O documento discute diferentes tipos de conhecimento como o conhecimento científico, popular, religioso e artístico. Também aborda as características da ciência e do senso comum, comparando seus métodos e como lidam com explicações. Por fim, analisa a relação entre ciência e religião, discutindo diferentes perspectivas sobre como essas esferas do conhecimento podem ou não entrar em conflito.
2. Formas de conhecimento
• Conhecimento popular
• Conhecimento filosófico
• Conhecimento religioso
• Conhecimento artístico
• Conhecimento técnico
• Conhecimento científico
3. A ciência e a atitude crítica
• O método científico consiste na observação da
realidade, formulação de problemas,
elaboração de hipóteses (para responder a
esses problemas), realização de testes e
formulação de teorias
8. Características das Ciências
• Utilizam-se de métodos científicos
• As teorias científicas são produzidas quando são
encontradas evidências, fatos, provas, pistas
• As teorias científicas podem ser modificadas se
não se mostrarem mais capazes de explicar um
fenômeno
9.
10. Características do senso comum e dos mitos
• Não utilizam os métodos científicos, nem
precisam de evidências, fatos, provas, pistas
• Dependem das crenças individuais (e de grupos
de pessoas), da fé, de dogmas (verdades que não
podem ser contestadas), de superstições e de
rituais
• São maneiras de se explicar aquilo que não se
entende sem a necessidade de provas
11. Características das mitologias
• Mitos são relatos fantásticos e simbólicos, que descrevem e
explicam a origem de fenômenos, seres ou costumes de um povo.
• As narrativas mitológicas geralmente se referem a eventos
ocorridos antes da origem do ser humano na Terra ou a histórias
envolvendo os primeiros humanos.
• Os mitos sempre incluem seres sobrenaturais ou divindades, que
são os autores dos principais acontecimentos relatados. A princípio,
portanto, trata-se de relatos fantásticos, e, como tal, não se
baseiam em fatos reais.
12. Características das mitologias
• Entretanto, a mitologia de um povo, além de explicar a origem das
coisas, também inclui rituais que se repetem ciclicamente, com
festas que celebram o fim de um ano e o começo de outro. O novo
ano representa o início de um novo ciclo de criação, quando os
campos serão semeados. É fundamental, portanto, que essa data
coincida com o início da estação das chuvas, caso contrário as
sementes serão perdidas.
• Como, além do significado religioso, os mitos também podem ter
um sentido prático para os povos que os criam, alguns deles
baseiam-se na observação cuidadosa dos fenômenos naturais.
Alguns povos tinham sacerdotes- astronômos que observavam
sinais da passagem das estações do ano e o movimento das
estrelas e, com base nessas observações, estabeleciam as datas
que definiriam um ciclo.
13. Exemplo de Mito: a Mitologia Grega
Caos: primeiro deus a surgir no universo
Urano: deus do céu Gaia: deusa da terra
16. • Ou seja, são diferentes tipos de conhecimento
• Não dá pra compararmos cada tipo de
conhecimento: depende de pra quê eles servem,
pra quê são usados
• As ciências são um tipo de conhecimento
importante para compreendermos o mundo em
que vivemos, os fenômenos e os fatos que
ocorrem no dia-a-dia
17. Ciência e senso comum
• Todos sabemos muitas coisas que nos ajudam no nosso
dia-a-dia e que funcionam bem na prática
• P. Ex.: Nas zonas rurais, saber a época certa de plantar e
colher
• Senso comum: conjunto de crenças e opiniões,
essencialmente de caráter prático, uma vez que procura
resolver problemas cotidianos
18. Ciência e senso comum
• O senso comum também passou por um
processo de aprendizagem por ensaio e erro
• Portanto, em certo nível, é também um
conhecimento crítico
• No entanto, na maioria das vezes, limita-se a
tentar resolver problemas de ordem prática
enquanto consiga funcionar
19. Ciência e senso comum
• Predominam, no senso comum, generalizações
empíricas de baixo nível de universalidade, ao invés das
leis científicas gerais e universais
• A ausência de testes rigorosos, como a experiência
controlada, impede que sejam eliminadas conclusões
falsas, mantidas apenas pela tradição
• Assim, a melhora espontânea que alguns apresentam
em muitas doenças pode dar a impressão de que os
