Os livros infantis portugueses estão conquistando o mercado internacional. Muitas editoras estrangeiras negociaram direitos de publicação de títulos portugueses na feira de Bolonha, onde Portugal era o país convidado. A presença portuguesa atraiu grande interesse e facilitou a internacionalização dos autores e ilustradores portugueses.
1. Os livros infantis portugueses estão
a conquistar o mercado internacional
Os ilustradores e escritores portugueses foram protagonistas da Feira Internacional do Livro Infantil
de Bolonha. Ser país convidado facilita a internacionalização. Abriram-se portas, fecharam-se contratos
dr
gal, pela língua ou pela geografia,
Livros ficaram orgulhosos da forte presen-
Rita Pimenta, em Bolonha ça portuguesa, o que fez aumentar
a sua curiosidade e interesse sobre
Editoras francesas, italianas, suíças, o nosso trabalho”.
inglesas, suecas, coreanas, japone- A editora não tem dúvidas: “So-
sas, brasileiras, alemãs, mexicanas, mos um país pequeno, a atravessar
colombianas, israelitas. Todas qui- um período difícil, como todos, mas
seram garantir os direitos de mui- fazemos livros de grande qualidade.
tos títulos das editoras portuguesas A internacionalização é importante
presentes na 49.ª edição da Feira e... o Facebook também. Houve uma
Internacional do Livro Infantil de materialização de amigos virtuais
Bolonha, que ontem terminou. E estrangeiros que nos conheciam
conseguiram. por essa via.” Israel foi um dos can-
“Estou muito interessada nos li- didatos a títulos desta editora do
vros portugueses”, diz ao PÚBLICO Porto.
Francine Bouchet, a responsável da Francisco Vaz da Silva, da Bags of
editora suíça La Joie de Lire. “Há já Books, acredita ter beneficiado da
muito tempo que publicamos Alice atribuição do Prémio de Excelên-
Vieira em francês e somos os úni- cia 2012 da revista norte-americana
cos a fazê-lo. E vamos publicar mais Community Arts ao ilustrador e pin-
um: A Charada da Bicharada, com tor João Vaz de Carvalho, pelo livro
ilustrações de Madalena Matoso. Os Saudade, estando este agora a ser
portugueses são importantes para negociado com os Estados Unidos.
nós”, acrescenta, pouco depois de A editora publicou o seu primeiro
uma reunião com a Pato Lógico para livro em Dezembro de 2010 e du-
negociar os direitos de Se Eu Fosse rante a feira negociou um modelo
Um Livro. de troca de direitos entre pequenas
Assinado por José Jorge Letria editoras. “Todos queremos vender,
(texto) e André Letria (ilustração), Em cima, a mas comprar nem por isso. Assim,
este título foi cobiçado por quatro exposição estou em conversações com uma
editoras. Ganhou a Joie de Lire. “Vi Como as editora francesa que se mostrou in-
o filme de apresentação no YouTu- Cerejas na teressada. Qualquer coisa como: ‘Eu
be e apercebi-me de que era um li- feira; ao lado asseguro a tua edição no meu país
vro formidável, muito poético. Pedi ilustrações de e tu asseguras a minha no teu’.” Ca-
os direitos e vamos publicá-lo em Se Eu Fosse da editora ficando responsável pela
francês”, conta a editora, que se um Livro, de tradução para a sua língua. Francis-
diz grande admiradora de Fernan- José Jorge co Vaz da Silva diz que “assim que
do Pessoa, mas cujo autor preferido Letria e André houve a divulgação de que Portugal
é António Lobo Antunes. Letria era o convidado, as mensagens e os
“O universo literário português fa- contactos estrangeiros começaram
rá sempre parte do meu património. puseram; houve mesmo quem qui- tos ilustradores bons, está bonita e seus livros de poesia, a mesma que a subir”.
Quem ama a literatura tem uma gran- sesse comprar trabalhos, contam o cenário é muito apelativo. É o que também iniciou conversações com Fora do pavilhão colectivo das
de necessidade de Portugal e é lógico os professores Manuel Sampaio e nós precisamos.” Lembrando que a Adélia Carvalho, da Tcharan, para pequenas editoras esteve a Plane-
que procure bons autores e ilustra- Pedro Saraiva. prática de ter um país convidado é dois títulos. ta Tangerina, que usou o stand da
dores no segmento infantil. Somos A directora da feira, Roberta Chin- recente, refere que proporciona a Antes, a Trinta por Uma Linha ti- DGLB para a sua preenchida agenda
cada vez mais a fazê-lo”, conclui. ni, disse ao PÚBLICO estar satisfeita esses países “muita visibilidade e a nha vendido direitos para o México, de 40 reuniões. “Uma de meia em
Como país convidado da feira, com a presença de Portugal como oportunidade de mostrar em que mas, logo no primeiro dia, a editora meia hora. Nunca fechamos contra-
Portugal atraiu sobre si muita da país-tema: “A exposição tem mui- nível estão”: “Podem divulgar a sua colombiana quis muito conversar tos aqui em Bolonha, mas ficamos
atenção dos profissionais do livro, cultura. Dá uma imagem importante sobre Poemas de Brincalhar. Ao se- com a quase certeza de muitos dos
sobretudo na área da ilustração.
Para isso contribuiu a exposição
“É lógico que ao país e à feira.” gundo dia, estava quase resolvida
a negociação de três títulos com a
que vamos fechar. Sentimos quando
os editores estão mesmo interessa-
Como as Cerejas, logo à entrada da procure bons País pequeno, grandes livros Coreia do Sul. “Se Portugal não fosse dos”, diz a editora e escritora Isabel
feira e com trabalhos de 50 ilustra-
dores exibidos em malas de pintu-
autores no Visibilidade e internacionalização
foi o que procuraram as seis editoras
país convidado, a Trinta por Uma
Linha não estaria aqui em Bolonha.
Minhós Martins. Editoras francesas,
inglesas, coreanas, suecas, japone-
ra abertas. Ajudou também o stand segmento infantil que se juntaram num stand comum: Viemos em interesse próprio, mas sas, brasileiras e alemãs mostraram-
da Direcção-Geral do Livro e das Bi-
bliotecas com 150 livros ilustrados
[português]. Bags of Books, Eterogémeas, Gata-
funho, Trinta por Uma Linha, Pato
também porque quisemos agir em
consonância”, diz o editor e também
se interessadas nas suas obras. As
mais requisitadas: Quando Eu Nasci;
expostos em escadotes vermelhos. Somos cada vez Lógico e Tcharan. autor João Manuel Ribeiro. Cá em Casa Somos e Pê de Pai.
Mesmo a presença mais discreta da
Faculdade Superior de Belas-Artes
mais a fazê-lo” João Manuel Ribeiro, da Trinta
por Uma Linha, estava surpreen-
A Tcharan estava em negociações
com o Brasil e com Espanha e Adélia
No próximo ano, a Feira Interna-
cional do Livro Infantil de Bolonha
de Lisboa motivou muitos pedidos Francine Bouchet, dido com o interesse de uma edi- Carvalho ficou com a sensação de celebra 50 anos e o país convidado
de contactos dos alunos que ali ex- editora da La Joie de Lire tora colombiana em quatro dos que “os países próximos de Portu- será a Suécia.