2. Os inícios da literatura portuguesa encontram-se
na poesia galego-portuguesa medieval,
desenvolvida originalmente na Galiza e no Norte
de Portugal.
A Idade de ouro situa-se no Renascimento,
momento em que aparecem escritores como Gil
Vicente, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda e
sobretudo o grande poeta épico Luís de Camões,
autor de Os Lusíadas.
O século XVII ficou marcado pela introdução
do Barroco em Portugal e é geralmente
considerado como um século de decadência
literária, não obstante a existência de escritores
como o Padre António Vieira, o Padre Manuel
Bernardes e Francisco Rodrigues Lobo.
3. Os escritores do século XVIII, para contrariarem uma certa
decadência da fase barroca, fizeram um esforço no sentido de
recuperar o nível da idade dourada – oneoclassicismo, através
da criação de Academias e Arcádias literárias.
Com o século XIX, foram abandonados os ideais neoclássicos,
Almeida Garrett introduziu o Romantismo, seguido por
Alexandre Herculano e Rebelo da Silva.
4. No campo da novela, na segunda metade do século XIX,
desenvolveu-se o Realismo, de feição naturalista, cujos
máximos representantes foram Eça de Queiroz, Ramalho
Ortigão e Camilo Castelo Branco.
As tendências literárias do século XX estão representadas,
principalmente, por Fernando Pessoa, considerado como o
grande poeta nacional a par de Camões, e já nos seus últimos
anos pelo desenvolvimento da prosa de ficção, graças a
autores como António Lobo Antunes e José Saramago, Prémio
Nobel de Literatura.
6. Bernardim Ribeiro foi um escritor e poeta português
renascentista.
Praticamente nada se sabe de certo na vida de Bernardim
Ribeiro. Presume-se que nasceu por volta de 1482. Não se
conseguiu ainda provar que este poeta Bernardim Ribeiro e
um seu homónimo que frequentou, entre 1507 e 1511, a
Universidade de Lisboa, e que em 1524 foi nomeado escrivão
da câmara, fossem a mesma pessoa.
7. A sua principal obra é a novela Saudades, mais conhecida porém
como Menina e Moça (da primeira frase da novela, que se
tornou um tópico da literatura portuguesa: Menina e moça me
levaram de casa de minha mãe para muito longe…).
Foi o introdutor do bucolismo em Portugal.
8. A poesia de Bernardim era já uma poesia chorosa, como se
usava então. Salvam-se dela alguns bonitos versos, entre os
quais estes quatro, que parecem dedicados ao seu grande
amor:
„Fui e sam grande amador, / a vai-me bem mal d’amores / e
muitos vi de grão dor... / mas este – suma das dores.”
9. A sua obra resume-se a doze composições insertas no
Cancioneiro Geral, cinco éclogas, a sextina Ontem pôs-se o Sol, a
novela Menina e Moça e o romance Ao longo de uma
ribeira,única composição portuguesa inserida no Cancioneiro
Castelhano de 1550 (segundo Carolina Michaelis), só apareceu
publicado com as obras completas do poeta na edição de 1645.
10. Tão misterioso quanto o nascimento é a morte do escritor.
Alguns autores datam-na como 1552. Porém, pela leitura da
écloga Basto, de Sá de Miranda e escrita antes de 1544,
verificamos que este autor se refere ao seu "bom Ribeiro
amigo" como já falecido.
12. Francisco Sá de Miranda nasceu em 28 de Agosto de 1481 na
cidade de Coimbra. Filho de Gonçalo Mendes de Sá e de Inês
de Melo, frequentou, talvez influenciado pelo pai, o Mosteiro
de Santa Cruz de Coimbra que ministrava, de acordo com a
formação humanista da época, o ensino das línguas latina e
grega. Formou-se em Direito, na Universidade de Lisboa e
frequentou os serões da corte, começando, então, a escrever
cantigas, esparsas e vilancetes que, mais tarde, foram inseridos
no Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende.
13. Integrado na corrente humanista, Sá de Miranda é conhecido
por introduzir novas formas literárias, nomeadamente a
medida nova - decassílabo - e a comédia em prosa, e pelo
valores morais que defendeu.
14. Para Sá de Miranda, a poesia não é uma ocupação para ócios
de intelectual ou de salões, mas uma missão sagrada. O poeta
é como um profeta, deve denunciar os vícios da sociedade,
sobretudo da Corte, o abandono dos campos e a preocupação
exagerada do luxo, que tudo corrompe, deve propor a vida
sadia em contacto com a «madre» natureza, a simplicidade e a
felicidade dos lavradores.
