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Dos Templos as Ruas:
              A tragetória das Prostitutas na Antiguidade Ocidental.
                                                                     Wallace Melo G. Barbosa


       Elas estão presentes em todos os períodos da história. Elogiadas por poetas,
filósofos, artístas, nobres e até mesmo por grandes imperadores romanos, as prostitutas
do mundo antigo, também eram vistas com muita hostilidade e muitas vezes, condenadas
por vários segmentos. E é nessa conjuntura, que pretendemos compreender um pouco
sobre o mundo da prostituição na antiguidade, levando em conta, os diferentes
julgamentos morais que foram impostos as famosas profissionais do sexo nas sociedades
primitivas.


       Não é por acaso que atribuímos às mulheres de virtude facil, o título de uma das
mais antigas profissões do mundo. Isso se dá, devido ao fato de que a prostituição era
uma instituição bastante notável no mundo antigo. As prostitutas se manifestavam em
diversas ocasiões, desde os cultos promovidos pelos templos sagrados na forma de ritos
sexuais até os famosos bordéis e teatros romanos.


       Assim, os encontros entre       homens e mulheres, atrás de experiências sexuais
extra-conjugais, nos templos, tabernas e bordéis, ocorríam por meio de variadas
motivações e contribuíam para consolidar também, uma série de julgamentos morais, a
respeito da conduta ideal das mulheres diante do convívio social. Uma vez que, a medida
que a prática da prostituição ia se cristalizando ao longo das sociedades, também iam se
propagando, uma série de concepções éticas a respeito da conduta da "boa" e da "má"
mulher.


       Diante disso, podemos assim dizer que, um ponto de singular grandeza presente
nesse breve estudo, se encontra no fato de se analisar a prostituição no mundo antigo,
como      uma   prática,   não   tão   marginalizada,   como   concebe   as   concepções
contemporâneas. Uma vez que, quando adentramos na história da prostituição,
precisamos nos desprender a uma série de valores morais e estudarmos essa prática,
segundo o contexto histórico que a ela está inserido. E nessa conjuntura, é válido afirmar
que , em muitos casos, vamos constatar a atribuição de posições sociais privilegiadas
para as prostitutas das sociedades antigas.
No entanto, a medida que as culturas e as práticas patriarcais vão se consolidando
nessas primeiras sociedades, a marginalização das profissionais do sexo vai se tornando
uma constante, ocorrendo assim, um gradual rebaixamento social, não somente das
prostitutas, mas de todo o gênero feminino.


      Pois bem, dando continuidade ao raciocício central desse estudo, podemos assim
afirmar que, a origem das primeiras profissionais do sexo tem ligações históricas com as
primeiras sociedades de cunho matriarcal presentes no período pré-histórico. Uma vez
que, diante das primeiras explicações míticas a respeito das diversas incógnitas
formuladas pelos homens, diante do mundo natural, os grupos humanos, passam a
atribuir em seu gradual processo de produção cultural, uma notória sacralidade na figura
da mulher. Esse fato, pode ser explicado, devido a capacidade única que as mulheres
detém, por meio de seus próprios corpos, a geração da vida.


      A gestação era vista como um elemento sagrado para as culturas primitivas. E é a
partir daí, que podemos encontrar os subsídios principais para justificar a criação de
deuses personificados na forma feminina. A idéia de uma"deusa-mãe" está presente em
quase todas as religiões primitivas e da antiguidade. Sua força só será reduzida, a medida
que as sociedades vão adquirindo um teor mais patriarcal, e essa relação de gênero,
também sera identificada na esfera do mundo sagrado.


      E foram nos templos construídos para as deusas, que encontramos suas
sacerdotisas, que lideravam os rituais, que, entre tantos, destacavam-se os ritos sexuais.
Diante disso, muitos homens fiéis as deusas, procuravam os locais sagrados de
adoração, e junto as mulheres que pertencíam a esses locais, realizavam ritos, por meio
de relações sexuais, para assim, ter maior contato com os prazeres proporcionados pela
divindade. E diante dessas práticas, grandes oferendas eram devotadas aos templos.
Podemos fazer referência as deusas Ishtar e Ísis, como divindades de destaques do
mundo mesopotâmico e egípcio, respectivamente.


