SlideShare a Scribd company logo
Hospital Central de Cabinda
Serviço de Imaginologia
ABSCESSO
CEREBRAL
Ercídia Correia (Residente do 1 ano de Neurocirugia)
Fevereiro de 2024
1. Definir abscesso cerebral
2. Descrever os sinais
imagenológicos de um abscesso
cerebral.
Objectivo:
Abscesso cerebral
São lesões resultantes da proliferação de bactérias piogênicas no
interior do parênquima encefálico, constituindo uma cavidade
neoformada preenchida por pus.
Corresponde a quase 10% das lesões expansivas intracranianas.
Epidemiologia
Alguns autores consideram o termo Coleções supurativas intracranianas
abrangindo os empiemas e os abscessos.
A Estimativa dos países desenvolvidos é de 2 a 4% de casos anual
Para os países subdesenvolvidos é de 10%
Em Cabinda no ano de 2022 houveram 17 casos,
Em 2023 foram 22 casos de abscessos subgalial empiemas e 2 abscessos
cerebrais graves. Sendo os mais frequentes os abscessos subgaliais. .
Proporção: homem-mulher 2:1
Grupo etário mais frec em Cabinda: menos de 10 anos
Vias de disseminação
Etiologia
POR CONTINUIDADE: 50% de determinada infecção, como por exemplo:
nas sinusites, otites, mastoidites e infecções odontogênicas.
Causa + frec Cabinda: pós infecção dermatologica e por incumprimento
da terápeutica
Via HEMATOGÊNICA: 25% sendo nesses casos o tórax a origem mais
comum. São: abscessos pulmonares, bronquiectsia, empiema,
cardiopatia congênita cianótica, fístulas arteriovenosas pulmonares,
endocardite bacteriana e infecções gastrointestinais.
Pós Traumatismo craniano Cerca de 10% dos casos são decorrentes de
traumatismo craniano e procedimentos neurocirúrgicos e 15% são de
etiologia desconhecida (criptogênicos). Outros fatores de risco incluem:
infecção por HIV, imunossuprimidos, usuários de drogas endovenosas e
neutropênicos.
Características Clínicas
I. Cefaleia: insidiosa, persistente que piora com a evolução do
abscesso.
II. Tríade: febre, cefaleia, déficit focal + 50%
III. Deficit neurológico focal
IV. Nauseas e vómitos
V. Convulsão – de 20%
VI. Rigidez de nuca
VII. Papiledema
Localização
União corticomedular (substânca cinzenta e branca)
Lóbulos frontais e parietais
Muito raro os abscesos da fossa posterior.
Abscessos múltiples – infrequentes – excepto em paciencia com
inmunodeficiencia.
Cerebrite precoce: 1ro até 4to dia
Iinfecção é focal mas mal localizada. Anatopatologicamente se
vê uma massa não encapsulada com infiltração perivascular de
polimorfonucleares.
TC pode estar normal ou se vê uma áerea mal delimitada com
hipodensidade mal definida subcortical que impressiona
edema cerebral marcado.
Cerebrite tardia
Do 5to ao 10 dia. Infecção se torna mais focal. Há proliferação
vascular e aparecimento de um centro necrótico.
É visualizada uma área hipodensa rodeada por um anel de
bordes irregulares que é composto por células inflamatórias
macrófagos e tecido de granulação e fibroblastos. Há edema
perférico marcado com efeito de massa por obliteração dos
surcos.
Fase capsular precoce
Do 10º ao 14º dia.
O centro necrótico se torna liquefeito e é rodeado por fibras
colágenas que formam a capsula bem definida.
A cápsula inialmente fina se torna mais espessa e se vê anel
hiperdenso quanto mais colágeno é producido. Diminue o
edema e o efeito de massa.
Fase capsular tardía
Mais de 14 dias. Cápsula completa e consiste de 3 camadas.
1- TECIDO DE GRANULAÇÃO
2- CAMADA COLAGENOSA
3- CAMADA GLIÓTICA
Nessa fase o Abscesso
começa a retrair
gradualmente e o
edema periférico
diminue e termina por
desaparecer mas pode
persistir segundo a
efectividade do
tratamento.
Cápsula pode durar meses.
ABSCESSO EM RM
Os achados imagenológicos também variam com o tempo de
evolução.
Cerebritis precoce: uma zona
subcortical hiperintensa mal
definida em T2. os estudos
contrastados em T1 revelam áreas
de realce delimitado dentro de
uma aéra edematosa iso ou
levemente hipointensa.
Indistinguivel de um tumor.
Cebrebritis Tardia: aérea necrótica
central é hiperintensa com
respeito ao cérebro nas
sequências de difusão e em T2
com reborde bem delimitado.
Na Fase capsular precoce ou
tardia
RM: Cápsula colegena bem
visivel em sequências não
realçadas em forma de anel
hiperintenso indicando
material purulento
encapsulado.
Em T2 - Hipointensa
Diagnósticos diferencias
imagenológicos
Lesões hipodensas central e com realce do anel
- Alguns tumores primários do cérebro (astrocitoma anaplásico)
- Tumor Metastásico do cérebro
- Abscesso
- Granuloma
- Hematoma em resolução
- Infarto
- Malformação vascular trombótica
- Enfermedades desmielinizante.
Critérios cirúrgicos
Quando produzem efeito de massa: borramento
dos surcos desvio da línea média.
Pressão intracraneana aumentada
Proximidade dos ventrículos
Mau estado Neurológico
Abscesso traumático asociado a corpo estranho.
Abscesso fúngico ou multifoliculado.
Maior de 3 cm.
Impossibilidade de realizar Tac de evolução.
bibiografia
NEUROCIRURGIA. Lesiones del sistema
nervioso. Tomo II. Editorial Ciencias
Médicas. La habana 2016. capitulo 22. pág
297
Neuroradiologia diagnóstica. Anne
Osbourne capítulo 16 Enfermedades del
encefálo y sus cubiertas. Pag 688
Manual de neurocirurgia Sanar.
Muito Obrigada.

