2. Que Palavra é Esta?
Que palavra é esta
Que lembras sorriso
Que lembra ternura
Que palavra é esta
Que lembra esperança
E a voz de criança?
Que palavra é esta
Que lembra trabalho
Suor e orvalho?
3. Que palavra é esta
que lembra doação
sacrifício, irmão!
Que palavra é esta
que lembra uma casa
de janelas amplas
e risos alegres?
Esta palavra tão bela
que lembra ternura,
sorriso,
esperança,
trabalho,
criança,
doação
4. Não é outra senão
aquela que nos anima
no labor, na ação
no Amor:
EDUCAÇÃO
11. Esta menina tão pequenina
Que ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
Mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.
A Bailarina
Cecília Meireles
12. Não conhece nem lá nem si,
Mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
E não fica tonta nem sai do lugar.
Poe no cabelo uma estrela e um véu
E diz que caiu do céu.
13. Esta menina
Tão pequenina
Quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
E também quer dormir como as outras
crianças.
15. O Cavalinho Branco
Cecília Meireles
À tarde, o cavalinho branco
Está muito cansado:
Mas há um pedacinho no campo
Onde é sempre feriado.
O cavalo sacode a crina
Loura e comprida
E nas verdes ervas atira
Sua branca vida.
16. Seu relincho estremece as raízes
E ele ensina aos ventos
A alegria de sentir livres
Seus movimentos.
Trabalhou todo o dia, tanto!
Desde a madrugada!
Descansa entre as flores, cavalinho
branco,
De crina dourada!
17. Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
Lavadeiras e passarinhos,
Ovos verdes e azuis nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
Uma estátua da Primavera?
Leilão de Jardim
Cecília Meireles
18. Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilhinho dentro do chão?
(Este é meu leilão!)
20. Esse Pequeno Mundo
Pedro Bandeira
Sei que o mundo é mais que a casa,
Mais que a rua, mais que a escola,
Mais que a mãe e mais que o pai.
Vai além do horizonte,
Que eu desenhei no caderno,
Como linha reta e preta,
Que separa azul de verde.
21. Sei que é muito, sei que é grande,
Sei que é cheio, sei que é vasto.
Me disseram que é uma bola
Que flutua pelo espaço,
Atirada pelo espaço,
Atirada pelo chute
De um gigante poderoso,
Vai direto para um gol,
Que ninguém sabe onde é.
Mas para mim o que mais conta
E este mundo que eu conheço
e que cabe direitinho
Bem debaixo do meu pé.
22. O passarinho
Caiu do ninho.
Cortaram a árvore,
Pisaram seu ninho,
E o passarinho não tem mais lar.
Não tem mais mãe, não tem mais
Nada, não tem ninguém.
Ninho do coração
Pedro Bandeira
23. Agora só tem a mim, e eu agora tenho a ele.
Vou colocar com cuidado no bolso da minha
blusa.
Parece que está com frio,
Pois pulsa na minha mão.
Quem sabe ele não faz ninho
Dentro do meu coração.
24. Por enquanto eu sou Pequeno
Pedro Bandeira
Por enquanto sou pequeno,
Mas vou aprender a ler:
Já sei ler palavra inteira,
Leio pra cima, e pra baixo,
E plantando bananeira!
Por enquanto sou pequeno,
Uma coisa vou dizer,
Com certeza e alegria:
Sei que nunca vou esquecer
Da beleza da poesia!
26. Canção do dia de sempre
Mário Quintana
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
27. E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
28. Quem Sabe Um Dia
Quem Sabe um Dia
Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!
Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!
Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!
29. Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!
Um dia
Um Mês
Um ano
Uma vida
Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
30. Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois
Mário Quintana
31. Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
Os Poemas
32. alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti ...
Mário Quintana