      É na seara da sacralidade que encontramos o princípio da prostituição no mundo, e
nesse campo, onde o sagrado e o profano estão totalmente amalgamados que podemos
afirmar que, a medida que os ritos sexuais se difundiam nessas socieadades, as famosas
sacerdotisas, também conhecidas como entu e naditu, passavam a ganhar um grande
lugar de destaque na hierarquia social. No entanto, foram as harimtus, as mulheres
(geralmente escravas doadas aos templos) que praticavam as relações sexuais nos
rituais sagrados, que enriquecíam os templos, por meio das ricas oferendas.


      Seriam as harimtus mulheres pertencentes aos templos sagrados que praticavam
rituais sexuais as primeiras prostitutas da história? Bem, de uma certa forma, sim.
Logicamente que os julgamentos morais inclusos nesses ofícios não são semelhantes aos
que são utilizados na contemporaneidade. No entanto, as prostitutas dessas primeiras
sociedades tribais, tinham um ofício caracterizado por uma espécie de fusão entre a
busca pelo sagrado com a busca pelo prazer sexual, sabendo que o próprio prazer, era
algo considerado sagrado. Após esses "rituais", o homem deixava de lado a sua
bestialidade natural e tinha um maior contato com a esfera extra-humana. Essa espécie
de prostituição sagrada era um elemento importante para essas sociedades tribais do
mundo antigo, e tudo leva a crer que foi por meio dela, que surgiu a prostituição das ruas.


      Posteriormente, no mundo racional dos gregos, também constatamos a presença
de prostitutas nas diversas polis. Nesse período, ja estava bastante diferenciada as
motivações da prostituição sagrada com a prostituição individual, haja vista, a existência
de ordenamentos políticos com finalidade de controlar essas atividades, a presença de
bordéis públicos, como também, bórdéis privados e a existência de prostitutas "de luxo"
que orbitavam entre os vários círculos sociais dos eupátridas. Além disso, também
constatamos os cultos a famosa deusa Afrodite, deusa grega da beleza, do amor e da
procriação.


      Pois bem, enquanto que nas tribos primitivas a prostituição estava bastante ligada
a questões religiosas, no mundo grego, era uma atividade global e empreendedora.Toda
racionalidade do mundo grego, impulsionou também uma profunda libertação sexual, os
homens mais ricos, tinham acesso a uma grande diversidade de atrações sexuais, nos
templos e bordéis espalhados pelas cidades-estados. E diante de uma cultura, onde a
sexualidade não era, de forma alguma, censurada, a prostituição viu na Grécia Antiga um
terreno bastante fértil para o seu desenvolvimento.


      Ao lado das tão famosas, mulheres de Atenas, existiam as prostitutas gregas, que
era o outro lado da moralidade ateniense. Enquanto a vida social era privada as esposas
da Grécia, a libertação sexual era o que movia, as mulheres que partiam para uma outra
forma de enxergar o amor. Deixavam de lado toda educação doméstica, atribuída as
"boas" mulheres gregas e partíam para uma vida ligada à voluptuosidade. Solón, famoso
legislador ateniense atribuía as mulheres, apenas dois destinos: o de esposa ou de
prostituta.


       Um ponto curioso na história sexual da cultura grega, era a presença de bórdeis
públicos, organizados pelo próprio Estado ateniense, que garantia grandes lucros para a
polis. Nesses estabelecimentos públicos, trabalhavam as deikteriades, como eram
chamadas as prostitutas/escravas que tinham a função de enriquecer a arrecadação
financeira do Estado, por meio das inúmeras relações sexuais.


       Entretanto, além dos prostíbulos estatais, também existiam a prostituição privada,
que, mesmo proibida pelas leis atenienses, pois, nitidamente atrapalhava a arrecadação
da máquina pública, existíam nas sociedades gregas. E em muitos casos, essa forma
privada de comércio sexual era feita de forma coletiva, onde várias meretrizes se
organizavam e suas atividades eram organizadas por uma espécie de "cafetina" ou
também chamadas de "madames", ficando muito claro que havia diferentes formas de
prostituição na Grécia.


       Também é válido mencionar a presença de mais de mil prostitutas no templo da
deusa Afrodite, principal divindade grega, que proporcionava aos seus fiéis, todos os
prazeres em seus rituais sexuais. Esses templos também vivíam de doações de cidadãos
ricos para a deusa. Era muito comum a doação de escravas para o templo, para que
assim, os rituais sagrados fossem preservados.


