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1
APOSTILA DE FILOSOFIA – 2 ANO – 2 BIMESTRE
NOME:________________________________________NO____SÉRIE____
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ARISTÓTELES
HISTÓRIA E VIRTUDES 1
Viemos observando que os valores morais modificam-se na História porque seu conteúdo é
determinado por condições históricas. Podemos comprovar a determinação histórica do conteúdo dos
valores, examinando as virtudes definidas em diferentes épocas.
Se tomarmos a Ética a Nicômaco, de Aristóteles, nela encontraremos a síntese das virtudes que
constituíam a arete (a virtude ou excelência ética) e a moralidade grega durante o tempo em que a polis
autônoma foi a referência social da Grécia.
Aristóteles distingue vícios e virtudes pelo critério do excesso, da falta e da moderação: um vício é
um sentimento ou uma conduta excessivos, ou, ao contrário, deficientes; uma virtude, um sentimento ou
uma conduta moderados.
Resumidamente, eis o quadro aristotélico:
QUADRO DAS VIRTUDES MORAIS EM ARISTÓTELES
VIRTUDE VÍCIO POR EXCESSO VÍCIO POR FALTA
Coragem Temeridade Covardia
Temperança Libertinagem Insensibilidade
Liberalidade Prodigalidade Avareza
Respeito próprio Vulgaridade Vileza
Magnificência Vaidade Modéstia
Gentileza Irascibilidade Indiferença
Veracidade Orgulho Descrédito próprio
Agudez de espírito Zombaria Grosseria
Amizade Condescendência Tédio
Justa indignação Inveja Malevolência
Do livro Convite à Filosofia. Marilena Chaui
2
Texto de Filosofia: Aristóteles – Ética a Nicômaco – A doutrina do meio-termo
Nessas duas passagens do Livro II temos a definição aristotélica do meio-termo, ou justa medida
(mesotes), um dos princípios fundamentais de sua ética. A ação correta do ponto de vista ético
deve evitar os extremos, tanto o excesso quanto a falta, caracterizando-se assim pelo equilíbrio,
ou justa medida. A sabedoria prática (pronesis) consiste na capacidade de discernir essa medida,
cuja determinação poderá variar de acordo com as circunstâncias e situações envolvidas. No
Capítulo 7 desse livro, Aristóteles apresenta um quadro das virtudes ou qualidades e dos vícios ou
faltas, e define a justa medida em cada caso. A moderação, ou temperança ( soprosyné), é a
característica do indivíduo equilibrado no sentido ético.
8.
Em relação ao meio-termo, em alguns casos é a falta e em outros é o excesso
que está mais afastado; por exemplo, não é a temeridade, que é o excesso, mas
a covardia, que é a falta, que é mais oposta à coragem, e não é a insensibilidade,
que é uma falta, mas a concupiscência, que é um excesso, que é mais oposta à
moderação. Isto acontece por duas razões; uma delas tem origem na própria
coisa, pois por estar um extremo mais próximo ao meio-termo e ser mais
parecido com ele, opomos ao intermediário não o extremo, mas seu contrário.
Por exemplo, como se considera a temeridade mais parecida com a coragem, e a
covardia mais diferente, opomos esta última à coragem, pois as coisas mais
afastadas do meio-termo são tidas como mais contrárias a ele; a outra razão tem
origem em nós mesmos, pois as coisas para as quais nos inclinamos mais
naturalmente parecem mais contrárias ao meio-termo. Por exemplo, tendemos
mais naturalmente para os prazeres, e por isso somos levados mais facilmente
para a concupiscência do que para a moderação. Chamamos, portanto,
contrárias ao meio-termo as coisas para as quais nos sentimos mais inclinados;
logo, a concupiscência, que é um excesso, é mais contrária à moderação.
9.
Já explicamos suficientemente, então, que a excelência moral é um meio-termo
e em que sentido ela o é, e que ela é um meio-termo entre duas formas de
deficiência moral, uma pressupondo excesso e outra pressupondo falta, e que a
excelência moral é assim porque sua característica é visar às situações
intermediárias nas emoções e nas ações. Por isso, ser bom não é um intento
fácil, pois em tudo não é um intento fácil determinar o meio – por exemplo,
determinar o meio de um círculo não é para qualquer pessoa, mas para as que
sabem; da mesma forma, todos podem encolerizar-se, pois isso é fácil, ou dar ou
gastar dinheiro; mas proceder assim em relação à pessoa certa até o ponto
certo, no momento certo, pelo motivo certo e da maneira certa não é para
Atividade:
• Na margem, anote as
palavras difíceis com o
significado do
dicionário.
• Na margem, anote as
ideias principais
resumidamente.
• Grife, circule, sublinhe
os conceitos e ideias
principais.
3
qualquer um, nem é fácil; portanto, agir bem é raro, louvável e nobilitante.
Quem visa ao meio-termo deve primeiro evitar o extremo mais contrário a ele,
de conformidade com a advertência de Calipso: “mantém a nau distante desta
espuma e turbilhão.”
De dois extremos, com efeito, um induz mais em erro e o outro menos; logo, já
que atingir o meio-termo é extremamente difícil, a melhor entre as alternativas
restantes, como se costuma dizer, é escolher o menor dos males, e a melhor
maneira de atingir este objetivo é a que descrevemos. Mas devemos estar
atentos aos erros para os quais nós mesmos nos inclinamos mais facilmente, pois
algumas pessoas tendem para uns e outras para outros; descobri-los-emos
mediante a observação do prazer ou do sofrimento que experimentamos; isto
feito, devemos dirigir-nos resolutamente para o extremo oposto, pois
chegaremos à situação intermediária afastando-nos tanto quanto possível do
erro, como se faz para acertar a madeira empenada.
Em tudo devemos precaver-nos, principalmente contra o que é agradável e
contra o prazer, pois não somos juízes imparciais diante deste. Devemos sentir-
nos em relação ao prazer da mesma forma que os anciãos do povo se sentiram
diante de Helena, e repetir em todas as circunstâncias as suas palavras, pois se o
afastamos de nós é menos provável que erremos. Em resumo, é agindo desta
maneira que seremos mais capazes de atingir o meio-termo.
