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ALDEIA DA BORDEIRA
 ARQUITECTURA POPULAR
ÍNDICE




       INTRODUÇÃO ————————————————————————–———p.3

       METODOLOGIA ——————————————————————————-p.4

       ENQUADRAMENTO DA ALDEIA DA BORDEIRA———-p.5

       CARACTERIZAÇÃO ARQUITECTÓNICA ————————-p.6

       CASO - QUARTEIRÕES COMPACTOS —————————-p.10

       SÍNTESE ARQUITECTÓNICA DAS TIPOLOGIAS DAS
        HABITAÇÕES DA EXISTENTES NA ALDEIA ———-p.11

       BIBLIOGRAFIA —————————————————————————-p.12




2

                                                      2
Introdução



    A Arquitectura Vernacular apresenta-se como um
    legado do homem e das comunidades, pois caracteri-
    zam de forma particular como cada comunidade ocu-
    pava e intervia no território onde estas se inse-
    riam. Esta manifestava-se de acordo com os mais
    diversos condicionalismos, sejam estes económicos,
    geográficos, orográficos, sociais e culturais que
    se adaptavam a cada especificidade de cada comuni-
    dade.
    Ao longo dos últimos tempos, a Arquitectura no
    Algarve tem-se vindo a alterar, desenraizando do
    seu passado, dos seus costumes em detrimento de
    outras abordagens arquitectónicas, que privilegiam
    outras formas e outros materiais, que têm vindo
    gradualmente a apagar as características arquitec-
    tónicas tradicionais.

    Como consequência do detrimento da Arquitectura
    Vernacular em prol de uma Arquitectura Globaliza-
    da, surgiu a ideia de elaborar um trabalho acadé-
    mico em que pudéssemos identificar a arquitectura
    vernacular e a sua evolução numa aldeia, caracte-
    rizando-a pela sua diferenciação, pela utilização
    de materiais e técnicas locais adequados aos seus
    costumes e actividades económicas.

    A escolha surgiu pela Bordeira, no Concelho de
    Aljezur, pois ainda apresenta algumas das suas
    características originais devido ao seu
    “esquecimento” e isolamento, apesar de se encon-
    trar próximo do litoral.
3

                                                         3
Metodologia



Sendo a intenção principal, identificar,
caracterizar os padrões arquitectónicos e principais
técnicas, métodos e materiais associadas aos
diferentes tipos de construção, a metodologia deste
trabalho, passou essencialmente por 3 linhas
orientadoras:

   Caracterização através de Bibliográfia adequada
    (Ver Bibliografia)
   Trabalho de campo, onde foi necessário
    deslocarmo-nos à aldeia para a compreendermos
    melhor e conseguirmos elaborar uma leitura
    sobre a sua arquitectura.
   Análise e conclusão síntese da informação
    recolhida.

Durante o processo de trabalho de Campo, para além
da observação in situ, foi efectuado as seguintes
acções:

   Fotografias de cada uma das fachadas
    existentes,
   Levantamento fotográfico de pormenores
    arquitectónicos mais salientes e de algumas
    ruinas,
   Registos do interior de habitações que
    apresentassem as suas características
    tradicionais.

Testemunho de habitantes que participaram ou
observaram a construção de algumas daquelas
    4
edificações.

                                                       4
Enquadramento da Aldeia da Bordeira



    A Aldeia da Bordeira localiza-se no Concelho de Aljezur,
    no Oeste da Região do Algarve. É sede de freguesia que
    apresenta o mesmo nome, tendo 432 habitantes e uma densi-
    dade de 5,4 habitantes por Km2.
    A estrutura urbana da Aldeia da Bordeira encontra-se num
    enclave marcado pelo vale da Ribeira da Bordeira e os 5
    cerros (Cabecinho, Coval, Moinho, Lugar e Selões) que a
    emuralham, sendo acessível por um caminho municipal que
    liga a EN268, encontra-se geograficamente entre o Parque
    Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano e a Serra
    do Espinhaço de Cão, dista apenas da sua vizinha Carrapa-
    teira, aldeia com características muito idênticas a Bor-
    deira embora hoje em dia um pouco mais alterada, resultan-
    te da sua maior popularidade entre os turistas e amantes
    de Desporto de Aventura.

