História da Saúde Pública: da Antiguidade à Contemporaneidade
1. HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA
Parte I
Profa. Rilva Muñoz - Medicina/DMI/CCM/UFPB
“O Triunfo da Morte”, Pieter Bruegel, 1562
2. Desenho de John Leech (1852) mostrando a associação da cólera com a miséria
3. - Quando surgiram as primeiras preocupações
com a Saúde com vistas à preservação da
população?
- Quais foram as primeiras medidas relacionadas à
prevenção de doenças nas coletividades?
“A luta entre o Carnaval e a Quaresma”, de Pieter Bruegel,1559
4. Da Preocupação com a Saúde Pública
(SOUZA, 2014)
- Desde a Antiguidade, a saúde da coletividade
parece ter sido objeto de intervenções durante
epidemias – mas no primeiro milênio, a sociedade
tendia a encarar a doença com resignação e
poucas ações públicas eram tomadas
- É na Idade Moderna, quando há consolidação dos
Estados nacionais modernos, com o
Mercantilismo e o Absolutismo, que as
populações passam a ser consideradas como
objeto de preservação dos governos
História da Saúde Pública
5. Da Preocupação com a Saúde Pública à
Evolução do Conceito de Saúde
(SCLIAR, 2007)
- O próprio conceito de saúde reflete a
conjuntura social, econômica, política e
cultural - depende da época, do lugar, de
concepções científicas, religiosas,
filosóficas
- O conceito de saúde é uma construção
social e histórica: acompanha uma
grande e significativa evolução na História
História da Saúde Pública
6. Evolução do Conceito de Saúde: Da
Antiguidade à Contemporaneidade
(BACKES et al., 2009; ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002)
- Antiguidade: Pensamento mágico-religioso / empírico-racional
- Idade Média: Domínio da Igreja Católica / medicina árabe
- Idade Moderna: Pensamento científico, reducionismo (redução ao
biológico) e objetividade (quantificação da saúde e da doença)
- Século XIX: biologia científica – patologia celular, bacteriologia,
pesquisa experimental – concepção mecanicista de doença - “defeito
na máquina humana” = Modelo Biomédico
- Conceito contemporâneo: inclui a subjetividade e a complexidade -
modelos que consideram as relações com o meio
- Como se deu esta evolução e qual a sua
repercussão sobre a Saúde Pública?
7. a
em tes –
História da Saúde Pública
A História da Saúde Pública é uma Narrativa de
Descobertas por Tentativa e Erro e da Ciência
A Saúde Pública é um conceito moderno, mas com origens na
Antiguidade – Hipócrates – Tratado “De Ares, Águas e Lugares” - primazia
de reconhecer a relação entre doença e ambiente, incluindo os efeitos do
clima e do estilo de vida
A história da saúde pública é a narrativa da busca de meios para evitar
doenças na população
Estratégias que evoluíram de providências tomadas por “tentativa e
erro” (intuitivas) até medidas fundamentadas cientificamente
UMA LONGA JORNADA...
(WALDMAN, 2007)
8. História da Saúde Pública
Primórdios: Origem dos Sistemas
Coletivos de Saneamento Básico
• Antiguidade – Higiene pública na Roma Antiga - Aquedutos,
banhos públicos, termas e esgotos romanos, tendo como
maior símbolo histórico a Cloaca Máxima de Roma, uma
das mais antigas redes de esgotos do mundo – benefícios
limitados a uma pequena elite
9. História da Saúde Pública
Retrocesso das conquistas sanitárias
na Idade Média
• Idade Média: regressão nas conquistas sanitárias e
aumento no número de epidemias
•Os resíduos corporais e o próprio corpo humano em
decomposição, assim como os restos da alimentação, eram
lançados no ambiente externo, contaminando a água das
cidades densamente povoadas
• Lançavam-se cotidianamente dejetos nas ruas através
das janelas após coletados em “urinóis”
• O consumo de água chegava a menos de 1 L diário por
habitante: as roupas eram lavadas raramente, os banhos
também eram raros
(VELLOSO, 2008; SILVA, 2002)
10. História da Saúde Pública
PRÁTICAS
DE HIGIENE
NA IDADE
MÉDIA
https://www.youtube.com/watch?v=2rXqwLks7zw
https://www.youtube.com/watch?v=gNoOYjSJROY
Vídeos
11. História da Saúde Pública
Primeiras Medidas foram Orientadas pela
concepção miasmática
• Isolamento das pessoas acometidas pela
Peste Negra na Idade Média: ações
precursoras da Quarentena
• “Desinfecção do ar”: perfumes nos corpos,
objetos, roupas e casas
• Médicos usavam vestimenta especial, com
máscaras em forma de bico de pássaro
com ervas aromáticas para atender doentes
com a Peste
(CARLOS NETO, 2016; VELOSO, 2008; BATISTELLA, 2007)
12. História da Saúde Pública
