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                                                                                                  Dica
                                                                                                                                                                                                                                                                                            http://www.flickr.com/photos/edg
                                                                                                                                                                                                                                                                                            ley_cesar/149982771/sizes/o/




                                                                                                                     tecnológicas
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                                                                                                                        inteligente
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                                                                                                  Artigo
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                                                                                                                                                                                             /l/




                                          1 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    http://www.flickr.com/photos/bru
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      Revista


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Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista
                                                                                                                          http://www.flickr.com/photos/zan
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                                                                                                                 Local
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                                                                                                                 Giro pelo Brasil




                                                                                                  Como nós ...
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                                                                                                                                                                                                                                 http://www.flickr.com/photos/sol
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                                          Novembro 2009
        Diagramado no BrOffice.org Draw
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       Ano 2 | N° 9 | novembro 2009




                                                                                                http://www.flickr.com/photos/keithlam/217043463/sizes/l/
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            Carta do Leitor
            Dê o seu recado                            5
Índice




            Como nós...
            Fazemos o corretor CoGroo                  6


            Artigo
            O Software Livre e a Inteligência          8
            do Gestor Público

            Reportagem
            BrOffice.org sai na frente no             11
            processo de inclusão digital

            BrOffice.org se prepara para o IV EnBro   23

            Entrevista
            BrOffice.org e o planejamento             21

            Dica
            Auto preenchimento de dados no Calc       26

            Barra de ferramentas para Broo            30

            Tutorial
            Criando extensões basic                   38

            Resumo do mês
            Resumo                                    43
EDITORIAL
                                                            Colaboradores desta edição
                                                            Redação:
                                                            Fernando H. Leme
Nova fase da Revista BrOffice.org                           Luiz Oliveira
marcada pela mobilização de toda a                          Rochele Prass
                                                            William Colen
comunidade.
                                                            Dicas e tutorial:
                                                            Herbert de Carvalho
Desafio é a palavra que marcou o início da edição nº 9 da   Noelson A. Duarte
                                                            Rubens Queiroz
Revista BrOffice.org há apenas três semanas. Um tema
                                                            Diagramação:
instigante, o BrOffice.org nos municípios, precisava mais   Eliane Domingos
do que o ideal de fazer. Precisava de pessoas que           Vera Cavalcante
quisessem encarar o desafio e colocar a “Revista na rua”,   Revisão:
com uma edição que não poderia ser simplesmente para        Carlos Antonio da Silva
                                                            Eduardo Mundim
constar. Queríamos uma edição marcada pela                  Fatima Conti
excelência, que agregasse discussões pertinentes sobre      Francival Lima
o tema a que se propõe e conteúdo verdadeiramente útil.     Jerusa Manfredini Netto Mazuco
                                                            Luiz Fernando Carvalho
Além, é claro, de mostrar aos leitores como o               Paulo de Souza Lima
BrOffice.org se estrutura para disponibilizar aos seus      Pedro Ciríaco
usuários um software de qualidade.                          Regina Souza Moraes
                                                            Vera Cavalcante
Nas páginas que seguem, além das dicas e tutorial, o        Zamil Cavalcanti
leitor poderá experimentar um momento de reflexão com       Edição:
o excelente artigo de Fernando H. Leme mostrando as         Luiz Oliveira
                                                            Rochele Prass
vantagens da migração para software livre e BrOffice.org    comunicacao@broffice.org
em órgãos públicos. Na reportagem principal, Rochele        Jornalista responsável:
Prass nos traz informações precisas e atuais dos            Luiz Oliveira – Mtb.31064
municípios brasileiros que passaram por migração            luizheli@openoffice.org
recente para software livre e BrOffice.org, além de         Coordenador Geral BrOffice.org:
análises, gráficos e entrevista que não deixam dúvidas      Claudio Ferreira Filho
                                                            filhocf@openoffice.org
sobre a importância e aceitação da suite BrOffice.org nas
                                                            Agradecimentos especiais:
instituições brasileiras que em muitos casos passam         4CMBR
primeiro pelo BrOffice.org antes de fazer uma migração      Ministério do Planejamento
total.                                                      Gnutech
                                                            Gustavo Luiz Morais
Estamos entregando uma nova revista. O leitor vai notar     Escreva para a Revista BrOffice.org:
as mudanças no visual, no nome, no cuidado pela             revista@broffice.org
excelência, mas uma coisa não mudou: para que essa          Edições anteriores:
revista fosse possível, várias pessoas da comunidade se     www.broffice.org/revista
mobilizaram; uniram-se para assumir o compromisso de        O conteúdo assinado e as imagens que o integram
                                                            são de inteira responsabilidade de seus respectivos
fazer uma revista a altura da instituição BrOffice.org. A   autores, não representando necessariamente a
essas pessoas um agradecimento especial.                    opinião da revista BrOffice.org e de seus
                                                            responsáveis. Todos os direitos sobre as imagens são
                                                            reservados a seus respectivos proprietários.
Boa leitura e não se esqueça de nos enviar comentários
                                                            O que é o BrOffice.org
e sugestões: revista@broffice.org.                          É o produto, ferramenta de escritório multiplataforma,
                                                            livre, em bom português, desenvolvido sob os termos
                                           Luiz Oliveira    da licença LGPL, composto por editor de texto, plani-
                                 luizheli@openoffice.org    lha de cálculo, apresentação, matemático e banco de
                                                            dados, mantido pela comunidade e ONG, que trabalha
                                                            para a difusão do SL/CA no País.
                                                            Desenvolvimento
                                                            Esta revista foi elaborada no BrOffice.org, editor de
                                                            texto, planilha eletrônica, apresentação e, agora, dia-
                                                            gramação.
CARTA DO LEITOR




                                                                                                              http://www.flickr.com/photos/mbgrigby/2992682938/sizes/s/
     Esta é a sua seção! Na “Carta do Leitor”, você pode tirar dúvidas
     sobre o BrOffice.org, seja produto, comunidade ou
     desenvolvimento, enviar críticas ou sugestões que possam
     enriquecer ainda mais a nossa revista. Envie um email para
     revista@broffice.org participe.

     Olá,
     Sou jornalista e responsável pela revista COM-        A todos da equipe, parabéns!
     MAND.COM, uma publicação lançada bimestral-           É a primeira vez que leio a revista e adorei a edi-
     mente em bancas de jornais e livrarias há mais de     ção 08, mais especificamente o artigo sobre o
     4 anos pela editora Escala. Tive o prazer de co-      formato ODF. A carta de Ana Paula Vasconcelos,
     nhecer o trabalho que vocês fazem com a revista       que cita a dificuldade na migração para o BrOO na
     digital BrOffice.org. Há dois anos, aproximada-       empresa, me chamou atenção porque também
     mente, venho fechando parcerias com profissio-        lido com problema semelhante.
     nais que realizam projetos similares, a fim de dis-
                                                           Creio que esses processos de migração devem
     tribuir GRATUITAMENTE, suas revistas digitais
                                                           ser apoiados com informativos bem objetivos so-
     através do CD-ROM brinde da minha publicação.
                                                           bre Software Livre e o formato ODF, enfocando
     Acredito que este tipo de parceria fornece mais
                                                           sua utilidade e não o custo.
     conteúdo para os meus leitores e, por outro lado,
     amplia a audiência dos leitores de sua publicação                                          Denis Dobbin
     online. Gostaria de saber se posso incluir as duas
     edições de sua revista digital na próxima COM-
                                                           Estou muito grato pela revista Broffice.org. É mui-
     MAND.COM.
                                                           to instrutiva e valoriza o Broffice.org. Estou a es-
                                    Alessandro Treguer     pera de novas edições.
                                                                                              Luciano Souza
     Olá Alessandro,
     A equipe BrOffice.org entrará em contato com          Luciano,
     você para saber mais sobre esta parceria e
                                                           Muitos colaboradores estão se envolvendo
     desde já agradecemos o interesse.
                                                           para que tenhamos uma produção constante
                                                           da nossa revista. Esperamos continuar ofere-
                                                           cendo o melhor que a comunidade BrOffi-
                                                           ce.org tem a oferecer a todos, além do nosso
                                                           produto, a suíte para escritórios livre mais
                                                           usada do mundo. Lembrando que a comunida-
                                                           de tem vários projetos que podem receber con-
                                                           tribuições variadas. Visite o nosso portal e
                                                           saiba muito mais sobre os projetos da comu-
                                                           nidade: http://www.broffice.org

5 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                               Novembro 2009
COMO NÓS...                  Por William Colen




                                                        O Corretor Gramatical CoGrOO
                                                        é composto de centenas de re-
                                                        gras de erros, possui um dicio-
                                                        nário com centenas de milha-
                                                        res de palavras e é capaz de
                                                        classificar o texto morfossintati-
                                                        camente. Como foi a criação


           ...fazemos o
                                                        dessa poderosa extensão do
                                                        BrOffice.org?
                                                        Tudo começa com uma neces-
                                                        sidade. Em 2003, o idealizador


           corretor                                     do CoGrOO, Carlos Menezes,
                                                        já notava que diversas institui-
                                                        ções públicas migravam para a
                                                        suíte de escritórios BrOffi-


           gramatical                                   ce.org. No entanto, profissio-
                                                        nais da área já enumeravam
                                                        algumas funcionalidades que o
                                                        BrOffice.org não tinha, e uma


           CoGrOO                                       bastante importante era a au-
                                                        sência de um corretor gramati-
                                                        cal.
                                                        Foi então que Carlos Menezes,
                                                        pesquisador     de    linguística
                                                        computacional, se uniu a ou-
                                                        tros pesquisadores e inscreve-
                                                        ram a ideia do CoGrOO no Edi-
                                                        tal de Software Livre promovido
                                                        pela FINEP, fundação federal
                                                        que apoia projetos estratégicos
                                                        este foi um dos quase 50 proje-
                                                        tos aprovados que recebeu re-
                                                        cursos financeiros por um ano.




6 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                           Novembro 2009
COMO NÓS...
   Um laboratório da Escola Poli-         mais limpa, inclusive com direi-   Centro de Competência em
   técnica da USP foi equipado            to ao sublinhado ondulado azul     Software Livre do IME/USP.
   para sediar o projeto. Colabora-       quando um erro fosse detecta-      Dentre as atividades em anda-
   ram com o trabalho quase 20            do. Em 2007, a segunda gran-       mento, estão a conversão do
   profissionais e alunos de inicia-      de versão do corretor gramati-     modelo de desenvolvimento do
   ção científica.                        cal foi lançada, desta vez, pro-    CoGrOO para que efetivamen-
   Apesar do financiamento ter            gramada em Java. Agora ele         te siga a definição de Bazar
   durado apenas um ano, foi o            era um pouco mais facilmente       segundo Eric Raymond, em
   suficiente para o lançamento           instalado, já que não dependia     que todos pudessem colaborar
   do CoGrOO 1.0 em maio de               mais do ambiente Perl, e ainda     com o projeto.
   2006.                                  o instalador foi reduzido de       O CoGrOO ainda está sendo
                                          aproximadamente 25 MB para         revisado para a novo acordo
   Os maiores desafios dessa              apenas 5 MB.
   fase foram: o desenvolvimento                                             ortográfico e sofrendo uma
   da tecnologia de análise de tex-       Infelizmente, em meados 2007       nova revisão de arquitetura, de
   to; a criação das regras de er-        o projeto ficou perigosamente      forma que seus módulos sejam
   ros, concebidas pela professo-         sem colaboradores. Apenas          bem delimitados, permitindo
   ra Sueli Uliano; e a primeira          Carlos Menezes e William Co-       sua portabilidade, e ainda su-
   versão da integração do corre-         len ainda ajudavam usuários        porte a outros idiomas.
   tor gramatical com o BrOffice          do projeto no fórum, e investi-    O que esperar do futuro do pro-
   .org, que foi a primeira com o         gavam e corrigiam problemas.       jeto? Isto vai depender da co-
   código aberto do mundo.                                                   munidade. Entre as possibili-
                                          Em agosto de 2008, com a no-       dades, estão análise semântica
   Com o financiamento chegan-            tícia do próximo lançamento do
   do ao fim, o projeto corria o ris-                                        para detecção de erros do tipo:
                                          BrOffice.org 3.0 com a API para    “Joana chegou. Sairei com ele”.
   co de ser abandonado. No en-           corretores gramaticais, o de-
   tanto, alguns dos colaborado-                                             Nesse caso, O CoGrOO indica
                                          senvolvedor William Colen ini-     o erro de concordância nomi-
   res continuaram trabalhando            ciou uma corrida para reorgani-
   voluntariamente.                                                          nal. Outras possibilidades seri-
                                          zar o código para o lançamento     am permitir personalizações
   Ainda em 2006, Bruno Sant'a-           em novembro. Foi um grande         das regras e dos dicionários
   nna conseguiu apoio do Google          sucesso, já que pela primeira      mais facilmente, e ainda a cria-
   Summer of Code para, numa par-         vez a instalação era bastante      ção de um eficiente sistema de
   ceria entre o CoGrOO e o pro-          simples, e a usabilidade muito     relatórios de erros.
   jeto internacional OpenOffi-           melhorada com a nova API.
   ce.org, desenvolver um protóti-
   po da API para verificação             Finalmente em 2009 o projeto
   gramatical dentro do próprio           já fazia bastante sucesso, man-
   núcleo OpenOffice.org. O proje-        tendo em média quatro mil
   to foi bem sucedido, e graças a        downloads por mês. No entan-
   ele, a partir do BrOffice.org 3.0,     to, o projeto continuava carente
   a integração entre o CoGrOO e          de colaboradores. Foi então
   o BrOffice.org passou a ser            que o trabalho foi adotado pelo


7 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                             Novembro 2009
ARTIGO                                   Por Fernando H. Leme




                                                                                         Há poucos anos, essa conver-
                                                                                         sa faria pouco sentido. Num
                                                                                         mundo plenamente físico, de
                                                                                         papéis datilografados e pro-
                                                                                         cessos acumulados em arqui-
                                                                                         vos reais e empoeirados não
                                                                                         há discussão sobre a natureza
                                                                                         da gestão da informação. Este
                                                                                         mundo, em vias de extinção,

     O Software Livre e                                                                  abriu caminho a outro em que
                                                                                         há arquivos digitais lá e cá, em
                                                                                         que os tribunais se encarregam

     a Inteligência do                                                                   de disponibilizar seu material
                                                                                         pela internet e em que os me-
                                                                                         canismos de gestão ou simples

     Gestor Público                                                                      administração cotidiana produ-
                                                                                         zem-se e encontram-se todos
                                                                                         alicerçados em uma estrutura
                                                                                         de informática e computação.
                                                                                         Neste mundo não havia alter-
                                                                                         nativas ao usuário comum.
                                                                                         Sempre houve necessidade de
                                                                                         recorrer aos sistemas operaci-
                                                                                         onais “fechados”. Diz-se “fe-
                                                                                         chada” toda propriedade inte-
                                                                                         lectual, cujo código-fonte é ina-
                                                                                         cessível e cuja cópia, distribui-
                                                                                         ção ou simples uso são defe-
                                                                                         sos ao que não adquire a li-
                                          Professor de música,           escritor   e    cença para tanto.
                                          estudante de Direito.
                        Arquivo pessoal




