SlideShare a Scribd company logo
1 of 144
Download to read offline
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU




Mestrado em Gestão do Conhecimento e da
               Tecnologia da Informação


       FATORES ESTRESSORES EM PROFISSIONAIS DE
    TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS
                 DE ENFRENTAMENTO

                      Autor: Sandro Servino
          Orientadores: Profº Dr. Rodrigo Pires de Campo
                        Profº Dra. Elaine Rabelo Neiva




                                             2010
S492f   Servino, Sandro
              Fatores estressores em profissionais de tecnologia da informação e suas
          estratégias de enfrentamento. / Sandro Servino – 2010.
             142f.; il.: 30 cm


7,5cm        Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília,
             2010.
             Orientação: Rodrigo Pires de Campos
             Co-Orientação: Elaine Rabelo Neiva


           1. Estresse ocupacional. 2. Tecnologia da informação. I. Campos,
         Rodrigo Pires de, orient. II.Neiva, Elaine Rabelo, co-orient. III. Título.




              Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB


              15/12/2010




                                                                                        II
Sandro Servino




    FATORES ESTRESSORES EM
PROFISSIONAIS DE TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS
      DE ENFRENTAMENTO


               Dissertação apresentada ao programa de Pós
               Graduação “Stricto Sensu” - Mestrado em Gestão
               do Conhecimento e Tecnologia da Informação da
               Universidade Católica de Brasília, como requisito
               para obtenção do título de Mestre em Gestão do
               Conhecimento e da Tecnologia da Informação.


               Orientadores: Profº Dr. Rodrigo Pires de Campo
                             Profº Dra. Elaine Rabelo Neiva




              Brasília
               2010

                                                             III
Brasília
 2010


           IV
A todos que me apoiaram direta ou indiretamente
nessa caminhada, contribuindo para o êxito desse
trabalho.

                                              V
Agradecimento


Em primeiro lugar, agradeço a Deus por sempre me direcionar e iluminar, permitindo
a conclusão deste projeto.

Aos meus pais, Jose Amorim Servino e Tereza Costa Servino, que sempre me
incentivaram a seguir o melhor caminho e viabilizaram a busca de meus sonhos.

À minha esposa, Wiwi Servino, pela compreensão, apoio e incentivo.

Aos Mestres Prof. Dr. Gentil José de Lucena Filho, Prof. Dr. João Souza Neto e Dra.
Rejane Maria da Costa pela confiança e Profa. Dra. Luiza Beth Nunes Alonso pela
competência na coordenação do curso.

Aos meus queridos orientadores Profº Dr. Rodrigo Pires de Campos e Profº Dra.
Elaine Rabelo Neiva pela paciência e inteligência e a todos os Mestres que se
dispuseram a um convívio de dedicação e apoio.

Ao SEBRAE, que possibilitou a realização do sonho de me tornar mestre.

Aos meus companheiros, em reconhecimento à compreensão aos momentos
roubados do nosso convívio durante a realização desse projeto.




                                                                                VI
"Faça as coisas o mais simples que você
     puder, porém, não as mais simples"
                         Albert Einstein


                                    VII
Resumo

        Esta dissertação é uma pesquisa descritiva e relacional sobre o estresse
ocupacional e estratégias de enfrentamento utilizadas pelos profissionais de
tecnologia da informação no Brasil e correlações de acordo com o sexo, estado civil,
faixa etária, tempo de serviço, atividade, tipo de organização, tipo de vinculo e
tamanho da organização. Esse trabalho teve como objetivo identificar os principais
fatores estressores em profissionais de TI e as estratégias de enfrentamento mais
utilizadas por estes profissionais. Ainda, a pesquisa teve como desafios validar se os
profissionais de TI são realmente estressados e se as estratégias utilizadas pelos
mesmos são eficazes contra o estresse. Participaram 307 profissionais de tecnologia
da informação com idade variando entre 24 e 57 anos. Verificou-se que o principal
fator estressor foi a sobrecarga de trabalho e a estratégia de enfrentamento mais
utilizada foi a resolução de problemas. Os profissionais de TI apresentaram um nível
moderado de estresse. As mulheres tiveram um índice de estresse similar aos
homens e as mesmas utilizam mais o suporte social como estratégia de
enfrentamento do que os homens. A atualização tecnológica se apresentou como o
fator estressor menos relevante para a população pesquisada, demonstrando que a
necessidade de atualização tecnológica já é algo natural para este profissionais. Os
analistas de sistemas são os profissionais mais estressados frente a outros
profissionais de TI. Os autônomos possuem um nível de estresse superior aos
profissionais com carteira assinada, podendo, neste caso, ser alvo de uma futura
pesquisa no sentido de validar a condição de instabilidade emocional devido a não
existência de um vinculo empregatício. Os dados obtidos não revelaram um quadro
preocupante no que tange estresse em uma classe ocupacional que exerce a função
fundamental de sustentar todo um aparato tecnológico dentro das organizações,
entretanto devido ao incremento da dependência dos profissionais de TI por parte
das organizações e de sua sobrecarga de trabalho nas ultimas décadas, torna-se
fundamental atenção por parte das organizações, principalmente através de políticas
de recursos humanos e gerencia direta, para que este quadro não se altere de forma
significativa, levando assim uma perda de qualidade de vida dentro das
organizações e por conseqüência da eficiência organizacional.

Palavras-chave: Estresse ocupacional. Profissional de TI. Estresse.




                                                                                  VIII
Abstract

        This dissertation is a descriptive and relational research about occupational
stress and coping strategies used by information technology professionals in Brazil
and correlations according to sex, marital status, age, length of service, activity, type
of organization, type of relationship and organization size. This study aimed to
identify the major stressors in IT professionals and the coping strategies utilized by
these professionals. Still, the research was to validate if IT professionals are really
stressed and the strategies they use are effective against stress. 307 information
technology professionals, aged between 24 and 57 years, participated in the survey.
It was found that the main stressor was workload and coping strategy used was to
solve problems. IT professionals had a moderate level of stress. Women had a stress
index similar to the men and they use more social support as a coping strategy than
men. The technology upgrade is presented as the stressor less relevant for the
study, demonstrating the need for technological upgrading is already a natural for this
professional. System analysts are stressed professionals compared to other IT
professionals. The level of stress was greater in the information technology
professional with no formal contract, and in this case be the subject of future
research in order to validate the condition of emotional instability due to lack of an
employment contract. The data did not reveal a worrying picture in relation stress in
an occupational class that performs the basic function of supporting an entire
technological apparatus within organizations, however due to the increased reliance
on IT professionals for organizations and their overhead work in recent decades, it
becomes critical attention from the organizations, mainly through human resource
policies and manages directly, so that this framework does not change significantly,
thereby resulting in a loss of quality of life within organizations and consequence of
organizational efficiency.


      Keywords: Occupational stress. IT Professional. Stress.




                                                                                      IX
SUMÁRIO




1.       Introdução.......................................................................................................14
     1.1    Contexto...................................................................................................................14
     1.2    Problematização......................................................................................................16

2.          Objetivo ..........................................................................................................21
     2.1     Objetivo Geral ........................................................................................................21
     2.2     Objetivos Específicos..............................................................................................21

3.          Organização do Trabalho ...............................................................................22

4.          Referencial Teórico.........................................................................................23
     4.1     O Estresse ................................................................................................................23
     4.2      Fatores estressores..................................................................................................32
     4.3     Estresse Ocupacional..............................................................................................37
     4.4      Estratégias de enfrentamento (coping) .................................................................48
     4.5      O estresse e o profissional de TI ............................................................................58

5.        Método............................................................................................................71
     5.1     Caracterização da população pesquisada ............................................................71
     5.2     Instrumentos ...........................................................................................................73
       5.2.1      Avaliação do Estresse no Trabalho ..................................................................73
       5.2.2      Avaliação das estratégias de enfrentamento no trabalho..................................74
       5.2.3      Procedimentos de coleta de dados ....................................................................75
       5.2.4      Análise dos dados .............................................................................................77
       5.2.5      Amostra ............................................................................................................77

6.          Resultados e discussão..................................................................................80

7.          Conclusões e Recomendações ....................................................................117

8.      Referências Bibliográficas ............................................................................124
     ANEXO A – Questionário Fatores Estressores .............................................................137
     ANEXO B – Questionário Estratégias de Enfrentamento............................................138
     ANEXO C – Carta de apresentação dos questionários de pesquisa ............................142
     ANEXO D – Questionário socioeconômico ....................................................................143




                                                                                                                                       X
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - .................................................................................................................29

Figura 2 - .................................................................................................................51




                                                                                                                          XI
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - .................................................................................................................76

Tabela 2 - .................................................................................................................79

Tabela 3 - .................................................................................................................80

Tabela 4 - .................................................................................................................86

Tabela 5a - ...............................................................................................................87

Tabela 5b - ...............................................................................................................88

Tabela 6a - ...............................................................................................................90

Tabela 6b - ...............................................................................................................92

Tabela 7a - ...............................................................................................................94

Tabela 7b - ...............................................................................................................95

Tabela 8a - ...............................................................................................................97

Tabela 8b - ...............................................................................................................99

Tabela 9a - .............................................................................................................101

Tabela 9b - .............................................................................................................103

Tabela 10a - ...........................................................................................................104

Tabela 10b - ...........................................................................................................107

Tabela 11a - ...........................................................................................................108

Tabela 11b - ...........................................................................................................110

Tabela 12a - ...........................................................................................................112

Tabela 12b - ...........................................................................................................114




                                                                                                                         XII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

  CPD     Centro de Processamento de Dados

   TI     Tecnologia da Informação

SOFTEX    Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro

NASDAQ National Association of Securities Dealers Automated Quotations –
       Bolsa de valores tecnológica dos Estados Unidos da América.




                                                                           XIII
1. Introdução
1.1 Contexto

     De acordo com a SOFTEX (2009, p.31, p.47), organização responsável pelo

programa do governo para promoção da excelência do software brasileiro, o número

de empresas de software e serviços de tecnologia da informação vem crescendo a

partir de 2003, a uma taxa média anual de 4,8%, tendo no ano de 2009 cerca de

67.851 empresas de TI (Tecnologia da Informação) e crescimento médio anual do

numero de pessoas ocupadas de 12,6% com cerca de 540.000 profissionais de TI

em 2009.

     Os profissionais de TI são os indivíduos responsáveis por dar sustentação a

toda uma infra-estrutura tecnológica e sistemas de informação num mundo em

redes. De acordo com Stair (2007), dentro da organização, o profissional de TI

geralmente trabalha em um centro de tecnologia, o qual emprega desenvolvedores

para a internet, programadores de computadores, analistas de sistemas, operadores

de computadores, especialistas em redes e segurança da informação. Esse

profissional também pode trabalhar em outros departamentos ou outras áreas

funcionais oferecendo suporte. Além das habilidades técnicas, o profissional de TI

também precisa de habilidades em comunicações verbais e escritas, de um

entendimento das organizações no modo como elas operam e a capacidade de

trabalhar com outras pessoas, os usuários dos sistemas de informação (STAIR,

2007). Sistemas de informação têm um papel importante nos negócios e na

sociedade atual, podendo ter um grande impacto na estratégia corporativa e no

sucesso organizacional das empresas (O´BRIEN, 2001). No contexto das

organizações de trabalho, Drucker (1999) chama de “Sociedade do Conhecimento”,

a internacionalização dos mercados, as pressões por produtividade e a

                                                                               14
competitividade que as empresas e os trabalhadores vêm sofrendo tendo como

conseqüência exigências cada vez maiores por produtividade, iniciativa e

conhecimento dos profissionais. Neste sentido, Cacazotte (2009) cita que nas

últimas décadas, a função de TI nas organizações teve um crescimento rápido,

impulsionado pela intensa competição. Esse crescimento criou uma demanda por

profissionais de TI mais especializados e com atribuições mais complexas. Ainda, foi

solicitado ao profissional de TI que interagisse com pessoas de fora do

departamento de sistemas de informação, possivelmente com culturas e

expectativas diferentes dos seus.

     Corroborando, Gorz (1995) indica que o nível cada vez mais elevado de

informatização cria uma demanda por profissionais especializados, sobretudo os da

área da Tecnologia da Informação, que cotidianamente lidam com novos produtos.

Estes profissionais convivem com constantes alterações de ambiente tendo como

conseqüência a necessidade de uma constante atualização tecnológica. Moore

(2000) cita que um dos grandes motivos para a rotatividade de profissionais de TI

nas organizações é devido ao esgotamento dos mesmos, catalisado pelas

constantes mudanças da tecnologia e pressão por resultados.

     De acordo com Agarwal e Ferratt (2000), a capacidade de reter uma

competente equipe técnica de TI tem sido reconhecida como um fator crítico para

uma organização na realização dos seus objetivos estratégicos. Corroborando,

Fontes (2006) e O´Brian (2004) citam que o profissional de TI já é considerado peça-

chave dentro das empresas, pois deve estar atento à autenticidade, disponibilidade

e segurança da informação para que as mesmas estejam sempre disponíveis no

tempo certo, em qualquer circunstância, a quem precisar delas.




                                                                                 15
Sem horários específicos, trabalhando em ambientes de criticidade onde a

informação não pode ser perdida, os profissionais de TI estão sujeitos a

condições de trabalho diferenciadas, com uma carga horária excessiva em um

ambiente de pressão, o que pode levar a tensões e problemas advindos do

exercício da atividade profissional. As exigências organizacionais feitas a esses

profissionais, decorrentes da dinâmica das transformações no mundo moderno e da

necessidade de se ter as informações seguras e disponíveis 24 horas por dia,

parecem ter levado ao aumento da carga de trabalho. Ter um maior envolvimento

com o trabalho e com a organização, seja para entender, decidir, agir ou responder

às demandas diárias, ficando absorvido (física e psicologicamente) de forma integral

pela organização em decorrência da complexidade, da diversidade e da dinâmica

do mundo organizacional, parece ser uma realidade para o profissional de TI

(LAUDON e LAUDON, 1996).

     Todas essas características levam a crer que vários fatores, como excesso de

trabalho, medo de obsolescência, pressão por resultados e outros possam estar

gerando estresse nos profissionais de TI. Assim, tendo em vista o papel que o

profissional de TI vem assumindo dentro das organizações, surgiu o desafio de

investigar o fenômeno do estresse nestes profissionais nos dias atuais e, em

situações dessa natureza, as diferentes estratégias de enfrentamento utilizadas

pelos mesmos.


1.2 Problematização

     Nas ultimas três décadas, a proliferação dos computadores e sistemas de

informação dentro das organizações tem gerado uma alta demanda por profissionais

de tecnologia da informação e no mesmo período, o estresse nos profissionais de



                                                                                 16
tecnologia da informação tem sido estudado em vários países, objetivando

compreender o fenômeno nestes profissionais e combater seus malefícios.

     De acordo com Conti (2010), o lançamento na década de 80 dos computadores

pessoais transformou o mundo da informática, pois o poder de processar dados

eletronicamente passou a não ficar restrito aos Centros de Processamento de Dados

(CPDs) de empresas e universidades, ficando também disponível para as pessoas

comuns, os usuários domésticos. Paralelamente, pequenas empresas puderam se

informatizar, sem os altos custos dos computadores centrais (os "mainframes"), da

manutenção de salas especiais para CPD, e de todo o pessoal necessário. Neste

mesmo período, alguns pesquisadores já se preocupavam em estudar o estresse

nos profissionais de tecnologia da informação. Ivancevich, Napier, e Wetherbe

(1983), realizaram uma pesquisa que tinha como objetivo verificar o sentimento do

estresse percebido pelos profissionais de TI nos Estados Unidos e os principais

fatores que geravam estresse nestes profissionais. Segundo estes autores, questões

que diziam respeito à estresse, comportamento e atitudes associadas com a área de

tecnologia   da   informação   precisavam   ser   respondidas   para   aqueles   que

consideravam trabalhar na área e para aqueles que já trabalhavam. Ainda, segundo

Ivancevich, Napier, e Wetherbe, com base em evidências cientificas, as

organizações poderiam criar programas de motivação e de enfrentamento para

minimizar os efeitos negativos do estresse como exemplo, dor de cabeça,

irritabilidade, depressão, tensão, fadiga severa e doenças psicossomáticas, como

indisposição do estômago (COHEN, 1984). A pesquisa realizada neste período

trouxe como dado relevante que a principal fonte de estresse era devido a

problemas de comunicação interna. A pressão do tempo e sobrecarga de trabalho




                                                                                  17
foi a terceira fonte de estresse levantada, o que ao longo das próximas décadas,

apresentou-se como a principal fonte de estresse nos profissionais de TI.

     O número de pesquisas sobre o estresse ocupacional em profissionais de TI

tomou força a partir da década de 90. Uma das hipóteses seria devido ao inicio da

massificação do uso dos microcomputadores dentro das organizações, o que gerou

uma demanda crescente por estes profissionais e a internet, que pode ter elevado a

necessidade do profissional de TI ser mais atuante e disponível. Segundo Conti

(2010), no final de 1992 só haviam 50 web sites no mundo inteiro e em 2008 o

Google já indexava cerca de 1 trilhão de páginas web. Em 1999 a população usuária

de internet no mundo ultrapassava 250 milhões de pessoas e o Brasil já contava

com 2.2 milhões de internautas. Já neste período, o artigo da Information Week

citava um programador de sistemas descrevendo sua situação de trabalho: Você

deverá manter o seu beep e fazer-se disponível nos finais de semana, caso haja um

problema. Mesmo quando você está saindo para férias, o patrão dizia "Deixe-nos o

seu número no caso de algo surgir (MCGEE, 1996).

     O que na década de 80 não se tinha evidenciado como fator estressor

principal, Li e Shani (1991), Lim e Teo (1999) e Kaluzniacky (1999) identificaram em

suas pesquisas, que o principal fator gerador de estresse era a sobrecarga de

trabalho, o que começa a ser peculiar em pesquisas cientificas, a partir desta

década, e um indicativo que a pressão sobre estes profissionais estava aumentando.

     Segundo Conti (2010), em 2000, o número de computadores pessoais em todo

o mundo chegou a 500 milhões e a chamada "bolha da internet" teve seu ápice. Em

março a bolsa eletrônica Nasdaq atingiu pontuação recorde de 5.048,62 pontos e

depois, entrou em queda que chegou a 74% em 30 meses. O valor das ações das

empresas de tecnologia caiu fortemente em mercados de todo o planeta,


                                                                                 18
ocasionando falências e demissão de milhares de profissionais de TI. No final da

década de 90 e inicio do ano 2000, milhões de profissionais de TI em todo mundo,

trabalharam em incontáveis programas de computadores buscando falhas em suas

lógicas no intuito de evitar o “bug do milênio”, o qual faria com que o computador

confundiria os dois últimos algarismos do ano 2000 com os do ano 1900,

provocando problemas de diversos tipos e prejuízos calculados em US$600 bilhões

(LEAL, GOUVEIA, 2002). Em 2001 ocorreu atentado ao edifício World Trade Center,

"WTC", em Nova York, em 11 de setembro, provocando recorde de "audiência" na

web. Em 23 de junho de 2008, um estudo do órgão de pesquisas Gartner informou

que o número de computadores pessoais em uso no mundo superou um bilhão de

unidades e em 2009, apenas o Brasil já possuía 64,8 milhões de internautas com

mais de 16 anos. Neste período, Mc-Gee, Khirallah e Lodge (2000) citavam que

existiam alguns indícios que confirmavam que os profissionais de TI eram

geralmente sobrecarregados e em um artigo publicado no The Economic Times /

India Times (4 Set, 2007) referente a uma pesquisa realizada com 4.000

trabalhadores de Tecnologia da Informação pela People Health, foram encontrados

altos níveis de estresse, uma quase inexistente vida social e um aumento

significativo de riscos à saúde. A pesquisa revelava ainda que era alarmante o

aumento do alcoolismo neste segmento ocupacional. (KRISHNAMURTHY G., 2007).

     Em maio de 2006, em uma pesquisa realizada na Irlanda, foi demonstrado que

os profissionais de TI sofriam mais com estresse do que os especialistas de

qualquer outra atividade: 97% dos profissionais de TI consideravam seu trabalho

estressante (REGGIANI, 2006).




                                                                               19
Ainda, alguns pontos são relevantes dentro do contexto do estresse nos

profissionais de TI. Um deles diz respeito a idéia, corroborada por alguns

pesquisadores como Lim e Teo (1999), Rocha e Ribeiro (2001) e Rinaldi (2007), que

a profissional do sexo feminino é mais estressada do que o profissional do sexo

masculino devido a sobreposição de papéis (casa e trabalho). Será que esta

afirmação é realmente verdadeira? Ainda, uma crença tão frequentemente

confirmada, pelo senso comum, é que os profissionais que trabalham em órgãos

públicos tem um nível de estresse menor do que os que trabalham para a iniciativa

privada, devido a questão da estabilidade do emprego. Outras perguntas

motivadoras desta investigação merecem destaque: A quantidade de trabalho ainda

é o principal fator gerador de estresse para o profissional de TI ou o medo da

obsolescência tecnológica e por conseqüência de estar fora do mercado de

trabalho?

     Ao longo destas ultimas três décadas vários foram os estudos que explicitaram

os principais fatores estressores que afligiam os profissionais de TI, bem como o

crescente aumento do nível de estresse devido a estes fatores. A presente pesquisa,

teve como um dos seus principais desafios, ratificar ou retificar estes estudos, tendo

como conjuntura o inicio de uma nova década (2010), e como inquietude do

pesquisador, o que estressa os profissionais de TI hoje e como os mesmos lidam

com o estresse.

     Estas questões mostram a importância do estudo do estresse e das estratégias

de enfrentamento para a melhoria da qualidade de vida do profissional de TI no

trabalho. Espera-se que a partir dessa pesquisa, os profissionais de TI, de posse de

informações sobre o estresse, estratégias de enfrentamento e suas relações tenham

mais condições de compreender o contexto do fenômeno e buscar dentro de si e ao


                                                                                   20
seu redor formas para mitigar os efeitos nocivos do mesmo. Da mesma forma,

espera-se que as organizações possam, de pose das informações sobre o

fenômeno do estresse, estratégias de enfrentamento e suas correlações de acordo

com o sexo, estado civil, faixa etária, tempo de serviço, atividade, tipo de

organização, tipo de vinculo e tamanho da organização, disponibilizar recursos e

mecanismos para minimizar seus efeitos sobre seus profissionais de TI e desta

forma possibilitar que os mesmos contribuam ainda mais para os resultados

corporativos.




2. Objetivo
2.1 Objetivo Geral

     Investigar o estresse nos profissionais de tecnologia da informação dentro das

organizações enfatizando como este profissional percebe e lida com o fenômeno no

inicio de uma nova década (2010), o nível de estresse e se as estratégias de

enfrentamento utilizadas foram eficientes em sua regulação.


2.2 Objetivos Específicos

     a) Definir estresse, fatores estressores, estresse ocupacional e estratégias de

enfrentamento.

     b) Identificar os principais fatores estressores percebidos pelos profissionais de

TI, a partir da Escala de Estresse no Trabalho (EET) de Paschoal e Tamayo (2004)

bem como quais as estratégias de enfrentamento mais utilizadas por estes

profissionais, a partir do Inventário de Estratégias de Coping (LAZARUS e

FOLKMAN, 1984).




                                                                                    21
c) Verificar se o nível de estresse dos profissionais pesquisados pode ser

considerado alto, ou seja, se os profissionais de TI são realmente estressados.

      d) Verificar a relação entre estresse e estratégias de enfrentamento entre

profissionais que atuam na área de TI.

      e) Verificar a influencia do sexo, estado civil, faixa etária, tempo de serviço,

atividade, tipo de organização, tipo de vinculo e tamanho da organização sobre o

estresse e as estratégias de enfrentamento.




3. Organização do Trabalho
      Este trabalho está divido em 7 Capítulos distribuídos da seguinte maneira:

      O Capítulo 1 refere-se a contextualização e a problematização, o capítulo 2 diz

respeito ao objetivo geral e específicos e o capítulo 3 explicita como os capítulos

foram organizados.

