Aula ministrada à convite para a Residência Multiprofissional em Saúde da Criança sobre a abordagem comportamental no processo saúde-doença em Odontopediatria.
2. Saúde
Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não
apenas a ausência de doenças.
Uma doença deve ser vista sob diferentes pontos de vista,
de acordo com os diferentes fatores que a influenciam.
Doença
Bio-psico-social
3. FATORES BIOLÓGICOS – como a predisposição genética e os
processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal
em geral, o funcionamento do organismo e o metabolismo.
FATORES PSICOLÓGICOS - como preferências, expectativas e medos,
reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das
percepções.
FATORES SOCIOCULTURAIS - como a presença de outras pessoas,
expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo
familiar, de amigos, modelos de papéis sociais.
4. Uma doença não
influencia somente o
indivíduo, mas todas as
pessoas que estão em
contato com ele
Não apenas consequências
biológicas, mas sociais
(isolamento, preconceito,
etiquetação, etc.) e provocam
muitas vezes mudanças no
sistema social.
5. AAPD: Conferências (1988 e 2003) sobre manejo
comportamental em Odontopediatra.
• Adotado em 1990;
• Última revisão em 2011.
Manual da ABO: Diretrizes desenvolvidas com base nas
apresentadas pela AAPD.
• Publicado em 2010.
Das técnicas:
6. Influência familiar:
Os pais exercem uma influência significativa no
comportamento de seus filhos.
→ Educar (orientar) os pais antes de seus filhos visitarem o dentista
pode ser prestativo e promover uma experiência odontológica
positiva.
Fortalece o vínculo dos pais com o dentista
Considerações:
7. Considerações:
Barreiras para um resultado bem-sucedido:
Razões potenciais para a não colaboração:
• Atrasos no desenvolvimento;
• Incapacidade física ou mental;
• Doença aguda ou crônica;
• Medos transmitidos pelos pais;
• Experiência prévia médica ou odontológica desagradável;
8. Considerações:
Avaliação do paciente:
• Dentistas devem registrar o comportamento dos
pacientes a cada visita.
• Documentação do comportamento passado serve como
auxílio no diagnóstico para futuras visitas.
9. Considerações:
Fatores que influenciam as reações das crianças:
• Idade;
• Nível cognitivo;
• Características da personalidade;
• Ansiedade e medo;
• Reações ao desconhecido;
• Experiências prévias;
• Ansiedade materna.
10. Considerações:
Consentimento Informado:
O dentista é conhecedor dos cuidados odontológicos, o pai
compartilha com o profissional a decisão de tratar ou não
tratar e deve ser consultado a respeito das estratégias do
tratamento e dos riscos potenciais.
11. Considerações:
Manejo da dor:
Determinante para o sucesso da adaptação
comportamental!!!
Aumenta a confiança;
Alivia o medo e a ansiedade;
Aumentar as atitudes positivas da criança em
futuras visitas.
12. Critérios de diagnóstico:
• Observação do comportamento;
• Escuta da criança;
• Expressões faciais;
• Choro;
• Reclamações e movimentos corporais.
CUIDADO!!
Mecanismo de defesa:
• Subestimar o nível de dor do paciente; ou
• Desenvolver “cegueira à dor”.
14. Objetivos da adaptação comportamental:
• Estabelecer comunicação;
• Aliviar medo e ansiedade;
• Devolver qualidade de saúde bucal;
• Construir uma relação de confiança entre o dentista, a
criança e os pais; e
• Promover uma atitude positiva da criança em relação
aos cuidados de saúde bucal e durante a consulta
odontológica.
19. Guia Básico:
1. Diga-Mostre-Faça:
• Moldagem comportamental;
• Habilidades de comunicação.
• Objetivos:
Familiarizar e Educar o paciente;
Moldar as respostas aos procedimentos;
• Indicações: Pode ser usada em qualquer paciente.
• Não existem contraindicações.
Comunicação e abordagem linguística:
23. Guia Básico:
2. Controle da voz:
• Alteração vocal controlada;
• Não deve subjugar o paciente ou ser agressivo.
• Objetivos:
Atenção e cooperação do paciente;
Prevenir comportamento negativo e a recusa.
• Indicações: Pode ser usada em qualquer paciente.
• Contraindicações: Pacientes com deficiência auditiva.
24. Guia Básico:
3. Comunicação não verbal:
• Postura, expressão facial e linguagem corporal;
• Reforço e orientação do comportamento.
• Objetivos:
Aumentar a eficácia de outras técnicas;
Ganhar ou manter a atenção e cooperação do paciente.