                                          Particularmente       influenciado       por
                                          questões relativas ao software e cultura
                                          livres, economia e filosofia do direito.
                                          Escreve regularmente para o blog
                                          fernandohleme.wordpress.com


8 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                                           Novembro 2009
ARTIGO
   A Microsoft, empresa de Bill
   Gates, lucrou cifras que fazem
   inveja ao simples exportador de




                                                                                                           http://www.flickr.com/photos/ryyo/41609610/sizes/o/
   comoditties minerais (que por
   sua vez já aufere ganhos con-
   sideráveis) por que fez uso de
   sua posição de único sistema
   amplamente difundido tornan-
   do-se um quase monopólio
   para pc's de uso doméstico e
   empresarial.
   Sua grande vantagem consistia
   no fato de que seu grande
   competidor, o Macintosh da
   Apple, de Steve Jobs, se base-
   ava num modelo ainda mais
   “fechado”. A empresa de Jobs
                                            A opção por Software Livre é o caminho que garante melhor
   produzia a parte física e a parte        utilização dos recursos públicos.
   lógica de seus equipamentos,           que a condenou por abuso de        Dada a impossibilidade da se-
   criando produtos tecnicamente          posição dominante no mercado       gunda hipótese quando se trata
   competentes, porém economi-            a pagar uma multa de R$ 1,3        da coisa pública (Lei no.
   camente proibitivos ao grande          bi. Tal entendimento é o de        10.695/03), o gestor de boa-fé
   público.                               que, de acordo com a lei anti-     se via obrigado a gastar parte
   Valendo-se da ampla populari-          truste, a Microsoft deveria per-   importante de seus recursos na
   zação do chamado computador            mitir que outros desenvolvedo-     aquisição de tais licenças. Aí
   pessoal (sistema que por sinal         res tivessem acesso a determi-     entra o software livre. Software
   opera por meio de padrões              nadas partes de seu código         Livre é aquele que pode ser ob-
   abertos - os “standards” - atra-       para que fosse possível cons-      tido, copiado, alterado e distri-
   vés do qual inúmeras empre-            truir software que operasse tão    buído sem custos. Pede-se aos
   sas podem produzir material            bem no Windows quanto ope-         desenvolvedores, no entanto,
   para construir computadores            ram o Microsoft Office e o Win-    que retribuam à comunidade
   usando as mesmas configura-            dows Media Player, por exem-       seu esforço no desenvolvimen-
   ções - chave de interoperabili-        plo.                               to disponibilizando, mais uma
   dade, criando competitividade          Esse cenário sempre pareceu        vez as alterações feitas de
   e reduzindo os custos ao con-          monstruoso ao observador           modo a contribuir com a evolu-
   sumidor final) a Microsoft ter-        atento. Qualquer usuário em        ção do sistema como um todo.
   minou por dominar o mercado            qualquer computador se vê          Software Livre não é, portanto,
   e impor, estratégias comerci-          preso a ferros em uma estrutu-     simplesmente gratuito . Softwa-
   ais, que recentemente têm sido         ra na qual ele só entrará atra-    re Livre é aquele que devolve
   duramente atacadas. Como é             vés de um custo financeiro         ao usuário o poder de decisão
    o caso da União Européia              considerável ou pela pirataria.    sobre seu equipamento e for-

9 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                              Novembro 2009
ARTIGO

     mato. http://softwarelivre.gov.br Não se sabe     de uma determinada administração, setor ou
     (e provavelmente o cálculo surpreenderá a to-     Estado, transformando-os todos em reféns de
     dos) o quanto o setor público desperdiçou         sua lógica empresarial-mercantilista. Uma
     com o chamado software “proprietário”. En-        simples alteração no formato padrão em que
     quanto não houvessem alternativas, tal des-       se devem salvar os documentos de determi-
     perdício seria escusável. Hoje, Sistemas ope-     nado órgão público traria imediatamente de
     racionais baseados em Linux têm sido o obje-      volta a segurança que se espera dos seus do-
     tivo de todo gestor inteligente. Engana-se,       cumentos.
     quem pensa que se trata de alguma novidade.       Muitos têm iniciado sua caminhada nesta di-
     Servidores de internet rodam Linux há muito       reção. O Banco do Brasil economizou R$ 20
     tempo. Quem usa email usa software livre          milhões nos terminais da instituição com o uso
     sem saber. Servidores de sistemas bancários       de Software Livre. O Metrô de São Paulo eco-
     também usam Linux e a lista pode ir longe.        nomizou outros US$ 900 mil com a mesma
     Mas por quê?                                      medida.
     A economia é um fator importante. Cada ór-        O Estado do Paraná, além de uma política
     gão público que economiza dinheiro de in-         clara de adoção de Software Livre, estabele-
     formática e investe em treinamento, capaci-       ceu como formato preferencial o ODF (Open
     tação, segurança e celeridade merece respei-      Document Format, ou formato de documento
     to e admiração. Mas neste caso nem tudo é         aberto, a opção ao .doc). Pelo mesmo cami-
     diretamente aferível em moeda. As diferentes      nho seguem países como o Equador e a Ho-
     distribuições Linux, dadas algumas caracterís-    landa, que adotaram o SL como Política de
     ticas de sua estrutura lógica, são reconheci-     Estado.
     das por profissionais da área como sendo
                                                       Qualquer gestor sério da coisa pública deitará
     mais estáveis, seguras, isso considerando seu
                                                       os olhos sobre a questão e iniciará sua pró-
     uso normal. Soma-se a isso o fato de que
                                                       pria caminhada em direção a uma gestão
     computadores que usam Linux são imunes a
                                                       inteligente no que se refere à qualidade, cus-
     vírus. Só neste aspecto, portanto, há uma se-
                                                       tos e segurança de sua tecnologia da infor-
     gunda economia, computadores que estra-
                                                       mação.
     gam menos passam menos tempo em assis-
     tência técnica. Computadores sem vírus são o
     sonho de quem trabalha com arquivos impor-
     tantes ou sobre os quais opera segredo de
     justiça.
     Por último existe a segurança dos formatos.
     Todo arquivo salvo, por exemplo, no Microsoft
     Word, é salvo no formato padrão do programa
     (a saber, o “.doc”), que é um formato fecha-
     do, sobre o qual não existe documentação e
                                                             http://www.broffice.org/investimos
     que pertence a uma única empresa, cujos
     fins podem ou não coincidir com os interesses


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http://www.flickr.com/photos/mappix/218637089/sizes/o/   REPORTAGEM                                Por Rochele Prass




                     A necessidade da inclusão digital para o desenvolvimento social, educação e conhecimento no
                     Brasil é indiscutível. Mas ainda é uma realidade um tanto quanto distante para milhares de brasi-
                     leiros. Segundo pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil divulgada em maio de 2009, de
                     um universo de 20.020 domicílios entrevistados, somente 28% dos lares localizados em centros
                     urbanos possuem computador para o uso da família. Na área rural, o número chega a apenas
                     8%.
                     O custo elevado para a compra de equipamentos de informática é o principal motivo, conforme
                     75% dos entrevistados. A falta de habilidade representa 29%. Somente 18% dos domicílios de
                     área urbana possuem internet. Na zona rural, o índice é de 4%. Dentre os motivos apontados, o
                     custo representa 54% e a falta de rede é a dificuldade para 17%.

                         E é diante desse quadro que a necessidade        mostrando que se trata de uma solução apro-
                         de os municípios brasileiros estarem atentos     priada para a disponibilização de recursos de
                         ao processo de inclusão digital toma sentido     informática.
                         e reforça a importância do desenvolvimento       “O BrOffice.org cumpre o papel de mostrar
                         de softwares livres, como o pacote de escritó-   aos usuários que computador é uma ferra-
                         rio BrOffice.org. Conforme explica o coorde-     menta de trabalho, ou seja, aprender a usar
                         nador do Programa de Apoio Tecnológico aos       um editor de texto ou uma planilha eletrônica
                         Municípios Brasileiros, o 4CMBr, Luis Felipe     sem ficar preso a um único software de de-
                         Costa, existem várias iniciativas para promo-    terminada empresa”, argumenta. Segundo
                         ver a inclusão digital. O 4CMBr, subordinado     ele, quem é incluído digitalmente com o uso
                         ao Ministério do Planejamento, por exemplo,      de ferramentas livres tem a possibilidade de
                         tem mais de 1.500 representantes de municí-      manipular qualquer outra. Além de destacar
                         pios que atuam na divulgação do BrOffice.org,    que a migração para o software livre

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REPORTAGEM
     promove difusão do conhecimento, Luis Felipe       progrediu consideravelmente nos últimos
     salienta que o BrOffice.org é uma alternativa      anos, desde a época do COMSOLI - Consór-
     importante para promover o aprendizado             cio de Municípios em Soluções Livres até o
     usando a língua nativa dos usuários.               surgimento do 4CMBr. “Uma prova deste
     Para o professor do Departamento de Infor-         crescimento foi o Encontro Nacional de Tecno-
     mática e Estatística da Universidade Federal       logia da Informação, promovido pelo Ministé-
     de Santa Catarina José Eduardo De Lucca, o         rio do Planejamento em Brasília”, afirma. O
     BrOffice.org é o ponto de partida para todo        evento reuniu cerca de 1.500 pessoas, entre
     processo de informatização. “A evolução cons-      Prefeitos, secretários e técnicos de TI. O co-
     tante do BrOffice.org é fundamental para a         ordenador destaca que as salas de palestras
     aceitação de praticamente todo software livre      sobre BrOffice.org e ODF tiveram lotação má-
     posteriormente”, explica.                          xima.
                                                        Evidentemente, existem barreiras quando se
     Há, ainda. o aspecto econômico, uma vez
                                                        trata da migração de modelos proprietários
     que, por ter código aberto, software livre não
                                                        para abertos. “Resistências existem, mas não
     tem custos com licenças. “Trata-se de investir
                                                        é diferente da resistência natural de qualquer
     em inteligência nacional, economizar verbas
                                                        mudança de mentalidade. Ela vem principal-
     públicas sem o pagamento de royalties para
                                                        mente dos usuários que durante anos apren-
     empresas estrangeiras. A adoção de tecnolo-
                                                        deram a usar somente uma tecnologia”, escla-
     gias abertas gera renda para a população lo-
                                                        rece.
     cal, o que reforça os aspectos positivos na
     adoção do BrOffice.org nas ações de inclusão       O ponto de vista é compartilhado pelo profes-
     digital”, afirma. Conforme o coordenador do        sor De Lucca, que considera as resistências
     4CMBr, provavelmente os projetos de inclusão       inerentes a qualquer processo de mudança
     digital ficariam inviáveis se os gestores públi-   organizacional, assunto que é objeto de estu-
     cos tivessem de investir em softwares proprie-     do de áreas como administração e psiclogia.
     tários.                                            “Tem a ver, em alguns casos, com a zona de
                                                        conforto em que os usuários se encontram”,
                                                        diz. O professor lembra que muitas organiza-

          conhecer é o                                  ções ainda acreditam que, ao substituir uma
                                                        ferramenta com a qual os usuários estão

        primeiro passo                                  acostumados, haverá perda de produtividade.
                                                        Conforme o coordenador do Programa de
                                                        Apoio Tecnológico aos Municípios Brasileiros,
                                                        o investimento em treinamento é fundamental
     Mostrar resultados e funcionalidades que um        para o sucesso da migração, e funciona as-
     software pode gerar para a comunidade é o          sim para qualquer novidade. Ele cita que a
     primeiro passo dado pelo Ministério do Plane-      mudança de consciência se dá a partir da ela-
     jamento para conscientizar os gestores muni-       boração de um Plano Diretor de TI, o chama-
     cipais. Conforme Luis Felipe, o trabalho do        do PDTI, a demonstração de documentações
     4CMbr é justamente o de oferecer consultori-       tratando do uso de software Livre, tais como o
     as. O coordenador afirma que o processo            Protocolo Brasília, o GUIALIVRE e a arquite-

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REPORTAGEM
     tura de padrões de interoperabilidade e-PING,     mum na realidade de diversos municípios. A
     desenvolvidos pelo Governo Federal. Os ca-        consequência é um planejamento baseado no
     sos de sucesso acabam se tornando a argu-         comodismo. Fica prejudicada também a trans-
     mentação que mais vale para os gestores,          ferência de tecnologia e conhecimento, tor-
     explica Luis Felipe.                              nando a administração cada vez mais refém
                                                       de serviços paliativos.
     O planejamento                                    E há também a falta de recursos – humanos
     Quaisquer ações, das mais simples às mais         e financeiros. “Muitas vezes, a prefeitura não
     complexas, necessitam de uma estratégia           possui um corpo de funcionários qualificados
     para que os resultados apareçam. E não é di-      para elaborar um projeto. Diante disso, encon-
     ferente quando se trata de tecnologia. Mas        tra dificuldades em obter verba. E, sem pro-
     nem sempre isso é fácil para quem está ocu-       jetos e recursos financeiros, o trabalho se tor-
     pado com assuntos como saúde, educação e          na mais difícil ainda”, diz Luis Felipe. A saída
     segurança, conforme explica Luis Felipe. “Ge-     que aponta é investir nos funcionários públi-
     ralmente os gestores não têm muito tempo          cos em todos os setores.
     para "planejar" ações de melhorias tecnológi-     Para De Lucca, a melhor solução é o inter-
     cas e não percebem que o investimento em          câmbio de experiências: “Informar-se como
     tecnologia pode ajudar a resolver os proble-      gestores públicos de outros municípios enfren-
     mas de todos os setores. Sem planejar, gasta-     taram problemas semelhantes é, na minha
     se muito mais e o resultado é bem menor”,         opinião, a melhor solução”. Ele ressalta que,
     explica.                                          no debate entre pares, normalmente não há
                                                       interesses escondidos. “Ao conhecer casos de
     Conforme o professor De Lucca, para os ad-
                                                       sucesso (e de insucesso, por que não?) de
     ministradores públicos, as possibilidades de
                                                       outras cidades, o gestor pode ter mais confi-
     experimentação são bastante restritas. “O
                                                       ança em suas decisões”, completa.
     principal problema que o gestor municipal en-
     frenta é o de não poder errar. Ele tem uma
     margem de erro muito pequena, pelos orça-             DOMICÍLIOS COM COMPUTADOR
     mentos apertados e pelas perspectivas de re-          100%
                                                            80%
     solver rapidamente os problemas”, afirma.
                                                            60%
     Uma política de TI bem planejada pode dar              40%

     mais tranquilidade aos gestores que precisam           20%

     tomar decisões. Isso inicia pela elaboração do          0%
                                                                  Área urbana     Área rural   Total
     PDTI, que reúne todos os dados estratégicos                                Sim   Não
     do órgão. A partir dessa análise, as chances
     de sucesso se tornam maiores. Conforme Luis
     Felipe, a etapa seguinte, a busca de financia-    Longe das Capitais
     mentos, chega naturalmente. O principal erro      O afastamento dos grandes centros urbanos
     no processo, afirma o coordenador do 4CMBr,       ou a falta de uma articulação local para a
     é a falta de uma busca precisa e clara sobre      ampliação de horizontes pode até ser
     as soluções existentes para questões em co-       considerado um problema tradicional para o