    Apresenta uma estrutura urbana bastante consolidada, mar-
    cada ainda pelo seu traçado original, fortemente condicio-
    nada pela morfologia declivosa e acidentada do terreno,
    onde os principais eixos acompanham as curvas de nível.
    Ainda se encontra preservado algumas características ori-
    ginais no edificado, tais como a tipologia de edificação,
    técnicas construtivas, materiais apesar de muitos dos edi-
    fícios tenham sofrido alterações e modificações nas últi-
    mas décadas, fruto de uma crescente aquisição destes por
    residentes estrangeiros que sentem a necessidade de as
    adaptar de acordo com as suas necessidades e gosto pes-
    soal.

    É um aglomerado de ruas estreitas e casas térreas e chami-
    nés rendilhadas onde a população se encontra envelhecida,
    marcado pela carência de serviços e infra-estruturas, onde
    as suas principais actividades económicas são a Agricultu-
5   ra, Apicultura e a Pesca.

                                                                 5
Caracterização Arquitectónica



    Ao chegarmos à Aldeia da Bordeira procu-
    ramos ler as características dominantes
    e originais da sua arquitectura, apesar
    de um grande número de habitações terem
    vindo a ser remodeladas, expandidas,
    rejeitando ou simplesmente esquecendo as
    técnicas e materiais tradicionais que
    são gradualmente substituídos por mate-
    riais modernos.

    Através do seu traçado urbano e pitores-
    co é possível compreender que são singe-
    las construções que se apresentam hoje
    em dia como um precioso legado , dis-
    tinto e original, onde os seus habitan-
    tes tentaram tirar o melhor partido das
    matérias –primas disponíveis articulando
    -as ao acentuado declive da encosta.

    O Património edificado vale pelo seu
    conjunto , pois apresenta uma arquitec-
    tura com carácter próprio que se encon-
    tra harmoniosamente articulado e inte-
    grado na morfologia do terreno.

    A tipologia e a organização espacial do
    casario é determinado pelo relevo e
    pelas características climáticas do
    local.




6

                                        6
É frequente a implementação nos aflora-
    mentos rochosos, ou o embasamento sob
    alvenaria argamassada de pedras de xisto,
    sendo comum a utilização de poiais para
    vencer os desníveis, criando espaços
    semipúblicos antes das construções.

    Os principais eixos acompanham o relevo,
    ou seja, as curvas de nível, formando
    entre eles pequenos quarteirões de ocupa-
    ção total, sendo mais notório na envol-
    vência do Largo 1º Maio.

    Separando os pequenos quarteirões existem
    estreitas travessas de acentuada inclina-
    ção que permitem o acesso entre os prin-
    cipais eixos.Nas áreas de cota inferior,
    onde outrora se reuniam as águas pluviais
    que escorriam das colinas alimentando a
    Ribeira, é hoje em dia, onde se encontra
    implantado os edifícios mais “recentes”
    devido as suas características, técnicas
    construtivas e pormenores que visualmente
    destoam do conjunto que se encontram as
    únicas infra-estruturas da Aldeia, como
    a Junta de Freguesia, o Café, a Mercearia
    e a Escola.

    Nas construções originais destacam-se as
    suas fachadas de decoração simples, pé
    direito baixo, com a presença de uma
    entrada e uma ou duas janelas em madeira,
    onde a presença de postigos é notória, e
    em alguns casos até prima pela ausência
    de janelas. A presença do número de vãos
    é determinada pelo declive, largura da
7   fachada e pela orientação desta na encos-
    ta, devido aos fortes ventos predo-
    minantes nesta região.
                                          7
É frequente o uso de coberturas em telha
    de canudo de uma só água, com beirado
    simples ou duplo, onde a chaminé apresen-
    ta-se como um elemento decorativo por
    excelência. São assentes em suportes des-
    contínuos e possuem remates especiais
    para evitar inflintrações. O assentamento
    inicia-se pelas telhas inferiores para
    formar um canal de escoamento das águas,
    onde as fiadas superiores são assentes
    sobre 2 telhas infereiores, sendo fixadas
    por pregos, argamassa para evitar a acção
    dos ventos.