       E por fim, também, encontramos a presença das famosas prostitutas de "luxo" que
encantavam os cidadãos ricos, não somente por suas formas e beleza, mas também pela
intelectualidade e habilidades artísticas, as hetairae, como eram conhecidas, faziam com
que seus "amantes" alimentassem grandes paixões, contribuindo cada vez mais para os
seus nagócios e lucratividade. Haviam famosas hetairae em toda Grécia. O mais curioso
era que, antes de tornarem-se     hetairae, essas mulheres passavam por uma grande
preparação física e intelectual. Era no gynaceum que elas moravam e se preparavam
para cumprir o seu ofício, estudavam sobre os gêneros literários, filósóficos, além disso,
buscavam aprender sobre novas formas de posições sexuais, danças, vestimentas e
também a retórica, tornando-se assim, eximias acompanhantes da elite ateniense. Outro
grupo conhecido pelos homens gregos era o das auletrides, que também se destacavam
como prostitutas de luxo. Eram atrizes e dançarinas que encantavam os homens, por
meio de suas apresentações sensuais, tornando-se, junto as hetairae famosas cortesãs
da sociedade helenica.


       Como podemos ver, os prazeres sexuais do mundo antigo, tinham na prostituição,
como uma prática cotidiana. Tanto na Grécia, civilização onde floresceu a democracia e a
filosofia, quanto no grande império romano, que por sua vez, essa prática encontrou um
cenário bastante propício, haja vista, as tantas perversões eróticas da elite romana.


       E nessa perspectiva, ao adentrarmos na história de Roma, vamos encontrar,
literalmente, um circo de grandes perversões sexuais encrustadas na história política da
cidade que tornou-se o maior império do mundo ocidental. Assim, relatos de perversões
sexuais, prostituição e orgias também faziam parte das polêmicas e das conspirações
presentes ao longo da história das instituições políticas romanas. De Otávio Augusto ao
imperador Rômulo, o culto a sexualidade era instituído na cultura latina de diversas
maneiras.


       Entretanto, a prostituição religiosa não era o principal fator para que as
profissionais do sexo atuassem pelos prostíbulos e palácios romanos. O culto a deusa
Afrodite pode ser um elemento a mais nessa história, mas o que podemos afirmar, de
fato, é que a prostituição é fruto dos devaneios sexuais presentes na cultura romana. O
imperador Comodus é um bom exemplo dessa perversão, uma vez que, o mesmo
transformou praticamente o seu palácio em um grande bordel que circulavam um número
superior a 300 moças e rapazes., Assim como Calígula e Nero, Comodus também
praticou incesto com a sua irmã.


       E foi nesse cenário que a prostituição passou a ser instituída como uma prática
cotidiana a todas as classes sociais romanas, dos plebeus aos patrícios, encontramos as
messalinas que promoviam prazer em troca de recompensas. O termo Messalina é uma
alusão a esposa do imperador Cláudio, que tinha esse nome. A imperatriz saía pelas
noites, vendendo o seu corpo pelas ruas romanas, como uma prostituta qualquer, por
pura fantasia e luxuria.
A prostituição era instituída e Roma, e em muitos casos como uma forma de
proteger o casamento, segregando as "boas" e as "más" mulheres, umas tinham a função
específica de ser esposa, enquanto outras, alegravam as noites nos bordéis com danças,
orgias e perversões. É válido ressaltar que dentro da organização jurídica de Roma, havia
espaço para as prostitutas, que eram denominadas de Meretrices, quando registradas
oficialmente, por desempenhar tal função e a Prostibulae, definição das mulheres que não
eram registradas. Esse registro era uma forma de mapear as prostitutas de classes mais
baixas e assim o Estado ter um controle sobre essa atividade econômica. E devido a
esses registros, haviam várias denominações de prostitutas, como as Dórides, que eram
mulheres que se exibiam em suas próprias casas, nas varandas ou jardins. As Lupaes,
mulheres que atraíam seus clientes com uívos semehante ao dos lupinos. As Aelicariae,
mulheres que vendiam pequenos doces em forma de órgãos sexuais, como oferenda a
deusa Vênus e ao deus Priapo (deus fálico). As Bostuariae, também comnhecidas como
as prostitutas que faziam programas nos cemintários, sobre as sepulturas. as Scortas
Erraticas, as mulheres que se prostituíam nas ruas. As Blitidae, prostitudas de bares e
tavernas. As Copaes, garçonetes que também trabalhavam de forma paralela como
profissionais do sexo. As Gallinaes, associavam a prostituição com furtos. As Forariaes,
Prostitutas das áreas rurais de Roma. E por fim, as Diabolares e as Quadrantariae, que
ficavam na parte mais baixa da hierarquia das prostitutas romanas.