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REPORTAGEM
     processo de busca de soluções tecnológicas,         ras liberdade em relação a produtos e forne-
     como explica o professor De Lucca. Mas ele          cedores, pois os softwares livres adotam pa-
     pondera: “Com a integração que a internet           drões abertos e dão ao usuário a possibilida-
     proporciona, cada vez mais os municípios es-        de de escolha do prestador de serviço, a
     tão se conversando, debatendo e conhecendo          qualquer momento.
     opções livres.
                                                         Na opinião de Luis Felipe, ainda falta às em-
     E esse é o caminho que De Lucca sugere              presas prestarem atenção aos novos nichos
     para os pequenos municípios, onde, muitas           de mercado e ao tão falado espírito inovador
     vezes, não há público e comunidades atuan-          no mundo dos negócios. “Os prestadores de
     tes para realização de encontros e grupos de        serviço devem observar os novos caminhos
     estudo. “O compartilhamento de conhecimen-          que a tecnologia traz em diversos setores da
     to, o debate em busca de soluções conjuntas         sociedade”, diz. Ele cita que a remuneração
     extrapola os limites das instituições municipais    pelo trabalho, pelo serviço prestado em co-
     e os limites municipais. Por isso, listas de dis-   nhecimento livre, e não monopolizado, deveria
     cussão, redes sociais e grupos de interesse,        ser uma das maiores apostas das empresas.
     como o 4CMBr, são pontos de apoio funda-            Em sua opinião, a divulgação de informações
     mental”, explica.                                   e novas redes de colaboração e capacitação
     Acostumado à realidade das pequenas cida-           de profissionais é a saída para proporcionar o
     des, o coordenador do 4CMBr lembra de um            desenvolvimento sustentável das tecnologias
     importante detalhe: “Os municípios são os lo-       abertas: “A união e a força deste ecossistema
     cais onde o cidadão acessa as políticas públi-      é que possibilita a implementação cada vez
     cas que interferem diretamente na sua vida”.        maior de programas de código aberto nas pe-
     E esse é o papel que o Portal do Software           quenas cidades espalhadas pelo Brasil”.
     Público Brasileiro busca cumprir, na tentativa
     de viabilizar um modelo econômico capaz de                DOMICÍLIOS COM INTERNET
     incentivar o desenvolvimento. “O 4CMBr vem             120%
                                                            100%
     incentivando os municípios a se organizarem
                                                             80%
     em torno de uma grande comunidade”. A ideia             60%
     é envolver toda o município, inclusive o setor          40%
                                                             20%
     privado. “Buscamos apresentar formas de
                                                              0%
     contratações capazes de melhorar a gestão,                    Área urbana     Área rural   Total
     dando oportunidade para os novos talentos                                   Sim   Não

     locais”, explica.
     Além dessas dificuldades, a carência de mão         Inclusão digital:
     de obra qualificada é outro obstáculo que De
     Lucca cita. “O comprometimento de uma pre-
                                                         Inclusão de pessoas
     feitura, por exemplo, com determinada solu-         A despeito de todas as ações empreendidas
     ção informática é uma decisão muito sensível        rumo à democratização da tecnologia, é
     e, se a escolha for incorreta, o custo pode ser     consenso que o trabalho está apenas no
     muito alto”. As soluções livres dão às prefeitu-    início. O Ministério das Comunicações, por

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REPORTAGEM
     exemplo, já investiu R$ 134 milhões para dis-            se fala em software livre? Para o professor De
     ponibilizar a 5.354 municípios pelo menos um             Lucca, não resta dúvida de que o professor é
     kit telecentro, composto de 10 computadores,             a variável fundamental nessa equação. Con-
     câmera de monitoramento, impressora, apare-              tudo, ele lembra que, na realidade educacio-
     lho de projeção, além de mesas e cadeiras.               nal brasileira, a postura dos ensinadores nem
                                                              sempre é a ideal. “Acaba variando entre a ne-
     A montagem do telecentro se dá por meio de
                                                              gação da utilidade da tecnologia, pelo medo
     parcerias com as prefeituras, cuja contraparti-
                                                              do desconhecido, principalmente quando con-
     da é disponibilizar o espaço e arcar com des-
                                                              frontado com estudantes que já dominam a
     pesas de água, luz e outros. O acesso à inter-
                                                              tecnologia com maior maestria do que eles”,
     net também é cedido pelo Ministério gratuita-
                                                              analisa De Lucca.
     mente. As máquinas rodam software livre, op-
     ção que se dá em razão de segurança e de-                Para ele, a inclusão digital dos professores e
     sempenho, além de tornar o projeto viável                de suas disciplinas demanda planejamento e
     economicamente.                                          apoio pelos órgãos competentes. Isso inclui
                                                              considerar a sobrecarga de responsabilidades
     Mas esse investimento não é suficiente se os
                                                              que têm, sobretudo no setor público. “Sem
     gestores e a sociedade não se preocuparem
                                                              apoio dos órgãos e entidades que pensam es-
     com algo mais simples, porém não menos de-
                                                              tratégias para a educação, os professores têm
     safiador. “O que chamamos hoje de inclusão
                                                              sérias dificuldades em conhecer e colocar em
     digital ainda é, infelizmente, só um processo
                                                              prática ferramentas de software que poderiam
     de "digitalização". Colocam-se computadores,
                                                              ser muito úteis, desde softwares específicos
     infra-estrutura de rede e internet, mas não se
                                                              educacionais até suítes de produtividade
     preparam os usuários nem o cidadão. No fi-
                                                              como o BrOffice.org”, afirma.
     nal, o investimento não dá o resultado espe-
     rado, porque ficou limitado ao básico, sem               Para De Lucca, O BrOffice.org pode ser uma
     considerar o mais importante: as pessoas”,               forma de introduzir o conhecimento sobre
     opina o professor De Lucca.                              software livre nas instituições de ensino. Ele
                                                              defende que o processo pode muito bem ini-
     Educação e tecnologia                                    ciar pelo uso do aplicativo para a elaboração
                                                              de textos, planilhas e apresentações. Além
                                                              disso, há uma série de componentes, como os
                                                              dicionários temáticos, o Vero (primeiro corretor
                                                              lançado adaptado à reforma ortográfica da
                                       Arquivo pessoal




                                                              língua portuguesa) e o corretor gramatical.
                                                              “Também para auxiliar nas atividades didáti-
                                                              cas, em projetos que demandem criatividade,
                                                              organização de ideias, pesquisa etc”, finaliza
     Cada vez mais, os recursos tecnológicos                  De Lucca.
     estão a serviço da Educação. Entretanto,
     qual tem sido a atitude de educadores frente
     ao ensino de tecnologia, sobretudo quando


15 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                               Novembro 2009
REPORTAGEM

                                                                                                                      Os municípios contam




                                                           http://www.flickr.com/photos/stephenm/148400367/sizes/o/
                                                                                                                      as suas histórias
                                                                                                                      A revista fez um roteiro pelo Brasil,
                                                                                                                      através das redes de relacionamento,
                                                                                                                      para mostrar ao leitor ações que os
                                                                                                                      municípios vêm empreendendo para
                                                                                                                      incentivar o uso do BrOffice.org e do
                                                                                                                      software livre. São histórias de qualifi-
                                                                                                                      cação de usuários, de inclusão digital,
                                                                                                                      mas são histórias, sobretudo, de inves-
                                                                                                                      timento em pessoas.

     Licínio de Almeida, Cordeiros, Piripa e Mor-      alunos.” Houve um único caso de uma
     tugaba – Sertão Baiano                            professora que resistiu, mas não por achar
                                                       ruim, e sim por comodismo, já que havia
     A triste realidade dos municípios do Sertão       aprendido informática usando softwares
     Baiano começou a ser mudada a partir do           proprietários.
     empenho do coordenador e idealizador do           Os objetivos do coordenador, de promover
     Projeto Aula Modelo, Rômulo Vinfield Gomes        educação juntamente com inclusão digital,
     Ribeiro. O caçula do projeto é o município        são atingidos através de atividades dirigidas
     Licínio de Almeida, que é atendido há um          para crianças a partir dos 4 anos, seguindo
     mês. O professor, hoje mestrando em               por todas as faixas etárias. “No intuito de
     Ciências Educacionais, passou pela mesma          angariar elementos que viessem a dar corpo
     falta de perspectiva que boa parte da             ao meu projeto, tive acesso aos softwares
     comunidade enfrenta durante o período do          linux Educacional, BrOffice.org, Gcompris e
     Ensino Básico. Entretanto, mesmo tendo            Ekaaty Educacional, que juntos proporcionam
     começado a graduação em Ciências da               uma harmoniosa integração do aluno e
     Computação sem esperança de conclusão,            professor”, explica ao enfatizar a importância
     encontrou uma forma de mudar o cenário:           de educação e informática serem requisitos
     “Com o passar dos meses, inciaram-se várias       fundamentais      para  o     desenvolvimento
     alternativas e sonhos. Vendo o que a              humano.
     informática me proporcionou depois que a
                                                       Para desenvolver as atividades, são 63
     conheci, isso se refletiu em propostas para
                                                       computadores, sendo 21 em uma casa da
     erradicação do analfabetismo digital nessas
                                                       comunidade. Todos os alunos da rede pública
     localidades, que é quase 99.9%”, conta.
                                                       dos     municípios    são    beneficiados.   O
     E foi justamente por isso que Rômulo não          orçamento, de R$ 262 mil para dois anos,
     enfrentou resistência alguma: “Quando não se      inclui salário dos professores e técnicos, com
     tem contato com Software Proprietário no          deslocamento, alimentação e hospedagem
     início do aprendizado, tudo é aceitável para os   além da montagem dos laboratórios.

16 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                                                                               Novembro 2009
REPORTAGEM
     O projeto, realizado em parceria entre entre                            já têm turmas novas com os pais de alunos da
     prefeituras, Proinfo, Secretaria de Ciência e                           escola e de outras instituições de ensino do
     Tecnologia e o Instituto Anísio Teixeira, só se                         bairro.
     tornou viável a partir do uso de software livre.                        Para superar as resistências, o caminho que
     Hoje, a reflexão da comunidade sobre tecno-                             eles seguiram foi o de incentivar a experimen-
     logia só poderia ser uma, conforme explica                              tação ."Os professores conseguiram identificar
     Rômulo: “Todos percebem que através da in-                              a lógica do uso que já vinham fazendo, sem
     formática mais uma barreira da desigualdade                             uma grande curva de aprendizado para pas-
     foi quebrada."                                                          sar a usar o BrOffice.org", explicam. Outra ex-
                                                                             periência que trazem é a migração para o
                                                                             BrOffice.org nos computadores que os profes-
                                                                             sores usam para as suas rotinas de trabalho.
                                                                             A receptividade tem sido boa, garantem. "Os
                                                                             professores querem "fazer seu trabalho" inde-
                                                                             pendente do software que está sendo usado.
                                                       Crédito: divulgação



                                                                             Entretanto, dificuldades de compatibilidade
                                                                             têm impedido uma adoção 100%", ressalvam.
                                                                             A estrutura da escola conta com 20
                                                                             computadores para o uso dos alunos, todos
                                                                             com BrOffice.org. Mais três máquinas são
                                                                             exclusivas para os professores. Ao todo, mais
     Porto Nacional - Tocantins                                              de 120 pessoas são atendidas. A expansão
                                                                             do atendimento para toda a comunidade deve
     Os professores do Curso de Ensino Médio In-                             aumentar o número de beneficiados em seis
     tegrado - técnico em Informática, Givaldo Fer-                          vezes em 2010. Para desenvolver o projeto,
     reira Corcinio Junior e Brunno Franklin de                              os professores usaram a estrutura de
     Lima Alves, precisavam atingir o objetivo de                            hardware já existente. Sem software livre,
     formar mão-de-obra para um setor em expan-                              garantem, seria inviável.
     são e extremamente carente: o suporte ao
     usuário e manutenção de micros. O curso,                                Duque de Caxias – Rio de Janeiro
     que é público, e tem quatro anos de duração,
                                                                             Em Duque de Caxias, município localizado na
     conta com aproximadamente 100 alunos nas
                                                                             Baixada Fluminense, Região Metropolitana do
     turmas de 2º e 3º anos.
                                                                             Rio de Janeiro, a inclusão digital é sinônimo
     Os professores perceberam que era necessá-                              de capacitação profissional para a geração de
     rio compartilhar com colegas conhecimentos                              emprego e renda. Usando exclusivamente
     sobre software livre e formaram uma turma pi-                           software livre, mais de 50 mil alunos já
     loto com professores que se dispuseram a                                receberam treinamentos de informática básica
     conhecer o BrOffice.org. "A repercursão posi-                           e avançada. O projeto, desenvolvido pela
     tiva nos incentivou a transpor as barreiras da                          Fundação de Apoio à Escola Técnica, Ciência,
     escola", dizem Givaldo e Brunno. Agora, eles                            Tecnologia, Esporte e Lazer, Cultura e Políti-

17 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                                             Novembro 2009
REPORTAGEM

     cas Sociais (Fundec), mantido pela prefeitura      ções, com 10 máquinas. Todos usam software
     desde 2005, estrutura cursos de 56 horas aula      livre. A Coordenadora Geral dos Telecentros,
     nos      Centros    Avançados    de   Ensino       Renata Fernandes Dias Coelho, conta que o
     Profissionalizante. Os professores        são      uso de programas de código aberto teve
     profissionais da área de Tecnologia da             resistências iniciais, em função de os usuários
     Informação contratados pela Instituição ou         terem sido acostumados com plataformas
     através de convênios firmados entre                fechadas. Mas, no decorrer do uso, a
     instituições públicas de ensino.                   adaptação deslanchou e hoje os aplicativos
                                                        OpenOffice.org e BrOffice.org fazem parte do
     Silva Jardim – Rio de Janeiro                      cotidiano dos usuários. A prefeitura investiu na
                                                        locação de salas, climatização, arca com a
     A Prefeitura de Silva Jardim desde 2002 utiliza
                                                        remuneração de cinco funcionários, taxas de
     somente suítes de aplicativos para escritório
                                                        luz, água e telefone, além dos suprimentos.
     livres. O processo teve início quando eram no
                                                        Além disso, o poder público investe nos
     máximo 50 máquinas em toda a Prefeitura,
                                                        funcionários, custeando viagens para cursos e
     conforme conta o professor de Inclusão Digi-
                                                        seminários. Conforme Renata, os projetos só
     tal, Marcelo Massao. A primeira experiência foi
                                                        são possíveis pelo uso de software livre.
     com a versão 1.0 do OpenOffice.org, usada
     por bastante tempo. Em 2003, chegaram as
     primeiras instalações do BrOffice.org. A princi-
     pal motivação para a migração estava relacio-
     nada ao custo de implantação ou atualização
     de uma solução proprietária. No início, houve