    Nos quarteirões compactados a opção pas-
    sava por uma cobertura única que alberga
    vários corpos, sendo distinguível pelo
    número de chaminés.

    É frequente o uso da “cal” nestas cons-
    truções, especialmente nos rebocos e na
    pintura.

    As paredes exteriores eram construídas
    por vários métodos ou processos, sendo na
    maioria dos casos encontrados uma solução
    mista onde a utilização de materiais como
    a argila, areia e pedras de xisto frag-
    mentadas seriam mais comuns. Foi também
    encontrado casos onde foi utilizada alve-
    naria ordinária argamassada em pedra de
    xisto, outras uma mistura na técnica de
    construção, onde o embasamento era efec-
    tuado com alvenaria de xisto argamassada
8   e na restante estrutura era utilizado a
    alvenaria em Taipa que assentava
    sobre a alvenaria de xisto.            8
O Sr. Joaquim Rosa, de 78 anos, natural
    da Bordeira, contou-nos que era comum
    montarem o Taipal com 70 cm de largura e
    neste juntarem areia, barro e pedras de
    xisto e compactarem bem, sendo que nas
    “Mieiras” estas atingiam o dobro da lar-
    gura, no final era rebocadas a argamassa
    de cal e revestidas com tinta de cal. No
    seu interior as paredes eram construídas
    com alvenaria de tijolo de burro, sendo
    posteriormente rebocadas e pintadas,
    enquanto o pavimento poderia ser em terra
    batida ou em pavimento de cerâmica
    (tijoleira).

    As coberturas em telha de canudo assenta-
    vam num ripado de madeira, sendo o forro
    constituído por caniço, que provinha da
    Ribeira, em que a estrutura depois
    assentava em dormentes, normalmente de
    madeira de carvalho.

    A organização espacial era bastante sim-
    ples, de formas simples e de leitura
    fácil, sendo que a entrada se fazia pela
    sala, que ocupava uma posição central,
    sendo os quartos situados nas laterais e
    a cozinha na traseira da casa. Poderiam
    existir prolongamentos com entradas que
    se faziam pelo exterior que correspondiam
    a galinheiros, estábulos ou com funções
    de armazenagem das culturas e ferramen-
9   tas.

                                          9
Caso dos Quarteirões Compactos
     Devido ao relevo declivoso onde a aldeia se encontra implan-
     tada, surgem quarteirões compactados, ou seja um conjunto de
     habitações independentes mas que de um modo geral formam uma
     unidade. Este conjunto de habitações foi construído de forma
     articulada e harmoniosa e apresenta-se como uma solução
     engenhosa de urbanismo para vencer a “irregularidade do ter-
     reno” e ao mesmo tempo aproveitar o pouco área disponível.
     Estes conjuntos chegam a albergar 5 habitações, sendo os de
     maiores dimensões implantados entre a Rua do Castelinho, Rua
     do Castelo, Rua Casa Fidalga e o Largo 1º de Maio.Algumas
     particularidades destes conjuntos, é de um modo geral apre-
     sentam uma cobertura de uma só água que abrange mais que uma
     habitação, dependendo da cota de implantação do edifica-
     do.Devido a se apresentarem compactas em redor das vias que
     acompanham as curvas de nível, cada habitação apresenta a
     sua fachada na parede disponível, podendo surgir nas paredes
     frontais, nas paredes laterais e nas paredes traseiras. Sen-
     do que as divisões situadas no interior possuíam clarabóias
     nas coberturas para permitir a entrada de luz natural.Nas
     figuras à esquerda, apresentamos um caracterização de um
     conjunto que forma um quarteirão situado entre a Rua do Cas-
     telinho (na cota à nível superior), Rua da Fidalga (na cota
     à nível inferior) e ladeado a Este pelo Largo 1º de Maio e a
     Oeste por uma estreita travessa.Este conjunto é constituído
     por 4 habitações, duas com a fachada na parede frontal e
     cobertura de uma só água comum, virada para a Rua da Fidal-
     ga. Nos patamares superiores surgem outras duas habitações
     que possuem a cobertura de uma só água na mesma pendente das
     outras no patamar inferior mas com a diferença na localiza-
     ção das suas fachadas, sendo que uma apresenta uma fachada
     lateral, virada para o Largo 1º de Maio e a outra apresenta
     uma fachada tardoz virada para a Rua do Castelinho. Outra
     curiosidade é que a cota de soleira da habitação na Rua do
     Castelinho encontra-se ao nível da cobertura das habitações
     com fachada virada para Rua da Fidalga.
10

