1. Escola Nacional de Seguros
MBA Executivo em Seguros e
Resseguros
CENÁRIOS ECONÔMICOS
Professor Gustavo Melo
A INFLUÊNCIA DA TAXA DE JUROS NO
MERCADO DE SEGUROS E FUNDOS DE
PENSÃO
Pier Domenico Rodrigues Ietto
2. ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 2
2 TAXA SELIC E A ECONOMIA .................................................................................. 3
3 IMPACTOS NAS SEGURADORAS E FUNDOS DE PENSÃO................................... 4
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 6
5 FONTES DE PESQUISA............................................................................................ 7
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3. 1 INTRODUÇÃO
Quando se fala em taxa de juros, podemos recorrer à definição do dicionário
Houaiss, como "quantia que remunera um credor pelo uso de seu dinheiro por parte
de um devedor durante um período determinado, ger. uma percentagem sobre o que
foi emprestado; soma cobrada de outrem, pelo seu uso, por quem empresta o
dinheiro". De uma forma mais simples, é a remuneração que o detentor do dinheiro
cobra para conceder um empréstimo. No caso da ação do Governo na economia,
este determina uma taxa básica de juros que norteia a economia brasileira e a
negociação dos títulos públicos registrados no Banco Central.
Assim, podemos dizer que a taxa de juros tem um papel estratégico nas
decisões dos mais variados agentes econômicos. Por exemplo, nas empresas as
taxas de juros norteiam as decisões quando a compra de equipamentos, insumos,
montante de capital de giro, entre outros. Já na vida das pessoas comuns, os
consumidores, essas taxas nortearão seu poder de compra também em função de
sua volatilidade.
Essas decisões se baseiam no patamar da taxa de juros, pois este influencia
o volume do consumo de bens pelos consumidores e o nível de financiamento desses
bens.
Em se tratando do mercado internacional, que também é afetado pelas taxas
de juros determinadas por cada país, a fixação de uma taxa de juros local está
relacionado com a demanda de crédito nos mercados financeiros internacionais.
Assim, podemos afirmar que um país detentor de uma taxa de juros local alta,
considerando seu risco de crédito dentro dos padrões aceitáveis, atrairá muitos
recursos estrangeiros que visam o retorno financeiro oferecido por essas taxas de
juros, ou seja, o movimento de capitais financeiros internacionais estará
condicionado aos diferentes níveis de taxas de juros locais entre os países.
No Brasil essa taxa local é chamada de taxa SELIC (Sistema Especial de
Liquidação e Custódia) e a responsabilidade pela sua divulgação periódica é o Comitê
de Política Monetária (COPOM). A taxa SELIC é o índice pelo qual as taxas de juros
cobradas no mercado são balizadas no Brasil, ou seja, é chamada de taxa básica de
referência, em face de sua utilização pela política monetária do governo, a fim de
embasar o cálculo das demais taxas de juros de todo o crédito na economia. Ainda, é
utilizada pelo Governo com intuito de controlar a inflação.
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4. 2 TAXA SELIC E A ECONOMIA
Sendo a taxa Selic o instrumento utilizado pelo Governo para controlar a
inflação.
A redução dessa taxa implica na redução das aplicações nos títulos da dívida
pública e uma busca por investimento que tenham retorno melhor que o pago pelo
Governo naqueles títulos. Assim, como há redução desses investimentos em títulos
públicos, há uma maior circulação de dinheiro no mercado, aumentando o crédito.
Esse aumento da demanda de produtos e serviços aquece a economia, o que pode
ocasionar aumento dos preços e, consequentemente, da inflação. Em geral, se
percebe uma migração de recursos que, antes eram investidos nos títulos do
Governo, de Renda Fixa, para a Bolsa de Valores, ou seja, o mercado de ações.