      Eis o circo romano, onde a prostituição se manifestava em todas as classes
sociais, ou seja, não era apenas algo ligado a elite patrícia, mas também, os plebeus
convivíam cotidianamente com essas mulheres de virtude fácil, que fazíam parte dos
devaneios sexuais dos romanos. Assim como na Grécia, essas mulheres encantavam as
fantasias dos imperadores, senadores, escritores e cidadãos comuns. Algumas eram
atrizes ou dançarinas, outras, somente prostitutas. O ambiente era bastante diversificado
e sofria notória segregação social, como as Delicataes e as Famosaes, como eram
conhecidas as prostitutas da elite romana, no entanto, a prática perdurou por todo o
império, de forma notável, fazendo de Roma, uma cidade, onde a política e a justiça
convivíam constantemente com a prostituição regrada pela pederastia, poligamia, incesto,
homossexualismo, sadomasoquismo etc.


      Diferente dos cultos sexuais feitos nos templos sagrados, a prostituição romana,
mesmo ligada aos cultos a deusa Venus, era algo, ligado muito mais aos valores sexuais
da cultura romana, do que as tradições religiosas. No entanto, essas libertinagens sexuais
vão sofrer maior repressão, com a ascenção do cristianismo e a instituição de uma nova
noção sobre a conduta dos homens em sociedade.                     A ética cristã, favoreceu uma
marginalização dessa prática, assim como uma demonização da figura feminina, fator
esse que vai prevalecer por todo o periodo medieval.


Enfim, foram essas mulheres, que a outrora eram conhecidas como sacerdotisas da
Deusa-Mãe Ishtar e que também encantaram os poetas e escritores gregos, assim como
os imperadores romanos, em torno do erotismo. Demonstrando que a sexualidade era
aceita na vida cotidiana do mundo antigo de uma maneira diferente das nossas atuais
concepções judaico-cristã.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BURNS, Edward. História da Civilização Ocidental. 2ªed. São Paulo: Globo
ROBERTS, Nickie. As Prostitutas na História. Rio de Janeiro: Record: Rosas dos Tempos, 1998.
VEYNE, Paul. História da Vida Privada: Do Império Romano ao Ano Mil. São Paulo: Companhia das Letras,
2009.

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Dos templos às Ruas: A Prostituição no Mundo Antigo.