                                                             10
SÍNTESE ARQUITECTÓNICA DAS HABITAÇÕES POPULARES DA ALDEIA DA BORDEIRA




11

                                                                             11
Bibliografia e Páginas Web Consultadas:

      AA .ARQUITECTURA POPULAR EM PORTUGAL:
       SINDICATO NACIONAL DOS ARQUITECTOS—
       ZONA 6—ALGARVE E ALENTEJO LITORAL,POR
       ARTUR PIRES MARTINS.1961.

      PLANOS DE INTERVENÇÃO DAS ALDEIAS DO
       ALGARVE-VOL.4. CCDR,2003.
      FERNANDES, JOSÉ E ANA JANEIRO, ARQUI-
       TECTURA NO ALGARVE, UMA LEITURA DE
       SÍNTESE.2005.
      MOUTINHO, MÁRIO. ARQUITECTURA POPULAR
       PORTUGUESA, LISBOA 1979.

      APONTAMENTOS FORNECIDOS P/ ARQUITECTA
       MARIA TERESA VALENTE

      WWW.CM-ALJEZUR.PT
Fotografias, Desenhos e Layout da autoria do Autor, à excepção
dos dois mapas ilustrativos e da imagem aérea que ilustram a
página nº 4, que foram recolhidas no Google Images.




    Trabalho elaborado para a Disciplina de Materiais e Téc-
    nicas de Construção Tradicionais, no âmbito do Curso de
    Arquitectura Paisagista, da Faculdade de Ciências e Tec-
    nologias da Universidade do Algarve.

    Autor: Vitor Alexandre Da Silva, aluno nº37473
            12

    Sob orientação da Professora Arquitecta Maria Teresa
    Valente                                                      12
13

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Arquitetura tradicional da Aldeia da Bordeira

