2. A Idade Moderna
A Idade Moderna, inaugurada como o
Renascimento, época ainda de transição
entre o "novo" e o "velho", se estabelece de
fato como os séculos XVII e XVIII.
Os dois grandes movimentos filosóficos dos
séculos XVII e XVIII são o Racionalismo,
corrente vinculada ao pensamento francês, e
o Empirismo, tendência positiva e prática,
expressa pela cultura anglo-saxônica.
3. A Razão
Ainda que a "razão" seja um componente básico de
todas as manifestações da filosofia ocidental, no
pensamento moderno adquire característica e
importância inusitadas.
Enquanto na Antiguidade é considerada
propriedade inteligível da Natureza e, na Idade
Média, uma luz cedida por Deus ao homem para
que bem a utilize, na filosofia moderna a "razão"
é determinada como uma faculdade autônoma,
que possui finalidade própria.
4. A Razão
Em outras palavras, torna-se, por excelência, veículo
de análise e de entendimento do Real, que
caracteriza, de modo específico, o ser ou a
substância racional, isto é, o homem. E, se por um
lado se afirma veículo cognitivo do Real, por outro
se estabelece como órgão experimental da
mesma Realidade. Quer dizer, as construções
racionais (Racionalismo) se aliam aos dados da
experiência (Empirismo)
5. Ser X Conhecer
De Descartes aos empiristas ingleses (e até Kant,
inclusive), a "razão" será sempre compreendida
de acordo com um espaço subjetivista. Ou seja,
como o vetor que observa e examina os meios e
condições do conhecimento.
Será a estrutura do "subjetivo", configurando as
formas do saber humano. Ao caráter naturalista que
apresenta "a razão" no Renascimento, é
acrescentado, assim, um antropologismo.
Por tais motivos podemos afirmar que a filosofia
antiga e a medieval preocupam-se mais com o Ser,
enquanto a filosofia moderna com o conhecer .
6. Preocupação fundamental
Desse modo, constatamos que Racionalismo e
Empirismo expressam em comum uma
preocupação fundamental para com o problema do
conhecimento, ponto de referência básico da
filosofia moderna.
Não obstante essa conformidade, Racionalismo e
Empirismo constroem teorias do conhecimento
diversas: intelectualista e sensitista,
respectivamente.
7. A priori X A posteriori
Ambos os movimentos possuem ligações
com as ciências naturais e exatas, que
alcançam um grande desenvolvimento
naquelas duas centúrias: física, astronomia,
mecânica, matemática. Mas, enquanto o
Racionalismo utiliza de preferência o a
priori dedutivo da matemática, o
Empirismo opta pelo a posteriori indutivo
da experimentação.
8. O fenômeno
Outro ponto em comum entre as duas correntes é o
Fenomenismo, porquanto o sujeito conhece, não
as coisas, mas as suas representações. Dentro
do critério subjetivista, os conhecimentos adquiridos
são impressões que as coisas exercem sobre o
sujeito cognoscente, sobre o intelecto, afirma o
Racionalismo; sobre os sentidos, afirma o
Empirismo. O conhecido é sempre considerado
uma representação, uma cópia, um fenômeno.
9. RACIONALISMO
O Racionalismo dos séculos XVII e XVIII é a
doutrina que afirma ser a razão o único órgão
adequado e completo do saber, de modo que
todo conhecimento verdadeiro tem origem
racional. Por tal motivo, essa corrente filosófica é
chamada de Racionalismo "gnoseológico" ou
"epistemológico". A importância conferida à razão
por Descartes e pelos cartesianos seus seguidores é
um modo de racionalizar a Realidade, um lastro
"metafísico" de cunho racional.
10. O Racionalismo Cartesiano
Descartes (1596-1650) afirmava que, para conhecer
a verdade, é preciso, de início, colocar todos os
nossos conhecimentos em dúvida.
Aplicação metódica da dúvida
COGITO ERGO SUN
É preciso colocar em dúvida a
existência de tudo que constitui a
realidade e o próprio conteúdo dos
pensamentos.
A única verdade livre das dúvidas:
PENSO, LOGO EXISTO
11. Racionalismo Cartesiano
Do COGITO é possível extrair:
O pensamento (consciência) é algo mais certo que a
própria matéria corporal
Valorização do SUJEITO em detrimento
ao objeto IDEALISMO
Tendência a ressaltar a consciência subjetiva sobre o
ser objetivo, e “a considerar a matéria como algo
apenas conhecível, se é que o é, por dedução do
que se sabe da mente”.