                                                                                                      Crédito: divulgação
     resistência de usuários, que foram se acostu-
     mando aos poucos - a produtividade e o custo
     zero compensavam. Hoje, completamente
     aceito, o BrOffice.org está em 250 máquinas
     da prefeitura e a comunidade passou a co-
     nhecer outro benefício da migração: o formato
     aberto de documentos.
                                                        Natal – Rio Grande do Norte
     Felixlândia – Minas Gerais
                                                        A professora de Ciências da Computação da
     Em Felixlândia, município de 14 mil habitan-       Universidade do Estado do Rio Grande do
     tes, cerca de 600 pessoas por mês são bene-        Norte, Gláucia Melissa Medeiros Campos,
     ficiadas com cursos de profissionalização e de     conta que o Projeto Qualificação Tecnológica
     locais de acesso a equipamentos de informá-        para Professores e Estudantes de Escola Pú-
     tica desenvolvidos pela prefeitura. Dois tele-     blica do RN surgiu a partir da necessidade de
     centros montados pela Secretaria Estadual          qualificar usuários de Tecnologias da Informa-
     de Ciência e Tecnologia disponibilizam 10          ção no estado. “Infelizmente, muitas pessoas
     máquinas e um terceiro local foi montado com       ainda se restringem a utilizar computadores
     o Kit Telecentro do Ministério das Comunica-       para salas de bate-papos, mensagens curtas

18 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                         Novembro 2009
REPORTAGEM
     e Orkut acreditando, assim, fazerem parte de                                     ce.org e outros softwares de código aberto,
     um mundo digital. É preciso ensiná-las a utili-                                  mas elas foram vencidas pela disposição dos
     zar os computadores em benefício próprio”,                                       integrantes do projeto a ultrapassar barreiras.
     explica.                                                                         A partir disso, conta, o caminho foi a dedica-
     A partir disso, foram criados mecanismos para                                    ção e o diálogo com os usuários. “Nos senti-
     atender a alunos e professores da rede esta-                                     mos motivados principalmente com o relato de
     dual de ensino. Com a ideia de software livre                                    alguns diretores que comentavam sobre resis-
     desde o início, por uma questão econômica e                                      tência tanto dos professores como dos alunos
     educacional, o projeto estava restrito ao labo-                                  em aprender outros softwares”, resume.
     ratório da Universidade. Mas, com a chegada                                      Em vigor desde maio de 2009, mais de 160 já
     de mais equipamentos às escolas, a demanda                                       receberam treinamentos, por meio do trabalho
     aumentou, ampliando os níveis de atuação:                                        de alunos bolsistas da UERN. O projeto Quali-
     “Primeiramente, os professores são incluídos                                     ficação Tecnológica para Professores e Estu-
     digitalmente para posteriormente serem multi-                                    dantes de Escola Pública do RN, que está
     plicadores destes novos conhecimentos”, diz                                      presente em quatro escolas, deve iniciar uma
     Gláucia.                                                                         nova etapa em breve, já que estão sendo es-
     A professora universitária conta que houve re-                                   tabelecidas parcerias com prefeituras do inte-
     sistências no que se refere ao uso do BrOffi                                     rior do estado.


                                                                                      USUÁRIOS QUE ACESSARAM INTERNET
                                                                                            Nunca acessou


                                                                                       Há mais de 12 meses
                                                                Crédito: divulgação




                                                                                      Nos últimos 12 meses


                                                                                      Há menos de 3 meses

                                                                                                             0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%




                             MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO TEM INTERNET EM CASA
                       Custo/benefício não vale a pena

                        Falta de disponibilidade de rede

                        Não há necessidade / interesse

                             Tem acesso a outro lugar

                   Custo elevado / Não tem como pagar

                                                           0%            10%            20%        30%         40%      50%      60%




19 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                                                             Novembro 2009
REPORTAGEM

     Matões do Norte - Maranhão




                                                                                                                                 Crédito: divulgação
     Na zona rural e urbana do município que tem
     menos de 10 mil habitantes, as inscrições es-
     tão abertas no projeto “Educação para Todos”,
     criado pela prefeitura. O objetivo é treinar
     usuários de todas as faixas etárias para o uso
     de Tecnologias da Informação, usando BrOffi-
     ce.org e outros programas abertos. O técnico
     em Processamento de Dados Raimundo Fra-
     zão conta que, inicialmente, serão 320 alunos
     beneficiados. A estrutura disponível é de qua-
     tro laboratórios de Informática com 32 compu-




                                                                                                                                    Crédito: divulgação
     tadores e internet banda larga, instalados na
     zona urbana e rural. “O uso de software livre
     facilita muito o processo, porque não precisa-
     mos fazer investimento com compra e licença
     e aquisição de software para setores da ad-
     ministração, sobrando dinheiro para investi-
     mento de equipamentos e capacitação”, expli-
     ca Raimundo.
                        MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO TEM COMPUTADOR EM CASA
                  90%
                  80%
                  70%
                  60%
                  50%
                  40%
                  30%
                  20%
                  10%
                   0%
                                                    Não há necessidade ou interesse
                              Custo elevado                                        Falta de habilidade / Não sabe usar
                                                   Área urbana     Área rural   Total



                                   USUÁRIOS QUE USARAM COMPUTADOR
                                              Nunca usou


                                     Há mais de 12 meses


                                     Nos últimos 12 meses


                                    Há menos de 3 meses

                                                            0%   10% 20% 30% 40% 50% 60%


     Pesquisa completa disponível em: http://www.cetic.br/publicacoes

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ENTREVISTA                                   Por Rochele Prass




                                                                                                                 http://www.flickr.com/photos/kengo/17201022/sizes/l/
     e o planejamento


                                            O coordenador do Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios
                                            Brasileiros, o 4CMBr, Luis Felipe Costa, 30 anos, é formado em Análise
                                            de Sistemas.
                          Arquivo pessoal




                                            Ele explica que a sua rotina profissional no 4CMBR (Comunidade,
                                            Conhecimento, Colaboração e Compartilhamento dos Municípios
                                            Brasileiros), é centrada no apoio à implantação de Software Livre.


     Como foi o seu primeiro contato com o                           importância desse aplicativo para os procedi-
     BrOffice.org?                                                   mentos internos das prefeituras. O EDIDOC é
     Luis Felipe: Foi no início do projeto, em 2005.                 muito conveniente para os setores administra-
     Meu contato foi se estreitando a medida em                      tivos, que necessitam gerar documentos pa-
     que participava de eventos de SL, e na medi-                    dronizados e numerados sequencialmente.
     da em que fui desenvolvendo trabalhos de                        Ele facilita muito a organização, além de ser
     consultoria para os municípios.                                 poderoso na recuperação das informações.

     Qual o recurso do BrOffice.org que mais                         Para você, software livre é apenas uma
     impressiona ou que você considera impor-                        necessidade profissional?
     tante apresentar durante as consultorias?                       Luis Felipe: Não. Acredito muito que o SL é o
     Luis Felipe: Uma das coisas que me chamou                       melhor    caminho     para     as   soluções
     a atenção foi o desenvolvimento do EDIDOC,                      tecnológicas, dentro de uma visão em que
     software que gera documentação automática                       compartilhar conhecimento é o primeiro passo
     no BrOffice.org. Eu costumo ressaltar muito a                   para o desenvolvimento econômico e social


21 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                                   Novembro 2009
ENTREVISTA

     do Brasil. Por isso, também sou militante de      utilizados por outras prefeituras. Os Governos
     software livre há alguns anos e membro do         Municipais, Estaduais ou Federais não podem
     Software Livre Rio de Janeiro, o grupo de         destinar recursos várias vezes para comprar
     pessoas que apoiam o software Livre no esta-      uma mesma solução, que pode muito bem ser
     do.                                               adaptada para sua realidade local, porque o
     Qual é o custo da falta de planejamento           código está lá disponível e o conhecimento é
     para os municípios?                               livre.

     Luis Felipe: Sem um órgão, uma Secretaria         E qual é a melhor estratégia?
     de Informática, um gestor de TI e mesmo uma       Luis Felipe: É estar em comunicação com os
     equipe para esclarecer estes benefícios do        outros municípios, participar de eventos e
     uso das TIC's nos municípios a Prefeitura         congressos. Fazer "parte" desta rede
     acaba por gastar mais e ter menos resultados.     municipal para entender os problemas e
     Como fazer para iniciar um planejamento           soluções encontradas pelos seus "vizinhos" e
     sem precisar “reinventar a roda”?                 desta forma estar sempre de "olho vivo" nas
                                                       oportunidades que o Governo Federal vem
     Luis Felipe: É preciso aproveitar o trabalho      proporcionando. A formação de consórcios
     de    desenvolvimento    colaborativo   que       municipais também pode ser uma boa saída,
     municípios, como Fortaleza e outros mais          reduzindo    custos    que     podem     ser
     estão adotando. Investem verbas públicas no       compartilhados.
     desenvolvimento de softwares que podem ser

     Acesse o site do 4CMBr para participar da rede de relacionamentos dos municípios:
     http://www.softwarepublico.gov.br/4cmbr




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22 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                      Novembro 2009
REPORTAGEM                                            Por Rochele Prass



                                                                            uma finalidade determinada,
                                                                            mas acabam se engajando e
                                                                            passam a integrar as listas de
                                                                            discussões e se tornam
                                                                            colaboradores   em      tempo
                                                                            integral.
    BrOffice.org se prepara para receber
    mais de 3 mil participantes no IV                                       O objetivo da organização ao
                                                                            convocar voluntários, além de
    Encontro Nacional                                                       expandir as discussões sobre o
   O mais importante evento da           conferência. O modelo, bem         BrOffice.org, é aproveitar co-
   comunidade BrOffice.org já            sucedido, se repete novamente      nhecimentos e experiências in-
   começou para mais de 40 pes-          no IV Encontro Nacional BrOffi-    dividuais. Conforme Vera Ca-
   soas que estão envolvidas dire-       ce.org (EnBro) que, em 2010,       valcante, líder do Grupo de
   tamente nos preparativos do IV        acontece nos dias 15 e 16 de       Usuários BrOffice.org São Pau-
   Encontro Nacional BrOffice.org.       abril, em pontos de transmis-      lo (GuBro-SP), os eventos são
   O evento se realiza nos dias 15       são localizados nos estados        sempre um ótimo momento de
   e 16 de abril, mas para colocar       brasileiros.                       difundir informações sobre o
   toda essa estrutura a funcionar,                                         BrOffice.org, reunindo usuários
                                         Carlos Braguini, um dos orga-
   a equipe está trabalhando para                                           engajados no aprimoramento
                                         nizadores do evento, conta que
   que todos os detalhes, como a                                            do aplicativo, o que contribui
                                         a ideia surgiu da necessidade
   programação, a divulgação e o                                            para que a suíte de escritório
                                         de agregar. “Tínhamos a opção
   estabelecimento de parcerias,                                            aberta e gratuita seja uma op-
                                         de fazer igual a todos, ou seja,
   façam do Encontro um momen-                                              ção confiável e segura para
                                         reunir uma quantidade de pes-
   to de grande produtividade e                                             empresas e usuários domésti-
                                         soas em algum local e fazer um
   de aperfeiçoamento da suíte de                                           cos. "Este é apenas um exem-
                                         encontro presencial. Mas, atra-
   escritório aberta que já con-                                            plo de como as comunidades
                                         vés de videoconferência, tí-
   quistou mais de 12,5 milhões                                             de software livre conseguem se
                                         nhamos a possibilidade de
   de usuários no Brasil.                                                   articular para oferecer soluções
                                         reunir os principais desenvol-
                                                                            tecnológicas seguras", afirma
   Reunir mais de 3 mil pessoas          vedores da comunidade inter-
                                                                            Vera.
   para dois dias de discussões e        nacional, explica. Nesta edição
   troca de informações sem que          do Encontro, terá ao menos um
   isso represente custos e tempo        palestrante internacional que
   elevados para os participantes.       virá para o Brasil exclusivamen-
   Esse era um dos desafios do           te para participar do evento.
   BrOffice.org, que há quatro
   anos integra estudantes, gesto-       Mobilização
   res, desenvolvedores e público        Para fazer funcionar tamanha       http://www.broffice.org/anuncie_no_brofficeorg

   interessados em tecnologias           estrutura, é necessário um
   livres de todo o País. O cami-
                                                                            “Seu produto aos olhos
                                         grande envolvimento, aí é que
   nho encontrado está na própria
                                                                              de quem realmente
                                         entra o papel dos voluntários.
   tecnologia: encontro por video-                                                 entende”
                                         São pessoas que chegam para

23 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                                     Novembro 2009
REPORTAGEM
              Tenho a intenção de colaborar para melhorar a disseminação de software livre
              como o BrOffice.org - Luis Paulo Guimarães, 33 anos, desenvolvedor. Santa
              Isabel / SP.

              Pretendo colaborar com tudo que for necessário - Vanessa Laux, 28 anos, web
              design. Porto Alegre / RS.

              Quero colaborar na divulgação do evento e, possivelmente, organizando uma
              caravana em minha cidade para iO IV EnBro - Marcelo Massao, 34 anos, instrutor
              de Inclusão Digital. Silva Jardim / RJ.

              Meu objetivo é mostrar para as pessoas que há vários caminhos, existem
              softwares livres e que não é necessário pagar por um programa de computador e
              ele não ser realmente seu - Victor Augusto Zago Menegusso, 19 anos, estudante
              de Ciência da Computação. Curitiba / PR.


     Junte-se a nós
    As convocações seguem a pleno vapor. Ao juntar-se à equipe, você pode contribuir com suas ex-
    periências e exercitar suas competências, num espaço de ampla visibilidade nacional. Para se
    candidatar, mande um e-mail para os endereços abaixo, dizendo como você gostaria de colaborar
    para o IV Encontro Nacional BrOffice.org: luizheli@openoffice.org / carlosbraguini@openoffice.org
     / filhocf@openoffice.org

     Na rede
    Outra aposta que o IV EnBro está fazendo para se comunicar com integrantes da equipe de orga-
    nização e, sobretudo, com o público em geral, é nas redes de relacionamento. O Twitter, que vem
    se tornando uma das ferramentas de comunicação mais populares no Brasil, já conta com um pro-
    file do IV EnBro.
    De acordo com o líder nacional do grupo de usuários BrOffice.org, e um dos organizadores do
    Encontro, Luiz Oliveira, os resultados gerados a partir da divulgação por meio do twitter são imen-
    suráveis. “Postamos a informação lá e elas, rapidamente, repercutem entre centenas de pessoas,
    já que grande parte dos nossos seguidores replicam a mensagem no seu próprio profile, levando
    a informação para os seus contatos”, diz.

                                                   Seja um seguidor:

                           http://                                      .com/IVEnBro
24 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                        Novembro 2009
4 e 5 de dezembro de 2009

                                                    No mundo do software livre os interesses são
     Inscreva-se,                                   inúmeros e a melhor escolha é entrelaçá-los,
                                                    particularizando a pertinência e importância dos

       participe!                                   temas.