Mas sem dúvida isto é difícil, especialmente nos casos particulares, portanto não
é fácil determinar de que maneira, e com quem e por que motivos, e por quanto
tempo devemos encolerizar-nos; às vezes nós mesmos louvamos as pessoas que
cedem e as chamamos de amáveis, mas às vezes louvamos aquelas que se
encolerizam e a chamamos de viris. Entretanto, as pessoas que se desviam um
pouco da excelência não são censuradas, quer o façam no sentido do mais, quer
o façam no sentido do menos; censuramos apenas as pessoas que se desviam
consideravelmente, pois estas não passarão despercebidas. Mas não é fácil
determinar racionalmente até onde e em que medida uma pessoa pode desviar-
se antes de tornar-se censurável (de fato, nada que é percebido pelos sentidos é
fácil de definir); tais coisas dependem de circunstâncias específicas, e a decisão
depende da percepção. Isto é bastante para determinar que a situação
intermediária deve ser louvada em todas as circunstâncias, mas que às vezes
4
devemos inclinar-nos no sentido do excesso, e às vezes no sentido da falta, pois
assim atingiremos mais facilmente o meio-termo e o que é certo. (ARISTÓTELES,
Ética)
Sobre o o conceito de hábito para Aristóteles
“Sendo a virtude, como vimos, de dois tipos, nomeadamente, intelectual
e moral, a intelectual é majoritariamente tanto produzida quanto
ampliada pela instrução, exigindo, consequentemente, experiência e
tempo, ao passo que a virtude moral ou ética é o produto do hábito,
sendo seu nome derivado, com uma ligeira variação da forma, dessa
palavra. E, portanto, fica evidente que nenhuma das virtudes morais é
em nós engendrada pela natureza, uma vez que nenhuma propriedade
natural é passível de ser alterada pelo hábito. Por exemplo, é da
natureza da pedra mover-se para baixo, sendo impossível treiná-la para
que se mova para cima, [...]. As virtudes, portanto, não são geradas em
nós nem através da natureza nem contra a natureza. A natureza nos
confere a capacidade de recebê-las, e essa capacidade é aprimorada e
amadurecida pelo hábito” (ARISTÓTELES, Ética, liv. II, 1, § 1).
O CRISTIANISMO 2
Quando examinamos as virtudes definidas pelo cristianismo, descobrimos que, embora as
aristotélicas não sejam afastadas, deixam de ser as mais relevantes. O quadro cristão pode ser assim
resumido:
• Virtudes teologais: fé, esperança, caridade;
• Virtudes cardeais: coragem, justiça, temperança, prudência;
• Pecados capitais: gula, avareza, preguiça, luxúria, cólera, inveja e orgulho.
• Virtudes morais: sobriedade, prodigalidade, trabalho, castidade, mansidão, generosidade, modéstia.
Observamos o aparecimento de virtudes novas, concernentes à relação do crente com Deus (virtudes
teologais), e da justiça como virtude particular (para Aristóteles, a justiça é o resultado da virtude e não uma
das virtudes); a amizade é substituída pela caridade (responsabilidade pela salvação do outro); os vícios são
transformados em pecados (portanto, voltados para a relação do crente com a lei divina); e, nas virtudes
morais, encontramos um vício aristotélico – a modéstia -, além do aparecimento de virtudes ignoradas ou
desconhecidas por Aristóteles – humildade, castidade, mansidão.
Surge também como virtude algo que, para um grego ou um romano, jamais poderia fazer parte dos
valores do homem livre: o trabalho. O ócio, considerado pela sociedade escravista greco-romana como
condição para o exercício da política, torna-se, agora, vício da preguiça. Lutero dirá: “Mente desocupada,
oficina do diabo”.
CHAUÍ, Marilena de Souza. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles, vol. 01. São Paulo: Brasiliense,
1994.
5
MAQUIAVEL 3
EXISTEM VÍCIOS BENÉFICOS E VIRTUDES PERNICIOSAS
O PROBLEMA: Quem governa o Estado deve seguir as normas da moral? A política deve se fundar sobre
princípios éticos?
A TESE: A questão da relação entre moral e política, levantada por Maquiavel pela primeira vez de modo
específico, é ainda hoje objeto de debates. O filósofo é claro: se observarmos os processos históricos na sua
objetividade (verdade efetiva), sem nos deixarmos influenciar pelo modo como, em nossa opinião, eles
deveriam ser teoricamente emerge o critério do realismo. A política não deve assumir do exterior a própria
moralidade, mas deve ser autonormativa, porque encontra em si a própria justificação, ao garantir aos
súditos uma existência ordenada. Isso não significa que o príncipe (o chefe político) deva ser imoral ou
indiferente ao bem e ao mal, mas que às vezes o que para um indivíduo é ruim (por exemplo, a crueldade)
torna-se necessário no governo do Estado. (o texto que se segue foi extraído de O Príncipe).
“Resta ver ainda como deve conduzir-se um príncipe com os súditos ou com os amigos... Pareceu-me mais
conveniente perseguir a verdade efetiva dos fatos, em vez da fantasia. A) [Muitos imaginaram repúblicas
e principados nunca vistos nem conhecidos na realidade; mas existe tal diferença entre como se vive e
como se deveria viver, que aquele que abandona o que faz por aquilo que deveria fazer aprende na
verdade a se arruinar, antes que se preservar: posto que um homem que queira sempre se comportar
como bom, entre tantos que bons não são, acaba por arruinar-se]. Portanto, é necessário que um
príncipe, para se manter como tal, aprenda a poder não ser bom, e a usar isso ou não, segundo a necessidade.
Deixando de lado as coisas imaginadas e falando daquelas que são reais, digo que todos os homens de que se
fala, e principalmente B) [os príncipes, por estarem nos postos mais elevados, se fazem notar por
algumas dessas qualidades que lhes acarretam reprovação ou louvor. Assim, existe quem é tido por
magnânimo, e quem por miserável...; Quem é capaz de dar e quem é rapace; quem é cruel e quem é
piedoso]; um modesto, o outro soberbo; um lascivo, o outro casto; um íntegro, o outro astuto; um duro, o
outro afável; um severo, o outro superficial; um religioso, o outro incrédulo, e assim por diante.