• Indicações: Pode ser usada em qualquer paciente.
• Não existem contraindicações.
25. Guia Básico:
4. Reforço positivo:
Técnica por meio de: Reforçadores Sociais e Não Sociais;
• Objetivos:
Reforçar o comportamento desejado e, fortalecê-los.
• Indicações: Pode ser usada em qualquer paciente.
• Não existem contraindicações.
Não é RECOMPENSA!!!
30. Guia Básico:
5. Distração:
• Desvio da atenção do paciente;
- leitura, brinquedos, filmes;
- Explorar os detalhes (cabelo, roupa, interesses).
• Pausa no procedimento – atividades lúdicas.
• Objetivos:
Diminuir percepções desagradáveis;
Evitar comportamento negativo ou de recusa;
Aumentar o limiar de espera (tempo na cadeira).
• Indicações: Pode ser usada em qualquer paciente.
• Não existem contraindicações.
35. Guia Básico:
6. Modelagem*:
Exposição do paciente a um ou mais indivíduos que
demonstrem comportamento adequado, ou o uso de
modelos.
Através da observação, a criança é capaz de aprender
novos e adequados padrões de comportamento.
Permitir para que a criança participe, brincando de
dentista, em troca de colaboração nos
procedimentos.
40. Guia Básico:
Presença/ausência materna:
• Reconhecer se esta situação otimiza ou prejudica o
atendimento;
• Objetivos:
Diminuir a percepção do desconforto;
Atenção e cooperação;
Evitar comportamento negativo ou recusa;
Realçar comunicação pais-criança-dentista.
• Indicações: Pode ser usada em qualquer paciente.
• Não existem contraindicações (AAPD).
41. Guia Básico:
Inalação de Óxido Nitroso/Oxigênio:
Óxido Nitroso: Gás inorgânico, incolor, odor levemente
adocicado.
- É levemente sedativo;
- Aumenta o limiar da dor.
Ação reversível no SNC;
Desloca o oxigênio dos pulmões;
Excretado 100% pelos pulmões;
Não é metabolizado pelo organismo;
Eleva a tensão arterial.
42. Guia Básico:
Inalação de Óxido Nitroso/Oxigênio:
• Técnica segura e eficaz – reduz a ansiedade e possibilita a
aceitação do tratamento;
• Capaz de mediar um grau variável de analgesia, de amnésia
e redução do reflexo faríngeo. NÃO DISPENSA O USO DE
ANESTESIA.
• Início da ação é rápido;
• Efeitos reversíveis;
• Recuperação rápida e completa.
43. Guia Básico:
• Indicações:
Medo incoercível da dor;
Náuseas fortes;
Pacientes com retardo no desenvolvimento neuro-psico-
motor;
Paciente com grau leve de ansiedade e capacidade de
cooperação.
• Contraindicações:
→ Congestão das vias aéreas (gripe, resfriado);
→ Paciente em tratamento psiquiátrico;
→ Pacientes muito agitados.
44. É preciso considerar:
Necessidade de diagnóstico e tratamento;
Segurança do paciente e dentista.
47. 1. Estabilização protetora:
Guia Avançado:
Restrição da liberdade de movimento dos
pacientes, com ou sem a sua permissão, a fim de
diminuir o risco de injúrias enquanto permite a
conclusão segura do tratamento.
- Contenção física -
Técnica:
→ Pessoas (pais e/ou equipe odontológica);
→ Dispositivos de restrição (imobilização).
48. Guia Avançado:
Pode ser feita:
- Na cadeira Odontológica;
- Em macas especiais (Macri);
- No colo da mãe;
- Técnica Joelho com joelho.
50. Guia Avançado:
Objetivos:
1. Reduzir ou eliminar o movimento intempestivo;
2. Proteger paciente, a equipe, dentista, o pai de um
ferimento;
3. Facilitar a realização de um tratamento odontológico de
qualidade.
51. Guia Avançado:
Indicações:
• Tratamento emergencial;
• Falta de cooperação (imaturidade e/ou incapacidade
mental ou física);
• Segurança do paciente, do dentista ou dos familiares;
52. Guia Avançado:
Contraindicações:
• Pacientes cooperativos;
• Condição médica pré-existente;
• Situação não emergencial;
• Pacientes que sofreram trauma físico ou
psicológico anterior de estabilização protetora.
53. Guia Avançado:
Precauções e cuidados:
• Rever o histórico médico do paciente - existem condições
médicas e/ou comprometimento da função respiratória??
