1. HISTÓRIA DA
MEDICINA NO
BRASIL
Módulo de História da Medicina e da
Bioética
Profa. Rilva Lopes de Sousa Muñoz
Departamento de Medicina Interna
CCM/UFPB
2. 2
Brasil Colonial: Séculos XVI e XVII
Assistência à saúde da população
•A população colonial recebia
assistência de jesuítas, barbeiros,
curandeiros e parteiras
•Não havia médicos diplomados
no Brasil naquela época,
tampouco preocupação de
Portugal com a saúde pública da
colônia
3. 3
Brasil Colonial: Séculos XVI e XVII
Assistência à saúde da população
• Assistência dos Jesuítas: tarefa
missionária e educacional nas
colônias portuguesas - incluía
atuação na área da saúde
• Atuação dos Jesuítas na saúde:
tratamento de doenças e epidemias,
fundação de hospitais, estudo de
plantas curativas da região e
manutenção de boticas e
enfermarias em seus colégios
(CALAINHO, 2005)
4. 4
Brasil Colonial: Séculos XVI e XVII
Assistência à saúde da população
• O trabalho jesuítico na área da saúde
perdurou até o século XVIII pela escassez
de médicos formados na Europa
• Boticas dos Jesuítas: medicamentos vindos
de Portugal e também preparados a partir
de plantas obtidas dos indígenas
• Havia uma coleção de várias receitas e
segredos particulares das principais
boticas – a “Triaga Brasílica” foi a receita
jesuítica mais famosa - dezenas de ervas e
produtos animais para diversos males
(CALAINHO, 2005)
5. 5
Brasil Colonial: Século XV
Legislação Sanitária de Portugal
• 1430: o rei de Portugal exigiu que todos os
que praticavam medicina fossem
avaliados e aprovados pelo médico da
Coroa, também denominado “físico” – o
FÍSICO-MOR
• 1448: o regimento do físico-mor,
sancionado em lei do Reino, explicitava,
entre os encargos da função, a
regulamentação do exercício da medicina
e cirurgia por meio de licença
(EDLER, 2010)
6. 6
Brasil Colonial: Século XVI
Ordenações Filipinas
• Ordenações Filipinas (1595):
emitidas pelo Rei D. Felipe -
tratavam de todos os assuntos
de interesse da Coroa, e
ditavam também regras sobre os
ofícios de médicos, cirurgiões e
boticários
• Estabelecia a Fisicatura: o
tribunal em que o físico-mor
era o avaliador
(EDLER, 2010)
7. Brasil Colonial: Séculos XVI e XVII
Assistência de Médicos
•O físico-mor tinha formação em
medicina em universidades
europeias
• Os médicos que chegavam ao Brasil
não eram os melhores e não
conseguiam oferecer assistência
médica de boa qualidade - atendiam
em domicílio àqueles que podiam
pagar e serviam nos hospitais e
enfermarias militares
(CUNHA et al, 2009)
8. Brasil Colonial: Séculos XVI e XVII
Status dos médicos na Colônia
• Médicos, cirurgiões e boticários
diplomados eram minoria de uma
grande comunidade terapêutica
• Ocupando o ápice da pirâmide
profissional, os médicos e os
boticários concorriam entre si
• O reconhecimento dos poucos
médicos diplomados pela população
era incipiente
(EDLER, 2010)
9. Brasil Colonial: Século XVIII
Formação Médica no Brasil
• Por mais de 300 anos, Portugal não se
interessou pelo progresso da área da saúde
na colônia
• No final do século XVII, Portugal também
não havia conseguido acompanhar a
evolução médica em outros países da
Europa
• Em 1800, um édito real determinou que
anualmente quatro estudantes brasileiros
deveriam ser enviados para Coimbra para
cursar medicina
(CUNHA et al., 2009)
10. Brasil Colonial: Século XVIII
• No período colonial, inexistiam ações de saúde pública para
o combate às epidemias e os médicos eram poucos