C) [Sei que todos dirão que seria muito louvável encontrar em um príncipe somente as qualidades
consideradas boas, dentre todas aquelas supracitadas; mas não sendo possível possuí-las, nem
inteiramente observá-las, porque a condição humana não o permite, é necessário que ele seja tão
prudente que saiba fugir à infâmia daqueles vícios que o fariam perder o poder], e se possível evitar
também os vícios que não lhe tiram o poder, mas, não o conseguindo, pode se abandonar a eles sem atribuir-
lhes muita importância. D) [Também não deve ter escrúpulo de atrair sobre si a censura provocada por
aqueles vícios sem os quais dificilmente poderia salvar o poder; porque, tudo considerado, existem
qualidades que têm aparência de virtude, mas levam o príncipe à ruína; e outras que, sob a aparência
de vício, produzem a sua segurança e o seu bem estar]...”
REALISMO POLÍTICO: É o princípio enunciado por Maquiavel, segundo o qual a ação política encontra
em si mesma a própria justificação, ao garantir a ordem e a liberdade da convivência civil. A política,
portanto, constitui uma ciência autônoma e independente de qualquer sistema ético ou religioso.
Do livro: Antologia Ilustrada de Filosofia. Ubaldo Nicola
6
NIETZSCHE 4
A MORAL DOS VENCEDORES E A DOS PERDEDORES
O PROBLEMA: Qual é a origem do senso moral? Os valores éticos são realmente valores?
A TESE: Todas as doutrinas éticas elaboradas pela filosofia sempre se apresentaram como sistemas
absolutos, universais, supra-históricos, válidos para todos os tempos e países. Invertendo aqui também os
esquemas tradicionais, Nietzsche enfrenta o problema ético por meio de uma genealogia, ou seja, uma
narrativa do nascimento e do desenvolvimento histórico-psicológico das doutrinas morais. A ética da
aristocracia dominante na antiga Grécia fundava-se no valor do indivíduo, na qualidade da sua pessoa,
prescindindo dos comportamentos efetivamente adotados. A saúde, a juventude, a sexualidade, o orgulho da
própria força, o desejo de domínio expresso sem falsos pudores eram então considerados como virtude.
Mas essa vital alegria de viver decaiu com a aristocracia cavalheiresca que a havia inventado, sendo
substituída por uma moral dos escravos (as éticas filosóficas) e, depois, pelo cristianismo, a grande doença
psíquica do homem ocidental. Os novos valores que se impuseram são ainda os mesmos pelos quais somos
educados: o pudor do corpo, a vergonha da sexualidade, a humildade, o amor pela pobreza, a renúncia a
viver em plenitude, o desejo de morte. (o texto que segue foi extraído de Além do bem e do mal).
“Vagando entre as mais refinadas e as mais toscas morais que reinaram ou ainda reinam sobre a terra,
encontrei regularmente certos traços recorrentes e ligados entre si: até que por fim dois tipos básicos a mim
se revelaram e uma diferença radical se mostrou.
Existe uma moral dos senhores e uma moral dos escravos; acrescento imediatamente que em todas as
culturas superiores e mais mistas também se manifestam tentativas de mediação entre as duas morais e,
ainda mais frequentemente, a confusão e o desentendimento entre as duas, e até o seu duro paralelismo,
inclusive no mesmo indivíduo, no interior da mesma alma.
A) [As diferenciações morais de valores nasceram ou sob uma espécie dominante que, com satisfação,
tomava consciência das próprias diferenças em relação aos súditos, ou sob os súditos, os escravos e os
submetidos de todos os graus]. No primeiro caso, quando são os dominadores a determinar o conceito de
bom, são aceitos como distintivos e determinantes os estados elevados e nobres da alma. O homem nobre
afasta de si as criaturas nas quais se manifesta o contrario de tais estados elevados e nobres: ele a despreza.
Deve-se logo notar que nessa primeira moral o contraste bom e não bom significa nobre e desprezível: o
contraste bom e ruim tem outra origem. Despreza-se o vil, o medroso, o mesquinho, aquele que pensa na sua
estreita utilidade; o mesmo vale para o desconfiado, com o seu olhar não franco, aquele que se humilha
sozinho, a espécie dos seres-humanos-cães que se deixa maltratar, o mendigo adulador, principalmente o
mentiroso: a fé basilar de todos os aristocráticos é que o povo vil mente. Nós os verdadeiros, assim se
denominavam os nobres na antiga Grécia.
B) [É sabido que as definições de valor moral foram por toda parte atribuídas inicialmente aos seres
humanos e só depois desviadas para as ações]; motivo pelo qual é um grave erro que os historiadores da
moral comecem com questões como: por que foi louvada a ação compassiva?
C) [A espécie dos homens nobres vê a si mesma como determinante de valores: não necessita se fazer
chamar de boa, ela pensa que o que me prejudica é de per si prejudicial, ela sabe ser o elemento que
confere às coisas o seu valor primeiro, é criadora de valores. Dignifica tudo o que conhece de si:
semelhante moral é autoglorificação].
7
Sobre esse fundo está a sensação de plenitude, de poder que quer transbordar, a felicidade da máxima
tensão, a consciência de uma riqueza que gostaria de doar e restituir: o nobre também ajuda o infeliz, nunca
ou quase nunca por compaixão, mas antes por um impulso gerado pela superabundância de poder...
Diferente é a situação do segundo tipo de moral, a moral dos escravos. Posto que os violentados, os
oprimidos, os sofredores, os prisioneiros, os inseguros de si mesmo e os exaustos façam moral: D) [qual
será o elemento comum das suas avaliações morais? Provavelmente será a expressão de uma suspeita
pessimista em relação à condição humana inteira, talvez uma condenação do ser humano e da sua
situação. O olhar dos escravos não é favorável às virtudes dos poderosos: é cético e desconfiado, tem
uma sutil desconfiança de todo o bem que é venerado no mundo dos potentes, e gostaria de convencer-
se de que ali nem mesmo a felicidade é autêntica.
Ao contrário, são colocadas em evidência e iluminadas E) [as características que servem para facilitar a
existência dos sofredores]: eis que são exaltados a compaixão, a mão complacente e disposta a ajudar, o
coração quente, a paciência, a laboriosidade, a humanidade, a cordialidade; posto que neste caso são as
características mais úteis e quase o único remédio para suportar a opressão da existência.
A moral dos escravos é essencialmente uma moral utilitária. Aqui está o foco dos famosos contrários, bom e
ruim: no mal sente-se o poder e a periculosidade, um certo apavoramento, sutileza e força que não permitem
ao desprezo aflorar”.