  • 1. Dos Templos as Ruas: A tragetória das Prostitutas na Antiguidade Ocidental. Wallace Melo G. Barbosa Elas estão presentes em todos os períodos da história. Elogiadas por poetas, filósofos, artístas, nobres e até mesmo por grandes imperadores romanos, as prostitutas do mundo antigo, também eram vistas com muita hostilidade e muitas vezes, condenadas por vários segmentos. E é nessa conjuntura, que pretendemos compreender um pouco sobre o mundo da prostituição na antiguidade, levando em conta, os diferentes julgamentos morais que foram impostos as famosas profissionais do sexo nas sociedades primitivas. Não é por acaso que atribuímos às mulheres de virtude facil, o título de uma das mais antigas profissões do mundo. Isso se dá, devido ao fato de que a prostituição era uma instituição bastante notável no mundo antigo. As prostitutas se manifestavam em diversas ocasiões, desde os cultos promovidos pelos templos sagrados na forma de ritos sexuais até os famosos bordéis e teatros romanos. Assim, os encontros entre homens e mulheres, atrás de experiências sexuais extra-conjugais, nos templos, tabernas e bordéis, ocorríam por meio de variadas motivações e contribuíam para consolidar também, uma série de julgamentos morais, a respeito da conduta ideal das mulheres diante do convívio social. Uma vez que, a medida que a prática da prostituição ia se cristalizando ao longo das sociedades, também iam se propagando, uma série de concepções éticas a respeito da conduta da "boa" e da "má" mulher. Diante disso, podemos assim dizer que, um ponto de singular grandeza presente nesse breve estudo, se encontra no fato de se analisar a prostituição no mundo antigo, como uma prática, não tão marginalizada, como concebe as concepções contemporâneas. Uma vez que, quando adentramos na história da prostituição, precisamos nos desprender a uma série de valores morais e estudarmos essa prática, segundo o contexto histórico que a ela está inserido. E nessa conjuntura, é válido afirmar que , em muitos casos, vamos constatar a atribuição de posições sociais privilegiadas para as prostitutas das sociedades antigas.
  • 2. No entanto, a medida que as culturas e as práticas patriarcais vão se consolidando nessas primeiras sociedades, a marginalização das profissionais do sexo vai se tornando uma constante, ocorrendo assim, um gradual rebaixamento social, não somente das prostitutas, mas de todo o gênero feminino. Pois bem, dando continuidade ao raciocício central desse estudo, podemos assim afirmar que, a origem das primeiras profissionais do sexo tem ligações históricas com as primeiras sociedades de cunho matriarcal presentes no período pré-histórico. Uma vez que, diante das primeiras explicações míticas a respeito das diversas incógnitas formuladas pelos homens, diante do mundo natural, os grupos humanos, passam a atribuir em seu gradual processo de produção cultural, uma notória sacralidade na figura da mulher. Esse fato, pode ser explicado, devido a capacidade única que as mulheres detém, por meio de seus próprios corpos, a geração da vida. A gestação era vista como um elemento sagrado para as culturas primitivas. E é a partir daí, que podemos encontrar os subsídios principais para justificar a criação de deuses personificados na forma feminina. A idéia de uma"deusa-mãe" está presente em quase todas as religiões primitivas e da antiguidade. Sua força só será reduzida, a medida que as sociedades vão adquirindo um teor mais patriarcal, e essa relação de gênero, também sera identificada na esfera do mundo sagrado. E foram nos templos construídos para as deusas, que encontramos suas sacerdotisas, que lideravam os rituais, que, entre tantos, destacavam-se os ritos sexuais. Diante disso, muitos homens fiéis as deusas, procuravam os locais sagrados de adoração, e junto as mulheres que pertencíam a esses locais, realizavam ritos, por meio de relações sexuais, para assim, ter maior contato com os prazeres proporcionados pela divindade. E diante dessas práticas, grandes oferendas eram devotadas aos templos. Podemos fazer referência as deusas Ishtar e Ísis, como divindades de destaques do mundo mesopotâmico e egípcio, respectivamente. É na seara da sacralidade que encontramos o princípio da prostituição no mundo, e nesse campo, onde o sagrado e o profano estão totalmente amalgamados que podemos afirmar que, a medida que os ritos sexuais se difundiam nessas socieadades, as famosas sacerdotisas, também conhecidas como entu e naditu, passavam a ganhar um grande
