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MALÁRIA: QUADRO CLÍNICO,
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO



                           Yoan Rodríguez Quesada
                                        Clínico geral
 Graduado no Instituto Superior de Ciências Médicas.
                                   Camagüey. Cuba.
DEFINIÇÃO:
Malária é a doença febril aguda
infectocontagiosa produzida por alguma das
espécies do parasito Plasmodium
(protozoário) que afeta ao homem,
transmitido pela picada do mosquito
Anopheles.
ETIOLOGIA: Parasito do gênero Plasmodium.
          Espécies que afetam o homem:
        - P. falciparum
        - P. vivax
        - P. ovale
        - P. malariae
EPIDEMIOLOGIA:
-   Endêmica de países tropicais da Ásia, África e Sul América.

-   No Brasil se encontra na região da Amazônia Legal (agua limpa, quente, sombreada
    e de baixo fluxo)

-   O falciparum resulta ser a espécie que produz maior gravidade e maior risco de
    mortalidade.

-   P. vivax e P. ovale são os responsaveis pelas recaídas tardias

-   No Brasil a espécie mais comum é o P . vivax (99,9%) o resto corresponde a P.
    falciparum.

-   Não tem se comprovado no Brasil transmissão autoctone do P. ovale (África)

-   Hemoglobinopatias (A. falciforme, talasemia, ovalocitose, déficit de G6 PDH)
    produzem protecção contra a morte por P. falciparum
Ciclo Biológico do Plasmodium
Anófeles (esporozoítos)     Fígado (merozoítos)




         Hemácias (merozoítos- gametócitos)


                          esquizogonia
Manifestações clínicas:


Os sintomas da doença aparecem a partir da fase de
esquizogonia sanguínea do parasito. O período de incubação
varia entre 7 e 14 dias.


          - Malária não complicada.
         -Malária grave e complicada.
Malária não complicada.

       - Calafríos
         -Febre
      - Sudorese
       - Mialgia
       - Cefaléia
       - Náusea
       - Vômitos
Malária grave e complicada:

• -Prostração, alteração da
consciência, convulsões.
• - Hiperpirexia (> 41º)
• -Edema pulmonar ao Rx de tórax,
  hiperventilação e dispnéia.
• - Hemorragia, hipotensão arterial e choque.
• - Icterícia, hemoglobinúria e oligúria.
Malária grave e complicada
        Alterações laboratoriais:
• - Anemia grave

• -Acidose metabólica, hiperlactatemia.

• -Hipoglicemia

• -Hiperparasitemia

• -Dados de insuficiência renal.
Diagnóstico diferencial da malária:
                             -Dengue
                          -Leptospirose
                          -Febre tifóide
                         -Febre amarela
                 -Calazar=Lehismaniose Visceral
                        (É o segundo maior assassino parasitário no mundo, depois
                 da malária, responsável de uma estimativa de 60 000 casos que morrem
                da doença cada ano entre milhões de infecções mundiais. O parasita migra
               para os órgãos viscerais como fígado, baço e medula óssea e, se deixado sem
tratamento, quase sempre resultará na morte do anfitrião mamífero. Sinais e sintomas incluem febre, perda
                            de peso, anemia e inchaço significativo do fígado e baço.)

                         -Sepse do trato urinário
                           -Meningoencefalite
Visando a inespecificidade dos sinais e
sintomas da malária, a toma de decisões no
tratamento deverá ser definida só após a
confirmação laboratorial da doença, por meio
do análise microscópico da gota espessa do
sangue do paciente ou testes rápidos
imunocromatográficos.
Diagnóstico laboratorial:



• 1º Exame microscópico da gota espessa
  Baseia-se na observação microscópica dos parasitos nas amostras do
  sangue do paciente colhidas por punção e corada pelo método de Walker
  ou Giemsa.