GENEALOGIA DA MORAL: As doutrinas éticas do passado sempre viram nos valores morais um sistema
absoluto e universal independente do período histórico e da localização geográfica. A hipótese genealógica
de Nietzsche sugere, ao contrário, a possibilidade de desenvolver uma história dos valores morais
identificando o seu nascimento em condições histórico-sociais específicas. O efeito é obviamente uma
relativização dos próprios valores, capaz de revelar o conteúdo humano (demasiado humano, no dizer de
Nietzsche) que está na sua base.
MORTE DE DEUS: O anúncio da morte de deus, o núcleo da reflexão de Nietzsche, indica o progressivo
desaparecimento na cultura do homem moderno de todas as filosofias, religiões e ideologias que no passado
exerciam a tarefa de iludi-lo e consolá-lo. O Super-Homem, aquele que é capaz de suportar
psicologicamente esse evento, ano necessita mais de ilusões tranquilizadoras porque com o espírito
dionisíaco aceita a vida com seu caos intrínseco e ausência de sentido.
Do livro: Antologia Ilustrada de Filosofia. Ubaldo Nicola
NIETZSCHE 5
OS “MELHORADORES” DA HUMANIDADE
“Um primeiro exemplo, e bem provisoriamente. Em todos os tempos se quis “melhorar” o homem: a isto
sobretudo se chamou moral. Mas sob a mesma palavra se escondem as mais diferentes tendências. Tanto o
amansamento da besta homem, quanto o aprimoramento de um determinado gênero de homens é
denominado “melhoria”: somente estes termos zoológicos exprimem realidades – realidades, sem dúvida,
das quais o típico “melhorador”, o padre, não sabe nada – nem quer saber... Denominar o amansamento de
um animal sua “melhoria” é, a nossos ouvidos, quase uma piada. A) [Quem sabe o que acontece nas
ménageries (1) duvida que ali a besta seja “melhorada”. Ela é enfraquecida, tornada menos danosa,
torna-se, pelo sentimento depressivo do medo, pelas feridas, pela fome, uma besta doentia]. – Não é
diferente com o homem amansado, que o padre “melhorou”. Na antiga Idade Média, onde de fato a Igreja
era antes de tudo uma ménagerie, se dava caça por toda a parte aos mais belos exemplares da “besta loira” –
“melhoraram”, por exemplo, os nobres germanos. B) [Mas qual foi, posteriormente, o aspecto de uma tal
8
germano “melhorado”, sedutoramente conduzido ao claustro? Uma caricatura de homem, como um
aborto: ele se tornou em “pecador”, ele estava na jaula, haviam-no trancado entre puros conceitos
apavorantes....] Ali jazia ele, doente, enfezado, malévolo contra si mesmo: cheio de ódio contra os impulsos
à vida, cheio de suspeita contra tudo o que era ainda forte e feliz. Em suma, um “cristão”.... Para falar
fisiologicamente: no combate com a besta o tornar-doente pode ser o único remédio para enfraquecê-la. Isso
a Igreja entendeu: corrompeu o homem, enfraqueceu-o – mas teve a pretensão de tê-lo “melhorado””.
(1)- Mantivemos em francês a palavra, que também em alemão é adotiva, por falta de equivalente da mesma
generalidade, que englobasse, como ela: o circo de animais, a parque de animais, o estábulo, a reserva de
caça, etc., em suma, todos os lugares em que o homem “civiliza” animais. Mas o sentido no texto é mais
que claro.
Do livro: Antologia Ilustrada de Filosofia. Ubaldo Nicola
QUESTÕES
• Responda com base no texto, mas não copiando tudo. Se copiar um trecho, comente, justifique.
• Não pegue as respostas de outra pessoa, nem empreste a sua, ambos serão prejudicados na nota.
• Procure responder com tinta azul ou preta.
• Atenção à data de entrega.
Texto 1
1) Responda qual o critério utilizado por Aristóteles para sabermos se uma ação é moralmente correta
ou não. Dê exemplos com base no quadro das virtudes morais.
2) Relacione o conceito de hábito com o conceito de natureza, segundo a citação de Aristóteles.
Texto 2
1) Quais mudanças o texto apresenta do pensamento cristão em relação ao pensamento aristotélico?
2) Um vício em Aristóteles passa a ser virtude no cristianismo. Qual é este vício que passou a ser
virtude? Você é capaz de ler o texto 4 e fazer uma relação disto com a “moral dos senhores e
escravos” da qual nos fala Nietzsche?
3) Relacione ócio e negócio (trabalho).
4) Relacione virtude e História.
Texto 3
Exercício de leitura: o texto traz partes em negrito, entre [colchetes] e enumeradas a,b,c... Responda o que
se pede em cada parte:
1) Como o trecho (A) nos ajuda a entender o que é Realismo Político em Maquiavel?
2) Como o trecho (B e C) nos ajudam a entender que, para Maquiavel, o mais importante para o
Príncipe (governante) consiste em não perder o poder?
3) Como o trecho (D) mostra claramente uma ruptura entre moral e política? Quer dizer, as virtudes
morais tradicionais não são critério de bom governo.
Texto 4
Exercício de leitura: o texto traz partes em negrito, entre [colchetes] e enumeradas a,b,c... Responda o que
se pede em cada parte:
1) O trecho (A) mostra, segundo Nietzsche que a origem da moral está em duas qualidades de
homens, quais são elas?
9
2) Como o trecho (B e C) nos ajudam a entender que, para Nietzsche, o valor, para os homens
nobres, não vem de fora, isto é, de ações, mas deles mesmos?
3) Como o trecho (D e E) nos ajudam a entender que, para Nietzsche, a moral de escravo é
ressentida? E que suas virtudes são “facilitadoras de uma existência sofredora”?
Texto 5
Exercício de leitura: o texto traz partes em negrito, entre [colchetes] e enumeradas a,b,c... Responda o que
se pede em cada parte:
1) Justifique como, no trecho (A), Nietzsche compara a moral ensinada pelo cristianismo com o
adestramento de bestas (animais). Você seria capaz de relacionar isto com uma pesquisa sobre a
“docilização dos corpos” em Michel Foucault?