                                                    Qualquer pessoa pode entrar de peito aberto no
                                                    futuro sendo necessário apenas ouvir, apreender e
                                                    assimilar o que realmente interessa.
    www.conisli.org.br                              O conhecimento é o grande capital humano.


      4 e 5 de dezembro de 2009
      MIS – Museu da Imagem e do Som
      Av. Europa, 158-Jardim Europa, São Paulo,SP



                     John Maddog Hall, Sergio Amadeu
                                       Veja mais algumas atrações

      Presença das comunidades:
           BROffice.org, Firefox, Perl, Ruby, PHP, Java, Python
      Aplicação da prova de Certificação LPI pelo Maddog
          Festival de Cultura Digital – Apresentações musicais, Flamenco,
      Mágico e muitas outras atrações
          Encontro das Empresas no “Open Business”
25 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                Novembro 2009
      Fórum de Software Livre do Serpro - Regional São Paulo
DICA                                     Por Rubens Queiroz




     Auto preenchimento de dados
     no Calc
     A ferramenta de planilha eletrônica da suíte BrOffice.org oferece alguns recursos que, embora
     simples, facilitam bastante a vida dos usuários. Este artigo irá demonstrar algumas dessas faci-
     lidades.
     O Calc possui um recurso muito interessante de auto preenchimento de células que funciona
     para diversos tipos de dados. Por exemplo, se quisermos completar doze células com os me-
     ses do ano, basta escrevermos “Janeiro” na primeira célula, selecionarmos em seguida a célula
     preenchida e arrastarmos para baixo ou para o lado, que as células serão preenchidas com os
     meses subsequentes. Não precisamos parar em doze meses, podemos auto preencher quantas
     células desejarmos. O sistema automaticamente reinicia tudo após chegar no mês de “Dezem-
     bro”.




                                                       Figura 1
     No canto inferior esquerdo da célula contendo a palavra “Janeiro”, vemos uma pequena alça.
     Quando arrastamos esta alça para a direita (ou para baixo, se assim desejarmos), o Calc exibe
     automaticamente o valor do auto preenchimento para a última célula selecionada. As células se-
     lecionadas assumem um contorno vermelho. No nosso exemplo da figura 1, o último valor a ser
     selecionado é “Julho”. Ao soltarmos o mouse, as células assumem automaticamente uma
     sequência do valor iniciado em “Janeiro”.




                                                       Figura 2


26 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                       Novembro 2009
DICA

      Os valores de auto preenchimento não se restringem apenas a meses do ano. Podemos fazer o
      mesmo com números, datas, dias da semana, moeda.




                                                       Figura 3

      A forma de auto preenchimento aceita também abreviações:




                                                       Figura 4
      Na situação reversa, em que não desejamos que o Calc automaticamente preencha os campos
      com uma sequência, mas sim copiar um mesmo valor para múltiplas células, basta selecionar a
      célula desejada e pressionando simultaneamente a tecla <CTRL>, arrastamos o mouse até a úl-
      tima célula que desejamos preencher. O valor da primeira célula será então automaticamente
      copiado para todas as células. Outra forma de fazer isto é selecionar o valor desejado, copiar o
      valor da célula para a área de transferência (CTRL-C), selecionar todas as células para as quais
      desejamos copiar os valores, e colar o valor (CTRL-V). É só escolher a forma que mais lhe
      agrada.
      Mas ainda não acabou. Podemos fazer o auto preenchimento com mais de uma coluna. Na figu-
      ra 5, desejo criar uma sequência com os valores da coluna A1 (valor 1) e da coluna A2 (valor
      100). Basta selecionar as duas células e arrastar o mouse para a direita, até o ponto desejado.




                                                       Figura 5

27 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                       Novembro 2009
DICA

      Podemos ver o número 8, ao final do campo delimitado. Este é o valor que será assumido pela
      primeira célula selecionada. Ao liberar o botão do mouse, temos o resultado:




                                                                  IMAGEM

                                                       Figura 6
      Utilizamos neste exemplo apenas duas células, mas podemos utilizar muitas mais.
      Em todos os exemplos apresentados até o momento, utilizamos os recursos de auto preenchi-
      mento já definidos. Entretanto, podemos fazer as nossas próprias especificações. Para isto, no
      menu “Editar”, selecione a opção “Preencher” e em seguida “Séries...”.