Origem da Quarentena e Isolamento de
Doentes na Idade Média
• Embora as epidemias fossem tratadas com orações,
alguns esforços públicos foram feitos para conter a
propagação de epidemias como varíola e peste negra:
isolamento dos doentes e quarentena dos viajantes
➢Quarentena: 40 dias de isolamento (do italiano “quaranta
giorni”) de passageiros e cargas em navios, imposto por
autoridades de portos quando embarcações traziam doentes
- adotada a partir de 1384, em Veneza - principal porto de
comércio com o Oriente – tentativa de impedir que a
epidemia de Peste chegasse à Europa
(CZERESNIA, 1997)
13. História da Saúde Pública
Quarentena e Isolamento de Doentes na
Idade Média
• 1374, o visconde italiano Bernabo de Reggio declarou que
todas as pessoas com peste deveriam ser retiradas da cidade
para os campos - para morrer ou se recuperar
O primeiro hospital para os doentes de peste foi aberto pela
República de Veneza – 1423 - na ilha de Santa Maria de
Nazareth (chamado de Nazarethum ou Lazarethum)
• Durante os próximos 100 anos, leis semelhantes foram
introduzidas nos portos italianos e franceses
No final do século XVII, cidades europeias nomearam autoridades públicas
para aplicar medidas de isolamento e quarentena (e para relatar e registrar
as mortes por causa da peste)
(TOGNOTTI, 2003; INSTITUTE OF MEDICINE USA, 1988)
•
•
14. História da Saúde Pública
Idade Moderna: Política Mercantilista e
Intervenção Estatal
• A partir do século XVII, o poder político da
burguesia emergente consolida-se – Ocorrem
diferentes tipos de intervenção estatal sobre a
saúde das populações
• No século XVIII, surge uma preocupação com a
saúde pública urbana a fim de sanear os espaços
das cidades, disciplinando a localização de
cemitérios e hospitais, arejando as ruas e
construções públicas e isolando áreas
“miasmáticas”
(TEIXEIRA; GUILHERMINO, 2006)
15. “A Consulta”, do tríptico de Jean Geoffroy « La goutte de lait » 1903.
- Quando surgiu a necessidade de
quantificar os fenômenos ligados
à saúde e à doença no âmbito
populacional?
16. Surge a preocupação em Quantificar as
Doenças: O Nascimento da Estatística
• Começo da quantificação das doenças
• Etimologia: Estatística = termo de origem
alemã, Statistik, e deriva de Staat, Estado
• Século XVII: O desenvolvimento da estatística
coincide com o surgimento de um Estado forte,
centralizado
• Portanto, Estatística tem uma raiz política - A
implantação do sistema capitalista de produção gerou
a necessidade de contar a população e o exército
História da Saúde Pública
(SCLIAR, 2007)
17. • Valorização da matemática no incipiente campo
científico da saúde – Século XVII
- John Graunt: Comerciante e membro da Royal Society,
conduziu, com base nos dados de obituários, os primeiros
estudos de estatística vital (1662) - primeiro a quantificar padrões
da natalidade, mortalidade e ocorrência de doenças
- William Petty (1623-1687): médico e proprietário rural -
realizou estudo coletando dados sobre a população e que incluía
informações sobre a ocorrência de doenças
• Ainda não havia uma massa crítica em investigação
epidemiológica, que somente surgiu no século XIX
História da Saúde Pública
PRIMÓRDIOS DA QUANTIFICAÇÃO DOS
PROBLEMAS DE SAÚDE
(SCLIAR, 2007)
18. História da Saúde Pública
Outros Precursores em Estatística
Vital - Século XIX
• William Farr
- Considerado o “Pai da Estatística Vital” e vigilância
epidemiológica
- Iniciou a coleta e análise das estatísticas de
mortalidade na Inglaterra
• Pierre Charles Alexandre Louis
- Um dos fundadores da Epidemiologia e precursor da
avaliação da eficácia das terapêuticas
- Introduziu a quantificação na medicina – para avaliar
sintomas, a duração das doenças, sua gravidade e
frequência, eficácia dos tratamentos
19. Quantificação na Medicina
Pierre Charles Alexandre Louis
- 1834: Com pesquisa quantitativa, Louis demonstrou
que a aplicação de sanguessugas para tratamento das
pneumonias era ineficaz
- Observou pacientes com pneumonia “tratados” com
sanguessugas e comparou com aqueles que não
recebiam este recurso
- Os resultados deste trabalho foram imediatos – em 1827, os
médicos parisienses importaram cerca de 33 milhões de
sanguessugas/ano – após o trabalho de Louis, Paris não
importava mais que poucos milhares de sanguessugas para
sangria
(MACEDO, 2014)
História da Saúde Pública
20. “Candidatos à Internação numa Enfermaria Casual”, Luke Fields, 1874
- Quando passou a haver
movimentos sociais de Saúde
Pública?