• 2º Testes rápidos imunocromatográficos

   Baseia-se na detecção dos antígenos do parasito por meio de anticorpos
   monoclonais.
Comparação entre a Gota espessa e os Testes rápidos imunocromatográficos

Método                             Exame microscópico da gota espessa      Teste imunocromatográfico

Técnica                            Observação microscópica dos parasitos   Detecção dos antígenos do parasito no
                                   no sangue tomado por punção e           sangue por meio de anticorpos
                                   corado mediante método de Walker        monoclonais

Sensibilidade                      Permite a detecção de parasitos ainda   Sensibilidade superior a 90% para P.
                                   em concentrações baixas no sangue.      Falciparum, para densidades maiores
                                   (< 100 parasitos por µl) Permite a      que 100 parasitos por µl. Não
                                   diferenciação das espécies de           distinguem P. Vivax, P. Ovale e P.
                                   Plasmodium e do estágio de evolução     Malariae.
                                   dos parasitos circulantes.
Detecção do nível de parasitemia   Permite calcular a densidade de         Não medem o nível de parasitemia.
                                   parasitemia em relação ao número de
                                   campos microscópicos examinados.

Durabilidade das mostras           Mantem a qualidade por tempo            Sua qualidade pode diminuir quando
                                   prolongado após ser armazenado.         armazenado por tempo prolongado.

Custo                              Baixo custo.                            Elevado custo.

Tempo necessário                   Uma hora entre a coleta da mostra e o   15-20 minutos. Permite diagnóstico
                                   fornecimento dos resultados             rápido.

Determinantes da eficácia          -Qualidade dos reagentes.               Dispensa o uso do microscópio.
                                   -Pessoal treinado e experiente na       -É de fácil execução e interpretação
                                   leitura das lâminas.                    dos resultados.
                                   -Constante supervisão.
Nota: No Brasil os Testes Rápidos
Imunocromatográficos são reservados para
aquelas localidades nas quais o diagnóstico
microscópico é dificultado pela distância
geográfica ou incapacidade local do serviço de
saúde.
Condições que indicam gravidade e orientam à
              internação do paciente com malária.
-   Crianças menores de 1 ano.
-   Idosos maiores de 70 anos.
-   Todas as gestantes.
-   Pacientes imunodeprimidos.
-   Pacientes com qualquer um dos seguintes sinais de
    perigo para malaria grave:
*Hiperpirexia (>41º) * Convulsões * Vômitos repetidos * Icterícia
*Anemia grave * Hemorragia * Oligúria * Dispnéia
* Hipotensão aterial
   * Hiperparasitemia (> 200/campo = > ++++ = > 100 000/mm3)
Objetivos do tratamento da malária




O tratamento da malária visa atingir o parasito
                em pontos chave
  de seu ciclo evolutivo, os quais podem ser
                 didaticamente
                resumidos em:
 Interrupção da esquizogonia sanguínea,
 responsável pela patogenia e manifestações clínicas
 da infecção.

Destruição de formas latentes do parasito no ciclo
 tecidual (hipnozoítos), das espécies P. vivax e
 P. ovale, responsáveis pelas recaídas tardias.

 Interrupção da transmissão do parasito, pelo uso
 de drogas que impedem o desenvolvimento das
 formas sexuadas (gametócitos)
Aspectos a ter em conta na hora de estabelecer o
       tratamento especifico da malária:


 Espécie do Plasmódio infestante (pela especificidade dos
  esquemas terapêuticos a serem utilizados)
 Idade do paciente (Pela maior toxicidade em crianças e idosos)
 História de exposição anterior à infecção (Os
    primoinfectados tendem a presentar formas mais graves da
    doença)
 Condições associadas tais como gravidez e outros
  problemas de saúde.
 Gravidade da doença (pela necessidade de internação e o
  uso de esquemas terapêuticos especiais de antimaláricos.)
TRATAMENTO
Malaria não coplicada
Infecção pelo P. vivax ou P. ovale:
             Esquema Curto
Cloroquina ----------------------3 dias
Primaquina ----------------------7 dias
Malária não complicada
Infecção pelo P. vivax ou P. ovale:
           Esquema longo
Cloroquina -------------------------3 dias
Primaquina ------------------------14 dias
Malária não complicada
Infecção pelo P. malariae para todas as idades e
 infecções pelo P. vivax e P. ovale em gestantes e
 crianças menores de seis meses.