More Related Content

Similar to Abscesso Cerebral, formas de diagnóstico imagiológico. Cabinda.ppt

A importância do exame do líquor para o diagnóstico neurológ
A importância do exame do líquor para o diagnóstico neurológA importância do exame do líquor para o diagnóstico neurológ
A importância do exame do líquor para o diagnóstico neurológDr. Rafael Higashi
 
Neuroftalmologia parte II
Neuroftalmologia parte IINeuroftalmologia parte II
Neuroftalmologia parte IIDiego Mascato
 
Neuroimagem na prática neurológica
Neuroimagem na prática neurológicaNeuroimagem na prática neurológica
Neuroimagem na prática neurológicaDr. Rafael Higashi
 
Cataratas doenças das pálpebras
Cataratas   doenças das pálpebrasCataratas   doenças das pálpebras
Cataratas doenças das pálpebrasMarcílio Barbosa
 
Síndromes Neurocutâneas : Revisão e Leitura Conceitual
Síndromes Neurocutâneas : Revisão e Leitura ConceitualSíndromes Neurocutâneas : Revisão e Leitura Conceitual
Síndromes Neurocutâneas : Revisão e Leitura Conceitualblogped1
 
Hidrocefalia na Infância
Hidrocefalia na InfânciaHidrocefalia na Infância
Hidrocefalia na InfânciaThiago Sipriano
 
Ressonância magnética do sistema nervoso central fetal pdf
Ressonância magnética do sistema nervoso central fetal pdfRessonância magnética do sistema nervoso central fetal pdf
Ressonância magnética do sistema nervoso central fetal pdfisadoracordenonsi
 
Necrose retiniana aguda e porn
Necrose retiniana aguda e pornNecrose retiniana aguda e porn
Necrose retiniana aguda e pornphlordello
 
Cefaléia nas doenças autoimunes
Cefaléia nas doenças autoimunesCefaléia nas doenças autoimunes
Cefaléia nas doenças autoimunesLeandro Junior
 
Manifestacoes neurologicas do VIH
Manifestacoes neurologicas do VIHManifestacoes neurologicas do VIH
Manifestacoes neurologicas do VIHsebastiaomoises
 
Lesões císticas intracranianas não neoplásicas
Lesões císticas intracranianas não neoplásicasLesões císticas intracranianas não neoplásicas
Lesões císticas intracranianas não neoplásicasNorberto Werle
 
2espinhabifida-140524214257-phpapp02.ppt
2espinhabifida-140524214257-phpapp02.ppt2espinhabifida-140524214257-phpapp02.ppt
2espinhabifida-140524214257-phpapp02.pptLuanMiguelCosta
 
Lesões císticas intracranianas não neoplásicas
Lesões císticas intracranianas não neoplásicasLesões císticas intracranianas não neoplásicas
Lesões císticas intracranianas não neoplásicasNorberto Werle
 
aulademielomeningocele. enfermagem. ....
aulademielomeningocele. enfermagem. ....aulademielomeningocele. enfermagem. ....
aulademielomeningocele. enfermagem. ....LuanMiguelCosta
 
Tumores intraoculares
Tumores intraocularesTumores intraoculares
Tumores intraocularesDiego Mascato
 

Similar to Abscesso Cerebral, formas de diagnóstico imagiológico. Cabinda.ppt (20)