21. • O início da Revolução Industrial nos finais do século XVIII
teve consequências nefastas para a saúde: grandes
epidemias decorrentes das mudanças sociais e das alterações
do sistema de produção
• No século XIX os problemas de saúde da Alemanha, França e
Inglaterra tornaram-se graves principalmente como
consequência da industrialização e do processo acelerado de
urbanização
• Grande quantidade de pessoas migravam e aglomeravam-se
nas grandes cidades, com fracas condições de salubridade e
habitabilidade, facilitadoras da difusão de microrganismos
História da Saúde Pública
Surgimento de Problemas de Saúde
Pública pela Urbanização
(ANDRADE, 2012; ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002)
22. A ascensão da Burguesia e a
Medicina Urbana
• Europa - Final do século XVIII – o poder político da
burguesia estava consolidado – passaram a ocorrer
diferentes intervenções do Estado sobre a saúde das
populações
• França - Desenvolvimento de uma medicina urbana
– saneamento de espaços das cidades, ventilando as
ruas e isolando áreas miasmáticas
• Inglaterra do século XIX: as condições de saúde dos
trabalhadores eram miseráveis e passaram a ser uma
preocupação para o governo
História da Saúde Pública
23. • Ainda que no início do século XIX não se conhecesse
a etiologia das doenças infecciosas, sabia-se que
algumas eram transmissíveis
• A disputa entre “contagionistas” e “anticontagionistas”
foi motivada também por divergências de posições
quanto à organização das práticas sanitárias
• Não se sabia ainda quais seriam as medidas mais
adequadas no controle das epidemias, se
medidas mais focais centradas nos indivíduos, ou
mais gerais relacionadas ao ambiente
História da Saúde Pública
Ascensão da Burguesia e a Medicina
Urbana
(CZERESNIA, 1997)
24. História da Saúde Pública
Século XIX: Movimento Higienista
• Mesmo ainda sem evidências científicas que
sugerissem associação entre saneamento básico e
saúde pública, surgiu o Movimento Higienista na
Europa com o objetivo central de proteger a
população como um bem, como capital
• O Movimento Higienista contribuiu para a
formulação de políticas de saúde pública com
intervenções no espaço urbano e implantação de
sistemas coletivos de saneamento
(GÓIS JÚNIOR; LOVISOLO, 2007; TEIXEIRA; GUILHERMINO, 2006)
25. História da Saúde Pública
Saúde Pública Urbana: Insalubridade dos
Trabalhadores e Repercussão Econômica
• França - Desenvolvimento de uma saúde pública
urbana – saneamento de espaços das cidades e
isolamento de “áreas miasmáticas” - A urbanização e a
resultante concentração de sujeira eram consideradas, por si, uma causa
de doenças
Inglaterra do século XIX: as condições de saúde
dos operários eram miseráveis e passaram a ser
uma preocupação – pela repercussão econômica
•
• O controle de doenças ainda
mas passou da quarentena e
limpeza e melhoria
se concentrava em epidemias,
isolamento do indivíduo para a
do ambiente comum
(CZERESNIA, 1997; INSTITUTE OF MEDICINE USA, 1988))
26. Politização da Saúde: Surge a
Medicina Social