12. Racionalismo Cartesiano
O “eu” cartesiano é puro pensamento (res
cogitans), um ser pensante, já que, no caminho da
dúvida, a realidade do corpo (res extensa), coisa
externa, foi colocada em questão.
A partir da intuição primeira (penso, logo existo,
Descartes distingue o universo das idéias duvidosas
do universo das idéias claras e distintas.
As idéias claras e distintas são as idéias inatas,
verdadeiras, não sujeitas ao erro, pois não vêm de
fora, mas do próprio sujeito pensante.
13. Método Cartesiano (Dedução)
No discurso do método, Descartes enumera quatro regras
básicas capazes de conduzir o espírito na busca da verdade:
Regras de evidência: só aceitar algo como verdadeiro desde
que seja evidente (idéias claras e distintas) – Idéias Inatas.
Regras de análise: dividir as dificuldades em quantas partes
forem necessárias à resolução do problema.
Regras de síntese: ordenar o raciocínio (problemas mais
simples aos mais complexos).
Regras de enumeração: realizar verificações completas e
gerais para garantir de que nenhum aspecto do problema foi
omitido.
14. EMPIRISMO
Em termos gerais, o Empirismo é a doutrina
filosófica segundo a qual o conhecimento se
determina pela "experiência" (empeiría). Neste
sentido, o Empirismo é usualmente contraposto ao
Racionalismo que prescreve um conhecimento
fundado na "razão" (ratio).
Ainda que o termo "empirismo" tenha sido atribuído
a um grande número de posições filosóficas, a
tradição prefere aceitar como "empiristas" aqueles
pensadores que afirmam ser o conhecimento
derivado exclusivamente da "experiência" dos
sentidos, da "sensação" ou da "emperia".
15. EMPIRISMO
...De acordo com a teoria de que o espírito, a mente,
seja uma tabula rasa, uma superfície maleável às
impressões da experiência externa, o Empirismo
pode ser estimado sob um prisma psicológico e
outro gnoseológico. À medida que a fonte do
conhecimento não é a "razão" ou o pensamento,
mas a "experiência", a origem temporal de conhecer
é concebida como resultado da experiência externa
e interna - aspecto psicológico -, e, por conseguinte,
só o conhecimento "empírico" é válido - o aspecto
gnoseológico.
16. EMPIRISMO
Do ponto de vista gnoseológico, o Empirismo
rechaça o inatismo (doutrina que se entrelaça com
o Racionalismo), que admite a existência de um
sujeito cognoscente (a mente, o espírito) dotado de
"idéias inatas", isentas de qualquer dado da
"experiência". Ora, o Empirismo, ao contrário,
afirma que o sujeito cognoscente é uma espécie de
tabula rasa, onde são gravadas as impressões
decorrentes da "experiência" com o mundo exterior.
17. EMPIRISMO
O Empirismo, paralelamente ao Racionalismo
continental, desenvolve-se na Inglaterra, com suas
características próprias, do século XVI ao XVIII. Ao
contrário do Racionalismo, a corrente inglesa
apresenta uma preocupação menor pelas questões
rigorosamente metafísicas, voltando-se bem mais
para os problemas do conhecimento (que não
deixam de incluir uma metafísica). Seu método a
posteriori, utilizando as ciências positivas,
estabelece uma psicologia e uma gnoseologia
sensistas, baseadas essencialmente nos "sentidos",
na "sensação" (sensus).
18. EMPIRISMO
Do ponto de vista político e ideológico tais pensadores ingleses
lançam as raízes das idéias que, talvez, mais profundamente
vão influir na transformação da sociedade européia e vão
determinar, assim, a estrutura da Europa dos séculos XVIII e
XIX. A psicologia e gnoseologia sensistas, a crítica ao
dogmatismo racionalista, os princípios liberais, o deísmo ou
"religião natural", a moral utilitária e o pragmatismo da filosofia
do "senso comum" ou common sense (reação prática ao
ceticismo metafísico), e os ideais do Iluminismo são elementos
que possuem sua origem e fundamento nas doutrinas e nos
sistemas daqueles pensadores ingleses dos séculos XVII e
XVIII, repercutindo no processo histórico-cultural da Europa
vindoura (principalmente na França e na Alemanha).