Cloroquina -------------------------------- 3 dias
Malária não complicada

  Tratamento preventivo das recaídas pelo P.
              vivax e P. malariae

Cloroquina ----------------Semanal por 12 semanas
Tratamento das infecções por P. falciparum com a
  combinação de:

Artemeter + lumefantrina-------------- 3 dias



            -Recomenda-se administrar o comprimido junto com alimentos.
              - Não administrar a gestantes durante o primeiro trimestre de
                                gravidez, nem crianças menores de 6 meses
Tratamento das infecções por P. falciparum com
  a combinação de:

Artesunato + mefloquina --------------- 3 dias


           -Recomenda-se administrar o comprimido junto com alimentos.
              -Não administrar a gestantes durante o primeiro trimestre de
                               gravidez, nem crianças menores de 6 meses
Esquema de segunda escolha, recomendado
  para o tratamento das infecções por
  Plasmodium falciparum com:

Quinina -----------------------------3 dias
Doxiciclina --------------------------5 dias
Primaquina -------------------------6º dia



         -A doxiciclina não deve ser dada a gestantes ou crianças menores de 8 anos.
     - A primaquina não deve ser dada a gestantes ou crianças menores de 6 meses.
Tratamento para infecções mistas
Infecção mista por P. falciparum e P. vivax (ou P.
  ovale)       droga esquizonticida sanguínea
  eficaz para o P. falciparum,    primaquina
  (esquizonticida tecidual).

Se a infecção mista for pelo P. falciparum e P.
  malariae, o tratamento deve ser dirigido
  apenas para o P. falciparum (esquizonticida
  sanguínea )
Infecções mistas
Para crianças menores de 6 meses e gestantes
 no 1o trimestre tratar apenas malaria por P.
 falciparum
Não administrar primaquina para gestantes.
Administrar os medicamentos
 preferencialmente às refeicoes.
Se surgir icterícia, suspender a primaquina.
Tratamento em gestantes e crianças
      menores de seis meses


P. falciparum durante o primeiro trimestre de
gravidez e em crianças menores de 6 meses
deve ser utilizada apenas a quinina (3 dias)
associada à clindamicina (5 dias).
Tratamento em gestantes e crianças
       menores de seis meses
2º e 3º trimestres da gestação combinação de
  artemeter+lumefantrina ou
  artesunato+mefloquina podem ser utilizadas
  com segurança; a doxiciclina é contra-
  indicada, enquanto a clindamicina pode ser
  usada com segurança em associação com
  quinina.
Tratamento em gestantes e crianças
      menores de seis meses
Os derivados da artemisinina (ACT)podem ser
usados no primeiro trimestre de gestação em
casos de malária grave, caso seja iminente o risco
de vida da mãe.

Gestantes e crianças menores de 6 meses com
malária pelo P. vivax ou P. ovale devem receber
apenas cloroquina para o seu tratamento, uma
vez que a primaquina contra-indicada nessas
situações pelo alto risco de hemólise.
Tratamento em gestantes e crianças
      menores de seis meses
Após um segundo episódio de malária por
P. vivax ou P. ovale (recaída), toda gestante
deverá receber o tratamento convencional
com cloroquina e, em seguida, iniciar o
esquema de cloroquina semanal profilática,
durante 12 semanas, para prevenção de novas
recaídas. O mesmo se aplica para crianças
menores de 6 meses.
Tratamento em gestantes e crianças
       menores de seis meses


Gestantes e crianças menores de 6 meses com
 malária pelo P. malariae devem receber
 tratamento com cloroquina normalmente
Malária por P. falciparum complicada
   ESQUEMAS DE TRATAMENTO
         RECOMENDADOS
Malária por P. falciparum complicada
   ESQUEMAS DE TRATAMENTO
         RECOMENDADOS
Malária por P. falciparum complicada
   ESQUEMAS DE TRATAMENTO
         RECOMENDADOS
A QPX (QUIMIOPROFILAXIA) deve ser
reservada para situações específicas, na qual o
risco de adoecer de malária grave por P.
falciparum for superior ao risco de eventos
adversos graves relacionados ao uso das
drogas quimioprofiláticas
Bibliografia utilizada
-Harrison. Medicina Interna: Malária. 17ª edição. Rio de Janeiro:
McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2008.
-Cor Jesus Fernandes Fontes et al. Guía prático de tratamento da
malária no Brasil. 1ª edição. Esplanada dos Ministérios. 2010.
Disponivel em:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/guia_pratico_tratame
nto_malaria_brasil_2602.pdf. Acceso en 29 de janeiro de 2012.