  • 3. lugar de destaque na hierarquia social. No entanto, foram as harimtus, as mulheres (geralmente escravas doadas aos templos) que praticavam as relações sexuais nos rituais sagrados, que enriquecíam os templos, por meio das ricas oferendas. Seriam as harimtus mulheres pertencentes aos templos sagrados que praticavam rituais sexuais as primeiras prostitutas da história? Bem, de uma certa forma, sim. Logicamente que os julgamentos morais inclusos nesses ofícios não são semelhantes aos que são utilizados na contemporaneidade. No entanto, as prostitutas dessas primeiras sociedades tribais, tinham um ofício caracterizado por uma espécie de fusão entre a busca pelo sagrado com a busca pelo prazer sexual, sabendo que o próprio prazer, era algo considerado sagrado. Após esses "rituais", o homem deixava de lado a sua bestialidade natural e tinha um maior contato com a esfera extra-humana. Essa espécie de prostituição sagrada era um elemento importante para essas sociedades tribais do mundo antigo, e tudo leva a crer que foi por meio dela, que surgiu a prostituição das ruas. Posteriormente, no mundo racional dos gregos, também constatamos a presença de prostitutas nas diversas polis. Nesse período, ja estava bastante diferenciada as motivações da prostituição sagrada com a prostituição individual, haja vista, a existência de ordenamentos políticos com finalidade de controlar essas atividades, a presença de bordéis públicos, como também, bórdéis privados e a existência de prostitutas "de luxo" que orbitavam entre os vários círculos sociais dos eupátridas. Além disso, também constatamos os cultos a famosa deusa Afrodite, deusa grega da beleza, do amor e da procriação. Pois bem, enquanto que nas tribos primitivas a prostituição estava bastante ligada a questões religiosas, no mundo grego, era uma atividade global e empreendedora.Toda racionalidade do mundo grego, impulsionou também uma profunda libertação sexual, os homens mais ricos, tinham acesso a uma grande diversidade de atrações sexuais, nos templos e bordéis espalhados pelas cidades-estados. E diante de uma cultura, onde a sexualidade não era, de forma alguma, censurada, a prostituição viu na Grécia Antiga um terreno bastante fértil para o seu desenvolvimento. Ao lado das tão famosas, mulheres de Atenas, existiam as prostitutas gregas, que era o outro lado da moralidade ateniense. Enquanto a vida social era privada as esposas da Grécia, a libertação sexual era o que movia, as mulheres que partiam para uma outra
  • 4. forma de enxergar o amor. Deixavam de lado toda educação doméstica, atribuída as "boas" mulheres gregas e partíam para uma vida ligada à voluptuosidade. Solón, famoso legislador ateniense atribuía as mulheres, apenas dois destinos: o de esposa ou de prostituta. Um ponto curioso na história sexual da cultura grega, era a presença de bórdeis públicos, organizados pelo próprio Estado ateniense, que garantia grandes lucros para a polis. Nesses estabelecimentos públicos, trabalhavam as deikteriades, como eram chamadas as prostitutas/escravas que tinham a função de enriquecer a arrecadação financeira do Estado, por meio das inúmeras relações sexuais. Entretanto, além dos prostíbulos estatais, também existiam a prostituição privada, que, mesmo proibida pelas leis atenienses, pois, nitidamente atrapalhava a arrecadação da máquina pública, existíam nas sociedades gregas. E em muitos casos, essa forma privada de comércio sexual era feita de forma coletiva, onde várias meretrizes se organizavam e suas atividades eram organizadas por uma espécie de "cafetina" ou também chamadas de "madames", ficando muito claro que havia diferentes formas de prostituição na Grécia. Também é válido mencionar a presença de mais de mil prostitutas no templo da deusa Afrodite, principal divindade grega, que proporcionava aos seus fiéis, todos os prazeres em seus rituais sexuais. Esses templos também vivíam de doações de cidadãos ricos para a deusa. Era muito comum a doação de escravas para o templo, para que assim, os rituais sagrados fossem preservados. E por fim, também, encontramos a presença das famosas prostitutas de "luxo" que encantavam os cidadãos ricos, não somente por suas formas e beleza, mas também pela intelectualidade e habilidades artísticas, as hetairae, como eram conhecidas, faziam com que seus "amantes" alimentassem grandes paixões, contribuindo cada vez mais para os seus nagócios e lucratividade. Haviam famosas hetairae em toda Grécia. O mais curioso era que, antes de tornarem-se hetairae, essas mulheres passavam por uma grande preparação física e intelectual. Era no gynaceum que elas moravam e se preparavam para cumprir o seu ofício, estudavam sobre os gêneros literários, filósóficos, além disso, buscavam aprender sobre novas formas de posições sexuais, danças, vestimentas e também a retórica, tornando-se assim, eximias acompanhantes da elite ateniense. Outro
  • 5. grupo conhecido pelos homens gregos era o das auletrides, que também se destacavam como prostitutas de luxo. Eram atrizes e dançarinas que encantavam os homens, por meio de suas apresentações sensuais, tornando-se, junto as hetairae famosas cortesãs da sociedade helenica. Como podemos ver, os prazeres sexuais do mundo antigo, tinham na prostituição, como uma prática cotidiana. Tanto na Grécia, civilização onde floresceu a democracia e a filosofia, quanto no grande império romano, que por sua vez, essa prática encontrou um cenário bastante propício, haja vista, as tantas perversões eróticas da elite romana. E nessa perspectiva, ao adentrarmos na história de Roma, vamos encontrar, literalmente, um circo de grandes perversões sexuais encrustadas na história política da cidade que tornou-se