• D. João percebeu que os problemas sanitários multiplicavam-
se na colônia
• Uma das primeiras medidas de D. João após a chegada à
colônia foi criar um curso de formação de cirurgiões
• Passou a ser necessária a abertura de escolas médicas, mas
ainda com a chancela expedida pela Universidade de
Coimbra
(EDLER, 2010)
11. Brasil Colonial: Século XVIII
Formação Médica no Brasil
• 1808 - Em sua passagem por
Salvador-BA, D. João fundou a
Escola de Cirurgia da Bahia, sob
orientação de José Corrêa
Picanço, cirurgião-mor que
acompanhava a família real
(LIMA, 2008)
12. Brasil Colonial: Séculos XVI
Assistência à Saúde da População
• Muitas doenças e epidemias atacaram os
colonos e o restante da população
indígena e negra: varíola, disenteria,
malária, febres tifoide, boubas, fístula anal,
sífilis, lepra, filariose e ancilostomíase
• A grande maioria dos doentes recebia
tratamento em casa: não apenas os
pobres, mas as pessoas de posse também
cuidavam de suas doenças em casa, com
médicos e cirurgiões, mas também com
curandeiros
(EDLER, 2010)
13. 13
Brasil Colonial: Séculos XVI
A Irmandade da Misericórdia: assistência médica como caridade
• As ordens religiosas ou laicas tratavam os
pobres: brancos pobres, escravos e negros
forros, soldados, marinheiros, forasteiros em em
estado de indigência recebiam assistência
espiritual e médica nos hospitais da Irmandade
da Misericórdia
• As ordens dos beneditinos, carmelitas e
franciscanos estabeleceram-se no Brasil:
seminários, pastorais, trabalho caritativo
• Para a cultura cristã, o bem-estar físico era
secundário em relação à salvação
espiritual
(EDLER, 2010)
14. 14Viático , 1919 (Col. Museu Carlos Machado).Óleo sobre tela de Domingos Rebelo
16. 16
Inauguração do novo prédio da Santa Casa de Santos por Getúlio Vargas em 1945 após
17 anos de obras
17. • Preconizava-se o uso de águas aromáticas
medicinais aspergidas nos ambientes
(Teoria Miasmática)
• Chegada da Corte Portuguesa no Rio de
Janeiro: difusão de regras de higiene
pessoal e coletiva, melhor processamento
dos alimentos
• A descoberta da teoria microbiana e dos
mecanismos de contágio chegaram no final
do século XIX, mas com pouca aceitação
(LIMA, 1996)
Prática Médica no Brasil no Século
XIX
18. 18
A Irmandade da Misericórdia:
assistência médica como caridade
• Hospitais da Santa Casa da
Misericórdia: modestos e em
permanente estado de penúria,
assistiam a uma população de
indigentes e moribundos em 15
cidades brasileiras
• Todas as Santas Casas da Misericórdia têm
uma origem comum: a Santa Casa de
Lisboa fundada em 1498
• As Santas Casas sempre foram muito mais do que
hospitais, eram instituições caritativas e de
acolhimento de desvalidos
19. Condições Sanitárias no Brasil do
Século XIX
•Péssima situação sanitária da
população
• A partir do final do século XVIII,
começaram ações político-
administrativas para garantir a
segurança da saúde da população
• Os efeitos das doenças passavam a
ser encarados pelo Estado como
problema social e econômico
(EUGÊNIO, 2010)
20. •Baixo número de médicos e
de qualificação duvidosa,
insuficientes para o
atendimento da população
•Ainda havia intensa atuação de
“práticos” e barbeiros nas ações
curativas à população, que
confiava nestes agentes
(LIMA, 1996)
Prática Médica no Brasil no Século
XIX
21. 1800 a 1900: o Rio de Janeiro e as
principais cidades brasileiras
continuaram a ser afetadas por
varíola, febre amarela, peste
bubônica, febre tifóide e cólera,
