores. Sabe-se que o aumento de massa é devido primariamente à hipertrofia 
das fibras, mas há situações onde a massa muscular também aumenta em resposta 
a um crescimento no número de células. 
Apesar de hiperplasia ser uma grande controvérsia entre pesquisadores da 
área, em modelos animais já foi demonstrado que sob certas condições podem 
ocorrer tanto hipertrofia quanto hiperplasia das fibras musculares, com um 
aumento de até 334% para massa muscular e 90% para o número de fibras. 
Uma das evidências da existência da Hiperplasia em seres humanos, é que 
este processo também pode contribuir para o aumento de massa muscular. Por 
exemplo, um estudo feito em nadadores, revelou que estes tinham fibras do tipo I 
e IIa do músculo deltóide menores que as de não nadadores, entretanto o tamanho 
deste músculo era muito maior nos nadadores. Por outro lado, alguns 
pesquisadores mais céticos atribuem o fato de fisiculturistas e outros atletas deste 
tipo possuírem fibras de tamanho menor ou igual ao de indivíduos não treinados à 
genética: estes atletas simplesmente nasceram com maior número de fibras. 
Existem dois mecanismos primários pelos quais novas fibras podem ser 
formadas. No primeiro, fibras grandes podem se dividir em duas ou mais fibras 
menores. No segundo, células satélite podem ser ativadas. Células satélite são 
“stem cells” (células-tronco) miogênicas envolvidas na regeneração do músculo 
esquelético. Quando você danifica, estira ou exercita as fibras musculares, células 
satélite são ativadas. Células satélite proliferam e dão origem a novos mioblastos. 
Estes novos mioblastos podem tanto se fundir com fibras já existentes quanto se 
fundir com outros mioblastos para formar novas fibras. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -11-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Câimbras e Fadiga Muscular 
Apesar de existirem muitas causas para câimbras musculares ou tetania, 
grandes perdas de sódio e líquidos costumam ser fatores essenciais que 
predispõem atletas a câimbras musculares. O sódio é um mineral importante na 
iniciação dos sinais dos nervos e ações que levam ao movimento nos músculos. Nós 
temos uma baixa nas reservas de sódio no organismo ao transpirarmos quando 
praticamos alguma atividade física. 
Um estudo realizado com um tenista profissional no EUA apresentava que a perda 
de sódio em uma partida de várias horas era muito maior do que o consumo diário 
desse mineral pelo atleta e o quadro de câimbras musculares era reincidente. Dada 
a popularidade de dietas com pouco sódio, um déficit de sódio não está fora de 
questão quando um atleta está suando em taxas altas, particularmente nos meses 
quentes do ano. 
Mas não devemos apenas associar as câimbras musculares o déficit do sódio 
no organismo. Existem outras causas potenciais como diabetes, problemas 
vasculares (estes pela baixa de oxigênio na fibra muscular, já que o oxigênio é 
elemento fundamental na contração muscular) ou doenças neurológicas. Os atletas 
atribuem câimbras à falta de potássio ou outros minerais como cálcio ou magnésio. 
A opinião médica atual não dá apoio a esta idéia. Os músculos tendem a acumular 
potássio, cálcio e magnésio de forma tal que são perdidos em níveis menores na 
transpiração, se comparados com sódio e cloreto. A dieta geralmente fornece 
quantidades adequadas para prevenir déficits que iriam contribuir para a ocorrência 
de câimbras. 
A fadiga pode ser entendida como um declínio gradual da capacidade do 
músculo de gerar força, resultante de atividade física (figura 11). 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -12-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Figura 11: Representação 
esquemática da fadiga de 
contrações intermitentes 
submáximas. A capacidade 
máxima de geração de força 
diminui logo a partir do início da 
atividade. 
A fadiga muscular resulta de muitos fatores, cada um deles relacionados às 
exigências específicas do exercício que a produz. Esses fatores podem interagir de 
maneira que acabe afetando sua contração ou excitação, ou ambas. As 
concentrações de íons de hidrogênio podem aumentar causando acidose. Os 
estoques de glicogênio podem diminuir dependendo das condições de contração. Os 
níveis de fosfato inorgânico podem aumentar. As concentrações de ADP podem 
aumentar. A sensibilidade de Ca2+ da Troponina pode ser reduzida. A concentração 
de íons livres de Ca2+ dentro da célula pode estar reduzida. Pode haver mudanças 
na freqüência de potenciais de ação dos neurônios. Uma redução significativa no 
glicogênio muscular está relacionada à fadiga observada durante o exercício 
submáximo prolongado. A fadiga muscular no exercício máximo de curta duração 
está associada à falta de oxigênio e um nível sangüíneo e muscular elevado de 
ácido lático, com um subseqüente aumento drástico na concentração de H+ dos 
músculos que estão sendo exercitados. Essa condição anaeróbica pode causar 
alterações intracelulares drásticas dentro dos músculos ativos, que poderiam incluir 
uma interferência no mecanismo contrátil, uma depleção nas reservas de fosfato de 
alta energia, uma deterioração na transferência de energia através da glicólise, em 
virtude de menor atividade das enzimas fundamentais, um distúrbio no sistema 
tubular para a transmissão do impulso por toda a célula e desequilíbrio iônicos. É 
evidente que uma mudança na distribuição de Ca2+ poderia alterar a atividade dos 
miofilamento e afetar o desempenho muscular. A fadiga também pode ser 
demonstrada na junção neuromuscular, quando um potencial de ação não consegue 
ir do motoneurônio para a fibra muscular. O mecanismo exato da fadiga é 
desconhecido. 
A contração muscular voluntária envolve uma “cadeia de comando” do 
cérebro às pontes cruzadas de actina-miosina (figura 12). A fadiga pode ocorrer 
como resultado de rompimento de qualquer local da cadeia de comando. A fadiga 
pode ser descrita tanto como central como periférica. A fadiga central está 
tipicamente associada com a ausência de motivação, transmissão espinhal 
danificada ou recrutamento das unidades motoras danificado. Geralmente, fatiga 
periférica se refere ao dano na transmissão nervosa periférica, na transmissão 
neuromuscular, dano no processo de ativação das fibras ou interações actina-miosina. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -13-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Figura 12: Figura esquemática 
representando a “cadeia de 
comando” da contração muscular. 
1. Preencha a tabela abaixo, indicando para cada esporte, qual seria o tipo de fibra 
predominante (tipo I - lenta, tipo II - rápida), a fonte de energia mais utilizada e se 
o exercício é aeróbio ou anaeróbio 
Tipo de Esporte Tipo de fibra Fonte de energia Aeróbio/anaeróbio 
Corrida 100m 
Maratona 
Caminhada 
Natação 
Sedentário 
2. Além do ATP, a creatina fosfato também fornece energia e sua reserva é de 3 a 5 
vezes maior do que as de ATP. A creatina fosfato é produzida nos períodos de 
repouso, por fosforilação à custa de ATP: 
Creatina + ATP Creatina Fosfato + ADP + H+ 
A reação é reversível catalisada pela creatina quinase. Durante a atividade 
muscular, processa-se no sentido da regeneração de ATP, o doador imediato de 
energia para a contração. A quantidade de ATP e de Creatina Fosfato (CP) 
armazenada no músculo é de aproximadamente 5 mmol e 15 mmol por kg de 
músculo, respectivamente. A hidrólise de 1 mol de ATP libera aproximadamente 7 
kcal/mol e a de Creatina fosfato, 10kcal/mol. Seja uma pessoa de 70kg com 30kg 
de massa muscular que mobiliza 20kg dos músculos durante uma atividade física. 
Para cada uma das atividades, calcule por quanto tempo seria possível realizar a 
atividade, levando em consideração os dados de gasto energético fornecidos na 
tabela. 
Tipo de Esporte Gasto energético 
(kcal/min) 
Tempo 
Ciclismo (rápido) 12,0 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -14-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 
Judo 13,8 
Karate 13,8 
Corrida (rápido) 20,5 
Natação (intenso) 12,0 
Competição pólo 
13,6 
aquático 
Baseado nos seus cálculos, explique como essas atividades podem ser 
mantidas por um período de tempo maior, como ocorre usualmente. Que tipo de 
substrato seria utilizado como fonte de energia? Você se lembra das vias de 
utilização desses substratos? Para utilizar os substratos que você citou, é 
necessário que haja oxigênio? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -15-
REVISÃO – VIAS METABÓLICAS 
2. Revisão – Vias metabólicas 
(retirados do livro de Bioquímica básica do Bayardo) 
Geral 
Mapa pg 340 (mapa1) 
Ex1 
Qual é a finalidade biológica dos processos descritos no mapa 1? 
Quais os compostos aceptores de hidrogênio? 
Qual é a função das coenzimas e do oxigênio na oxidação dos alimentos? 
Ex2 
Mapa pg 116 
Observe o mapa abaixo. Ele mostra de forma simplificada o metabolismo de 
degradação de carboidratos, lipídeos e proteínas, com reações reversíveis e 
irreversíveis. 
Em que composto há convergência dessas vias? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -16-
REVISÃO – VIAS METABÓLICAS 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -17-
REVISÃO – VIAS METABÓLICAS 
Complete o quadro abaixo, indicando se as conversões indicadas são possíveis e 
quais etapas seriam percorridas para cada conversão possível 
Conversões Possível? Etapas 
a. Proteína ? Glicose 
b. Proteína ? Ácido 
Graxo 
c. Glicose ? Ácido 
Graxo 
d. Glicose ? Proteína 
e. Ácido Graxo ? 
Glicose 
f. Ácido Graxo ? 
Proteína 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -18-
REVISÃO – VIAS METABÓLICAS 
GLICOSE 
hexoquinase 
GLICOSE 6 P 
FRUTOSE 6 P 
fosfofrutoquinase 1 
FRUTOSE 1,6 
BISFOSFATO 
DIIDROXIACETONA 
FOSFATO 
GLICERALDEÍDO 3 P 
FOSFOENOLPIRUVATO 
piruvato quinase 
PIRUVATO 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -19-
REVISÃO – VIAS METABÓLICAS 
2.1. Glicólise 
1. Quais são os substratos iniciais da via? 
2. Quais são os seus produtos? 
3. O NADH produzido na glicólise pode ser oxidado aerobia ou anaerobiamente? 
Que vias ou reações estariam envolvidas? O que ocorre com o piruvato? 
4. Fosfofrutoquinase 1: Esta enzima tem como inibidor o ATP e como efetuador 
alostérico positivo o AMP. Pense, em um músculo em contração vigorosa, qual é 
a conseqüência dessa regulação? Se o aporte de oxigênio for insuficiente para o 
músculo, o que deve ocorrer com as coenzimas? Haverá produção de lactato? 
2.2. Conversão de piruvato a acetil-coA 
A conversão do piruvato a acetil-coA é catalisada por um complexo 
multienzimático chamado complexo piruvato desidrogenase que requer cinco 
coenzimas: tiamina pirofosfato (TPP), coenzima A (CoA), nicotinamida adenina 
dinucleotídeo (NAD+), flavina adenina dinucleotídeo (FAD) e ácido lipóico. As quatro 
primeiras coenzimas são derivadas de vitaminas hidrossolúveis: tiamina, ácido 
pantotênico, nicotinamida e riboflavina, respectivamente. O ácido lipóico também é 
uma vitamina. A equação da reação é a seguinte: 
Piruvato + Coenzima A + NAD+ ? Acetil-CoA + NADH + CO2 
a) Qual é a importância dessa reação no metabolismo? De onde vem o piruvato? 
b) O que a falta de uma das vitaminas causaria? 
c) Em que compartimento celular ocorre esta reação? 
d) Se um indivíduo possuir um excesso de vitamina, haverá um aumento na 
velocidade de reação? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -20-
REVISÃO – VIAS METABÓLICAS 
2.3. Ciclo de Krebs 
ACETIL-CoA 
MALATO 
CITRATO 
ISOCITRATO 
NAD+ 
NADH + H+ 
CO2 
isocitrato 
desidrogenase 
? -CETOGLUTARATO 
OXALOACETATO 
H2O 
CoA 
? -cetoglutarato 
desidrogenase 
citrato 
sintase 
succinato 
desidrogenase 
SUCCINATO SUCCINIL-CoA 
NADH + H+ 
H2O 
FUMARATO 
Co-A 
NAD+ 
NADH + H+ 
CO2 
GDP + Pi 
CoA 
GTP 
NAD+ 
FADH2 
FAD 
1. O ciclo de Krebs se inicia com a condensação de acetil-coA e oxaloacetato. 
Observe o mapa 1. De onde vem o acetil-CoA? (Na sua opinião, qual é a 
contribuição de cada composto para formação de acetil-CoA?) 
2. Quantas coenzimas são reduzidas para uma molécula de acetil-coA? 
3. Como o ciclo de Krebs pode contribuir para a formação de grande parte do ATP 
produzido na célula se ele gera somente 1 ATP e 1 GTP por molécula de acetil-coA? 
Esta via pode funcionar em condições anaeróbias? 
4. Em um programa de treinamento, foram medidas a atividade da succinato 
desidrogenase e da citrato sintase. Em que vias essas enzimas participam? Qual 
seria o motivo para utilizar essas medidas para avaliação em um programa de 
treinamento físico? 
2.4. Cadeia de transporte de elétrons e Fosforilação oxidativa 
1. Qual é a função da cadeia de transporte de elétrons? Esta via poderia funcionar 
sem oxigênio? 
2. As necessidades celulares de ATP variam bastante de acordo com o estado 
fisiológico da célula. Uma fibra muscular pode ter suas necessidades 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -21-
REVISÃO – VIAS METABÓLICAS 
aumentadas de 100 vezes em poucos segundos quando passa do repouso para 
uma atividade física intensa. Para promover o ajuste de produção de ATP e seu 
gasto, o transporte de elétrons só ocorre com a síntese de ATP e vice-versa. 
Para que essas reações ocorram, os substratos são: coenzimas reduzidas, 
oxigênio, ADP e Pi, dentre os quais somente o ADP atinge concentrações 
limitantes na célula. 
Descreva o que ocorre no ciclo de Krebs, cadeia de transporte de elétrons, 
fosforilação oxidativa e glicólise quando 
a) a razão ATP/ADP aumenta 
b) a razão ATP/ADP diminui 
1) a razão NAD+/NADH aumenta 
2) a razão NAD+/NADH diminui 
2.5. Glicogênio 
1. O glicogênio é sintetizado principalmente pelo fígado e músculos quando a 
oferta de glicose supera as necessidades energéticas imediatas destes órgãos. O 
glicogênio deve ser sintetizado em uma situação fisiologicade razão ATP/ADP 
alta ou baixa? Por que? Essa condição deve ocorrer durante o exercício ou 
durante o repouso? 
2.6. Gliconeogênese 
1. A gliconeogênese é uma via que se processa no fígado e minoritariamente nos 
rins e tem como objetivo a síntese de glicose a partir de compostos que não são 
carboidratos, aminoácidos, lactato e glicerol. Essa via utiliza as reações 
reversíveis da glicólise e substitui por outras irreversíveis. Há gasto de energia 
para efetuar a síntese de glicose? Qual é a necessidade de sintetizar glicose para 
um organismo? Essa via é realmente necessária já que temos reservas de 
glicogênio? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -22-
(-OXIDAÇÃO 
3. ? -Oxidação 
A continuação você tem os mapas das vias metabólicas mais importantes tal 
e qual elas são conhecidas em mamíferos. Eles estão relativamente simplificados ao 
efeito de que você consiga relembrar coisas básicas e não fique perdido no meio da 
complexidade que elas possuem. Logo de cada via, se apresentam detalhes dos 
pontos importantes por serem pontos de regulação, por envolverem gasto ou 
produção de energia ou poder redutor, ou por mostrar moléculas que serão 
nomeadas de aqui em diante e cujo destino você conseguirá seguir pelo universo 
metabólico. Alguns desses detalhes serão de utilidade não nessa fase de revisão e 
sim ao longo do curso. 
-Observe a via de degradação de triacilgliceróis e oxidação (?-oxidação) de ácidos 
graxos. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -23-
(-OXIDAÇÃO 
Revisemos alguns pontos dos caminhos indicados no diagrama anterior: 
(1) - Utilização do glicerol 
(2) - Ativação ao nível da membrana externa da mitocôndria 
- Transporte ao nível da membrana interna da mitocôndria 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -24-
(-OXIDAÇÃO 
(E) A TRANSFERASE cataliza o processo e é regulada por (-) malonil-CoA (Ver na via 
da síntese de ácido graxo) 
(3) - ? - Oxidação 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -25-
(-OXIDAÇÃO 
Em determinadas condições fisiológicas, o acetil-CoA gerado na ? - oxidação não 
pode ser aproveitado no ciclo de Krebs e se produz a formação de corpos cetônicos 
(acetona, acetoacetato, .e ?-hidroxibutirato), como se indica em baixo. 
Tente responder: 
1- Observando a via geral, de que depende a mobilização dos depósitos de 
triacilgliceróis? Considerando que os hormônios catecolaminas (epinefrina ou 
adrenalina e norepinefrina ou noradrenalina) são sintetizados em situações de 
perigo, hipoglicemia, exercício físico e exposição a baixas temperaturas, 
estimulando a produção de glucagon e inibindo a da insulina, em que condições 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -26-
(-OXIDAÇÃO 
fisiológicas é ativada a lipase dos adipócitos? Nessas condições, quais serão as 
principais fontes de energia do tecido muscular? 
2- Os subprodutos das vias que estão realçados (diidroxiacetona fosfato, o acetil- 
CoA e o Succinil-CoA) funcionam como intermediários de outras vias nas quais eles 
são processados. Quais são essas vias. 
3- A carnitina é um composto amplamente distribuído pelos diferentes tecidos mas 
encontrado em concentrações elevadas no músculo. O que sugere este dado? 
4- Em quais das seguintes situações haverá estímulo da formação de corpos 
cetônicos: 
-dieta rica em hidratos de carbono e normal em lipídeos 
-jejum 
- dieta rica em lipídeos e normal em hidratos de carbono 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -27-
SÍNTESE DE ÁCIDOS GRAXOS 
4. Síntese de Ácidos Graxos 
A primeira etapa da síntese de ácidos graxos é o transporte de Acetil-CoA para o 
citossol 
Revisemos o ponto da síntese dos caminhos indicados no diagrama anterior: 
(1) 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -28-
SÍNTESE DE ÁCIDOS GRAXOS 
4.1. Síntese de triacilgliceróis 
Discuta a seguinte afirmação: 
1) “Os triacilgliceróis constituem a forma de armazenamento de todo o excesso de 
nutrientes” 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -29-
TOMADA DE OXIGÊNIO 
5. Tomada de Oxigênio 
A figura acima mostra a tomada de oxigênio pulmonar durante os minutos 
iniciais de uma corrida com velocidade constante por 10 min, ou seja, um exercício 
leve. Nos primeiros minutos, há um aumento exponencial da tomada de O2. A 
região do gráfico onde nível de tomada de O2 permanece constante é considerado o 
estado estacionário. 
1. O que significa o estado estacionário em relação ao balanço energético? 
2. A produção de ATP ocorre de forma aeróbia ou anaeróbia? 
3. Ocorre acúmulo de lactato? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -30-
DÉFICIT DE O2 
6. Déficit de O2 
O déficit de O2 é a diferença entre o oxigênio total consumido durante o exercício e 
o total que teria sido consumido se uma taxa estacionária do metabolismo aeróbio 
tivesse sido alcançada no início. No gráfico, o déficit está representado pela área 
em lilás. 
1. Enquanto a tomada de oxigênio é pequena, qual é a fonte de energia 
utilizada preferencialmente? 
2. Por que há sempre um atraso do aumento na tomada de oxigênio em relação 
ao gasto de energia? Responda levando em consideração a produção de 
substratos oxidáveis. 
3. Por que o déficit de oxigênio é menor nos indivíduos treinados? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -31-
VO2MAX - CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO 
7. VO2max - Consumo máximo de oxigênio 
Em uma conversa entre atletas profissionais, provavelmente você irá ouvir a 
frase: "qual é o seu VO2Max?" Um alto nível de consumo máximo de oxigênio é 
uma das características principais de atletas de esportes de alta intensidade como 
corrida e ciclismo, portanto, deve ser uma característica importante... Mas o que é 
e como ele é medido? 
7.1. Definição de VO2 Max 
VO2Max é o volume máximo de oxigênio consumido pelo corpo por minuto 
durante o exercício realizado no nível do mar. Como o consumo de oxigênio está 
linearmente relacionado com o gasto de energia, quando medimos o consumo de 
oxigênio, estamos medindo indiretamente a capacidade máxima do indivíduo de 
realizar um trabalho aeróbico. 
7.2. Por que o dele é maior que o meu??? 
Devemos começar perguntando: "quais são os determinantes do VO2Max?" 
Toda célula consome oxigênio para converter a energia dos alimentos em ATP para 
o trabalho celular. As células musculares em contração têm alta demanda por ATP, 
o que faz com que o consumo de oxigênio aumente durante o exercício. A soma 
total de bilhões de células de todo o corpo consumindo oxigênio e gerando CO2 
pode ser medida pela respiração, usando equipamentos que medem o volume e a 
presença de oxigênio. Portanto, se medimos um consumo maior de oxigênio 
durante o exercício, sabemos que mais células musculares estão contraindo e 
consumindo oxigênio. Para receber e usar o oxigênio para gerar ATP para a 
contração muscular, as fibras musculares são absolutamente dependentes de dois 
fatores: 
1) um sistema de delivery para levar o oxigênio da atmosfera para as células 
musculares 
2) mitocôndrias para realizar o processo de transferência de energia aeróbia 
De fato, os atletas de resistência são caracterizados por possuir um ótimo 
sistema cardiovascular e uma capacidade oxidativa bem desenvolvida nos 
músculos esqueléticos. Precisamos de uma bomba eficiente para enviar o sangue 
rico em oxigênio para os músculos e também de músculos ricos em mitocôndria 
para usar o oxigênio e sustentar altas taxas de exercício físico. Mas, qual seria o 
fator limitante na VO2Max, o delivery ou a utilização de oxigênio? Esta questão 
criou muito debate entre os fisiologistas, mas agora já temos uma resposta clara. 