      No Capítulo 4 estão os aspectos históricos, a evolução conceitual e os

conceitos de estresse, fatores estressores, estresse ocupacional e estratégias de

enfrentamento.

      Em seguida, no Capítulo 5 está descrito o método da pesquisa, a população e

amostra, os instrumentos, o procedimento para coleta de dados e o procedimento

para análise de dados.

      Os resultados e discussão estão no Capítulo 6, com as análises sobre os

fatores estressores e estratégias de enfrentamento utilizadas pelos profissionais de

TI.

      E, no Capítulo 7 são apresentadas as considerações finais e recomendações.




                                                                                   22
4. Referencial Teórico
4.1 O Estresse
     Neste Capítulo apresentam-se o conceito de estresse, sua evolução, seus

modelos de estudo e suas fases. Pretende-se, a partir desta seção, pontuar a

evolução do tema e os impactos do estresse na vida do profissional da área de

tecnologia da informação.

     As primeiras menções à palavra estresse significando aflição e adversidade

datam do século XIV (Lazarus e Lazarus, 1994 apud Lipp, 1996). De acordo com

Cooper, Cooper e Eaker (1988) e Arnold, Robertson e Cooper (1995), estresse é

uma palavra derivada do latim stringere, que significa tração apertada, ou seja,

“espremer”.

     Cooper, Cooper e Eaker (1988) acrescentam que o termo estresse seja

utilizado desde o século XVII para indicar “fadiga” ou “aflição”. Segundo Filgueiras e

Hippert (1999), a palavra estresse teve sua origem no termo inglês “Stress”, que tem

sua origem na mecânica como uma força exercida sobre um corpo que tende a se

deformar.

     De acordo com Lipp (1996), em torno do século XVII, estudos no campo da

engenharia destacavam que a seleção dos materiais para construção de obras como

pontes, edificações e outros, deveriam levar em conta as características das cargas

que estes materiais tinham condições de suportar. Neste sentido, foi criada a

analogia com o ser humano, pois cada pessoa também consegue lidar com uma

carga de pressão.

     Em 1925, o austríaco Hans Selye, ainda estudante de medicina, chegou à

conclusão que “a maioria das perturbações registradas era aparentemente comum a

muitas e, talvez, a todas as doenças” (BACCARO, 1998, pág. 24). Conforme Lipp

                                                                                   23
(1996a) foi Selye que utilizou a palavra estresse pela primeira vez, em 1936, com

base em observações que vinha fazendo desde a década de vinte, quando passou a

identificar sintomas semelhantes, como hipertensão, desânimo e fadiga em

pacientes que sofriam de diferentes doenças, sintomas estes que não decorriam de

tais doenças, e que muitas vezes apareciam em pessoas que não estavam doentes.

     De acordo com Lipp (2003a), Selye foi influenciado pelas descobertas de dois

fisiologistas. Um deles foi Claude Bernard. Bernard (1879) sugeriu que o ambiente

interno dos organismos deve permanecer constante, apesar das mudanças no

ambiente externo.

     O outro foi Walter B. Cannon. Cannon (1926) sugeriu o termo homeostase

como um processo através do qual um organismo mantém as condições internas

constantes necessárias para a vida. À luz do conceito da homeostase, Selye

conceituou estresse como uma quebra nesse equilíbrio (homeostase).

     Já Benevides-Pereira (2002) refere-se à distinção entre estímulos estressores

e estresse, sendo que o primeiro é considerado como um agente ou elemento, que

interfere no equilíbrio homeostático, podendo ser de caráter físico, cognitivo ou

emocional. Enquanto que o estresse é a resposta a esse estímulo, tendo como

função o ajustamento da homeostase, garantindo a sobrevivência.

     Lipp (2003a) por sua vez, destaca que ora o estresse é descrito como um

estímulo que gera uma quebra na homeostase, ora é descrito como uma resposta

comportamental criada por tal desequilíbrio.

     Limongi-França e Rodrigues (2005, p. 32 e 33) destacam ainda que o estresse

possa ser visto em duas vertentes: como processo e como estado. “O estresse

como processo é a tensão diante de uma situação de desafio por ameaça ou




                                                                               24
conquista. O estresse como estado é o resultado positivo (eutress) ou negativo

(distress) da tensão realizada pela pessoa”.

     Os termos eutress e distress foram definidos por Selyes (1965). O mesmo

conceituou o eustress como o nível positivo de estresse. Podemos pensar em uma

situação onde existe uma relativa tensão, mas com equilíbrio entre esforço, tempo,

capacidade para a realização e resultados e onde ainda existe motivação e

satisfação para a realização de uma tarefa.

     O processo negativo, caracterizado por situações aflitivas, de constante

estresse é denominado distress. O distress pode ser agudo, quando é intenso, mas

por breve período, como a notícia da morte de um parente próximo, recebimento da

noticia de uma doença como câncer ou demissão e crônico, quando não é tão

intenso, mas ocorre constantemente como as situações tensas no ambiente de

trabalho ou a preocupação com dívidas que não se sabe como pagar, entre outros.

     Corroborando,     Benevides-Pereira       (2002)   cita    que   o   estresse     não

necessariamente é um processo patológico, pois possui caráter positivo, o

denominado     eustress,   quando   os   estressores      são    leves    e   controláveis,

proporcionando crescimento, prazer, motivação, desenvolvimento emocional e

intelectual. Mas quando o estressor ultrapassa um determinado limite de tensão é

conhecido como distress, com caráter negativo, prejudicando o desempenho

pessoal, social e profissional.

     Segundo Mendes e Leite (2004), o eustress ocorre em situações excitantes no

cotidiano, geralmente situações inesperadas, que são percebidas como um desafio.

Esse tipo de estresse incorre em um menor risco de adoecer. Já o distress é

geralmente causado por situações que fogem ao controle e são percebidas como

uma ameaça.


                                                                                        25
Estímulos estressores externos, como as pressões do trabalho (pressão por

resultado, excesso de trabalho, uma promoção para um cargo gerencial, medo do

desemprego), na família (casamento, pais, filhos), doenças, medo de assalto,

trânsito, medo de fechar a empresa e os estressores internos como valores,

crenças, retidão ou não do caráter, pensamentos, emoções, as formas de interpretar

cada situação, entre outros, podem ser causas do estresse.

     Mota et al. (2006) ressaltam ainda que para o indivíduo desenvolver o processo

de estresse não necessariamente precisa existir o agente estressor externo, pois,

muitas vezes, as pessoas se antecipam à ocorrência do fato, o que leva a vivenciar

ou sofrer prematuramente as reações do estresse.

     Lazarus e Folkman (1984) definem o estresse como um relacionamento

particular entre a pessoa e o ambiente, que pode estar sendo avaliado pela pessoa

como sobrecarregado ou excedendo seus recursos, o que implica em risco ao seu

bem estar. Ainda estes autores definem uma pessoa com estresse quando esta

percebe necessitar de mais recursos do que ela própria dispõe para enfrentar uma

situação de estresse. Neste caso, é a percepção que vai determinar o grau do

estresse.

     Nesta linha, Limongi-França e Rodrigues (2005) entendem que o estresse não

é apenas uma reação do organismo, pois envolve uma relação entre o indivíduo, seu

ambiente e as situações às quais estão fora de controle, sendo percebido pela

pessoa como uma ameaça ou ainda como algo que exige dela mais que suas

próprias capacidades ou recursos, colocando em risco seu bem-estar.

     A resposta a um mesmo evento estressor pode variar de pessoa para pessoa,

dependendo da percepção do estímulo pelo indivíduo e da avaliação cognitiva que

realiza sobre a situação estressante, bem como sobre seus recursos para lidar com


                                                                                26
essa situação (REGEHR, HEMSWORTH e HILL, 2001). Assim, não é a gravidade

do evento per se que determina diretamente a resposta do indivíduo, mas a

avaliação que cada pessoa faz do estímulo estressor (FELSTEN, 2002; RUITTER,

1987).

     Ainda, Lazarus (1990) aponta que o que é estressante para um indivíduo em

determinado momento pode não ser para outro indivíduo ou para esse mesmo

indivíduo em outro momento, dependendo da percepção individual e de aspectos

contextuais.

     Um evento, como uma promoção, para um determinado individuo pode ser

motivo para desencadear um processo de estresse enquanto para outro individuo

pode ser um fator estimulante. É importante aqui uma distinção entre pressão e

estresse, pois podem parecer sinônimos. De acordo com Albrecht (1990), a pressão

está na situação enquanto o estresse está na pessoa. Cada indivíduo pode ter um

ponto de vista diferente do outro na observação do mesmo evento. Segundo Selye

(1956), o estresse é parte natural do funcionamento humano, enquanto que a

pressão é normal da interação entre as pessoas.

     Ainda, segundo Arroba e James (1988, p.13), "todos nós temos um limite certo

para suportar a pressão. Quando ela não está no nível favorável, o resultado é o

estresse". Os autores destacam que o estresse ocorre nos dois extremos, ou seja,

quando existe uma pressão muito grande e quando existe uma pequena pressão ou

inexiste, levando assim o individuo a construir um quadro de ansiedade, medo,

frustração, entre outros.

     Para Couto (1987), o estresse de monotonia é decorrente do baixo nível de

estimulação do indivíduo, uma vez que a demanda do ambiente é inferior à

capacidade de realização do mesmo.


                                                                              27
Para McCormick (1997, p.90), "o estresse é um estado de tensão, ansiedade

ou pressão vivido pela pessoa. Pode ser descrito ainda como estado de apreensão,

agitação, frustração, irritação, medo, desconforto mental e infelicidade".

         O estresse pode se apresentar em três ou quatro fases. Segundo Selye (1965),

quando uma pessoa se confronta com um estímulo agressor, no caso estressor, o

corpo reage. Essa reação se dá em três fases: alerta, resistência e exaustão. Lipp

(2003a) propôs uma quarta fase que recebeu o nome de quase-exaustão. Esta fase

se encontra entre a de resistência e a de exaustão. Desta forma o modelo de Lipp é

uma ampliação dos estudos de Selye. O estresse tem inicio na fase de alerta,

quando a pessoa defronta-se com uma situação estressora.

         Silva (2000) aponta que a primeira reação do organismo é uma descarga de

adrenalina, sendo que os órgãos do aparelho circulatório e respiratório são os mais

afetados. A função da adrenalina no aparelho circulatório é o de promover a

aceleração dos batimentos cardíacos, taquicardia e diminuição do tamanho dos

vasos sangüíneos periféricos, fazendo com que o sangue circule mais rápido para

uma melhor oxigenação, especialmente, dos músculos e do cérebro, o que diminui

sangramentos em caso de ferimentos superficiais. Enquanto que no aparelho

respiratório, a adrenalina proporciona a dilatação dos brônquios, aumentando os

movimentos respiratórios, com o intuito de haver maior captação de oxigênio, o qual

será transportado de forma mais rápida pelo sistema circulatório. Este fator dá

energia ao organismo, desde os primórdios, preparando o individuo para lutar ou

fugir.

         A fase de alerta faz parte do cotidiano da grande maioria das pessoas, pois a

todo instante deparam com algum tipo de estressor, tanto interno (nossas emoções,

pensamentos, valores, entre outros), quanto externos (trabalho, assalto, parentes,


                                                                                   28
filhos, entre outros). A fase de alerta leva os indivíduos a ficarem em estado de

prontidão e pode gerar taquicardia, alteração da pressão arterial, sudorese, boca

seca, mãos e pés frios, mudanças de apetite, insônia, diarréia passageira, entre

outros. Nesta fase, dentro dos ambientes corporativos, os profissionais apresentam

incremento de motivação, entusiasmo e muita energia para enfrentar os desafios.

     Segundo Lipp (2004b), nessa fase sempre acontece uma quebra na

homeostase, pois o esforço gasto tem como objetivo o enfrentamento da situação

que traz ameaça ao individuo. O estresse pode ser visto aqui, como uma resposta

do organismo visando sua sobrevivência frente a um estressor.

     Se a pessoa, ao perceber que o agente estressor é inofensivo, frente as suas

possibilidades de enfrentamento, o organismo retorna ao estado inicial da

homeostase, mas se isto não acontece e o desafio ou o perigo persiste, tem-se inicio

a fase da resistência.

     Na segunda fase, ocorre um aumento na capacidade de resistência, pois o

organismo tenta restabelecer o equilíbrio interno (homeostase), utilizando toda a

energia adaptativa.

     A pessoa também pode apresentar cansaço injustificado, problemas com a

memória, sensação de desgaste e irritabilidade (BENEVIDES - PEREIRA, 2002;

LIPP, 2003a). Permanecendo os estímulos estressores, acontece a fase de quase-

exaustão.

     Segundo Lipp (2000 e 2003a), a fase de quase-exaustão é caracterizada pelo

início do processo de adoecimento, pois há um enfraquecimento do sistema

imunológico e as defesas do organismo começam a ceder. O indivíduo não

consegue se adaptar ou resistir ao estressor.




                                                                                  29
É notória uma oscilação entre momentos de bem-estar e desconforto, cansaço

e ansiedade, havendo grandes dificuldades do organismo para restabelecer a

homeostase interna, dando início à quarta fase do estresse, a exaustão.

     A fase de exaustão, ou ultima fase, há uma quebra total da resistência. O

organismo esgota a energia de adaptação, há um aumento das estruturas linfáticas,

ocasionando exaustão psicológica em forma de depressão e exaustão física em

forma de doenças como úlceras, aumento da pressão arterial, problemas cardíacos,

dermatológicos, sexuais, câncer ou ainda pode levar o indivíduo à morte (LIPP,

2003a, 2004b).

     Conforme cita Lipp (2004), nos dois modelos o estresse é tratado como um

processo que se desenvolve em etapas ou fases. Estas fases podem ser

temporárias e de intensidade variável. O desempenho máximo de um indivíduo é

atingido na fase de resistência, quando são mobilizadas todas as suas energias de

reserva. É o ponto de maior resistência do organismo, conforme Figura 1. Dessa

forma, o indivíduo fica sem energia para momentos futuros e, logo em seguida, vem

à quebra do organismo, pois o mesmo fica destituído de defesas. De acordo com

Lipp (2004), o nível ideal de estresse é o ponto anterior ao ponto máximo de

estresse e de produtividade, que está muito próximo de evoluir para as fases mais

avançadas, em que a produtividade e a saúde do indivíduo são afetadas pelo

estresse excessivo. No estágio de exaustão doenças muito sérias podem surgir.

CAPRA (1997) destaca que as doenças crônicas e degenerativas, altamente

evidenciadas atualmente, são as causas principais de morte e incapacidade e que

estão ligadas ao estresse em excesso.




                                                                              30
Figura 1 – Relação entre as fases do estresse e os níveis de produtividade
              Fonte: Lipp (2004, p. 22)




     Embora a palavra estresse esteja atualmente carregada de certo negativismo,

o fenômeno não é uma reação nova exclusiva dos tempos modernos, mas um

mecanismo de defesa do ser humano, como uma forma de garantir a sobrevivência

(MENDES e LEITE, 2004). Atualmente, sabe-se que o estresse não é bom, nem

ruim. É um recurso importante para se enfrentar as diferentes situações da vida

quotidiana.

     A resposta ao estresse é ativada pelo organismo com o objetivo de mobilizar

recursos que possibilitem às pessoas enfrentarem as mais variadas situações

(LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2002).

     É importante destacar, além do conceito de estresse, definido nesta pesquisa

como um relacionamento particular entre a pessoa e o ambiente, que pode estar

sendo avaliado pela pessoa como sobrecarregado ou excedendo seus recursos, o

que implica em risco ao seu bem estar (LAZARUS e FOLKMAN, 1984), a definição

de fatores estressores. Segundo Lipp (1996), tudo o que cause a quebra da
                                                                                           31
homeostase interna, ou seja, que exija alguma adaptação pode ser chamado de um

estressor. Fatos que envolvem adaptação a mudanças, sejam eles positivos ou

negativos, constituem-se em estressores importantes, pois o individuo necessitará

despender energia adaptativa para poder lidar com estes eventos.


4.2 Fatores estressores
     Neste Capítulo apresentam-se alguns conceitos importantes sobre fatores

estressores em um aspecto geral e sua relação com o estresse.

     Eventos relevantes na vida de um individuo, como por exemplo, começar um

novo emprego, casamento, separação, morte, nascimento de filho, doenças graves

entre outros podem ser considerados fatores que causam estresse nos indivíduos.

Neste sentido, avaliar a incidência destes eventos pode ser uma forma de tomar

conhecimento da freqüência com que determinada pessoa desencadeia uma

resposta de estresse (MARGIS et al., 2003).

     Segundo Santos (1995), um único estressor não poderá levar o indivíduo ao

estresse, mas sim a combinação e o acúmulo de vários agentes. Zakir (2001) aponta

que, quanto maior forem à intensidade, a freqüência e o tempo de duração dos

estressores, maior a probabilidade de se desenvolverem reações de estresse.

     Além dos grandes eventos da vida, os acontecimentos diários de menor

impacto, tais como esperar em filas, barulhos, engarrafamentos, também são

considerados causadores de estresse. Esses acontecimentos diários, quando se

manifestam de uma forma freqüente, podem gerar respostas psicológicas e

fisiológicas mais intensas do que os grandes eventos (MARGIS et al., 2003).

     Ainda, a globalização da economia, aumento da sofisticação tecnológica,

aumento do número de informações, ambiente de trabalho altamente competitivo,

transitoriedade do emprego, entre outros são fatores que vêm afetando o bem-estar

                                                                              32
físico e mental dos trabalhadores. Estes fatores podem gerar um aumento da

insegurança, ansiedade e elevação dos níveis de estresse dos indivíduos

(CARLOTTO e GOBBI, 1999; LAUTERT, CHAVES e MOURA, 1999).

     Nas ultimas décadas, o fenômeno estresse tem sido estudado sob vários

prismas. Nestes estudos, o estresse tem sido entendido e conceituado como

estímulo, resposta e interação (LAUTERT, CHAVES e MOURA, 1999). O conceito

de estímulo foi desenvolvido a partir do princípio de forças externas que produzem

alterações transitórias ou permanentes sobre os indivíduos. Essas forças referem-se

a eventos denominados estressores, que podem ser considerados como

ameaçadores para o indivíduo (SELYE, 1965).

     A seguir, o fenômeno do estresse passou a ser considerado uma resposta

(fisiológica, cognitiva ou motora) do indivíduo ante um determinado estímulo

estressor.

     Nas pesquisas realizadas a partir da década de 1980, o fenômeno do estresse

passou a ser conceituado sob a perspectiva da interação psicológica e

idiossincrática (MOOS,1990), onde um evento é estressante na medida em que o

indivíduo o percebe e valora como tal.

     Segundo Lipp (1984), o estresse pode ser originado de fontes externas e

internas. As fontes internas estão relacionadas com a maneira de ser do indivíduo,

tipo de personalidade e seu modo típico de reagir à vida. Muitas vezes, não é o

acontecimento em si que possa ser estressante, mas a maneira como é interpretado

pela pessoa. Ainda segundo Lipp (2003), “valores muito rígidos, culpas indevidas,

percepções enviesadas por experiências passadas, competição, incertezas, pressa,

perfeccionismo, mágoas antigas e expectativas exageradas para si e para os outros

estão entre as causas mais comuns do estresse”. As externas independem do modo


                                                                                33
de funcionamento do individuo e podem estar relacionadas a uma mudança de

emprego, acidentes ou qualquer outro evento que ocorra fora do corpo e da mente

da pessoa (LIPP, 1996).

     Na mesma linha, Domingos et al (1996) citam que em geral são duas as fontes

de estresse, denominadas estressores, sendo classificadas como externas ou

internas. As externas são eventos que ocorrem na vida das pessoas, tais como

morte, casamento, mudança de emprego, entre outros, já as fontes internas estão

relacionadas ao mundo interno do indivíduo, como por exemplo, crenças, valores e

padrões comportamentais.

     Em relação às fontes internas, Friedman e Rosenman (1974) propuseram duas

categorias de personalidade:

        •   Tipo A é mais propenso ao estresse, pois compreendem indivíduos,

            apressados, impacientes, competitivos, perfeccionistas e ansiosos.

            Estes indivíduos levam a vida em um ritmo acelerado e se sentem

            culpados quando relaxam;

        •   Tipo B diz respeito aos indivíduos que não têm a necessidade de

            impressionar os outros e que são capazes de trabalhar com mais calma

            e tranqüilidade, relaxam sem sentir culpa, e não sofrem devido ao

            sentimento de impaciência ou do senso de urgência. Neste sentido, os

            mesmos são menos propensos ao estresse.

     Em uma área de Tecnologia da Informação é normal a coexistência de pessoas

dos dois tipos. Não é raro indivíduos do Tipo A pressionar os indivíduos do Tipo B

para que executem mais tarefas, cada vez mais rápidas e sem erros. Este

posicionamento pode gerar estresse nos indivíduos do Tipo B. Corroborando, Lipp




                                                                               34
(2003) cita que “uma das mais importantes fontes de estresse para a pessoa do tipo

B é um tipo A”.

     Ainda, segundo Rosenman (1996) os indivíduos do tipo A enfrentam as

mudanças do ambiente com impaciência, agressividade e competitividade, com

comportamentos característicos como agilidade, tensões musculares, estilo vocal

apressado e enfático, além de respostas emocionais como irritação.

     Friedman e Rosenman (1974) destacam ainda que os indivíduos do tipo A não

possuem certeza absoluta de seu valor e de suas deficiências, ao contrário do tipo

B, que consegue perceber as suas virtudes e se conformam com as próprias

limitações. O Tipo A está à procura de maiores metas, mais horas trabalhadas e na

aquisição de mais bens materiais.

     O indivíduo que apresenta características do tipo A normalmente vivencia o

estresse de forma intensa quando submetido a aspirações profissionais não

atendidas, mais especificamente quando preterido, quando exposto a convivência

com pessoas do Tipo B que são consideradas pelo Tipo A como ineficientes e lentas

e na crise de meia-idade, quando faz questionamentos de valores que foram

esquecidos por causa da ânsia de trabalhar e realizar.

     Rosch (2005) acredita que as pessoas do Tipo A se tornam dependentes dos

picos de secreções hormonais relacionadas ao estresse e, quando privados de tais

estímulos, podem se tornar irritáveis e deprimidos.

     Finalmente, a forma de ser dos indivíduos do tipo A nem sempre leva a bons

resultados, como ressalta Rio (1995). As ações destes indivíduos, muitas vezes

precipitadas e sem reflexões sobre qualidade e estratégia, bloqueiam o acesso a

excelência, ou seja, produzem mais agitação comportamental do que resultados

eficazes (RIO, 1995).


                                                                               35
De acordo com Lida (1993), as causas do estresse são variadas e possuem

efeito cumulativo. As exigências físicas ou mentais que excedem a capacidade do

individuo pode provocar estresse, mas este pode incidir fortemente naqueles

indivíduos já afetados, devido a conflitos no trabalho ou até mesmo devido a um

problema doméstico. De acordo com Fiamoncini et al (2003) as várias causas do

estresse são:

        •   Pressão para manter a produção, responsabilidade, conflitos e outras

            fontes de insatisfação no trabalho;

        •   O estresse decorre de uma percepção individual da sua capacidade em

            atender a demanda do trabalho ou terminá-lo dentro de um prazo

            acordado;

        •   Condições desfavoráveis, projeto inadequados de posto de trabalho,

            obrigando a manter uma postura inadequada;

        •   Comportamentos      dos   chefes      e   supervisores   que   podem   ser

            demasiadamente exigentes e críticos, além das questões do salário,

            carreira, horários de trabalho, horas extras e turnos;

        •   Questões de dinheiro, e a forte pressão exercida pela sociedade de

            consumo são elementos de freqüentes preocupações.

     Como visto várias são as fontes que podem gerar estresse no cotidiano dos

indivíduos, tanto no mundo corporativo quanto pessoal. A partir da década de 90,

houve um incremento na quantidade de pesquisas relacionadas ao fenômeno do

estresse, nas organizações.