• Implantação de medidas compulsórias de controle das
doenças pelo Estado, iniciado na França e na Alemanha
• Movimento de Reforma Médica Alemã - liderado por
Rudolph Virchow que, posteriormente, tornou-se o mais
respeitado patologista alemão - Virchow concluiu que as
causas da epidemia de tifo em 1847 eram tanto econômicas
e sociais quanto físicas
• O primeiro a utilizar o termo “Medicina Social” para designar
a análise dirigida às condições sociais que causam doenças
foi Jules Guérin, membro do Movimento Revolucionário
Francês de Saúde Pública (1848)
História da Saúde Pública
(ANDRADE, 2012)
27. História da Saúde Pública
A Epidemia de Cólera e as Primeiras Iniciativas de
Organização Sanitária em Londres no Século XIX
• O reformador social inglês Edwin Chadwick
demonstrou que a expectativa de vida dos
trabalhadores urbanos era significativamente
menor que a da nobreza e dos comerciantes
• Chadwick propôs a “ideia sanitária”, supondo que as
doenças seriam causadas pelo ar sujo provocado pela
decomposição de resíduos e propôs
rede de drenagem para remover
1848: As sugestões de Chadwick
a construção de uma
o esgoto e o lixo
foram adotadas na•
“Lei de Saúde Pública”
(INSTITUTE OF MEDICINE USA, 1988)
28. História da Saúde Pública
A Epidemia de Cólera e as Primeiras
Iniciativas de Organização Sanitária
em Londres no Século XIX
• Embate entre a teoria miasmática - defendida por
Edwin Chadwick (Comitê Geral de Saúde,1848) - e a
teoria da transmissão do cólera pela água - de John
Snow, médico que realizou estudo a respeito de
epidemias de cólera em Londres (1849-54)
• O caráter transmissível da cólera - teoria do
contágio - foi demonstrado quase 30 anos antes
do início das descobertas no campo da
microbiologia e, portanto, do isolamento e
identificação do Vibrio cholerae
(CZERESNIA, 1997)
29. História da Saúde Pública
A Epidemia de Cólera e as
Organização Sanitária em
Primeiras Iniciativas de
Londres no Século XIX
• Chadwick denunciou a insalubridade da
Londres vitoriana, e propôs o saneamento
da cidade através de uma lei que obrigava
a mudanças no sistema de esgoto
As casas foram ligadas ao sistema fluvial, a fim de que os•
excrementos fossem levados para longe da cidade e os
miasmas se extinguissem
• Este sistema favoreceu a disseminação do então
desconhecido vibrião colérico por toda a região
Os surtos de cólera voltaram com elevada mortalidade
(HERCULANO, 2010
•
30. História da Saúde Pública
John Snow e a
da
Veiculação Hídrica
Cólera
•John Snow investigou
epidemias de cólera de
Londres em 1850
- Antecipou a Teoria
Microbiana antes mesmo
de Pasteur e Koch,
abrindo portas para a
teoria microbiana
Com agudo senso de observação e perseverança, John Snow
desafiou a comunidade médica e as autoridades sanitárias da
sua época para provar a causa infecciosa da cólera
FONTE: LORCA; CARRERA, 2007
31. HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA
Investigação de John Snow sobre a origem da Cólera em
Londres - 1850
Mapa de ruas marcado com locais das
bombas de água e dos casos de cólera.