2) Justifique como, no trecho (B), Nietzsche supõe que o cristianismo cria alguns vícios, enquanto
conceito, isto é, justificados até filosoficamente, e os transforma em pecados, fazendo do homem (no
caso o germânico= alemão) um “pecador”.
Aristóteles Maquiavel Nietzsche
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____________________________________________________________________________Prof. Afrânio

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3 bimestre 2 ano

  • 1. 1 APOSTILA DE FILOSOFIA – 2 ANO – 2 BIMESTRE NOME:________________________________________NO____SÉRIE____ ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ARISTÓTELES HISTÓRIA E VIRTUDES 1 Viemos observando que os valores morais modificam-se na História porque seu conteúdo é determinado por condições históricas. Podemos comprovar a determinação histórica do conteúdo dos valores, examinando as virtudes definidas em diferentes épocas. Se tomarmos a Ética a Nicômaco, de Aristóteles, nela encontraremos a síntese das virtudes que constituíam a arete (a virtude ou excelência ética) e a moralidade grega durante o tempo em que a polis autônoma foi a referência social da Grécia. Aristóteles distingue vícios e virtudes pelo critério do excesso, da falta e da moderação: um vício é um sentimento ou uma conduta excessivos, ou, ao contrário, deficientes; uma virtude, um sentimento ou uma conduta moderados. Resumidamente, eis o quadro aristotélico: QUADRO DAS VIRTUDES MORAIS EM ARISTÓTELES VIRTUDE VÍCIO POR EXCESSO VÍCIO POR FALTA Coragem Temeridade Covardia Temperança Libertinagem Insensibilidade Liberalidade Prodigalidade Avareza Respeito próprio Vulgaridade Vileza Magnificência Vaidade Modéstia Gentileza Irascibilidade Indiferença Veracidade Orgulho Descrédito próprio Agudez de espírito Zombaria Grosseria Amizade Condescendência Tédio Justa indignação Inveja Malevolência Do livro Convite à Filosofia. Marilena Chaui
  • 2. 2 Texto de Filosofia: Aristóteles – Ética a Nicômaco – A doutrina do meio-termo Nessas duas passagens do Livro II temos a definição aristotélica do meio-termo, ou justa medida (mesotes), um dos princípios fundamentais de sua ética. A ação correta do ponto de vista ético deve evitar os extremos, tanto o excesso quanto a falta, caracterizando-se assim pelo equilíbrio, ou justa medida. A sabedoria prática (pronesis) consiste na capacidade de discernir essa medida, cuja determinação poderá variar de acordo com as circunstâncias e situações envolvidas. No Capítulo 7 desse livro, Aristóteles apresenta um quadro das virtudes ou qualidades e dos vícios ou faltas, e define a justa medida em cada caso. A moderação, ou temperança ( soprosyné), é a característica do indivíduo equilibrado no sentido ético. 8. Em relação ao meio-termo, em alguns casos é a falta e em outros é o excesso que está mais afastado; por exemplo, não é a temeridade, que é o excesso, mas a covardia, que é a falta, que é mais oposta à coragem, e não é a insensibilidade, que é uma falta, mas a concupiscência, que é um excesso, que é mais oposta à moderação. Isto acontece por duas razões; uma delas tem origem na própria coisa, pois por estar um extremo mais próximo ao meio-termo e ser mais parecido com ele, opomos ao intermediário não o extremo, mas seu contrário. Por exemplo, como se considera a temeridade mais parecida com a coragem, e a covardia mais diferente, opomos esta última à coragem, pois as coisas mais afastadas do meio-termo são tidas como mais contrárias a ele; a outra razão tem origem em nós mesmos, pois as coisas para as quais nos inclinamos mais naturalmente parecem mais contrárias ao meio-termo. Por exemplo, tendemos mais naturalmente para os prazeres, e por isso somos levados mais facilmente para a concupiscência do que para a moderação. Chamamos, portanto, contrárias ao meio-termo as coisas para as quais nos sentimos mais inclinados; logo, a concupiscência, que é um excesso, é mais contrária à moderação. 9. Já explicamos suficientemente, então, que a excelência moral é um meio-termo e em que sentido ela o é, e que ela é um meio-termo entre duas formas de deficiência moral, uma pressupondo excesso e outra pressupondo falta, e que a excelência moral é assim porque sua característica é visar às situações intermediárias nas emoções e nas ações. Por isso, ser bom não é um intento fácil, pois em tudo não é um intento fácil determinar o meio – por exemplo, determinar o meio de um círculo não é para qualquer pessoa, mas para as que sabem; da mesma forma, todos podem encolerizar-se, pois isso é fácil, ou dar ou gastar dinheiro; mas proceder assim em relação à pessoa certa até o ponto certo, no momento certo, pelo motivo certo e da maneira certa não é para Atividade: • Na margem, anote as palavras difíceis com o significado do dicionário. • Na margem, anote as ideias principais resumidamente. • Grife, circule, sublinhe os conceitos e ideias principais.