- Luis Buzón Martín et al. MIR. Infecciosas y microbiología.
Parasitología. Malaria (Paludismo). 3ª edición. Madrid. 2006.

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Malária: Quadro clínico, diagnóstico e tratamento. Atualização

  • 1. MALÁRIA: QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Yoan Rodríguez Quesada Clínico geral Graduado no Instituto Superior de Ciências Médicas. Camagüey. Cuba.
  • 2. DEFINIÇÃO: Malária é a doença febril aguda infectocontagiosa produzida por alguma das espécies do parasito Plasmodium (protozoário) que afeta ao homem, transmitido pela picada do mosquito Anopheles.
  • 3. ETIOLOGIA: Parasito do gênero Plasmodium. Espécies que afetam o homem: - P. falciparum - P. vivax - P. ovale - P. malariae
  • 4. EPIDEMIOLOGIA: - Endêmica de países tropicais da Ásia, África e Sul América. - No Brasil se encontra na região da Amazônia Legal (agua limpa, quente, sombreada e de baixo fluxo) - O falciparum resulta ser a espécie que produz maior gravidade e maior risco de mortalidade. - P. vivax e P. ovale são os responsaveis pelas recaídas tardias - No Brasil a espécie mais comum é o P . vivax (99,9%) o resto corresponde a P. falciparum. - Não tem se comprovado no Brasil transmissão autoctone do P. ovale (África) - Hemoglobinopatias (A. falciforme, talasemia, ovalocitose, déficit de G6 PDH) produzem protecção contra a morte por P. falciparum
  • 5. Ciclo Biológico do Plasmodium
  • 6. Anófeles (esporozoítos) Fígado (merozoítos) Hemácias (merozoítos- gametócitos) esquizogonia
  • 7. Manifestações clínicas: Os sintomas da doença aparecem a partir da fase de esquizogonia sanguínea do parasito. O período de incubação varia entre 7 e 14 dias. - Malária não complicada. -Malária grave e complicada.
  • 8. Malária não complicada. - Calafríos -Febre - Sudorese - Mialgia - Cefaléia - Náusea - Vômitos
  • 9. Malária grave e complicada: • -Prostração, alteração da consciência, convulsões. • - Hiperpirexia (> 41º) • -Edema pulmonar ao Rx de tórax, hiperventilação e dispnéia. • - Hemorragia, hipotensão arterial e choque. • - Icterícia, hemoglobinúria e oligúria.
  • 10. Malária grave e complicada Alterações laboratoriais: • - Anemia grave • -Acidose metabólica, hiperlactatemia. • -Hipoglicemia • -Hiperparasitemia • -Dados de insuficiência renal.
  • 11. Diagnóstico diferencial da malária: -Dengue -Leptospirose -Febre tifóide -Febre amarela -Calazar=Lehismaniose Visceral (É o segundo maior assassino parasitário no mundo, depois da malária, responsável de uma estimativa de 60 000 casos que morrem da doença cada ano entre milhões de infecções mundiais. O parasita migra para os órgãos viscerais como fígado, baço e medula óssea e, se deixado sem tratamento, quase sempre resultará na morte do anfitrião mamífero. Sinais e sintomas incluem febre, perda de peso, anemia e inchaço significativo do fígado e baço.) -Sepse do trato urinário -Meningoencefalite
  • 12. Visando a inespecificidade dos sinais e sintomas da malária, a toma de decisões no tratamento deverá ser definida só após a confirmação laboratorial da doença, por meio do análise microscópico da gota espessa do sangue do paciente ou testes rápidos imunocromatográficos.
  • 13. Diagnóstico laboratorial: • 1º Exame microscópico da gota espessa Baseia-se na observação microscópica dos parasitos nas amostras do sangue do paciente colhidas por punção e corada pelo método de Walker ou Giemsa. • 2º Testes rápidos imunocromatográficos Baseia-se na detecção dos antígenos do parasito por meio de anticorpos monoclonais.