7.3. Os músculos dizem, se você entrega-ló, nós o usaremos. 
Muitos experimentos de diferentes tipos sustentam o conceito de que, em 
indivíduos treinados, é o delivery e não a utilização de oxigênio que limita o 
VO2Max. Realizando exercícios com uma perna e medindo diretamente o consumo 
muscular de oxigênio de uma pequena massa muscular, foi mostrado que a 
capacidade do músculo utilizar o oxigênio excede a capacidade do coração de 
bombeá-lo. Apesar de um homem adulto possuir de 30 a 35 kg de músculo, 
somente uma parte desse músculo pode ser perfundido com sangue a qualquer 
momento. O coração não pode enviar um grande volume de sangue para todo o 
músculo esquelético e ainda manter uma pressão sangüínea adequada. Como mais 
uma evidência para uma limitação no delivery, um treino de resistência longo pode 
resultar em um aumento de 300% da capacidade oxidativa do músculo mas 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -32-
VO2MAX - CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO 
aumenta somente de 15 a 25% o VO2Max. O VO2Max pode também ser 
alterado artificialmente mudando a concentração de oxigênio no ar. Além dissso, o 
VO2Max costuma aumentar em pessoas não-treinadas antes que ocorra uma 
mudança na capacidade aeróbica do músculo. Todas essas observações 
demonstram que o VO2Max pode ser dissociado das caracterísiticas do músculo 
esquelético. 
O volume de sangue que é ejetado do ventrículo esquerdo a cada batimento 
cardíaco é chamado de "stroke" e está relacionado linearmente com o VO2max. O 
treinamento faz com que haja um aumento do stroke volume e portanto, um 
aumento da capacidade caríaca máxima. Isto resulta em uma maior capacidade 
para o delivery de oxigênio. Mais músculos são abastecidos de oxigênio 
simultaneamente e ao mesmo tempo, a pressão sanguínea é mantida. 
É importante também considerar e compreender o papel da capacidade 
oxidativa do músculo. À medida que o sangue rico em oxigênio passa pela rede de 
capilares de um músculo esquelético em ação, o oxigênio difunde para fora dos 
capilares para a mitocôndria, seguindo o gradiente de concentração. Quanto maior 
a taxa do consumo de oxigênio pela mitocôndria, maior é a extração do oxigênio e 
maior a diferença entre a concentração de O2 entre o sangue arterial e venoso. O 
delivery é o fator limitante pois mesmo nos músculos treinados, não se pode usar o 
oxigênio que não é fornecido. Mas, se o sangue chega nos múculos que não são 
treindados, VO2max será menor apesar de uma maior capacidade de delivery. 
7.4. Como o VO2Max é medido? 
Para determinar a capacidade aeróbica máxima, devemos seguir condições 
de exercício que demandam a capacidade máxima de delivery de sangue pelo 
coração. Para isso, devemos considerar as seguintes características: 
?? Utilizar pelo menos 50% da massa muscular total. Atividades que 
cumprem este requisito: corrida, ciclismo, remo. O método mais comum 
no laboratório é a corrida em uma esteira, com inclinações e velocidades 
diferentes. 
?? Ser independente da força, velocidade, tamanho do corpo e habilidades. 
?? Ter duração suficiente para que as respostas cardiovasculares sejam 
maximizadas. Geralmente, testes para capacidade máxima usando 
exercício contínuos são completados em 6 a 12 minutos. 
?? Ser feito por pessoas motivadas pois os testes para medir VO2max são 
muito pesados mas terminam rapidamente. 
Eis um exemplo do que ocorre durante um teste. Sua freqüência cardíaca 
será medida e o teste se inicia por uma caminhada em uma esteira a velocidades 
baixas e sem inclinação. Se você estiver em forma, o teste pode ser iniciado com 
uma corrida leve. Então, a velocidade e/ou a inclinação da esteira é aumentada em 
intervalos regulares (30s a 2 min). Enquanto você corre, estará respirando por um 
sistema de 2 válvulas. O ar entra do ambiente mas será expirado por sensores que 
medem o volume e a concentração de O2. 
Usando estas válvulas, a tomada de O2 
pode ser calculada por um 
computador em cada estágio do exercício. A cada aumento na velocidade ou 
inclinação, uma massa muscular maior será utilizada em maior intensidade. O 
consumo de oxigênio ira aumentar linearmente com o aumento de carga. Porém, 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -33-
VO2MAX - CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO 
em algum ponto, o aumento da intensidade não irá resultar em um aumento do 
consumo de oxigênio. Esta é a indicação de que você atingiu o VO2 max. 
O valor do VO2 max pode ser dado em duas formas: absoluta, ou seja, em 
litros/min e o valor é tipicamente entre 3 e 6 para homes e 2,5 e 4,5 para 
mulheres. O valor absoluto não leva em conta as diferenças de tamanho do corpo. 
Por isso, outra forma de expressar o VO2max é na forma relativa, em ml por min 
por kg. 
O consumo máximo de oxigênio entre homens não-treinados com 
aproximadamente 30 anos é aproximadamente 10-45 ml/min/kg e diminui com a 
idade. O indivíduo que faz exercícios regularmente pode aumentar para 50-55 
ml/min/kg. Um corredor de ponta com 50 anos pode ter um valor de VO2max 
maior do que 60 ml/min/kg. Já um campeão olímpico de 10.000 metros 
provavelmente apresenta um valor próximo de 80ml/min/kg. Claramente, o treino 
é importante mas a genética favorável também é um fator crítico. Mais uma 
informação: antes de você ficar muito impressionado com o corredor na TV, 
lembre-se ue os humanos não são nada em comparação com muitos animais 
atletas - o VO2 de um cavalo treinado é de 600 litros/min ou 150ml/min/kg! 
Como vimos no texto, um dos fatores que afeta o VO2max é a pressão de 
oxigênio. Isso ocorre pois a ligação do oxigênio à hemoglobina é regulada pelo 2,3 
bisfosfoglicerato (2,3 BPG). O 2,3 BPG está presente em concentrações 
relativamente altas nos eritrócitos e faz com que a afinidade da hemoglobina pelo 
oxigênio seja bastante reduzida de acordo com a pressão de oxigênio. A 
concentração de BPG no sangue de um indivíduo normal é de aproximadamente 5 
mM no nível do mar e de aproximadamente 8 mM em grandes altitudes. O gráfico 
abaixo mostra uma curva de saturação de oxigênio para a hemoglobina em função 
da pressão de oxigênio para diferentes concentrações de BPG. 
a) Explique por que o BPG é importante para a adaptação fisiológica em regiões de 
grandes altitudes. 
b) A afinidade da hemoglobina fetal por BPG é maior ou menor que nos adultos? 
Por que? 
c) Os indivíduos treinados possuem maior ou menor concentração de 2,3 BPG. Este 
fato é coerente com a diferença de déficit de oxigênio observada no gráfico da 
tomada de oxigênio? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -34-
RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO 
8. Recuperação após o exercício 
8.1. Definição de EPOC / relação de EPOC com intensidade do exercício 
Após uma atividade física, os processos fisiológicos do corpo não voltam 
imediatamente ao estado de repouso. Independente da intensidade do exercício, a 
tomada de oxigênio durante a recuperação (pós-exercício) sempre excede o valor 
do repouso. Este excesso é chamado de débito de oxigênio ou recovergy oxygen 
uptake ou EPOC (“Excess Post Exercise Oxygen Consumption” - excesso de 
oxigênio pós-exercício). Ele é calculado como: 
(Oxigênio total consumido na recuperação) - (Oxigênio total que teria sido 
consumido no repouso durante o período de recuperação se o exercício não tivesse 
sido realizado) 
Então, se um total de 5.5L de oxigênio foi consumido durante a recuperação 
até atingir o valor de repouso de 0.310L/min e o tempo de recuperação foi de 10 
min, o débito de oxigênio seria de 5.5L - (0.310L x 10 min) = 2.4L. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -35-
RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO 
Os gráficos acima mostram a tomada de oxigênio durante e depois do 
exercício. Indique para cada um dos gráficos a intensidade do exercício: 
a) leve 
b) aeróbico moderado a pesado 
c) máximo (aeróbico + anaeróbico) 
Justifique, tentando explicar o por que de uma componente mais rápida e 
outra mais lenta nos dois últimos gráficos, relacionando com a intensidade e 
duração do exercício. Que elementos indicados no gráfico levaram a essas 
conclusões? 
2. Qual seria a função desse excesso de oxigênio pós-exercício? 
3. Implicações do EPOC na recuperação 
O EPOC tem implicações para a recuperação após o exercício que pode ser 
feita de forma ativa ou passiva. A forma passiva consiste em repouso, inatividade 
completa que reduz o requerimento de energia, liberando o O2 para o processo de 
recuperação. A forma ativa ou cooling down é feita com exercício aeróbio sub-maximal, 
dessa forma, o movimento aeróbio contínuo evita a fadiga e facilita a 
recuperação. 
Que tipo de recuperação seria mais adequado para: 
a) exercício feito com uptake de O2 abaixo de 50% de VO2 max 
b) exercício cuja intensidade ultrapassa 60 a 75% do VO2 max 
Justifique, levando em consideração a função do EPOC e a formação de ácido 
lático. 
Observe o gráfico abaixo e responda: 
1. Descreva as diferenças observadas no gráfico entre um indivíduo treinado e não 
treinado para as diferentes intensidades de exercício físico. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -36-
RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO 
2. No exercício leve, como o ATP necessário é gerado? Há aumento na 
concentração do lactato? Por que? 
3. Assumindo que ocorre hipóxia nos tecidos, como explicar o acúmulo de lactato 
no exercício moderado? Explique, utilizando na sua resposta a via glicolítica e a 
produção de NADH. 
4. Por que durante o repouso há produção de lactato? O que significa o nível basal 
de lactato? O lactato pode ser formado continuamente em repouso e durante o 
exercício moderado. Em condições aeróbias, há um balanço entre a produção e a 
remoção de lactato por outros tecidos, mantendo a concentração estável. Quando a 
taxa de remoção não é equilibrada pela produção, ocorre o acúmulo de lactato. Por 
que nos indivíduos treinadas o acúmulo de lactato é menor no exercício moderado? 
Por que no exercício intenso o acúmulo de lactato no indivíduo treinado é maior?? 
5. A enzima lactato desidrogenase (LDH) favorece a conversão de piruvato em 
lactato nas fibras musculares de contração rápida. Já nas fibras lentas, a LDH 
favorece as reações contrárias, transformando preferencialmente lactato em 
piruvato. Como isso é possível? Nos exercícios em que há maior mobilização de 
fibras do tipo II, o que seria esperado em relação à concentração de lactato? Este 
fato dependeria da oxigenação dos tecidos? Como pode uma mesma enzima 
favorecer reações no sentido contrário? 
6. A enzima lactato desidrogenase é uma enzima oligomérica formada por 
diferentes subunidades. Os vertebrados possuem duas subunidades distintas dessa 
enzima: M, que predomina nos músculos e H, que predomina no tecido cardíaco. 
Para saber quantas subunidades compõem a enzima, as diferentes proteínas 
oligoméricas (formadas somente por subunidades M ou H) foram purificadas, 
misturadas, dissociadas de suas subunidades componentes em condições suaves de 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -37-
RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO 
desnaturação (mudança de pH, adição de uréia) e foram então incubadas juntas 
para se reassociarem (retirando as condições desnaturantes). Foi feita uma 
eletroforese onde na primeira canaleta a amostra aplicada foi a isoenzima composta 
somente de subunidades M, na segunda, a mistura após desnaturação leve e 
renaturação e na terceira, a isoforma H, como mostra a figura. 
O que representam as diferentes bandas na canaleta contendo a mistura? 
Quantas subunidades compõem a enzima? 
Quantas isoformas da LDH existem? Descreva a composição de subunidades das 
isoformas. 
M mistura H 
(+) 
Origem 
(-) 
8.2. INFORMAÇÕES ADICIONAIS 
A Lactato Desidrogenase encontra-se na maioria de todos os tecidos. Quando 
há dano nas células em tecidos contendo LDH, há liberação de LDH na corrente 
sangüínea. Como a LDH é amplamente distribuída, a análise total de LDH não é útil 
para o diagnóstico de uma doença específica. Mas, devido a suas diferentes 
isoformas, a análise dos níveis de LDH pode auxiliar no diagnóstico de certas 
doenças, mas há controvérsias. As diferentes isoformas são: LDH-1, LDH-2, LDH-3, 
LDH-4, LDH-5. Em geral, cada isoforma é usada por um tecido específico. LDH-1 é 
encontrada preferencialmente no coração, LDH-2 está associada com sistemas de 
defesa contra infecção, LDH-3 está encontrada nos pulmões e em outros tecidos, 
LDH-4 no rim, placenta e pâncreas e LDH-5 no fígado e músculo esquelético. 
Normalmente, os níveis de LDH-2 são maiores do que o das outras isoenzimas. 
Certas doenças têm padrões de níveis elevados de isoenzimas LDH. Por 
exemplo, um nível maior de LDH-1 em relação a LDH-2 pode ser indicação de 
ataque cardíaco, elevações de LDH-2 e LDH-3 podem indicar danos nos pulmões, 
elevações em LDH-4 e LDH-5 podem indicar danos no fígado ou músculo. Um 
aumento de todas as isoformas da LDH simultaneamente pode ser diagnóstico de 
lesões em múltiplos órgãos. 
Um dos testes comumente utilizados é o diagnóstico de infarto do miocárdio. 
O nível total de LDH aumenta em 24-48h após o ataque do coração, tem um pico 
em 2 ou 3 dias e retorna ao normal em aproximadamente 5 ou 10 dias. Este 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -38-
RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO 
padrão pode ser útil para um diagnóstico tardio. Já o diagnóstico utilizando a 
isoforma LDH-1 é mais sensível e específica do que o LDH total. Normalmente, o 
nível de LDH-2 é maior do que o de LDH-1. Um nível de LDH-1 maior do que LDH- 
2 pode ser um indicativo de ataque cardíaco. Essa inversão aparece em 12-24h 
após o ataque. 
Porém, o uso dos níveis de LDH como diagnóstico de infarto do miocárdio 
têm sido considerado obsoleto pois após mais de 10 anos tentando fazer com que 
os testes utilizando as isoformas de LDH tivessem mais sensibilidade e 
especificiade, continua apresentando muitas falhas quando utilizado na prática. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -39-
LIMIAR DE LACTATO 
9. Limiar de Lactato 
Para determinar o limiar de lactato, podemos utilizar dois procedimentos 
distintos: 
1. O indivíduo em teste faz corridas de 800m e tem o lactato dosado. A primeira 
corrida é feita em alta velocidade, a máxima conseguida pelo indivíduo. Após uma 
pequena pausa, faz-se um ciclo de corridas em velocidades baixas e crescentes 
intercaladas com curtos descansos. Para isso, é necessário ter um controle de 
velocidade do atleta e um lactímetro. Para dois indivíduos, obtivemos os seguintes 
dados: 
Limiar de lactato 
14 
12 
10 
8 
6 
4 
2 
0 
Limiar de 
lactato 
21 18 7 8 9 10 
velocidade (Km/h) 
concentração de lactato 
(mmol/L) 
1 
2 
O limiar de lactato é a velocidade em que o indivíduo atinge a concentração 
mínima de lactato, ou seja, quando a taxa de produção começa a exceder a taxa de 
remoção. 
2. Pode ser feito um teste em laboratório, utilizando estágios sucessivos de 
exercício em bicicleta ergométrica, esteira, etc. Inicialmente, a intensidade do 
exercício é de 50 a 60% do VO2max. Cada estágio do exercício tem duração de 5 
minutos. Perto do final de cada estágio, a taxa cardíaca e o consumo de oxigênio 
são registrados e uma amostra de sangue é coletada para a dosagem de lactato. 
Após essas medidas, a carga do exercício é aumentada e as medidas são repetidas. 
Após o sexto estágio, obtém-se uma distribuição de intensidades como mostra o 
gráfico abaixo. O limiar de lactato é quando a taxa de produção de lactato excede a 
taxa de remoção, correspondendo ao consumo de oxigênio de 45ml/min/kg. 
Geralmente determina-se o limiar de lactato em % do VO2max. Qual seria o limiar 
de lactato do indivíduo abaixo, dado que o VO2max é de 61 mo/min/kg? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -40-
LIMIAR DE LACTATO 
Consumo de oxigênio (ml/min/kg) 
Concentração de lactato (mmol/L) 
Freqüência Cardíaca 
a) Qual a finalidade de se medir o limiar de lactato? 
b) Observando os gráficos do item 1, responda: qual indivíduo é o treinado? Por 
que? Quais os fatores que devem influenciar o acúmulo de lactato no organismo? 
c) Qual seria uma forma de monitorar o limiar de lactato durante o exercício sem 
que seja efetuada a sua dosagem? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -41-
ADAPTAÇÕES NA UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES SUBSTRATOS DURANTE O TREINAMENTO 
10. Adaptações na utilização de diferentes substratos durante o 
treinamento 
Sistemas de transferência de energia durante o exercício. Exercício de 
duração imediata e de curta duração. 
1. A atividade física demanda a maior quantidade de energia, comparada com todas 
as outras funções metabólicas complexas que ocorrem no corpo. Durante uma 
corrida de velocidade ou uma competição de nado, por exemplos, o gasto de 
energia dos músculos ativos pode ser 100 vezes maior que o gasto em repouso. 
Durante um exercício menos intenso mais intenso, como uma maratona, o 
requerimento de energia aumenta para 20 ou 30 vezes em ralação com o requerido 
na ausência de atividade. Dependendo da intensidade e duração do exercício, os 
três grandes sistemas de transferência de energia existentes no corpo são 
requisitados em forma diferenciada e a sua contribuição relativa para o exercício é 
distinta. 
-Considere o gráfico abaixo e preencha os espaços em branco com os nomes dos 
sistemas de transferência de energia correspondentes com cada curva. Após isso 
estabeleça: Que sistemas operam em forma anaeróbia e quais em forma aeróbia? 
Que sistemas liberam energia mais rapidamente? Existem atividades que sejam 
feitas em foram anaeróbia ou aeróbia exclusivamente? 
120 
100 
80 
60 
40 
20 
0 
2 
min 
duração do exercício 
contribuição dos sitemas de energia (%) 
10 
s 
30 
s 
5 
min 
2. Segundo a gráfica em baixo, o lactato sangüíneo não se acumula a todas as 
intensidades de exercício. Porque o lactato aumenta a medida que aumenta a 
intensidade do exercício? Observe as diferenças entre treinados e não treinados e 
discuta quais seriam as vantagens dessa diferença no caso de um atleta e possíveis 
explicações para essa diferença. Que significam os pontos que estão sendo 
indicados pelas setas? Com que tipo de atleta (ou seja, praticando que tipo de 
esporte) se corresponde a curva dos “treinados”? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -42-
ADAPTAÇÕES NA UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES SUBSTRATOS DURANTE O TREINAMENTO 
exercício 
fraco 
exercício 
moderado 
exercício 
extenuante 
0 25 50 75 100 
VO2 max. (%) 
Concentração de lactato sangüíneo 
Não treinados Treinados 
3) Treino de intervalo: intercalar exercícios de alta intensidade com descanso 
permite realizar exercícios de alta intensidade que não seriam possíveis se foram 
feitos continuamente. Baseado no metabolismo energético, justifique se há ou não 
base para esse treino. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -43-
TREINAMENTO DE LONGA DURAÇÃO E ALTA INTENSIDADE 
11. Treinamento de longa duração e alta intensidade 
Treinamento de longa duração e alta intensidade 
1. Os atletas que fazem esportes de alta intensidade, freqüentemente 
experimentam uma sensação de fadiga crônica, na qual dias sucessivos de 
treinamento extenuante chegam a ser mais difíceis de suportar, progressivamente. 
Essa fadiga, pode-se relacionar com uma gradual diminuição das reservas de CHO 
corporais. Na Figura 1 mostra-se a mudança na concentração de glicogênio 
intramuscular em seis atletas ingerindo uma dieta com as doses recomendadas de 
CHO, lipídeos e proteínas, antes e depois de corridas de 16,1 km realizadas em três 
dias sucessivos. 
Figura 1. Mudanças na concentração de glicogênio intramuscular em seis atletas homens antes 
e depois de corridas de 16,1 km realizadas em três dias sucessivos. O glicogênio muscula r também foi 
medido 5 dias após a última corrida. 
Observe as variações na concentração e na velocidade de degradação e 
discuta como está sendo utilizado o glicogênio ao longo dos três dias de 
competição. Estão sendo utilizadas outras fontes de energia ao longo dos três dias? 
Como varia a utilização dessas outras fontes em relação com a variação nos níveis 
de glicogênio? Que pode dizer respeito da recuperação nos níveis de glicogênio (5º 
dia pós)? 