     O motivo principal para o incremento destas pesquisas tem relação com o

impacto negativo que este fenômeno trouxe para a saúde e bem estar dos

empregados e por conseqüência para a produtividade corporativa.


                                                                                   36
4.3 Estresse Ocupacional
     Neste Capítulo apresentam-se alguns conceitos importantes sobre o estresse

ocupacional. Pretendem-se ainda explicitar fatores estressores presentes no

cotidiano das organizações.

     Na economia, o impacto negativo do fenômeno estresse tem sido estimado

com base na suposição e nos achados de que trabalhadores estressados diminuem

seu desempenho e aumentam os custos das organizações com problemas de

saúde, com o aumento do absenteísmo (falta ao trabalho), da rotatividade e do

número de acidentes no local de trabalho (JEX, 1998).

     Morris (2003) destaca que em pesquisa publicada pela Reuters foi

demonstrado que o custo do estresse para a indústria americana foi de 300 bilhões

de dólares ao ano, com impacto negativo na produtividade dos empregados, além

de conseqüência na saúde e custo com tratamentos.

     Cox (1987) afirma que o estresse ocupacional é definido pela percepção do

trabalhador em relação às demandas existentes no ambiente de trabalho e de sua

capacidade e/ou recursos para enfrentá-las. À luz desta afirmação pode-se deduzir

que o estresse ocupacional tem relação com a forma de ser de cada individuo e

neste sentido é pessoal. Um sistema que apresenta erros de programação pode ser

considerado altamente estressante para um analista de sistemas, devido a um

grande número de reclamações, enquanto para outro analista não.

     Corroborando com esta afirmação, Lazarus (1995) e Lazarus e Folkman

(1984), indicam que a simples presença de eventos que podem se constituir como

estressores em determinado contexto, no qual o indivíduo esteja inserido, não

caracteriza um fenômeno de estresse. Para que isto ocorra, é necessário que o

                                                                              37
indivíduo perceba e avalie os eventos como estressores, o que quer dizer que

fatores cognitivos têm um papel central no processo que ocorre entre os estímulos

potencialmente estressores e as respostas do indivíduo a eles. A existência de um

evento potencialmente estressor na organização não quer dizer que ele será

percebido desta forma pelo indivíduo.

     Ainda, Lazarus (1995) cita que o estresse ocupacional acontece quando o

indivíduo percebe as demandas do trabalho como excessivas para os recursos de

enfrentamento que possui. Por exemplo, enquanto um programador de computador

pode estar estressado pelo excesso de sistemas para serem entregues, outro pode

não perceber este excesso de demanda como prejudicial naquele momento, mas

sim como um fator motivacional.

     Kahn e Byosiere (1992) concordam que a percepção do indivíduo é

fundamental para a avaliação de demandas organizacionais como estressores.

     As fontes de tensão e de estresse são mediadas pelas diferenças próprias a

cada indivíduo, ou seja, em uma mesma situação de trabalho, elementos negativos

e estressantes não atingem de forma homogênea todas as pessoas (MORAES et

al., 1995).

     De acordo com Jex (1998), as definições de estresse ocupacional dividem-se

de acordo com três aspectos: (1) estímulos estressores; (2) respostas aos eventos

estressores; (3) estímulos estressores-respostas.

     Quando são focalizados os estímulos estressores, o estresse ocupacional

refere-se aos estímulos do ambiente de trabalho que exigem respostas adaptativas

por parte do empregado e que excedem a sua habilidade de enfrentamento (coping).

Estes estímulos são frequentemente chamados de estressores organizacionais.




                                                                              38
Quando são focalizadas as respostas aos eventos estressores, o estresse

ocupacional refere-se às respostas (psicológicas, fisiológicas e comportamentais)

que os indivíduos emitem quando expostos a fatores do trabalho que excedem sua

habilidade de enfrentamento. Quando são focalizadas as interações entre estímulos

estressores-respostas, o estresse ocupacional refere-se ao processo geral em que

demandas do trabalho têm impacto nos empregados. Nesse caso, não há separação

e o estresse é visto como um processo.

     Segundo Couto (1987), o estresse é um estado em que há uma diminuição da

capacidade de trabalho e/ou desgaste anormal do organismo humano, acarretado

por uma incapacidade prolongada da pessoa tolerar, se adaptar ou superar às

exigências de natureza psíquica existentes no seu ambiente.

     Para Markham (1989, p. 151), grande parte do estresse sofrido em situações

profissionais é causada pela antecipação ansiosa. A apreensão conduz ao medo e

consequentemente ao estresse, resultando em comportamentos inadequados,

transformando os medos em realidade, podendo assumir patamares elevados,

afetando todas as áreas da vida da pessoa. A ansiedade pode ser definida como

uma sensação às vezes vaga, de que algo desagradável está para acontecer

(SILVA, 1994, p. 126). Na virada de 1999 para o ano 2000 um tema que acarretou

muita ansiedade para milhões de profissionais da área de tecnologia da informação

foi o ‘Bug do Milênio’. A expectativa era que todos os computadores travassem, mas

na realidade o tão conhecido ‘Bug do Milênio’ tornou-se um grande fiasco, pois não

produziu toda a catástrofe, muitas vezes alardeada.

     Dentro da área de Tecnologia da Informação acontecem situações em que

quando um sistema de informação importante está para entrar em produção, os

funcionários responsáveis ficarem preocupados e ansiosos se tudo irá ocorrer


                                                                               39
conforme planejado. A ansiedade pode causar bloqueios de memória e os indivíduos

mais ansiosos tendem a render menos em tarefas onde são avaliados os

conhecimentos aprendidos (BERMÚDEZ, 1994). Esta ansiedade pode acarretar um

planejamento ruim e/ou uma execução de procedimentos ineficazes. No Japão,

Fujigaki (1989) destacou a importância das exigências mentais do trabalho dos

engenheiros de software, apontando para a fase de implantação de sistema como

um momento em que os profissionais se declaravam “física e mentalmente

exaustos”.

     Kyriacow e Sutcliffe (1981) definem o estresse ocupacional como um estado

emocional desagradável, pela tensão, frustração, ansiedade, exaustão emocional

em função de aspectos do trabalho definidos pelos indivíduos como ameaçadores. O

estresse ocupacional agrava-se quando há por parte do indivíduo a percepção das

responsabilidades e poucas possibilidades de autonomia e controle. Os analistas de

sistemas bem como os programadores, em geral, são os profissionais responsáveis

por desenvolver novos sistemas bem como dar manutenção nos sistemas legados.

Em muitas situações pode se sentir pressionado por receber responsabilidades

sobre um determinado projeto, como por exemplo, um sistema, mas não ter controle

sobre todas as variáveis que tangenciam este sistema, como por exemplo, o

ambiente onde o mesmo está sendo executado e falta de recursos em geral

necessários para um trabalho eficiente.

     De acordo com Moraes e Kilimnik (1994), o estresse ocupacional pode ser

avaliado à luz de quatro variáveis: fontes de pressão no trabalho, personalidade do

indivíduo, estratégias de combate e sintomas físicos e mentais manifestos no

processo. De acordo com os autores, as duas primeiras variáveis afetam as duas

últimas.


                                                                                40
O estresse ocupacional, segundo Couto (1987), interfere na qualidade de vida

modificando a maneira como o indivíduo interage nas diversas áreas da sua vida.

Devido ao excesso de atividades, a pressão por prazos e outros fatores geradores

de estresse, estes indivíduos podem gerar na sua vida familiar ou social situações

de desajuste, devido ao estresse que o mesmo está vivenciando. A sobrecarga de

trabalho, tanto nos aspectos quantitativos como qualitativos é uma fonte

freqüentemente relacionada ao estresse (PARAGUAI, 1990). O excesso de horas

trabalhadas diminui as chances de apoio social do indivíduo, causando insatisfação,

tensão e outros problemas de saúde, não obstante a falta de trabalho também pode

levar a sensação de tédio ao indivíduo (PEIRÓ, 1993).

     Ainda, segundo Peiró (1992), a qualidade das relações interpessoais é um fator

importante na hora de determinar o potencial estressor. A ausência de um grupo

coeso é um dos elementos que pode causar estresse. O conflito no grupo de

trabalho pode ser considerado positivo quando estimula a busca de soluções para o

problema, entretanto caso a situação de conflito persista, poderá por exemplo, gerar

frustrações, insatisfação e moléstias somáticas (PEIRÓ, 1993).

     Ainda, a segurança e a estabilidade na carreira afetam um percentual

importante de pessoas. A carreira de um indivíduo pode gerar preocupações

relacionadas a mudanças no posto de trabalho, mudanças de profissão, ou falta de

promoção (PEIRÓ, 1992).

     Kahn e Byosiere (1992) destacam a existência de propriedades organizacionais

antecedentes, como políticas, tecnologias e estruturas, que podem gerar eventos

estressores no trabalho. O tamanho da organização tem sido apontado como um

possível antecedente dos estressores organizacionais. Organizações onde existe

uma distância considerável entre os diversos níveis hierárquicos e em que o


                                                                                 41
funcionário tem pouco controle sobre seu trabalho, podem ser mais propícias a gerar

eventos estressores (KAHN e BYOSIERE, 1992; SUTTON e D´AUNNO, 1989).

     Segundo Glowinkowski e Cooper (1987), estressores intrínsecos ao trabalho

referem-se a aspectos como repetição de tarefas, pressões de tempo e sobrecarga.

A sobrecarga de trabalho tem recebido especial atenção dos pesquisadores. Este

estressor pode ser agrupada em uma dimensão quantitativa e em outra dimensão, a

qualitativa. A sobrecarga quantitativa diz respeito ao número excessivo de tarefas a

serem realizadas, que superam a capacidade e disponibilidade do trabalhador.

     A sobrecarga qualitativa refere-se a tipos de demandas que estão além das

habilidades ou aptidões dos trabalhadores. (JEX, 1998; GLOWINKOWSKI e

COOPER, 1987).

     Rocha e Debert-Ribeiro (2001), citam em suas pesquisas, que encontram tanto

para os homens, quanto para as mulheres analistas de sistemas, a presença de alta

demanda no trabalho, seja pela sobrecarga quantitativa (prazos curtos) quanto pela

sobrecarga qualitativa (alto grau de responsabilidade e uso constante da mente).

     Destaca-se aqui o caso das mulheres analistas de sistemas no que tange a

superposição do trabalho exercida pela mesma em casa e no trabalho. As mulheres

analistas de sistemas possuem maior número de horas de trabalho doméstico,

quando comparadas aos profissionais do gênero masculino (Kadolin, 1997;

Lundberg, Mardberg, Frankenhauser, 1994). Tal situação tem gerado altos níveis de

sobrecarga de trabalho, estresse e conflitos de magnitude crescente de acordo com

o número de filhos de cada uma. Esta pode ser uma das razões pelas quais a

ausência de filhos aparece com maior freqüência entre mulheres analistas de

sistemas (Emslie, Hunt e Macintyre, 1999).




                                                                                   42
A grande maioria dos trabalhos envolve interações entre pessoas, seja entre

colegas de mesmo nível hierárquico, superiores e subordinados ou entre

empregados e clientes. Quando essas interações resultam em conflitos tem-se outra

fonte de estresse (JEX, 1998; GLOWINKOWSKI e COOPER, 1987). Neste sentido,

Jex (1998) comenta que diversos fatores podem incrementar a probabilidade da

ocorrência de um conflito interpessoal no trabalho, como por exemplo, a competição

entre dois ou mais funcionários para alcançar uma promoção ou para ter acesso a

recursos de trabalho escassos na organização e a percepção de injustiça e

desrespeito no tratamento recebido por colegas e superiores.

     Ainda no campo das relações interpessoais, faz parte do cotidiano dos

profissionais da área de TI, principalmente dos profissionais de desenvolvimento de

sistemas, interagirem com pessoas de fora do departamento de sistemas de

informação, possivelmente com culturas e expectativas diferentes dos seus. Como

resultado, esses profissionais podem vivenciar níveis mais elevados de estresse

(HUARNG, 2001).

     Tamayo, Lima e da Silva (2002) pesquisaram a relação do clima organizacional

com o estresse ocupacional. No estudo, o clima organizacional foi operacionalizado

a partir de quatro fatores: comunicação, ambiente relacional, liderança gerencial e

valorização do empregado. Os resultados revelaram que o ambiente relacional e o

estilo de liderança gerencial são preditores do estresse ocupacional.

     Ainda, estressores relacionados ao desenvolvimento da carreira são elementos

encontrados nas organizações. Esta categoria de estressor, de acordo com

Glowinkowski e Cooper (1987), inclui aspectos relacionados à falta de estabilidade

no trabalho, ao medo de obsolescência frente às mudanças tecnológicas e às

poucas perspectivas de promoções e crescimento na carreira.


                                                                                43
A obsolescência profissional, definida como a erosão das competências

requeridas para um desempenho de sucesso (DUBIN, 1990; FERDINAND, 1966;

GLASS, 2000 apud JOSEPH, 2001), é um elemento importante na carreira em TI. A

atualização     regular   das   competências    promove     a    empregabilidade,    o

desenvolvimento profissional e as compensações financeiras. Assim, a rápida

mudança da tecnologia constitui uma ameaça potencial para os profissionais de TI,

já que a estimativa de meia-vida dos conhecimentos e habilidades na profissão de TI

é de menos de dois anos (ANG, 2000; DUBIN, 1990 apud JOSEPH; ANG, 2001).

Ainda segundo o estudo de Schambach (1999), os profissionais de TI com mais

idade parecem menos motivados a manter suas competências atualizadas.

     A pesquisa anual de satisfação profissional de 2003, realizada pelo periódico

norte-americano Computerworld, avaliou as opiniões dos profissionais de TI relativas

à sua carreira (Hoffman, 2004). Segundo Hoffman, os resultados indicaram que não

há um entusiasmo em relação às perspectivas de carreira, embora os profissionais

de TI não demonstrem arrependimento por terem optado pela área de TI. A pesquisa

constata ainda uma insatisfação desses profissionais com suas recompensas e

participação nas decisões, e de forma geral, com as empresas em que trabalham e

oportunidades de evolução na carreira. Nesta linha, Arroba e James (1988 p. 182)

cita que as principais fontes de estresse nas organizações são “remuneração,

perspectivas incertas de carreira, muito trabalho, reuniões terríveis, colegas difíceis

e atmosfera de trabalho”.

     Já Couto (1979) organizou uma lista de fatores existentes em uma organização

que podem gerar o estresse:

        •     Chefia insegura: o indivíduo vulnerável que tem entusiasmo excessivo

              ou insegurança latente, ou ainda nível intelectual mais alto, vai


                                                                                    44
encontrar-se diante de um agente estressor se ele percebe um chefe

    inseguro. A tendência será subvalorizar as ordens do chefe, o que

    provocará insatisfação no trabalho;

•   Responsabilidade mal delegada: delegar tarefas sem identificar se o

    empregado está preparado ou mesmo confundir delegação com

    transferência de responsabilidade. Karasek (1990) verificou que o menor

    grau de autonomia para tomada de decisão combinado com elevado

    grau de responsabilidade é um forte fator gerador de estresse;

•   Bloqueio de carreira: às vezes, a promoção de um funcionário pode

    gerar um bloqueio muito grande em outro que trabalhe na mesma

    função e seja igualmente competente. Se a promoção do primeiro não

    for devidamente justificada pela chefia, pode acontecer que um bom

    funcionário se transforme em indivíduo insatisfeito e injustiçado;

•   Conflito entre chefias: é o caso de chefias cujos pensamentos não estão

    bem identificados e isso é percebido pelos funcionários. Os que são

    vulneráveis se sentirão inseguros;

•   Falta de correlação adequada entre capacidade, responsabilidade e

    salário: é um dos agentes estressores mais comuns no trabalho e pode

    ser evitado ou diminuído por uma avaliação de desempenho adequada.

    Os estudos de administração de pessoal têm mostrado que o indivíduo

    somente estará satisfeito se a responsabilidade que lhe é atribuída no

    serviço estiver no mesmo nível de sua capacidade e se o salário for

    proporcional;

•   Falta de motivação no trabalho: é um agente estressor que acomete

    praticamente todos os trabalhadores. Geralmente, o trabalhador passa


                                                                         45
por uma sensação de inutilidade. Quando existe motivação, a pessoa

    trabalha melhor; sente que é importante no trabalho e que está ajudando

    a construir a empresa;

•   Trabalho monótono: no início deste tipo de trabalho, ocorre aumento de

    produtividade e melhoria da qualidade, pelo desenvolvimento no cérebro

    de um padrão de estimulação bem definido. Muitos se adaptam a ele,

    mas a maioria, com o tempo, passa a apresentar lentidão no

    desenvolvimento das operações, redução da sensibilidade da análise

    virtual e motora, com conseqüente perda da produtividade e precisão.

    Nas pessoas mais vulneráveis, podem aparecer alguns sinais de

    doenças psicossomáticas, quando não mudam para outro tipo de

    trabalho;

•   Trabalho com alta concentração mental: o que leva à fadiga é o trabalho

    no   qual   um   erro    pode   causar   danos   físicos   grandes   ou

    comprometimento da segurança de outras pessoas. A vigilância

    constante e o medo de errar podem levar à fadiga psíquica e

    manifestações psicossomáticas nos indivíduos mais vulneráveis;

•   Relações humanas inadequadas: o problema das relações humanas

    inadequadas como agente estressor existe em dois sentidos: vertical e

    horizontal. No mundo de hoje, as relações inadequadas na vertical (por

    parte dos chefes) ainda é mais importante do que na horizontal (entre os

    colegas de trabalho). Porém, na tendência atual de se procurar utilizar

    os trabalhos de equipe, as relações humanas na horizontal adquirem

    uma importância gradualmente maior;




                                                                         46
•   Fatores ligados ao ambiente físico: o alto nível de ruído, a má-

            iluminação, o calor excessivo, a vibração, todos esses fatores podem

            atuar como estressores e desencadear o estresse e, conseqüentemente,

            a fadiga psíquica.

     Segundo Lazarus e Lazarus (1994), a sobrecarga de trabalho, causada pela

designação de muitas tarefas com prazos curtos para sua execução, e com muitas

interrupções, a ambigüidade de prioridades, o nível de autoridade e de autonomia, a

incerteza quanto ao futuro, o convívio com colegas insatisfeitos são fatores

estressantes relacionados ao estresse ocupacional. Merlo (2003) verificou que a alta

freqüência de distúrbios psicológicos relacionados ao estresse entre os analistas de

sistemas está associada a prazos curtos e sobrecarga de trabalho, resultante do

impacto político/social do trabalho que desenvolvem e também da pressão exercida

pelos usuários dos sistemas.

     Hoffman (2004) cita que o desempenho da economia americana no início deste

século forçou um corte gradual do efetivo das equipes de TI. Com uma carga

elevada de trabalho, pouco treinamento e falta de confiança em suas empresas, os

profissionais dessa área estariam se sentindo pressionados e penalizados.

     Os elementos estressores do trabalho são muito comuns e freqüentes, uma

vez que atualmente a maioria dos adultos passa grande parte do dia no

desempenho de tarefas laborais (TAYLOR e REPETTI, 1997), sendo o estresse

considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma epidemia global

(RIBEIRO, ASSIS e LOTERIO, 2000). Neste sentido é relevante a necessidade de

utilização de estratégias para mitigar os efeitos nocivos do fenômeno do estresse

nos indivíduos.




                                                                                 47
4.4 Estratégias de enfrentamento (coping)
     Neste Capítulo apresentam-se alguns conceitos importantes sobre coping ou

estratégias de enfrentamento. Pretende-se, a partir desta seção, descrever

estratégias de enfrentamento comumente utilizadas para minimizar os impactos

negativos do estresse.

     De acordo com Santos (1995), os estressores são absolutos, ou seja, o evento

acontece. O que é relativo é a maneira como o indivíduo reage a esse evento. Cada

indivíduo pode reagir de forma diferente a um mesmo evento estressor. Nesse

sentido, deve-se entender que cada indivíduo possui um nível de tolerância à

situação estressante diferente dos demais.

     De acordo com Kessler, Prince e Wortman (1985), grande parte dos indivíduos

que são expostos a estressores não desenvolvem problemas de ordem psicológico,

tendo em vista que os efeitos do estresse pode ser minimizado com a utilização de

processos psicológicos que atenuam a sensação da severidade do estresse

(LUTGENDORF e COSTANZO, 2003).

     Diversos estudos têm sido realizados objetivando explicitar as estratégias de

enfrentamento utilizadas pelos indivíduos que efetivamente superam o estresse.

Esse conjunto de estratégias tem sido comumente denominado de coping

(ANTONIAZZI, DELL’AGLIO e BANDEIRA, 1998). O termo “coping” passou a ser

utilizado na psicologia recentemente, porém sua origem etimológica remonta do

verbo francês “couper”, que por sua vez deriva do substantivo “coup” que significa

“golpe”. No século X, o termo “cope” foi incorporado ao vocabulário anglo-saxão,

cuja expressão “to cope with” pode ser traduzida como fazer face, enfrentar,

gerenciar com sucesso, encarregar-se de (PIZZATO, 2007).




                                                                               48
Coping é conceituado como um conjunto de esforços, cognitivos e

comportamentais, utilizado pelos indivíduos com o objetivo de lidar com demandas

específicas, internas ou externas, que surgem em situações de estresse e são

avaliadas como sobrecarregando ou excedendo seus recursos pessoais (LAZARUS

e FOLKMAN, 1984).

     Ainda, segundo Lazarus e Folkman (1984), coping pode ser definido pela forma

como as pessoas normalmente reagem ao estresse. Estas reações estão

relacionadas a fatores pessoais, demandas situacionais e recursos disponíveis.

     Nacaratto (1995), Savoia, Santana e Mejias (1996) e Zakir (2001) têm

conceituado o coping como elemento mediador entre os estímulos que trazem

desafios para os indivíduos e o desenvolvimento da reação do estresse.

     Folkman e Lazarus (1980) propuseram um modelo conceitual em que dividiram

o coping em duas categorias: coping com foco no problema e coping com foco na

emoção são estratégias de enfrentamento, utilizados pelo individuo, para administrar

os efeitos negativos do estresse.

     Folkman e Lazarus (1980) enfatizam que estas estratégias podem mudar de

momento para momento, durante os estágios de uma situação estressante. As

estratégias de coping levam a pensamentos, comportamentos e ações para lidar

com um estressor (FOLKMAN, LAZARUS, DUNKEL-SCHETTER, DELONGIS e

GRUEL, 1986).

     Segundo Folkman e Lazarus (1980), o coping com foco na emoção é

conceituado como um esforço para regular o estado emocional que é associado ao

estresse. Estes esforços de coping são dirigidos a um nível somático e/ou a um nível

de sentimentos, tendo por objetivo alterar o estado emocional do indivíduo. Como

exemplo de estratégias de coping com foco na emoção tem-se, uso de cigarro e


                                                                                 49
tranqüilizante, assistir um bom filme de comédia, pratica de esportes como uma

corrida ou andar de bicicleta, entre outros. O coping com foco no problema constitui-

se em um esforço para atuar na situação que deu origem ao estresse, tentando

mudá-la. O objetivo desta estratégia é alterar o problema existente (causa raiz do

problema) na relação entre a pessoa e o ambiente que está causando a tensão.

     Para Folkman e Lazarus (1980), a definição de qual das estratégias de coping

será utilizada depende de uma avaliação da situação estressora na qual o individuo

se encontra. De acordo com esta teoria, existem dois tipos de avaliação: a primária,

que é um processo cognitivo através do qual os indivíduos verificam o risco

envolvido em uma determinada situação de estresse e a secundária, onde os

indivíduos analisam quais são os recursos disponíveis e as opções para lidar com o

problema.

     O coping focalizado no problema tende a ser utilizado nas situações avaliadas

como modificáveis enquanto o coping focalizado na emoção tende a ser mais

utilizado nas situações avaliadas como inalteráveis (FOLKMAN e LAZARUS, 1980).