produtos utilizados realmente surtiram algum efeito
20. Ciência e senso comum
• O conhecimento comum fica restrito à descrição da aparência dos
fenômenos, não examinando suas causas e seus efeitos mais
profundos
• Ervas e produtos que apenas provocam o desaparecimento ou a
melhora de sintomas de doenças sem curá-las; a doença pode
progredir
• No entanto, muitas ervas e plantas tiveram alguns de seus efeitos
corroborados por meio de testes controlados: chá de erva-doce
(cólicas)
• Outras ervas não têm o efeito que as práticas populares lhes
atribuem: chá de castanha, isolar o paciente em quarto escuro ou
outras simpatias e crendices contra mordida de cobra
21. Ciência e senso comum
• Perigo de aceitarmos acriticamente práticas e crenças populares
que podem causar efeitos prejudiciais a longo prazo: plantas como
confrei podem causar lesões sérias ao fígado, a longo prazo; erva
digital (chás cardiotônico e diurético) pode causar problemas
cardíacos se consumida em excesso
• Eficácia restrita a certas doenças e só podem ser usados com
limitações, que só podem ser estabelecidas por testes controlados
• Isso não significa que não possamos aproveitar plantas e ervas no
tratamento de certas doenças
• Mas isto deve ser feito através de pesquisas científicas, que
permitem conhecer, de forma mais precisa, tanto seus efeitos
benéficos como os efeitos prejudiciais
22. Ciência e religião
• Muitos filósofos e cientistas defendem a ideia de que não há
necessariamente um conflito entre religião e ciência
• Para eles, a ciência trabalha com hipóteses que podem ser testadas
experimentalmente, com fenômenos que podem ser detectados e
medidos por instrumentos, como a matéria e a energia
• Já a religião trata da esfera espiritual, de Deus, da alma, do livre-
arbítrio. Esse e outros temas não podem ser testados do mesmo
modo; portanto, não podem ser provados nem negados
cientificamente – nem por isso deixam de ser importantes.
• Assim, para eles, uma pessoa pode ser religiosa e aceitar, por
exemplo, que Deus criou um Universo regido por leis científicas
23. Ciência e religião
• Segundo Shermer (2011), há três formas de
encarar a relação entre ciência e religião
– O modelo de mundos iguais
– O modelo de mundos separados
– O modelo de mundos conflitantes
24. Ciência e religião (Shermer, 2011)
1) O modelo de mundos iguais: Ciência e religião lidam
com os mesmos assuntos e não só existe sobreposição e
conciliação como algum dia a ciência poderá subordinar a
religião completamente.
Um exemplo é a cosmologia de Frank Tipler (1994),
baseada no princípio antrópico e na eventual ressurreição
de todos os humanos por meio de uma realidade virtual
de supercomputador, num futuro distante do universo.
Muitos humanistas e psicólogos evolucionistas preveem
um tempo em que a ciência não só poderá explicar o
propósito da religião, mas a substituirá por uma
moralidade e ética seculares e viáveis.
26. Ciência e religião (Shermer, 2011)
2) O modelo de mundos separados: Ciência e
religião lidam com assuntos diferentes, não
entram em conflito nem se sobrepõem, e
devem coexistir pacificamente.
Charles Darwin, Stephen Jay Gould e muitos
outros cientistas defendem esse modelo.
28. “Não vejo como a ciência e a religião podem ser unificadas, ou mesmo sintetizadas, sob
qualquer esquema comum de explicação ou análise: mas tampouco entendo por que as
duas experiências devem ser conflitantes. A ciência tenta documentar o caráter factual do
mundo natural, desenvolvendo teorias que coordenem e expliquem esses fatos. A religião,
por sua vez, opera na esfera igualmente importante, mas completamente diferente, dos
desígnios, significados e valores humanos – assuntos que a esfera factual da ciência pode
até esclarecer, mas nunca solucionar. De modo semelhante, enquanto os cientistas devem
agir segundo princípios éticos, alguns específicos à sua profissão, a validade desses
princípios nunca pode ser deduzida das descobertas factuais da ciência”
(Stephen Jay Gould, Pilares do tempo: ciência e religião na plenitude da vida, 2002, p. 12)
“O inimigo não é a religião, mas o dogmatismo e a intolerância, uma tradição tão
antiga quanto a espécie humana e impossível de ser extinta sem uma eterna
vigilância (...)” (p. 118).