2. Em uma experiência para avaliar o efeito da dieta sobre as reservas de 
glicogênio intramuscular e sobre a duração do exercício, três grupos de pessoas 
foram alimentados de forma diferente durante três dias, e após essa dieta 
diferenciada, foram submetidos a uma sessão de ciclismo até o limite das suas 
forças (tempo de fadiga o de extenuação) (Figura 1). A quantidade de calorias 
ingeridas foi a recomendada normalmente nos três casos, mas em uma condição a 
maior parte das calorias foi dada como lipídeos, na segunda as porcentagens 
diárias recomendadas de CHO, lipídeos, e proteínas foram mantidas, e na terceira, 
a dieta foi rica em CHO. 
Figura 1. Efeitos da dieta no conteúdo de glicogênio no quadriceps femoris e na duração do 
exercício feito sobre uma bicicleta 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -44-
TREINAMENTO DE LONGA DURAÇÃO E ALTA INTENSIDADE 
Discuta: 
-O que pode dizer ao respeito da relação entre a dieta, as reservas de glicogênio no 
músculo e a resistência ao exercício? 
-Para que tipo de competições você recomendaria uma dieta rica em CHO? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -45-
EXERCÍCIOS DE INTENSIDADE BAIXA E MODERADA 
12. Exercícios de intensidade baixa e moderada 
1. Em condições de treinamento moderado, que tipo de substrato você espera que 
seja degradado preferencialmente e porque? Como espera que essa degradação 
evolua ao longo do tempo do exercício? 
2. Observe os gráficos inseridos em baixo e discuta as seguintes afirmações: 
a. O consumo de lipídeos aumenta na medida que o tempo do exercício 
aumenta. 
b. A contribuição relativa de cada substrato (o fonte de carbono) ao exercício 
que está sendo feito depende da intensidade do exercício, da duração do 
exercício, e da aptidão física. 
c. Como resultado do treinamento as reservas de glicogênio são preservadas. 
18 
16 
14 
12 
10 
8 
6 
4 
2 
0 
tempo do exercicio (min) 
entrada de oxigênio (mM/min) 
Fontes não sangüíneas 
FFA 
glicose 
Figura 1. Consumo de oxigênio e nutrientes durante o exercício prolongado em 
condições moderadas. As Fontes não sangüíneas são glicogênio, triglicerídeos e 
proteínas do músculo. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -46-
EXERCÍCIOS DE INTENSIDADE BAIXA E MODERADA 
350 
300 
250 
200 
150 
100 
50 
0 
25 65 85 
porcentagem do VO2max 
Gasto de energia (kcal/kg/min) 
glicogênio do músculo 
triglicerídeos dos músculos 
FFA do plasma 
glicose do plasma 
Figura 2. Utilização do substrato em diferentes intensidades de exercício 
Observação: 25% do VO2 max equivale a exercício suave 
65% do VO2 max equivale a exercício moderado 
85% do VO2 max equivale a exercício intenso 
250 
200 
150 
100 
50 
0 
sedentário treinado 
ácidos graxos 
livres no plasma 
triglicerídeos 
glicogênio 
glicose 
sangüínea 
Figura 3. Contribuição estimada de vários substratos ao metabolismo energético em 
músculos dos membros treinados e não treinados, considerando exercícios de 
intensidade moderada. 
3. A glicose é transportada para dentro das células mediante difusão facilitada. 
Uma família de transportadores denominados GLUT1-7 é responsável pelo 
transporte. Nos músculos esqueléticos dos humanos adultos há três isoformas 
presentes. Dessas, GLUT 1 é responsável pelo transporte basal e GLUT 4 é o maior 
transportador de glicose. Na presença de insulina ou por efeito da contração 
muscular, GLUT 4 é translocado de depósitos intracelulares para a membrana 
plasmática. 
Discuta quais seriam as diferenças entre o uso da glicose proveniente da 
degradação dos depósitos de glicogênio muscular, hepático ou da ingestão de 
sacarose, pelos músculos em atividade. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -47-
PROTEÍNAS 
13. Proteínas 
Proteínas na dieta 
Alguns aminoácidos devem ser fornecidos através da dieta porque sua 
síntese no organismo é inadequada para satisfazer as necessidades metabólicas. 
Eles são chamados aminoácidos essenciais. Esses aminoácidos são: treonina, 
triptofano, histidina, lisina, leucina, isoleucina, metionina, valina e fenilalanina. A 
ausência ou ingestão inadequada de qualquer desses aminoácidos resulta em 
balanço nitrogenado negativo, perda de peso, crescimento menor em crianças e 
pré-escolares e sintomas clínicos. As necessidades de aminoácidos essenciais estão 
na tabela 1. 
Tabela 1: Estimativas das exigências nutricionais (mg/kg/dia) de aminoácidos por grupo de idade 
Aminoácido Lactentes, idade 
3-4 meses 
Crianças, idade 
~2 anos 
Crianças, idade 
10-12 anos 
Adultos 
Histidina 28 ? ? 8-12 
Isoleucina 70 31 28 10 
Leucina 161 73 44 14 
Lisina 103 64 44 12 
Metionina + 
58 27 22 13 
Cisteína 
Fenilalanina + 
tirosina 
125 69 22 14 
Treonina 87 37 28 7 
Triptofano 17 12,5 3,3 3,5 
Valina 93 38 25 10 
Os demais aminoácidos são chamados não essenciais e são igualmente 
importantes na estrutura protéica. Se ocorrer deficiência na ingestão desses 
aminoácidos, eles podem ser sintetizados em nível celular a partir de aminoácidos 
essenciais ou de precursores contendo carbono e nitrogênio. 
Aminoácidos conhecidos como condicionalmente essenciais são aqueles que 
se tornam indispensáveis sob certas condições clínicas. Acredita-se que a cisteína, e 
possivelmente a tirosina, podem ser condicionalmente essenciais em crianças 
prematuras. A arginina pode se tornar indispensável em indivíduos mal nutridos, 
sépticos ou em recuperação de lesão ou cirurgia. 
Fontes de proteína 
As proteínas estão amplamente distribuídas na natureza, mas poucos 
alimentos contêm proteínas com todos os aminoácidos essenciais, como as 
proteínas do ovo e do leite utilizadas como referência. 
Alimentos de origem animal, como carnes, aves, peixes, leite, queijo e ovo, 
possuem proteínas de boa qualidade, suficiente para serem considerados as 
melhores fontes de aminoácidos essenciais. 
Os dados sobre consumo de alimentos de 1985 e 1987 do departamento de 
Agricultura do Estados Unidos (USDA) revelaram que os alimentos de origem 
animal fornecem 65% da proteína consumida. No Brasil esse valor é de 
aproximadamente 40% dependendo do poder econômico da população. 
As leguminosas (10 a 30% de proteínas) são os alimentos mais ricos em 
proteínas, mas são deficientes em metionina. Os cereais (6 a 15% de proteínas) 
apresentam um conteúdo protéico menor do que as leguminosas e são deficientes 
em lisina, mas contribuem mais para a ingestão protéica da população, pois são 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -48-
PROTEÍNAS 
consumidos em grandes quantidades. Frutas e hortaliças fornecem pouca proteína 
(1 a 2% do seu peso). 
Tabela 2: Composição de aminoácidos em alguns alimentos. 
Aminoácidos 
essenciais 
Queijo, 
ovo, 
leite e 
carne 
Milho Cereal Legumes Grão 
integral 
(com 
germe) 
Nozes, 
óleos de 
sementes, 
soja 
Sementes 
de 
gergelim 
e girassol 
Amendoim Vegetais, 
“folhas 
verdes” 
Gelatina Levedura 
Metionina X _ X _ X _ _ _ X 
Isoleucina X 
Leucina X 
Lisina X _ _ X X X _ _ _ 
Fenilalanina _ 
Treonina X _ _ X _ X _ X 
Triptofano _ _ X _ 
Valina X 
X = Altas quantidades de aminoácidos presentes no alimento 
_ = Baixas quantidades de aminoácidos presentes no alimento 
Recomendações nutricionais para proteínas 
O aumento da ingestão de proteínas mais que três vezes o nível 
recomendado não aumenta o desempenho durante o treinamento intensivo. Para 
atletas, a massa muscular não aumenta simplesmente através de uma alimentação 
rica em proteína. Por exemplo, o aumento do consumo extra de proteína de 100g 
(400 calorias) para 500g diárias não aumenta a massa muscular. Calorias 
adicionais na forma de proteínas são depois da desaminação (remoção do 
nitrogênio) usadas diretamente como componentes de outras moléculas incluindo 
lipídeos que são estocados em depósitos subcutâneos. Assim, se numa dieta com 
excesso de proteínas o músculo não tiver condições de utilizar os aminoácidos para 
síntese de tecido muscular, as cadeias carbônicas serão usadas na gliconeogênese 
e o nitrogênio excedente excretado pela urina. O aumento da excreção de 
nitrogênio leva a uma maior necessidade de água, uma vez que ele é incorporado à 
uréia e esta à urina. Isto, a longo prazo pode sobrecarregar os rins e causar 
desidratação. 
A tabela 3 mostra as recomendações nutricionais de proteínas para 
adolescente e adultos homens e mulheres. Em média, o consumo diário de proteína 
recomendado por kg de massa corpórea é 0,83g (para determinar o requerimento 
de homens e mulheres com idade de 18 a 65 multiplicou-se a massa corpórea em 
kg por 0,83. Por exemplo, para um homem com 90 kg, a necessidade diária de 
proteína é 90 x 83 ou 75 g). 
Geralmente, a necessidade e a quantidade de aminoácidos essenciais 
diminuem com a idade. A recomendação protéica diária para lactentes e crianças 
em crescimento é de 2 a 4g por kg de massa corpórea, enquanto para mulheres 
grávidas é 20 g e para mães em fase de amamentação é 10g. Stress e doenças 
aumentam a necessidade protéica. 
É tema de debate a grande necessidade de proteínas para atletas 
adolescentes que estão em crescimento moderado, atletas envolvidos em 
programas de desenvolvimento de força e resistência. Em geral, o aumento no 
consumo de proteínas desses atletas serve mais para compensar o aumento no 
gasto de energia. Homens e mulheres fisiculturistas e halterofilistas e outros atletas 
de força costumam ingerir entre 0,5 a 4 vezes o RDA para proteína por dia. Esse 
excesso é consumido na forma de líquido, pó ou pílulas de “proteínas” purificadas. 
Essas preparações que contém proteínas são “predigeridas” quimicamente em 
aminoácidos em laboratórios. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -49-
PROTEÍNAS 
Tabela 3: Recomendação nutricional (RDA) de proteínas para adolescentes e adultos homens e mulheres. 
Quantidade 
Adolescente homem Adulto homem Adolescente mulher Adulto mulher 
recomendada 
Gramas de proteína 
por kg de peso 
corpóreo 
0,9 0,8 0,9 0,8 
Gramas de proteína 
por dia (baseada na 
média de peso *) 
59 56 50 44 
*A média de peso é baseada numa “referência” para homens e mulheres. Para adolescentes (idade 14-18) a 
média de peso é aproximadamente 65,8 kg para homens e 55,7kg para mulheres. Para homem adulto essa 
média é 70 kg e mulher é 56,8 kg. 
Proteína exercício 1 
Revisão metabolismo de aminoácidos 
Explique como é originado o pool de aminoácidos e o que ocorre com os 
aminoácidos excedentes. 
No organismo não existe uma grande reserva de aminoácido livres e 
qualquer quantidade acima da necessária para a síntese de proteínas de tecidos e 
os vários compostos não protéicos, contendo nitrogênio, é metabolizada. Nas 
proteínas celulares existe um “pool” metabólico de aminoácido (figura 1) num 
estado de equilíbrio dinâmica que pode ser solicitado em qualquer situação para 
satisfazer uma necessidade. O contínuo estado de síntese e degradação de 
proteínas, fenômeno denominado “turnover”, é necessário para manter o “pool” 
metabólico e a capacidade de satisfazer a demanda de aminoácidos nas várias 
células e tecidos do organismo quando esses são estimulados a produzir novas 
proteínas. Os tecidos mais ativos responsáveis pelo “turnover” protéico são plasma, 
mucosa intestinal, pâncreas, fígado e rins, enquanto tecido muscular, pele e 
cérebro são os menos ativos. 
Figura 1: pool de aminoácidos originado pela degradação das proteínas endógenas 
e pelas da dieta. 
Antes da oxidação do esqueleto de carbono da molécula de aminoácido o grupo 
amino deve ser removido. Essa remoção é catalizada por enzimas chamadas 
aminotransferases ou transaminases. Na maioria dos aminoácidos o grupo ? -amino 
é transferido para o átomo de carbono ? do ? -cetoglutarato produzindo o ? - 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -50-
PROTEÍNAS 
cetoácido e glutamato. Esse processo ocorre principalmente no fígado. Esse grupo 
amino é convertido e, NH4 
+ e aspartato que são precursores do ciclo da uréia. 
Figura 2: Ciclo da uréia 
Os esqueletos de carbono são convertidos a algumas das formas intermediárias 
(figura 3), formadas durante o catabolismo de glicose e ácidos graxos. Assim, 
podem ser transportados para os tecidos periféricos, onde entram no ciclo de Krebs 
para produzir adenosina trifosfato (ATP). Esses fragmentos podem ser usados 
também nas síntese de glicose ou gorduras. 
Figura 3: Destino da cadeia carbônica dos aminoácidos 
A maioria dos aminoácidos, particularmente alanina, são potencialmente 
glicogênicos. O piruvato, a partir da oxidação da glicose no músculo, é aminado 
para formar alanina que é transportada para o fígado, onde sofre desaminação e o 
esqueleto de carbono é convertido à glicose. Esse ciclo da alanina (figura 4) é 
importante como fonte de glicose durante o período de baixo suprimento exógeno. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -51-
PROTEÍNAS 
Figura 4: Ciclo alanina-glicose. A alanina transporta a amônia e o esqueleto 
carbônico do piruvato do músculo até o fígado. A amônia é excretada e o piruvato é 
utilizado na produção de glicose (gliconeogênese) 
Existe um balanço de nitrogênio, quando o consumo de nitrogênio (proteína) é 
igual à excreção de nitrogênio. O organismo apresenta um balanço de nitrogênio 
positivo se o consumo de nitrogênio for maior do que a sua excreção. Assim, a 
proteína é retida como um novo tecido que começa a ser sintetizado. Isso é 
freqüentemente observado em crianças, durante a gravidez, em recuperação de 
doença e durante exercícios de resistência quando a síntese de proteínas ocorre nas 
células do músculo. 
O balanço de nitrogênio negativo pode ocorrer quando o organismo cataboliza 
proteínas devido a falta de outros nutrientes que forneçam energia. Por exemplo, 
um indivíduo que consome quantidades adequadas ou excesso de proteína, mas 
pequena quantidade de carboidratos ou lipídeos. Conseqüentemente a proteína é 
usada como a principal fonte de energia, o resultado é um balanço negativo de 
proteína (nitrogênio). Em períodos de jejum também é observado um balanço 
negativo de nitrogênio. 
Questões 
Qual o principal produto de excreção do metabolismo nitrogenado no homem? 
Quais são os outros compostos nitrogenados excretados pelo homem? 
Qual é a origem dos dois átomos de nitrogênio presentes na molécula de uréia? 
Discuta o balanço energético no ciclo da uréia (balanço de ATP)? 
Quais são os destinos das cadeias carbônicas dos aminoácidos? 
Discuta a importância do ciclo da alanina-glicose. 
Onde ocorre a síntese da uréia? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -52-
PROTEÍNAS 
Exercício 2 
Para o estudo da dinâmica de proteínas no exercício é utilizado o método clássico 
de determinação da quebra de proteínas através da excreção da uréia. No 
experimento da figura 1 a excreção do nitrogênio foi medida a partir do suor. 
Discuta, a partir do gráfico, as conseqüências de uma dieta com restrições de 
carboidratos. 
O balanço de nitrogênio é a medida mais utilizada para avaliar o metabolismo 
protéico de um indivíduo. Sabendo que o balanço de nitrogênio é a diferença entre 
a quantidade de nitrogênio ingerido e a quantidade de nitrogênio excretado 
explique como está o balanço de nitrogênio nas situações abaixo. 
Figura 1: Excreção de uréia no suor em situações de repouso, durante o exercício 
depois de grande ingestão de carboidratos (alto CHO) e diminuição de carboidrato 
(baixo CHO). 
Exercício 3 
Algumas proteínas do organismo não podem ser utilizadas para a obtenção de 
energia. As proteínas do músculo são mais lábeis e com o aumento da demanda 
com os exercícios ela pode ser utilizada na obtenção de energia. A figura abaixo 
mostra a liberação do aminoácido alanina (e possivelmente glutamina) a partir de 
músculos da perna em diferentes situações. Por que ocorre um aumento dos níveis 
de alanina nas situações apresentadas? Qual o destino dessa alanina 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -53-
PROTEÍNAS 
Figura 6: Influência de 40 minutos de exercícios de varias intensidades e liberação 
de alanina a partir dos músculos da perna. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -54-
CARBOIDRATOS 
14. Carboidratos 
De onde vem os carboidratos? 
Os carboidratos são sintetizados pelos vegetais verdes através da 
fotossíntese, processo que utiliza a energia solar para reduzir o dióxido de carbono. 
Assim, os carboidratos atuam como reservatório químico principal da energia solar. 
Recomendações Nurticionais 
Não há uma recomendação de ingestão para carboidratos. A típica dieta 
americana inclui de 40 a 50% da calorias totais como carboidratos. Para uma 
pessoa sedentária de 70kg é recomendado um consumo diário de cerca de 300g de 
carboidratos. Para uma pessoa ativa envolvida em treinamento o consumo sobe 
para 60% de calorias diárias (400 a 600g). Esse carboidrato deve ser 
predominantemente proveniente de frutas e vegetais. Na dieta americana cerca de 
50% do carboidrato consumido como açúcar simples, predominando a sacarose. 
Um consumo adequado de carboidratos é fundamental para pessoas ativas. 
Quando o suprimento de oxigênio para os músculos ativos é inadequada, o 
glicogênio dos músculos e a glicose do sangue são as primeiras fontes de energia. 
Ao estocar glicogênio os carboidratos asseguram energia para exercícios aeróbicos 
de alta intensidade. Assim, para pessoas ativas é importante uma dieta com 50 a 
60% de calorias na forma de carboidratos predominantemente na forma de amido e 
fibras. Durante treinamento vigoroso e antes de competição o consumo de 
carboidratos pode aumentar para assegurar reservas adequadas de glicogênio. A 
recomendação para atletas com treinamento prolongados é de 10g por kg de 
massa corpórea. Portanto, o consumo diário para um atleta de 46kg que gasta 
cerca de 2.800kcal por dia é de aproximadamente 450g ou 1800kcal. Um atleta 
com 68kg deve ingerir cerca de 675g de carboidratos (2.700kcal) como parte de 
um requerimento de 4.200kcal. Em ambos os casos os carboidratos representam 
cerca de 65% da energia total consumida. 
Fontes de carboidratos 
A maior parte dos carboidratos da dieta são provenientes de alimentos de 
origem vegetal. A única exceção é a lactose, dissacarídeo que ocorre no leite e seus 
derivados. A frutose está presente em grandes quantidades em frutas e no mel. Os 
três açúcares duplos (dissacarídeos) que são comuns na alimentação: sacarose, 
lactose e maltose. A sacarose é o açúcar comum de mesa e o mais disseminado na 
natureza sendo encontrado em todos os vegetais que efetuam a fotossíntese e é 
obtida industrialmente da cana-de-açúcar da beterraba. Quando o amido é 
hidrolisado pela enzima diastase, um produto é a maltose. A maior fonte de 
maltose é a de grãos em germinação. O amido em grãos se rompe durante a 
germinação formando a maltose. Isso ocorre antes dos grãos serem usados na 
fabricação da cerveja. No processo de produção da cerveja ocorre a mudança de 
maltose em “malte”, que é mais fácil de ser metabolizado do que o amido original 
no grão. São poucas as fontes de maltose em nossa dieta. Assim, a maltose possui 
papel significativo como produto intermediário da digestão do amido. O amido 
ocorre como grânulos microscópicos nas raízes, nos tubérculos e nas sementes dos 
vegetais. As maiores fontes de amido incluem milho, batata, trigo e arroz. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -55-
CARBOIDRATOS 
Fibra dietética 
Fibra dietética em alimentos corresponde à soma dos resíduos de paredes 
celulares e de tecidos de sustentação dos vegetais consumidos nas dietas, 
correspondendo a um conjunto de compostos que resistem à hidrólise pelas 
enzimas endógenas do tubo digestivo. 
O baixo consumo de fibra dietética está ligada a prevalências de desordens 
intestinas nos Estados Unidos comparado com países com alto consumo de 
complexos de carboidratos não refinados. Por exemplo, na África e na Índia as 
dietas apresentam de 40 a 150 g de fibras enquanto a típica dieta americana 
apresenta um consumo diário de somente 12g. 
Os principais grupos de componentes integrantes das paredes celulares de 
vegetais são: celulose, hemicelulose, polissacarídeos pécticos, proteoglicanas, 
glicoproteínas e compostos polifenólicos inclusive a lignina. A proporção desses 
polímeros varia e o seu grau de maturidade 
A celulose é resistente à degradação e insolúvel em água. Assim, os 
integrantes da fração fibra classificam-se em solúveis e insolúveis em água. As 
fibras solúveis como a pectina e a goma de guar presentes em farinha, feijão, 
ervilhas, cenouras e frutas podem diminuir o colesterol do sangue. Essas fibras 
podem inibir a síntese e a absorção do colesterol no intestino e ao mesmo tempo se 
ligam ao colesterol existente facilitando a excreção nas fezes. As fibras insolúveis 
como hemicelulose, lignina e celulose encontradas em arroz, cereais e farelo de 
trigo não têm efeito na diminuição do colesterol. 