Os “X” indicam a localização de várias
bombas de água e os pontos indicam a
localização dos casos de cólera - Pode-
se observar uma relação entre a bomba A
e os casos de cólera
32. História da Saúde Pública
Controvérsias entre Contagionistas e
Anticontagionistas
• Com o desenvolvimento das ciências básicas, da
tecnologia e da epidemiologia, o conhecimento
científico passou a dominar as práticas de saúde
pública
• Controvérsias, como as disputas contagionista
e anticontagionista durante o século XIX e a
oposição aos movimentos de reforma sanitária
atrasaram a adoção do conhecimento científico
disponível na área de Saúde Pública
(TULCHINSKY; VARAVIKOVA, 2014; INSTITUTE OF MEDICINE USA, 1988)
33. XIX
História da Saúde Pública
Teoria Microbiana
- A partir dos estudos de Snow sobre a cólera - com
provas epidemiológicas – e as descobertas de Pasteure
Koch – com provas microbiológicas - a teoria
microbiana firmou-se como explicação hegemônica
para as doenças infecciosas
(Tema da Aula “Origem e Evolução da Teoria
Microbiana)
Inaugurou-se um período conhecido como
Era Bacteriológica (1880-1920)
34. Afirmação da Teoria Microbiana e
Enfrentamento de Epidemias nas Cidades
✓Disputas entre defensores das teorias
miasmática e microbiana emergente arrefeceu
ao final do século XIX, pela afirmação da teoria
dos germes
✓ Diante das epidemias de cólera, febre tifoide e
febre amarela nas cidades = passou a haver maior
preocupação com a higiene, aprimoramento de
legislação sanitária e criação de uma estrutura
administrativa para aplicação de medidas de saúde
pública
História da Saúde Pública
35. Medicina Científica e Modelo Biomédico
✓A teoria microbiana passa a ser
predominante, obscurecendo concepções
que destacavam a multicausalidade das
doenças
✓O modelo biomédico ou mecanicista, ainda
hoje predominante, tem suas raízes
históricas vinculadas à Medicina Científica
✓Na segunda metade do século XX, tornou-se
evidente a crise do modelo biomédico
História da Saúde Pública
36. Politização da Saúde: Medicina Social
• Passou-se a considerar a unicausalidade
como um forma de entendimento
insuficiente do processo saúde-doença
• As ocorrências das doenças foram então
associadas às condições de existência e às
formas de vida dos indivíduos,
transformando-se historicamente de acordo
com estas condições
História da Saúde Pública
(CZERESNIA, 1997)
37. Século XX: Da Unicausalidade à
Multicausalidade
• Aparece a ideia de multicausalidade no
decorrer do século XX: Os fatores causais
das doenças não eram mais relacionados
apenas ao agente etiológico, mas também ao
hospedeiro e ao meio ambiente
• Passa-se também a considerar os fatores
psíquicos como causadores de doenças: O
homem começa a ser visto de novo como ser
biopsicossocial
História da Saúde Pública
(BACKES et al., 2009)
38. Criação da OMS e o Conceito de Saúde
• A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi
criada como uma agência das
Organizações das Nações Unidas (ONU)
após o final da II Guerra
• Conceito de Saúde da OMS: “estado de
completo bem-estar físico, mental e social e
não somente ausência de doenças” (OMS,
1948)
História da Saúde Pública
39. Século XX: Transição Epidemiológica
• Ocorre uma mudança no perfil de doenças
prevalentes na segunda metade do século XX: A
transição epidemiológica e a supremacia das
Doenças Crônicas Não Transmissíveis – diabetes
mellitus, doenças cardiovasculares, obesidade, alguns
tipos de cânceres
• Queda da morbimortalidade e mortalidade por
doenças infecciosas transmissíveis e elevação de
doenças e agravos não transmissíveis - devido às
melhorias nas condições gerais de vida, mais do que
aos progressos médicos
História da Saúde Pública
40. Século XX: Mudança de Pensamento da
Saúde Coletiva - Década de 1960-1970
• 1960: Motivadas por pensamentos libertários,
iniciaram-se as discussões e mobilizações que
marcaram profundamente a história da Saúde
Pública no Mundo
• 1970: A maioria dos países do mundo passou a viver
a crise do setor saúde, crise de custos e de
paradigmas, para a qual foram propostas
transformações nas políticas de saúde, com ênfase
na atenção primária à saúde e no desenvolvimento
comunitário
História da Saúde Pública
(CARLOS NETO, 2016; ANDRADE, 2012)
41. Informe Lalond: Determinantes da Saúde
• O moderno movimento de promoção da saúde
surgiu formalmente no Canadá, em maio de
1974, com a divulgação do documento A New
Perspective on the Health of Canadians,
também conhecido como Informe Lalonde
(1974)
• Os fundamentos do Informe Lalonde encontram-
se no conceito de campo da saúde, que reúne os
chamados determinantes da saúde
História da Saúde Pública
(BUSS, 2000)
42. O moderno movimento de promoção à saúde surge no Canadá em maio
de 1974, com a divulgação do conhecido "Informe Lalonde" que teve
motivação política, técnica e econômica para enfrentar os aumentos do
custo da saúde
Fonte da imagem: https://unasus2.moodle.ufsc.br/
História da Saúde Pública
43. Conferência de Alma Ata (1978): Atenção
Primária
• A proposta de medicina comunitária
consolidou-se como alternativa aos modelos
hegemônicos de prestação de serviços
médicos a partir da Conferência de Alma Ata
(1978), quando passou a ser defendida pela
Organização Mundial de Saúde e seus órgãos
regionais
• Modelo centrado nos Cuidados Primários
em Saúde
História da Saúde Pública
(CARLOS NETO, 2016)
44. Conferência de Alma Ata (1978)
• A promoção e proteção da saúde da população é
indispensável para o desenvolvimento econômico
e social sustentado
• A população tem o direito e o dever de participar
individual e coletivamente na planificação e na
aplicação das ações de saúde;
• Pensamento da promoção da saúde como um
eixo fundamental para atingir a utopia de “Saúde
para todos até o ano 2000”
História da Saúde Pública
(CARLOS NETO, 2016)
45. Principais Referências
• ALBUQUERQUE, C; Oliveira, C. Saúde e doença: significações e perspectivas em mudança. Millenium 25, 2002.