     Segundo Compas (1987), ambas as estratégias de coping são utilizadas

durante praticamente todos os episódios estressantes, e que o uso de uma ou de

outra pode variar em eficácia, dependendo dos diferentes tipos de estressores

envolvidos. No modelo de coping, de Lazarus e Folkman (1984), qualquer tentativa

de controlar o estressor é considerado coping, tenha ela sido eficaz ou não.

     Lazarus e DeLongis (1983) explicam que os processos de coping variam com o

desenvolvimento do indivíduo. Este fato acontece devido às mudanças nas

condições de vida e experiências vividas pelos indivíduos.

     O modelo de Folkman e Lazarus (1980) envolve quatro conceitos:




                                                                                  50
•   Coping é um processo ou uma interação que se dá entre o indivíduo e o

            ambiente;

        •   Sua função é de administração da situação estressora, ao invés de

            controle ou domínio da mesma;

        •   O processo de coping pressupõe a noção de avaliação, ou seja, como o

            fenômeno é percebido, interpretado e cognitivamente representado na

            mente do indivíduo;

        •   O processo de coping constitui-se em uma mobilização de esforço,

            através da qual os indivíduos irão empreender esforços cognitivos e

            comportamentais para administrar (reduzir, minimizar ou tolerar) as

            demandas internas ou externas que surgem da sua interação com o

            ambiente.

     De acordo com Beresford (1994), os recursos pessoais de coping são

constituídos por variáveis físicas e psicológicas que incluem saúde física, moral,

crenças ideológicas, experiências prévias de coping, inteligência e outras

características pessoais. Os recursos sócio-ecológicos encontrados no ambiente do

indivíduo ou em seu contexto social incluem relacionamento conjugal, características

familiares, redes sociais, recursos funcionais ou práticos e circunstâncias

econômicas. De acordo com a proposta do pesquisador, a disponibilidade de

recursos afeta a avaliação do evento estressor e direciona que estratégias de

enfrentamento serão usadas pelo individuo.

     Ainda, segundo Lazarus e Folkman (1986), o termo coping ou estratégias de

enfrentamento explica os esforços cognitivos e comportamentais que o indivíduo

utiliza para lidar com situações de dano, ameaça ou desafio. Dano refere-se a

situações como doença, morte, perda de status social, perda de relacionamentos


                                                                                 51
significativos ou problemas econômicos. Ameaça refere-se à antecipação de

ocorrências negativas relacionadas ao dano, enquanto o desafio diz respeito à

atitude do indivíduo ante o dano.

     O indivíduo diante de algum fator estressor passa por quatro etapas: avaliação

primária, avaliação secundária, reavaliação e enfrentamento. Segundo Savoia

(1999) e Cerqueira (2001) a avaliação primária ocorre antes de qualquer

pensamento racional por parte do sujeito e consiste na forma imediata de como o

indivíduo percebe e classifica o evento. Se o individuo avalia o evento como

estressante ou ameaçador, o evento irá causar emoções negativas, do tipo cólera ou

medo, tensão e ansiedade. Se o evento for percebido como desafio ou

oportunidade, o indivíduo sente-se mais confiante, podendo gerar emoções positivas

do tipo satisfação, esperança, excitação ou alegria.

     A etapa da avaliação secundária caracteriza-se pela análise cognitiva e de

tomada de decisão, em que o indivíduo busca recursos que o auxiliem no

enfrentamento e reduzam os efeitos negativos do estressor.

     Já Limongi-França e Rodrigues (2005) destacam que a etapa da reavaliação

diz respeito a um julgamento alterado, tendo em vista as novas informações

provindas do meio ambiente e/ou levantadas pela própria pessoa, cujo propósito é

rever e reavaliar a situação.




                                                                                52
Figura 2 – Modelo de Processamento de Stress e Coping
     Fonte: (Lazarus e Folkman, 1984)

     Diversas pesquisas têm identificado algumas estratégias de enfrentamento,

como busca de suporte social, religiosidade e distração (Carver, Scheier e

Weintraub, 1989; Endler e Parker, 1999; Vitaliano, Russo, Carr, Maiuro e Becker,

1985; Seidl et al., 2001).

     Outra importante estratégia de enfrentamento diz respeito à pratica de

atividades físicas. A atividade física regular é reconhecida como um dos principais

elementos para a melhora fisiológica do organismo. Segundo Pires et al (2004),



                                                                                53
além dos benefícios fisiológicos adquiridos com a prática da atividade física, os

adeptos dessa prática também obtêm benefícios psicológicos e sociais.

     A pratica de uma atividade física tem figurado entre as mais novas descobertas

no tratamento da depressão, ansiedade e estresse (BRANDÃO e MATSUDO, 1990;

RIBEIRO, 1998; FOX, 1999; NETO, 2002; CHEIK et al., 2003; PIRES et al., 2004).

PIRES et al. (2004) realizaram uma pesquisa com adolescentes de Florianópolis e

foi verificada a relação entre atividades físicas e estresse indicando que quanto

maior o nível de atividade física menor o nível de estresse.

     No campo do suporte social, as fortes relações como acontece dentro das

famílias e entre amigos são de fundamental relevância para a manutenção da saúde

e têm um papel importante na redução do estresse (SWICKERT et al., 2002;

BALBIN, IRONSON e SOLOMON, 1999; LUTGENDORF e CONSTANZO, 2003).

Ainda, Kielcolt-Glaser et al. (1994) destacam que uma boa relação entre cônjuges

tem relação direta com uma melhor resposta imunológica do individuo. Por outro

lado, cônjuges que possuem uma relação marcada por conflitos apresentam maior

percentual de problemas cardiovasculares e neuroendócrinos, bem como uma

reduzida   função    imunológica   (BALBIN,     IRONSON        e   SOLOMON,   1999).

Corroborando, Mcewen e Stellar (1993) destacam que um ambiente de hostilidade e

conflito está diretamente associado com o distress e com o aumento de doenças

psicossomáticas.

     De acordo com Tamayo et al (2002), o suporte social sobre o estresse

ocupacional pode ser positivo ou negativo. Quando o suporte social está fortalecido

na organização, ele tem um efeito protetor que é explicitado em baixos níveis de

estresse. Neste sentido, quanto maior o nível de suporte social na organização,




                                                                                 54
menor o nível de estresse no trabalho. Na outra ponta, quando o suporte social não

existe ou é deficitário, este fator transforma-se num estressor.

     Outras pesquisas indicam que as relações sociais são um importante meio de

proteção contra os efeitos negativos do estresse (KESSLER, PRINCE e WORTMAN,

1985; TAYLOR e REPETTI, 1997; BALBIN, IRONSON e SOLOMON, 1999;

SWICKERT et al., 2002).

     Segundo Dejours (1994) existem seis estratégias defensivas utilizadas pelo

indivíduo, quando o mesmo está em sofrimento no ambiente de trabalho:

     1ª) Desvencilhar-se das responsabilidades e não tomar novas iniciativas;

     2ª) Assumir atitude de isolamento máximo, de silêncio frente ao superior

hierárquico e, em alguns casos, frente aos colegas;

     3ª) Adotar postura de desconfiança sistemática, com sentimento de

perseguição e hostilidade dos outros para consigo;

     4ª) Passar diretamente ao nível superior, ao invés de dirigir-se a seu superior

imediato;

     5ª) Enfrentar o sofrimento em silêncio; e

     6ª) Recusar-se a cumprimentar os colegas, como forma de evitar o sofrimento.

     Dessa forma, o indivíduo procura ocultar o sofrimento, evitar o conflito e as

ocasiões em que o conflito possa acontecer.

     Além do conceito de estratégias de enfrentamento um importante conceito diz

respeito aos estilos de coping. Miller (1981) joga luz a dois estilos de coping

denominados de monitorador e desatento. Os dois estilos dizem respeito ao tipo de

atenção dada pelo indivíduo em situação de estresse. O indivíduo monitorador

permanece em um estado de constante alerta e atento a aspectos negativos de uma

experiência, buscando informações e visualizando a situação para controlá-la. O


                                                                                 55
desatento envolve distração e proteção cognitiva de fontes de perigo. O indivíduo

apresenta um comportamento de desatenção, tendendo a se afastar da ameaça,

distrair-se e evitar informações, postergando uma ação.

     De acordo com Lazarus e Folkman (1984), existem 8 estratégias de

enfrentamento:   “resolução    de   problemas”,   “suporte   social”,   “aceitação   de

responsabilidade”, “auto controle”, “reavaliação positiva”, “fuga e esquiva”,

“afastamento” e “confronto”.

     O confronto são estratégias ofensivas e em certas circunstâncias agressivas

para o enfrentamento da situação, isto é, são estratégias nas quais a pessoa

apresenta uma atitude ativa em relação ao estressor.

     Diferentemente das estratégias de confronto, o afastamento corresponde a

estratégias defensivas, onde o individuo evita confrontar-se com a ameaça, não

modificando a situação. O autocontrole diz respeito aos esforços da pessoa em

buscar o controle das emoções frente aos estímulos estressantes. Ter autocontrole

denota, também, não fazer nada apressadamente ou seguir um primeiro impulso.

     O suporte social é uma estratégia de enfrentamento que está relacionada ao

apoio encontrado nas pessoas e no ambiente, sendo este um fator psicossocial

positivo, que pode ajudar o profissional de TI a lidar com o efeito indesejado do

estresse. Ao utilizar a estratégia de aceitação de responsabilidade, o profissional de

TI aceita a realidade e engaja-se no processo de lidar com a situação estressante.

     O comportamento de fuga e esquiva consiste em fantasiar sobre possíveis

soluções para o problema sem, no entanto, tomar atitudes para de fato modificá-las.

Podemos descrevê-la como os esforços para escapar e/ou evitar o fator estressante.

     A estratégia de resolução de problemas pressupõe o planejamento adequado

para lidar com os estressores. Ao invés de anular ou afastar a situação estressante


                                                                                     56
de seu cotidiano, o profissional de TI opta por resolver seu problema, modificar suas

atitudes, sendo capaz de lidar com as pressões das pessoas e do ambiente ao seu

redor, diminuindo ou eliminando a fonte geradora de estresse. A reavaliação positiva

é uma estratégia de enfrentamento dirigida para o controle das emoções que estão

relacionadas à tristeza como forma de reinterpretação, crescimento e mudança

pessoal a partir da situação conflitante. Ainda segundo os autores, a reavaliação

positiva são tentativas cognitivas de analisar e reavaliar um problema de forma

positiva, aceitando a realidade da situação. Podem ainda apresentar aspectos de

religiosidade.

     Outro estudo diz respeito aos estilos passivo e ativo de coping. Billings e Moss

(1984) consideram ativo o coping no qual há esforços de aproximação do foco de

estresse, enquanto o estilo passivo evitaria o foco de estresse.

     Em âmbito geral, os estilos de coping têm sido mais vinculados as

características de personalidade de cada individuo enquanto as estratégias de

coping dizem respeito as ações cognitivas ou de comportamento executadas pelo

individuo à luz de um evento estressor.

     Os traços de personalidade mais amplamente estudados, que se relacionam às

estratégias de enfrentamento, são otimismo, rigidez, auto-estima e lócus de controle

(CARVER; SCHEIER; WEINTRAUB, 1989).

     O lócus de controle, um construto vinculado à Teoria da Aprendizagem Social

(Rotter, 1966), se refere às expectativas de controle que os indivíduos mantêm

sobre os acontecimentos da vida diária. Indivíduos cuja orientação do lócus é interna

acreditam poder exercer algum controle sobre esses acontecimentos e indivíduos

cuja orientação é externa atribuem o controle dos acontecimentos a fatos externos -

pessoas, entidades, destino, acaso ou sorte (Rotter, 1966, 1975, 1990). De acordo


                                                                                  57
com Moser (2008), existem duas variáveis que podem ser determinantes como

agentes predispositores ao surgimento do quadro de estresse no indivíduo: lócus de

controle e personalidade tipo A. O lócus de controle, segundo o autor, refere-se ao

grau de responsabilidade pessoal que o individuo atribui aos eventos de sua vida. Já

a personalidade tipo A caracteriza indivíduos altamente competitivos, impacientes e

que vivem com sentimento constante de urgência.

     Segundo Antoniazzi, Dell’Aglio e Bandeira (1998), mais recentemente, as

pesquisas da área têm se voltado para o estudo das convergências entre

enfrentamento e personalidade. Esta tendência tem sido motivada, em parte, pelo

corpo cumulativo de evidências que indicam que fatores situacionais não são

capazes de explicar toda a variação nas estratégias de enfrentamento utilizadas

pelos indivíduos.

     De acordo com Pinheiro (2002), apesar da grande variedade de estudos

conduzidos sobre enfrentamento nas últimas décadas, poucos trabalhos têm sido

desenvolvidos para verificar a utilização eficaz de estratégias de Enfrentamento

voltadas para o ambiente ocupacional.


4.5 O estresse e o profissional de TI
     Neste Capítulo apresentam-se pesquisas sobre o fenômeno do estresse dentro

do contexto dos profissionais de tecnologia da informação. Pretende-se, nesta

seção, pontuar os resultados e as conclusões de pesquisadores sobre o estresse na

vida do profissional da área de tecnologia da informação.

     Moore (2000) realizou uma pesquisa com 331 profissionais de tecnologia em

diversas indústrias nos Estados Unidos. Na amostra, 331 participantes trabalhavam

em 259 empresas. Dessas empresas, a grande maioria (213) tinha um único

participante no estudo. A organização com a maioria dos participantes foi uma

                                                                                 58
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI
Estresse em Profissionais de TI

More Related Content

What's hot

Contenção Mecânica.ppt
Contenção Mecânica.pptContenção Mecânica.ppt
Contenção Mecânica.pptssuser75b31c
 
Dia 1: Estação de transferência para resíduos sólidos, Begoña Casanova, Danima
Dia 1: Estação de transferência para resíduos sólidos, Begoña Casanova, DanimaDia 1: Estação de transferência para resíduos sólidos, Begoña Casanova, Danima
Dia 1: Estação de transferência para resíduos sólidos, Begoña Casanova, DanimaRWM Brasil
 
Oficina de Seguranca do Paciente: Aprendendo com o Erro
Oficina de Seguranca do Paciente: Aprendendo com o ErroOficina de Seguranca do Paciente: Aprendendo com o Erro
Oficina de Seguranca do Paciente: Aprendendo com o ErroProqualis
 
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de AcidentesCIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de AcidentesGui Souza A
 
Florence
FlorenceFlorence
FlorenceNathima
 
Segurança do paciente e gerencimento de risco (slide)
Segurança do paciente e gerencimento de risco (slide)Segurança do paciente e gerencimento de risco (slide)
Segurança do paciente e gerencimento de risco (slide)JONAS ARAUJO
 
Controle e bloqueio de energia
Controle e bloqueio de energiaControle e bloqueio de energia
Controle e bloqueio de energiaAdony Amorim
 
Protocolo rcp basico banner
Protocolo rcp basico bannerProtocolo rcp basico banner
Protocolo rcp basico bannerpatybina
 
Aula consulta de enfermagem-UFF (Monitora Marcela)
Aula consulta de enfermagem-UFF (Monitora Marcela)Aula consulta de enfermagem-UFF (Monitora Marcela)
Aula consulta de enfermagem-UFF (Monitora Marcela)marcelaenf
 
BLOQUEIO DE FONTES DE ENERGIAS PERIGOSAS.pdf
BLOQUEIO DE FONTES DE ENERGIAS PERIGOSAS.pdfBLOQUEIO DE FONTES DE ENERGIAS PERIGOSAS.pdf
BLOQUEIO DE FONTES DE ENERGIAS PERIGOSAS.pdfCAROLINA LIMA
 
IACS - Desafios para os Enfermeiros
IACS - Desafios para os EnfermeirosIACS - Desafios para os Enfermeiros
IACS - Desafios para os EnfermeirosFernando Barroso
 
Manual instrutivo rede_atencao_urgencias
Manual instrutivo rede_atencao_urgenciasManual instrutivo rede_atencao_urgencias
Manual instrutivo rede_atencao_urgenciasAlexandra Caetano
 

What's hot (20)

Contenção Mecânica.ppt
Contenção Mecânica.pptContenção Mecânica.ppt
Contenção Mecânica.ppt
 
Dia 1: Estação de transferência para resíduos sólidos, Begoña Casanova, Danima
Dia 1: Estação de transferência para resíduos sólidos, Begoña Casanova, DanimaDia 1: Estação de transferência para resíduos sólidos, Begoña Casanova, Danima
Dia 1: Estação de transferência para resíduos sólidos, Begoña Casanova, Danima
 
Ohsas18001 mod2
Ohsas18001 mod2Ohsas18001 mod2
Ohsas18001 mod2
 
Oficina de Seguranca do Paciente: Aprendendo com o Erro
Oficina de Seguranca do Paciente: Aprendendo com o ErroOficina de Seguranca do Paciente: Aprendendo com o Erro
Oficina de Seguranca do Paciente: Aprendendo com o Erro
 
Parada cardíaca
Parada cardíacaParada cardíaca
Parada cardíaca
 
Modelo - Apresentação TCM
Modelo - Apresentação TCMModelo - Apresentação TCM
Modelo - Apresentação TCM
 
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de AcidentesCIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
 
Gastão Wagner – O futuro do Sistema Único de Saúde (SUS)
Gastão Wagner – O futuro do Sistema Único de Saúde (SUS)Gastão Wagner – O futuro do Sistema Único de Saúde (SUS)
Gastão Wagner – O futuro do Sistema Único de Saúde (SUS)
 
Florence
FlorenceFlorence
Florence
 
PCMSO - NR 07
PCMSO - NR 07PCMSO - NR 07
PCMSO - NR 07
 
Florence Nightingale
Florence NightingaleFlorence Nightingale
Florence Nightingale
 
Segurança do paciente e gerencimento de risco (slide)
Segurança do paciente e gerencimento de risco (slide)Segurança do paciente e gerencimento de risco (slide)
Segurança do paciente e gerencimento de risco (slide)
 
Controle e bloqueio de energia
Controle e bloqueio de energiaControle e bloqueio de energia
Controle e bloqueio de energia
 
Protocolo rcp basico banner
Protocolo rcp basico bannerProtocolo rcp basico banner
Protocolo rcp basico banner
 
Saude do homem
Saude do homemSaude do homem
Saude do homem
 
Aula consulta de enfermagem-UFF (Monitora Marcela)
Aula consulta de enfermagem-UFF (Monitora Marcela)Aula consulta de enfermagem-UFF (Monitora Marcela)
Aula consulta de enfermagem-UFF (Monitora Marcela)
 
BLOQUEIO DE FONTES DE ENERGIAS PERIGOSAS.pdf
BLOQUEIO DE FONTES DE ENERGIAS PERIGOSAS.pdfBLOQUEIO DE FONTES DE ENERGIAS PERIGOSAS.pdf
BLOQUEIO DE FONTES DE ENERGIAS PERIGOSAS.pdf
 
IACS - Desafios para os Enfermeiros
IACS - Desafios para os EnfermeirosIACS - Desafios para os Enfermeiros
IACS - Desafios para os Enfermeiros
 
Manual instrutivo rede_atencao_urgencias
Manual instrutivo rede_atencao_urgenciasManual instrutivo rede_atencao_urgencias
Manual instrutivo rede_atencao_urgencias
 
Auditoria em gestão hospitalar
Auditoria em gestão hospitalarAuditoria em gestão hospitalar
Auditoria em gestão hospitalar
 

Viewers also liked

Doenças ocupacionais em informática: um problema sistêmico
Doenças ocupacionais em informática: um problema sistêmicoDoenças ocupacionais em informática: um problema sistêmico
Doenças ocupacionais em informática: um problema sistêmicoPrevenus
 
Palestra sobre Estresse e Qualidade de Vida no Trabalho
Palestra sobre Estresse e Qualidade de Vida no TrabalhoPalestra sobre Estresse e Qualidade de Vida no Trabalho
Palestra sobre Estresse e Qualidade de Vida no TrabalhoPatrícia Sena
 
Lidando com o Stress no trabalho
Lidando com o Stress no trabalhoLidando com o Stress no trabalho
Lidando com o Stress no trabalhoKarina Paitach
 
Ergonomia em frente Computador
Ergonomia em frente ComputadorErgonomia em frente Computador
Ergonomia em frente ComputadorPaulo Gomes
 
El narcotrafico
El narcotraficoEl narcotrafico
El narcotraficolena32
 
Ergonomia em frente ao computador
Ergonomia em frente ao computadorErgonomia em frente ao computador
Ergonomia em frente ao computadorArnaldo Carvalho
 
Ergonomía informática
Ergonomía informáticaErgonomía informática
Ergonomía informáticaKaren H Isaak
 
Ergonomia no uso do computador
Ergonomia no uso do computadorErgonomia no uso do computador
Ergonomia no uso do computadorvipcambui
 
Ergonomia informatica.
Ergonomia informatica.Ergonomia informatica.
Ergonomia informatica.ndpg
 
Ergonomia Na Informatica
Ergonomia Na InformaticaErgonomia Na Informatica
Ergonomia Na InformaticaLeandro Ribeiro
 
Resultados Pesquisa - Stress no Trabalho
Resultados Pesquisa - Stress no TrabalhoResultados Pesquisa - Stress no Trabalho
Resultados Pesquisa - Stress no TrabalhoAlércio Bressano
 
Gestão do stress e ansiedade
Gestão do stress e ansiedadeGestão do stress e ansiedade
Gestão do stress e ansiedadeJuliana Costa
 
Stress no local de trabalho
Stress no local de trabalhoStress no local de trabalho
Stress no local de trabalhoisabelourenco
 
Stress e qualidade de vida no mundo coorporativo
Stress e qualidade de vida no mundo coorporativoStress e qualidade de vida no mundo coorporativo
Stress e qualidade de vida no mundo coorporativoTs Agency
 

Viewers also liked (20)

Doenças ocupacionais em informática: um problema sistêmico
Doenças ocupacionais em informática: um problema sistêmicoDoenças ocupacionais em informática: um problema sistêmico
Doenças ocupacionais em informática: um problema sistêmico
 
Stress No Trabalho
Stress No TrabalhoStress No Trabalho
Stress No Trabalho
 
Palestra sobre Estresse e Qualidade de Vida no Trabalho
Palestra sobre Estresse e Qualidade de Vida no TrabalhoPalestra sobre Estresse e Qualidade de Vida no Trabalho
Palestra sobre Estresse e Qualidade de Vida no Trabalho
 
Ergonomia no computador
Ergonomia no computadorErgonomia no computador
Ergonomia no computador
 
A Ergonomia e a Interação Usuário Computador
A Ergonomia e a Interação Usuário ComputadorA Ergonomia e a Interação Usuário Computador
A Ergonomia e a Interação Usuário Computador
 
Lidando com o Stress no trabalho
Lidando com o Stress no trabalhoLidando com o Stress no trabalho
Lidando com o Stress no trabalho
 
Ergonomia em frente Computador
Ergonomia em frente ComputadorErgonomia em frente Computador
Ergonomia em frente Computador
 
Regras
RegrasRegras
Regras
 
El narcotrafico
El narcotraficoEl narcotrafico
El narcotrafico
 
Gestão de Stress
Gestão de StressGestão de Stress
Gestão de Stress
 
Ergonomia em frente ao computador
Ergonomia em frente ao computadorErgonomia em frente ao computador
Ergonomia em frente ao computador
 
Ergonomía informática
Ergonomía informáticaErgonomía informática
Ergonomía informática
 
Ergonomia
ErgonomiaErgonomia
Ergonomia
 
Ergonomia no uso do computador
Ergonomia no uso do computadorErgonomia no uso do computador
Ergonomia no uso do computador
 
Ergonomia informatica.
Ergonomia informatica.Ergonomia informatica.
Ergonomia informatica.
 