• Cuidado na estabilização das extremidades e tórax!! Não
deve restringir ativamente a circulação ou a respiração;
• Curta duração: Estabilização deve ser encerrada o mais
rápido possível em um paciente que sofre de estresse
grave ou histeria para evitar possíveis traumas físicos ou
psicológicos.
54. Guia Avançado:
Potencial de produzir consequências graves!
- Danos físicos ou psicológicos;
- Perda da dignidade; e
- Violação dos direitos do indivíduo.
Técnica de natureza aversiva!!
Consentimento esclarecido e informado dos pais;
- Documentado no prontuário clínico;
- Explicação ao paciente sobre a necessidade de
contenção - oportunidade para que o paciente se
manifeste.
55. Guia Avançado:
Técnica de natureza aversiva!!
Prontuário do paciente deve incluir:
1. Consentimento informado para a contenção;
2. Indicações;
3. Tipo de estabilização;
4. A duração;
5. Avaliação do comportamento durante a estabilização.
56. 2. Sedação Consciente:
Guia Avançado:
Estado de depressão mínima de consciência que favorece
a receptividade às sugestões e comandos, induzida por
droga que permite contato visual e verbal com o
terapeuta, além de manter os reflexos laringeanos de
proteção ao paciente.
57. Guia Avançado:
- Segurança e eficácia;
- Pacientes que não podem receber tratamento
odontológico – idade, estado mental, físico, emocional
ou médico;
- Pode ser realizada com benzodiazepínicos (Midazolan),
anti-histamínicos (Fernergan), sedativos hipnóticos.
58. Guia Avançado:
SEMPRE levar em consideração:
• Outras modalidades alternativas;
• Necessidades odontológicas do paciente;
• Efeito na qualidade dos cuidados odontológicos;
• Desenvolvimento emocional do paciente;
• Resultados do exame do paciente.
59. Guia Avançado:
Prontuário Clínico deverá conter:
• Consentimento informado - PRÉVIO;
• Instruções e informações aos pais;
• Registro com nome, a via, o local, a duração, a dose e o
efeito das drogas administradas;
• Eventos adversos e seu tratamento;
61. Guia Avançado:
Indicações:
• Pacientes medrosos, ansiosos;
• Técnicas básicas mal-sucedidas;
• Falta de cooperação (imaturidade psicológica ou
emocional, incapacidade mental, física ou médica);
• Proteger de distúrbios psíquicos.
Contraindicações:
• Cooperativos com necessidades odontológicas mínimas.
62. 3. Anestesia geral:
Guia Avançado:
Estado controlado de inconsciência
acompanhado por uma perda dos reflexos protetores;
incapacidade de responder à estimulação física ou ao
comando verbal intencionalmente.
63. Guia Avançado:
SEMPRE levar em consideração:
• Outras modalidades alternativas;
• Necessidades odontológicas do paciente;
• Efeito na qualidade dos cuidados odontológicos;
• Desenvolvimento emocional do paciente.
Fonte: imagem de domínio público - Site Google
74. COMPORTAMENTO: conjunto de ações fisiológicas,
mentais, verbais e motoras, pelas quais o indivíduo
diante do ambiente procura resolver as tensões que o
motivam a realizar as suas possibilidades (TOLEDO,
1996).
Observação do comportamento e agrupamento em
escalas
Escala de Classificação Comportamental de Frankl (1962)
Escala Comportamental de Venham (1980)
75. Escore 1 - Definitivamente negativo: Recusa do
tratamento; choro compulsivo; extremo negativismo.
Escore 2 - Negativo: Relutância em aceitar tratamento;
atitude negativa não pronunciada (teimosia,
instrospecção).
Escore 3 - Positivo: aceitação ao tratamento, mesmo que
com cautela; boa vontade para atender solicitações.
Escore 4 - Definitivamente positivo: Afinidade com o
dentista; interessado nos procedimentos odontológicos; ri
e se diverte.
76. AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL NA UCI I E UCI II
Sem protestos físicos, possibilitando boas condições de
trabalho; protesto em voz baixa (resmungos ou choro
contido), sem impedir continuidade do tratamento; bastante
movimentação mas atende solicitações.
Choro, movimentos de braços, pernas, pescoço,
cabeça; atende com resistência; criança tenta interromper
atendimento, contudo, o mesmo é realizado com eficiência.
Necessária contenção física por uma ou mais pessoas;
tenta fugir da cadeira, cobrir a boca; atendimento pode ter
que ser interrompido.
77. A orientação do comportamento é
tanto uma artequanto uma
ciência.
Obrigada!