• ANDRADE, L. O. M. Do surgimento da Medicina Social à Intersetorialidade. Informativos IDISA, 2012. [Online] Disponível em:
http://www.idisa.org.br/site/documento_8787_0__do-surgimento-da-medicina-social-ao-surgimento-da-intersetorialidade.html
• BATISTELLA, C. Saúde, Doença e Cuidado: Saúde, Doença e Cuidado: complexidade teórica e necessidade histórica. In: FONSECA, A. F. O território e
o processo saúde-doença. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007.
• BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciênc. saúde coletiva 5 (1): 163-177, 2000.
• CARLOS NETO, D.; DENDASCK, C.; OLIVEIRA, E. A evolução histórica da Saúde Pública – Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento-
1 (1): 52-67, 2016
• CZERESNIA, D. Do contágio à transmissão: ciência e cultura na gênese do conhecimento epidemiológico. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1997.
• GÓIS JUNIOR, E. LOVISOLO, H. R. A educação física e concepções higienistas sobre raça: uma reinterpretação histórica da educação física brasileira
dos anos de 1930. Rev Port Cien Desp 3(5): 322–328, 2007
• HERCULANO, S. O mapa fantasma: como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles. Ambient. soc. 3 (2): 429-431,
2010.
• INSTITUTE OF MEDICINE (US) COMMITTEE FOR THE STUDY OF THE FUTURE OF PUBLIC HEALTH. The Future of Public Health. Washington
(DC): National Academies Press (US); 1988. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK218224/
• LORCA, J. C.; CARRERA, G. V. John Snow, la epidemia de cólera y el nacimiento de la epidemiología moderna. Rev Chil Infect 24 (4): 331-334, 2007
• MACEDO, R. M. Renúncia à Arte: Ensaio sobre a razão utilitária da medicina contemporânea. São Paulo: Escrituras Médicas, 2014.
• MONTAGNER, M. A. Sociologia médica, sociologia da saúde ou medicina social? Um escorço comparativo entre França e Brasil. Saude soc. 17 (2): 93-
210, 2008.
• SCLIAR, M. PHYSIS: História do Conceito de Saúde. Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 17(1):29-41, 2007
• SÍCOLI, J. L., NASCIMENTO, P. R. Promoção de saúde: concepções, princípios e operacionalização. Interface - Comunic, Saúde, Educ, 7 (12): 101-22,
2003
• SOUZA L. E. P. S. Saúde Pública ou Saúde Coletiva? Revista Espaço para a Saúde, 15 (4): 1-21, 2014.
• TEIXEIRA, J. C.; GUILHERMINO, R. L. Análise da associação entre saneamento e saúde nos estados brasileiros, empregando dados secundários do
banco de dados Indicadores e Dados Básicos para a Saúde 2003 —Eng Sanit Ambient. 2006;11(3):277–82, 2003.
• TOGNOTTI, E. Lessons from the history of quarantine, from plague to influenza A. Emerg InfectDis. 19(2):254-9, 2003.
• TULCHINSKY, T. H. VARAVIKOVA, E. A. A History of Public Health. In: The New Public Health, 2014, 3ª. Ed., p. 1-42. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B978012415766800001X
• WALDMAN, E. A. Epidemiologia em Medicina. In: Lopes, A. C.; Amato Neto, V. (editores). Tratado de Clínica Médica. Volume I. São Paulo. Editora Roca,
2ª. Edição 2007. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/260984813_Epidemiologia_em_Medicina
46. História da Saúde Pública
Parte II
História da Saúde Pública no Brasil