Ergonomia Na Informatica
Ergonomia Na InformaticaErgonomia Na Informatica
Ergonomia Na Informatica
 
Resultados Pesquisa - Stress no Trabalho
Resultados Pesquisa - Stress no TrabalhoResultados Pesquisa - Stress no Trabalho
Resultados Pesquisa - Stress no Trabalho
 
Gestão do stress e ansiedade
Gestão do stress e ansiedadeGestão do stress e ansiedade
Gestão do stress e ansiedade
 
Stress no local de trabalho
Stress no local de trabalhoStress no local de trabalho
Stress no local de trabalho
 
Stress e qualidade de vida no mundo coorporativo
Stress e qualidade de vida no mundo coorporativoStress e qualidade de vida no mundo coorporativo
Stress e qualidade de vida no mundo coorporativo
 

Similar to Estresse em Profissionais de TI

Dissertação MPA FGV SP - Edson Kiyoshi Shintani
Dissertação MPA FGV SP - Edson Kiyoshi ShintaniDissertação MPA FGV SP - Edson Kiyoshi Shintani
Dissertação MPA FGV SP - Edson Kiyoshi ShintaniEdson Kiyoshi Shintani
 
A compreensão do termo inovação
A compreensão do termo inovaçãoA compreensão do termo inovação
A compreensão do termo inovaçãoTiago Miranda
 
Scup se destaca em estudo sobre oportunidades de negócios nas redes sociais
Scup se destaca em estudo sobre oportunidades de negócios nas redes sociaisScup se destaca em estudo sobre oportunidades de negócios nas redes sociais
Scup se destaca em estudo sobre oportunidades de negócios nas redes sociaisScup
 
Gestão do Conhecimento: um importante recurso para a Inteligência Estratégica
Gestão do Conhecimento: um importante recurso para a Inteligência EstratégicaGestão do Conhecimento: um importante recurso para a Inteligência Estratégica
Gestão do Conhecimento: um importante recurso para a Inteligência EstratégicaFabiana Benedetti
 
Tcc Gerencia Conf Itil
Tcc Gerencia Conf ItilTcc Gerencia Conf Itil
Tcc Gerencia Conf ItilMarcelo Salles
 
Pos gestao de projetos pela FGV
Pos gestao de projetos pela FGVPos gestao de projetos pela FGV
Pos gestao de projetos pela FGVAndre Luiz Regis
 
Estudo de caso em gestão de TI - Usuário x Suporte Técnico ( Conflitos, Causa...
Estudo de caso em gestão de TI - Usuário x Suporte Técnico ( Conflitos, Causa...Estudo de caso em gestão de TI - Usuário x Suporte Técnico ( Conflitos, Causa...
Estudo de caso em gestão de TI - Usuário x Suporte Técnico ( Conflitos, Causa...Davi Glaser
 
A inserção das Novas Tecnologias de Informação e comunicação na vida academic...
A inserção das Novas Tecnologias de Informação e comunicação na vida academic...A inserção das Novas Tecnologias de Informação e comunicação na vida academic...
A inserção das Novas Tecnologias de Informação e comunicação na vida academic...Frederico Fonseca Soares
 
Intranet Social na Aprendizagem organizacional: um estudo de caso na ANS
Intranet Social na Aprendizagem organizacional: um estudo de caso na ANSIntranet Social na Aprendizagem organizacional: um estudo de caso na ANS
Intranet Social na Aprendizagem organizacional: um estudo de caso na ANSColaborativismo
 
Entretenimento e Interatividade: aspectos colaborativos das plataformas digitais
Entretenimento e Interatividade: aspectos colaborativos das plataformas digitaisEntretenimento e Interatividade: aspectos colaborativos das plataformas digitais
Entretenimento e Interatividade: aspectos colaborativos das plataformas digitaisJeferson L. Feuser
 
Artigo 1 - Importancia dos SIs.pdf
Artigo 1 - Importancia dos SIs.pdfArtigo 1 - Importancia dos SIs.pdf
Artigo 1 - Importancia dos SIs.pdfGabaritandoPreparatr
 
Gestão Estratégica em Tecnologia da Informação para um Trabalho Eficiente e E...
Gestão Estratégica em Tecnologia da Informação para um Trabalho Eficiente e E...Gestão Estratégica em Tecnologia da Informação para um Trabalho Eficiente e E...
Gestão Estratégica em Tecnologia da Informação para um Trabalho Eficiente e E...Vadeilza Castilho
 
Redes de conhecimento empresariais: um estudo de caso das comunidade de conhe...
Redes de conhecimento empresariais: um estudo de caso das comunidade de conhe...Redes de conhecimento empresariais: um estudo de caso das comunidade de conhe...
Redes de conhecimento empresariais: um estudo de caso das comunidade de conhe...Marcos CAVALCANTI
 
Ana Gonçalves - Versão Final Artigo Científico
Ana Gonçalves - Versão Final Artigo CientíficoAna Gonçalves - Versão Final Artigo Científico
Ana Gonçalves - Versão Final Artigo CientíficoAnusqaS
 
Gestão estratégica em tecnologia da informação para um trabalho eficiente...
Gestão estratégica em tecnologia da informação para um trabalho eficiente...Gestão estratégica em tecnologia da informação para um trabalho eficiente...
Gestão estratégica em tecnologia da informação para um trabalho eficiente...Vadeilza Castilho
 
Gestão de ong de pequeno e médio porte
Gestão de ong de pequeno e médio porteGestão de ong de pequeno e médio porte
Gestão de ong de pequeno e médio portejcfialho
 
ERC tic marcos ton versao final dez 12
ERC tic marcos ton versao final dez 12ERC tic marcos ton versao final dez 12
ERC tic marcos ton versao final dez 12Marcos Ton Coaching
 

Similar to Estresse em Profissionais de TI (20)

Dissertação MPA FGV SP - Edson Kiyoshi Shintani
Dissertação MPA FGV SP - Edson Kiyoshi ShintaniDissertação MPA FGV SP - Edson Kiyoshi Shintani
Dissertação MPA FGV SP - Edson Kiyoshi Shintani
 
Sample 6BDT20151
Sample 6BDT20151Sample 6BDT20151
Sample 6BDT20151
 
A compreensão do termo inovação
A compreensão do termo inovaçãoA compreensão do termo inovação
A compreensão do termo inovação
 
Scup se destaca em estudo sobre oportunidades de negócios nas redes sociais
Scup se destaca em estudo sobre oportunidades de negócios nas redes sociaisScup se destaca em estudo sobre oportunidades de negócios nas redes sociais
Scup se destaca em estudo sobre oportunidades de negócios nas redes sociais
 
1º Workshop Equilibria UFP
1º Workshop Equilibria UFP1º Workshop Equilibria UFP
1º Workshop Equilibria UFP
 
Gestão do Conhecimento: um importante recurso para a Inteligência Estratégica
Gestão do Conhecimento: um importante recurso para a Inteligência EstratégicaGestão do Conhecimento: um importante recurso para a Inteligência Estratégica
Gestão do Conhecimento: um importante recurso para a Inteligência Estratégica
 
Tcc Gerencia Conf Itil
Tcc Gerencia Conf ItilTcc Gerencia Conf Itil
Tcc Gerencia Conf Itil
 
Pos gestao de projetos pela FGV
Pos gestao de projetos pela FGVPos gestao de projetos pela FGV
Pos gestao de projetos pela FGV
 
Estudo de caso em gestão de TI - Usuário x Suporte Técnico ( Conflitos, Causa...
Estudo de caso em gestão de TI - Usuário x Suporte Técnico ( Conflitos, Causa...Estudo de caso em gestão de TI - Usuário x Suporte Técnico ( Conflitos, Causa...
Estudo de caso em gestão de TI - Usuário x Suporte Técnico ( Conflitos, Causa...
 
A inserção das Novas Tecnologias de Informação e comunicação na vida academic...
A inserção das Novas Tecnologias de Informação e comunicação na vida academic...A inserção das Novas Tecnologias de Informação e comunicação na vida academic...
A inserção das Novas Tecnologias de Informação e comunicação na vida academic...
 
Intranet Social na Aprendizagem organizacional: um estudo de caso na ANS
Intranet Social na Aprendizagem organizacional: um estudo de caso na ANSIntranet Social na Aprendizagem organizacional: um estudo de caso na ANS
Intranet Social na Aprendizagem organizacional: um estudo de caso na ANS
 
Entretenimento e Interatividade: aspectos colaborativos das plataformas digitais
Entretenimento e Interatividade: aspectos colaborativos das plataformas digitaisEntretenimento e Interatividade: aspectos colaborativos das plataformas digitais
Entretenimento e Interatividade: aspectos colaborativos das plataformas digitais
 
Glauber rbp
Glauber rbpGlauber rbp
Glauber rbp
 
Artigo 1 - Importancia dos SIs.pdf
Artigo 1 - Importancia dos SIs.pdfArtigo 1 - Importancia dos SIs.pdf
Artigo 1 - Importancia dos SIs.pdf
 
Gestão Estratégica em Tecnologia da Informação para um Trabalho Eficiente e E...
Gestão Estratégica em Tecnologia da Informação para um Trabalho Eficiente e E...Gestão Estratégica em Tecnologia da Informação para um Trabalho Eficiente e E...
Gestão Estratégica em Tecnologia da Informação para um Trabalho Eficiente e E...
 
Redes de conhecimento empresariais: um estudo de caso das comunidade de conhe...
Redes de conhecimento empresariais: um estudo de caso das comunidade de conhe...Redes de conhecimento empresariais: um estudo de caso das comunidade de conhe...
Redes de conhecimento empresariais: um estudo de caso das comunidade de conhe...
 
Ana Gonçalves - Versão Final Artigo Científico
Ana Gonçalves - Versão Final Artigo CientíficoAna Gonçalves - Versão Final Artigo Científico
Ana Gonçalves - Versão Final Artigo Científico
 
Gestão estratégica em tecnologia da informação para um trabalho eficiente...
Gestão estratégica em tecnologia da informação para um trabalho eficiente...Gestão estratégica em tecnologia da informação para um trabalho eficiente...
Gestão estratégica em tecnologia da informação para um trabalho eficiente...
 
Gestão de ong de pequeno e médio porte
Gestão de ong de pequeno e médio porteGestão de ong de pequeno e médio porte
Gestão de ong de pequeno e médio porte
 
ERC tic marcos ton versao final dez 12
ERC tic marcos ton versao final dez 12ERC tic marcos ton versao final dez 12
ERC tic marcos ton versao final dez 12
 

More from Sandro Servino

More from Sandro Servino (14)

Sandro servino
Sandro servinoSandro servino
Sandro servino
 
Sandro servino
Sandro servinoSandro servino
Sandro servino
 
Sandro servino
Sandro servinoSandro servino
Sandro servino
 
Sandro servino
Sandro servinoSandro servino
Sandro servino
 
Sandro servino
Sandro servinoSandro servino
Sandro servino
 
Sandro servino
Sandro servinoSandro servino
Sandro servino
 
Sandro servino
Sandro servinoSandro servino
Sandro servino
 
Sandro servino
Sandro servinoSandro servino
Sandro servino
 
Sandro servino
Sandro servinoSandro servino
Sandro servino
 
Currículo Sandro Servino (Padrão Europeu)
Currículo Sandro Servino (Padrão Europeu)Currículo Sandro Servino (Padrão Europeu)
Currículo Sandro Servino (Padrão Europeu)
 
Big Data
Big DataBig Data
Big Data
 
Governanca de TI
Governanca de TIGovernanca de TI
Governanca de TI
 
Capitalizando na Complexidade
Capitalizando na ComplexidadeCapitalizando na Complexidade
Capitalizando na Complexidade
 
Inovação Tecnológica
Inovação TecnológicaInovação Tecnológica
Inovação Tecnológica
 

Recently uploaded

PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoPRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoSilvaDias3
 
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...Martin M Flynn
 
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfSlides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfpaulafernandes540558
 
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfO guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfErasmo Portavoz
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosAntnyoAllysson
 
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptxErivaldoLima15
 
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbv19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbyasminlarissa371
 
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.HildegardeAngel
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 anoAdelmaTorres2
 
19 de abril - Dia dos povos indigenas brasileiros
19 de abril - Dia dos povos indigenas brasileiros19 de abril - Dia dos povos indigenas brasileiros
19 de abril - Dia dos povos indigenas brasileirosMary Alvarenga
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAlexandreFrana33
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPanandatss1
 
TREINAMENTO - BOAS PRATICAS DE HIGIENE NA COZINHA.ppt
TREINAMENTO - BOAS PRATICAS DE HIGIENE NA COZINHA.pptTREINAMENTO - BOAS PRATICAS DE HIGIENE NA COZINHA.ppt
TREINAMENTO - BOAS PRATICAS DE HIGIENE NA COZINHA.pptAlineSilvaPotuk
 
Linguagem verbal , não verbal e mista.pdf
Linguagem verbal , não verbal e mista.pdfLinguagem verbal , não verbal e mista.pdf
Linguagem verbal , não verbal e mista.pdfLaseVasconcelos1
 
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptxSlide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptxconcelhovdragons
 
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parteDança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira partecoletivoddois
 
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão LinguísticaA Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão LinguísticaFernanda Ledesma
 
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptxBaladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptxacaciocarmo1
 

Recently uploaded (20)

PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoPRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
 
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
 
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfSlides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
 
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfO guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
 
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx
 
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbv19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
 
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.
 
(76- ESTUDO MATEUS) A ACLAMAÇÃO DO REI..
(76- ESTUDO MATEUS) A ACLAMAÇÃO DO REI..(76- ESTUDO MATEUS) A ACLAMAÇÃO DO REI..
(76- ESTUDO MATEUS) A ACLAMAÇÃO DO REI..
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
 
19 de abril - Dia dos povos indigenas brasileiros
19 de abril - Dia dos povos indigenas brasileiros19 de abril - Dia dos povos indigenas brasileiros
19 de abril - Dia dos povos indigenas brasileiros
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SP
 
TREINAMENTO - BOAS PRATICAS DE HIGIENE NA COZINHA.ppt
TREINAMENTO - BOAS PRATICAS DE HIGIENE NA COZINHA.pptTREINAMENTO - BOAS PRATICAS DE HIGIENE NA COZINHA.ppt
TREINAMENTO - BOAS PRATICAS DE HIGIENE NA COZINHA.ppt
 
Linguagem verbal , não verbal e mista.pdf
Linguagem verbal , não verbal e mista.pdfLinguagem verbal , não verbal e mista.pdf
Linguagem verbal , não verbal e mista.pdf
 
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptxSlide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
 
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parteDança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parte
 
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão LinguísticaA Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
 
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptxBaladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
 
treinamento brigada incendio 2024 no.ppt
treinamento brigada incendio 2024 no.ppttreinamento brigada incendio 2024 no.ppt
treinamento brigada incendio 2024 no.ppt
 