Embora, a fração insolúvel seja em geral a mais abundante, ela não é a mais 
importante. A fração insolúvel da fibra está relacionada co o aumento do bolo fecal 
que garante o peristaltismo intestinal e evita a constipação, evitando o 
aparecimento de hemorróidas e diverticulites (inflamação da parede do intestino, 
resultado de irritação conseqüente a diverticulose) que provocam enfraquecimento 
da parede intestinal causada pela pressão de fezes duras. 
A relação entre câncer de cólon e fibra dietética tem sido estudada, mas os 
resultados são conflitantes. Enquanto alguns pesquisadores afirmam não ter 
encontrado qualquer relação, outros descrevem diminuição ou aumento do 
aparecimento do câncer. Esse assunto é muito discutido em vista da variabilidade 
das condições experimentais. 
Parece que a fibra reduz a absorção de minerais reduzindo a sua 
biodisponibilidade. Em 1992, Sandstead aconselhou não consumir altas doses de 
fibra, enquanto não tivermos pleno conhecimento sobre o equilíbrio mineral, 
particularmente em relação ao cálcio e o zinco. É recomendado a ingestão diária de 
20 a 35 g de fibra. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -56-
LIPÍDIOS 
15. Lipídios 
Os lipídios são fundamentais na alimentação para: transportar as vitaminas 
lipossolúveis, fornecer a maior quantidade de calorias por grama, fornecer os ácidos 
graxos essenciais etc. Os ácidos graxos essenciais são poliinsaturados e não podem 
ser sintetizados pelo organismo humano, sendo obtidos a partir da alimentação. Os 
ácidos graxos essenciais são o ácido linoléico e o ácido linolênico, mas há duvidas se o 
linolênico é essencial. O ácido linolênico participa da formação do ácido araquidônico 
que é precursor dos eicosanóides. Os ácidos graxos essenciais fazem parte da 
estrutura dos fosfolipídios que são componentes importantes das membranas e da 
matriz estrutural de todas as células. O ácido linoléico é comum na maioria dos óleos 
vegetais. 
Na dieta típica americana os vegetais contribuem com 34% do consumo 
diário de lipídios enquanto 66% é de origem animal. Em média as pessoas nos 
Estados Unidos consomem 15% das calorias totais como ácidos graxos saturados. A 
relação entre ácidos graxos saturados e o risco de doenças coronárias faz com que 
médicos e nutricionistas sugiram a substituição na dieta de ao menos uma parcela 
dos ácidos graxos saturados por insaturados. No presente é prudente que não mais 
que 10% da energia total seja consumida na forma de ácidos graxos saturados. . 
Para uma boa saúde se tornou comum o uso de lipídios provenientes de fontes 
vegetais na alimentação como o óleo de milho. Porém, o consumo total de lipídios 
(ambos ácidos graxos saturados e insaturados) podem constituir riscos para 
doenças cardiovasculares e diabetes. Portanto, o consumo total de lipídios deve ser 
reduzido. Existe associação de dietas ricas em gorduras com cânceres de ovário, 
mama e cólon, bem como a possibilidade de promover o crescimento de outros 
cânceres. A redução de lipídios na dieta também pode reduzir problemas de 
controle de peso. 
15.1. Ácidos graxos Ômega-3 
Os ácidos graxos ômega-3, de interesse nutricional, incluem o ácido 
linolênico e seus derivados, ácido eicosapentaenóico e ácido docosahexaenóico. 
Óleos de peixe, principalmente peixes de águas geladas como atum, arenque, 
sardinha e cavala são ricos em ácidos graxos ômega-3. O consumo regular de peixe 
e óleos de peixe tem efeitos benéficos, especialmente em relação a doenças 
cardiovasculares. Um mecanismo proposto para prevenção de ataque cardíaco é 
que o óleo de peixe ajuda na prevenir a formação de coágulos sanguíneos nas 
artérias. 
15.2. Colesterol 
As lipoproteínas de alta densidade (HDL) são produzidas no fígado e no 
intestino. Essas lipoproteínas têm grande porcentagem de proteínas e um baixo teor de 
colesterol. As lipoproteínas de baixa densidade (LDL) contêm maior colesterol. 
O colesterol, juntamente com outros lipídios, é absorvido a partir do intestino 
e transportado para o fígado. No fígado o colesterol e os triacilgliceróis excedentes 
são usados na síntese das VLDL que são exportadas. Quando os triacilgliceróis 
presentes nas VLDL são hidrolisados pela lípase protéica ocorre a formação das 
LDL. As LDL transportam (“mau” colesterol) a maior parte do colesterol sérico e 
têm grande afinidade pelas células da parede arterial. As HDL (“bom” colesterol) 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -57-
LIPÍDIOS 
removem o colesterol dos tecidos e o transportam para o fígado onde é incorporado 
a bile e excretado. 
Enquanto os ácidos graxos saturados tendem a elevar tanto o LDL-colesterol 
como o HDL-colesterol os insaturados reduzem o LDL-colesterol e os 
poliinsaturados reduzem também o HDL-colesterol. 
15.3. Manteiga X Margarina: O risco dos ácidos graxos Trans? 
A manteiga é composta por cerca de 62% de ácidos graxos saturados e a 
margarina com aproximadamente 20%. Durante a produção da margarina através 
da hidrogenação ocorre a formação de ácidos graxos na forma natural cis e na não 
natural trans. Na margarina a porcentagem de ácidos graxos trans insaturados é 
maior que na manteiga, mas como a margarina é de origem de óleo vegetal não 
contém colesterol como a manteiga. Suspeita-se de uma possível relação entre 
ácidos graxos trans e arteosclerose. 
15.4. Recomendações nutricionais 
A dieta de lipídios representa cerca de 38% das calorias totais ingeridas nos 
Estados Unidos, ou cerca de 50kg de lipídios consumidos por pessoa a cada ano. 
Embora as recomendações para a ingestão diária de lipídios não estão 
estabelecidas, o consumo de lipídios não deve exceder 30% da energia total da 
dieta. Foi proposto que a maior parte dos lipídios seja consumido na forma de 
ácidos graxos insaturados, igualmente distribuído entre poliinsaturados e 
monoinsaturados. A principal fonte de colesterol são os alimentos de origem animal 
ricos em ácidos graxos saturados. 
15.5. Lipídios no exercício 
O requerimento de energia para atividade de baixa a moderada é largamente 
proveniente de ácidos graxos provenientes dos estoques de triacilgliceróis e 
liberados do músculo como ácidos graxos livres (FFA). Durante breves períodos de 
exercício moderado a energia é derivada aproximadamente em igual quantidade de 
lipídios e carboidratos. Depois de uma hora aumenta a utilização de lipídios e os 
carboidratos se tornam depletados. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -58-
LIPÍDIOS 
Questões carboidratos, lipídios e proteínas 
1- O que é o bom e o mau colesterol? 
2- Diante de duas dietas com mesma quantidade de açúcar simples (sacarose) e 
amido qual é a mais recomendada? 
3- Quais são as recomendações nutricionais (RDA) de carboidratos, proteínas e 
carboidratos, proteínas e lipídios? 
4- Quais são as principais fontes de carboidratos, proteínas e lipídios na 
alimentação? 
5- Compare as proteínas de origem animal com as de origem vegetal? 
6- A mistura de cereais e leguminosas substitui as proteínas de origem animal 
numa dieta? 
7- Explique a importância de uma dieta de boa qualidade do ponto de vista 
protéico para o pool de aminoácidos? 
8- Quais as conseqüências de uma dieta deficiente em proteínas? 
9- È recomendado uma alta ingestão protéica em atletas? 
10- Além do glicogênio qual é a outra maneira do homem armazenar energia? 
Qual fornece mais energia? Quem é mais facilmente disponível? 
11- Explique o papel dos carboidratos em exercícios prolongados? 
12- Quais as conseqüências de uma dieta deficiente em carboidratos? 
13- Na tabela abaixo temos a porcentagem de ácidos graxos saturados e 
insaturados em gorduras de origem animal, margarinas e óleos vegetais. Com 
base na tabela explique que tipo de lipídio é mais recomendado para uma 
dieta adequada? 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -59-
LIPÍDIOS 
Saturados Monoinsaturados Poliinsaturados 
Gorduras 
Manteiga 66 31 3 
Toicinho 43 44 13 
Margarinas 26 49 25 
Óléos 
Amendoim 20 50 30 
Algodão 27 22 51 
Soja 15 25 60 
Milho 13 25 62 
Girassol 11 21 68 
Oliva 14 77 9 
Coco 92 6 2 
14- Qual o ácido graxo essencial para o organismo humano? 
15- Qual a influência dos ácidos graxos no “mau colesterol” (LDL-colesterol) e no 
“bom colesterol” (HDL-colesterol)? Quais as vantagens e as desvantagens no 
consumo de margarinas? 
16- Quais são os ácidos graxos omega-3? Quais são as suas principais fontes e 
funções? 
17- A figura abaixo mostra a porcentagem de calorias totais consumidas como 
carboidratos, proteínas e lipídios, incluindo kcal total por kg de massa 
corpórea, em diferentes tipos de atividade física. Explique a diferença de 
calorias consumidas na forma de proteínas, lipídios e carboidratos em 
diferentes tipos de exercícios. 
Porcentagem de calorias totais consumidas na forma de carboidratos, proteínas e 
lipídios, incluindo kcal total por kg de massa corpórea, para 8 grupos de atletas 
mulheres e homens e 4 grupos de atletas homens. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -60-
ESTRESSE OXIDATIVO, DEFESA ANTIOXIDANTE E ATIVIDADE FÍSICA 
16. Estresse Oxidativo, Defesa Antioxidante e Atividade Física 
“Paradoxo do Oxigênio” 
"One of the paradoxes of life on this planet is 
that the molecule that sustains aerobic life, oxygen, 
is not only fundamentally essential for energy 
metabolism and respiration, but it has been 
implicated in many diseases and degenerative 
disorders." 
O estudo do papel do estresse oxidativo vem atraindo grande interesse por 
sua associação com envelhecimento e uma série de outras condições patológicas. A 
relação entre atividade física, radicais livres, antioxidantes, ainda não está bem 
estabelecida. Os estudos indicam que em atividades físicas de intensidade média o 
organismo tem condições de neutralizar os radicais livres produzidos durante o 
exercício. Porém outros estudos mostram que, durante os exercícios intensos e 
extenuantes, o sistema antioxidante do organismo não é capaz de neutralizar os 
efeitos danosos dos radicais livres ao organismo. Nesta seção introduziremos 
conceitos básicos sobre radicais livres, danos oxidativos, defesas antioxidantes e 
discutiremos tópicos relacionados à adaptação (indução de enzimas de defesa 
antioxidante) lesões e suplementos antioxidantes. 
16.1. O que são: Radicais Livres, Espécies Reativas de Oxigênio e 
Nitrogênio 
Antes de começarmos a discussão sobre o estresse oxidativo no exercício 
físico é fundamental que entendamos o significado dos termos radicais livres, 
espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. 
De maneira geral, tem-se que o oxigênio molecular (O2) é necessário para a 
sobrevivência de todos organismos aeróbicos. Assim, a obtenção de energia por 
estes organismos é feita na mitocôndria através da fosforilação oxidativa, onde o O2 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -61-
ESTRESSE OXIDATIVO, DEFESA ANTIOXIDANTE E ATIVIDADE FÍSICA 
é reduzido por quatro elétrons a H2O. Quando o oxigênio é parcialmente reduzido, 
tanto na fosforilação oxidativa quanto em outras reações, há a formação de radicais 
livres, que constituem moléculas com coexistência independente (o que explica o 
uso do termo “livre”) e que contém um ou mais elétrons não pareados na camada 
de valência. Esta configuração faz dos radicais livres espécies altamente instáveis, 
de meia vida relativamente curta e quimicamente muito reativas. 
e- 
H+ 
H ? OH 2O2 H2O e- e- 
O ?? 2 
O2 
2H+ 
e- 
H+ 
Esquema 1. Passos intermediários da redução do oxigênio. A redução por 4 elétrons 
do oxigênio até a água ocorre em etapas sucessivas de redução por 1 elétron. 
Neste processo são formados os intermediários: ânion radical superóxido, peróxido 
de hidrogênio e radical hidroxila, que correspondem à redução por um, dois e três 
elétrons, respectivamente. 
O termo espécies reativas de oxigênio (EROs ou ROS:“reactive oxygen 
species”) incluem, além dos radicais livres derivados do oxigênio (como o radical 
superóxido e o radical hidroxila), espécies não radicalares como a água oxigenada 
(H2O2, mensageiro secundário na transdução de sinal intra e extra-celular), o ácido 
hipocloroso (HOCl, agente oxidante e clorinante produzido por macrófagos), o 
oxigênio singlete (uma forma altamente reativa do oxigênio) e o ozônio. 
Um dos principais representantes de ROS é o anion radical superóxido (O2 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -62- 
? -), 
o qual é produzido através de uma redução monoeletrônica do oxigênio. Nas células 
o O2 
? - é rapidamente convertido à peróxido de hidrogênio (H2O2) através de sua 
dismutação espontânea ou enzimática (superóxido dismutase). O H2O2 é menos 
reativo que o O2 
? -, porém na presença de metais como o ferro (Fe2+) ou o cobre 
(Cu+), ele pode gerar radicais hidroxila (?OH). O ?OH é provavelmente um dos 
radicais mais reativos dentre os ROS. 
H2O2 + Fe2+ ? Fe3+ + OH- + ?OH (reação de Fenton) 
As espécies reativas de nitrogênio (ERNs ou RNS:”reactive nitrogen 
species”), como o próprio nome indica, referem-se às espécies reativas derivadas 
do nitrogênio. Um representante muito importante desta classe é o radical óxido 
nítrico (?NO), um agente vasodilatador e neurotransmissor sintetizado pelas células 
do endotélio vascular. Na tabela 1 estão representados os principais exemplos de 
radicais livres, ROS e RNS.
ESTRESSE OXIDATIVO, DEFESA ANTIOXIDANTE E ATIVIDADE FÍSICA 
Tabela 1: Principais ROS e RNS 
Nome Fórmula Comentários 
Radical superóxido O2 
? - É formado através da redução por 1 elétron do 
oxigênio. Produzido por células fagocíticas onde 
tem papel importante na inativação de vírus e 
bactérias. Também é produzido durante o 
metabolismo normal na mitocôndria 
Radical Hidroxila ?OH É um dos radicais livres mais potentes. É 
produzido pela ação de radiações ionizantes e na 
decomposição de H2O2 catalisada por metais 
Peróxido de 
hidrogênio 
H2O2 É formado na dismutação de O2 
? - catalisada pela 
SOD. Também é produzido por várias oxidases, 
entre elas a xantina oxidase 
Ácido hipocloroso HOCl É produzido a partir de Cl- e H2 
O2 pela 
mieloperoxidase em neutrófilos ativados. Possui 
importante papel na destruição de bactérias. 
Reage com H2O2 produzindo 1O2 
Oxigênio singlete 1O2 É uma forma bastante reativa do oxigênio. É 
produzido nas reações de fotosensibilização e em 
outras reações envolvendo peróxidos 
Óxido nítrico ?NO É um radical com importantes papéis fisiológicos. 
É formado a partir da L-arginina numa reação 
mediada por enzimas do grupo da NO sintase. 
?- e NO?. Sua 
Peroxinitrito ONOO- Formado na reação entre O2 
protonação torna-a altamente oxidante sendo 
capaz de lesar uma série de biomoléculas 
16.2. Quais são as fontes de radicais livres durante o exercício físico? 
Durante o exercício físico as ROS podem ser produzidas por diversas fontes, 
que variam de acordo com o órgão, o tempo de exercício e o tipo de exercício, 
sendo que muitas das fontes não são exclusivas e podem ser ativadas 
simultaneamente. 
A figura abaixo ilustra de maneira geral as vias principais de formação de 
radicais livres durante o exercício. 
Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -63-
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Nutrição, Esporte e Desempenho Muscular

  • 1. Nutrição e Esporte Uma abordagem bioquímica QBQ 2003 Departamento de Bioquímica Instituto de Química USP
  • 2. Nutrição e Esporte Uma abordagem bioquímica Professores Alexandre Z. Carvalho (ale.zat.carvalho@bol.com.br) André Amaral G. Bianco (biancob@iq.usp.br) Daniela Beton (danielab@iq.usp.br) Erik Cendel Saenz Tejada (esaenz@iq.usp.br) Fernando H. Lojudice da Silva (lojudice@iq.usp.br) Karina Fabiana Ribichich (kribi@iq.usp.br) Leonardo de O. Rodrigues (leonardo@iq.usp.br) Sayuri Miyamoto (miyamot@iq.usp.br) Tie Koide (tkoide@iq.usp.br) Supervisor Bayardo B. Torres (bayardo@iq.usp.br) 2003
  • 3. Cronograma das Aulas Nutrição e Esporte – Uma abordagem bioquímica (QBQ 2003) Instituto de Química da USP – Bloco 6 inferior Dia Período Tema Abordado Manhã Apresentação do curso Contração muscular e fibras Revisão de vias metabólicas 10/02/2003 Tarde Adaptação Tomada de O2 VO2 Manhã Lactato Carboidratos Lipídeos Intensidade do exercício físico 11/02/2003 Tarde Proteínas Manhã Estresse Oxidativo Defesa Anti-Oxidante 12/02/2003 Tarde Vitaminas Sais Minerais Câimbra Hidratação 13/02/2003 Manhã Doping Tarde Suplementos 14/03/2003 Manhã Grupos Especiais Tarde Palestra
  • 4. INDICE 1. Contração Muscular e Fibras....................................................................... 1 2. Revisão – Vias metabólicas....................................................................... 16 3. ?-Oxidação .............................................................................................. 23 4. Síntese de Ácidos Graxos......................................................................... 28 5. Tomada de Oxigênio ................................................................................ 30 6. Déficit de O2 ............................................................................................ 31 7. VO2max - Consumo máximo de oxigênio ................................................... 32 8. Recuperação após o exercício ................................................................... 35 9. Limiar de Lactato..................................................................................... 40 10. Adaptações na utilização de diferentes substratos durante o treinamento... 42 11. Treinamento de longa duração e alta intensidade ..................................... 44 12. Exercícios de intensidade baixa e moderada.............................................. 46 13. Proteínas................................................................................................. 48 14. Carboidratos............................................................................................ 55 15. Lipídios.................................................................................................... 57 16. Estresse Oxidativo, Defesa Antioxidante e Atividade Física ......................... 61 17. Vitaminas e Minerais ................................................................................ 80 18. Adaptações ao exercício em diferentes populações.................................... 91 19. Doping ...................................................................................................103 20. Suplementos..........................................................................................119 21. Suplementação de Aminoácidos...............................................................131 22. Hidratação..............................................................................................135 23. Mitos e verdades acerca dos suplementos alimentares..............................136 24. Apêndice ................................................................................................139
  • 5. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 1. Contração Muscular e Fibras SISTEMA MUSCULAR Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -1-
  • 6. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 1.1. Introdução Os músculos são órgãos constituídos principalmente por tecido muscular, especializado em contrair e realizar movimentos, geralmente em resposta a um estímulo nervoso. Os músculos podem ser formados por três tipos básicos de tecido muscular (figura 1): Tecido Muscular Estriado Esquelético Apresenta, sob observação microscópica, faixas alternadas transversais, claras e escuras. Essa estriação resulta do arranjo regular de microfilamentos formados pelas proteínas actina e miosina, responsáveis pela contração muscular. A célula muscular estriada chamada fibra muscular, possui inúmeros núcleos e pode atingir comprimentos que vão de 1mm a 60 cm. Tecido Muscular Liso Está presente em diversos órgãos internos (tubo digestivo, bexiga, útero etc) e também na parede dos vasos sanguíneos. As células musculares lisas são uninucleadas e os filamentos de actina e miosina se dispõem em hélice em seu interior, sem formar padrão estriado como o tecido muscular esquelético. A contração dos músculos lisos é geralmente involuntária, ao contrário da contração dos músculos esqueléticos. Tecido Muscular Estriado Cardíaco Está presente no coração. Ao microscópio, apresenta estriação transversal. Suas células são uninucleadas e têm contração involuntária. Figura 1: Os três tipos de tecido muscular Músculo Esquelético Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -2-
  • 7. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Antes de prosseguirmos devemos nos recordar que os músculos esqueléticos não podem executar suas funções sem suas estruturas associadas (figura 2). Os músculos esqueléticos geram a força que deve ser transmitida a um osso através da junção músculo-tendão. As propriedades destes elementos estruturais podem afetar a força que um músculo pode desenvolver e o papel que ele tem em mecânicos comuns. Figura 2: Estruturas associadas ao músculo. O movimento depende da conversão de energia química do ATP em energia mecânica pela ação dos músculos esqueléticos. O corpo humano possui mais de 660 músculos esqueléticos envolvidos em tecido conjuntivo. As fibras são células musculares longas e cilíndricas, multinucleadas que se posicionam paralelas umas às outras. O tamanho de uma fibra pode variar de alguns mm como nos músculos dos olhos a mais de 100mm nos músculos das pernas. Composição Química Cerca de 75% do músculo esquelético e composto por água e 20%, proteína. Os 5% restantes consistem em sais inorgânicos, uréia, acida lático, fósforo, lipídeos, carboidratos, etc. As proteínas mais abundantes dos músculos são: miosina (60%), actina e tropomiosina. Além disso, a mioglobina também esta incorporada no tecido muscular (700 mg de proteína para 100g tecido). Aporte Sanguíneo Durante o exercício, a demanda por oxigênio é de 4.0L/min e a tomada de oxigênio pelo músculo aumenta 70 vezes, 11mL/110g/min, ou seja, um total de 3400mL por minuto. Para isso, a rede de vasos sanguíneos fornece enormes quantidades de sangue para o tecido. Aproximadamente 200 a 500 capilares fornecem sangue para cada mm2 de tecido ativo. Com treinamentos de resistência, pode haver um aumento na densidade capilar dos músculos treinados. Além de fornecer oxigênio, nutrientes e hormônios, a microcirculação remove calor e produtos metabólicos dos tecidos. Há estudos utilizando microscopia eletrônica que mostram que em atletas treinados, a densidade de capilares é cerca de 40% maior do que em pessoas não treinadas. Essa relação era aproximadamente igual à diferença na tomada máxima de oxigênio observada entre esses dois grupos. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -3-
  • 8. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Para entender a fisiologia e o mecanismo da contração muscular, devemos conhecer a estrutura do músculo esquelético.Os músculos esqueléticos são compostos de fibras musculares que são organizadas em feixes, (fascículos) (figura 3). Os miofilamentos compreendem as miofibrilas, que por sua vez são agrupadas juntas para formar as fibras musculares. Cada fibra possui uma cobertura ou membrana, o sarcolema, e é composta de uma substância semelhante à gelatina, sarcoplasma. Centenas de miofibrilas contráteis e outras estruturas importantes, tais como as mitocôndrias e o retículo sarcoplasmático, estão inclusas no sarcoplasma. Figura 3: Estrutura muscular Ultraestrutura Cada miofibrila contém muitos miofilamentos. Os miofilamentos são fios finos de duas moléculas de proteínas, actina (filamentos finos) (figura4) e miosina (filamentos grossos), que forma um filamento bipolar (figura 5). Há outras proteínas envolvidas na contração muscular: troponina e tropomiosina, que se localizam ao longo dos filamentos de actina (figura 4), dentre outras. Figura 4: Os filamentos de actina são polímeros de moléculas globulares de actina que se enrolam formando uma hélice. A tropomiosina é um dímero helicoidal que se une cabeça a cauda formando um cordão. A troponina é um trímero que se liga a um sítio específico em cada dímero de tropomiosina. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -4-
  • 9. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Figura 5: Filamento grosso de miosina. As moléculas de miosina se associam cauda a cauda para formar o filamento Ao longo da fibra muscular é possível observar bandas claras e escuras, o que dá ao músculo a aparência estriada (figura 6). A área mais clara é denominada banda I e a mais escura, A. A linha Z bissecciona a banda I e fornece estabilidade à estrutura. A unidade entre duas linhas Z é denominada de sarcômero, a unidade funcional da fibra muscular. A posição da actina e miosina no sarcômero resulta em filamentos com sobreposição. A região A contém a zona H, onde não há filamentos de actina. Essa zona é bisseccionada pela linha M que delineia o centro do sarcômero e contém estruturas protéicas para suportar o arranjo dos filamentos de miosina. Figura 6: (A) Micrografia eletrônica de baixa magnificação através de corte longitudinal de músculo esquelético, mostrando o padrão estriado. (B) Detalhe do músculo esquelético mostrado em (A), mostrando porções adjacentes de duas miofibrilas e a definição de sarcômero. (C) Diagrama esquemático de um único sarcômero, mostrando a origem das bandas claras e escuras vistas nas micrografias eletrônicas. A linha Z, localizada nas extremidades dos sarcômeros, estão ligadas a sítios dos filamentos finos (filamentos de actina), a linha M, na metade do sarcômero, é a localização de proteínas específicas que ligam filamentos grossos adjacentes (filamentos de miosina). As regiões verdes marcam a localização dos filamentos grossos e são referidas como banda A. As regiões vermelhas contêm somente filamentos finos e são chamadas de banda I. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -5-
  • 10. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Etapas da Contração Muscular 1) Um potencial de ação trafega ao longo de um nervo motor até suas terminações nas fibras musculares; 2) Em cada terminação, o nervo secreta uma pequena quantidade de substância neurotransmissora: a acetilcolina; 3) Essa acetilcolina atua sobre uma área localizada na membrana da fibra muscular, abrindo numerosos canais acetilcolina-dependentes dentro de moléculas protéicas na membrana da fibra muscular; 4) A abertura destes canais permite que uma grande quantidade de íons sódio flua para dentro da membrana da fibra muscular no ponto terminal neural. Isso desencadeia potencial de ação na fibra muscular; 5) O potencial de ação cursa ao longo da membrana da fibra muscular da mesma forma como o potencial de ação cursa pelas membranas neurais; 6) O potencial de ação despolariza a membrana da fibra muscular e também passa para profundidade da fibra muscular, onde o faz com que o retículo sarcoplasmático libere para as miofibrilas grande quantidade de íons cálcio, que estavam armazenados no interior do retículo sarcoplasmático; 7) Os íons cálcio provocam grandes forças atrativas entre os filamentos de actina e miosina, fazendo com que eles deslizem entre si, o que constitui o processo contrátil; Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -6-
  • 11. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 8) Após fração de segundo, os íons cálcio são bombeados de volta para o retículo sarcoplasmático, onde permanecem armazenados até que um novo potencial de ação chegue; essa remoção dos íons cálcio da vizinhança das miofibrilas põe fim à contração. Mecanismos da Contração Muscular A teoria mais aceita para a contração muscular é denominada sliding filament theory (figura 7), que propõe que um músculo se movimenta devido ao deslocamento relativos dos filamentos finos e grossos sem a mudança dos seus comprimentos. O motor molecular para este processo é a ação das pontes de miosina que ciclicamente se conectam e desconectam dos filamentos de actina com a energia fornecida pela hidrólise de ATP. Isto causa uma mudança no tamanho relativo das diferentes zonas e bandas do sarcômero e produz força nas bandas Z. Figura 7: Sliding filament theory como modelo de contração muscular. Os filamentos de actina e de miosina deslizam uns sobre os outros sem diminuição no tamanho do filamento. A miosina tem um papel enzimático e estrutural na ação muscular. A cabeça globular tem atividade de ATPase ativada por actina no sitio de ligação a actina e fornece a energia necessária para a movimentação das fibras Seqüência de eventos na contração muscular 1)Com o sítio de ligação de ATP livre, a miosina se liga fortemente a actina (figura 8); 2) Quando uma molécula de ATP se liga a miosina, a conformação da miosina e o sítio de ligação se tornam instáveis liberando a actina; 3) Quando a miosina libera a actina, o ATP é parcialmente hidrolisado (transformando-se em ADP) e a cabeça da miosina inclina-se para frente; 4) A religação com a actina provoca a liberação do ADP e a cabeça da miosina se altera novamente voltando à posição de início, pronta para mais um ciclo. 5) Todo este ciclo leva ao deslocamento dos filamentos e o músculo contrai; Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -7-
  • 12. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS 6) A ativação continua até que a concentração de cálcio caia e libere os complexos inibitórios troponina-tropomiosina, relaxando o músculo. Tipos de Fibras Musculares Figura 8: O ciclo de mudanças nas quais a molécula de miosina “caminha” sobre os filamentos de actina (Baseado em I. Rayment et al., Science 261:50- 58, 1993). Há diferentes e controversos critérios para a classificação do músculo esquelético humano. Baseados nas características de contração e metabolismo podemos classificar dois tipos de fibras, as de contração rápida e lenta (figura 9). Figura 9: (A) Células especializadas em produzir contrações rápidas são marcadas com anticorpos contra miosina “rápida”. (B) Células especializadas em produzir contrações lentas e longas são marcadas com anticorpos contra miosina “lenta”. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -8-
  • 13. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Uma técnica comum para estabelecer o tipo de fibra é baseada na sensibilidade diferencial a alteração de pH da miosina ATPase. São as características dessa enzima que determinam a velocidade de contração do sarcômero. Nas fibras rápidas (fast-twitch), a miosina ATPase é inativada por pH ácido mas é estável em pH alcalino, essas fibras coram escuro para esta enzima. Para fibras lentas (slow-twitch) a atividade da miosina ATPase permanece alta em pH ácido e fica estável em pH alcalino. As fibras rápidas são conhecidas como células musculares brancas porque elas contém relativamente pouco de mioglobina, proteína que se torna vermelha quando na presença de oxigênio. As fibras lentas são chamadas de células musculares vermelhas, porque elas contêm muito mais desta proteína. As células podem ajustar-se à característica rápida ou lenta através de mudanças de expressão gênica de acordo com o padrão de estimulação nervosa que elas recebem. Características dos diferentes tipos de fibra muscular Figura 10: Percentagem do grupo de fibras lentas nos músculos de atletas de diferentes categorias. Cada esporte exige uma demanda de energia, esforço e obviamente uma velocidade de contração muscular diferente. Sendo assim é mais do que lógico imaginar que existem tipos diferentes de fibras que compõem a musculatura. Como observado na figura 10, cada atleta possui uma percentagem específica de fibras de contração rápida e lenta. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -9-
  • 14. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Slow-twitch – tipo I ?? Metabolismo aeróbio ?? Baixa atividade de miosina ATPase ?? Baixa velocidade de captação e liberação de cálcio ?? Capacidade glicolítica menor do que na fast-twitch ?? Número grande de mitocôndrias, tamanho das organelas é maior ?? A concentração de mitocôndria e citocromos combinada com alta pigmentação por mioglobina são responsáveis pela coloração característica. ?? Alta concentração de enzimas mitocondriais para o metabolismo aeróbio ?? Usadas para treino de resistência ?? SO : slow speed of shortening ?? Adaptadas ao exercício prolongado Fast-twitch – tipo II ?? Alta capacidade de transmissão eletroquímica dos potenciais de ação ?? Alta atividade de miosina ATPase ?? Alta velocidade de liberação e captação de cálcio (reticulo endoplasmático desenvolvido) ?? Gera energia rapidamente para ações rápidas e potentes ?? Velocidade de contração é de 3 a 5 vezes maior que na slow-twitch ?? Sistema glicolítico de curta duração bem desenvolvido ?? Metabolismo anaeróbio Tipo IIA Intermediaria: contração rápida e capacidade aeróbia moderada (alto nível SDH) e anaeróbia (PFK) = FOG (fast oxidative glicolytic fiber) Tipo IIB Potencial anaeróbio maior – verdadeira fast – twitch FG (fast glicolytic) Tipo IIC Rara e não diferenciada; envolvida na inervação motora. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -10-
  • 15. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Tipo de fibra pode ser mudado? Treinamento: pode induzir mudanças, mas há controvérsias. Pode ser que só haja um aumento na capacidade aeróbia das fast. Ou vice versa. Altamente determinado pelo código genético. Idade não é impedimento Diferenças entre grupos atléticos 45 a 55% de slow-twitch slow twitch – atletas de resistência Hipertrofia x Hiperplasia Hipertrofia é um aumento no tamanho e volume celular enquanto que Hiperplasia é um aumento no número de células. Se você olhar para um fisiculturista e para um maratonista, de cara dá para notar que a especificidade de um treinamento produz efeitos diferentes em cada atleta. Um treinamento aeróbico resulta em um aumento de volume/densidade mitocondrial, enzimas oxidativas e densidade capilar (devido a um aumento no número de hemácias). Atletas de resistência também possuem as fibras de seus músculos treinados, menores quando comparadas com as de pessoas sedentárias. Por outro lado, fisiculturistas e outros levantadores de peso, têm músculos muito maiores. Sabe-se que o aumento de massa é devido primariamente à hipertrofia das fibras, mas há situações onde a massa muscular também aumenta em resposta a um crescimento no número de células. Apesar de hiperplasia ser uma grande controvérsia entre pesquisadores da área, em modelos animais já foi demonstrado que sob certas condições podem ocorrer tanto hipertrofia quanto hiperplasia das fibras musculares, com um aumento de até 334% para massa muscular e 90% para o número de fibras. Uma das evidências da existência da Hiperplasia em seres humanos, é que este processo também pode contribuir para o aumento de massa muscular. Por exemplo, um estudo feito em nadadores, revelou que estes tinham fibras do tipo I e IIa do músculo deltóide menores que as de não nadadores, entretanto o tamanho deste músculo era muito maior nos nadadores. Por outro lado, alguns pesquisadores mais céticos atribuem o fato de fisiculturistas e outros atletas deste tipo possuírem fibras de tamanho menor ou igual ao de indivíduos não treinados à genética: estes atletas simplesmente nasceram com maior número de fibras. Existem dois mecanismos primários pelos quais novas fibras podem ser formadas. No primeiro, fibras grandes podem se dividir em duas ou mais fibras menores. No segundo, células satélite podem ser ativadas. Células satélite são “stem cells” (células-tronco) miogênicas envolvidas na regeneração do músculo esquelético. Quando você danifica, estira ou exercita as fibras musculares, células satélite são ativadas. Células satélite proliferam e dão origem a novos mioblastos. Estes novos mioblastos podem tanto se fundir com fibras já existentes quanto se fundir com outros mioblastos para formar novas fibras. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -11-
  • 16. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Câimbras e Fadiga Muscular Apesar de existirem muitas causas para câimbras musculares ou tetania, grandes perdas de sódio e líquidos costumam ser fatores essenciais que predispõem atletas a câimbras musculares. O sódio é um mineral importante na iniciação dos sinais dos nervos e ações que levam ao movimento nos músculos. Nós temos uma baixa nas reservas de sódio no organismo ao transpirarmos quando praticamos alguma atividade física. Um estudo realizado com um tenista profissional no EUA apresentava que a perda de sódio em uma partida de várias horas era muito maior do que o consumo diário desse mineral pelo atleta e o quadro de câimbras musculares era reincidente. Dada a popularidade de dietas com pouco sódio, um déficit de sódio não está fora de questão quando um atleta está suando em taxas altas, particularmente nos meses quentes do ano. Mas não devemos apenas associar as câimbras musculares o déficit do sódio no organismo. Existem outras causas potenciais como diabetes, problemas vasculares (estes pela baixa de oxigênio na fibra muscular, já que o oxigênio é elemento fundamental na contração muscular) ou doenças neurológicas. Os atletas atribuem câimbras à falta de potássio ou outros minerais como cálcio ou magnésio. A opinião médica atual não dá apoio a esta idéia. Os músculos tendem a acumular potássio, cálcio e magnésio de forma tal que são perdidos em níveis menores na transpiração, se comparados com sódio e cloreto. A dieta geralmente fornece quantidades adequadas para prevenir déficits que iriam contribuir para a ocorrência de câimbras. A fadiga pode ser entendida como um declínio gradual da capacidade do músculo de gerar força, resultante de atividade física (figura 11). Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -12-
