O documento relata a morte de um homem de fome nas ruas de uma cidade, ignorado por centenas de pessoas que passavam. O homem permaneceu deitado na calçada por setenta e duas horas até morrer, sem receber ajuda de ninguém. O texto critica a indiferença das autoridades e da população diante da morte do homem.
1. Avaliações Bimestrais - 2013 – 6º ao 9º ano – 1
AVALIAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA – 2º BIMESTRE
Escola:
Aluno:
Prof.(a)
Ano/ Turma:
8º ano
Notícia de jornal
Fernando Sabino
Leio no jornal a notícia de que um homem morreu
de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis,
pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em
pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada
durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de
fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de
comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma
radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar
auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de
plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome)
era alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em
homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi
recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado.
Nada se sabe dele, senão que morreu de fome.
Um homem morre de fome em plena rua, entre
centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um
bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um
tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma
coisa – não é homem. E os outros homens cumprem deu
destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e
duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de
fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até
mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua
morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os
homens, sem socorro e sem perdão.
Não é de alçada do comissário, nem do hospital,
nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha
alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem
morrer de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos
presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o
jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais
morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As
autoridades nada mais puderam fazer senão remover o
corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para
escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer
senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de
inanição em plena rua, no centro mais movimentado da
cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.
Morreu de fome.
(C) o homem não aceitou ajuda de nenhum dos
passantes.
(D) todas as pessoas manifestavam preconceito em
relação ao fato.
02. “Leio no jornal a notícia de que um homem morreu
de fome.” , a expressão destacada indica
(A) causa.
(B) consequência.
(C) lugar.
(D) tempo.
03. A repetição da expressão “morrer de fome”, quer
enfatizar
(A) a gravidade do fato.
(B) a falta de solidariedade humana.
(C) o modo como o homem faleceu.
(D) o ponto de vista do cronista.
“Um homem que morreu de fome. O comissário de
plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de
fome) era da alçada da Delegacia da Mendicância,
especialista em homem que morrem de fome.”
04. A frase que expressa o significado da explicação
(um homem) é
(A) o comissário era um homem, não uma mulher.
(B) embora fosse um homem poderoso o comissário
nada fez.
(C) um homem não se julgou responsável pela vida de
outro homem.
(D) o comissário fez tudo o que pode para o homem
não morrer de fome.
“Um homem morre de fome em plena rua, entre
centenas de passantes. […] Passam, e o homem
continua morrendo de fome, sozinho, isolado [...]"
05. O homem está entre centenas de passantes e
continua morrendo de fome, sozinho, isolado..., porque
(A) ninguém o socorre.
(B) ele não quer ajuda.
(C) era um homem ruim.
(D) queria ficar isolado.
“Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo.
Um mendigo, uma anormal, um tarado, um pária, um
marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa ― não é
um homem.”
As melhores crônicas. Rio de Janeiro: Record, 1997, 9.47-48.
01. A crônica relata a morte de um homem na rua entre
centenas de passantes. O fato aconteceu porque
(A) As pessoas passavam e agiam como se fosse um
fato normal.
(B) o homem foi tratado com indiferença por todos que
passavam.
06. A afirmativa de que não é um homem é uma
conclusão
(A) do cronista.
(B) do comissário.
(C) dos passantes.
(D) dos comerciantes.
2. Avaliações Bimestrais - 2013 – 6º ao 9º ano – 1
10.”onde
acontecem
unicamente
desastres
desgraças”, a palavra destacada indica
(A) adição.
(C) explicação.
(B) alternância.
(D) oposição.
e
Poema tirado de uma notícia de jornal
Manuel Bandeira
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava
no morro da Babilônia num barracão
sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e
morreu afogado.
Libertinagem (1930). Em: Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2007, p. 136.
07. Nesse texto, a expressão “Vigilantes do momento''
foi usada para designar o trabalho dos
(A) leitores.
(C) escritores.
(B) redatores.
(D) jornalistas.
08. “Coisa fútil, coisa séria.”, a palavra destacada tem o
mesmo sentido de
(A) sem utilidade.
(C) muito admirada.
(B) sem capacidade.
(D) muito observada.
Os Jornais
Rubem Braga
Meu amigo lança fora, alegremente, o jornal que
está lendo e diz:
― Chega! Houve um desastre de trem na França,
um acidente de mina na Inglaterra, um surto de peste na
Índia. Você acredita nisso que os jornais dizem? Será o
mundo assim, uma bola confusa, onde acontecem
unicamente desastres e desgraças? Não! Os jornais é
que falsificam a imagem do mundo. Veja por exemplo
aqui: em um subúrbio, um sapateiro matou a mulher que
o traía. Eu não afirmo que isso seja mentira. Mas
acontece que o jornal escolhe os fatos que noticia. O
jornal quer fatos que sejam notícias, que tenha conteúdo
jornalístico. Vejamos a história desse crime "Durante os
três primeiros anos o casal viveu imensamente feliz..."
Você sabia disso? O jornal nunca publica uma nota
assim:
[...]
http://blogportugues-cesd.blogspot.com.br/2010/10/os-jornais-rubembraga.html
09. A finalidade principal do texto é
(A) narrar um acontecimento.
(B) divulgar um produto.
(C) fornecer uma informação.
(D) instruir comportamentos.
11. As ações de João Gostoso nos faz perceber que ele
vivia
(A) revoltado.
(C) desprezado.
(B) acomodado.
(D) assustado.
12. João Gostoso se atirou na lagoa porque
(A) era carregador de feira-livre.
(B) morava no morro da Babilônia.
(C) estava bêbado e não viu a lagoa.
(D) vivia solitário e por isso suicidou-se.
O casal, a morte e o ‘jogging’
Este poderia ser um título da foto publicada no
JB de quinta-feira, dia 12 de dezembro, página 26,
Cidade. Estarrecedora imagem. Reveladora da pouca
importância dada à vida e à morte no mundo que
vivemos. Paulo [...] foi atropelado e morto em cima do
calçadão da Avenida Senambetiba. Eram três e quinze
da tarde. O responsável pelo acidente, Renan [...],
tentou fugir, segundo o relato de transeuntes. Não
conseguiu porque a roda de sua Parati ficou travada.
Renan declarou que o atropelamento, seguido de
morte, do engenheiro Paulo, foi uma fatalidade. Seu
carro teria sido fechado por um ônibus que o empurrou
para o calçadão. Tendo assim, por que tentar fugir? [...]
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 dez.1996, Caderno Ideias, p.6.
13.No texto a palavra “Estarrecedora” tem o
mesmo sentido de
(A) horrorizante.
(C) esquisita.
(B) vergonhosa.
(D) maldosa.
14. De acordo com o texto, o que causou o acidente foi
(A) a tentativa de fuga de Renan.
(B) a roda do carro ter sido travada.
(C) o carro de Paulo ter sido fechado por um ônibus.
(D) a pouca importância dada a vida e a morte.
3. Avaliações Bimestrais - 2013 – 6º ao 9º ano – 1
15. A informação de que o responsável pelo acidente
tentou fugir foi dada
(A) pelos causadores do acidente.
(B) pelas pessoas que viram o acidente.
(C)pelo Jornal do Brasil que presenciou o
acontecimento.
(D)pelo engenheiro Paulo que fez algumas
declarações.