  • 3. 3 qualquer um, nem é fácil; portanto, agir bem é raro, louvável e nobilitante. Quem visa ao meio-termo deve primeiro evitar o extremo mais contrário a ele, de conformidade com a advertência de Calipso: “mantém a nau distante desta espuma e turbilhão.” De dois extremos, com efeito, um induz mais em erro e o outro menos; logo, já que atingir o meio-termo é extremamente difícil, a melhor entre as alternativas restantes, como se costuma dizer, é escolher o menor dos males, e a melhor maneira de atingir este objetivo é a que descrevemos. Mas devemos estar atentos aos erros para os quais nós mesmos nos inclinamos mais facilmente, pois algumas pessoas tendem para uns e outras para outros; descobri-los-emos mediante a observação do prazer ou do sofrimento que experimentamos; isto feito, devemos dirigir-nos resolutamente para o extremo oposto, pois chegaremos à situação intermediária afastando-nos tanto quanto possível do erro, como se faz para acertar a madeira empenada. Em tudo devemos precaver-nos, principalmente contra o que é agradável e contra o prazer, pois não somos juízes imparciais diante deste. Devemos sentir- nos em relação ao prazer da mesma forma que os anciãos do povo se sentiram diante de Helena, e repetir em todas as circunstâncias as suas palavras, pois se o afastamos de nós é menos provável que erremos. Em resumo, é agindo desta maneira que seremos mais capazes de atingir o meio-termo. Mas sem dúvida isto é difícil, especialmente nos casos particulares, portanto não é fácil determinar de que maneira, e com quem e por que motivos, e por quanto tempo devemos encolerizar-nos; às vezes nós mesmos louvamos as pessoas que cedem e as chamamos de amáveis, mas às vezes louvamos aquelas que se encolerizam e a chamamos de viris. Entretanto, as pessoas que se desviam um pouco da excelência não são censuradas, quer o façam no sentido do mais, quer o façam no sentido do menos; censuramos apenas as pessoas que se desviam consideravelmente, pois estas não passarão despercebidas. Mas não é fácil determinar racionalmente até onde e em que medida uma pessoa pode desviar- se antes de tornar-se censurável (de fato, nada que é percebido pelos sentidos é fácil de definir); tais coisas dependem de circunstâncias específicas, e a decisão depende da percepção. Isto é bastante para determinar que a situação intermediária deve ser louvada em todas as circunstâncias, mas que às vezes
  • 4. 4 devemos inclinar-nos no sentido do excesso, e às vezes no sentido da falta, pois assim atingiremos mais facilmente o meio-termo e o que é certo. (ARISTÓTELES, Ética) Sobre o o conceito de hábito para Aristóteles “Sendo a virtude, como vimos, de dois tipos, nomeadamente, intelectual e moral, a intelectual é majoritariamente tanto produzida quanto ampliada pela instrução, exigindo, consequentemente, experiência e tempo, ao passo que a virtude moral ou ética é o produto do hábito, sendo seu nome derivado, com uma ligeira variação da forma, dessa palavra. E, portanto, fica evidente que nenhuma das virtudes morais é em nós engendrada pela natureza, uma vez que nenhuma propriedade natural é passível de ser alterada pelo hábito. Por exemplo, é da natureza da pedra mover-se para baixo, sendo impossível treiná-la para que se mova para cima, [...]. As virtudes, portanto, não são geradas em nós nem através da natureza nem contra a natureza. A natureza nos confere a capacidade de recebê-las, e essa capacidade é aprimorada e amadurecida pelo hábito” (ARISTÓTELES, Ética, liv. II, 1, § 1). O CRISTIANISMO 2 Quando examinamos as virtudes definidas pelo cristianismo, descobrimos que, embora as aristotélicas não sejam afastadas, deixam de ser as mais relevantes. O quadro cristão pode ser assim resumido: • Virtudes teologais: fé, esperança, caridade; • Virtudes cardeais: coragem, justiça, temperança, prudência; • Pecados capitais: gula, avareza, preguiça, luxúria, cólera, inveja e orgulho. • Virtudes morais: sobriedade, prodigalidade, trabalho, castidade, mansidão, generosidade, modéstia. Observamos o aparecimento de virtudes novas, concernentes à relação do crente com Deus (virtudes teologais), e da justiça como virtude particular (para Aristóteles, a justiça é o resultado da virtude e não uma das virtudes); a amizade é substituída pela caridade (responsabilidade pela salvação do outro); os vícios são transformados em pecados (portanto, voltados para a relação do crente com a lei divina); e, nas virtudes morais, encontramos um vício aristotélico – a modéstia -, além do aparecimento de virtudes ignoradas ou desconhecidas por Aristóteles – humildade, castidade, mansidão. Surge também como virtude algo que, para um grego ou um romano, jamais poderia fazer parte dos valores do homem livre: o trabalho. O ócio, considerado pela sociedade escravista greco-romana como condição para o exercício da política, torna-se, agora, vício da preguiça. Lutero dirá: “Mente desocupada, oficina do diabo”. CHAUÍ, Marilena de Souza. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles, vol. 01. São Paulo: Brasiliense, 1994.
  • 5. 5 MAQUIAVEL 3 EXISTEM VÍCIOS BENÉFICOS E VIRTUDES PERNICIOSAS O PROBLEMA: Quem governa o Estado deve seguir as normas da moral? A política deve se fundar sobre princípios éticos? A TESE: A questão da relação entre moral e política, levantada por Maquiavel pela primeira vez de modo específico, é ainda hoje objeto de debates. O filósofo é claro: se observarmos os processos históricos na sua objetividade (verdade efetiva), sem nos deixarmos influenciar pelo modo como, em nossa opinião, eles deveriam ser teoricamente emerge o critério do realismo. A política não deve assumir do exterior a própria moralidade, mas deve ser autonormativa, porque encontra em si a própria justificação, ao garantir aos súditos uma existência ordenada. Isso não significa que o príncipe (o chefe político) deva ser imoral ou indiferente ao bem e ao mal, mas que às vezes o que para um indivíduo é ruim (por exemplo, a crueldade) torna-se necessário no governo do Estado. (o texto que se segue foi extraído de O Príncipe). “Resta ver ainda como deve conduzir-se um príncipe com os súditos