A importância do exame do líquor para o diagnóstico neurológ
A importância do exame do líquor para o diagnóstico neurológA importância do exame do líquor para o diagnóstico neurológ
A importância do exame do líquor para o diagnóstico neurológ
 
Neuroftalmologia parte II
Neuroftalmologia parte IINeuroftalmologia parte II
Neuroftalmologia parte II
 
Neuro tb2
Neuro tb2Neuro tb2
Neuro tb2
 
Neuroimagem na prática neurológica
Neuroimagem na prática neurológicaNeuroimagem na prática neurológica
Neuroimagem na prática neurológica
 
1 desmielinizantes-pdf
1 desmielinizantes-pdf1 desmielinizantes-pdf
1 desmielinizantes-pdf
 
Cataratas doenças das pálpebras
Cataratas   doenças das pálpebrasCataratas   doenças das pálpebras
Cataratas doenças das pálpebras
 
Síndromes Neurocutâneas : Revisão e Leitura Conceitual
Síndromes Neurocutâneas : Revisão e Leitura ConceitualSíndromes Neurocutâneas : Revisão e Leitura Conceitual
Síndromes Neurocutâneas : Revisão e Leitura Conceitual
 
Hidrocefalia na Infância
Hidrocefalia na InfânciaHidrocefalia na Infância
Hidrocefalia na Infância
 
Ressonância magnética do sistema nervoso central fetal pdf
Ressonância magnética do sistema nervoso central fetal pdfRessonância magnética do sistema nervoso central fetal pdf
Ressonância magnética do sistema nervoso central fetal pdf
 
Necrose retiniana aguda e porn
Necrose retiniana aguda e pornNecrose retiniana aguda e porn
Necrose retiniana aguda e porn
 
Cefaléia nas doenças autoimunes
Cefaléia nas doenças autoimunesCefaléia nas doenças autoimunes
Cefaléia nas doenças autoimunes
 
Manifestacoes neurologicas do VIH
Manifestacoes neurologicas do VIHManifestacoes neurologicas do VIH
Manifestacoes neurologicas do VIH
 
Lesões císticas intracranianas não neoplásicas
Lesões císticas intracranianas não neoplásicasLesões císticas intracranianas não neoplásicas
Lesões císticas intracranianas não neoplásicas
 
2espinhabifida-140524214257-phpapp02.ppt
2espinhabifida-140524214257-phpapp02.ppt2espinhabifida-140524214257-phpapp02.ppt
2espinhabifida-140524214257-phpapp02.ppt
 
Abscesso Cerebral
Abscesso CerebralAbscesso Cerebral
Abscesso Cerebral
 
Lesões císticas intracranianas não neoplásicas
Lesões císticas intracranianas não neoplásicasLesões císticas intracranianas não neoplásicas
Lesões císticas intracranianas não neoplásicas
 
Esclerodermia - Clínica Médica
Esclerodermia - Clínica MédicaEsclerodermia - Clínica Médica
Esclerodermia - Clínica Médica
 
aulademielomeningocele. enfermagem. ....
aulademielomeningocele. enfermagem. ....aulademielomeningocele. enfermagem. ....
aulademielomeningocele. enfermagem. ....
 
Tumores intraoculares
Tumores intraocularesTumores intraoculares
Tumores intraoculares
 
Encefalite herpética
Encefalite herpéticaEncefalite herpética
Encefalite herpética
 