15. Sá de Miranda concebeu as primeiras comédias clássicas
portuguesas (Estrangeiros e Vilhalpandos), cuja recepção pelo
público, habituado aos autos (de Gil Vicente sobretudo), não
foi das melhores. Se os aspectos criticados por Sá de Miranda
e a sua intenção moralizadora o aproximam muito de Gil
Vicente, o escritor afasta-se deste último pelas formas e o tom
em que vaza as suas críticas.
16. Sá de Miranda deixou uma importante obra epistolográfica e
uma série de éclogas, entre outros textos. A sua obra foi
publicada postumamente, em 1595.
17. Influenciou decisivamente escritores seus contemporâneos e
posteriores, como António Ferreira, Diogo Bernardes, Pero
Andrade de Caminha, Luís de Camões, D. Francisco Manuel
de Melo ou ainda, mais recentemente, Jorge de Sena, Gastão
Cruz e Ruy Belo, entre outros, manifestando alguns textos
destes autores nítida intertextualidade com textos mirandinos,
sobretudo com o tão conhecido soneto «O Sol é grande, caem
co'a calma as aves».
18. Morre em 1558, com cerca de 80 anos, depois de uma vida
dedicada às Letras, das quais fez um permanente veículo de
intervenção social e literária.
20. Luís Vaz de Camões foi um célebre poeta de Portugal,
considerado uma das maiores figuras da literatura em língua
portuguesa e um dos grandes poetas do Ocidente.
Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente
nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza.
21. Diz-se que, por conta de um amor frustrado, se autoexilou em
África, alistado como militar, onde perdeu um olho em
batalha. Voltando a Portugal, feriu um servo do Paço e foi
preso. Perdoado, partiu para o Oriente. Passando lá vários
anos, enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias
vezes, combateu bravamente ao lado das forças portuguesas e
escreveu a sua obra mais conhecida, a epopeia nacionalista Os
Lusíadas. De volta à pátria, publicou Os Lusíadas e recebeu
uma pequena pensão do rei Dom Sebastiãopelos serviços
prestados à Coroa, mas nos seus anos finais parece ter
enfrentado dificuldades para se manter.
23. Camões viveu na fase final do Renascimento europeu, um
período marcado por muitas mudanças na cultura e sociedade,
que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade
Moderna e a transição do feudalismo para o capitalismo
24. A produção de Camões divide-se em três géneros: o lírico, o
épico e o teatral. A sua obra lírica foi desde logo apreciada
como uma alta conquista. A obra lírica de Camões, dispersa
em manuscritos foi reunida e publicada postumamente em
1595 com o título de Rimas.
25. Os Lusíadas é considerada a epopeia portuguesa por
excelência.
O próprio título já sugere as suas intenções nacionalistas,
sendo derivado da antiga denominação romana de Portugal,
Lusitânia. É um dos mais importantes épicos da época
moderna devido à sua grandeza e universalidade.
26. A epopeia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis
portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa
Esperança e abriram uma nova rota para a Índia.
27. É uma epopeia humanista, mesmo nas suas contradições, na
associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos
opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no
desejo de aventura, na apreciação do prazer sensual e nas
exigências de uma vida ética, na percepção da grandeza e no
pressentimento do declínio, no heroísmo pago com o
sofrimento e luta
28. O poema abre com os célebres versos:
„ As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.
.....
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte”
(Os Lusíadas, Canto I)
29. Almeida Garrett
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett
30. Foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino,
ministro e secretário de estado honorário português.
31. Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das
maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs
a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do
Conservatório de Arte Dramática.
32. Foram de sua iniciativa a criação do Conservatório de Arte
Dramática, da Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão
Nacional e do Teatro Normal (actualmente Teatro Nacional D.
Maria II, em Lisboa). Mais do que construir um teatro, Garrett
procurou sobretudo renovar a produção dramática nacional
segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
33. A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra.
Revolucionário nos anos 20 e 30, distinguiu-se posteriormente
sobretudo como o tipo perfeito do dândi, ou janota, tornando-
se árbitro de elegâncias e príncipe dos salões mundanos. Foi
um homem de muitos amores, uma espécie de homem fatal.
34. Morre devido a um cancro de origem hepática, tendo sido
sepultado no Cemitério dos Prazeres.
35. „ Quem bebe, rosa, o perfume
Que de teu seio respira?
Um anjo, um silfo? Ou que nume
Com esse aroma delira?”