  • 1. ALDEIA DA BORDEIRA ARQUITECTURA POPULAR
  • 2. ÍNDICE  INTRODUÇÃO ————————————————————————–———p.3  METODOLOGIA ——————————————————————————-p.4  ENQUADRAMENTO DA ALDEIA DA BORDEIRA———-p.5  CARACTERIZAÇÃO ARQUITECTÓNICA ————————-p.6  CASO - QUARTEIRÕES COMPACTOS —————————-p.10  SÍNTESE ARQUITECTÓNICA DAS TIPOLOGIAS DAS HABITAÇÕES DA EXISTENTES NA ALDEIA ———-p.11  BIBLIOGRAFIA —————————————————————————-p.12 2 2
  • 3. Introdução A Arquitectura Vernacular apresenta-se como um legado do homem e das comunidades, pois caracteri- zam de forma particular como cada comunidade ocu- pava e intervia no território onde estas se inse- riam. Esta manifestava-se de acordo com os mais diversos condicionalismos, sejam estes económicos, geográficos, orográficos, sociais e culturais que se adaptavam a cada especificidade de cada comuni- dade. Ao longo dos últimos tempos, a Arquitectura no Algarve tem-se vindo a alterar, desenraizando do seu passado, dos seus costumes em detrimento de outras abordagens arquitectónicas, que privilegiam outras formas e outros materiais, que têm vindo gradualmente a apagar as características arquitec- tónicas tradicionais. Como consequência do detrimento da Arquitectura Vernacular em prol de uma Arquitectura Globaliza- da, surgiu a ideia de elaborar um trabalho acadé- mico em que pudéssemos identificar a arquitectura vernacular e a sua evolução numa aldeia, caracte- rizando-a pela sua diferenciação, pela utilização de materiais e técnicas locais adequados aos seus costumes e actividades económicas. A escolha surgiu pela Bordeira, no Concelho de Aljezur, pois ainda apresenta algumas das suas características originais devido ao seu “esquecimento” e isolamento, apesar de se encon- trar próximo do litoral. 3 3
  • 4. Metodologia Sendo a intenção principal, identificar, caracterizar os padrões arquitectónicos e principais técnicas, métodos e materiais associadas aos diferentes tipos de construção, a metodologia deste trabalho, passou essencialmente por 3 linhas orientadoras:  Caracterização através de Bibliográfia adequada (Ver Bibliografia)  Trabalho de campo, onde foi necessário deslocarmo-nos à aldeia para a compreendermos melhor e conseguirmos elaborar uma leitura sobre a sua arquitectura.  Análise e conclusão síntese da informação recolhida. Durante o processo de trabalho de Campo, para além da observação in situ, foi efectuado as seguintes acções:  Fotografias de cada uma das fachadas existentes,  Levantamento fotográfico de pormenores arquitectónicos mais salientes e de algumas ruinas,  Registos do interior de habitações que apresentassem as suas características tradicionais. Testemunho de habitantes que participaram ou observaram a construção de algumas daquelas 4 edificações. 4
  • 5. Enquadramento da Aldeia da Bordeira A Aldeia da Bordeira localiza-se no Concelho de Aljezur, no Oeste da Região do Algarve. É sede de freguesia que apresenta o mesmo nome, tendo 432 habitantes e uma densi- dade de 5,4 habitantes por Km2. A estrutura urbana da Aldeia da Bordeira encontra-se num enclave marcado pelo vale da Ribeira da Bordeira e os 5 cerros (Cabecinho, Coval, Moinho, Lugar e Selões) que a emuralham, sendo acessível por um caminho municipal que liga a EN268, encontra-se geograficamente entre o Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano e a Serra do Espinhaço de Cão, dista apenas da sua vizinha Carrapa- teira, aldeia com características muito idênticas a Bor- deira embora hoje em dia um pouco mais alterada, resultan- te da sua maior popularidade entre os turistas e amantes de Desporto de Aventura. Apresenta uma estrutura urbana bastante consolidada, mar- cada ainda pelo seu traçado original, fortemente condicio- nada pela morfologia declivosa e acidentada do terreno, onde os principais eixos acompanham as curvas de nível. Ainda se encontra preservado algumas características ori- ginais no edificado, tais como a tipologia de edificação, técnicas construtivas, materiais apesar de muitos dos edi- fícios tenham sofrido alterações e modificações nas últi- mas décadas, fruto de uma crescente aquisição destes por residentes estrangeiros que sentem a necessidade de as adaptar de acordo com as suas necessidades e gosto pes- soal. É um aglomerado de ruas estreitas e casas térreas e chami- nés rendilhadas onde a população se encontra envelhecida, marcado pela carência de serviços e infra-estruturas, onde as suas principais actividades económicas são a Agricultu- 5 ra, Apicultura e a Pesca. 5
