Este artigo descreve quatro modelos de redes de inovação direcionadas pelo design e analisa a forma das geometrias de trabalho em rede, o papel do designer e o grau de permeabilidade requerido pelas empresas em cada modelo: 1) Rede de mediação aos limites da empresa, 2) Rede de mediação no sistema do design, 3) Rede de interpretes, 4) Rede de mediação entre equipes colaborativas.
As geometrias das redes de inovação dirigidas pelo design
1. As geometrias das redes de
inovação dirigidas pelo design.
Patricia Hartmann; Mestranda; Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
patricia@design4sense.com
Gustavo Severo De Borba; PhD; Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
gborba@unisinos.br
Carlo Franzato; PhD; Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
cfranzato@unisinos.br
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2. O presente trabalho apresenta uma avaliação sobre a relação entre design e
inovação a partir de geometrias de trabalho em rede focados na mediação
do designer.
Com isso, o objetivo deste artigo é descrever as geometrias das redes de
inovação que o designer articula durante a sua mediação com os diversos
atores envolvidos diretamente ou indiretamente nos processos projetuais.
As geometrias das redes de inovação dirigidas pelo design. HARTMANN; BORBA; FRANZATO 2
3. Introdução
Nos anos 90, uma permeabilidade inédita das fronteiras e as novas
possibilidades oferecidas pelo desenvolvimento das tecnologias da
informação e da comunicação, geraram um aumento na troca
transnacional de mercadorias e na circulação dos homens e das
suas ideias (FARRELL et al., 1999).
FARRELL, G. et al. A competitividade territorial. Conceber uma estratégia de desenvolvimento territorial à
luz da experiência LEADER. Inovação em meio rural, v. 6, n. 1. 1999. Disponível em: http://ec.europa.eu/
agriculture/rur/leader2/rural-pt/biblio/compet/contents.htm, acessado em: 01/02/2012.
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4. 2. Design e interdisciplinaridade
O designer é tradicionalmente considerado como um mediador das
empresas. Maldonado (1976), por exemplo, evidencia que o design
pode ser entendido como um sistema de mediação entre os sistemas
de produção e de consumo.
MALDONADO, T. Disegno Industriale: um riesame. Milano: Feltrinelli, 1976. 4
5. 2. Modelos de projeto em rede focados
na mediação do designer
A partir de uma revisão da literatura foram selecionados três modelos de
trabalho em rede focados na mediação do designer e voltados para a inovação
(BERTOLA, TEIXEIRA, 2003; VERGANTI, 2009; BROWN e KATZ, 2010).
Estes modelos foram analisados buscando avaliar a forma das geometrias de
trabalho em rede, o papel do designer, a sua posição nestas geometrias e o
grau de permeabilidade requerido às empresas para o alcance da inovação.
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6. 2.1. Rede de mediação aos limites da
empresa (Bertola, Teixeira, 2003)
No contexto das empresas multinacionais, o design atua como um
integrador de conhecimentos (knowledge integrator), promovendo a
negociação de critérios e conceitos através da codificação do
conhecimento interno às organizações.
Nas empresas com operações locais, o design atua como intermediador
(knowledge broker) sendo responsável pela captura e representação de
um conhecimento informal e descentralizado fora da organização.
BERTOLA, Paola; TEIXEIRA, Carlos. Design as a knowledge agent. How design as a knowledge processes
embedded into organizations to foster innovation. Design Studies, v. 24, n. 2, 2002, p. 181-194. 6
7. 2.2. Rede de mediação no sistema do
design (Verganti, 2009)
A inovação resulta de um processo de pesquisa em rede, onde as
empresas e os intérpretes externos compartilham e desenvolvem
coletivamente o conhecimento sobre a linguagem e o significado de
novos produtos e serviços.
O processo de inovação dirigido pelo design caracteriza-se por
diálogos entre a empresa e a sua rede de intérpretes.
VERGANTI, R. Design Driven Innovation: Changing the Rules of Competition by Radically Innovating What
Things Mean. Boston: Harvard Business Press.2009 7
8. 2.3. Rede de mediação entre equipes
colaborativas (Brown, Katz, 2010)
As pessoas com a capacidade de trabalhar em ambientes
interdisciplinares precisam apresentar pontos fortes em duas dimensões,
cruzando a especialização de sua área de atuação com a
generalização de outras disciplinas de interesse (design thinkers).
A transversalidade presente nesse modelo subtrai a figura do facilitador
ou do mediador, pois é na horizontalidade que a rede está contida.
BROWN, T.; KATZ, B. Design Thinking: uma Metodologia Poderosa para decretar o fim das velhas ideias.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 8
9. 3. Discussão
As características apontadas pelos autores (BERTOLA, TEIXEIRA, 2003;
VERGANTI, 2009; BROWN, KATZ, 2010;) foram analisadas e sintetizadas
em quatro possíveis geometrias, evidenciando os domínios do
conhecimento descritos por Bertola e Teixeira (2003):
• o conhecimento organizacional (interno),
• o conhecimento da comunidade de usuários e o conhecimento da
rede (externo).
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10. Rede de mediação aos
limites da empresa
(Bertola, Teixeira, 2003)
O conhecimento construído
internamente flui
para o exterior da organização
ao apresentar novas propostas
de significados para a
sociedade
(inovação radical).
Knowledge Integrator (elaboração nossa)
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11. Rede de mediação aos
limites da empresa
(Bertola, Teixeira, 2003)
Essa rede também se
estrutura através de um
movimento centralizador
(captação de sinais) e em
seguida um movimento vertical
(internalização do
conhecimento), mas a
ocorrência se dá no sentido
inverso.
Knowledge Broker (elaboração nossa)
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12. Rede de mediação no
sistema do design
(Verganti, 2009)
Trata-se de um movimento
que busca a centralização do
conhecimento na rede, para
posterior interpretação e
difusão, configurando um
formato radial de captação
dos fluxos de conhecimento.
Rede de Intérpretes (elaboração nossa)
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13. Rede de mediação entre
equipes colaborativas
(Brown, Katz, 2010)
A transversalidade é a
característica principal da rede
que atua a partir das relações
horizontais entre os atores.
Com relação à sua forma, esta
rede considera sistemas de
sistemas através de uma
geometria expressa em
múltiplas células de trabalho.
Equipes de Equipes (elaboração nossa)
As geometrias das redes de inovação dirigidas pelo design. HARTMANN; BORBA; FRANZATO 13
14. Este artigo buscou indicar possíveis caminhos
para a atuação dos designers contemporâneos
nas redes.
Rede de
Rede de mediação aos Rede de mediação entre
mediação no sistema
limites da empresa equipes colaborativas
do design
Papel do
Integrador Intermediador Centralizador Difuso
Designer
Forma da
Árvore Radial Células
Geometria
Posição do Na interface entre a organização
Central Transversal
Designer e o ambiente externo
Grau de
Baixo Médio Médio Alto
Permeabilidade
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15. Considerações Finais
Finalmente, cabe salientar que nessas descrições de inovação através
do design a existência de uma força motriz para o deslocamento
da rede é uma característica recorrente nos quatro modelos. De
acordo com a dimensão e a complexidade dos processos, essa tarefa
pode ser executada por um ou vários agentes na posição
predominante, ou talvez até mesmo organizações inteiras.
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17. As geometrias das redes de
inovação dirigidas pelo design.
Patricia Hartmann; Mestranda; Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
patricia@design4sense.com
Gustavo Severo De Borba; PhD; Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
gborba@unisinos.br
Carlo Franzato; PhD; Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
cfranzato@unisinos.br
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