29. Ciência e religião (Shermer, 2011)
3) O modelo de mundos conflitantes: Uma está
certa e a outra está errada e não pode haver
conciliação dos dois pontos de vista.
Esse modelo é sustentado predominantemente
por alguns ateus e pelos criacionistas, que
costumam estar em conflito.
30.
31.
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33.
34. Ciência na Inquisição Espanhola
Museu da Inquisição – Cartagena das Índias, Colômbia
35.
36. Livros proibidos pela Inquisição Espanhola:
Kant – Crítica da Razão Pura
Gustave Flaubert – Madame Bovary (1857) – romance realista
Russeau – O contrato social
Victor Hugo – Nossa senhora de Paris
37. Livros proibidos pela Inquisição Espanhola
René Descartes – Princípios de filosofia (1644)
Marquês de Sade – Justine (Os infortúnios da
virtude) 1791 – Histórias eróticas
38. Livros proibidos pela Inquisição Espanhola
Nicolau Copérnico – Das Revoluções dos Corpos Celestes (1543)
39. Index Librorum Prohibitorum (1559-1966)
• Lista de publicações proibidas
pela Igreja Católica Apostólica
Romana;
• Promulgado pelo Papa Pio IV
e abolido pelo Papa Paulo VI;
• Nessa lista estavam livros que
iam contra os dogmas da Igreja e que
tinham conteúdo tido como impróprio
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42. Ciência e religião
• Segundo Gould (2002), ciência e religião são “magistérios
não interferentes”
• Segundo ele, a ciência desenvolve teorias para explicar o
universo natural
• A religião, por sua vez, tenta explicar o universo moral,
trabalhando em uma esfera diferente: a dos desígnos,
significados e valores humanos.
• Ciência tenta compreender os fatos, enquanto a religião
procura estabelecer finalidades e distinguir o certo do
errado, o bem do mal
43. Ciência e religião
• Segundo Gould (2002), só há conflito quando ciência e
religião tentam invadir o território uma da outra
• Ciência e religião atendem a necessidades humanas
diferentes
• A ciência não nos diz como as coisas deveriam ser, ou
seja, não nos fornece valores éticos
• Esses temas são tratados pela filosofia (ética) e pela
religião
44. A teoria da evolução e a religião
• Muitos religiosos admitem que livros com a Bíblia não devem
ser interpretados ao pé da letra;
• O mais importante seriam as mensagens espirituais;
• Por essa linha, a teoria da evolução não entra em conflito com a
religião
• Uma pessoa religiosa poderia aceitar que a matéria do ser
humano evoluiu de outros animais, sem deixar de acreditar que
as características mais importantes do homem sejam espirituais
e tenham origem divina
45. Evolução
• O que significa?
– Processo de transformações ao longo do tempo.
– Nem sempre essas transformações são para
melhor.
– Ao longo do tempo, algumas coisas aparecem e
outras desaparecem.