Ainda, se percebe também a redução dos recursos externos investidos nos títulos
públicos brasileiros, pois, enquanto a taxa SELIC é alta, os países estrangeiros
mantêm seus recursos investidos nesses títulos visando o retorno financeiro, mesmo
o Brasil apresentando maior risco de solvência. Entretanto, a redução dessa taxa faz
com que o risco de deixar os recursos investidos nos títulos brasileiros não compense
o baixo retorno financeiro e o Governo fica com menos recursos, pois é por meio da
emissão e venda desses títulos que o Governo toma empréstimos para financiar a
dívida pública no país e outras atividades como educação, saúde e infraestrutura.
Por outro lado, havendo o aumento da taxa básica de juros, a SELIC, o
Governo inibe o consumo e os investimentos. Por consequência, há uma
desaceleração da economia o que evita o aumento dos preços, ou seja, é um
mecanismo de inibição de inflação. O movimento de recursos financeiros é o oposto,
já que a remuneração para pelos títulos de Renda Fixa aumenta e, em função do
menor risco quando comparados aos investimentos no mercado financeiro, os
investidores na hora de diversificar seus recursos, optam por alocar uma grande
parte nos títulos do Governo.
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5. 3 IMPACTOS NAS SEGURADORAS E FUNDOS DE
PENSÃO
Desde o ano passado, mais precisamente desde 31/08/2012, o Banco Central
iniciou o atual ciclo de corte básica de juros (a Selic) com uma redução de 0,5 da
Selic, e assim, até a última reunião, a qual definiu a taxa de 7,25%a.a., estamos
acompanhando um processo de redução gradativa nessa taxa, fato este que
surpreendeu tanto os investidores quanto os analistas do mercado.
Entretanto, pelo que já expusemos anteriormente sobre a redução da taxa
SELIC, quando analisamos mais especificamente o mercado de seguros e as
Seguradoras, observamos que o recuo da taxa básica de juros vai afetar os ganhos
financeiros em função das aplicações mantidas observados os limites determinados
pela SUSEP, podendo fazer com que haja reajuste nos preços dos seguros, pois
muitas Seguradoras contavam com os resultados das aplicações para manter
prêmios sem realidade tarifária. Entretanto, a redução da Selic pode provocar uma
retomada do crescimento, pois mencionamos essa redução implica no aumento do
volume de dinheiro em circulação no mercado, o que aliado à estabilidade
econômica, aumenta o poder de compra do consumidor, o que pode aumentar o
consumo no mercado segurador, aumentando os resultados operacionais, o que
implicaria na redução da dependência dos ganhos financeiros por parte das
Seguradoras.
Assim, percebe-se que as Seguradoras estão fazendo ajustes significativos
nas suas estruturas, afim de conviver com esse cenário de taxas de juros baixas sem
deixar de trazer o retorno dos acionistas.
Uma diferença entre os impactos dessa redução é quando isolamos
diferentes ramos. Ou seja, seguradoras com foco em vida devem ser mais afetas,
haja vista que seus ativos devem ser capitalizados por maior tempo afim de cobrir
um plano de previdência ou seguro de vida. Ou seja, são contratos longos. Já as
seguradoras de ramos elementares devem ser menos afetadas por terem contratos
curtos, de um ano no máximo.
Assim, algumas alternativas para compensar os baixos índices de retorno
provocados pela redução das taxas de juros são o aumento do preço dos seguros,
aumento do portfólio, aumento da área de abrangência e redução dos custos. Ainda,
uma outra solução, embora empenha maior risco às Seguradoras é aplicar os
recursos garantidores em ativos de maior risco, ou seja, no mercado de ações,
visando aumentar o retorno dessa carteira de investimentos.
Quando falamos dos Fundos de Pensão, ou seja, a Previdência Fechada, nos
referimos aos fundos que garantem um benefício ao seu participante quando da sua
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6. aposentadoria, ou a pensão aos seus dependentes. Desta forma, por ser um fundo
ligado a uma Patrocinadora e não visar lucros (apenas cobra taxa de administração
para fazer frente aos compromissos administrativos) toda a rentabilidade auferida
pelo fundo se reverte para os participantes e patrocinadora, no sentido de reduzir
contribuições normais futuras e/ou aumentar benefícios.