  • 17. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Figura 11: Representação esquemática da fadiga de contrações intermitentes submáximas. A capacidade máxima de geração de força diminui logo a partir do início da atividade. A fadiga muscular resulta de muitos fatores, cada um deles relacionados às exigências específicas do exercício que a produz. Esses fatores podem interagir de maneira que acabe afetando sua contração ou excitação, ou ambas. As concentrações de íons de hidrogênio podem aumentar causando acidose. Os estoques de glicogênio podem diminuir dependendo das condições de contração. Os níveis de fosfato inorgânico podem aumentar. As concentrações de ADP podem aumentar. A sensibilidade de Ca2+ da Troponina pode ser reduzida. A concentração de íons livres de Ca2+ dentro da célula pode estar reduzida. Pode haver mudanças na freqüência de potenciais de ação dos neurônios. Uma redução significativa no glicogênio muscular está relacionada à fadiga observada durante o exercício submáximo prolongado. A fadiga muscular no exercício máximo de curta duração está associada à falta de oxigênio e um nível sangüíneo e muscular elevado de ácido lático, com um subseqüente aumento drástico na concentração de H+ dos músculos que estão sendo exercitados. Essa condição anaeróbica pode causar alterações intracelulares drásticas dentro dos músculos ativos, que poderiam incluir uma interferência no mecanismo contrátil, uma depleção nas reservas de fosfato de alta energia, uma deterioração na transferência de energia através da glicólise, em virtude de menor atividade das enzimas fundamentais, um distúrbio no sistema tubular para a transmissão do impulso por toda a célula e desequilíbrio iônicos. É evidente que uma mudança na distribuição de Ca2+ poderia alterar a atividade dos miofilamento e afetar o desempenho muscular. A fadiga também pode ser demonstrada na junção neuromuscular, quando um potencial de ação não consegue ir do motoneurônio para a fibra muscular. O mecanismo exato da fadiga é desconhecido. A contração muscular voluntária envolve uma “cadeia de comando” do cérebro às pontes cruzadas de actina-miosina (figura 12). A fadiga pode ocorrer como resultado de rompimento de qualquer local da cadeia de comando. A fadiga pode ser descrita tanto como central como periférica. A fadiga central está tipicamente associada com a ausência de motivação, transmissão espinhal danificada ou recrutamento das unidades motoras danificado. Geralmente, fatiga periférica se refere ao dano na transmissão nervosa periférica, na transmissão neuromuscular, dano no processo de ativação das fibras ou interações actina-miosina. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -13-
  • 18. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Figura 12: Figura esquemática representando a “cadeia de comando” da contração muscular. 1. Preencha a tabela abaixo, indicando para cada esporte, qual seria o tipo de fibra predominante (tipo I - lenta, tipo II - rápida), a fonte de energia mais utilizada e se o exercício é aeróbio ou anaeróbio Tipo de Esporte Tipo de fibra Fonte de energia Aeróbio/anaeróbio Corrida 100m Maratona Caminhada Natação Sedentário 2. Além do ATP, a creatina fosfato também fornece energia e sua reserva é de 3 a 5 vezes maior do que as de ATP. A creatina fosfato é produzida nos períodos de repouso, por fosforilação à custa de ATP: Creatina + ATP Creatina Fosfato + ADP + H+ A reação é reversível catalisada pela creatina quinase. Durante a atividade muscular, processa-se no sentido da regeneração de ATP, o doador imediato de energia para a contração. A quantidade de ATP e de Creatina Fosfato (CP) armazenada no músculo é de aproximadamente 5 mmol e 15 mmol por kg de músculo, respectivamente. A hidrólise de 1 mol de ATP libera aproximadamente 7 kcal/mol e a de Creatina fosfato, 10kcal/mol. Seja uma pessoa de 70kg com 30kg de massa muscular que mobiliza 20kg dos músculos durante uma atividade física. Para cada uma das atividades, calcule por quanto tempo seria possível realizar a atividade, levando em consideração os dados de gasto energético fornecidos na tabela. Tipo de Esporte Gasto energético (kcal/min) Tempo Ciclismo (rápido) 12,0 Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -14-
  • 19. CONTRAÇÃO MUSCULAR E FIBRAS Judo 13,8 Karate 13,8 Corrida (rápido) 20,5 Natação (intenso) 12,0 Competição pólo 13,6 aquático Baseado nos seus cálculos, explique como essas atividades podem ser mantidas por um período de tempo maior, como ocorre usualmente. Que tipo de substrato seria utilizado como fonte de energia? Você se lembra das vias de utilização desses substratos? Para utilizar os substratos que você citou, é necessário que haja oxigênio? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -15-
  • 20. REVISÃO – VIAS METABÓLICAS 2. Revisão – Vias metabólicas (retirados do livro de Bioquímica básica do Bayardo) Geral Mapa pg 340 (mapa1) Ex1 Qual é a finalidade biológica dos processos descritos no mapa 1? Quais os compostos aceptores de hidrogênio? Qual é a função das coenzimas e do oxigênio na oxidação dos alimentos? Ex2 Mapa pg 116 Observe o mapa abaixo. Ele mostra de forma simplificada o metabolismo de degradação de carboidratos, lipídeos e proteínas, com reações reversíveis e irreversíveis. Em que composto há convergência dessas vias? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -16-
  • 21. REVISÃO – VIAS METABÓLICAS Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -17-
  • 22. REVISÃO – VIAS METABÓLICAS Complete o quadro abaixo, indicando se as conversões indicadas são possíveis e quais etapas seriam percorridas para cada conversão possível Conversões Possível? Etapas a. Proteína ? Glicose b. Proteína ? Ácido Graxo c. Glicose ? Ácido Graxo d. Glicose ? Proteína e. Ácido Graxo ? Glicose f. Ácido Graxo ? Proteína Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -18-
  • 23. REVISÃO – VIAS METABÓLICAS GLICOSE hexoquinase GLICOSE 6 P FRUTOSE 6 P fosfofrutoquinase 1 FRUTOSE 1,6 BISFOSFATO DIIDROXIACETONA FOSFATO GLICERALDEÍDO 3 P FOSFOENOLPIRUVATO piruvato quinase PIRUVATO Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -19-
  • 24. REVISÃO – VIAS METABÓLICAS 2.1. Glicólise 1. Quais são os substratos iniciais da via? 2. Quais são os seus produtos? 3. O NADH produzido na glicólise pode ser oxidado aerobia ou anaerobiamente? Que vias ou reações estariam envolvidas? O que ocorre com o piruvato? 4. Fosfofrutoquinase 1: Esta enzima tem como inibidor o ATP e como efetuador alostérico positivo o AMP. Pense, em um músculo em contração vigorosa, qual é a conseqüência dessa regulação? Se o aporte de oxigênio for insuficiente para o músculo, o que deve ocorrer com as coenzimas? Haverá produção de lactato? 2.2. Conversão de piruvato a acetil-coA A conversão do piruvato a acetil-coA é catalisada por um complexo multienzimático chamado complexo piruvato desidrogenase que requer cinco coenzimas: tiamina pirofosfato (TPP), coenzima A (CoA), nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+), flavina adenina dinucleotídeo (FAD) e ácido lipóico. As quatro primeiras coenzimas são derivadas de vitaminas hidrossolúveis: tiamina, ácido pantotênico, nicotinamida e riboflavina, respectivamente. O ácido lipóico também é uma vitamina. A equação da reação é a seguinte: Piruvato + Coenzima A + NAD+ ? Acetil-CoA + NADH + CO2 a) Qual é a importância dessa reação no metabolismo? De onde vem o piruvato? b) O que a falta de uma das vitaminas causaria? c) Em que compartimento celular ocorre esta reação? d) Se um indivíduo possuir um excesso de vitamina, haverá um aumento na velocidade de reação? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -20-
  • 25. REVISÃO – VIAS METABÓLICAS 2.3. Ciclo de Krebs ACETIL-CoA MALATO CITRATO ISOCITRATO NAD+ NADH + H+ CO2 isocitrato desidrogenase ? -CETOGLUTARATO OXALOACETATO H2O CoA ? -cetoglutarato desidrogenase citrato sintase succinato desidrogenase SUCCINATO SUCCINIL-CoA NADH + H+ H2O FUMARATO Co-A NAD+ NADH + H+ CO2 GDP + Pi CoA GTP NAD+ FADH2 FAD 1. O ciclo de Krebs se inicia com a condensação de acetil-coA e oxaloacetato. Observe o mapa 1. De onde vem o acetil-CoA? (Na sua opinião, qual é a contribuição de cada composto para formação de acetil-CoA?) 2. Quantas coenzimas são reduzidas para uma molécula de acetil-coA? 3. Como o ciclo de Krebs pode contribuir para a formação de grande parte do ATP produzido na célula se ele gera somente 1 ATP e 1 GTP por molécula de acetil-coA? Esta via pode funcionar em condições anaeróbias? 4. Em um programa de treinamento, foram medidas a atividade da succinato desidrogenase e da citrato sintase. Em que vias essas enzimas participam? Qual seria o motivo para utilizar essas medidas para avaliação em um programa de treinamento físico? 2.4. Cadeia de transporte de elétrons e Fosforilação oxidativa 1. Qual é a função da cadeia de transporte de elétrons? Esta via poderia funcionar sem oxigênio? 2. As necessidades celulares de ATP variam bastante de acordo com o estado fisiológico da célula. Uma fibra muscular pode ter suas necessidades Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -21-
  • 26. REVISÃO – VIAS METABÓLICAS aumentadas de 100 vezes em poucos segundos quando passa do repouso para uma atividade física intensa. Para promover o ajuste de produção de ATP e seu gasto, o transporte de elétrons só ocorre com a síntese de ATP e vice-versa. Para que essas reações ocorram, os substratos são: coenzimas reduzidas, oxigênio, ADP e Pi, dentre os quais somente o ADP atinge concentrações limitantes na célula. Descreva o que ocorre no ciclo de Krebs, cadeia de transporte de elétrons, fosforilação oxidativa e glicólise quando a) a razão ATP/ADP aumenta b) a razão ATP/ADP diminui 1) a razão NAD+/NADH aumenta 2) a razão NAD+/NADH diminui 2.5. Glicogênio 1. O glicogênio é sintetizado principalmente pelo fígado e músculos quando a oferta de glicose supera as necessidades energéticas imediatas destes órgãos. O glicogênio deve ser sintetizado em uma situação fisiologicade razão ATP/ADP alta ou baixa? Por que? Essa condição deve ocorrer durante o exercício ou durante o repouso? 2.6. Gliconeogênese 1. A gliconeogênese é uma via que se processa no fígado e minoritariamente nos rins e tem como objetivo a síntese de glicose a partir de compostos que não são carboidratos, aminoácidos, lactato e glicerol. Essa via utiliza as reações reversíveis da glicólise e substitui por outras irreversíveis. Há gasto de energia para efetuar a síntese de glicose? Qual é a necessidade de sintetizar glicose para um organismo? Essa via é realmente necessária já que temos reservas de glicogênio? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -22-
  • 27. (-OXIDAÇÃO 3. ? -Oxidação A continuação você tem os mapas das vias metabólicas mais importantes tal e qual elas são conhecidas em mamíferos. Eles estão relativamente simplificados ao efeito de que você consiga relembrar coisas básicas e não fique perdido no meio da complexidade que elas possuem. Logo de cada via, se apresentam detalhes dos pontos importantes por serem pontos de regulação, por envolverem gasto ou produção de energia ou poder redutor, ou por mostrar moléculas que serão nomeadas de aqui em diante e cujo destino você conseguirá seguir pelo universo metabólico. Alguns desses detalhes serão de utilidade não nessa fase de revisão e sim ao longo do curso. -Observe a via de degradação de triacilgliceróis e oxidação (?-oxidação) de ácidos graxos. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -23-
  • 28. (-OXIDAÇÃO Revisemos alguns pontos dos caminhos indicados no diagrama anterior: (1) - Utilização do glicerol (2) - Ativação ao nível da membrana externa da mitocôndria - Transporte ao nível da membrana interna da mitocôndria Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -24-
  • 29. (-OXIDAÇÃO (E) A TRANSFERASE cataliza o processo e é regulada por (-) malonil-CoA (Ver na via da síntese de ácido graxo) (3) - ? - Oxidação Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -25-
  • 30. (-OXIDAÇÃO Em determinadas condições fisiológicas, o acetil-CoA gerado na ? - oxidação não pode ser aproveitado no ciclo de Krebs e se produz a formação de corpos cetônicos (acetona, acetoacetato, .e ?-hidroxibutirato), como se indica em baixo. Tente responder: 1- Observando a via geral, de que depende a mobilização dos depósitos de triacilgliceróis? Considerando que os hormônios catecolaminas (epinefrina ou adrenalina e norepinefrina ou noradrenalina) são sintetizados em situações de perigo, hipoglicemia, exercício físico e exposição a baixas temperaturas, estimulando a produção de glucagon e inibindo a da insulina, em que condições Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -26-
  • 31. (-OXIDAÇÃO fisiológicas é ativada a lipase dos adipócitos? Nessas condições, quais serão as principais fontes de energia do tecido muscular? 2- Os subprodutos das vias que estão realçados (diidroxiacetona fosfato, o acetil- CoA e o Succinil-CoA) funcionam como intermediários de outras vias nas quais eles são processados. Quais são essas vias. 3- A carnitina é um composto amplamente distribuído pelos diferentes tecidos mas encontrado em concentrações elevadas no músculo. O que sugere este dado? 4- Em quais das seguintes situações haverá estímulo da formação de corpos cetônicos: -dieta rica em hidratos de carbono e normal em lipídeos -jejum - dieta rica em lipídeos e normal em hidratos de carbono Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -27-
  • 32. SÍNTESE DE ÁCIDOS GRAXOS 4. Síntese de Ácidos Graxos A primeira etapa da síntese de ácidos graxos é o transporte de Acetil-CoA para o citossol Revisemos o ponto da síntese dos caminhos indicados no diagrama anterior: (1) Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -28-
  • 33. SÍNTESE DE ÁCIDOS GRAXOS 4.1. Síntese de triacilgliceróis Discuta a seguinte afirmação: 1) “Os triacilgliceróis constituem a forma de armazenamento de todo o excesso de nutrientes” Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -29-
  • 34. TOMADA DE OXIGÊNIO 5. Tomada de Oxigênio A figura acima mostra a tomada de oxigênio pulmonar durante os minutos iniciais de uma corrida com velocidade constante por 10 min, ou seja, um exercício leve. Nos primeiros minutos, há um aumento exponencial da tomada de O2. A região do gráfico onde nível de tomada de O2 permanece constante é considerado o estado estacionário. 1. O que significa o estado estacionário em relação ao balanço energético? 2. A produção de ATP ocorre de forma aeróbia ou anaeróbia? 3. Ocorre acúmulo de lactato? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -30-
  • 35. DÉFICIT DE O2 6. Déficit de O2 O déficit de O2 é a diferença entre o oxigênio total consumido durante o exercício e o total que teria sido consumido se uma taxa estacionária do metabolismo aeróbio tivesse sido alcançada no início. No gráfico, o déficit está representado pela área em lilás. 1. Enquanto a tomada de oxigênio é pequena, qual é a fonte de energia utilizada preferencialmente? 2. Por que há sempre um atraso do aumento na tomada de oxigênio em relação ao gasto de energia? Responda levando em consideração a produção de substratos oxidáveis. 3. Por que o déficit de oxigênio é menor nos indivíduos treinados? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -31-
  • 36. VO2MAX - CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO 7. VO2max - Consumo máximo de oxigênio Em uma conversa entre atletas profissionais, provavelmente você irá ouvir a frase: "qual é o seu VO2Max?" Um alto nível de consumo máximo de oxigênio é uma das características principais de atletas de esportes de alta intensidade como corrida e ciclismo, portanto, deve ser uma característica importante... Mas o que é e como ele é medido? 7.1. Definição de VO2 Max VO2Max é o volume máximo de oxigênio consumido pelo corpo por minuto durante o exercício realizado no nível do mar. Como o consumo de oxigênio está linearmente relacionado com o gasto de energia, quando medimos o consumo de oxigênio, estamos medindo indiretamente a capacidade máxima do indivíduo de realizar um trabalho aeróbico. 7.2. Por que o dele é maior que o meu??? Devemos começar perguntando: "quais são os determinantes do VO2Max?" Toda célula consome oxigênio para converter a energia dos alimentos em ATP para o trabalho celular. As células musculares em contração têm alta demanda por ATP, o que faz com que o consumo de oxigênio aumente durante o exercício. A soma total de bilhões de células de todo o corpo consumindo oxigênio e gerando CO2 pode ser medida pela respiração, usando equipamentos que medem o volume e a presença de oxigênio. Portanto, se medimos um consumo maior de oxigênio durante o exercício, sabemos que mais células musculares estão contraindo e consumindo oxigênio. Para receber e usar o oxigênio para gerar ATP para a contração muscular, as fibras musculares são absolutamente dependentes de dois fatores: 1) um sistema de delivery para levar o oxigênio da atmosfera para as células musculares 2) mitocôndrias para realizar o processo de transferência de energia aeróbia De fato, os atletas de resistência são caracterizados por possuir um ótimo sistema cardiovascular e uma capacidade oxidativa bem desenvolvida nos músculos esqueléticos. Precisamos de uma bomba eficiente para enviar o sangue rico em oxigênio para os músculos e também de músculos ricos em mitocôndria para usar o oxigênio e sustentar altas taxas de exercício físico. Mas, qual seria o fator limitante na VO2Max, o delivery ou a utilização de oxigênio? Esta questão criou muito debate entre os fisiologistas, mas agora já temos uma resposta clara. 7.3. Os músculos dizem, se você entrega-ló, nós o usaremos. Muitos experimentos de diferentes tipos sustentam o conceito de que, em indivíduos treinados, é o delivery e não a utilização de oxigênio que limita o VO2Max. Realizando exercícios com uma perna e medindo diretamente o consumo muscular de oxigênio de uma pequena massa muscular, foi mostrado que a capacidade do músculo utilizar o oxigênio excede a capacidade do coração de bombeá-lo. Apesar de um homem adulto possuir de 30 a 35 kg de músculo, somente uma parte desse músculo pode ser perfundido com sangue a qualquer momento. O coração não pode enviar um grande volume de sangue para todo o músculo esquelético e ainda manter uma pressão sangüínea adequada. Como mais uma evidência para uma limitação no delivery, um treino de resistência longo pode resultar em um aumento de 300% da capacidade oxidativa do músculo mas Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -32-
  • 37. VO2MAX - CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO aumenta somente de 15 a 25% o VO2Max. O VO2Max pode também ser alterado artificialmente mudando a concentração de oxigênio no ar. Além dissso, o VO2Max costuma aumentar em pessoas não-treinadas antes que ocorra uma mudança na capacidade aeróbica do músculo. Todas essas observações demonstram que o VO2Max pode ser dissociado das caracterísiticas do músculo esquelético. O volume de sangue que é ejetado do ventrículo esquerdo a cada batimento cardíaco é chamado de "stroke" e está relacionado linearmente com o VO2max. O treinamento faz com que haja um aumento do stroke volume e portanto, um aumento da capacidade caríaca máxima. Isto resulta em uma maior capacidade para o delivery de oxigênio. Mais músculos são abastecidos de oxigênio simultaneamente e ao mesmo tempo, a pressão sanguínea é mantida. É importante também considerar e compreender o papel da capacidade oxidativa do músculo. À medida que o sangue rico em oxigênio passa pela rede de capilares de um músculo esquelético em ação, o oxigênio difunde para fora dos capilares para a mitocôndria, seguindo o gradiente de concentração. Quanto maior a taxa do consumo de oxigênio pela mitocôndria, maior é a extração do oxigênio e maior a diferença entre a concentração de O2 entre o sangue arterial e venoso. O delivery é o fator limitante pois mesmo nos músculos treinados, não se pode usar o oxigênio que não é fornecido. Mas, se o sangue chega nos múculos que não são treindados, VO2max será menor apesar de uma maior capacidade de delivery. 7.4. Como o VO2Max é medido? Para determinar a capacidade aeróbica máxima, devemos seguir condições de exercício que demandam a capacidade máxima de delivery de sangue pelo coração. Para isso, devemos considerar as seguintes características: ?? Utilizar pelo menos 50% da massa muscular total. Atividades que cumprem este requisito: corrida, ciclismo, remo. O método mais comum no laboratório é a corrida em uma esteira, com inclinações e velocidades diferentes. ?? Ser independente da força, velocidade, tamanho do corpo e habilidades. ?? Ter duração suficiente para que as respostas cardiovasculares sejam maximizadas. Geralmente, testes para capacidade máxima usando exercício contínuos são completados em 6 a 12 minutos. ?? Ser feito por pessoas motivadas pois os testes para medir VO2max são muito pesados mas terminam rapidamente. Eis um exemplo do que ocorre durante um teste. Sua freqüência cardíaca será medida e o teste se inicia por uma caminhada em uma esteira a velocidades baixas e sem inclinação. Se você estiver em forma, o teste pode ser iniciado com uma corrida leve. Então, a velocidade e/ou a inclinação da esteira é aumentada em intervalos regulares (30s a 2 min). Enquanto você corre, estará respirando por um sistema de 2 válvulas. O ar entra do ambiente mas será expirado por sensores que medem o volume e a concentração de O2. Usando estas válvulas, a tomada de O2 pode ser calculada por um computador em cada estágio do exercício. A cada aumento na velocidade ou inclinação, uma massa muscular maior será utilizada em maior intensidade. O consumo de oxigênio ira aumentar linearmente com o aumento de carga. Porém, Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -33-
  • 38. VO2MAX - CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO em algum ponto, o aumento da intensidade não irá resultar em um aumento do consumo de oxigênio. Esta é a indicação de que você atingiu o VO2 max. O valor do VO2 max pode ser dado em duas formas: absoluta, ou seja, em litros/min e o valor é tipicamente entre 3 e 6 para homes e 2,5 e 4,5 para mulheres. O valor absoluto não leva em conta as diferenças de tamanho do corpo. Por isso, outra forma de expressar o VO2max é na forma relativa, em ml por min por kg. O consumo máximo de oxigênio entre homens não-treinados com aproximadamente 30 anos é aproximadamente 10-45 ml/min/kg e diminui com a idade. O indivíduo que faz exercícios regularmente pode aumentar para 50-55 ml/min/kg. Um corredor de ponta com 50 anos pode ter um valor de VO2max maior do que 60 ml/min/kg. Já um campeão olímpico de 10.000 metros provavelmente apresenta um valor próximo de 80ml/min/kg. Claramente, o treino é importante mas a genética favorável também é um fator crítico. Mais uma informação: antes de você ficar muito impressionado com o corredor na TV, lembre-se ue os humanos não são nada em comparação com muitos animais atletas - o VO2 de um cavalo treinado é de 600 litros/min ou 150ml/min/kg! Como vimos no texto, um dos fatores que afeta o VO2max é a pressão de oxigênio. Isso ocorre pois a ligação do oxigênio à hemoglobina é regulada pelo 2,3 bisfosfoglicerato (2,3 BPG). O 2,3 BPG está presente em concentrações relativamente altas nos eritrócitos e faz com que a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio seja bastante reduzida de acordo com a pressão de oxigênio. A concentração de BPG no sangue de um indivíduo normal é de aproximadamente 5 mM no nível do mar e de aproximadamente 8 mM em grandes altitudes. O gráfico abaixo mostra uma curva de saturação de oxigênio para a hemoglobina em função da pressão de oxigênio para diferentes concentrações de BPG. a) Explique por que o BPG é importante para a adaptação fisiológica em regiões de grandes altitudes. b) A afinidade da hemoglobina fetal por BPG é maior ou menor que nos adultos? Por que? c) Os indivíduos treinados possuem maior ou menor concentração de 2,3 BPG. Este fato é coerente com a diferença de déficit de oxigênio observada no gráfico da tomada de oxigênio? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -34-
  • 39. RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO 8. Recuperação após o exercício 8.1. Definição de EPOC / relação de EPOC com intensidade do exercício Após uma atividade física, os processos fisiológicos do corpo não voltam imediatamente ao estado de repouso. Independente da intensidade do exercício, a tomada de oxigênio durante a recuperação (pós-exercício) sempre excede o valor do repouso. Este excesso é chamado de débito de oxigênio ou recovergy oxygen uptake ou EPOC (“Excess Post Exercise Oxygen Consumption” - excesso de oxigênio pós-exercício). Ele é calculado como: (Oxigênio total consumido na recuperação) - (Oxigênio total que teria sido consumido no repouso durante o período de recuperação se o exercício não tivesse sido realizado) Então, se um total de 5.5L de oxigênio foi consumido durante a recuperação até atingir o valor de repouso de 0.310L/min e o tempo de recuperação foi de 10 min, o débito de oxigênio seria de 5.5L - (0.310L x 10 min) = 2.4L. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -35-