                                                       Figura 7

28 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista                                      Novembro 2009
Revista BrOffice nº 9
Revista BrOffice nº 9
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  • 2. BrOffice.org Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma licença 2.5 Brasil Licença Você pode: copiar, distribuir, exibir e executar a obra criar obras derivadas Sob as seguintes condições: Atribuição. Você deve dar crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante. Uso Não-Comercial. Você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais. Compartilhamento pela mesma Licença. Se você alterar, transformar, ou criar outra obra com base nesta, você somente poderá distribuir a obra resultante sob uma licença idêntica a esta. ● Para cada novo uso ou distribuição, você deve deixar claro para outros os termos da licença desta obra. ●Qualquer uma destas condições podem ser renunciadas, desde que você obtenha permissão do autor. ● Nada nesta licença prejudica nem restringe os direitos morais do autor. Termo de exoneração de responsabilidade Qualquer direito de uso legítimo (ou "fair use") concedido por lei, ou qualquer outro direito protegido pela legislação local, não são em hipótese alguma afetados pelo disposto acima. Este é um sumário para leigos da Licença Jurídica (na íntegra). Condição de Atribuição DE: “By” A reprodução do material contido nesta revista é permitido desde que se incluam os créditos aos autores e a frase: “Reproduzido da Revista BrOffice.org – www.broffice.org/revista” em local visível. O BrOffice.org declara não ter interesse de propriedade nas imagens. Os direitos sobre as mesmas pertencem a seus respectivos autores/proprietários. Portanto, esta licença não se aplica a nenhuma imagem exibida na revista, e para utilização delas obtenha autorização junto ao autor respectivo.
  • 3. BrOffice.org Carta do Leitor Dê o seu recado 5 Índice Como nós... Fazemos o corretor CoGroo 6 Artigo O Software Livre e a Inteligência 8 do Gestor Público Reportagem BrOffice.org sai na frente no 11 processo de inclusão digital BrOffice.org se prepara para o IV EnBro 23 Entrevista BrOffice.org e o planejamento 21 Dica Auto preenchimento de dados no Calc 26 Barra de ferramentas para Broo 30 Tutorial Criando extensões basic 38 Resumo do mês Resumo 43
  • 4. EDITORIAL Colaboradores desta edição Redação: Fernando H. Leme Nova fase da Revista BrOffice.org Luiz Oliveira marcada pela mobilização de toda a Rochele Prass William Colen comunidade. Dicas e tutorial: Herbert de Carvalho Desafio é a palavra que marcou o início da edição nº 9 da Noelson A. Duarte Rubens Queiroz Revista BrOffice.org há apenas três semanas. Um tema Diagramação: instigante, o BrOffice.org nos municípios, precisava mais Eliane Domingos do que o ideal de fazer. Precisava de pessoas que Vera Cavalcante quisessem encarar o desafio e colocar a “Revista na rua”, Revisão: com uma edição que não poderia ser simplesmente para Carlos Antonio da Silva Eduardo Mundim constar. Queríamos uma edição marcada pela Fatima Conti excelência, que agregasse discussões pertinentes sobre Francival Lima o tema a que se propõe e conteúdo verdadeiramente útil. Jerusa Manfredini Netto Mazuco Luiz Fernando Carvalho Além, é claro, de mostrar aos leitores como o Paulo de Souza Lima BrOffice.org se estrutura para disponibilizar aos seus Pedro Ciríaco usuários um software de qualidade. Regina Souza Moraes Vera Cavalcante Nas páginas que seguem, além das dicas e tutorial, o Zamil Cavalcanti leitor poderá experimentar um momento de reflexão com Edição: o excelente artigo de Fernando H. Leme mostrando as Luiz Oliveira Rochele Prass vantagens da migração para software livre e BrOffice.org comunicacao@broffice.org em órgãos públicos. Na reportagem principal, Rochele Jornalista responsável: Prass nos traz informações precisas e atuais dos Luiz Oliveira – Mtb.31064 municípios brasileiros que passaram por migração luizheli@openoffice.org recente para software livre e BrOffice.org, além de Coordenador Geral BrOffice.org: análises, gráficos e entrevista que não deixam dúvidas Claudio Ferreira Filho filhocf@openoffice.org sobre a importância e aceitação da suite BrOffice.org nas Agradecimentos especiais: instituições brasileiras que em muitos casos passam 4CMBR primeiro pelo BrOffice.org antes de fazer uma migração Ministério do Planejamento total. Gnutech Gustavo Luiz Morais Estamos entregando uma nova revista. O leitor vai notar Escreva para a Revista BrOffice.org: as mudanças no visual, no nome, no cuidado pela revista@broffice.org excelência, mas uma coisa não mudou: para que essa Edições anteriores: revista fosse possível, várias pessoas da comunidade se www.broffice.org/revista mobilizaram; uniram-se para assumir o compromisso de O conteúdo assinado e as imagens que o integram são de inteira responsabilidade de seus respectivos fazer uma revista a altura da instituição BrOffice.org. A autores, não representando necessariamente a essas pessoas um agradecimento especial. opinião da revista BrOffice.org e de seus responsáveis. Todos os direitos sobre as imagens são reservados a seus respectivos proprietários. Boa leitura e não se esqueça de nos enviar comentários O que é o BrOffice.org e sugestões: revista@broffice.org. É o produto, ferramenta de escritório multiplataforma, livre, em bom português, desenvolvido sob os termos Luiz Oliveira da licença LGPL, composto por editor de texto, plani- luizheli@openoffice.org lha de cálculo, apresentação, matemático e banco de dados, mantido pela comunidade e ONG, que trabalha para a difusão do SL/CA no País. Desenvolvimento Esta revista foi elaborada no BrOffice.org, editor de texto, planilha eletrônica, apresentação e, agora, dia- gramação.
  • 5. CARTA DO LEITOR http://www.flickr.com/photos/mbgrigby/2992682938/sizes/s/ Esta é a sua seção! Na “Carta do Leitor”, você pode tirar dúvidas sobre o BrOffice.org, seja produto, comunidade ou desenvolvimento, enviar críticas ou sugestões que possam enriquecer ainda mais a nossa revista. Envie um email para revista@broffice.org participe. Olá, Sou jornalista e responsável pela revista COM- A todos da equipe, parabéns! MAND.COM, uma publicação lançada bimestral- É a primeira vez que leio a revista e adorei a edi- mente em bancas de jornais e livrarias há mais de ção 08, mais especificamente o artigo sobre o 4 anos pela editora Escala. Tive o prazer de co- formato ODF. A carta de Ana Paula Vasconcelos, nhecer o trabalho que vocês fazem com a revista que cita a dificuldade na migração para o BrOO na digital BrOffice.org. Há dois anos, aproximada- empresa, me chamou atenção porque também mente, venho fechando parcerias com profissio- lido com problema semelhante. nais que realizam projetos similares, a fim de dis- Creio que esses processos de migração devem tribuir GRATUITAMENTE, suas revistas digitais ser apoiados com informativos bem objetivos so- através do CD-ROM brinde da minha publicação. bre Software Livre e o formato ODF, enfocando Acredito que este tipo de parceria fornece mais sua utilidade e não o custo. conteúdo para os meus leitores e, por outro lado, amplia a audiência dos leitores de sua publicação Denis Dobbin online. Gostaria de saber se posso incluir as duas edições de sua revista digital na próxima COM- Estou muito grato pela revista Broffice.org. É mui- MAND.COM. to instrutiva e valoriza o Broffice.org. Estou a es- Alessandro Treguer pera de novas edições. Luciano Souza Olá Alessandro, A equipe BrOffice.org entrará em contato com Luciano, você para saber mais sobre esta parceria e Muitos colaboradores estão se envolvendo desde já agradecemos o interesse. para que tenhamos uma produção constante da nossa revista. Esperamos continuar ofere- cendo o melhor que a comunidade BrOffi- ce.org tem a oferecer a todos, além do nosso produto, a suíte para escritórios livre mais usada do mundo. Lembrando que a comunida- de tem vários projetos que podem receber con- tribuições variadas. Visite o nosso portal e saiba muito mais sobre os projetos da comu- nidade: http://www.broffice.org 5 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 6. COMO NÓS... Por William Colen O Corretor Gramatical CoGrOO é composto de centenas de re- gras de erros, possui um dicio- nário com centenas de milha- res de palavras e é capaz de classificar o texto morfossintati- camente. Como foi a criação ...fazemos o dessa poderosa extensão do BrOffice.org? Tudo começa com uma neces- sidade. Em 2003, o idealizador corretor do CoGrOO, Carlos Menezes, já notava que diversas institui- ções públicas migravam para a suíte de escritórios BrOffi- gramatical ce.org. No entanto, profissio- nais da área já enumeravam algumas funcionalidades que o BrOffice.org não tinha, e uma CoGrOO bastante importante era a au- sência de um corretor gramati- cal. Foi então que Carlos Menezes, pesquisador de linguística computacional, se uniu a ou- tros pesquisadores e inscreve- ram a ideia do CoGrOO no Edi- tal de Software Livre promovido pela FINEP, fundação federal que apoia projetos estratégicos este foi um dos quase 50 proje- tos aprovados que recebeu re- cursos financeiros por um ano. 6 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 7. COMO NÓS... Um laboratório da Escola Poli- mais limpa, inclusive com direi- Centro de Competência em técnica da USP foi equipado to ao sublinhado ondulado azul Software Livre do IME/USP. para sediar o projeto. Colabora- quando um erro fosse detecta- Dentre as atividades em anda- ram com o trabalho quase 20 do. Em 2007, a segunda gran- mento, estão a conversão do profissionais e alunos de inicia- de versão do corretor gramati- modelo de desenvolvimento do ção científica. cal foi lançada, desta vez, pro- CoGrOO para que efetivamen- Apesar do financiamento ter gramada em Java. Agora ele te siga a definição de Bazar durado apenas um ano, foi o era um pouco mais facilmente segundo Eric Raymond, em suficiente para o lançamento instalado, já que não dependia que todos pudessem colaborar do CoGrOO 1.0 em maio de mais do ambiente Perl, e ainda com o projeto. 2006. o instalador foi reduzido de O CoGrOO ainda está sendo aproximadamente 25 MB para revisado para a novo acordo Os maiores desafios dessa apenas 5 MB. fase foram: o desenvolvimento ortográfico e sofrendo uma da tecnologia de análise de tex- Infelizmente, em meados 2007 nova revisão de arquitetura, de to; a criação das regras de er- o projeto ficou perigosamente forma que seus módulos sejam ros, concebidas pela professo- sem colaboradores. Apenas bem delimitados, permitindo ra Sueli Uliano; e a primeira Carlos Menezes e William Co- sua portabilidade, e ainda su- versão da integração do corre- len ainda ajudavam usuários porte a outros idiomas. tor gramatical com o BrOffice do projeto no fórum, e investi- O que esperar do futuro do pro- .org, que foi a primeira com o gavam e corrigiam problemas. jeto? Isto vai depender da co- código aberto do mundo. munidade. Entre as possibili- Em agosto de 2008, com a no- dades, estão análise semântica Com o financiamento chegan- tícia do próximo lançamento do do ao fim, o projeto corria o ris- para detecção de erros do tipo: BrOffice.org 3.0 com a API para “Joana chegou. Sairei com ele”. co de ser abandonado. No en- corretores gramaticais, o de- tanto, alguns dos colaborado- Nesse caso, O CoGrOO indica senvolvedor William Colen ini- o erro de concordância nomi- res continuaram trabalhando ciou uma corrida para reorgani- voluntariamente. nal. Outras possibilidades seri- zar o código para o lançamento am permitir personalizações Ainda em 2006, Bruno Sant'a- em novembro. Foi um grande das regras e dos dicionários nna conseguiu apoio do Google sucesso, já que pela primeira mais facilmente, e ainda a cria- Summer of Code para, numa par- vez a instalação era bastante ção de um eficiente sistema de ceria entre o CoGrOO e o pro- simples, e a usabilidade muito relatórios de erros. jeto internacional OpenOffi- melhorada com a nova API. ce.org, desenvolver um protóti- po da API para verificação Finalmente em 2009 o projeto gramatical dentro do próprio já fazia bastante sucesso, man- núcleo OpenOffice.org. O proje- tendo em média quatro mil to foi bem sucedido, e graças a downloads por mês. No entan- ele, a partir do BrOffice.org 3.0, to, o projeto continuava carente a integração entre o CoGrOO e de colaboradores. Foi então o BrOffice.org passou a ser que o trabalho foi adotado pelo 7 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 8. ARTIGO Por Fernando H. Leme Há poucos anos, essa conver- sa faria pouco sentido. Num mundo plenamente físico, de papéis datilografados e pro- cessos acumulados em arqui- vos reais e empoeirados não há discussão sobre a natureza da gestão da informação. Este mundo, em vias de extinção, O Software Livre e abriu caminho a outro em que há arquivos digitais lá e cá, em que os tribunais se encarregam a Inteligência do de disponibilizar seu material pela internet e em que os me- canismos de gestão ou simples Gestor Público administração cotidiana produ- zem-se e encontram-se todos alicerçados em uma estrutura de informática e computação. Neste mundo não havia alter- nativas ao usuário comum. Sempre houve necessidade de recorrer aos sistemas operaci- onais “fechados”. Diz-se “fe- chada” toda propriedade inte- lectual, cujo código-fonte é ina- cessível e cuja cópia, distribui- ção ou simples uso são defe- sos ao que não adquire a li- Professor de música, escritor e cença para tanto. estudante de Direito. Arquivo pessoal Particularmente influenciado por questões relativas ao software e cultura livres, economia e filosofia do direito. Escreve regularmente para o blog fernandohleme.wordpress.com 8 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 9. ARTIGO A Microsoft, empresa de Bill Gates, lucrou cifras que fazem inveja ao simples exportador de http://www.flickr.com/photos/ryyo/41609610/sizes/o/ comoditties minerais (que por sua vez já aufere ganhos con- sideráveis) por que fez uso de sua posição de único sistema amplamente difundido tornan- do-se um quase monopólio para pc's de uso doméstico e empresarial. Sua grande vantagem consistia no fato de que seu grande competidor, o Macintosh da Apple, de Steve Jobs, se base- ava num modelo ainda mais “fechado”. A empresa de Jobs A opção por Software Livre é o caminho que garante melhor produzia a parte física e a parte utilização dos recursos públicos. lógica de seus equipamentos, que a condenou por abuso de Dada a impossibilidade da se- criando produtos tecnicamente posição dominante no mercado gunda hipótese quando se trata competentes, porém economi- a pagar uma multa de R$ 1,3 da coisa pública (Lei no. camente proibitivos ao grande bi. Tal entendimento é o de 10.695/03), o gestor de boa-fé público. que, de acordo com a lei anti- se via obrigado a gastar parte Valendo-se da ampla populari- truste, a Microsoft deveria per- importante de seus recursos na zação do chamado computador mitir que outros desenvolvedo- aquisição de tais licenças. Aí pessoal (sistema que por sinal res tivessem acesso a determi- entra o software livre. Software opera por meio de padrões nadas partes de seu código Livre é aquele que pode ser ob- abertos - os “standards” - atra- para que fosse possível cons- tido, copiado, alterado e distri- vés do qual inúmeras empre- truir software que operasse tão buído sem custos. Pede-se aos sas podem produzir material bem no Windows quanto ope- desenvolvedores, no entanto, para construir computadores ram o Microsoft Office e o Win- que retribuam à comunidade usando as mesmas configura- dows Media Player, por exem- seu esforço no desenvolvimen- ções - chave de interoperabili- plo. to disponibilizando, mais uma dade, criando competitividade Esse cenário sempre pareceu vez as alterações feitas de e reduzindo os custos ao con- monstruoso ao observador modo a contribuir com a evolu- sumidor final) a Microsoft ter- atento. Qualquer usuário em ção do sistema como um todo. minou por dominar o mercado qualquer computador se vê Software Livre não é, portanto, e impor, estratégias comerci- preso a ferros em uma estrutu- simplesmente gratuito . Softwa- ais, que recentemente têm sido ra na qual ele só entrará atra- re Livre é aquele que devolve duramente atacadas. Como é vés de um custo financeiro ao usuário o poder de decisão o caso da União Européia considerável ou pela pirataria. sobre seu equipamento e for- 9 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 10. ARTIGO mato. http://softwarelivre.gov.br Não se sabe de uma determinada administração, setor ou (e provavelmente o cálculo surpreenderá a to- Estado, transformando-os todos em reféns de dos) o quanto o setor público desperdiçou sua lógica empresarial-mercantilista. Uma com o chamado software “proprietário”. En- simples alteração no formato padrão em que quanto não houvessem alternativas, tal des- se devem salvar os documentos de determi- perdício seria escusável. Hoje, Sistemas ope- nado órgão público traria imediatamente de racionais baseados em Linux têm sido o obje- volta a segurança que se espera dos seus do- tivo de todo gestor inteligente. Engana-se, cumentos. quem pensa que se trata de alguma novidade. Muitos têm iniciado sua caminhada nesta di- Servidores de internet rodam Linux há muito reção. O Banco do Brasil economizou R$ 20 tempo. Quem usa email usa software livre milhões nos terminais da instituição com o uso sem saber. Servidores de sistemas bancários de Software Livre. O Metrô de São Paulo eco- também usam Linux e a lista pode ir longe. nomizou outros US$ 900 mil com a mesma Mas por quê? medida. A economia é um fator importante. Cada ór- O Estado do Paraná, além de uma política gão público que economiza dinheiro de in- clara de adoção de Software Livre, estabele- formática e investe em treinamento, capaci- ceu como formato preferencial o ODF (Open tação, segurança e celeridade merece respei- Document Format, ou formato de documento to e admiração. Mas neste caso nem tudo é aberto, a opção ao .doc). Pelo mesmo cami- diretamente aferível em moeda. As diferentes nho seguem países como o Equador e a Ho- distribuições Linux, dadas algumas caracterís- landa, que adotaram o SL como Política de ticas de sua estrutura lógica, são reconheci- Estado. das por profissionais da área como sendo Qualquer gestor sério da coisa pública deitará mais estáveis, seguras, isso considerando seu os olhos sobre a questão e iniciará sua pró- uso normal. Soma-se a isso o fato de que pria caminhada em direção a uma gestão computadores que usam Linux são imunes a inteligente no que se refere à qualidade, cus- vírus. Só neste aspecto, portanto, há uma se- tos e segurança de sua tecnologia da infor- gunda economia, computadores que estra- mação. gam menos passam menos tempo em assis- tência técnica. Computadores sem vírus são o sonho de quem trabalha com arquivos impor- tantes ou sobre os quais opera segredo de justiça. Por último existe a segurança dos formatos. Todo arquivo salvo, por exemplo, no Microsoft Word, é salvo no formato padrão do programa (a saber, o “.doc”), que é um formato fecha- do, sobre o qual não existe documentação e http://www.broffice.org/investimos que pertence a uma única empresa, cujos fins podem ou não