ou com os amigos... Pareceu-me mais conveniente perseguir a verdade efetiva dos fatos, em vez da fantasia. A) [Muitos imaginaram repúblicas e principados nunca vistos nem conhecidos na realidade; mas existe tal diferença entre como se vive e como se deveria viver, que aquele que abandona o que faz por aquilo que deveria fazer aprende na verdade a se arruinar, antes que se preservar: posto que um homem que queira sempre se comportar como bom, entre tantos que bons não são, acaba por arruinar-se]. Portanto, é necessário que um príncipe, para se manter como tal, aprenda a poder não ser bom, e a usar isso ou não, segundo a necessidade. Deixando de lado as coisas imaginadas e falando daquelas que são reais, digo que todos os homens de que se fala, e principalmente B) [os príncipes, por estarem nos postos mais elevados, se fazem notar por algumas dessas qualidades que lhes acarretam reprovação ou louvor. Assim, existe quem é tido por magnânimo, e quem por miserável...; Quem é capaz de dar e quem é rapace; quem é cruel e quem é piedoso]; um modesto, o outro soberbo; um lascivo, o outro casto; um íntegro, o outro astuto; um duro, o outro afável; um severo, o outro superficial; um religioso, o outro incrédulo, e assim por diante. C) [Sei que todos dirão que seria muito louvável encontrar em um príncipe somente as qualidades consideradas boas, dentre todas aquelas supracitadas; mas não sendo possível possuí-las, nem inteiramente observá-las, porque a condição humana não o permite, é necessário que ele seja tão prudente que saiba fugir à infâmia daqueles vícios que o fariam perder o poder], e se possível evitar também os vícios que não lhe tiram o poder, mas, não o conseguindo, pode se abandonar a eles sem atribuir- lhes muita importância. D) [Também não deve ter escrúpulo de atrair sobre si a censura provocada por aqueles vícios sem os quais dificilmente poderia salvar o poder; porque, tudo considerado, existem qualidades que têm aparência de virtude, mas levam o príncipe à ruína; e outras que, sob a aparência de vício, produzem a sua segurança e o seu bem estar]...” REALISMO POLÍTICO: É o princípio enunciado por Maquiavel, segundo o qual a ação política encontra em si mesma a própria justificação, ao garantir a ordem e a liberdade da convivência civil. A política, portanto, constitui uma ciência autônoma e independente de qualquer sistema ético ou religioso. Do livro: Antologia Ilustrada de Filosofia. Ubaldo Nicola
  • 6. 6 NIETZSCHE 4 A MORAL DOS VENCEDORES E A DOS PERDEDORES O PROBLEMA: Qual é a origem do senso moral? Os valores éticos são realmente valores? A TESE: Todas as doutrinas éticas elaboradas pela filosofia sempre se apresentaram como sistemas absolutos, universais, supra-históricos, válidos para todos os tempos e países. Invertendo aqui também os esquemas tradicionais, Nietzsche enfrenta o problema ético por meio de uma genealogia, ou seja, uma narrativa do nascimento e do desenvolvimento histórico-psicológico das doutrinas morais. A ética da aristocracia dominante na antiga Grécia fundava-se no valor do indivíduo, na qualidade da sua pessoa, prescindindo dos comportamentos efetivamente adotados. A saúde, a juventude, a sexualidade, o orgulho da própria força, o desejo de domínio expresso sem falsos pudores eram então considerados como virtude. Mas essa vital alegria de viver decaiu com a aristocracia cavalheiresca que a havia inventado, sendo substituída por uma moral dos escravos (as éticas filosóficas) e, depois, pelo cristianismo, a grande doença psíquica do homem ocidental. Os novos valores que se impuseram são ainda os mesmos pelos quais somos educados: o pudor do corpo, a vergonha da sexualidade, a humildade, o amor pela pobreza, a renúncia a viver em plenitude, o desejo de morte. (o texto que segue foi extraído de Além do bem e do mal). “Vagando entre as mais refinadas e as mais toscas morais que reinaram ou ainda reinam sobre a terra, encontrei regularmente certos traços recorrentes e ligados entre si: até que por fim dois tipos básicos a mim se revelaram e uma diferença radical se mostrou. Existe uma moral dos senhores e uma moral dos escravos; acrescento imediatamente que em todas as culturas superiores e mais mistas também se manifestam tentativas de mediação entre as duas morais e, ainda mais frequentemente, a confusão e o desentendimento entre as duas, e até o seu duro paralelismo, inclusive no mesmo indivíduo, no interior da mesma alma. A) [As diferenciações morais de valores nasceram ou sob uma espécie dominante que, com satisfação, tomava consciência das próprias diferenças em relação aos súditos, ou sob os súditos, os escravos e os submetidos de todos os graus]. No primeiro caso, quando são os dominadores a determinar o conceito de bom, são aceitos como distintivos e determinantes os estados elevados e nobres da alma. O homem nobre afasta de si as criaturas nas quais se manifesta o contrario de tais estados elevados e nobres: ele a despreza. Deve-se logo notar que nessa primeira moral o contraste bom e não bom significa nobre e desprezível: o contraste bom e ruim tem outra origem. Despreza-se o vil, o medroso, o mesquinho, aquele que pensa na sua estreita utilidade; o mesmo vale para o desconfiado, com o seu olhar não franco, aquele que se humilha sozinho, a espécie dos seres-humanos-cães que se deixa maltratar, o mendigo adulador, principalmente o mentiroso: a fé basilar de todos os aristocráticos é que o povo vil mente. Nós os verdadeiros, assim se denominavam os nobres na antiga Grécia. B) [É sabido que as definições de valor moral foram por toda parte atribuídas inicialmente aos seres humanos e só depois desviadas para as ações]; motivo pelo qual é um grave erro que os historiadores da moral comecem com questões como: por que foi louvada a ação compassiva? C) [A espécie dos homens nobres vê a si mesma como determinante de valores: não necessita se fazer chamar de boa, ela pensa que o que me prejudica é de per si prejudicial, ela sabe ser o elemento que confere às coisas o seu valor primeiro, é criadora de valores. Dignifica tudo o que conhece de si: semelhante moral é autoglorificação].