Estresse em Profissionais de TI

  • 1. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU Mestrado em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação FATORES ESTRESSORES EM PROFISSIONAIS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO Autor: Sandro Servino Orientadores: Profº Dr. Rodrigo Pires de Campo Profº Dra. Elaine Rabelo Neiva 2010
  • 2. S492f Servino, Sandro Fatores estressores em profissionais de tecnologia da informação e suas estratégias de enfrentamento. / Sandro Servino – 2010. 142f.; il.: 30 cm 7,5cm Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2010. Orientação: Rodrigo Pires de Campos Co-Orientação: Elaine Rabelo Neiva 1. Estresse ocupacional. 2. Tecnologia da informação. I. Campos, Rodrigo Pires de, orient. II.Neiva, Elaine Rabelo, co-orient. III. Título. Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB 15/12/2010 II
  • 3. Sandro Servino FATORES ESTRESSORES EM PROFISSIONAIS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO Dissertação apresentada ao programa de Pós Graduação “Stricto Sensu” - Mestrado em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação. Orientadores: Profº Dr. Rodrigo Pires de Campo Profº Dra. Elaine Rabelo Neiva Brasília 2010 III
  • 5. A todos que me apoiaram direta ou indiretamente nessa caminhada, contribuindo para o êxito desse trabalho. V
  • 6. Agradecimento Em primeiro lugar, agradeço a Deus por sempre me direcionar e iluminar, permitindo a conclusão deste projeto. Aos meus pais, Jose Amorim Servino e Tereza Costa Servino, que sempre me incentivaram a seguir o melhor caminho e viabilizaram a busca de meus sonhos. À minha esposa, Wiwi Servino, pela compreensão, apoio e incentivo. Aos Mestres Prof. Dr. Gentil José de Lucena Filho, Prof. Dr. João Souza Neto e Dra. Rejane Maria da Costa pela confiança e Profa. Dra. Luiza Beth Nunes Alonso pela competência na coordenação do curso. Aos meus queridos orientadores Profº Dr. Rodrigo Pires de Campos e Profº Dra. Elaine Rabelo Neiva pela paciência e inteligência e a todos os Mestres que se dispuseram a um convívio de dedicação e apoio. Ao SEBRAE, que possibilitou a realização do sonho de me tornar mestre. Aos meus companheiros, em reconhecimento à compreensão aos momentos roubados do nosso convívio durante a realização desse projeto. VI
  • 7. "Faça as coisas o mais simples que você puder, porém, não as mais simples" Albert Einstein VII
  • 8. Resumo Esta dissertação é uma pesquisa descritiva e relacional sobre o estresse ocupacional e estratégias de enfrentamento utilizadas pelos profissionais de tecnologia da informação no Brasil e correlações de acordo com o sexo, estado civil, faixa etária, tempo de serviço, atividade, tipo de organização, tipo de vinculo e tamanho da organização. Esse trabalho teve como objetivo identificar os principais fatores estressores em profissionais de TI e as estratégias de enfrentamento mais utilizadas por estes profissionais. Ainda, a pesquisa teve como desafios validar se os profissionais de TI são realmente estressados e se as estratégias utilizadas pelos mesmos são eficazes contra o estresse. Participaram 307 profissionais de tecnologia da informação com idade variando entre 24 e 57 anos. Verificou-se que o principal fator estressor foi a sobrecarga de trabalho e a estratégia de enfrentamento mais utilizada foi a resolução de problemas. Os profissionais de TI apresentaram um nível moderado de estresse. As mulheres tiveram um índice de estresse similar aos homens e as mesmas utilizam mais o suporte social como estratégia de enfrentamento do que os homens. A atualização tecnológica se apresentou como o fator estressor menos relevante para a população pesquisada, demonstrando que a necessidade de atualização tecnológica já é algo natural para este profissionais. Os analistas de sistemas são os profissionais mais estressados frente a outros profissionais de TI. Os autônomos possuem um nível de estresse superior aos profissionais com carteira assinada, podendo, neste caso, ser alvo de uma futura pesquisa no sentido de validar a condição de instabilidade emocional devido a não existência de um vinculo empregatício. Os dados obtidos não revelaram um quadro preocupante no que tange estresse em uma classe ocupacional que exerce a função fundamental de sustentar todo um aparato tecnológico dentro das organizações, entretanto devido ao incremento da dependência dos profissionais de TI por parte das organizações e de sua sobrecarga de trabalho nas ultimas décadas, torna-se fundamental atenção por parte das organizações, principalmente através de políticas de recursos humanos e gerencia direta, para que este quadro não se altere de forma significativa, levando assim uma perda de qualidade de vida dentro das organizações e por conseqüência da eficiência organizacional. Palavras-chave: Estresse ocupacional. Profissional de TI. Estresse. VIII
  • 9. Abstract This dissertation is a descriptive and relational research about occupational stress and coping strategies used by information technology professionals in Brazil and correlations according to sex, marital status, age, length of service, activity, type of organization, type of relationship and organization size. This study aimed to identify the major stressors in IT professionals and the coping strategies utilized by these professionals. Still, the research was to validate if IT professionals are really stressed and the strategies they use are effective against stress. 307 information technology professionals, aged between 24 and 57 years, participated in the survey. It was found that the main stressor was workload and coping strategy used was to solve problems. IT professionals had a moderate level of stress. Women had a stress index similar to the men and they use more social support as a coping strategy than men. The technology upgrade is presented as the stressor less relevant for the study, demonstrating the need for technological upgrading is already a natural for this professional. System analysts are stressed professionals compared to other IT professionals. The level of stress was greater in the information technology professional with no formal contract, and in this case be the subject of future research in order to validate the condition of emotional instability due to lack of an employment contract. The data did not reveal a worrying picture in relation stress in an occupational class that performs the basic function of supporting an entire technological apparatus within organizations, however due to the increased reliance on IT professionals for organizations and their overhead work in recent decades, it becomes critical attention from the organizations, mainly through human resource policies and manages directly, so that this framework does not change significantly, thereby resulting in a loss of quality of life within organizations and consequence of organizational efficiency. Keywords: Occupational stress. IT Professional. Stress. IX
  • 10. SUMÁRIO 1. Introdução.......................................................................................................14 1.1 Contexto...................................................................................................................14 1.2 Problematização......................................................................................................16 2. Objetivo ..........................................................................................................21 2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................21 2.2 Objetivos Específicos..............................................................................................21 3. Organização do Trabalho ...............................................................................22 4. Referencial Teórico.........................................................................................23 4.1 O Estresse ................................................................................................................23 4.2 Fatores estressores..................................................................................................32 4.3 Estresse Ocupacional..............................................................................................37 4.4 Estratégias de enfrentamento (coping) .................................................................48 4.5 O estresse e o profissional de TI ............................................................................58 5. Método............................................................................................................71 5.1 Caracterização da população pesquisada ............................................................71 5.2 Instrumentos ...........................................................................................................73 5.2.1 Avaliação do Estresse no Trabalho ..................................................................73 5.2.2 Avaliação das estratégias de enfrentamento no trabalho..................................74 5.2.3 Procedimentos de coleta de dados ....................................................................75 5.2.4 Análise dos dados .............................................................................................77 5.2.5 Amostra ............................................................................................................77 6. Resultados e discussão..................................................................................80 7. Conclusões e Recomendações ....................................................................117 8. Referências Bibliográficas ............................................................................124 ANEXO A – Questionário Fatores Estressores .............................................................137 ANEXO B – Questionário Estratégias de Enfrentamento............................................138 ANEXO C – Carta de apresentação dos questionários de pesquisa ............................142 ANEXO D – Questionário socioeconômico ....................................................................143 X
  • 11. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - .................................................................................................................29 Figura 2 - .................................................................................................................51 XI
  • 12. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - .................................................................................................................76 Tabela 2 - .................................................................................................................79 Tabela 3 - .................................................................................................................80 Tabela 4 - .................................................................................................................86 Tabela 5a - ...............................................................................................................87 Tabela 5b - ...............................................................................................................88 Tabela 6a - ...............................................................................................................90 Tabela 6b - ...............................................................................................................92 Tabela 7a - ...............................................................................................................94 Tabela 7b - ...............................................................................................................95 Tabela 8a - ...............................................................................................................97 Tabela 8b - ...............................................................................................................99 Tabela 9a - .............................................................................................................101 Tabela 9b - .............................................................................................................103 Tabela 10a - ...........................................................................................................104 Tabela 10b - ...........................................................................................................107 Tabela 11a - ...........................................................................................................108 Tabela 11b - ...........................................................................................................110 Tabela 12a - ...........................................................................................................112 Tabela 12b - ...........................................................................................................114 XII
  • 13. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CPD Centro de Processamento de Dados TI Tecnologia da Informação SOFTEX Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro NASDAQ National Association of Securities Dealers Automated Quotations – Bolsa de valores tecnológica dos Estados Unidos da América. XIII
  • 14. 1. Introdução 1.1 Contexto De acordo com a SOFTEX (2009, p.31, p.47), organização responsável pelo programa do governo para promoção da excelência do software brasileiro, o número de empresas de software e serviços de tecnologia da informação vem crescendo a partir de 2003, a uma taxa média anual de 4,8%, tendo no ano de 2009 cerca de 67.851 empresas de TI (Tecnologia da Informação) e crescimento médio anual do numero de pessoas ocupadas de 12,6% com cerca de 540.000 profissionais de TI em 2009. Os profissionais de TI são os indivíduos responsáveis por dar sustentação a toda uma infra-estrutura tecnológica e sistemas de informação num mundo em redes. De acordo com Stair (2007), dentro da organização, o profissional de TI geralmente trabalha em um centro de tecnologia, o qual emprega desenvolvedores para a internet, programadores de computadores, analistas de sistemas, operadores de computadores, especialistas em redes e segurança da informação. Esse profissional também pode trabalhar em outros departamentos ou outras áreas funcionais oferecendo suporte. Além das habilidades técnicas, o profissional de TI também precisa de habilidades em comunicações verbais e escritas, de um entendimento das organizações no modo como elas operam e a capacidade de trabalhar com outras pessoas, os usuários dos sistemas de informação (STAIR, 2007). Sistemas de informação têm um papel importante nos negócios e na sociedade atual, podendo ter um grande impacto na estratégia corporativa e no sucesso organizacional das empresas (O´BRIEN, 2001). No contexto das organizações de trabalho, Drucker (1999) chama de “Sociedade do Conhecimento”, a internacionalização dos mercados, as pressões por produtividade e a 14
  • 15. competitividade que as empresas e os trabalhadores vêm sofrendo tendo como conseqüência exigências cada vez maiores por produtividade, iniciativa e conhecimento dos profissionais. Neste sentido, Cacazotte (2009) cita que nas últimas décadas, a função de TI nas organizações teve um crescimento rápido, impulsionado pela intensa competição. Esse crescimento criou uma demanda por profissionais de TI mais especializados e com atribuições mais complexas. Ainda, foi solicitado ao profissional de TI que interagisse com pessoas de fora do departamento de sistemas de informação, possivelmente com culturas e expectativas diferentes dos seus. Corroborando, Gorz (1995) indica que o nível cada vez mais elevado de informatização cria uma demanda por profissionais especializados, sobretudo os da área da Tecnologia da Informação, que cotidianamente lidam com novos produtos. Estes profissionais convivem com constantes alterações de ambiente tendo como conseqüência a necessidade de uma constante atualização tecnológica. Moore (2000) cita que um dos grandes motivos para a rotatividade de profissionais de TI nas organizações é devido ao esgotamento dos mesmos, catalisado pelas constantes mudanças da tecnologia e pressão por resultados. De acordo com Agarwal e Ferratt (2000), a capacidade de reter uma competente equipe técnica de TI tem sido reconhecida como um fator crítico para uma organização na realização dos seus objetivos estratégicos. Corroborando, Fontes (2006) e O´Brian (2004) citam que o profissional de TI já é considerado peça- chave dentro das empresas, pois deve estar atento à autenticidade, disponibilidade e segurança da informação para que as mesmas estejam sempre disponíveis no tempo certo, em qualquer circunstância, a quem precisar delas. 15
  • 16. Sem horários específicos, trabalhando em ambientes de criticidade onde a informação não pode ser perdida, os profissionais de TI estão sujeitos a condições de trabalho diferenciadas, com uma carga horária excessiva em um ambiente de pressão, o que pode levar a tensões e problemas advindos do exercício da atividade profissional. As exigências organizacionais feitas a esses profissionais, decorrentes da dinâmica das transformações no mundo moderno e da necessidade de se ter as informações seguras e disponíveis 24 horas por dia, parecem ter levado ao aumento da carga de trabalho. Ter um maior envolvimento com o trabalho e com a organização, seja para entender, decidir, agir ou responder às demandas diárias, ficando absorvido (física e psicologicamente) de forma integral pela organização em decorrência da complexidade, da diversidade e da dinâmica do mundo organizacional, parece ser uma realidade para o profissional de TI (LAUDON e LAUDON, 1996). Todas essas características levam a crer que vários fatores, como excesso de trabalho, medo de obsolescência, pressão por resultados e outros possam estar gerando estresse nos profissionais de TI. Assim, tendo em vista o papel que o profissional de TI vem assumindo dentro das organizações, surgiu o desafio de investigar o fenômeno do estresse nestes profissionais nos dias atuais e, em situações dessa natureza, as diferentes estratégias de enfrentamento utilizadas pelos mesmos. 1.2 Problematização Nas ultimas três décadas, a proliferação dos computadores e sistemas de informação dentro das organizações tem gerado uma alta demanda por profissionais de tecnologia da informação e no mesmo período, o estresse nos profissionais de 16
  • 17. tecnologia da informação tem sido estudado em vários países, objetivando compreender o fenômeno nestes profissionais e combater seus malefícios. De acordo com Conti (2010), o lançamento na década de 80 dos computadores pessoais transformou o mundo da informática, pois o poder de processar dados eletronicamente passou a não ficar restrito aos Centros de Processamento de Dados (CPDs) de empresas e universidades, ficando também disponível para as pessoas comuns, os usuários domésticos. Paralelamente, pequenas empresas puderam se informatizar, sem os altos custos dos computadores centrais (os "mainframes"), da manutenção de salas especiais para CPD, e de todo o pessoal necessário. Neste mesmo período, alguns pesquisadores já se preocupavam em estudar o estresse nos profissionais de tecnologia da informação. Ivancevich, Napier, e Wetherbe (1983), realizaram uma pesquisa que tinha como objetivo verificar o sentimento do estresse percebido pelos profissionais de TI nos Estados Unidos e os principais fatores que geravam estresse nestes profissionais. Segundo estes autores, questões que diziam respeito à estresse, comportamento e atitudes associadas com a área de tecnologia da informação precisavam ser respondidas para aqueles que consideravam trabalhar na área e para aqueles que já trabalhavam. Ainda, segundo Ivancevich, Napier, e Wetherbe, com base em evidências cientificas, as organizações poderiam criar programas de motivação e de enfrentamento para minimizar os efeitos negativos do estresse como exemplo, dor de cabeça, irritabilidade, depressão, tensão, fadiga severa e doenças psicossomáticas, como indisposição do estômago (COHEN, 1984). A pesquisa realizada neste período trouxe como dado relevante que a principal fonte de estresse era devido a problemas de comunicação interna. A pressão do tempo e sobrecarga de trabalho 17
  • 18. foi a terceira fonte de estresse levantada, o que ao longo das próximas décadas, apresentou-se como a principal fonte de estresse nos profissionais de TI. O número de pesquisas sobre o estresse ocupacional em profissionais de TI tomou força a partir da década de 90. Uma das hipóteses seria devido ao inicio da massificação do uso dos microcomputadores dentro das organizações, o que gerou uma demanda crescente por estes profissionais e a internet, que pode ter elevado a necessidade do profissional de TI ser mais atuante e disponível. Segundo Conti (2010), no final de 1992 só haviam 50 web sites no mundo inteiro e em 2008 o Google já indexava cerca de 1 trilhão de páginas web. Em 1999 a população usuária de internet no mundo ultrapassava 250 milhões de pessoas e o Brasil já contava com 2.2 milhões de internautas. Já neste período, o artigo da Information Week citava um programador de sistemas descrevendo sua situação de trabalho: Você deverá manter o seu beep e fazer-se disponível nos finais de semana, caso haja um problema. Mesmo quando você está saindo para férias, o patrão dizia "Deixe-nos o seu número no caso de algo surgir (MCGEE, 1996). O que na década de 80 não se tinha evidenciado como fator estressor principal, Li e Shani (1991), Lim e Teo (1999) e Kaluzniacky (1999) identificaram em suas pesquisas, que o principal fator gerador de estresse era a sobrecarga de trabalho, o que começa a ser peculiar em pesquisas cientificas, a partir desta década, e um indicativo que a pressão sobre estes profissionais estava aumentando. Segundo Conti (2010), em 2000, o número de computadores pessoais em todo o mundo chegou a 500 milhões e a chamada "bolha da internet" teve seu ápice. Em março a bolsa eletrônica Nasdaq atingiu pontuação recorde de 5.048,62 pontos e depois, entrou em queda que chegou a 74% em 30 meses. O valor das ações das empresas de tecnologia caiu fortemente em mercados de todo o planeta, 18
  • 19. ocasionando falências e demissão de milhares de profissionais de TI. No final da década de 90 e inicio do ano 2000, milhões de profissionais de TI em todo mundo, trabalharam em incontáveis programas de computadores buscando falhas em suas lógicas no intuito de evitar o “bug do milênio”, o qual faria com que o computador confundiria os dois últimos algarismos do ano 2000 com os do ano 1900, provocando problemas de diversos tipos e prejuízos calculados em US$600 bilhões (LEAL, GOUVEIA, 2002). Em 2001 ocorreu atentado ao edifício World Trade Center, "WTC", em Nova York, em 11 de setembro, provocando recorde de "audiência" na web. Em 23 de junho de 2008, um estudo do órgão de pesquisas Gartner informou que o número de computadores pessoais em uso no mundo superou um bilhão de unidades e em 2009, apenas o Brasil já possuía 64,8 milhões de internautas com mais de 16 anos. Neste período, Mc-Gee, Khirallah e Lodge (2000) citavam que existiam alguns indícios que confirmavam que os profissionais de TI eram geralmente sobrecarregados e em um artigo publicado no The Economic Times / India Times (4 Set, 2007) referente a uma pesquisa realizada com 4.000 trabalhadores de Tecnologia da Informação pela People Health, foram encontrados altos níveis de estresse, uma quase inexistente vida social e um aumento significativo de riscos à saúde. A pesquisa revelava ainda que era alarmante o aumento do alcoolismo neste segmento ocupacional. (KRISHNAMURTHY G., 2007). Em maio de 2006, em uma pesquisa realizada na Irlanda, foi demonstrado que os profissionais de TI sofriam mais com estresse do que os especialistas de qualquer outra atividade: 97% dos profissionais de TI consideravam seu trabalho estressante (REGGIANI, 2006). 19
  • 20. Ainda, alguns pontos são relevantes dentro do contexto do estresse nos profissionais de TI. Um deles diz respeito a idéia, corroborada por alguns pesquisadores como Lim e Teo (1999), Rocha e Ribeiro (2001) e Rinaldi (2007), que a profissional do sexo feminino é mais estressada do que o profissional do sexo masculino devido a sobreposição de papéis (casa e trabalho). Será que esta afirmação é realmente verdadeira? Ainda, uma crença tão frequentemente confirmada, pelo senso comum, é que os profissionais que trabalham em órgãos públicos tem um nível de estresse menor do que os que trabalham para a iniciativa privada, devido a questão da estabilidade do emprego. Outras perguntas motivadoras desta investigação merecem destaque: A quantidade de trabalho ainda é o principal fator gerador de estresse para o profissional de TI ou o medo da obsolescência tecnológica e por conseqüência de estar fora do mercado de trabalho? Ao longo destas ultimas três décadas vários foram os estudos que explicitaram os principais fatores estressores que afligiam os profissionais de TI, bem como o crescente aumento do nível de estresse devido a estes fatores. A presente pesquisa, teve como um dos seus principais desafios, ratificar ou retificar estes estudos, tendo como conjuntura o inicio de uma nova década (2010), e como inquietude do pesquisador, o que estressa os profissionais de TI hoje e como os mesmos lidam com o estresse. Estas questões mostram a importância do estudo do estresse e das estratégias de enfrentamento para a melhoria da qualidade de vida do profissional de TI no trabalho. Espera-se que a partir dessa pesquisa, os profissionais de TI, de posse de informações sobre o estresse, estratégias de enfrentamento e suas relações tenham mais condições de compreender o contexto do fenômeno e buscar dentro de si e ao 20
  • 21. seu redor formas para mitigar os efeitos nocivos do mesmo. Da mesma forma, espera-se que as organizações possam, de pose das informações sobre o fenômeno do estresse, estratégias de enfrentamento e suas correlações de acordo com o sexo, estado civil, faixa etária, tempo de serviço, atividade, tipo de organização, tipo de vinculo e tamanho da organização, disponibilizar recursos e mecanismos para minimizar seus efeitos sobre seus profissionais de TI e desta forma possibilitar que os mesmos contribuam ainda mais para os resultados corporativos. 2. Objetivo 2.1 Objetivo Geral Investigar o estresse nos profissionais de tecnologia da informação dentro das organizações enfatizando como este profissional percebe e lida com o fenômeno no inicio de uma nova década (2010), o nível de estresse e se as estratégias de enfrentamento utilizadas foram eficientes em sua regulação. 2.2 Objetivos Específicos a) Definir estresse, fatores estressores, estresse ocupacional e estratégias de enfrentamento. b) Identificar os principais fatores estressores percebidos pelos profissionais de TI, a partir da Escala de Estresse no Trabalho (EET) de Paschoal e Tamayo (2004) bem como quais as estratégias de enfrentamento mais utilizadas por estes profissionais, a partir do Inventário de Estratégias de Coping (LAZARUS e FOLKMAN, 1984). 21
  • 22. c) Verificar se o nível de estresse dos profissionais pesquisados pode ser considerado alto, ou seja, se os profissionais de TI são realmente estressados. d) Verificar a relação entre estresse e estratégias de enfrentamento entre profissionais que atuam na área de TI. e) Verificar a influencia do sexo, estado civil, faixa etária, tempo de serviço, atividade, tipo de organização, tipo de vinculo e tamanho da organização sobre o estresse e as estratégias de enfrentamento. 3. Organização do Trabalho Este trabalho está divido em 7 Capítulos distribuídos da seguinte maneira: O Capítulo 1 refere-se a contextualização e a problematização, o capítulo 2 diz respeito ao objetivo geral e específicos e o capítulo 3 explicita como os capítulos foram organizados. No Capítulo 4 estão os aspectos históricos, a evolução conceitual e os conceitos de estresse, fatores estressores, estresse ocupacional e estratégias de enfrentamento. Em seguida, no Capítulo 5 está descrito o método da pesquisa, a população e amostra, os instrumentos, o procedimento para coleta de dados e o procedimento para análise de dados. Os resultados e discussão estão no Capítulo 6, com as análises sobre os fatores estressores e estratégias de enfrentamento utilizadas pelos profissionais de TI. E, no Capítulo 7 são apresentadas as considerações finais e recomendações. 22
  • 23. 4. Referencial Teórico 4.1 O Estresse Neste Capítulo apresentam-se o conceito de estresse, sua evolução, seus modelos de estudo e suas fases. Pretende-se, a partir desta seção, pontuar a evolução do tema e os impactos do estresse na vida do profissional da área de tecnologia da informação. As primeiras menções à palavra estresse significando aflição e adversidade datam do século XIV (Lazarus e Lazarus, 1994 apud Lipp, 1996). De acordo com Cooper, Cooper e Eaker (1988) e Arnold, Robertson e Cooper (1995), estresse é uma palavra derivada do latim stringere, que significa tração apertada, ou seja, “espremer”. Cooper, Cooper e Eaker (1988) acrescentam que o termo estresse seja utilizado desde o século XVII para indicar “fadiga” ou “aflição”. Segundo Filgueiras e Hippert (1999), a palavra estresse teve sua origem no termo inglês “Stress”, que tem sua origem na mecânica como uma força exercida sobre um corpo que tende a se deformar. De acordo com Lipp (1996), em torno do século XVII, estudos no campo da engenharia destacavam que a seleção dos materiais para construção de obras como pontes, edificações e outros, deveriam levar em conta as características das cargas que estes materiais tinham condições de suportar. Neste sentido, foi criada a analogia com o ser humano, pois cada pessoa também consegue lidar com uma carga de pressão. Em 1925, o austríaco Hans Selye, ainda estudante de medicina, chegou à conclusão que “a maioria das perturbações registradas era aparentemente comum a muitas e, talvez, a todas as doenças” (BACCARO, 1998, pág. 24). Conforme Lipp 23