o maior império do mundo ocidental. Assim, relatos de perversões sexuais, prostituição e orgias também faziam parte das polêmicas e das conspirações presentes ao longo da história das instituições políticas romanas. De Otávio Augusto ao imperador Rômulo, o culto a sexualidade era instituído na cultura latina de diversas maneiras. Entretanto, a prostituição religiosa não era o principal fator para que as profissionais do sexo atuassem pelos prostíbulos e palácios romanos. O culto a deusa Afrodite pode ser um elemento a mais nessa história, mas o que podemos afirmar, de fato, é que a prostituição é fruto dos devaneios sexuais presentes na cultura romana. O imperador Comodus é um bom exemplo dessa perversão, uma vez que, o mesmo transformou praticamente o seu palácio em um grande bordel que circulavam um número superior a 300 moças e rapazes., Assim como Calígula e Nero, Comodus também praticou incesto com a sua irmã. E foi nesse cenário que a prostituição passou a ser instituída como uma prática cotidiana a todas as classes sociais romanas, dos plebeus aos patrícios, encontramos as messalinas que promoviam prazer em troca de recompensas. O termo Messalina é uma alusão a esposa do imperador Cláudio, que tinha esse nome. A imperatriz saía pelas noites, vendendo o seu corpo pelas ruas romanas, como uma prostituta qualquer, por pura fantasia e luxuria.
  • 6. A prostituição era instituída e Roma, e em muitos casos como uma forma de proteger o casamento, segregando as "boas" e as "más" mulheres, umas tinham a função específica de ser esposa, enquanto outras, alegravam as noites nos bordéis com danças, orgias e perversões. É válido ressaltar que dentro da organização jurídica de Roma, havia espaço para as prostitutas, que eram denominadas de Meretrices, quando registradas oficialmente, por desempenhar tal função e a Prostibulae, definição das mulheres que não eram registradas. Esse registro era uma forma de mapear as prostitutas de classes mais baixas e assim o Estado ter um controle sobre essa atividade econômica. E devido a esses registros, haviam várias denominações de prostitutas, como as Dórides, que eram mulheres que se exibiam em suas próprias casas, nas varandas ou jardins. As Lupaes, mulheres que atraíam seus clientes com uívos semehante ao dos lupinos. As Aelicariae, mulheres que vendiam pequenos doces em forma de órgãos sexuais, como oferenda a deusa Vênus e ao deus Priapo (deus fálico). As Bostuariae, também comnhecidas como as prostitutas que faziam programas nos cemintários, sobre as sepulturas. as Scortas Erraticas, as mulheres que se prostituíam nas ruas. As Blitidae, prostitudas de bares e tavernas. As Copaes, garçonetes que também trabalhavam de forma paralela como profissionais do sexo. As Gallinaes, associavam a prostituição com furtos. As Forariaes, Prostitutas das áreas rurais de Roma. E por fim, as Diabolares e as Quadrantariae, que ficavam na parte mais baixa da hierarquia das prostitutas romanas. Eis o circo romano, onde a prostituição se manifestava em todas as classes sociais, ou seja, não era apenas algo ligado a elite patrícia, mas também, os plebeus convivíam cotidianamente com essas mulheres de virtude fácil, que fazíam parte dos devaneios sexuais dos romanos. Assim como na Grécia, essas mulheres encantavam as fantasias dos imperadores, senadores, escritores e cidadãos comuns. Algumas eram atrizes ou dançarinas, outras, somente prostitutas. O ambiente era bastante diversificado e sofria notória segregação social, como as Delicataes e as Famosaes, como eram conhecidas as prostitutas da elite romana, no entanto, a prática perdurou por todo o império, de forma notável, fazendo de Roma, uma cidade, onde a política e a justiça convivíam constantemente com a prostituição regrada pela pederastia, poligamia, incesto, homossexualismo, sadomasoquismo etc. Diferente dos cultos sexuais feitos nos templos sagrados, a prostituição romana, mesmo ligada aos cultos a deusa Venus, era algo, ligado muito mais aos valores sexuais
  • 7. da cultura romana, do que as tradições religiosas. No entanto, essas libertinagens sexuais vão sofrer maior repressão, com a ascenção do cristianismo e a instituição de uma nova noção sobre a conduta dos homens em sociedade. A ética cristã, favoreceu uma marginalização dessa prática, assim como uma demonização da figura feminina, fator esse que vai prevalecer por todo o periodo medieval. Enfim, foram essas mulheres, que a outrora eram conhecidas como sacerdotisas da Deusa-Mãe Ishtar e que também encantaram os poetas e escritores gregos, assim como os imperadores romanos, em torno do erotismo. Demonstrando que a sexualidade era aceita na vida cotidiana do mundo antigo de uma maneira diferente das nossas atuais concepções judaico-cristã. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BURNS, Edward. História da Civilização Ocidental. 2ªed. São Paulo: Globo ROBERTS, Nickie. As Prostitutas na História. Rio de Janeiro: Record: Rosas dos Tempos, 1998. VEYNE, Paul. História da Vida Privada: Do Império Romano ao Ano Mil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.