  • 7. 7 Sobre esse fundo está a sensação de plenitude, de poder que quer transbordar, a felicidade da máxima tensão, a consciência de uma riqueza que gostaria de doar e restituir: o nobre também ajuda o infeliz, nunca ou quase nunca por compaixão, mas antes por um impulso gerado pela superabundância de poder... Diferente é a situação do segundo tipo de moral, a moral dos escravos. Posto que os violentados, os oprimidos, os sofredores, os prisioneiros, os inseguros de si mesmo e os exaustos façam moral: D) [qual será o elemento comum das suas avaliações morais? Provavelmente será a expressão de uma suspeita pessimista em relação à condição humana inteira, talvez uma condenação do ser humano e da sua situação. O olhar dos escravos não é favorável às virtudes dos poderosos: é cético e desconfiado, tem uma sutil desconfiança de todo o bem que é venerado no mundo dos potentes, e gostaria de convencer- se de que ali nem mesmo a felicidade é autêntica. Ao contrário, são colocadas em evidência e iluminadas E) [as características que servem para facilitar a existência dos sofredores]: eis que são exaltados a compaixão, a mão complacente e disposta a ajudar, o coração quente, a paciência, a laboriosidade, a humanidade, a cordialidade; posto que neste caso são as características mais úteis e quase o único remédio para suportar a opressão da existência. A moral dos escravos é essencialmente uma moral utilitária. Aqui está o foco dos famosos contrários, bom e ruim: no mal sente-se o poder e a periculosidade, um certo apavoramento, sutileza e força que não permitem ao desprezo aflorar”. GENEALOGIA DA MORAL: As doutrinas éticas do passado sempre viram nos valores morais um sistema absoluto e universal independente do período histórico e da localização geográfica. A hipótese genealógica de Nietzsche sugere, ao contrário, a possibilidade de desenvolver uma história dos valores morais identificando o seu nascimento em condições histórico-sociais específicas. O efeito é obviamente uma relativização dos próprios valores, capaz de revelar o conteúdo humano (demasiado humano, no dizer de Nietzsche) que está na sua base. MORTE DE DEUS: O anúncio da morte de deus, o núcleo da reflexão de Nietzsche, indica o progressivo desaparecimento na cultura do homem moderno de todas as filosofias, religiões e ideologias que no passado exerciam a tarefa de iludi-lo e consolá-lo. O Super-Homem, aquele que é capaz de suportar psicologicamente esse evento, ano necessita mais de ilusões tranquilizadoras porque com o espírito dionisíaco aceita a vida com seu caos intrínseco e ausência de sentido. Do livro: Antologia Ilustrada de Filosofia. Ubaldo Nicola NIETZSCHE 5 OS “MELHORADORES” DA HUMANIDADE “Um primeiro exemplo, e bem provisoriamente. Em todos os tempos se quis “melhorar” o homem: a isto sobretudo se chamou moral. Mas sob a mesma palavra se escondem as mais diferentes tendências. Tanto o amansamento da besta homem, quanto o aprimoramento de um determinado gênero de homens é denominado “melhoria”: somente estes termos zoológicos exprimem realidades – realidades, sem dúvida, das quais o típico “melhorador”, o padre, não sabe nada – nem quer saber... Denominar o amansamento de um animal sua “melhoria” é, a nossos ouvidos, quase uma piada. A) [Quem sabe o que acontece nas ménageries (1) duvida que ali a besta seja “melhorada”. Ela é enfraquecida, tornada menos danosa, torna-se, pelo sentimento depressivo do medo, pelas feridas, pela fome, uma besta doentia]. – Não é diferente com o homem amansado, que o padre “melhorou”. Na antiga Idade Média, onde de fato a Igreja era antes de tudo uma ménagerie, se dava caça por toda a parte aos mais belos exemplares da “besta loira” – “melhoraram”, por exemplo, os nobres germanos. B) [Mas qual foi, posteriormente, o aspecto de uma tal
  • 8. 8 germano “melhorado”, sedutoramente conduzido ao claustro? Uma caricatura de homem, como um aborto: ele se tornou em “pecador”, ele estava na jaula, haviam-no trancado entre puros conceitos apavorantes....] Ali jazia ele, doente, enfezado, malévolo contra si mesmo: cheio de ódio contra os impulsos à vida, cheio de suspeita contra tudo o que era ainda forte e feliz. Em suma, um “cristão”.... Para falar fisiologicamente: no combate com a besta o tornar-doente pode ser o único remédio para enfraquecê-la. Isso a Igreja entendeu: corrompeu o homem, enfraqueceu-o – mas teve a pretensão de tê-lo “melhorado””. (1)- Mantivemos em francês a palavra, que também em alemão é adotiva, por falta de equivalente da mesma generalidade, que englobasse, como ela: o circo de animais, a parque de animais, o estábulo, a reserva de caça, etc., em suma, todos os lugares em que o homem “civiliza” animais. Mas o sentido no texto é mais que claro. Do livro: Antologia Ilustrada de Filosofia. Ubaldo Nicola QUESTÕES • Responda com base no texto, mas não copiando tudo. Se copiar um trecho, comente, justifique. • Não pegue as respostas de outra pessoa, nem empreste a sua, ambos serão prejudicados na nota. • Procure responder com tinta azul ou preta. • Atenção à data de entrega. Texto 1 1) Responda qual o critério utilizado por Aristóteles para sabermos se uma ação é moralmente correta ou não. Dê exemplos com base no quadro das virtudes morais. 2) Relacione o conceito de hábito com o conceito de natureza, segundo a citação de Aristóteles. Texto 2 1) Quais mudanças o texto apresenta do pensamento cristão em relação ao pensamento aristotélico? 2) Um vício em Aristóteles passa a ser virtude no cristianismo. Qual é este vício que passou a ser virtude? Você é capaz de ler o texto 4 e fazer uma relação disto com a “moral dos senhores e escravos” da qual nos fala Nietzsche? 3) Relacione ócio e negócio (trabalho). 4) Relacione virtude e História. Texto 3 Exercício de leitura: o texto traz partes em negrito, entre [colchetes] e enumeradas a,b,c... Responda o que se pede em cada parte: 1) Como o trecho (A) nos ajuda a entender o que é Realismo Político em Maquiavel? 2) Como o trecho (B e C) nos ajudam a entender que, para Maquiavel, o mais importante para o Príncipe (governante) consiste em não perder o poder? 3) Como o trecho (D) mostra claramente uma ruptura entre moral e política? Quer dizer, as virtudes morais tradicionais não são critério de bom governo. Texto 4 Exercício de leitura: o texto traz partes em negrito, entre [colchetes] e enumeradas a,b,c... Responda o que se pede em cada parte: 1) O trecho (A) mostra, segundo Nietzsche que a origem da moral está em duas qualidades de homens, quais são elas?
  • 9. 9 2) Como o trecho (B e C) nos ajudam a entender que, para Nietzsche, o valor, para os homens nobres, não vem de fora, isto é, de ações, mas deles mesmos? 3) Como o trecho (D e E) nos ajudam a entender que, para Nietzsche, a moral de escravo é ressentida? E que suas virtudes são “facilitadoras de uma existência sofredora”? Texto 5 Exercício de leitura: o texto traz partes em negrito, entre [colchetes] e enumeradas a,b,c... Responda o que se pede em cada parte: 1) Justifique como, no trecho (A), Nietzsche compara a moral ensinada pelo cristianismo com o adestramento de bestas (animais). Você seria capaz de relacionar isto com uma pesquisa sobre a “docilização dos corpos” em Michel Foucault? 2) Justifique como, no trecho (B), Nietzsche supõe que o cristianismo cria alguns vícios, enquanto conceito, isto é, justificados até filosoficamente, e os transforma em pecados, fazendo do homem (no caso o germânico= alemão) um “pecador”. Aristóteles Maquiavel Nietzsche _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________Prof. Afrânio