  • 40. RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO Os gráficos acima mostram a tomada de oxigênio durante e depois do exercício. Indique para cada um dos gráficos a intensidade do exercício: a) leve b) aeróbico moderado a pesado c) máximo (aeróbico + anaeróbico) Justifique, tentando explicar o por que de uma componente mais rápida e outra mais lenta nos dois últimos gráficos, relacionando com a intensidade e duração do exercício. Que elementos indicados no gráfico levaram a essas conclusões? 2. Qual seria a função desse excesso de oxigênio pós-exercício? 3. Implicações do EPOC na recuperação O EPOC tem implicações para a recuperação após o exercício que pode ser feita de forma ativa ou passiva. A forma passiva consiste em repouso, inatividade completa que reduz o requerimento de energia, liberando o O2 para o processo de recuperação. A forma ativa ou cooling down é feita com exercício aeróbio sub-maximal, dessa forma, o movimento aeróbio contínuo evita a fadiga e facilita a recuperação. Que tipo de recuperação seria mais adequado para: a) exercício feito com uptake de O2 abaixo de 50% de VO2 max b) exercício cuja intensidade ultrapassa 60 a 75% do VO2 max Justifique, levando em consideração a função do EPOC e a formação de ácido lático. Observe o gráfico abaixo e responda: 1. Descreva as diferenças observadas no gráfico entre um indivíduo treinado e não treinado para as diferentes intensidades de exercício físico. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -36-
  • 41. RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO 2. No exercício leve, como o ATP necessário é gerado? Há aumento na concentração do lactato? Por que? 3. Assumindo que ocorre hipóxia nos tecidos, como explicar o acúmulo de lactato no exercício moderado? Explique, utilizando na sua resposta a via glicolítica e a produção de NADH. 4. Por que durante o repouso há produção de lactato? O que significa o nível basal de lactato? O lactato pode ser formado continuamente em repouso e durante o exercício moderado. Em condições aeróbias, há um balanço entre a produção e a remoção de lactato por outros tecidos, mantendo a concentração estável. Quando a taxa de remoção não é equilibrada pela produção, ocorre o acúmulo de lactato. Por que nos indivíduos treinadas o acúmulo de lactato é menor no exercício moderado? Por que no exercício intenso o acúmulo de lactato no indivíduo treinado é maior?? 5. A enzima lactato desidrogenase (LDH) favorece a conversão de piruvato em lactato nas fibras musculares de contração rápida. Já nas fibras lentas, a LDH favorece as reações contrárias, transformando preferencialmente lactato em piruvato. Como isso é possível? Nos exercícios em que há maior mobilização de fibras do tipo II, o que seria esperado em relação à concentração de lactato? Este fato dependeria da oxigenação dos tecidos? Como pode uma mesma enzima favorecer reações no sentido contrário? 6. A enzima lactato desidrogenase é uma enzima oligomérica formada por diferentes subunidades. Os vertebrados possuem duas subunidades distintas dessa enzima: M, que predomina nos músculos e H, que predomina no tecido cardíaco. Para saber quantas subunidades compõem a enzima, as diferentes proteínas oligoméricas (formadas somente por subunidades M ou H) foram purificadas, misturadas, dissociadas de suas subunidades componentes em condições suaves de Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -37-
  • 42. RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO desnaturação (mudança de pH, adição de uréia) e foram então incubadas juntas para se reassociarem (retirando as condições desnaturantes). Foi feita uma eletroforese onde na primeira canaleta a amostra aplicada foi a isoenzima composta somente de subunidades M, na segunda, a mistura após desnaturação leve e renaturação e na terceira, a isoforma H, como mostra a figura. O que representam as diferentes bandas na canaleta contendo a mistura? Quantas subunidades compõem a enzima? Quantas isoformas da LDH existem? Descreva a composição de subunidades das isoformas. M mistura H (+) Origem (-) 8.2. INFORMAÇÕES ADICIONAIS A Lactato Desidrogenase encontra-se na maioria de todos os tecidos. Quando há dano nas células em tecidos contendo LDH, há liberação de LDH na corrente sangüínea. Como a LDH é amplamente distribuída, a análise total de LDH não é útil para o diagnóstico de uma doença específica. Mas, devido a suas diferentes isoformas, a análise dos níveis de LDH pode auxiliar no diagnóstico de certas doenças, mas há controvérsias. As diferentes isoformas são: LDH-1, LDH-2, LDH-3, LDH-4, LDH-5. Em geral, cada isoforma é usada por um tecido específico. LDH-1 é encontrada preferencialmente no coração, LDH-2 está associada com sistemas de defesa contra infecção, LDH-3 está encontrada nos pulmões e em outros tecidos, LDH-4 no rim, placenta e pâncreas e LDH-5 no fígado e músculo esquelético. Normalmente, os níveis de LDH-2 são maiores do que o das outras isoenzimas. Certas doenças têm padrões de níveis elevados de isoenzimas LDH. Por exemplo, um nível maior de LDH-1 em relação a LDH-2 pode ser indicação de ataque cardíaco, elevações de LDH-2 e LDH-3 podem indicar danos nos pulmões, elevações em LDH-4 e LDH-5 podem indicar danos no fígado ou músculo. Um aumento de todas as isoformas da LDH simultaneamente pode ser diagnóstico de lesões em múltiplos órgãos. Um dos testes comumente utilizados é o diagnóstico de infarto do miocárdio. O nível total de LDH aumenta em 24-48h após o ataque do coração, tem um pico em 2 ou 3 dias e retorna ao normal em aproximadamente 5 ou 10 dias. Este Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -38-
  • 43. RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO padrão pode ser útil para um diagnóstico tardio. Já o diagnóstico utilizando a isoforma LDH-1 é mais sensível e específica do que o LDH total. Normalmente, o nível de LDH-2 é maior do que o de LDH-1. Um nível de LDH-1 maior do que LDH- 2 pode ser um indicativo de ataque cardíaco. Essa inversão aparece em 12-24h após o ataque. Porém, o uso dos níveis de LDH como diagnóstico de infarto do miocárdio têm sido considerado obsoleto pois após mais de 10 anos tentando fazer com que os testes utilizando as isoformas de LDH tivessem mais sensibilidade e especificiade, continua apresentando muitas falhas quando utilizado na prática. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -39-
  • 44. LIMIAR DE LACTATO 9. Limiar de Lactato Para determinar o limiar de lactato, podemos utilizar dois procedimentos distintos: 1. O indivíduo em teste faz corridas de 800m e tem o lactato dosado. A primeira corrida é feita em alta velocidade, a máxima conseguida pelo indivíduo. Após uma pequena pausa, faz-se um ciclo de corridas em velocidades baixas e crescentes intercaladas com curtos descansos. Para isso, é necessário ter um controle de velocidade do atleta e um lactímetro. Para dois indivíduos, obtivemos os seguintes dados: Limiar de lactato 14 12 10 8 6 4 2 0 Limiar de lactato 21 18 7 8 9 10 velocidade (Km/h) concentração de lactato (mmol/L) 1 2 O limiar de lactato é a velocidade em que o indivíduo atinge a concentração mínima de lactato, ou seja, quando a taxa de produção começa a exceder a taxa de remoção. 2. Pode ser feito um teste em laboratório, utilizando estágios sucessivos de exercício em bicicleta ergométrica, esteira, etc. Inicialmente, a intensidade do exercício é de 50 a 60% do VO2max. Cada estágio do exercício tem duração de 5 minutos. Perto do final de cada estágio, a taxa cardíaca e o consumo de oxigênio são registrados e uma amostra de sangue é coletada para a dosagem de lactato. Após essas medidas, a carga do exercício é aumentada e as medidas são repetidas. Após o sexto estágio, obtém-se uma distribuição de intensidades como mostra o gráfico abaixo. O limiar de lactato é quando a taxa de produção de lactato excede a taxa de remoção, correspondendo ao consumo de oxigênio de 45ml/min/kg. Geralmente determina-se o limiar de lactato em % do VO2max. Qual seria o limiar de lactato do indivíduo abaixo, dado que o VO2max é de 61 mo/min/kg? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -40-
  • 45. LIMIAR DE LACTATO Consumo de oxigênio (ml/min/kg) Concentração de lactato (mmol/L) Freqüência Cardíaca a) Qual a finalidade de se medir o limiar de lactato? b) Observando os gráficos do item 1, responda: qual indivíduo é o treinado? Por que? Quais os fatores que devem influenciar o acúmulo de lactato no organismo? c) Qual seria uma forma de monitorar o limiar de lactato durante o exercício sem que seja efetuada a sua dosagem? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -41-
  • 46. ADAPTAÇÕES NA UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES SUBSTRATOS DURANTE O TREINAMENTO 10. Adaptações na utilização de diferentes substratos durante o treinamento Sistemas de transferência de energia durante o exercício. Exercício de duração imediata e de curta duração. 1. A atividade física demanda a maior quantidade de energia, comparada com todas as outras funções metabólicas complexas que ocorrem no corpo. Durante uma corrida de velocidade ou uma competição de nado, por exemplos, o gasto de energia dos músculos ativos pode ser 100 vezes maior que o gasto em repouso. Durante um exercício menos intenso mais intenso, como uma maratona, o requerimento de energia aumenta para 20 ou 30 vezes em ralação com o requerido na ausência de atividade. Dependendo da intensidade e duração do exercício, os três grandes sistemas de transferência de energia existentes no corpo são requisitados em forma diferenciada e a sua contribuição relativa para o exercício é distinta. -Considere o gráfico abaixo e preencha os espaços em branco com os nomes dos sistemas de transferência de energia correspondentes com cada curva. Após isso estabeleça: Que sistemas operam em forma anaeróbia e quais em forma aeróbia? Que sistemas liberam energia mais rapidamente? Existem atividades que sejam feitas em foram anaeróbia ou aeróbia exclusivamente? 120 100 80 60 40 20 0 2 min duração do exercício contribuição dos sitemas de energia (%) 10 s 30 s 5 min 2. Segundo a gráfica em baixo, o lactato sangüíneo não se acumula a todas as intensidades de exercício. Porque o lactato aumenta a medida que aumenta a intensidade do exercício? Observe as diferenças entre treinados e não treinados e discuta quais seriam as vantagens dessa diferença no caso de um atleta e possíveis explicações para essa diferença. Que significam os pontos que estão sendo indicados pelas setas? Com que tipo de atleta (ou seja, praticando que tipo de esporte) se corresponde a curva dos “treinados”? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -42-
  • 47. ADAPTAÇÕES NA UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES SUBSTRATOS DURANTE O TREINAMENTO exercício fraco exercício moderado exercício extenuante 0 25 50 75 100 VO2 max. (%) Concentração de lactato sangüíneo Não treinados Treinados 3) Treino de intervalo: intercalar exercícios de alta intensidade com descanso permite realizar exercícios de alta intensidade que não seriam possíveis se foram feitos continuamente. Baseado no metabolismo energético, justifique se há ou não base para esse treino. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -43-
  • 48. TREINAMENTO DE LONGA DURAÇÃO E ALTA INTENSIDADE 11. Treinamento de longa duração e alta intensidade Treinamento de longa duração e alta intensidade 1. Os atletas que fazem esportes de alta intensidade, freqüentemente experimentam uma sensação de fadiga crônica, na qual dias sucessivos de treinamento extenuante chegam a ser mais difíceis de suportar, progressivamente. Essa fadiga, pode-se relacionar com uma gradual diminuição das reservas de CHO corporais. Na Figura 1 mostra-se a mudança na concentração de glicogênio intramuscular em seis atletas ingerindo uma dieta com as doses recomendadas de CHO, lipídeos e proteínas, antes e depois de corridas de 16,1 km realizadas em três dias sucessivos. Figura 1. Mudanças na concentração de glicogênio intramuscular em seis atletas homens antes e depois de corridas de 16,1 km realizadas em três dias sucessivos. O glicogênio muscula r também foi medido 5 dias após a última corrida. Observe as variações na concentração e na velocidade de degradação e discuta como está sendo utilizado o glicogênio ao longo dos três dias de competição. Estão sendo utilizadas outras fontes de energia ao longo dos três dias? Como varia a utilização dessas outras fontes em relação com a variação nos níveis de glicogênio? Que pode dizer respeito da recuperação nos níveis de glicogênio (5º dia pós)? 2. Em uma experiência para avaliar o efeito da dieta sobre as reservas de glicogênio intramuscular e sobre a duração do exercício, três grupos de pessoas foram alimentados de forma diferente durante três dias, e após essa dieta diferenciada, foram submetidos a uma sessão de ciclismo até o limite das suas forças (tempo de fadiga o de extenuação) (Figura 1). A quantidade de calorias ingeridas foi a recomendada normalmente nos três casos, mas em uma condição a maior parte das calorias foi dada como lipídeos, na segunda as porcentagens diárias recomendadas de CHO, lipídeos, e proteínas foram mantidas, e na terceira, a dieta foi rica em CHO. Figura 1. Efeitos da dieta no conteúdo de glicogênio no quadriceps femoris e na duração do exercício feito sobre uma bicicleta Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -44-
  • 49. TREINAMENTO DE LONGA DURAÇÃO E ALTA INTENSIDADE Discuta: -O que pode dizer ao respeito da relação entre a dieta, as reservas de glicogênio no músculo e a resistência ao exercício? -Para que tipo de competições você recomendaria uma dieta rica em CHO? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -45-
  • 50. EXERCÍCIOS DE INTENSIDADE BAIXA E MODERADA 12. Exercícios de intensidade baixa e moderada 1. Em condições de treinamento moderado, que tipo de substrato você espera que seja degradado preferencialmente e porque? Como espera que essa degradação evolua ao longo do tempo do exercício? 2. Observe os gráficos inseridos em baixo e discuta as seguintes afirmações: a. O consumo de lipídeos aumenta na medida que o tempo do exercício aumenta. b. A contribuição relativa de cada substrato (o fonte de carbono) ao exercício que está sendo feito depende da intensidade do exercício, da duração do exercício, e da aptidão física. c. Como resultado do treinamento as reservas de glicogênio são preservadas. 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 tempo do exercicio (min) entrada de oxigênio (mM/min) Fontes não sangüíneas FFA glicose Figura 1. Consumo de oxigênio e nutrientes durante o exercício prolongado em condições moderadas. As Fontes não sangüíneas são glicogênio, triglicerídeos e proteínas do músculo. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -46-
  • 51. EXERCÍCIOS DE INTENSIDADE BAIXA E MODERADA 350 300 250 200 150 100 50 0 25 65 85 porcentagem do VO2max Gasto de energia (kcal/kg/min) glicogênio do músculo triglicerídeos dos músculos FFA do plasma glicose do plasma Figura 2. Utilização do substrato em diferentes intensidades de exercício Observação: 25% do VO2 max equivale a exercício suave 65% do VO2 max equivale a exercício moderado 85% do VO2 max equivale a exercício intenso 250 200 150 100 50 0 sedentário treinado ácidos graxos livres no plasma triglicerídeos glicogênio glicose sangüínea Figura 3. Contribuição estimada de vários substratos ao metabolismo energético em músculos dos membros treinados e não treinados, considerando exercícios de intensidade moderada. 3. A glicose é transportada para dentro das células mediante difusão facilitada. Uma família de transportadores denominados GLUT1-7 é responsável pelo transporte. Nos músculos esqueléticos dos humanos adultos há três isoformas presentes. Dessas, GLUT 1 é responsável pelo transporte basal e GLUT 4 é o maior transportador de glicose. Na presença de insulina ou por efeito da contração muscular, GLUT 4 é translocado de depósitos intracelulares para a membrana plasmática. Discuta quais seriam as diferenças entre o uso da glicose proveniente da degradação dos depósitos de glicogênio muscular, hepático ou da ingestão de sacarose, pelos músculos em atividade. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -47-
  • 52. PROTEÍNAS 13. Proteínas Proteínas na dieta Alguns aminoácidos devem ser fornecidos através da dieta porque sua síntese no organismo é inadequada para satisfazer as necessidades metabólicas. Eles são chamados aminoácidos essenciais. Esses aminoácidos são: treonina, triptofano, histidina, lisina, leucina, isoleucina, metionina, valina e fenilalanina. A ausência ou ingestão inadequada de qualquer desses aminoácidos resulta em balanço nitrogenado negativo, perda de peso, crescimento menor em crianças e pré-escolares e sintomas clínicos. As necessidades de aminoácidos essenciais estão na tabela 1. Tabela 1: Estimativas das exigências nutricionais (mg/kg/dia) de aminoácidos por grupo de idade Aminoácido Lactentes, idade 3-4 meses Crianças, idade ~2 anos Crianças, idade 10-12 anos Adultos Histidina 28 ? ? 8-12 Isoleucina 70 31 28 10 Leucina 161 73 44 14 Lisina 103 64 44 12 Metionina + 58 27 22 13 Cisteína Fenilalanina + tirosina 125 69 22 14 Treonina 87 37 28 7 Triptofano 17 12,5 3,3 3,5 Valina 93 38 25 10 Os demais aminoácidos são chamados não essenciais e são igualmente importantes na estrutura protéica. Se ocorrer deficiência na ingestão desses aminoácidos, eles podem ser sintetizados em nível celular a partir de aminoácidos essenciais ou de precursores contendo carbono e nitrogênio. Aminoácidos conhecidos como condicionalmente essenciais são aqueles que se tornam indispensáveis sob certas condições clínicas. Acredita-se que a cisteína, e possivelmente a tirosina, podem ser condicionalmente essenciais em crianças prematuras. A arginina pode se tornar indispensável em indivíduos mal nutridos, sépticos ou em recuperação de lesão ou cirurgia. Fontes de proteína As proteínas estão amplamente distribuídas na natureza, mas poucos alimentos contêm proteínas com todos os aminoácidos essenciais, como as proteínas do ovo e do leite utilizadas como referência. Alimentos de origem animal, como carnes, aves, peixes, leite, queijo e ovo, possuem proteínas de boa qualidade, suficiente para serem considerados as melhores fontes de aminoácidos essenciais. Os dados sobre consumo de alimentos de 1985 e 1987 do departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA) revelaram que os alimentos de origem animal fornecem 65% da proteína consumida. No Brasil esse valor é de aproximadamente 40% dependendo do poder econômico da população. As leguminosas (10 a 30% de proteínas) são os alimentos mais ricos em proteínas, mas são deficientes em metionina. Os cereais (6 a 15% de proteínas) apresentam um conteúdo protéico menor do que as leguminosas e são deficientes em lisina, mas contribuem mais para a ingestão protéica da população, pois são Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -48-
  • 53. PROTEÍNAS consumidos em grandes quantidades. Frutas e hortaliças fornecem pouca proteína (1 a 2% do seu peso). Tabela 2: Composição de aminoácidos em alguns alimentos. Aminoácidos essenciais Queijo, ovo, leite e carne Milho Cereal Legumes Grão integral (com germe) Nozes, óleos de sementes, soja Sementes de gergelim e girassol Amendoim Vegetais, “folhas verdes” Gelatina Levedura Metionina X _ X _ X _ _ _ X Isoleucina X Leucina X Lisina X _ _ X X X _ _ _ Fenilalanina _ Treonina X _ _ X _ X _ X Triptofano _ _ X _ Valina X X = Altas quantidades de aminoácidos presentes no alimento _ = Baixas quantidades de aminoácidos presentes no alimento Recomendações nutricionais para proteínas O aumento da ingestão de proteínas mais que três vezes o nível recomendado não aumenta o desempenho durante o treinamento intensivo. Para atletas, a massa muscular não aumenta simplesmente através de uma alimentação rica em proteína. Por exemplo, o aumento do consumo extra de proteína de 100g (400 calorias) para 500g diárias não aumenta a massa muscular. Calorias adicionais na forma de proteínas são depois da desaminação (remoção do nitrogênio) usadas diretamente como componentes de outras moléculas incluindo lipídeos que são estocados em depósitos subcutâneos. Assim, se numa dieta com excesso de proteínas o músculo não tiver condições de utilizar os aminoácidos para síntese de tecido muscular, as cadeias carbônicas serão usadas na gliconeogênese e o nitrogênio excedente excretado pela urina. O aumento da excreção de nitrogênio leva a uma maior necessidade de água, uma vez que ele é incorporado à uréia e esta à urina. Isto, a longo prazo pode sobrecarregar os rins e causar desidratação. A tabela 3 mostra as recomendações nutricionais de proteínas para adolescente e adultos homens e mulheres. Em média, o consumo diário de proteína recomendado por kg de massa corpórea é 0,83g (para determinar o requerimento de homens e mulheres com idade de 18 a 65 multiplicou-se a massa corpórea em kg por 0,83. Por exemplo, para um homem com 90 kg, a necessidade diária de proteína é 90 x 83 ou 75 g). Geralmente, a necessidade e a quantidade de aminoácidos essenciais diminuem com a idade. A recomendação protéica diária para lactentes e crianças em crescimento é de 2 a 4g por kg de massa corpórea, enquanto para mulheres grávidas é 20 g e para mães em fase de amamentação é 10g. Stress e doenças aumentam a necessidade protéica. É tema de debate a grande necessidade de proteínas para atletas adolescentes que estão em crescimento moderado, atletas envolvidos em programas de desenvolvimento de força e resistência. Em geral, o aumento no consumo de proteínas desses atletas serve mais para compensar o aumento no gasto de energia. Homens e mulheres fisiculturistas e halterofilistas e outros atletas de força costumam ingerir entre 0,5 a 4 vezes o RDA para proteína por dia. Esse excesso é consumido na forma de líquido, pó ou pílulas de “proteínas” purificadas. Essas preparações que contém proteínas são “predigeridas” quimicamente em aminoácidos em laboratórios. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -49-
  • 54. PROTEÍNAS Tabela 3: Recomendação nutricional (RDA) de proteínas para adolescentes e adultos homens e mulheres. Quantidade Adolescente homem Adulto homem Adolescente mulher Adulto mulher recomendada Gramas de proteína por kg de peso corpóreo 0,9 0,8 0,9 0,8 Gramas de proteína por dia (baseada na média de peso *) 59 56 50 44 *A média de peso é baseada numa “referência” para homens e mulheres. Para adolescentes (idade 14-18) a média de peso é aproximadamente 65,8 kg para homens e 55,7kg para mulheres. Para homem adulto essa média é 70 kg e mulher é 56,8 kg. Proteína exercício 1 Revisão metabolismo de aminoácidos Explique como é originado o pool de aminoácidos e o que ocorre com os aminoácidos excedentes. No organismo não existe uma grande reserva de aminoácido livres e qualquer quantidade acima da necessária para a síntese de proteínas de tecidos e os vários compostos não protéicos, contendo nitrogênio, é metabolizada. Nas proteínas celulares existe um “pool” metabólico de aminoácido (figura 1) num estado de equilíbrio dinâmica que pode ser solicitado em qualquer situação para satisfazer uma necessidade. O contínuo estado de síntese e degradação de proteínas, fenômeno denominado “turnover”, é necessário para manter o “pool” metabólico e a capacidade de satisfazer a demanda de aminoácidos nas várias células e tecidos do organismo quando esses são estimulados a produzir novas proteínas. Os tecidos mais ativos responsáveis pelo “turnover” protéico são plasma, mucosa intestinal, pâncreas, fígado e rins, enquanto tecido muscular, pele e cérebro são os menos ativos. Figura 1: pool de aminoácidos originado pela degradação das proteínas endógenas e pelas da dieta. Antes da oxidação do esqueleto de carbono da molécula de aminoácido o grupo amino deve ser removido. Essa remoção é catalizada por enzimas chamadas aminotransferases ou transaminases. Na maioria dos aminoácidos o grupo ? -amino é transferido para o átomo de carbono ? do ? -cetoglutarato produzindo o ? - Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -50-