Assim, o fundo tem que capitalizar os valores pagos de contribuição, tanto
de participante quanto de patrocinadoras (em alguns casos os assistidos também
participam do custeio normal do Plano) afim de garantir que os ativos cubram o
passivo que garante todos os benefícios que falamos anteriormente.
Para avaliar o quando de recursos financeiro o Plano precisará para pagar os
compromissos e calculado e, para comparar com o Ativo do Plano, que é posicionado
na data presente, é necessário calcular esses compromissos também na data de
hoje. Assim, é utilizada a taxa de desconto atuarial para descapitalizar o
compromisso até a data que o ativo está posicionado. Desta forma, procura-se
investimentos que capitalizem os ativos do Plano a taxas superiores as utilizadas
para avaliar os compromisso à data presente, fazendo com que o ganho financeiro
sobre os ativos gerem superávit ao Plano e este permaneça solvente.
Entretanto, a redução das taxas de juros fizeram com que os ativos dos
Planos não atingissem mais os níveis superiores às taxas de avaliação dos
compromissos, fazendo com que essas taxas fossem reduzidas às taxas de retorno
dos Ativos. Isso impactou no aumento significativo dos Passivos atuariais, ou seja,
das Provisões Matemáticas, pois se o Plano aplica a uma taxa menor, logo, deve ter
mais dinheiro hoje para se chegar ao mesmo patamar do compromisso no futuro.
Cabe destacar que a taxa de retorno é a premissa atuarial de maior impacto quando
de uma alteração.
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7. 4 CONCLUSÃO
Por fim, cabe uma discussão sobre a manutenção da taxa SELIC a patamares
tão reduzidos, pois acaba por afugentar os investimentos externos, fazendo com que
os investidor, mesmo tendo retorno nulo ou até negativo, prefira investir em títulos
de seu país de origem a arriscar seu patrimônio investindo em títulos brasileiros que
darão retorno real, desconsiderando a inflação, no máximo 4%a.a.
Por curiosidade, fazendo uma conta considerando a taxa de juros real de
1991 até 1998 (aproximadamente 22% ao ano), em uma aplicação em um fundo de
renda fixa atrelado ao DI, grosso modo, o patrimônio em termos reais dobrava em
menos de 4 anos (3,5 anos para ser mais exatos).
Com a taxa de juros real média de 2003 a 2006 (11,3% ao ano), uma
aplicação de renda fixa DI dobraria o patrimônio em um prazo de 6,5 anos.
Já hoje, com a perspectiva de uma taxa de juros real de no máximo 4%
acima da inflação, em investimentos de papéis de longo prazo do Tesouro, o esforço
de acumulação tem que ser significativamente maior, pois essas aplicações em
títulos pós-fixados levam 18 anos para dobrar o patrimônio.
Assim, as Seguradoras e Fundos de Pensão terão que se desdobrar afim de
continuar a ter o lucro operacional, em se tratando de Seguradora, e para garantir a
solvência dos Planos, em face da redução dos juros e manutenção dos níveis de
benefício garantido dos participantes.
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2012.
Pier Domenico Rodrigues Ietto
MBA Executivo em Seguros e Resseguros
Cenários Econômicos
Professor Gustavo Melo
Escola Nacional de Seguros
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8. 5 FONTES DE PESQUISA
Busca do material sobre impacto da redução da Taxa Selic no Mercado de
Seguros:
Jornal do Comércio
Portal de Notícias – CNSeg
Portal de Notícias – SEGS
Portal de Notícias – Gente & Mercado
Portal de Notícias – Blog Favre
Portal de Notícias – Monitor Mercantil
Portal de Notícias – O Globo
Portal de Notícias – Icatu Seguros
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