que mataram milhares de pessoas
Surge a “Onda Higienista”:
financiada pelo Estado, e
conhecido como o nascimento da
Política de Saúde Brasileira
Séculos XVIII e XIX
Continuam as epidemias e a má situação sanitária
22. 22
• A elite médica passou a se empenhar
no combate às práticas tidas como
“bárbaras” em matéria de
salubridade
• O sentido de higienizar ganhava
credibilidade e o Estado passou a agir
não apenas nas vias públicas, mas
também nas casas através de
legislação higienista e de
propaganda eugênica
Vigilância à Salubridade
23. • No Brasil, a receptividade às
teorias eugênicas vindas da
Europa se manifestou desde fins
do século XIX e expandiu-se no
início do século XX
• Médicos da “Escola Nina Rodrigues”
(Faculdade de Medicina da Bahia)
consideravam que a miscigenação
impedia o desenvolvimento do país
(SILVA, 2013)
Movimento Eugenista
24. 24
• Políticas sanitaristas encabeçadas
pelo Instituto Oswaldo Cruz, Rio de
Janeiro: médicos dedicavam-se ao
combate da doença de Chagas e
da febre amarela
• As pesquisas eugenistas e as dos
sanitaristas muitas vezes
convergiam ao incorporar dados
das teorias evolucionistas
(SILVA, 2013)
Políticas Sanitárias e Eugenia
Início do Século XX
25. 25
• Belisário Penna, sanitarista: o saneamento
e a educação higiênica para todo o Brasil
era a solução para se construir uma nova
sociedade
• Proposta de Penna: educação higiênica
nos lares, escolas e cidades, valorizando
as questões morais, erradicando maus
hábitos, modelando o trabalho e a família
• O objetivo era “modificar as condições
que tornavam o Brasil um país de pobres,
doentes e analfabetos”
(SILVA, 2013)
Movimento Eugenista e Políticas
Sanitárias
26. • Supõe-se que no Brasil os princípios hipocráticos
foram introduzidos pela medicina portuguesa e
pelos médicos que acompanharam a colonização
holandesa
• Praticavam-se intensamente sangrias, purgas, vomitórios e
fumigações
(LIMA, 1996)
Prática Médica no Brasil no Século XIX
27. 27
HISTÓRIA DA MEDICINA NO BRASIL
Para o tema “Saúde Pública no
Brasil” - Ver “História da Saúde
Pública no Brasil: Do Brasil
Colonial à Criação do SUS”,
disponível em:
https://pt.slideshare.net/rilvalopes
/histria-da-sade-pblica-no-brasil
28. 28
CALAINHO, D. B. Jesuítas e Medicina no Brasil Colonial. Tempo, Rio de Janeiro,
19: 61-75, 2005
CUNHA, C. S. et al. A Importância da Chegada da Família Real Portuguesa
para o Ensino Médico e a Medicina Brasileira. Revista Práxis 1 (1): 12-14, 2009
EDLER, F. C. Saber Médico e Poder Profissional: do contexto luso-brasileiro ao
Brasil Imperial. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/cap_1.pdf .
In: Ponte, C. F.; Falleiros, I. Na corda bamba de sombrinha: a saúde no fio da
história. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2010.
EUGÊNIO, A. Saber Médico, Cultura e Saúde Pública no Brasil do Século XIX.
sÆculum - Revista de História 22: 147-162, 2010
LIMA, A. T. Humores e Odores: Ordem Corporal e Ordem no Rio de Janeiro,
Século XIX'. Historia, Ciências, Saúde Manguinhos: 2 (3): 44-96, 1996
LIMA, S. C. S. Nascimento da medicina brasileira. Ciência Hoje, 41 (248): 76-77,
2008
SILVA, C. R. F. As Relações entre Integralistas e o Projeto Eugenista de Belisário
Penna no Brasil nos anos 1930. XXVII Simpósio Nacional de História, 2013. Natal,
RN. Disponível
em: http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1363143502_ARQUIVO_
Eugenia_integralismo.pdf
REFERÊNCIAS