  • 55. PROTEÍNAS cetoácido e glutamato. Esse processo ocorre principalmente no fígado. Esse grupo amino é convertido e, NH4 + e aspartato que são precursores do ciclo da uréia. Figura 2: Ciclo da uréia Os esqueletos de carbono são convertidos a algumas das formas intermediárias (figura 3), formadas durante o catabolismo de glicose e ácidos graxos. Assim, podem ser transportados para os tecidos periféricos, onde entram no ciclo de Krebs para produzir adenosina trifosfato (ATP). Esses fragmentos podem ser usados também nas síntese de glicose ou gorduras. Figura 3: Destino da cadeia carbônica dos aminoácidos A maioria dos aminoácidos, particularmente alanina, são potencialmente glicogênicos. O piruvato, a partir da oxidação da glicose no músculo, é aminado para formar alanina que é transportada para o fígado, onde sofre desaminação e o esqueleto de carbono é convertido à glicose. Esse ciclo da alanina (figura 4) é importante como fonte de glicose durante o período de baixo suprimento exógeno. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -51-
  • 56. PROTEÍNAS Figura 4: Ciclo alanina-glicose. A alanina transporta a amônia e o esqueleto carbônico do piruvato do músculo até o fígado. A amônia é excretada e o piruvato é utilizado na produção de glicose (gliconeogênese) Existe um balanço de nitrogênio, quando o consumo de nitrogênio (proteína) é igual à excreção de nitrogênio. O organismo apresenta um balanço de nitrogênio positivo se o consumo de nitrogênio for maior do que a sua excreção. Assim, a proteína é retida como um novo tecido que começa a ser sintetizado. Isso é freqüentemente observado em crianças, durante a gravidez, em recuperação de doença e durante exercícios de resistência quando a síntese de proteínas ocorre nas células do músculo. O balanço de nitrogênio negativo pode ocorrer quando o organismo cataboliza proteínas devido a falta de outros nutrientes que forneçam energia. Por exemplo, um indivíduo que consome quantidades adequadas ou excesso de proteína, mas pequena quantidade de carboidratos ou lipídeos. Conseqüentemente a proteína é usada como a principal fonte de energia, o resultado é um balanço negativo de proteína (nitrogênio). Em períodos de jejum também é observado um balanço negativo de nitrogênio. Questões Qual o principal produto de excreção do metabolismo nitrogenado no homem? Quais são os outros compostos nitrogenados excretados pelo homem? Qual é a origem dos dois átomos de nitrogênio presentes na molécula de uréia? Discuta o balanço energético no ciclo da uréia (balanço de ATP)? Quais são os destinos das cadeias carbônicas dos aminoácidos? Discuta a importância do ciclo da alanina-glicose. Onde ocorre a síntese da uréia? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -52-
  • 57. PROTEÍNAS Exercício 2 Para o estudo da dinâmica de proteínas no exercício é utilizado o método clássico de determinação da quebra de proteínas através da excreção da uréia. No experimento da figura 1 a excreção do nitrogênio foi medida a partir do suor. Discuta, a partir do gráfico, as conseqüências de uma dieta com restrições de carboidratos. O balanço de nitrogênio é a medida mais utilizada para avaliar o metabolismo protéico de um indivíduo. Sabendo que o balanço de nitrogênio é a diferença entre a quantidade de nitrogênio ingerido e a quantidade de nitrogênio excretado explique como está o balanço de nitrogênio nas situações abaixo. Figura 1: Excreção de uréia no suor em situações de repouso, durante o exercício depois de grande ingestão de carboidratos (alto CHO) e diminuição de carboidrato (baixo CHO). Exercício 3 Algumas proteínas do organismo não podem ser utilizadas para a obtenção de energia. As proteínas do músculo são mais lábeis e com o aumento da demanda com os exercícios ela pode ser utilizada na obtenção de energia. A figura abaixo mostra a liberação do aminoácido alanina (e possivelmente glutamina) a partir de músculos da perna em diferentes situações. Por que ocorre um aumento dos níveis de alanina nas situações apresentadas? Qual o destino dessa alanina Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -53-
  • 58. PROTEÍNAS Figura 6: Influência de 40 minutos de exercícios de varias intensidades e liberação de alanina a partir dos músculos da perna. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -54-
  • 59. CARBOIDRATOS 14. Carboidratos De onde vem os carboidratos? Os carboidratos são sintetizados pelos vegetais verdes através da fotossíntese, processo que utiliza a energia solar para reduzir o dióxido de carbono. Assim, os carboidratos atuam como reservatório químico principal da energia solar. Recomendações Nurticionais Não há uma recomendação de ingestão para carboidratos. A típica dieta americana inclui de 40 a 50% da calorias totais como carboidratos. Para uma pessoa sedentária de 70kg é recomendado um consumo diário de cerca de 300g de carboidratos. Para uma pessoa ativa envolvida em treinamento o consumo sobe para 60% de calorias diárias (400 a 600g). Esse carboidrato deve ser predominantemente proveniente de frutas e vegetais. Na dieta americana cerca de 50% do carboidrato consumido como açúcar simples, predominando a sacarose. Um consumo adequado de carboidratos é fundamental para pessoas ativas. Quando o suprimento de oxigênio para os músculos ativos é inadequada, o glicogênio dos músculos e a glicose do sangue são as primeiras fontes de energia. Ao estocar glicogênio os carboidratos asseguram energia para exercícios aeróbicos de alta intensidade. Assim, para pessoas ativas é importante uma dieta com 50 a 60% de calorias na forma de carboidratos predominantemente na forma de amido e fibras. Durante treinamento vigoroso e antes de competição o consumo de carboidratos pode aumentar para assegurar reservas adequadas de glicogênio. A recomendação para atletas com treinamento prolongados é de 10g por kg de massa corpórea. Portanto, o consumo diário para um atleta de 46kg que gasta cerca de 2.800kcal por dia é de aproximadamente 450g ou 1800kcal. Um atleta com 68kg deve ingerir cerca de 675g de carboidratos (2.700kcal) como parte de um requerimento de 4.200kcal. Em ambos os casos os carboidratos representam cerca de 65% da energia total consumida. Fontes de carboidratos A maior parte dos carboidratos da dieta são provenientes de alimentos de origem vegetal. A única exceção é a lactose, dissacarídeo que ocorre no leite e seus derivados. A frutose está presente em grandes quantidades em frutas e no mel. Os três açúcares duplos (dissacarídeos) que são comuns na alimentação: sacarose, lactose e maltose. A sacarose é o açúcar comum de mesa e o mais disseminado na natureza sendo encontrado em todos os vegetais que efetuam a fotossíntese e é obtida industrialmente da cana-de-açúcar da beterraba. Quando o amido é hidrolisado pela enzima diastase, um produto é a maltose. A maior fonte de maltose é a de grãos em germinação. O amido em grãos se rompe durante a germinação formando a maltose. Isso ocorre antes dos grãos serem usados na fabricação da cerveja. No processo de produção da cerveja ocorre a mudança de maltose em “malte”, que é mais fácil de ser metabolizado do que o amido original no grão. São poucas as fontes de maltose em nossa dieta. Assim, a maltose possui papel significativo como produto intermediário da digestão do amido. O amido ocorre como grânulos microscópicos nas raízes, nos tubérculos e nas sementes dos vegetais. As maiores fontes de amido incluem milho, batata, trigo e arroz. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -55-
  • 60. CARBOIDRATOS Fibra dietética Fibra dietética em alimentos corresponde à soma dos resíduos de paredes celulares e de tecidos de sustentação dos vegetais consumidos nas dietas, correspondendo a um conjunto de compostos que resistem à hidrólise pelas enzimas endógenas do tubo digestivo. O baixo consumo de fibra dietética está ligada a prevalências de desordens intestinas nos Estados Unidos comparado com países com alto consumo de complexos de carboidratos não refinados. Por exemplo, na África e na Índia as dietas apresentam de 40 a 150 g de fibras enquanto a típica dieta americana apresenta um consumo diário de somente 12g. Os principais grupos de componentes integrantes das paredes celulares de vegetais são: celulose, hemicelulose, polissacarídeos pécticos, proteoglicanas, glicoproteínas e compostos polifenólicos inclusive a lignina. A proporção desses polímeros varia e o seu grau de maturidade A celulose é resistente à degradação e insolúvel em água. Assim, os integrantes da fração fibra classificam-se em solúveis e insolúveis em água. As fibras solúveis como a pectina e a goma de guar presentes em farinha, feijão, ervilhas, cenouras e frutas podem diminuir o colesterol do sangue. Essas fibras podem inibir a síntese e a absorção do colesterol no intestino e ao mesmo tempo se ligam ao colesterol existente facilitando a excreção nas fezes. As fibras insolúveis como hemicelulose, lignina e celulose encontradas em arroz, cereais e farelo de trigo não têm efeito na diminuição do colesterol. Embora, a fração insolúvel seja em geral a mais abundante, ela não é a mais importante. A fração insolúvel da fibra está relacionada co o aumento do bolo fecal que garante o peristaltismo intestinal e evita a constipação, evitando o aparecimento de hemorróidas e diverticulites (inflamação da parede do intestino, resultado de irritação conseqüente a diverticulose) que provocam enfraquecimento da parede intestinal causada pela pressão de fezes duras. A relação entre câncer de cólon e fibra dietética tem sido estudada, mas os resultados são conflitantes. Enquanto alguns pesquisadores afirmam não ter encontrado qualquer relação, outros descrevem diminuição ou aumento do aparecimento do câncer. Esse assunto é muito discutido em vista da variabilidade das condições experimentais. Parece que a fibra reduz a absorção de minerais reduzindo a sua biodisponibilidade. Em 1992, Sandstead aconselhou não consumir altas doses de fibra, enquanto não tivermos pleno conhecimento sobre o equilíbrio mineral, particularmente em relação ao cálcio e o zinco. É recomendado a ingestão diária de 20 a 35 g de fibra. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -56-
  • 61. LIPÍDIOS 15. Lipídios Os lipídios são fundamentais na alimentação para: transportar as vitaminas lipossolúveis, fornecer a maior quantidade de calorias por grama, fornecer os ácidos graxos essenciais etc. Os ácidos graxos essenciais são poliinsaturados e não podem ser sintetizados pelo organismo humano, sendo obtidos a partir da alimentação. Os ácidos graxos essenciais são o ácido linoléico e o ácido linolênico, mas há duvidas se o linolênico é essencial. O ácido linolênico participa da formação do ácido araquidônico que é precursor dos eicosanóides. Os ácidos graxos essenciais fazem parte da estrutura dos fosfolipídios que são componentes importantes das membranas e da matriz estrutural de todas as células. O ácido linoléico é comum na maioria dos óleos vegetais. Na dieta típica americana os vegetais contribuem com 34% do consumo diário de lipídios enquanto 66% é de origem animal. Em média as pessoas nos Estados Unidos consomem 15% das calorias totais como ácidos graxos saturados. A relação entre ácidos graxos saturados e o risco de doenças coronárias faz com que médicos e nutricionistas sugiram a substituição na dieta de ao menos uma parcela dos ácidos graxos saturados por insaturados. No presente é prudente que não mais que 10% da energia total seja consumida na forma de ácidos graxos saturados. . Para uma boa saúde se tornou comum o uso de lipídios provenientes de fontes vegetais na alimentação como o óleo de milho. Porém, o consumo total de lipídios (ambos ácidos graxos saturados e insaturados) podem constituir riscos para doenças cardiovasculares e diabetes. Portanto, o consumo total de lipídios deve ser reduzido. Existe associação de dietas ricas em gorduras com cânceres de ovário, mama e cólon, bem como a possibilidade de promover o crescimento de outros cânceres. A redução de lipídios na dieta também pode reduzir problemas de controle de peso. 15.1. Ácidos graxos Ômega-3 Os ácidos graxos ômega-3, de interesse nutricional, incluem o ácido linolênico e seus derivados, ácido eicosapentaenóico e ácido docosahexaenóico. Óleos de peixe, principalmente peixes de águas geladas como atum, arenque, sardinha e cavala são ricos em ácidos graxos ômega-3. O consumo regular de peixe e óleos de peixe tem efeitos benéficos, especialmente em relação a doenças cardiovasculares. Um mecanismo proposto para prevenção de ataque cardíaco é que o óleo de peixe ajuda na prevenir a formação de coágulos sanguíneos nas artérias. 15.2. Colesterol As lipoproteínas de alta densidade (HDL) são produzidas no fígado e no intestino. Essas lipoproteínas têm grande porcentagem de proteínas e um baixo teor de colesterol. As lipoproteínas de baixa densidade (LDL) contêm maior colesterol. O colesterol, juntamente com outros lipídios, é absorvido a partir do intestino e transportado para o fígado. No fígado o colesterol e os triacilgliceróis excedentes são usados na síntese das VLDL que são exportadas. Quando os triacilgliceróis presentes nas VLDL são hidrolisados pela lípase protéica ocorre a formação das LDL. As LDL transportam (“mau” colesterol) a maior parte do colesterol sérico e têm grande afinidade pelas células da parede arterial. As HDL (“bom” colesterol) Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -57-
  • 62. LIPÍDIOS removem o colesterol dos tecidos e o transportam para o fígado onde é incorporado a bile e excretado. Enquanto os ácidos graxos saturados tendem a elevar tanto o LDL-colesterol como o HDL-colesterol os insaturados reduzem o LDL-colesterol e os poliinsaturados reduzem também o HDL-colesterol. 15.3. Manteiga X Margarina: O risco dos ácidos graxos Trans? A manteiga é composta por cerca de 62% de ácidos graxos saturados e a margarina com aproximadamente 20%. Durante a produção da margarina através da hidrogenação ocorre a formação de ácidos graxos na forma natural cis e na não natural trans. Na margarina a porcentagem de ácidos graxos trans insaturados é maior que na manteiga, mas como a margarina é de origem de óleo vegetal não contém colesterol como a manteiga. Suspeita-se de uma possível relação entre ácidos graxos trans e arteosclerose. 15.4. Recomendações nutricionais A dieta de lipídios representa cerca de 38% das calorias totais ingeridas nos Estados Unidos, ou cerca de 50kg de lipídios consumidos por pessoa a cada ano. Embora as recomendações para a ingestão diária de lipídios não estão estabelecidas, o consumo de lipídios não deve exceder 30% da energia total da dieta. Foi proposto que a maior parte dos lipídios seja consumido na forma de ácidos graxos insaturados, igualmente distribuído entre poliinsaturados e monoinsaturados. A principal fonte de colesterol são os alimentos de origem animal ricos em ácidos graxos saturados. 15.5. Lipídios no exercício O requerimento de energia para atividade de baixa a moderada é largamente proveniente de ácidos graxos provenientes dos estoques de triacilgliceróis e liberados do músculo como ácidos graxos livres (FFA). Durante breves períodos de exercício moderado a energia é derivada aproximadamente em igual quantidade de lipídios e carboidratos. Depois de uma hora aumenta a utilização de lipídios e os carboidratos se tornam depletados. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -58-
  • 63. LIPÍDIOS Questões carboidratos, lipídios e proteínas 1- O que é o bom e o mau colesterol? 2- Diante de duas dietas com mesma quantidade de açúcar simples (sacarose) e amido qual é a mais recomendada? 3- Quais são as recomendações nutricionais (RDA) de carboidratos, proteínas e carboidratos, proteínas e lipídios? 4- Quais são as principais fontes de carboidratos, proteínas e lipídios na alimentação? 5- Compare as proteínas de origem animal com as de origem vegetal? 6- A mistura de cereais e leguminosas substitui as proteínas de origem animal numa dieta? 7- Explique a importância de uma dieta de boa qualidade do ponto de vista protéico para o pool de aminoácidos? 8- Quais as conseqüências de uma dieta deficiente em proteínas? 9- È recomendado uma alta ingestão protéica em atletas? 10- Além do glicogênio qual é a outra maneira do homem armazenar energia? Qual fornece mais energia? Quem é mais facilmente disponível? 11- Explique o papel dos carboidratos em exercícios prolongados? 12- Quais as conseqüências de uma dieta deficiente em carboidratos? 13- Na tabela abaixo temos a porcentagem de ácidos graxos saturados e insaturados em gorduras de origem animal, margarinas e óleos vegetais. Com base na tabela explique que tipo de lipídio é mais recomendado para uma dieta adequada? Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -59-
  • 64. LIPÍDIOS Saturados Monoinsaturados Poliinsaturados Gorduras Manteiga 66 31 3 Toicinho 43 44 13 Margarinas 26 49 25 Óléos Amendoim 20 50 30 Algodão 27 22 51 Soja 15 25 60 Milho 13 25 62 Girassol 11 21 68 Oliva 14 77 9 Coco 92 6 2 14- Qual o ácido graxo essencial para o organismo humano? 15- Qual a influência dos ácidos graxos no “mau colesterol” (LDL-colesterol) e no “bom colesterol” (HDL-colesterol)? Quais as vantagens e as desvantagens no consumo de margarinas? 16- Quais são os ácidos graxos omega-3? Quais são as suas principais fontes e funções? 17- A figura abaixo mostra a porcentagem de calorias totais consumidas como carboidratos, proteínas e lipídios, incluindo kcal total por kg de massa corpórea, em diferentes tipos de atividade física. Explique a diferença de calorias consumidas na forma de proteínas, lipídios e carboidratos em diferentes tipos de exercícios. Porcentagem de calorias totais consumidas na forma de carboidratos, proteínas e lipídios, incluindo kcal total por kg de massa corpórea, para 8 grupos de atletas mulheres e homens e 4 grupos de atletas homens. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -60-
  • 65. ESTRESSE OXIDATIVO, DEFESA ANTIOXIDANTE E ATIVIDADE FÍSICA 16. Estresse Oxidativo, Defesa Antioxidante e Atividade Física “Paradoxo do Oxigênio” "One of the paradoxes of life on this planet is that the molecule that sustains aerobic life, oxygen, is not only fundamentally essential for energy metabolism and respiration, but it has been implicated in many diseases and degenerative disorders." O estudo do papel do estresse oxidativo vem atraindo grande interesse por sua associação com envelhecimento e uma série de outras condições patológicas. A relação entre atividade física, radicais livres, antioxidantes, ainda não está bem estabelecida. Os estudos indicam que em atividades físicas de intensidade média o organismo tem condições de neutralizar os radicais livres produzidos durante o exercício. Porém outros estudos mostram que, durante os exercícios intensos e extenuantes, o sistema antioxidante do organismo não é capaz de neutralizar os efeitos danosos dos radicais livres ao organismo. Nesta seção introduziremos conceitos básicos sobre radicais livres, danos oxidativos, defesas antioxidantes e discutiremos tópicos relacionados à adaptação (indução de enzimas de defesa antioxidante) lesões e suplementos antioxidantes. 16.1. O que são: Radicais Livres, Espécies Reativas de Oxigênio e Nitrogênio Antes de começarmos a discussão sobre o estresse oxidativo no exercício físico é fundamental que entendamos o significado dos termos radicais livres, espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. De maneira geral, tem-se que o oxigênio molecular (O2) é necessário para a sobrevivência de todos organismos aeróbicos. Assim, a obtenção de energia por estes organismos é feita na mitocôndria através da fosforilação oxidativa, onde o O2 Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -61-
  • 66. ESTRESSE OXIDATIVO, DEFESA ANTIOXIDANTE E ATIVIDADE FÍSICA é reduzido por quatro elétrons a H2O. Quando o oxigênio é parcialmente reduzido, tanto na fosforilação oxidativa quanto em outras reações, há a formação de radicais livres, que constituem moléculas com coexistência independente (o que explica o uso do termo “livre”) e que contém um ou mais elétrons não pareados na camada de valência. Esta configuração faz dos radicais livres espécies altamente instáveis, de meia vida relativamente curta e quimicamente muito reativas. e- H+ H ? OH 2O2 H2O e- e- O ?? 2 O2 2H+ e- H+ Esquema 1. Passos intermediários da redução do oxigênio. A redução por 4 elétrons do oxigênio até a água ocorre em etapas sucessivas de redução por 1 elétron. Neste processo são formados os intermediários: ânion radical superóxido, peróxido de hidrogênio e radical hidroxila, que correspondem à redução por um, dois e três elétrons, respectivamente. O termo espécies reativas de oxigênio (EROs ou ROS:“reactive oxygen species”) incluem, além dos radicais livres derivados do oxigênio (como o radical superóxido e o radical hidroxila), espécies não radicalares como a água oxigenada (H2O2, mensageiro secundário na transdução de sinal intra e extra-celular), o ácido hipocloroso (HOCl, agente oxidante e clorinante produzido por macrófagos), o oxigênio singlete (uma forma altamente reativa do oxigênio) e o ozônio. Um dos principais representantes de ROS é o anion radical superóxido (O2 Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -62- ? -), o qual é produzido através de uma redução monoeletrônica do oxigênio. Nas células o O2 ? - é rapidamente convertido à peróxido de hidrogênio (H2O2) através de sua dismutação espontânea ou enzimática (superóxido dismutase). O H2O2 é menos reativo que o O2 ? -, porém na presença de metais como o ferro (Fe2+) ou o cobre (Cu+), ele pode gerar radicais hidroxila (?OH). O ?OH é provavelmente um dos radicais mais reativos dentre os ROS. H2O2 + Fe2+ ? Fe3+ + OH- + ?OH (reação de Fenton) As espécies reativas de nitrogênio (ERNs ou RNS:”reactive nitrogen species”), como o próprio nome indica, referem-se às espécies reativas derivadas do nitrogênio. Um representante muito importante desta classe é o radical óxido nítrico (?NO), um agente vasodilatador e neurotransmissor sintetizado pelas células do endotélio vascular. Na tabela 1 estão representados os principais exemplos de radicais livres, ROS e RNS.
  • 67. ESTRESSE OXIDATIVO, DEFESA ANTIOXIDANTE E ATIVIDADE FÍSICA Tabela 1: Principais ROS e RNS Nome Fórmula Comentários Radical superóxido O2 ? - É formado através da redução por 1 elétron do oxigênio. Produzido por células fagocíticas onde tem papel importante na inativação de vírus e bactérias. Também é produzido durante o metabolismo normal na mitocôndria Radical Hidroxila ?OH É um dos radicais livres mais potentes. É produzido pela ação de radiações ionizantes e na decomposição de H2O2 catalisada por metais Peróxido de hidrogênio H2O2 É formado na dismutação de O2 ? - catalisada pela SOD. Também é produzido por várias oxidases, entre elas a xantina oxidase Ácido hipocloroso HOCl É produzido a partir de Cl- e H2 O2 pela mieloperoxidase em neutrófilos ativados. Possui importante papel na destruição de bactérias. Reage com H2O2 produzindo 1O2 Oxigênio singlete 1O2 É uma forma bastante reativa do oxigênio. É produzido nas reações de fotosensibilização e em outras reações envolvendo peróxidos Óxido nítrico ?NO É um radical com importantes papéis fisiológicos. É formado a partir da L-arginina numa reação mediada por enzimas do grupo da NO sintase. ?- e NO?. Sua Peroxinitrito ONOO- Formado na reação entre O2 protonação torna-a altamente oxidante sendo capaz de lesar uma série de biomoléculas 16.2. Quais são as fontes de radicais livres durante o exercício físico? Durante o exercício físico as ROS podem ser produzidas por diversas fontes, que variam de acordo com o órgão, o tempo de exercício e o tipo de exercício, sendo que muitas das fontes não são exclusivas e podem ser ativadas simultaneamente. A figura abaixo ilustra de maneira geral as vias principais de formação de radicais livres durante o exercício. Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica -63-