  • 14. Comparação entre a Gota espessa e os Testes rápidos imunocromatográficos Método Exame microscópico da gota espessa Teste imunocromatográfico Técnica Observação microscópica dos parasitos Detecção dos antígenos do parasito no no sangue tomado por punção e sangue por meio de anticorpos corado mediante método de Walker monoclonais Sensibilidade Permite a detecção de parasitos ainda Sensibilidade superior a 90% para P. em concentrações baixas no sangue. Falciparum, para densidades maiores (< 100 parasitos por µl) Permite a que 100 parasitos por µl. Não diferenciação das espécies de distinguem P. Vivax, P. Ovale e P. Plasmodium e do estágio de evolução Malariae. dos parasitos circulantes. Detecção do nível de parasitemia Permite calcular a densidade de Não medem o nível de parasitemia. parasitemia em relação ao número de campos microscópicos examinados. Durabilidade das mostras Mantem a qualidade por tempo Sua qualidade pode diminuir quando prolongado após ser armazenado. armazenado por tempo prolongado. Custo Baixo custo. Elevado custo. Tempo necessário Uma hora entre a coleta da mostra e o 15-20 minutos. Permite diagnóstico fornecimento dos resultados rápido. Determinantes da eficácia -Qualidade dos reagentes. Dispensa o uso do microscópio. -Pessoal treinado e experiente na -É de fácil execução e interpretação leitura das lâminas. dos resultados. -Constante supervisão.
  • 15. Nota: No Brasil os Testes Rápidos Imunocromatográficos são reservados para aquelas localidades nas quais o diagnóstico microscópico é dificultado pela distância geográfica ou incapacidade local do serviço de saúde.
  • 16. Condições que indicam gravidade e orientam à internação do paciente com malária. - Crianças menores de 1 ano. - Idosos maiores de 70 anos. - Todas as gestantes. - Pacientes imunodeprimidos. - Pacientes com qualquer um dos seguintes sinais de perigo para malaria grave: *Hiperpirexia (>41º) * Convulsões * Vômitos repetidos * Icterícia *Anemia grave * Hemorragia * Oligúria * Dispnéia * Hipotensão aterial * Hiperparasitemia (> 200/campo = > ++++ = > 100 000/mm3)
  • 17. Objetivos do tratamento da malária O tratamento da malária visa atingir o parasito em pontos chave de seu ciclo evolutivo, os quais podem ser didaticamente resumidos em:
  • 18.  Interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção. Destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos), das espécies P. vivax e P. ovale, responsáveis pelas recaídas tardias.  Interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de drogas que impedem o desenvolvimento das formas sexuadas (gametócitos)
  • 19. Aspectos a ter em conta na hora de estabelecer o tratamento especifico da malária:   Espécie do Plasmódio infestante (pela especificidade dos esquemas terapêuticos a serem utilizados)  Idade do paciente (Pela maior toxicidade em crianças e idosos)  História de exposição anterior à infecção (Os primoinfectados tendem a presentar formas mais graves da doença)  Condições associadas tais como gravidez e outros problemas de saúde.  Gravidade da doença (pela necessidade de internação e o uso de esquemas terapêuticos especiais de antimaláricos.)
  • 21. Malaria não coplicada Infecção pelo P. vivax ou P. ovale: Esquema Curto Cloroquina ----------------------3 dias Primaquina ----------------------7 dias
  • 22. Malária não complicada Infecção pelo P. vivax ou P. ovale: Esquema longo Cloroquina -------------------------3 dias Primaquina ------------------------14 dias
  • 23. Malária não complicada Infecção pelo P. malariae para todas as idades e infecções pelo P. vivax e P. ovale em gestantes e crianças menores de seis meses. Cloroquina -------------------------------- 3 dias
  • 24. Malária não complicada Tratamento preventivo das recaídas pelo P. vivax e P. malariae Cloroquina ----------------Semanal por 12 semanas
  • 25. Tratamento das infecções por P. falciparum com a combinação de: Artemeter + lumefantrina-------------- 3 dias -Recomenda-se administrar o comprimido junto com alimentos. - Não administrar a gestantes durante o primeiro trimestre de gravidez, nem crianças menores de 6 meses