46. A teoria da evolução e a religião
• Uma pessoa religiosa pode aceitar que Deus criou o
processo de evolução para criar a diversidade de vida e para
originar criaturas com livre-arbítrio, alma e capacidade de
discernir entre o bem e o mal (Collins, 2007)
• O que a ciência faz é propor leis, modelos e teorias com
poder de predição e com aplicações práticas
• Se essas leis foram ou não criadas por Deus, isso está fora
do alcance da ciência
47. A teoria da evolução e a religião
• Consenso na comunidade científica de que há evidências
suficientes para aceitar que as espécies evoluíram e que
essa evolução ocorreu, em linhas gerais, da maneira
como a teoria atual explica
• Alguns grupos religiosos defendem a ideia de que os
seres vivos foram criados por Deus exatamente como
está escrito na Bíblia, negando assim a teoria científica
da evolução
• Já outras religiões aceitam a teoria da evolução
48. Evidências da teoria da evolução
• Sequência de fósseis, inclusive as dezenas de fósseis de transição
entre mamíferos terrestres e baleias ou entre ancestrais de peixes e
anfíbios;
• Presença de estruturas homólogas, como as semelhanças na
estrutura dos ossos da nadadeira da baleia, da asa do morcego e do
braço humano
• Presença de órgãos vestigiais, como o nosso cóccix
49. Evidências da teoria da evolução
• Mudanças nas frequências gênicas em populações observadas na natureza
e no laboratório ;
• Semelhanças nos ácidos nucleicos (DNAs e RNAs) entre espécies
diferentes;
• Presença de pseudogenes – “genes fósseis”, que são versões inativas de
genes ativos nos ancestrais de uma espécie – no genoma das espécies;
• Evidências da biogeografia;
• Resistência de bactérias a antibióticos, dos insetos a inseticidas ou do
vírus da AIDS os antivirais;
• Origem de novas epidemias de gripe;
50. A teoria da evolução
• Isso não quer dizer que a teoria da evolução
não possa ser corrigida, modificada ou até
substituída por uma teoria melhor, ou seja,
com maior capacidade explicativa e de
predição;
• Mas, enquanto isso não acontecer, ela
continuará sendo a melhor explicação
científica para um grande número de fatos
59. • Estruturas vestigiais são remanescentes de estruturas que
tiveram função nos ancestrais, mas cuja utilização foi reduzida
por uma mudança na utilização de nichos ecológicos (modos
de vida).
Evidências que sustentam a teoria da
evolução: estruturas vestigiais
60. Evidências que sustentam a teoria da
evolução: estruturas vestigiais
Apêndice:
função original era
digerir celulose e
hoje protege contra
infecções por
bactérias
simbióticas que
ajudam na digestão
61. Evidências que sustentam a teoria da
evolução: estruturas vestigiais
Espécies de peixes que vivem em
cavernas completamente escuras têm
olhos vestigiais, não funcionais.
Quando seus ancestrais com visão
acabaram vivendo em cavernas, não
havia mais nenhuma seleção natural
para manter a função dos olhos desses
peixes. Então, peixes com visão melhor
não mais competiam com os de pior
visão. Hoje, esses peixes ainda têm
olhos – mas eles não são funcionais e
não é uma adaptação; eles são apenas
subprodutos da história evolutiva
desses peixes.
62. • A atual distribuição de animais e plantas se deve à história de
sua dispersão a partir de seus pontos de origem. Quanto mais
tempo os continentes tenham estado isolados um do outro,
mais diferentes são os organismos que habitam cada região.
Evidências que sustentam a teoria da
evolução: biogeografia
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64.
65. O Aepycamelus ("camelo alto"), apelidado de camelo-girafa, foi um ancestral dos atuais
camelos que viveu nos Estados Unidos durante a época do Mioceno, há 10 milhões de anos.
Chegava a 3 m de altura e pesava 570 kg.
Vivia em pequenos grupos, comendo as folhas mais altas das savanas, como as girafas.
Migrando para a Ásia e África, deu origem aos camelos e dromedários de hoje.
O Aepycamelus tinha cabeça pequena, pescoço e pernas longos, cauda curta e pés
"almofadados". Pode ter sido extinto com a mudança de temperatura no fim do Mioceno.
Espécies: Aepycamelus alexandrae, A. bradyi, A. elrodi, A. giraffinus, A. latus,A. major, A.
priscus, A. proceras, A. robustus e A. stocki
66. Camelo moderno
Os camelos (Camelus) constituem um gênero de ungulados artiodáctilos (com um par de
dedos de apoio em cada pata) que contém duas espécies: o dromedário (Camelus
dromedarius), de uma corcova e o camelo-bactriano (Camelus bactrianus), de dois
sacos. Ambos são nativos de áreas secas e desérticas da Ásia e Norte da África. Ambas as
espécies são domesticadas, que fornecem leite e carne, e são animais de tração. Os
humanos têm domesticados camelos há milhares de anos.
68. • Quanto mais próximo o parentesco evolutivo entre dois
organismos, mais semelhantes são as respectivas moléculas como,
por exemplo, seus materiais genéticos.
Evidências que sustentam a teoria da
evolução: evidências moleculares