coincidir com os interesses 10 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 11. http://www.flickr.com/photos/mappix/218637089/sizes/o/ REPORTAGEM Por Rochele Prass A necessidade da inclusão digital para o desenvolvimento social, educação e conhecimento no Brasil é indiscutível. Mas ainda é uma realidade um tanto quanto distante para milhares de brasi- leiros. Segundo pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil divulgada em maio de 2009, de um universo de 20.020 domicílios entrevistados, somente 28% dos lares localizados em centros urbanos possuem computador para o uso da família. Na área rural, o número chega a apenas 8%. O custo elevado para a compra de equipamentos de informática é o principal motivo, conforme 75% dos entrevistados. A falta de habilidade representa 29%. Somente 18% dos domicílios de área urbana possuem internet. Na zona rural, o índice é de 4%. Dentre os motivos apontados, o custo representa 54% e a falta de rede é a dificuldade para 17%. E é diante desse quadro que a necessidade mostrando que se trata de uma solução apro- de os municípios brasileiros estarem atentos priada para a disponibilização de recursos de ao processo de inclusão digital toma sentido informática. e reforça a importância do desenvolvimento “O BrOffice.org cumpre o papel de mostrar de softwares livres, como o pacote de escritó- aos usuários que computador é uma ferra- rio BrOffice.org. Conforme explica o coorde- menta de trabalho, ou seja, aprender a usar nador do Programa de Apoio Tecnológico aos um editor de texto ou uma planilha eletrônica Municípios Brasileiros, o 4CMBr, Luis Felipe sem ficar preso a um único software de de- Costa, existem várias iniciativas para promo- terminada empresa”, argumenta. Segundo ver a inclusão digital. O 4CMBr, subordinado ele, quem é incluído digitalmente com o uso ao Ministério do Planejamento, por exemplo, de ferramentas livres tem a possibilidade de tem mais de 1.500 representantes de municí- manipular qualquer outra. Além de destacar pios que atuam na divulgação do BrOffice.org, que a migração para o software livre 11 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 12. REPORTAGEM promove difusão do conhecimento, Luis Felipe progrediu consideravelmente nos últimos salienta que o BrOffice.org é uma alternativa anos, desde a época do COMSOLI - Consór- importante para promover o aprendizado cio de Municípios em Soluções Livres até o usando a língua nativa dos usuários. surgimento do 4CMBr. “Uma prova deste Para o professor do Departamento de Infor- crescimento foi o Encontro Nacional de Tecno- mática e Estatística da Universidade Federal logia da Informação, promovido pelo Ministé- de Santa Catarina José Eduardo De Lucca, o rio do Planejamento em Brasília”, afirma. O BrOffice.org é o ponto de partida para todo evento reuniu cerca de 1.500 pessoas, entre processo de informatização. “A evolução cons- Prefeitos, secretários e técnicos de TI. O co- tante do BrOffice.org é fundamental para a ordenador destaca que as salas de palestras aceitação de praticamente todo software livre sobre BrOffice.org e ODF tiveram lotação má- posteriormente”, explica. xima. Evidentemente, existem barreiras quando se Há, ainda. o aspecto econômico, uma vez trata da migração de modelos proprietários que, por ter código aberto, software livre não para abertos. “Resistências existem, mas não tem custos com licenças. “Trata-se de investir é diferente da resistência natural de qualquer em inteligência nacional, economizar verbas mudança de mentalidade. Ela vem principal- públicas sem o pagamento de royalties para mente dos usuários que durante anos apren- empresas estrangeiras. A adoção de tecnolo- deram a usar somente uma tecnologia”, escla- gias abertas gera renda para a população lo- rece. cal, o que reforça os aspectos positivos na adoção do BrOffice.org nas ações de inclusão O ponto de vista é compartilhado pelo profes- digital”, afirma. Conforme o coordenador do sor De Lucca, que considera as resistências 4CMBr, provavelmente os projetos de inclusão inerentes a qualquer processo de mudança digital ficariam inviáveis se os gestores públi- organizacional, assunto que é objeto de estu- cos tivessem de investir em softwares proprie- do de áreas como administração e psiclogia. tários. “Tem a ver, em alguns casos, com a zona de conforto em que os usuários se encontram”, diz. O professor lembra que muitas organiza- conhecer é o ções ainda acreditam que, ao substituir uma ferramenta com a qual os usuários estão primeiro passo acostumados, haverá perda de produtividade. Conforme o coordenador do Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios Brasileiros, o investimento em treinamento é fundamental Mostrar resultados e funcionalidades que um para o sucesso da migração, e funciona as- software pode gerar para a comunidade é o sim para qualquer novidade. Ele cita que a primeiro passo dado pelo Ministério do Plane- mudança de consciência se dá a partir da ela- jamento para conscientizar os gestores muni- boração de um Plano Diretor de TI, o chama- cipais. Conforme Luis Felipe, o trabalho do do PDTI, a demonstração de documentações 4CMbr é justamente o de oferecer consultori- tratando do uso de software Livre, tais como o as. O coordenador afirma que o processo Protocolo Brasília, o GUIALIVRE e a arquite- 12 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 13. REPORTAGEM tura de padrões de interoperabilidade e-PING, mum na realidade de diversos municípios. A desenvolvidos pelo Governo Federal. Os ca- consequência é um planejamento baseado no sos de sucesso acabam se tornando a argu- comodismo. Fica prejudicada também a trans- mentação que mais vale para os gestores, ferência de tecnologia e conhecimento, tor- explica Luis Felipe. nando a administração cada vez mais refém de serviços paliativos. O planejamento E há também a falta de recursos – humanos Quaisquer ações, das mais simples às mais e financeiros. “Muitas vezes, a prefeitura não complexas, necessitam de uma estratégia possui um corpo de funcionários qualificados para que os resultados apareçam. E não é di- para elaborar um projeto. Diante disso, encon- ferente quando se trata de tecnologia. Mas tra dificuldades em obter verba. E, sem pro- nem sempre isso é fácil para quem está ocu- jetos e recursos financeiros, o trabalho se tor- pado com assuntos como saúde, educação e na mais difícil ainda”, diz Luis Felipe. A saída segurança, conforme explica Luis Felipe. “Ge- que aponta é investir nos funcionários públi- ralmente os gestores não têm muito tempo cos em todos os setores. para "planejar" ações de melhorias tecnológi- Para De Lucca, a melhor solução é o inter- cas e não percebem que o investimento em câmbio de experiências: “Informar-se como tecnologia pode ajudar a resolver os proble- gestores públicos de outros municípios enfren- mas de todos os setores. Sem planejar, gasta- taram problemas semelhantes é, na minha se muito mais e o resultado é bem menor”, opinião, a melhor solução”. Ele ressalta que, explica. no debate entre pares, normalmente não há interesses escondidos. “Ao conhecer casos de Conforme o professor De Lucca, para os ad- sucesso (e de insucesso, por que não?) de ministradores públicos, as possibilidades de outras cidades, o gestor pode ter mais confi- experimentação são bastante restritas. “O ança em suas decisões”, completa. principal problema que o gestor municipal en- frenta é o de não poder errar. Ele tem uma margem de erro muito pequena, pelos orça- DOMICÍLIOS COM COMPUTADOR mentos apertados e pelas perspectivas de re- 100% 80% solver rapidamente os problemas”, afirma. 60% Uma política de TI bem planejada pode dar 40% mais tranquilidade aos gestores que precisam 20% tomar decisões. Isso inicia pela elaboração do 0% Área urbana Área rural Total PDTI, que reúne todos os dados estratégicos Sim Não do órgão. A partir dessa análise, as chances de sucesso se tornam maiores. Conforme Luis Felipe, a etapa seguinte, a busca de financia- Longe das Capitais mentos, chega naturalmente. O principal erro O afastamento dos grandes centros urbanos no processo, afirma o coordenador do 4CMBr, ou a falta de uma articulação local para a é a falta de uma busca precisa e clara sobre ampliação de horizontes pode até ser as soluções existentes para questões em co- considerado um problema tradicional para o 13 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 14. REPORTAGEM processo de busca de soluções tecnológicas, ras liberdade em relação a produtos e forne- como explica o professor De Lucca. Mas ele cedores, pois os softwares livres adotam pa- pondera: “Com a integração que a internet drões abertos e dão ao usuário a possibilida- proporciona, cada vez mais os municípios es- de de escolha do prestador de serviço, a tão se conversando, debatendo e conhecendo qualquer momento. opções livres. Na opinião de Luis Felipe, ainda falta às em- E esse é o caminho que De Lucca sugere presas prestarem atenção aos novos nichos para os pequenos municípios, onde, muitas de mercado e ao tão falado espírito inovador vezes, não há público e comunidades atuan- no mundo dos negócios. “Os prestadores de tes para realização de encontros e grupos de serviço devem observar os novos caminhos estudo. “O compartilhamento de conhecimen- que a tecnologia traz em diversos setores da to, o debate em busca de soluções conjuntas sociedade”, diz. Ele cita que a remuneração extrapola os limites das instituições municipais pelo trabalho, pelo serviço prestado em co- e os limites municipais. Por isso, listas de dis- nhecimento livre, e não monopolizado, deveria cussão, redes sociais e grupos de interesse, ser uma das maiores apostas das empresas. como o 4CMBr, são pontos de apoio funda- Em sua opinião, a divulgação de informações mental”, explica. e novas redes de colaboração e capacitação Acostumado à realidade das pequenas cida- de profissionais é a saída para proporcionar o des, o coordenador do 4CMBr lembra de um desenvolvimento sustentável das tecnologias importante detalhe: “Os municípios são os lo- abertas: “A união e a força deste ecossistema cais onde o cidadão acessa as políticas públi- é que possibilita a implementação cada vez cas que interferem diretamente na sua vida”. maior de programas de código aberto nas pe- E esse é o papel que o Portal do Software quenas cidades espalhadas pelo Brasil”. Público Brasileiro busca cumprir, na tentativa de viabilizar um modelo econômico capaz de DOMICÍLIOS COM INTERNET incentivar o desenvolvimento. “O 4CMBr vem 120% 100% incentivando os municípios a se organizarem 80% em torno de uma grande comunidade”. A ideia 60% é envolver toda o município, inclusive o setor 40% 20% privado. “Buscamos apresentar formas de 0% contratações capazes de melhorar a gestão, Área urbana Área rural Total dando oportunidade para os novos talentos Sim Não locais”, explica. Além dessas dificuldades, a carência de mão Inclusão digital: de obra qualificada é outro obstáculo que De Lucca cita. “O comprometimento de uma pre- Inclusão de pessoas feitura, por exemplo, com determinada solu- A despeito de todas as ações empreendidas ção informática é uma decisão muito sensível rumo à democratização da tecnologia, é e, se a escolha for incorreta, o custo pode ser consenso que o trabalho está apenas no muito alto”. As soluções livres dão às prefeitu- início. O Ministério das Comunicações, por 14 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 15. REPORTAGEM exemplo, já investiu R$ 134 milhões para dis- se fala em software livre? Para o professor De ponibilizar a 5.354 municípios pelo menos um Lucca, não resta dúvida de que o professor é kit telecentro, composto de 10 computadores, a variável fundamental nessa equação. Con- câmera de monitoramento, impressora, apare- tudo, ele lembra que, na realidade educacio- lho de projeção, além de mesas e cadeiras. nal brasileira, a postura dos ensinadores nem sempre é a ideal. “Acaba variando entre a ne- A montagem do telecentro se dá por meio de gação da utilidade da tecnologia, pelo medo parcerias com as prefeituras, cuja contraparti- do desconhecido, principalmente quando con- da é disponibilizar o espaço e arcar com des- frontado com estudantes que já dominam a pesas de água, luz e outros. O acesso à inter- tecnologia com maior maestria do que eles”, net também é cedido pelo Ministério gratuita- analisa De Lucca. mente. As máquinas rodam software livre, op- ção que se dá em razão de segurança e de- Para ele, a inclusão digital dos professores e sempenho, além de tornar o projeto viável de suas disciplinas demanda planejamento e economicamente. apoio pelos órgãos competentes. Isso inclui considerar a sobrecarga de responsabilidades Mas esse investimento não é suficiente se os que têm, sobretudo no setor público. “Sem gestores e a sociedade não se preocuparem apoio dos órgãos e entidades que pensam es- com algo mais simples, porém não menos de- tratégias para a educação, os professores têm safiador. “O que chamamos hoje de inclusão sérias dificuldades em conhecer e colocar em digital ainda é, infelizmente, só um processo prática ferramentas de software que poderiam de "digitalização". Colocam-se computadores, ser muito úteis, desde softwares específicos infra-estrutura de rede e internet, mas não se educacionais até suítes de produtividade preparam os usuários nem o cidadão. No fi- como o BrOffice.org”, afirma. nal, o investimento não dá o resultado espe- rado, porque ficou limitado ao básico, sem Para De Lucca, O BrOffice.org pode ser uma considerar o mais importante: as pessoas”, forma de introduzir o conhecimento sobre opina o professor De Lucca. software livre nas instituições de ensino. Ele defende que o processo pode muito bem ini- Educação e tecnologia ciar pelo uso do aplicativo para a elaboração de textos, planilhas e apresentações. Além disso, há uma série de componentes, como os dicionários temáticos, o Vero (primeiro corretor lançado adaptado à reforma ortográfica da Arquivo pessoal língua portuguesa) e o corretor gramatical. “Também para auxiliar nas atividades didáti- cas, em projetos que demandem criatividade, organização de ideias, pesquisa etc”, finaliza Cada vez mais, os recursos tecnológicos De Lucca. estão a serviço da Educação. Entretanto, qual tem sido a atitude de educadores frente ao ensino de tecnologia, sobretudo quando 15 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 16. REPORTAGEM Os municípios contam http://www.flickr.com/photos/stephenm/148400367/sizes/o/ as suas histórias A revista fez um roteiro pelo Brasil, através das redes de relacionamento, para mostrar ao leitor ações que os municípios vêm empreendendo para incentivar o uso do BrOffice.org e do software livre. São histórias de qualifi- cação de usuários, de inclusão digital, mas são histórias, sobretudo, de inves- timento em pessoas. Licínio de Almeida, Cordeiros, Piripa e Mor- alunos.” Houve um único caso de uma tugaba – Sertão Baiano professora que resistiu, mas não por achar ruim, e sim por comodismo, já que havia A triste realidade dos municípios do Sertão aprendido informática usando softwares Baiano começou a ser mudada a partir do proprietários. empenho do coordenador e idealizador do Os objetivos do coordenador, de promover Projeto Aula Modelo, Rômulo Vinfield Gomes educação juntamente com inclusão digital, Ribeiro. O caçula do projeto é o município são atingidos através de atividades dirigidas Licínio de Almeida, que é atendido há um para crianças a partir dos 4 anos, seguindo mês. O professor, hoje mestrando em por todas as faixas etárias. “No intuito de Ciências Educacionais, passou pela mesma angariar elementos que viessem a dar corpo falta de perspectiva que boa parte da ao meu projeto, tive acesso aos softwares comunidade enfrenta durante o período do linux Educacional, BrOffice.org, Gcompris e Ensino Básico. Entretanto, mesmo tendo Ekaaty Educacional, que juntos proporcionam começado a graduação em Ciências da uma harmoniosa integração do aluno e Computação sem esperança de conclusão, professor”, explica ao enfatizar a importância encontrou uma forma de mudar o cenário: de educação e informática serem requisitos “Com o passar dos meses, inciaram-se várias fundamentais para o desenvolvimento alternativas e sonhos. Vendo o que a humano. informática me proporcionou depois que a Para desenvolver as atividades, são 63 conheci, isso se refletiu em propostas para computadores, sendo 21 em uma casa da erradicação do analfabetismo digital nessas comunidade. Todos os alunos da rede pública localidades, que é quase 99.9%”, conta. dos municípios são beneficiados. O E foi justamente por isso que Rômulo não orçamento, de R$ 262 mil para dois anos, enfrentou resistência alguma: “Quando não se inclui salário dos professores e técnicos, com tem contato com Software Proprietário no deslocamento, alimentação e hospedagem início do aprendizado, tudo é aceitável para os além da montagem dos laboratórios. 