  • 6. Caracterização Arquitectónica Ao chegarmos à Aldeia da Bordeira procu- ramos ler as características dominantes e originais da sua arquitectura, apesar de um grande número de habitações terem vindo a ser remodeladas, expandidas, rejeitando ou simplesmente esquecendo as técnicas e materiais tradicionais que são gradualmente substituídos por mate- riais modernos. Através do seu traçado urbano e pitores- co é possível compreender que são singe- las construções que se apresentam hoje em dia como um precioso legado , dis- tinto e original, onde os seus habitan- tes tentaram tirar o melhor partido das matérias –primas disponíveis articulando -as ao acentuado declive da encosta. O Património edificado vale pelo seu conjunto , pois apresenta uma arquitec- tura com carácter próprio que se encon- tra harmoniosamente articulado e inte- grado na morfologia do terreno. A tipologia e a organização espacial do casario é determinado pelo relevo e pelas características climáticas do local. 6 6
  • 7. É frequente a implementação nos aflora- mentos rochosos, ou o embasamento sob alvenaria argamassada de pedras de xisto, sendo comum a utilização de poiais para vencer os desníveis, criando espaços semipúblicos antes das construções. Os principais eixos acompanham o relevo, ou seja, as curvas de nível, formando entre eles pequenos quarteirões de ocupa- ção total, sendo mais notório na envol- vência do Largo 1º Maio. Separando os pequenos quarteirões existem estreitas travessas de acentuada inclina- ção que permitem o acesso entre os prin- cipais eixos.Nas áreas de cota inferior, onde outrora se reuniam as águas pluviais que escorriam das colinas alimentando a Ribeira, é hoje em dia, onde se encontra implantado os edifícios mais “recentes” devido as suas características, técnicas construtivas e pormenores que visualmente destoam do conjunto que se encontram as únicas infra-estruturas da Aldeia, como a Junta de Freguesia, o Café, a Mercearia e a Escola. Nas construções originais destacam-se as suas fachadas de decoração simples, pé direito baixo, com a presença de uma entrada e uma ou duas janelas em madeira, onde a presença de postigos é notória, e em alguns casos até prima pela ausência de janelas. A presença do número de vãos é determinada pelo declive, largura da 7 fachada e pela orientação desta na encos- ta, devido aos fortes ventos predo- minantes nesta região. 7
  • 8. É frequente o uso de coberturas em telha de canudo de uma só água, com beirado simples ou duplo, onde a chaminé apresen- ta-se como um elemento decorativo por excelência. São assentes em suportes des- contínuos e possuem remates especiais para evitar inflintrações. O assentamento inicia-se pelas telhas inferiores para formar um canal de escoamento das águas, onde as fiadas superiores são assentes sobre 2 telhas infereiores, sendo fixadas por pregos, argamassa para evitar a acção dos ventos. Nos quarteirões compactados a opção pas- sava por uma cobertura única que alberga vários corpos, sendo distinguível pelo número de chaminés. É frequente o uso da “cal” nestas cons- truções, especialmente nos rebocos e na pintura. As paredes exteriores eram construídas por vários métodos ou processos, sendo na maioria dos casos encontrados uma solução mista onde a utilização de materiais como a argila, areia e pedras de xisto frag- mentadas seriam mais comuns. Foi também encontrado casos onde foi utilizada alve- naria ordinária argamassada em pedra de xisto, outras uma mistura na técnica de construção, onde o embasamento era efec- tuado com alvenaria de xisto argamassada 8 e na restante estrutura era utilizado a alvenaria em Taipa que assentava sobre a alvenaria de xisto. 8