  • 26. Tratamento das infecções por P. falciparum com a combinação de: Artesunato + mefloquina --------------- 3 dias -Recomenda-se administrar o comprimido junto com alimentos. -Não administrar a gestantes durante o primeiro trimestre de gravidez, nem crianças menores de 6 meses
  • 27. Esquema de segunda escolha, recomendado para o tratamento das infecções por Plasmodium falciparum com: Quinina -----------------------------3 dias Doxiciclina --------------------------5 dias Primaquina -------------------------6º dia -A doxiciclina não deve ser dada a gestantes ou crianças menores de 8 anos. - A primaquina não deve ser dada a gestantes ou crianças menores de 6 meses.
  • 28. Tratamento para infecções mistas Infecção mista por P. falciparum e P. vivax (ou P. ovale) droga esquizonticida sanguínea eficaz para o P. falciparum, primaquina (esquizonticida tecidual). Se a infecção mista for pelo P. falciparum e P. malariae, o tratamento deve ser dirigido apenas para o P. falciparum (esquizonticida sanguínea )
  • 29. Infecções mistas Para crianças menores de 6 meses e gestantes no 1o trimestre tratar apenas malaria por P. falciparum Não administrar primaquina para gestantes. Administrar os medicamentos preferencialmente às refeicoes. Se surgir icterícia, suspender a primaquina.
  • 30. Tratamento em gestantes e crianças menores de seis meses P. falciparum durante o primeiro trimestre de gravidez e em crianças menores de 6 meses deve ser utilizada apenas a quinina (3 dias) associada à clindamicina (5 dias).
  • 31. Tratamento em gestantes e crianças menores de seis meses 2º e 3º trimestres da gestação combinação de artemeter+lumefantrina ou artesunato+mefloquina podem ser utilizadas com segurança; a doxiciclina é contra- indicada, enquanto a clindamicina pode ser usada com segurança em associação com quinina.
  • 32. Tratamento em gestantes e crianças menores de seis meses Os derivados da artemisinina (ACT)podem ser usados no primeiro trimestre de gestação em casos de malária grave, caso seja iminente o risco de vida da mãe. Gestantes e crianças menores de 6 meses com malária pelo P. vivax ou P. ovale devem receber apenas cloroquina para o seu tratamento, uma vez que a primaquina contra-indicada nessas situações pelo alto risco de hemólise.
  • 33. Tratamento em gestantes e crianças menores de seis meses Após um segundo episódio de malária por P. vivax ou P. ovale (recaída), toda gestante deverá receber o tratamento convencional com cloroquina e, em seguida, iniciar o esquema de cloroquina semanal profilática, durante 12 semanas, para prevenção de novas recaídas. O mesmo se aplica para crianças menores de 6 meses.
  • 34. Tratamento em gestantes e crianças menores de seis meses Gestantes e crianças menores de 6 meses com malária pelo P. malariae devem receber tratamento com cloroquina normalmente
  • 35. Malária por P. falciparum complicada ESQUEMAS DE TRATAMENTO RECOMENDADOS
  • 36. Malária por P. falciparum complicada ESQUEMAS DE TRATAMENTO RECOMENDADOS
  • 37. Malária por P. falciparum complicada ESQUEMAS DE TRATAMENTO RECOMENDADOS
  • 38. A QPX (QUIMIOPROFILAXIA) deve ser reservada para situações específicas, na qual o risco de adoecer de malária grave por P. falciparum for superior ao risco de eventos adversos graves relacionados ao uso das drogas quimioprofiláticas
  • 39.
  • 40. Bibliografia utilizada -Harrison. Medicina Interna: Malária. 17ª edição. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2008. -Cor Jesus Fernandes Fontes et al. Guía prático de tratamento da malária no Brasil. 1ª edição. Esplanada dos Ministérios. 2010. Disponivel em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/guia_pratico_tratame nto_malaria_brasil_2602.pdf. Acceso en 29 de janeiro de 2012. - Luis Buzón Martín et al. MIR. Infecciosas y microbiología. Parasitología. Malaria (Paludismo). 3ª edición. Madrid. 2006.