  • 24. (1996a) foi Selye que utilizou a palavra estresse pela primeira vez, em 1936, com base em observações que vinha fazendo desde a década de vinte, quando passou a identificar sintomas semelhantes, como hipertensão, desânimo e fadiga em pacientes que sofriam de diferentes doenças, sintomas estes que não decorriam de tais doenças, e que muitas vezes apareciam em pessoas que não estavam doentes. De acordo com Lipp (2003a), Selye foi influenciado pelas descobertas de dois fisiologistas. Um deles foi Claude Bernard. Bernard (1879) sugeriu que o ambiente interno dos organismos deve permanecer constante, apesar das mudanças no ambiente externo. O outro foi Walter B. Cannon. Cannon (1926) sugeriu o termo homeostase como um processo através do qual um organismo mantém as condições internas constantes necessárias para a vida. À luz do conceito da homeostase, Selye conceituou estresse como uma quebra nesse equilíbrio (homeostase). Já Benevides-Pereira (2002) refere-se à distinção entre estímulos estressores e estresse, sendo que o primeiro é considerado como um agente ou elemento, que interfere no equilíbrio homeostático, podendo ser de caráter físico, cognitivo ou emocional. Enquanto que o estresse é a resposta a esse estímulo, tendo como função o ajustamento da homeostase, garantindo a sobrevivência. Lipp (2003a) por sua vez, destaca que ora o estresse é descrito como um estímulo que gera uma quebra na homeostase, ora é descrito como uma resposta comportamental criada por tal desequilíbrio. Limongi-França e Rodrigues (2005, p. 32 e 33) destacam ainda que o estresse possa ser visto em duas vertentes: como processo e como estado. “O estresse como processo é a tensão diante de uma situação de desafio por ameaça ou 24
  • 25. conquista. O estresse como estado é o resultado positivo (eutress) ou negativo (distress) da tensão realizada pela pessoa”. Os termos eutress e distress foram definidos por Selyes (1965). O mesmo conceituou o eustress como o nível positivo de estresse. Podemos pensar em uma situação onde existe uma relativa tensão, mas com equilíbrio entre esforço, tempo, capacidade para a realização e resultados e onde ainda existe motivação e satisfação para a realização de uma tarefa. O processo negativo, caracterizado por situações aflitivas, de constante estresse é denominado distress. O distress pode ser agudo, quando é intenso, mas por breve período, como a notícia da morte de um parente próximo, recebimento da noticia de uma doença como câncer ou demissão e crônico, quando não é tão intenso, mas ocorre constantemente como as situações tensas no ambiente de trabalho ou a preocupação com dívidas que não se sabe como pagar, entre outros. Corroborando, Benevides-Pereira (2002) cita que o estresse não necessariamente é um processo patológico, pois possui caráter positivo, o denominado eustress, quando os estressores são leves e controláveis, proporcionando crescimento, prazer, motivação, desenvolvimento emocional e intelectual. Mas quando o estressor ultrapassa um determinado limite de tensão é conhecido como distress, com caráter negativo, prejudicando o desempenho pessoal, social e profissional. Segundo Mendes e Leite (2004), o eustress ocorre em situações excitantes no cotidiano, geralmente situações inesperadas, que são percebidas como um desafio. Esse tipo de estresse incorre em um menor risco de adoecer. Já o distress é geralmente causado por situações que fogem ao controle e são percebidas como uma ameaça. 25
  • 26. Estímulos estressores externos, como as pressões do trabalho (pressão por resultado, excesso de trabalho, uma promoção para um cargo gerencial, medo do desemprego), na família (casamento, pais, filhos), doenças, medo de assalto, trânsito, medo de fechar a empresa e os estressores internos como valores, crenças, retidão ou não do caráter, pensamentos, emoções, as formas de interpretar cada situação, entre outros, podem ser causas do estresse. Mota et al. (2006) ressaltam ainda que para o indivíduo desenvolver o processo de estresse não necessariamente precisa existir o agente estressor externo, pois, muitas vezes, as pessoas se antecipam à ocorrência do fato, o que leva a vivenciar ou sofrer prematuramente as reações do estresse. Lazarus e Folkman (1984) definem o estresse como um relacionamento particular entre a pessoa e o ambiente, que pode estar sendo avaliado pela pessoa como sobrecarregado ou excedendo seus recursos, o que implica em risco ao seu bem estar. Ainda estes autores definem uma pessoa com estresse quando esta percebe necessitar de mais recursos do que ela própria dispõe para enfrentar uma situação de estresse. Neste caso, é a percepção que vai determinar o grau do estresse. Nesta linha, Limongi-França e Rodrigues (2005) entendem que o estresse não é apenas uma reação do organismo, pois envolve uma relação entre o indivíduo, seu ambiente e as situações às quais estão fora de controle, sendo percebido pela pessoa como uma ameaça ou ainda como algo que exige dela mais que suas próprias capacidades ou recursos, colocando em risco seu bem-estar. A resposta a um mesmo evento estressor pode variar de pessoa para pessoa, dependendo da percepção do estímulo pelo indivíduo e da avaliação cognitiva que realiza sobre a situação estressante, bem como sobre seus recursos para lidar com 26
  • 27. essa situação (REGEHR, HEMSWORTH e HILL, 2001). Assim, não é a gravidade do evento per se que determina diretamente a resposta do indivíduo, mas a avaliação que cada pessoa faz do estímulo estressor (FELSTEN, 2002; RUITTER, 1987). Ainda, Lazarus (1990) aponta que o que é estressante para um indivíduo em determinado momento pode não ser para outro indivíduo ou para esse mesmo indivíduo em outro momento, dependendo da percepção individual e de aspectos contextuais. Um evento, como uma promoção, para um determinado individuo pode ser motivo para desencadear um processo de estresse enquanto para outro individuo pode ser um fator estimulante. É importante aqui uma distinção entre pressão e estresse, pois podem parecer sinônimos. De acordo com Albrecht (1990), a pressão está na situação enquanto o estresse está na pessoa. Cada indivíduo pode ter um ponto de vista diferente do outro na observação do mesmo evento. Segundo Selye (1956), o estresse é parte natural do funcionamento humano, enquanto que a pressão é normal da interação entre as pessoas. Ainda, segundo Arroba e James (1988, p.13), "todos nós temos um limite certo para suportar a pressão. Quando ela não está no nível favorável, o resultado é o estresse". Os autores destacam que o estresse ocorre nos dois extremos, ou seja, quando existe uma pressão muito grande e quando existe uma pequena pressão ou inexiste, levando assim o individuo a construir um quadro de ansiedade, medo, frustração, entre outros. Para Couto (1987), o estresse de monotonia é decorrente do baixo nível de estimulação do indivíduo, uma vez que a demanda do ambiente é inferior à capacidade de realização do mesmo. 27
  • 28. Para McCormick (1997, p.90), "o estresse é um estado de tensão, ansiedade ou pressão vivido pela pessoa. Pode ser descrito ainda como estado de apreensão, agitação, frustração, irritação, medo, desconforto mental e infelicidade". O estresse pode se apresentar em três ou quatro fases. Segundo Selye (1965), quando uma pessoa se confronta com um estímulo agressor, no caso estressor, o corpo reage. Essa reação se dá em três fases: alerta, resistência e exaustão. Lipp (2003a) propôs uma quarta fase que recebeu o nome de quase-exaustão. Esta fase se encontra entre a de resistência e a de exaustão. Desta forma o modelo de Lipp é uma ampliação dos estudos de Selye. O estresse tem inicio na fase de alerta, quando a pessoa defronta-se com uma situação estressora. Silva (2000) aponta que a primeira reação do organismo é uma descarga de adrenalina, sendo que os órgãos do aparelho circulatório e respiratório são os mais afetados. A função da adrenalina no aparelho circulatório é o de promover a aceleração dos batimentos cardíacos, taquicardia e diminuição do tamanho dos vasos sangüíneos periféricos, fazendo com que o sangue circule mais rápido para uma melhor oxigenação, especialmente, dos músculos e do cérebro, o que diminui sangramentos em caso de ferimentos superficiais. Enquanto que no aparelho respiratório, a adrenalina proporciona a dilatação dos brônquios, aumentando os movimentos respiratórios, com o intuito de haver maior captação de oxigênio, o qual será transportado de forma mais rápida pelo sistema circulatório. Este fator dá energia ao organismo, desde os primórdios, preparando o individuo para lutar ou fugir. A fase de alerta faz parte do cotidiano da grande maioria das pessoas, pois a todo instante deparam com algum tipo de estressor, tanto interno (nossas emoções, pensamentos, valores, entre outros), quanto externos (trabalho, assalto, parentes, 28
  • 29. filhos, entre outros). A fase de alerta leva os indivíduos a ficarem em estado de prontidão e pode gerar taquicardia, alteração da pressão arterial, sudorese, boca seca, mãos e pés frios, mudanças de apetite, insônia, diarréia passageira, entre outros. Nesta fase, dentro dos ambientes corporativos, os profissionais apresentam incremento de motivação, entusiasmo e muita energia para enfrentar os desafios. Segundo Lipp (2004b), nessa fase sempre acontece uma quebra na homeostase, pois o esforço gasto tem como objetivo o enfrentamento da situação que traz ameaça ao individuo. O estresse pode ser visto aqui, como uma resposta do organismo visando sua sobrevivência frente a um estressor. Se a pessoa, ao perceber que o agente estressor é inofensivo, frente as suas possibilidades de enfrentamento, o organismo retorna ao estado inicial da homeostase, mas se isto não acontece e o desafio ou o perigo persiste, tem-se inicio a fase da resistência. Na segunda fase, ocorre um aumento na capacidade de resistência, pois o organismo tenta restabelecer o equilíbrio interno (homeostase), utilizando toda a energia adaptativa. A pessoa também pode apresentar cansaço injustificado, problemas com a memória, sensação de desgaste e irritabilidade (BENEVIDES - PEREIRA, 2002; LIPP, 2003a). Permanecendo os estímulos estressores, acontece a fase de quase- exaustão. Segundo Lipp (2000 e 2003a), a fase de quase-exaustão é caracterizada pelo início do processo de adoecimento, pois há um enfraquecimento do sistema imunológico e as defesas do organismo começam a ceder. O indivíduo não consegue se adaptar ou resistir ao estressor. 29
  • 30. É notória uma oscilação entre momentos de bem-estar e desconforto, cansaço e ansiedade, havendo grandes dificuldades do organismo para restabelecer a homeostase interna, dando início à quarta fase do estresse, a exaustão. A fase de exaustão, ou ultima fase, há uma quebra total da resistência. O organismo esgota a energia de adaptação, há um aumento das estruturas linfáticas, ocasionando exaustão psicológica em forma de depressão e exaustão física em forma de doenças como úlceras, aumento da pressão arterial, problemas cardíacos, dermatológicos, sexuais, câncer ou ainda pode levar o indivíduo à morte (LIPP, 2003a, 2004b). Conforme cita Lipp (2004), nos dois modelos o estresse é tratado como um processo que se desenvolve em etapas ou fases. Estas fases podem ser temporárias e de intensidade variável. O desempenho máximo de um indivíduo é atingido na fase de resistência, quando são mobilizadas todas as suas energias de reserva. É o ponto de maior resistência do organismo, conforme Figura 1. Dessa forma, o indivíduo fica sem energia para momentos futuros e, logo em seguida, vem à quebra do organismo, pois o mesmo fica destituído de defesas. De acordo com Lipp (2004), o nível ideal de estresse é o ponto anterior ao ponto máximo de estresse e de produtividade, que está muito próximo de evoluir para as fases mais avançadas, em que a produtividade e a saúde do indivíduo são afetadas pelo estresse excessivo. No estágio de exaustão doenças muito sérias podem surgir. CAPRA (1997) destaca que as doenças crônicas e degenerativas, altamente evidenciadas atualmente, são as causas principais de morte e incapacidade e que estão ligadas ao estresse em excesso. 30
  • 31. Figura 1 – Relação entre as fases do estresse e os níveis de produtividade Fonte: Lipp (2004, p. 22) Embora a palavra estresse esteja atualmente carregada de certo negativismo, o fenômeno não é uma reação nova exclusiva dos tempos modernos, mas um mecanismo de defesa do ser humano, como uma forma de garantir a sobrevivência (MENDES e LEITE, 2004). Atualmente, sabe-se que o estresse não é bom, nem ruim. É um recurso importante para se enfrentar as diferentes situações da vida quotidiana. A resposta ao estresse é ativada pelo organismo com o objetivo de mobilizar recursos que possibilitem às pessoas enfrentarem as mais variadas situações (LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2002). É importante destacar, além do conceito de estresse, definido nesta pesquisa como um relacionamento particular entre a pessoa e o ambiente, que pode estar sendo avaliado pela pessoa como sobrecarregado ou excedendo seus recursos, o que implica em risco ao seu bem estar (LAZARUS e FOLKMAN, 1984), a definição de fatores estressores. Segundo Lipp (1996), tudo o que cause a quebra da 31
  • 32. homeostase interna, ou seja, que exija alguma adaptação pode ser chamado de um estressor. Fatos que envolvem adaptação a mudanças, sejam eles positivos ou negativos, constituem-se em estressores importantes, pois o individuo necessitará despender energia adaptativa para poder lidar com estes eventos. 4.2 Fatores estressores Neste Capítulo apresentam-se alguns conceitos importantes sobre fatores estressores em um aspecto geral e sua relação com o estresse. Eventos relevantes na vida de um individuo, como por exemplo, começar um novo emprego, casamento, separação, morte, nascimento de filho, doenças graves entre outros podem ser considerados fatores que causam estresse nos indivíduos. Neste sentido, avaliar a incidência destes eventos pode ser uma forma de tomar conhecimento da freqüência com que determinada pessoa desencadeia uma resposta de estresse (MARGIS et al., 2003). Segundo Santos (1995), um único estressor não poderá levar o indivíduo ao estresse, mas sim a combinação e o acúmulo de vários agentes. Zakir (2001) aponta que, quanto maior forem à intensidade, a freqüência e o tempo de duração dos estressores, maior a probabilidade de se desenvolverem reações de estresse. Além dos grandes eventos da vida, os acontecimentos diários de menor impacto, tais como esperar em filas, barulhos, engarrafamentos, também são considerados causadores de estresse. Esses acontecimentos diários, quando se manifestam de uma forma freqüente, podem gerar respostas psicológicas e fisiológicas mais intensas do que os grandes eventos (MARGIS et al., 2003). Ainda, a globalização da economia, aumento da sofisticação tecnológica, aumento do número de informações, ambiente de trabalho altamente competitivo, transitoriedade do emprego, entre outros são fatores que vêm afetando o bem-estar 32
  • 33. físico e mental dos trabalhadores. Estes fatores podem gerar um aumento da insegurança, ansiedade e elevação dos níveis de estresse dos indivíduos (CARLOTTO e GOBBI, 1999; LAUTERT, CHAVES e MOURA, 1999). Nas ultimas décadas, o fenômeno estresse tem sido estudado sob vários prismas. Nestes estudos, o estresse tem sido entendido e conceituado como estímulo, resposta e interação (LAUTERT, CHAVES e MOURA, 1999). O conceito de estímulo foi desenvolvido a partir do princípio de forças externas que produzem alterações transitórias ou permanentes sobre os indivíduos. Essas forças referem-se a eventos denominados estressores, que podem ser considerados como ameaçadores para o indivíduo (SELYE, 1965). A seguir, o fenômeno do estresse passou a ser considerado uma resposta (fisiológica, cognitiva ou motora) do indivíduo ante um determinado estímulo estressor. Nas pesquisas realizadas a partir da década de 1980, o fenômeno do estresse passou a ser conceituado sob a perspectiva da interação psicológica e idiossincrática (MOOS,1990), onde um evento é estressante na medida em que o indivíduo o percebe e valora como tal. Segundo Lipp (1984), o estresse pode ser originado de fontes externas e internas. As fontes internas estão relacionadas com a maneira de ser do indivíduo, tipo de personalidade e seu modo típico de reagir à vida. Muitas vezes, não é o acontecimento em si que possa ser estressante, mas a maneira como é interpretado pela pessoa. Ainda segundo Lipp (2003), “valores muito rígidos, culpas indevidas, percepções enviesadas por experiências passadas, competição, incertezas, pressa, perfeccionismo, mágoas antigas e expectativas exageradas para si e para os outros estão entre as causas mais comuns do estresse”. As externas independem do modo 33
  • 34. de funcionamento do individuo e podem estar relacionadas a uma mudança de emprego, acidentes ou qualquer outro evento que ocorra fora do corpo e da mente da pessoa (LIPP, 1996). Na mesma linha, Domingos et al (1996) citam que em geral são duas as fontes de estresse, denominadas estressores, sendo classificadas como externas ou internas. As externas são eventos que ocorrem na vida das pessoas, tais como morte, casamento, mudança de emprego, entre outros, já as fontes internas estão relacionadas ao mundo interno do indivíduo, como por exemplo, crenças, valores e padrões comportamentais. Em relação às fontes internas, Friedman e Rosenman (1974) propuseram duas categorias de personalidade: • Tipo A é mais propenso ao estresse, pois compreendem indivíduos, apressados, impacientes, competitivos, perfeccionistas e ansiosos. Estes indivíduos levam a vida em um ritmo acelerado e se sentem culpados quando relaxam; • Tipo B diz respeito aos indivíduos que não têm a necessidade de impressionar os outros e que são capazes de trabalhar com mais calma e tranqüilidade, relaxam sem sentir culpa, e não sofrem devido ao sentimento de impaciência ou do senso de urgência. Neste sentido, os mesmos são menos propensos ao estresse. Em uma área de Tecnologia da Informação é normal a coexistência de pessoas dos dois tipos. Não é raro indivíduos do Tipo A pressionar os indivíduos do Tipo B para que executem mais tarefas, cada vez mais rápidas e sem erros. Este posicionamento pode gerar estresse nos indivíduos do Tipo B. Corroborando, Lipp 34
  • 35. (2003) cita que “uma das mais importantes fontes de estresse para a pessoa do tipo B é um tipo A”. Ainda, segundo Rosenman (1996) os indivíduos do tipo A enfrentam as mudanças do ambiente com impaciência, agressividade e competitividade, com comportamentos característicos como agilidade, tensões musculares, estilo vocal apressado e enfático, além de respostas emocionais como irritação. Friedman e Rosenman (1974) destacam ainda que os indivíduos do tipo A não possuem certeza absoluta de seu valor e de suas deficiências, ao contrário do tipo B, que consegue perceber as suas virtudes e se conformam com as próprias limitações. O Tipo A está à procura de maiores metas, mais horas trabalhadas e na aquisição de mais bens materiais. O indivíduo que apresenta características do tipo A normalmente vivencia o estresse de forma intensa quando submetido a aspirações profissionais não atendidas, mais especificamente quando preterido, quando exposto a convivência com pessoas do Tipo B que são consideradas pelo Tipo A como ineficientes e lentas e na crise de meia-idade, quando faz questionamentos de valores que foram esquecidos por causa da ânsia de trabalhar e realizar. Rosch (2005) acredita que as pessoas do Tipo A se tornam dependentes dos picos de secreções hormonais relacionadas ao estresse e, quando privados de tais estímulos, podem se tornar irritáveis e deprimidos. Finalmente, a forma de ser dos indivíduos do tipo A nem sempre leva a bons resultados, como ressalta Rio (1995). As ações destes indivíduos, muitas vezes precipitadas e sem reflexões sobre qualidade e estratégia, bloqueiam o acesso a excelência, ou seja, produzem mais agitação comportamental do que resultados eficazes (RIO, 1995). 35
  • 36. De acordo com Lida (1993), as causas do estresse são variadas e possuem efeito cumulativo. As exigências físicas ou mentais que excedem a capacidade do individuo pode provocar estresse, mas este pode incidir fortemente naqueles indivíduos já afetados, devido a conflitos no trabalho ou até mesmo devido a um problema doméstico. De acordo com Fiamoncini et al (2003) as várias causas do estresse são: • Pressão para manter a produção, responsabilidade, conflitos e outras fontes de insatisfação no trabalho; • O estresse decorre de uma percepção individual da sua capacidade em atender a demanda do trabalho ou terminá-lo dentro de um prazo acordado; • Condições desfavoráveis, projeto inadequados de posto de trabalho, obrigando a manter uma postura inadequada; • Comportamentos dos chefes e supervisores que podem ser demasiadamente exigentes e críticos, além das questões do salário, carreira, horários de trabalho, horas extras e turnos; • Questões de dinheiro, e a forte pressão exercida pela sociedade de consumo são elementos de freqüentes preocupações. Como visto várias são as fontes que podem gerar estresse no cotidiano dos indivíduos, tanto no mundo corporativo quanto pessoal. A partir da década de 90, houve um incremento na quantidade de pesquisas relacionadas ao fenômeno do estresse, nas organizações. O motivo principal para o incremento destas pesquisas tem relação com o impacto negativo que este fenômeno trouxe para a saúde e bem estar dos empregados e por conseqüência para a produtividade corporativa. 36
  • 37. 4.3 Estresse Ocupacional Neste Capítulo apresentam-se alguns conceitos importantes sobre o estresse ocupacional. Pretendem-se ainda explicitar fatores estressores presentes no cotidiano das organizações. Na economia, o impacto negativo do fenômeno estresse tem sido estimado com base na suposição e nos achados de que trabalhadores estressados diminuem seu desempenho e aumentam os custos das organizações com problemas de saúde, com o aumento do absenteísmo (falta ao trabalho), da rotatividade e do número de acidentes no local de trabalho (JEX, 1998). Morris (2003) destaca que em pesquisa publicada pela Reuters foi demonstrado que o custo do estresse para a indústria americana foi de 300 bilhões de dólares ao ano, com impacto negativo na produtividade dos empregados, além de conseqüência na saúde e custo com tratamentos. Cox (1987) afirma que o estresse ocupacional é definido pela percepção do trabalhador em relação às demandas existentes no ambiente de trabalho e de sua capacidade e/ou recursos para enfrentá-las. À luz desta afirmação pode-se deduzir que o estresse ocupacional tem relação com a forma de ser de cada individuo e neste sentido é pessoal. Um sistema que apresenta erros de programação pode ser considerado altamente estressante para um analista de sistemas, devido a um grande número de reclamações, enquanto para outro analista não. Corroborando com esta afirmação, Lazarus (1995) e Lazarus e Folkman (1984), indicam que a simples presença de eventos que podem se constituir como estressores em determinado contexto, no qual o indivíduo esteja inserido, não caracteriza um fenômeno de estresse. Para que isto ocorra, é necessário que o 37
  • 38. indivíduo perceba e avalie os eventos como estressores, o que quer dizer que fatores cognitivos têm um papel central no processo que ocorre entre os estímulos potencialmente estressores e as respostas do indivíduo a eles. A existência de um evento potencialmente estressor na organização não quer dizer que ele será percebido desta forma pelo indivíduo. Ainda, Lazarus (1995) cita que o estresse ocupacional acontece quando o indivíduo percebe as demandas do trabalho como excessivas para os recursos de enfrentamento que possui. Por exemplo, enquanto um programador de computador pode estar estressado pelo excesso de sistemas para serem entregues, outro pode não perceber este excesso de demanda como prejudicial naquele momento, mas sim como um fator motivacional. Kahn e Byosiere (1992) concordam que a percepção do indivíduo é fundamental para a avaliação de demandas organizacionais como estressores. As fontes de tensão e de estresse são mediadas pelas diferenças próprias a cada indivíduo, ou seja, em uma mesma situação de trabalho, elementos negativos e estressantes não atingem de forma homogênea todas as pessoas (MORAES et al., 1995). De acordo com Jex (1998), as definições de estresse ocupacional dividem-se de acordo com três aspectos: (1) estímulos estressores; (2) respostas aos eventos estressores; (3) estímulos estressores-respostas. Quando são focalizados os estímulos estressores, o estresse ocupacional refere-se aos estímulos do ambiente de trabalho que exigem respostas adaptativas por parte do empregado e que excedem a sua habilidade de enfrentamento (coping). Estes estímulos são frequentemente chamados de estressores organizacionais. 38
  • 39. Quando são focalizadas as respostas aos eventos estressores, o estresse ocupacional refere-se às respostas (psicológicas, fisiológicas e comportamentais) que os indivíduos emitem quando expostos a fatores do trabalho que excedem sua habilidade de enfrentamento. Quando são focalizadas as interações entre estímulos estressores-respostas, o estresse ocupacional refere-se ao processo geral em que demandas do trabalho têm impacto nos empregados. Nesse caso, não há separação e o estresse é visto como um processo. Segundo Couto (1987), o estresse é um estado em que há uma diminuição da capacidade de trabalho e/ou desgaste anormal do organismo humano, acarretado por uma incapacidade prolongada da pessoa tolerar, se adaptar ou superar às exigências de natureza psíquica existentes no seu ambiente. Para Markham (1989, p. 151), grande parte do estresse sofrido em situações profissionais é causada pela antecipação ansiosa. A apreensão conduz ao medo e consequentemente ao estresse, resultando em comportamentos inadequados, transformando os medos em realidade, podendo assumir patamares elevados, afetando todas as áreas da vida da pessoa. A ansiedade pode ser definida como uma sensação às vezes vaga, de que algo desagradável está para acontecer (SILVA, 1994, p. 126). Na virada de 1999 para o ano 2000 um tema que acarretou muita ansiedade para milhões de profissionais da área de tecnologia da informação foi o ‘Bug do Milênio’. A expectativa era que todos os computadores travassem, mas na realidade o tão conhecido ‘Bug do Milênio’ tornou-se um grande fiasco, pois não produziu toda a catástrofe, muitas vezes alardeada. Dentro da área de Tecnologia da Informação acontecem situações em que quando um sistema de informação importante está para entrar em produção, os funcionários responsáveis ficarem preocupados e ansiosos se tudo irá ocorrer 39
  • 40. conforme planejado. A ansiedade pode causar bloqueios de memória e os indivíduos mais ansiosos tendem a render menos em tarefas onde são avaliados os conhecimentos aprendidos (BERMÚDEZ, 1994). Esta ansiedade pode acarretar um planejamento ruim e/ou uma execução de procedimentos ineficazes. No Japão, Fujigaki (1989) destacou a importância das exigências mentais do trabalho dos engenheiros de software, apontando para a fase de implantação de sistema como um momento em que os profissionais se declaravam “física e mentalmente exaustos”. Kyriacow e Sutcliffe (1981) definem o estresse ocupacional como um estado emocional desagradável, pela tensão, frustração, ansiedade, exaustão emocional em função de aspectos do trabalho definidos pelos indivíduos como ameaçadores. O estresse ocupacional agrava-se quando há por parte do indivíduo a percepção das responsabilidades e poucas possibilidades de autonomia e controle. Os analistas de sistemas bem como os programadores, em geral, são os profissionais responsáveis por desenvolver novos sistemas bem como dar manutenção nos sistemas legados. Em muitas situações pode se sentir pressionado por receber responsabilidades sobre um determinado projeto, como por exemplo, um sistema, mas não ter controle sobre todas as variáveis que tangenciam este sistema, como por exemplo, o ambiente onde o mesmo está sendo executado e falta de recursos em geral necessários para um trabalho eficiente. De acordo com Moraes e Kilimnik (1994), o estresse ocupacional pode ser avaliado à luz de quatro variáveis: fontes de pressão no trabalho, personalidade do indivíduo, estratégias de combate e sintomas físicos e mentais manifestos no processo. De acordo com os autores, as duas primeiras variáveis afetam as duas últimas. 40