16 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 17. REPORTAGEM O projeto, realizado em parceria entre entre já têm turmas novas com os pais de alunos da prefeituras, Proinfo, Secretaria de Ciência e escola e de outras instituições de ensino do Tecnologia e o Instituto Anísio Teixeira, só se bairro. tornou viável a partir do uso de software livre. Para superar as resistências, o caminho que Hoje, a reflexão da comunidade sobre tecno- eles seguiram foi o de incentivar a experimen- logia só poderia ser uma, conforme explica tação ."Os professores conseguiram identificar Rômulo: “Todos percebem que através da in- a lógica do uso que já vinham fazendo, sem formática mais uma barreira da desigualdade uma grande curva de aprendizado para pas- foi quebrada." sar a usar o BrOffice.org", explicam. Outra ex- periência que trazem é a migração para o BrOffice.org nos computadores que os profes- sores usam para as suas rotinas de trabalho. A receptividade tem sido boa, garantem. "Os professores querem "fazer seu trabalho" inde- pendente do software que está sendo usado. Crédito: divulgação Entretanto, dificuldades de compatibilidade têm impedido uma adoção 100%", ressalvam. A estrutura da escola conta com 20 computadores para o uso dos alunos, todos com BrOffice.org. Mais três máquinas são exclusivas para os professores. Ao todo, mais Porto Nacional - Tocantins de 120 pessoas são atendidas. A expansão do atendimento para toda a comunidade deve Os professores do Curso de Ensino Médio In- aumentar o número de beneficiados em seis tegrado - técnico em Informática, Givaldo Fer- vezes em 2010. Para desenvolver o projeto, reira Corcinio Junior e Brunno Franklin de os professores usaram a estrutura de Lima Alves, precisavam atingir o objetivo de hardware já existente. Sem software livre, formar mão-de-obra para um setor em expan- garantem, seria inviável. são e extremamente carente: o suporte ao usuário e manutenção de micros. O curso, Duque de Caxias – Rio de Janeiro que é público, e tem quatro anos de duração, Em Duque de Caxias, município localizado na conta com aproximadamente 100 alunos nas Baixada Fluminense, Região Metropolitana do turmas de 2º e 3º anos. Rio de Janeiro, a inclusão digital é sinônimo Os professores perceberam que era necessá- de capacitação profissional para a geração de rio compartilhar com colegas conhecimentos emprego e renda. Usando exclusivamente sobre software livre e formaram uma turma pi- software livre, mais de 50 mil alunos já loto com professores que se dispuseram a receberam treinamentos de informática básica conhecer o BrOffice.org. "A repercursão posi- e avançada. O projeto, desenvolvido pela tiva nos incentivou a transpor as barreiras da Fundação de Apoio à Escola Técnica, Ciência, escola", dizem Givaldo e Brunno. Agora, eles Tecnologia, Esporte e Lazer, Cultura e Políti- 17 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 18. REPORTAGEM cas Sociais (Fundec), mantido pela prefeitura ções, com 10 máquinas. Todos usam software desde 2005, estrutura cursos de 56 horas aula livre. A Coordenadora Geral dos Telecentros, nos Centros Avançados de Ensino Renata Fernandes Dias Coelho, conta que o Profissionalizante. Os professores são uso de programas de código aberto teve profissionais da área de Tecnologia da resistências iniciais, em função de os usuários Informação contratados pela Instituição ou terem sido acostumados com plataformas através de convênios firmados entre fechadas. Mas, no decorrer do uso, a instituições públicas de ensino. adaptação deslanchou e hoje os aplicativos OpenOffice.org e BrOffice.org fazem parte do Silva Jardim – Rio de Janeiro cotidiano dos usuários. A prefeitura investiu na locação de salas, climatização, arca com a A Prefeitura de Silva Jardim desde 2002 utiliza remuneração de cinco funcionários, taxas de somente suítes de aplicativos para escritório luz, água e telefone, além dos suprimentos. livres. O processo teve início quando eram no Além disso, o poder público investe nos máximo 50 máquinas em toda a Prefeitura, funcionários, custeando viagens para cursos e conforme conta o professor de Inclusão Digi- seminários. Conforme Renata, os projetos só tal, Marcelo Massao. A primeira experiência foi são possíveis pelo uso de software livre. com a versão 1.0 do OpenOffice.org, usada por bastante tempo. Em 2003, chegaram as primeiras instalações do BrOffice.org. A princi- pal motivação para a migração estava relacio- nada ao custo de implantação ou atualização de uma solução proprietária. No início, houve Crédito: divulgação resistência de usuários, que foram se acostu- mando aos poucos - a produtividade e o custo zero compensavam. Hoje, completamente aceito, o BrOffice.org está em 250 máquinas da prefeitura e a comunidade passou a co- nhecer outro benefício da migração: o formato aberto de documentos. Natal – Rio Grande do Norte Felixlândia – Minas Gerais A professora de Ciências da Computação da Em Felixlândia, município de 14 mil habitan- Universidade do Estado do Rio Grande do tes, cerca de 600 pessoas por mês são bene- Norte, Gláucia Melissa Medeiros Campos, ficiadas com cursos de profissionalização e de conta que o Projeto Qualificação Tecnológica locais de acesso a equipamentos de informá- para Professores e Estudantes de Escola Pú- tica desenvolvidos pela prefeitura. Dois tele- blica do RN surgiu a partir da necessidade de centros montados pela Secretaria Estadual qualificar usuários de Tecnologias da Informa- de Ciência e Tecnologia disponibilizam 10 ção no estado. “Infelizmente, muitas pessoas máquinas e um terceiro local foi montado com ainda se restringem a utilizar computadores o Kit Telecentro do Ministério das Comunica- para salas de bate-papos, mensagens curtas 18 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 19. REPORTAGEM e Orkut acreditando, assim, fazerem parte de ce.org e outros softwares de código aberto, um mundo digital. É preciso ensiná-las a utili- mas elas foram vencidas pela disposição dos zar os computadores em benefício próprio”, integrantes do projeto a ultrapassar barreiras. explica. A partir disso, conta, o caminho foi a dedica- A partir disso, foram criados mecanismos para ção e o diálogo com os usuários. “Nos senti- atender a alunos e professores da rede esta- mos motivados principalmente com o relato de dual de ensino. Com a ideia de software livre alguns diretores que comentavam sobre resis- desde o início, por uma questão econômica e tência tanto dos professores como dos alunos educacional, o projeto estava restrito ao labo- em aprender outros softwares”, resume. ratório da Universidade. Mas, com a chegada Em vigor desde maio de 2009, mais de 160 já de mais equipamentos às escolas, a demanda receberam treinamentos, por meio do trabalho aumentou, ampliando os níveis de atuação: de alunos bolsistas da UERN. O projeto Quali- “Primeiramente, os professores são incluídos ficação Tecnológica para Professores e Estu- digitalmente para posteriormente serem multi- dantes de Escola Pública do RN, que está plicadores destes novos conhecimentos”, diz presente em quatro escolas, deve iniciar uma Gláucia. nova etapa em breve, já que estão sendo es- A professora universitária conta que houve re- tabelecidas parcerias com prefeituras do inte- sistências no que se refere ao uso do BrOffi rior do estado. USUÁRIOS QUE ACESSARAM INTERNET Nunca acessou Há mais de 12 meses Crédito: divulgação Nos últimos 12 meses Há menos de 3 meses 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO TEM INTERNET EM CASA Custo/benefício não vale a pena Falta de disponibilidade de rede Não há necessidade / interesse Tem acesso a outro lugar Custo elevado / Não tem como pagar 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 19 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 20. REPORTAGEM Matões do Norte - Maranhão Crédito: divulgação Na zona rural e urbana do município que tem menos de 10 mil habitantes, as inscrições es- tão abertas no projeto “Educação para Todos”, criado pela prefeitura. O objetivo é treinar usuários de todas as faixas etárias para o uso de Tecnologias da Informação, usando BrOffi- ce.org e outros programas abertos. O técnico em Processamento de Dados Raimundo Fra- zão conta que, inicialmente, serão 320 alunos beneficiados. A estrutura disponível é de qua- tro laboratórios de Informática com 32 compu- Crédito: divulgação tadores e internet banda larga, instalados na zona urbana e rural. “O uso de software livre facilita muito o processo, porque não precisa- mos fazer investimento com compra e licença e aquisição de software para setores da ad- ministração, sobrando dinheiro para investi- mento de equipamentos e capacitação”, expli- ca Raimundo. MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO TEM COMPUTADOR EM CASA 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Não há necessidade ou interesse Custo elevado Falta de habilidade / Não sabe usar Área urbana Área rural Total USUÁRIOS QUE USARAM COMPUTADOR Nunca usou Há mais de 12 meses Nos últimos 12 meses Há menos de 3 meses 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Pesquisa completa disponível em: http://www.cetic.br/publicacoes 20 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 21. ENTREVISTA Por Rochele Prass http://www.flickr.com/photos/kengo/17201022/sizes/l/ e o planejamento O coordenador do Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios Brasileiros, o 4CMBr, Luis Felipe Costa, 30 anos, é formado em Análise de Sistemas. Arquivo pessoal Ele explica que a sua rotina profissional no 4CMBR (Comunidade, Conhecimento, Colaboração e Compartilhamento dos Municípios Brasileiros), é centrada no apoio à implantação de Software Livre. Como foi o seu primeiro contato com o importância desse aplicativo para os procedi- BrOffice.org? mentos internos das prefeituras. O EDIDOC é Luis Felipe: Foi no início do projeto, em 2005. muito conveniente para os setores administra- Meu contato foi se estreitando a medida em tivos, que necessitam gerar documentos pa- que participava de eventos de SL, e na medi- dronizados e numerados sequencialmente. da em que fui desenvolvendo trabalhos de Ele facilita muito a organização, além de ser consultoria para os municípios. poderoso na recuperação das informações. Qual o recurso do BrOffice.org que mais Para você, software livre é apenas uma impressiona ou que você considera impor- necessidade profissional? tante apresentar durante as consultorias? Luis Felipe: Não. Acredito muito que o SL é o Luis Felipe: Uma das coisas que me chamou melhor caminho para as soluções a atenção foi o desenvolvimento do EDIDOC, tecnológicas, dentro de uma visão em que software que gera documentação automática compartilhar conhecimento é o primeiro passo no BrOffice.org. Eu costumo ressaltar muito a para o desenvolvimento econômico e social 21 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 22. ENTREVISTA do Brasil. Por isso, também sou militante de utilizados por outras prefeituras. Os Governos software livre há alguns anos e membro do Municipais, Estaduais ou Federais não podem Software Livre Rio de Janeiro, o grupo de destinar recursos várias vezes para comprar pessoas que apoiam o software Livre no esta- uma mesma solução, que pode muito bem ser do. adaptada para sua realidade local, porque o Qual é o custo da falta de planejamento código está lá disponível e o conhecimento é para os municípios? livre. Luis Felipe: Sem um órgão, uma Secretaria E qual é a melhor estratégia? de Informática, um gestor de TI e mesmo uma Luis Felipe: É estar em comunicação com os equipe para esclarecer estes benefícios do outros municípios, participar de eventos e uso das TIC's nos municípios a Prefeitura congressos. Fazer "parte" desta rede acaba por gastar mais e ter menos resultados. municipal para entender os problemas e Como fazer para iniciar um planejamento soluções encontradas pelos seus "vizinhos" e sem precisar “reinventar a roda”? desta forma estar sempre de "olho vivo" nas oportunidades que o Governo Federal vem Luis Felipe: É preciso aproveitar o trabalho proporcionando. A formação de consórcios de desenvolvimento colaborativo que municipais também pode ser uma boa saída, municípios, como Fortaleza e outros mais reduzindo custos que podem ser estão adotando. Investem verbas públicas no compartilhados. desenvolvimento de softwares que podem ser Acesse o site do 4CMBr para participar da rede de relacionamentos dos municípios: http://www.softwarepublico.gov.br/4cmbr Publicidade 22 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 23. REPORTAGEM Por Rochele Prass uma finalidade determinada, mas acabam se engajando e passam a integrar as listas de discussões e se tornam colaboradores em tempo integral. BrOffice.org se prepara para receber mais de 3 mil participantes no IV O objetivo da organização ao convocar voluntários, além de Encontro Nacional expandir as discussões sobre o O mais importante evento da conferência. O modelo, bem BrOffice.org, é aproveitar co- comunidade BrOffice.org já sucedido, se repete novamente nhecimentos e experiências in- começou para mais de 40 pes- no IV Encontro Nacional BrOffi- dividuais. Conforme Vera Ca- soas que estão envolvidas dire- ce.org (EnBro) que, em 2010, valcante, líder do Grupo de tamente nos preparativos do IV acontece nos dias 15 e 16 de Usuários BrOffice.org São Pau- Encontro Nacional BrOffice.org. abril, em pontos de transmis- lo (GuBro-SP), os eventos são O evento se realiza nos dias 15 são localizados nos estados sempre um ótimo momento de e 16 de abril, mas para colocar brasileiros. difundir informações sobre o toda essa estrutura a funcionar, BrOffice.org, reunindo usuários Carlos Braguini, um dos orga- a equipe está trabalhando para engajados no aprimoramento nizadores do evento, conta que que todos os detalhes, como a do aplicativo, o que contribui a ideia surgiu da necessidade programação, a divulgação e o para que a suíte de escritório de agregar. “Tínhamos a opção estabelecimento de parcerias, aberta e gratuita seja uma op- de fazer igual a todos, ou seja, façam do Encontro um momen- ção confiável e segura para reunir uma quantidade de pes- to de grande produtividade e empresas e usuários domésti- soas em algum local e fazer um de aperfeiçoamento da suíte de cos. "Este é apenas um exem- encontro presencial. Mas, atra- escritório aberta que já con- plo de como as comunidades vés de videoconferência, tí- quistou mais de 12,5 milhões de software livre conseguem se nhamos a possibilidade de de usuários no Brasil. articular para oferecer soluções reunir os principais desenvol- tecnológicas seguras", afirma Reunir mais de 3 mil pessoas vedores da comunidade inter- Vera. para dois dias de discussões e nacional, explica. Nesta edição troca de informações sem que do Encontro, terá ao menos um isso represente custos e tempo palestrante internacional que elevados para os participantes. virá para o Brasil exclusivamen- Esse era um dos desafios do te para participar do evento. BrOffice.org, que há quatro anos integra estudantes, gesto- Mobilização res, desenvolvedores e público Para fazer funcionar tamanha http://www.broffice.org/anuncie_no_brofficeorg interessados em tecnologias estrutura, é necessário um livres de todo o País. O cami- “Seu produto aos olhos grande envolvimento, aí é que nho encontrado está na própria de quem realmente entra o papel dos voluntários. tecnologia: encontro por video- entende” São pessoas que chegam para 23 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 24. REPORTAGEM Tenho a intenção de colaborar para melhorar a disseminação de software livre como o BrOffice.org - Luis Paulo Guimarães, 33 anos, desenvolvedor. Santa Isabel / SP. Pretendo colaborar com tudo que for necessário - Vanessa Laux, 28 anos, web design. Porto Alegre / RS. Quero colaborar na divulgação do evento e, possivelmente, organizando uma caravana em minha cidade para iO IV EnBro - Marcelo Massao, 34 anos, instrutor de Inclusão Digital. Silva Jardim / RJ. Meu objetivo é mostrar para as pessoas que há vários caminhos, existem softwares livres e que não é necessário pagar por um programa de computador e ele não ser realmente seu - Victor Augusto Zago Menegusso, 19 anos, estudante de Ciência da Computação. Curitiba / PR. Junte-se a nós As convocações seguem a pleno vapor. Ao juntar-se à equipe, você pode contribuir com suas ex- periências e exercitar suas competências, num espaço de ampla visibilidade nacional. Para se candidatar, mande um e-mail para os endereços abaixo, dizendo como você gostaria de colaborar para o IV Encontro Nacional BrOffice.org: luizheli@openoffice.org / carlosbraguini@openoffice.org / filhocf@openoffice.org Na rede Outra aposta que o IV EnBro está fazendo para se comunicar com integrantes da equipe de orga- nização e, sobretudo, com o público em geral, é nas redes de relacionamento. O Twitter, que vem se tornando uma das ferramentas de comunicação mais populares no Brasil, já conta com um pro- file do IV EnBro. De acordo com o líder nacional do grupo de usuários BrOffice.org, e um dos organizadores do Encontro, Luiz Oliveira, os resultados gerados a partir da divulgação por meio do twitter são imen- suráveis. “Postamos a informação lá e elas, rapidamente, repercutem entre centenas de pessoas, já que grande parte dos nossos seguidores replicam a mensagem no seu próprio profile, levando a informação para os seus contatos”, diz. Seja um seguidor: http:// .com/IVEnBro 24 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 25. 4 e 5 de dezembro de 2009 No mundo do software livre os interesses são Inscreva-se, inúmeros e a melhor escolha é entrelaçá-los, particularizando a pertinência e importância dos participe! temas. Qualquer pessoa pode entrar de peito aberto no futuro sendo necessário apenas ouvir, apreender e assimilar o que realmente interessa. www.conisli.org.br O conhecimento é o grande capital humano. 4 e 5 de dezembro de 2009 MIS – Museu da Imagem e do Som Av. Europa, 158-Jardim Europa, São Paulo,SP John Maddog Hall, Sergio Amadeu Veja mais algumas atrações Presença das comunidades: BROffice.org, Firefox, Perl, Ruby, PHP, Java, Python Aplicação da prova de Certificação LPI pelo Maddog Festival de Cultura Digital – Apresentações musicais, Flamenco, Mágico e muitas outras atrações Encontro das Empresas no “Open Business” 25 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009 Fórum de Software Livre do Serpro - Regional São Paulo
  • 26. DICA Por Rubens Queiroz Auto preenchimento de dados no Calc A ferramenta de planilha eletrônica da suíte BrOffice.org oferece alguns recursos que, embora simples, facilitam bastante a vida dos usuários. Este artigo irá demonstrar algumas dessas faci- lidades. O Calc possui um recurso muito interessante de auto preenchimento de células que funciona para diversos tipos de dados. Por exemplo, se quisermos completar doze células com os me- ses do ano, basta escrevermos “Janeiro” na primeira célula, selecionarmos em seguida a célula preenchida e arrastarmos para baixo ou para o lado, que as células serão preenchidas com os meses subsequentes. Não precisamos parar em doze meses, podemos auto preencher quantas células desejarmos. O sistema automaticamente reinicia tudo após chegar no mês de “Dezem- bro”. Figura 1 No canto inferior esquerdo da célula contendo a palavra “Janeiro”, vemos uma pequena alça. Quando arrastamos esta alça para a direita (ou para baixo, se assim desejarmos), o Calc exibe automaticamente o valor do auto preenchimento para a última célula selecionada. As células se- lecionadas assumem um contorno vermelho. No nosso exemplo da figura 1, o último valor a ser selecionado é “Julho”. Ao soltarmos o mouse, as células assumem automaticamente uma sequência do valor iniciado em “Janeiro”. Figura 2 26 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 27. DICA Os valores de auto preenchimento não se restringem apenas a meses do ano. Podemos fazer o mesmo com números, datas, dias da semana, moeda. Figura 3 A forma de auto preenchimento aceita também abreviações: Figura 4 Na situação reversa, em que não desejamos que o Calc automaticamente preencha os campos com uma sequência, mas sim copiar um mesmo valor para múltiplas células, basta selecionar a célula desejada e pressionando simultaneamente a tecla <CTRL>, arrastamos o mouse até a úl- tima célula que desejamos preencher. O valor da primeira célula será então automaticamente copiado para todas as células. Outra forma de fazer isto é selecionar o valor desejado, copiar o valor da célula para a área de transferência (CTRL-C), selecionar todas as células para as quais desejamos copiar os valores, e colar o valor (CTRL-V). É só escolher a forma que mais lhe agrada. Mas ainda não acabou. Podemos fazer o auto preenchimento com mais de uma coluna. Na figu- ra 5, desejo criar uma sequência com os valores da coluna A1 (valor 1) e da coluna A2 (valor 100). Basta selecionar as duas células e arrastar o mouse para a direita, até o ponto desejado. Figura 5 27 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009
  • 28. DICA Podemos ver o número 8, ao final do campo delimitado. Este é o valor que será assumido pela primeira célula selecionada. Ao liberar o botão do mouse, temos o resultado: IMAGEM Figura 6 Utilizamos neste exemplo apenas duas células, mas podemos utilizar muitas mais. Em todos os exemplos apresentados até o momento, utilizamos os recursos de auto preenchi- mento já definidos. Entretanto, podemos fazer as nossas próprias especificações. Para isto, no menu “Editar”, selecione a opção “Preencher” e em seguida “Séries...”. Figura 7 28 | Revista BrOffice.org | www.broffice.org/revista Novembro 2009