Abscesso Cerebral, formas de diagnóstico imagiológico. Cabinda.ppt

  • 1. Hospital Central de Cabinda Serviço de Imaginologia ABSCESSO CEREBRAL Ercídia Correia (Residente do 1 ano de Neurocirugia) Fevereiro de 2024
  • 2. 1. Definir abscesso cerebral 2. Descrever os sinais imagenológicos de um abscesso cerebral. Objectivo:
  • 3. Abscesso cerebral São lesões resultantes da proliferação de bactérias piogênicas no interior do parênquima encefálico, constituindo uma cavidade neoformada preenchida por pus. Corresponde a quase 10% das lesões expansivas intracranianas.
  • 4. Epidemiologia Alguns autores consideram o termo Coleções supurativas intracranianas abrangindo os empiemas e os abscessos. A Estimativa dos países desenvolvidos é de 2 a 4% de casos anual Para os países subdesenvolvidos é de 10% Em Cabinda no ano de 2022 houveram 17 casos, Em 2023 foram 22 casos de abscessos subgalial empiemas e 2 abscessos cerebrais graves. Sendo os mais frequentes os abscessos subgaliais. . Proporção: homem-mulher 2:1 Grupo etário mais frec em Cabinda: menos de 10 anos
  • 5. Vias de disseminação Etiologia POR CONTINUIDADE: 50% de determinada infecção, como por exemplo: nas sinusites, otites, mastoidites e infecções odontogênicas. Causa + frec Cabinda: pós infecção dermatologica e por incumprimento da terápeutica Via HEMATOGÊNICA: 25% sendo nesses casos o tórax a origem mais comum. São: abscessos pulmonares, bronquiectsia, empiema, cardiopatia congênita cianótica, fístulas arteriovenosas pulmonares, endocardite bacteriana e infecções gastrointestinais. Pós Traumatismo craniano Cerca de 10% dos casos são decorrentes de traumatismo craniano e procedimentos neurocirúrgicos e 15% são de etiologia desconhecida (criptogênicos). Outros fatores de risco incluem: infecção por HIV, imunossuprimidos, usuários de drogas endovenosas e neutropênicos.
  • 6. Características Clínicas I. Cefaleia: insidiosa, persistente que piora com a evolução do abscesso. II. Tríade: febre, cefaleia, déficit focal + 50% III. Deficit neurológico focal IV. Nauseas e vómitos V. Convulsão – de 20% VI. Rigidez de nuca VII. Papiledema
  • 7. Localização União corticomedular (substânca cinzenta e branca) Lóbulos frontais e parietais Muito raro os abscesos da fossa posterior. Abscessos múltiples – infrequentes – excepto em paciencia com inmunodeficiencia.
  • 8. Cerebrite precoce: 1ro até 4to dia Iinfecção é focal mas mal localizada. Anatopatologicamente se vê uma massa não encapsulada com infiltração perivascular de polimorfonucleares. TC pode estar normal ou se vê uma áerea mal delimitada com hipodensidade mal definida subcortical que impressiona edema cerebral marcado.
  • 9. Cerebrite tardia Do 5to ao 10 dia. Infecção se torna mais focal. Há proliferação vascular e aparecimento de um centro necrótico. É visualizada uma área hipodensa rodeada por um anel de bordes irregulares que é composto por células inflamatórias macrófagos e tecido de granulação e fibroblastos. Há edema perférico marcado com efeito de massa por obliteração dos surcos.
  • 10. Fase capsular precoce Do 10º ao 14º dia. O centro necrótico se torna liquefeito e é rodeado por fibras colágenas que formam a capsula bem definida. A cápsula inialmente fina se torna mais espessa e se vê anel hiperdenso quanto mais colágeno é producido. Diminue o edema e o efeito de massa.
  • 11. Fase capsular tardía Mais de 14 dias. Cápsula completa e consiste de 3 camadas. 1- TECIDO DE GRANULAÇÃO 2- CAMADA COLAGENOSA 3- CAMADA GLIÓTICA Nessa fase o Abscesso começa a retrair gradualmente e o edema periférico diminue e termina por desaparecer mas pode persistir segundo a efectividade do tratamento. Cápsula pode durar meses.
  • 12. ABSCESSO EM RM Os achados imagenológicos também variam com o tempo de evolução. Cerebritis precoce: uma zona subcortical hiperintensa mal definida em T2. os estudos contrastados em T1 revelam áreas de realce delimitado dentro de uma aéra edematosa iso ou levemente hipointensa. Indistinguivel de um tumor. Cebrebritis Tardia: aérea necrótica central é hiperintensa com respeito ao cérebro nas sequências de difusão e em T2 com reborde bem delimitado. Na Fase capsular precoce ou tardia RM: Cápsula colegena bem visivel em sequências não realçadas em forma de anel hiperintenso indicando material purulento encapsulado. Em T2 - Hipointensa
  • 13. Diagnósticos diferencias imagenológicos Lesões hipodensas central e com realce do anel - Alguns tumores primários do cérebro (astrocitoma anaplásico) - Tumor Metastásico do cérebro - Abscesso - Granuloma - Hematoma em resolução - Infarto - Malformação vascular trombótica - Enfermedades desmielinizante.
  • 14. Critérios cirúrgicos Quando produzem efeito de massa: borramento dos surcos desvio da línea média. Pressão intracraneana aumentada Proximidade dos ventrículos Mau estado Neurológico Abscesso traumático asociado a corpo estranho. Abscesso fúngico ou multifoliculado. Maior de 3 cm. Impossibilidade de realizar Tac de evolução.
  • 15. bibiografia NEUROCIRURGIA. Lesiones del sistema nervioso. Tomo II. Editorial Ciencias Médicas. La habana 2016. capitulo 22. pág 297 Neuroradiologia diagnóstica. Anne Osbourne capítulo 16 Enfermedades del encefálo y sus cubiertas. Pag 688 Manual de neurocirurgia Sanar.