  • 41. O estresse ocupacional, segundo Couto (1987), interfere na qualidade de vida modificando a maneira como o indivíduo interage nas diversas áreas da sua vida. Devido ao excesso de atividades, a pressão por prazos e outros fatores geradores de estresse, estes indivíduos podem gerar na sua vida familiar ou social situações de desajuste, devido ao estresse que o mesmo está vivenciando. A sobrecarga de trabalho, tanto nos aspectos quantitativos como qualitativos é uma fonte freqüentemente relacionada ao estresse (PARAGUAI, 1990). O excesso de horas trabalhadas diminui as chances de apoio social do indivíduo, causando insatisfação, tensão e outros problemas de saúde, não obstante a falta de trabalho também pode levar a sensação de tédio ao indivíduo (PEIRÓ, 1993). Ainda, segundo Peiró (1992), a qualidade das relações interpessoais é um fator importante na hora de determinar o potencial estressor. A ausência de um grupo coeso é um dos elementos que pode causar estresse. O conflito no grupo de trabalho pode ser considerado positivo quando estimula a busca de soluções para o problema, entretanto caso a situação de conflito persista, poderá por exemplo, gerar frustrações, insatisfação e moléstias somáticas (PEIRÓ, 1993). Ainda, a segurança e a estabilidade na carreira afetam um percentual importante de pessoas. A carreira de um indivíduo pode gerar preocupações relacionadas a mudanças no posto de trabalho, mudanças de profissão, ou falta de promoção (PEIRÓ, 1992). Kahn e Byosiere (1992) destacam a existência de propriedades organizacionais antecedentes, como políticas, tecnologias e estruturas, que podem gerar eventos estressores no trabalho. O tamanho da organização tem sido apontado como um possível antecedente dos estressores organizacionais. Organizações onde existe uma distância considerável entre os diversos níveis hierárquicos e em que o 41
  • 42. funcionário tem pouco controle sobre seu trabalho, podem ser mais propícias a gerar eventos estressores (KAHN e BYOSIERE, 1992; SUTTON e D´AUNNO, 1989). Segundo Glowinkowski e Cooper (1987), estressores intrínsecos ao trabalho referem-se a aspectos como repetição de tarefas, pressões de tempo e sobrecarga. A sobrecarga de trabalho tem recebido especial atenção dos pesquisadores. Este estressor pode ser agrupada em uma dimensão quantitativa e em outra dimensão, a qualitativa. A sobrecarga quantitativa diz respeito ao número excessivo de tarefas a serem realizadas, que superam a capacidade e disponibilidade do trabalhador. A sobrecarga qualitativa refere-se a tipos de demandas que estão além das habilidades ou aptidões dos trabalhadores. (JEX, 1998; GLOWINKOWSKI e COOPER, 1987). Rocha e Debert-Ribeiro (2001), citam em suas pesquisas, que encontram tanto para os homens, quanto para as mulheres analistas de sistemas, a presença de alta demanda no trabalho, seja pela sobrecarga quantitativa (prazos curtos) quanto pela sobrecarga qualitativa (alto grau de responsabilidade e uso constante da mente). Destaca-se aqui o caso das mulheres analistas de sistemas no que tange a superposição do trabalho exercida pela mesma em casa e no trabalho. As mulheres analistas de sistemas possuem maior número de horas de trabalho doméstico, quando comparadas aos profissionais do gênero masculino (Kadolin, 1997; Lundberg, Mardberg, Frankenhauser, 1994). Tal situação tem gerado altos níveis de sobrecarga de trabalho, estresse e conflitos de magnitude crescente de acordo com o número de filhos de cada uma. Esta pode ser uma das razões pelas quais a ausência de filhos aparece com maior freqüência entre mulheres analistas de sistemas (Emslie, Hunt e Macintyre, 1999). 42
  • 43. A grande maioria dos trabalhos envolve interações entre pessoas, seja entre colegas de mesmo nível hierárquico, superiores e subordinados ou entre empregados e clientes. Quando essas interações resultam em conflitos tem-se outra fonte de estresse (JEX, 1998; GLOWINKOWSKI e COOPER, 1987). Neste sentido, Jex (1998) comenta que diversos fatores podem incrementar a probabilidade da ocorrência de um conflito interpessoal no trabalho, como por exemplo, a competição entre dois ou mais funcionários para alcançar uma promoção ou para ter acesso a recursos de trabalho escassos na organização e a percepção de injustiça e desrespeito no tratamento recebido por colegas e superiores. Ainda no campo das relações interpessoais, faz parte do cotidiano dos profissionais da área de TI, principalmente dos profissionais de desenvolvimento de sistemas, interagirem com pessoas de fora do departamento de sistemas de informação, possivelmente com culturas e expectativas diferentes dos seus. Como resultado, esses profissionais podem vivenciar níveis mais elevados de estresse (HUARNG, 2001). Tamayo, Lima e da Silva (2002) pesquisaram a relação do clima organizacional com o estresse ocupacional. No estudo, o clima organizacional foi operacionalizado a partir de quatro fatores: comunicação, ambiente relacional, liderança gerencial e valorização do empregado. Os resultados revelaram que o ambiente relacional e o estilo de liderança gerencial são preditores do estresse ocupacional. Ainda, estressores relacionados ao desenvolvimento da carreira são elementos encontrados nas organizações. Esta categoria de estressor, de acordo com Glowinkowski e Cooper (1987), inclui aspectos relacionados à falta de estabilidade no trabalho, ao medo de obsolescência frente às mudanças tecnológicas e às poucas perspectivas de promoções e crescimento na carreira. 43
  • 44. A obsolescência profissional, definida como a erosão das competências requeridas para um desempenho de sucesso (DUBIN, 1990; FERDINAND, 1966; GLASS, 2000 apud JOSEPH, 2001), é um elemento importante na carreira em TI. A atualização regular das competências promove a empregabilidade, o desenvolvimento profissional e as compensações financeiras. Assim, a rápida mudança da tecnologia constitui uma ameaça potencial para os profissionais de TI, já que a estimativa de meia-vida dos conhecimentos e habilidades na profissão de TI é de menos de dois anos (ANG, 2000; DUBIN, 1990 apud JOSEPH; ANG, 2001). Ainda segundo o estudo de Schambach (1999), os profissionais de TI com mais idade parecem menos motivados a manter suas competências atualizadas. A pesquisa anual de satisfação profissional de 2003, realizada pelo periódico norte-americano Computerworld, avaliou as opiniões dos profissionais de TI relativas à sua carreira (Hoffman, 2004). Segundo Hoffman, os resultados indicaram que não há um entusiasmo em relação às perspectivas de carreira, embora os profissionais de TI não demonstrem arrependimento por terem optado pela área de TI. A pesquisa constata ainda uma insatisfação desses profissionais com suas recompensas e participação nas decisões, e de forma geral, com as empresas em que trabalham e oportunidades de evolução na carreira. Nesta linha, Arroba e James (1988 p. 182) cita que as principais fontes de estresse nas organizações são “remuneração, perspectivas incertas de carreira, muito trabalho, reuniões terríveis, colegas difíceis e atmosfera de trabalho”. Já Couto (1979) organizou uma lista de fatores existentes em uma organização que podem gerar o estresse: • Chefia insegura: o indivíduo vulnerável que tem entusiasmo excessivo ou insegurança latente, ou ainda nível intelectual mais alto, vai 44
  • 45. encontrar-se diante de um agente estressor se ele percebe um chefe inseguro. A tendência será subvalorizar as ordens do chefe, o que provocará insatisfação no trabalho; • Responsabilidade mal delegada: delegar tarefas sem identificar se o empregado está preparado ou mesmo confundir delegação com transferência de responsabilidade. Karasek (1990) verificou que o menor grau de autonomia para tomada de decisão combinado com elevado grau de responsabilidade é um forte fator gerador de estresse; • Bloqueio de carreira: às vezes, a promoção de um funcionário pode gerar um bloqueio muito grande em outro que trabalhe na mesma função e seja igualmente competente. Se a promoção do primeiro não for devidamente justificada pela chefia, pode acontecer que um bom funcionário se transforme em indivíduo insatisfeito e injustiçado; • Conflito entre chefias: é o caso de chefias cujos pensamentos não estão bem identificados e isso é percebido pelos funcionários. Os que são vulneráveis se sentirão inseguros; • Falta de correlação adequada entre capacidade, responsabilidade e salário: é um dos agentes estressores mais comuns no trabalho e pode ser evitado ou diminuído por uma avaliação de desempenho adequada. Os estudos de administração de pessoal têm mostrado que o indivíduo somente estará satisfeito se a responsabilidade que lhe é atribuída no serviço estiver no mesmo nível de sua capacidade e se o salário for proporcional; • Falta de motivação no trabalho: é um agente estressor que acomete praticamente todos os trabalhadores. Geralmente, o trabalhador passa 45
  • 46. por uma sensação de inutilidade. Quando existe motivação, a pessoa trabalha melhor; sente que é importante no trabalho e que está ajudando a construir a empresa; • Trabalho monótono: no início deste tipo de trabalho, ocorre aumento de produtividade e melhoria da qualidade, pelo desenvolvimento no cérebro de um padrão de estimulação bem definido. Muitos se adaptam a ele, mas a maioria, com o tempo, passa a apresentar lentidão no desenvolvimento das operações, redução da sensibilidade da análise virtual e motora, com conseqüente perda da produtividade e precisão. Nas pessoas mais vulneráveis, podem aparecer alguns sinais de doenças psicossomáticas, quando não mudam para outro tipo de trabalho; • Trabalho com alta concentração mental: o que leva à fadiga é o trabalho no qual um erro pode causar danos físicos grandes ou comprometimento da segurança de outras pessoas. A vigilância constante e o medo de errar podem levar à fadiga psíquica e manifestações psicossomáticas nos indivíduos mais vulneráveis; • Relações humanas inadequadas: o problema das relações humanas inadequadas como agente estressor existe em dois sentidos: vertical e horizontal. No mundo de hoje, as relações inadequadas na vertical (por parte dos chefes) ainda é mais importante do que na horizontal (entre os colegas de trabalho). Porém, na tendência atual de se procurar utilizar os trabalhos de equipe, as relações humanas na horizontal adquirem uma importância gradualmente maior; 46
  • 47. Fatores ligados ao ambiente físico: o alto nível de ruído, a má- iluminação, o calor excessivo, a vibração, todos esses fatores podem atuar como estressores e desencadear o estresse e, conseqüentemente, a fadiga psíquica. Segundo Lazarus e Lazarus (1994), a sobrecarga de trabalho, causada pela designação de muitas tarefas com prazos curtos para sua execução, e com muitas interrupções, a ambigüidade de prioridades, o nível de autoridade e de autonomia, a incerteza quanto ao futuro, o convívio com colegas insatisfeitos são fatores estressantes relacionados ao estresse ocupacional. Merlo (2003) verificou que a alta freqüência de distúrbios psicológicos relacionados ao estresse entre os analistas de sistemas está associada a prazos curtos e sobrecarga de trabalho, resultante do impacto político/social do trabalho que desenvolvem e também da pressão exercida pelos usuários dos sistemas. Hoffman (2004) cita que o desempenho da economia americana no início deste século forçou um corte gradual do efetivo das equipes de TI. Com uma carga elevada de trabalho, pouco treinamento e falta de confiança em suas empresas, os profissionais dessa área estariam se sentindo pressionados e penalizados. Os elementos estressores do trabalho são muito comuns e freqüentes, uma vez que atualmente a maioria dos adultos passa grande parte do dia no desempenho de tarefas laborais (TAYLOR e REPETTI, 1997), sendo o estresse considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma epidemia global (RIBEIRO, ASSIS e LOTERIO, 2000). Neste sentido é relevante a necessidade de utilização de estratégias para mitigar os efeitos nocivos do fenômeno do estresse nos indivíduos. 47
  • 48. 4.4 Estratégias de enfrentamento (coping) Neste Capítulo apresentam-se alguns conceitos importantes sobre coping ou estratégias de enfrentamento. Pretende-se, a partir desta seção, descrever estratégias de enfrentamento comumente utilizadas para minimizar os impactos negativos do estresse. De acordo com Santos (1995), os estressores são absolutos, ou seja, o evento acontece. O que é relativo é a maneira como o indivíduo reage a esse evento. Cada indivíduo pode reagir de forma diferente a um mesmo evento estressor. Nesse sentido, deve-se entender que cada indivíduo possui um nível de tolerância à situação estressante diferente dos demais. De acordo com Kessler, Prince e Wortman (1985), grande parte dos indivíduos que são expostos a estressores não desenvolvem problemas de ordem psicológico, tendo em vista que os efeitos do estresse pode ser minimizado com a utilização de processos psicológicos que atenuam a sensação da severidade do estresse (LUTGENDORF e COSTANZO, 2003). Diversos estudos têm sido realizados objetivando explicitar as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos indivíduos que efetivamente superam o estresse. Esse conjunto de estratégias tem sido comumente denominado de coping (ANTONIAZZI, DELL’AGLIO e BANDEIRA, 1998). O termo “coping” passou a ser utilizado na psicologia recentemente, porém sua origem etimológica remonta do verbo francês “couper”, que por sua vez deriva do substantivo “coup” que significa “golpe”. No século X, o termo “cope” foi incorporado ao vocabulário anglo-saxão, cuja expressão “to cope with” pode ser traduzida como fazer face, enfrentar, gerenciar com sucesso, encarregar-se de (PIZZATO, 2007). 48
  • 49. Coping é conceituado como um conjunto de esforços, cognitivos e comportamentais, utilizado pelos indivíduos com o objetivo de lidar com demandas específicas, internas ou externas, que surgem em situações de estresse e são avaliadas como sobrecarregando ou excedendo seus recursos pessoais (LAZARUS e FOLKMAN, 1984). Ainda, segundo Lazarus e Folkman (1984), coping pode ser definido pela forma como as pessoas normalmente reagem ao estresse. Estas reações estão relacionadas a fatores pessoais, demandas situacionais e recursos disponíveis. Nacaratto (1995), Savoia, Santana e Mejias (1996) e Zakir (2001) têm conceituado o coping como elemento mediador entre os estímulos que trazem desafios para os indivíduos e o desenvolvimento da reação do estresse. Folkman e Lazarus (1980) propuseram um modelo conceitual em que dividiram o coping em duas categorias: coping com foco no problema e coping com foco na emoção são estratégias de enfrentamento, utilizados pelo individuo, para administrar os efeitos negativos do estresse. Folkman e Lazarus (1980) enfatizam que estas estratégias podem mudar de momento para momento, durante os estágios de uma situação estressante. As estratégias de coping levam a pensamentos, comportamentos e ações para lidar com um estressor (FOLKMAN, LAZARUS, DUNKEL-SCHETTER, DELONGIS e GRUEL, 1986). Segundo Folkman e Lazarus (1980), o coping com foco na emoção é conceituado como um esforço para regular o estado emocional que é associado ao estresse. Estes esforços de coping são dirigidos a um nível somático e/ou a um nível de sentimentos, tendo por objetivo alterar o estado emocional do indivíduo. Como exemplo de estratégias de coping com foco na emoção tem-se, uso de cigarro e 49
  • 50. tranqüilizante, assistir um bom filme de comédia, pratica de esportes como uma corrida ou andar de bicicleta, entre outros. O coping com foco no problema constitui- se em um esforço para atuar na situação que deu origem ao estresse, tentando mudá-la. O objetivo desta estratégia é alterar o problema existente (causa raiz do problema) na relação entre a pessoa e o ambiente que está causando a tensão. Para Folkman e Lazarus (1980), a definição de qual das estratégias de coping será utilizada depende de uma avaliação da situação estressora na qual o individuo se encontra. De acordo com esta teoria, existem dois tipos de avaliação: a primária, que é um processo cognitivo através do qual os indivíduos verificam o risco envolvido em uma determinada situação de estresse e a secundária, onde os indivíduos analisam quais são os recursos disponíveis e as opções para lidar com o problema. O coping focalizado no problema tende a ser utilizado nas situações avaliadas como modificáveis enquanto o coping focalizado na emoção tende a ser mais utilizado nas situações avaliadas como inalteráveis (FOLKMAN e LAZARUS, 1980). Segundo Compas (1987), ambas as estratégias de coping são utilizadas durante praticamente todos os episódios estressantes, e que o uso de uma ou de outra pode variar em eficácia, dependendo dos diferentes tipos de estressores envolvidos. No modelo de coping, de Lazarus e Folkman (1984), qualquer tentativa de controlar o estressor é considerado coping, tenha ela sido eficaz ou não. Lazarus e DeLongis (1983) explicam que os processos de coping variam com o desenvolvimento do indivíduo. Este fato acontece devido às mudanças nas condições de vida e experiências vividas pelos indivíduos. O modelo de Folkman e Lazarus (1980) envolve quatro conceitos: 50
  • 51. Coping é um processo ou uma interação que se dá entre o indivíduo e o ambiente; • Sua função é de administração da situação estressora, ao invés de controle ou domínio da mesma; • O processo de coping pressupõe a noção de avaliação, ou seja, como o fenômeno é percebido, interpretado e cognitivamente representado na mente do indivíduo; • O processo de coping constitui-se em uma mobilização de esforço, através da qual os indivíduos irão empreender esforços cognitivos e comportamentais para administrar (reduzir, minimizar ou tolerar) as demandas internas ou externas que surgem da sua interação com o ambiente. De acordo com Beresford (1994), os recursos pessoais de coping são constituídos por variáveis físicas e psicológicas que incluem saúde física, moral, crenças ideológicas, experiências prévias de coping, inteligência e outras características pessoais. Os recursos sócio-ecológicos encontrados no ambiente do indivíduo ou em seu contexto social incluem relacionamento conjugal, características familiares, redes sociais, recursos funcionais ou práticos e circunstâncias econômicas. De acordo com a proposta do pesquisador, a disponibilidade de recursos afeta a avaliação do evento estressor e direciona que estratégias de enfrentamento serão usadas pelo individuo. Ainda, segundo Lazarus e Folkman (1986), o termo coping ou estratégias de enfrentamento explica os esforços cognitivos e comportamentais que o indivíduo utiliza para lidar com situações de dano, ameaça ou desafio. Dano refere-se a situações como doença, morte, perda de status social, perda de relacionamentos 51
  • 52. significativos ou problemas econômicos. Ameaça refere-se à antecipação de ocorrências negativas relacionadas ao dano, enquanto o desafio diz respeito à atitude do indivíduo ante o dano. O indivíduo diante de algum fator estressor passa por quatro etapas: avaliação primária, avaliação secundária, reavaliação e enfrentamento. Segundo Savoia (1999) e Cerqueira (2001) a avaliação primária ocorre antes de qualquer pensamento racional por parte do sujeito e consiste na forma imediata de como o indivíduo percebe e classifica o evento. Se o individuo avalia o evento como estressante ou ameaçador, o evento irá causar emoções negativas, do tipo cólera ou medo, tensão e ansiedade. Se o evento for percebido como desafio ou oportunidade, o indivíduo sente-se mais confiante, podendo gerar emoções positivas do tipo satisfação, esperança, excitação ou alegria. A etapa da avaliação secundária caracteriza-se pela análise cognitiva e de tomada de decisão, em que o indivíduo busca recursos que o auxiliem no enfrentamento e reduzam os efeitos negativos do estressor. Já Limongi-França e Rodrigues (2005) destacam que a etapa da reavaliação diz respeito a um julgamento alterado, tendo em vista as novas informações provindas do meio ambiente e/ou levantadas pela própria pessoa, cujo propósito é rever e reavaliar a situação. 52
  • 53. Figura 2 – Modelo de Processamento de Stress e Coping Fonte: (Lazarus e Folkman, 1984) Diversas pesquisas têm identificado algumas estratégias de enfrentamento, como busca de suporte social, religiosidade e distração (Carver, Scheier e Weintraub, 1989; Endler e Parker, 1999; Vitaliano, Russo, Carr, Maiuro e Becker, 1985; Seidl et al., 2001). Outra importante estratégia de enfrentamento diz respeito à pratica de atividades físicas. A atividade física regular é reconhecida como um dos principais elementos para a melhora fisiológica do organismo. Segundo Pires et al (2004), 53
  • 54. além dos benefícios fisiológicos adquiridos com a prática da atividade física, os adeptos dessa prática também obtêm benefícios psicológicos e sociais. A pratica de uma atividade física tem figurado entre as mais novas descobertas no tratamento da depressão, ansiedade e estresse (BRANDÃO e MATSUDO, 1990; RIBEIRO, 1998; FOX, 1999; NETO, 2002; CHEIK et al., 2003; PIRES et al., 2004). PIRES et al. (2004) realizaram uma pesquisa com adolescentes de Florianópolis e foi verificada a relação entre atividades físicas e estresse indicando que quanto maior o nível de atividade física menor o nível de estresse. No campo do suporte social, as fortes relações como acontece dentro das famílias e entre amigos são de fundamental relevância para a manutenção da saúde e têm um papel importante na redução do estresse (SWICKERT et al., 2002; BALBIN, IRONSON e SOLOMON, 1999; LUTGENDORF e CONSTANZO, 2003). Ainda, Kielcolt-Glaser et al. (1994) destacam que uma boa relação entre cônjuges tem relação direta com uma melhor resposta imunológica do individuo. Por outro lado, cônjuges que possuem uma relação marcada por conflitos apresentam maior percentual de problemas cardiovasculares e neuroendócrinos, bem como uma reduzida função imunológica (BALBIN, IRONSON e SOLOMON, 1999). Corroborando, Mcewen e Stellar (1993) destacam que um ambiente de hostilidade e conflito está diretamente associado com o distress e com o aumento de doenças psicossomáticas. De acordo com Tamayo et al (2002), o suporte social sobre o estresse ocupacional pode ser positivo ou negativo. Quando o suporte social está fortalecido na organização, ele tem um efeito protetor que é explicitado em baixos níveis de estresse. Neste sentido, quanto maior o nível de suporte social na organização, 54
  • 55. menor o nível de estresse no trabalho. Na outra ponta, quando o suporte social não existe ou é deficitário, este fator transforma-se num estressor. Outras pesquisas indicam que as relações sociais são um importante meio de proteção contra os efeitos negativos do estresse (KESSLER, PRINCE e WORTMAN, 1985; TAYLOR e REPETTI, 1997; BALBIN, IRONSON e SOLOMON, 1999; SWICKERT et al., 2002). Segundo Dejours (1994) existem seis estratégias defensivas utilizadas pelo indivíduo, quando o mesmo está em sofrimento no ambiente de trabalho: 1ª) Desvencilhar-se das responsabilidades e não tomar novas iniciativas; 2ª) Assumir atitude de isolamento máximo, de silêncio frente ao superior hierárquico e, em alguns casos, frente aos colegas; 3ª) Adotar postura de desconfiança sistemática, com sentimento de perseguição e hostilidade dos outros para consigo; 4ª) Passar diretamente ao nível superior, ao invés de dirigir-se a seu superior imediato; 5ª) Enfrentar o sofrimento em silêncio; e 6ª) Recusar-se a cumprimentar os colegas, como forma de evitar o sofrimento. Dessa forma, o indivíduo procura ocultar o sofrimento, evitar o conflito e as ocasiões em que o conflito possa acontecer. Além do conceito de estratégias de enfrentamento um importante conceito diz respeito aos estilos de coping. Miller (1981) joga luz a dois estilos de coping denominados de monitorador e desatento. Os dois estilos dizem respeito ao tipo de atenção dada pelo indivíduo em situação de estresse. O indivíduo monitorador permanece em um estado de constante alerta e atento a aspectos negativos de uma experiência, buscando informações e visualizando a situação para controlá-la. O 55
  • 56. desatento envolve distração e proteção cognitiva de fontes de perigo. O indivíduo apresenta um comportamento de desatenção, tendendo a se afastar da ameaça, distrair-se e evitar informações, postergando uma ação. De acordo com Lazarus e Folkman (1984), existem 8 estratégias de enfrentamento: “resolução de problemas”, “suporte social”, “aceitação de responsabilidade”, “auto controle”, “reavaliação positiva”, “fuga e esquiva”, “afastamento” e “confronto”. O confronto são estratégias ofensivas e em certas circunstâncias agressivas para o enfrentamento da situação, isto é, são estratégias nas quais a pessoa apresenta uma atitude ativa em relação ao estressor. Diferentemente das estratégias de confronto, o afastamento corresponde a estratégias defensivas, onde o individuo evita confrontar-se com a ameaça, não modificando a situação. O autocontrole diz respeito aos esforços da pessoa em buscar o controle das emoções frente aos estímulos estressantes. Ter autocontrole denota, também, não fazer nada apressadamente ou seguir um primeiro impulso. O suporte social é uma estratégia de enfrentamento que está relacionada ao apoio encontrado nas pessoas e no ambiente, sendo este um fator psicossocial positivo, que pode ajudar o profissional de TI a lidar com o efeito indesejado do estresse. Ao utilizar a estratégia de aceitação de responsabilidade, o profissional de TI aceita a realidade e engaja-se no processo de lidar com a situação estressante. O comportamento de fuga e esquiva consiste em fantasiar sobre possíveis soluções para o problema sem, no entanto, tomar atitudes para de fato modificá-las. Podemos descrevê-la como os esforços para escapar e/ou evitar o fator estressante. A estratégia de resolução de problemas pressupõe o planejamento adequado para lidar com os estressores. Ao invés de anular ou afastar a situação estressante 56
  • 57. de seu cotidiano, o profissional de TI opta por resolver seu problema, modificar suas atitudes, sendo capaz de lidar com as pressões das pessoas e do ambiente ao seu redor, diminuindo ou eliminando a fonte geradora de estresse. A reavaliação positiva é uma estratégia de enfrentamento dirigida para o controle das emoções que estão relacionadas à tristeza como forma de reinterpretação, crescimento e mudança pessoal a partir da situação conflitante. Ainda segundo os autores, a reavaliação positiva são tentativas cognitivas de analisar e reavaliar um problema de forma positiva, aceitando a realidade da situação. Podem ainda apresentar aspectos de religiosidade. Outro estudo diz respeito aos estilos passivo e ativo de coping. Billings e Moss (1984) consideram ativo o coping no qual há esforços de aproximação do foco de estresse, enquanto o estilo passivo evitaria o foco de estresse. Em âmbito geral, os estilos de coping têm sido mais vinculados as características de personalidade de cada individuo enquanto as estratégias de coping dizem respeito as ações cognitivas ou de comportamento executadas pelo individuo à luz de um evento estressor. Os traços de personalidade mais amplamente estudados, que se relacionam às estratégias de enfrentamento, são otimismo, rigidez, auto-estima e lócus de controle (CARVER; SCHEIER; WEINTRAUB, 1989). O lócus de controle, um construto vinculado à Teoria da Aprendizagem Social (Rotter, 1966), se refere às expectativas de controle que os indivíduos mantêm sobre os acontecimentos da vida diária. Indivíduos cuja orientação do lócus é interna acreditam poder exercer algum controle sobre esses acontecimentos e indivíduos cuja orientação é externa atribuem o controle dos acontecimentos a fatos externos - pessoas, entidades, destino, acaso ou sorte (Rotter, 1966, 1975, 1990). De acordo 57
  • 58. com Moser (2008), existem duas variáveis que podem ser determinantes como agentes predispositores ao surgimento do quadro de estresse no indivíduo: lócus de controle e personalidade tipo A. O lócus de controle, segundo o autor, refere-se ao grau de responsabilidade pessoal que o individuo atribui aos eventos de sua vida. Já a personalidade tipo A caracteriza indivíduos altamente competitivos, impacientes e que vivem com sentimento constante de urgência. Segundo Antoniazzi, Dell’Aglio e Bandeira (1998), mais recentemente, as pesquisas da área têm se voltado para o estudo das convergências entre enfrentamento e personalidade. Esta tendência tem sido motivada, em parte, pelo corpo cumulativo de evidências que indicam que fatores situacionais não são capazes de explicar toda a variação nas estratégias de enfrentamento utilizadas pelos indivíduos. De acordo com Pinheiro (2002), apesar da grande variedade de estudos conduzidos sobre enfrentamento nas últimas décadas, poucos trabalhos têm sido desenvolvidos para verificar a utilização eficaz de estratégias de Enfrentamento voltadas para o ambiente ocupacional. 4.5 O estresse e o profissional de TI Neste Capítulo apresentam-se pesquisas sobre o fenômeno do estresse dentro do contexto dos profissionais de tecnologia da informação. Pretende-se, nesta seção, pontuar os resultados e as conclusões de pesquisadores sobre o estresse na vida do profissional da área de tecnologia da informação. Moore (2000) realizou uma pesquisa com 331 profissionais de tecnologia em diversas indústrias nos Estados Unidos. Na amostra, 331 participantes trabalhavam em 259 empresas. Dessas empresas, a grande maioria (213) tinha um único participante no estudo. A organização com a maioria dos participantes foi uma 58