(Perfume da rosa, poema publicado em Folhas Caídas)
37. Gil Vicente (1465 — 1536?) é geralmente considerado o
primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de
renome. Há quem o identifique com o ourives, autor da
Custódia de Belém, mestre da balança, e com o mestre de
Retórica do rei Dom Manuel. Enquanto homem de teatro,
parece ter também desempenhado as tarefas de músico, ator e
encenador.
38. É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do
teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já que também
escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da
dramaturgia espanhola com Juan del Encina.
39. A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e
da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se
o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social
eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade
onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-
la.
40. Foi, o principal representante da literatura renascentista
portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos
populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura
popular portuguesa.
41. De 1502 a 1536, Gil Vicente produziu mais de quarenta peças
de teatro, chegando a publicar em vida algumas delas. No
entanto, só em 1562 é que o seu filho Luís Vicente publicou
toda a sua obra com o título Compilaçam de todalas obras de
Gil Vicente, a qual se reparte em cinco livros. Da compilação,
destacamos as peças mais conhecidas: Exortação da Guerra,
Farsa de Inês Pereira , Auto India e Floresta de Enganos
42. Gil Vicente retratou bem a situação da mulher portuguesa da
sua época e, infelizmente, em mais de 400 anos esta situação
nao tenha mudado radicalmente.
43. Tão importante foi o trabalho de Gil Vicente que Erasmo de
Roterdão, filósofo holandês, estudara o idioma português para
assim poder apreciar sua obra no original. Seu estilo deu
origem à escola de Gil Vicente, ou escola popular, tendo por
modelo as coisas simples do povo
45. Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco (Lisboa, Encarnação,
16 de Março de 1825 — Vila Nova de Famalicão, São Miguel
de Seide, 1 de Junho de 1890) foi um escritor português,
romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e
tradutor. Foi ainda o 1.º visconde de Correia Botelho, título
concedido pelo rei D. Luís de Portugal.
46. Camilo Castelo Branco foi um dos escritores mais prolíferos e
marcantes da literatura portuguesa contemporânea.
47. Teve uma vida atribulada, que lhe serviu muitas vezes de
inspiração para as suas novelas. Foi o primeiro escritor de
língua portuguesa a viver exclusivamente dos seus escritos
literários. Apesar de ter de escrever para o público, sujeitando-
se assim aos ditames da moda, conseguiu manter uma escrita
muito original.
48. Terá sido Camilo Castelo Branco realista ou romântico? A sua
obra é predominantemente romântica. Parece incontestável.
No entanto, não o é totalmente.
49. Camilo gostaria de se situar acima das escolas literárias. Mas
os modelos clássicos vão ter sempre peso na sua produção
literária, embora também se deixe impressionar pela literatura
misteriosa e macabra de Ann Radcliffe. Foi imensamente
influenciado por Almeida Garrett. Contudo, a fidelidade à
linguagem e aos costumes populares, ao cheiro do torrão
(como aponta Jacinto do Prado Coelho), vai permanecer como
uma das suas maiores qualidades.
50. A crítica tem apontado que, se por um lado Camilo, nos
enredos das suas novelas, com as suas peripécias mais ou
menos rocambolescas, está claramente numa filiação
romântica, por outro lado, nas explicações psicológicas, na
maneira como analisa os sentimentos e ações das personagens,
pelas justificações e explicações dos acontecimentos, pela
crítica a determinado tipo de educação, não pode ser
considerado simplesmente como romântico.
51. Principais obras
• Anátema (1851)
• Mistérios de Lisboa (1854)
• A Filha do Arcediago (1854)
• Livro negro de Padre Dinis (1855)
• A Neta do Arcediago (1856)
52. A história da literatura portuguesa acompanha a evolução
estética da cultura ocidental, emergindo de uma matriz
medieval de base latina a partir da qual se constitui e
aperfeiçoa a língua literária
53. A literatura portuguesa desenvolve, nas suas origens, um
lirismo de intenso fulgor, com a poesia trovadoresca, e muito
particularmente com as cantigas de amigo, que se prolonga na
lírica camoniana e clássica de uma maneira geral, renovando-
se a partir do Romantismo, com personalidades destacadas:
Garrett e o nacionalismo romântico de expressão amorosa;
Cesário Verde e o quotidiano urbano simultaneamente
idealizado e banal; Antero de Quental e a dilaceração do
pensamento implicado na existência concreta; Camilo
Pessanha e o sonho da perfeição verbal na corrosão do tempo
humano - e um grande número de poetas contemporâneos.