  • 9. O Sr. Joaquim Rosa, de 78 anos, natural da Bordeira, contou-nos que era comum montarem o Taipal com 70 cm de largura e neste juntarem areia, barro e pedras de xisto e compactarem bem, sendo que nas “Mieiras” estas atingiam o dobro da lar- gura, no final era rebocadas a argamassa de cal e revestidas com tinta de cal. No seu interior as paredes eram construídas com alvenaria de tijolo de burro, sendo posteriormente rebocadas e pintadas, enquanto o pavimento poderia ser em terra batida ou em pavimento de cerâmica (tijoleira). As coberturas em telha de canudo assenta- vam num ripado de madeira, sendo o forro constituído por caniço, que provinha da Ribeira, em que a estrutura depois assentava em dormentes, normalmente de madeira de carvalho. A organização espacial era bastante sim- ples, de formas simples e de leitura fácil, sendo que a entrada se fazia pela sala, que ocupava uma posição central, sendo os quartos situados nas laterais e a cozinha na traseira da casa. Poderiam existir prolongamentos com entradas que se faziam pelo exterior que correspondiam a galinheiros, estábulos ou com funções de armazenagem das culturas e ferramen- 9 tas. 9
  • 10. Caso dos Quarteirões Compactos Devido ao relevo declivoso onde a aldeia se encontra implan- tada, surgem quarteirões compactados, ou seja um conjunto de habitações independentes mas que de um modo geral formam uma unidade. Este conjunto de habitações foi construído de forma articulada e harmoniosa e apresenta-se como uma solução engenhosa de urbanismo para vencer a “irregularidade do ter- reno” e ao mesmo tempo aproveitar o pouco área disponível. Estes conjuntos chegam a albergar 5 habitações, sendo os de maiores dimensões implantados entre a Rua do Castelinho, Rua do Castelo, Rua Casa Fidalga e o Largo 1º de Maio.Algumas particularidades destes conjuntos, é de um modo geral apre- sentam uma cobertura de uma só água que abrange mais que uma habitação, dependendo da cota de implantação do edifica- do.Devido a se apresentarem compactas em redor das vias que acompanham as curvas de nível, cada habitação apresenta a sua fachada na parede disponível, podendo surgir nas paredes frontais, nas paredes laterais e nas paredes traseiras. Sen- do que as divisões situadas no interior possuíam clarabóias nas coberturas para permitir a entrada de luz natural.Nas figuras à esquerda, apresentamos um caracterização de um conjunto que forma um quarteirão situado entre a Rua do Cas- telinho (na cota à nível superior), Rua da Fidalga (na cota à nível inferior) e ladeado a Este pelo Largo 1º de Maio e a Oeste por uma estreita travessa.Este conjunto é constituído por 4 habitações, duas com a fachada na parede frontal e cobertura de uma só água comum, virada para a Rua da Fidal- ga. Nos patamares superiores surgem outras duas habitações que possuem a cobertura de uma só água na mesma pendente das outras no patamar inferior mas com a diferença na localiza- ção das suas fachadas, sendo que uma apresenta uma fachada lateral, virada para o Largo 1º de Maio e a outra apresenta uma fachada tardoz virada para a Rua do Castelinho. Outra curiosidade é que a cota de soleira da habitação na Rua do Castelinho encontra-se ao nível da cobertura das habitações com fachada virada para Rua da Fidalga. 10 10
  • 11. SÍNTESE ARQUITECTÓNICA DAS HABITAÇÕES POPULARES DA ALDEIA DA BORDEIRA 11 11
  • 12. Bibliografia e Páginas Web Consultadas:  AA .ARQUITECTURA POPULAR EM PORTUGAL: SINDICATO NACIONAL DOS ARQUITECTOS— ZONA 6—ALGARVE E ALENTEJO LITORAL,POR ARTUR PIRES MARTINS.1961.  PLANOS DE INTERVENÇÃO DAS ALDEIAS DO ALGARVE-VOL.4. CCDR,2003.  FERNANDES, JOSÉ E ANA JANEIRO, ARQUI- TECTURA NO ALGARVE, UMA LEITURA DE SÍNTESE.2005.  MOUTINHO, MÁRIO. ARQUITECTURA POPULAR PORTUGUESA, LISBOA 1979.  APONTAMENTOS FORNECIDOS P/ ARQUITECTA MARIA TERESA VALENTE  WWW.CM-ALJEZUR.PT Fotografias, Desenhos e Layout da autoria do Autor, à excepção dos dois mapas ilustrativos e da imagem aérea que ilustram a página nº 4, que foram recolhidas no Google Images. Trabalho elaborado para a Disciplina de Materiais e Téc- nicas de Construção Tradicionais, no âmbito do Curso de Arquitectura Paisagista, da Faculdade de Ciências e Tec- nologias da Universidade do Algarve. Autor: Vitor Alexandre Da Silva, aluno nº37473 12 Sob orientação da Professora Arquitecta Maria Teresa Valente 12
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