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RESUMO
O argumento que compagina esta investigação sustenta que, no contexto actual de
crescente complexidade dos problemas territoriais e de densidade de actores com
interesses contraditórios e conflituantes, o desenvolvimento de metodologias de
planeamento territorial promotoras da participação dos actores pode ser particularmente
útil, possibilitando a construção de compromissos entre actores, alinhando as suas
motivações e mobilizando os seus meios, gerando novas formas de “acção colectiva” em
torno dos objectivos de planeamento.
No desenvolvimento da investigação procurou-se: i) perceber o que é território, objecto da
actividade do planeamento; ii) estabelecer um conceito de planeamento do território; iii)
produzir um quadro de referência sobre planeamento territorial, com particular enfoque
para o papel dos actores e participação e iv) desenvolver uma análise crítica de um
conjunto de experiências de planeamento territorial, à luz do anterior quadro de
referência.
Do ponto de vista empírico, ambicionava-se examinar um conjunto de experiências de
planeamento territorial onde a participação dos actores tivesse sido particularmente
relevante, em diferentes contextos quanto ao entendimento dos objectivos de
planeamento e sua concretização, com a particularidade de, em ambas, ter havido um forte
envolvimento do investigador num duplo papel: investigador/cidadão e
investigador/promotor do planeamento do território.
Durante o trajecto de investigação percorrido, revisitaram-se as principais referências
sobre a problemática do planeamento do território e suas metodologias, com enfoque
particular nos actores e formas de participação.
Assume-se a conceptualização do planeamento do território como uma actividade
desenvolvida por um promotor público de planeamento (Estado), o qual, num
determinado contexto e em defesa do interesse colectivo, define objectivos para um
determinado objecto de planeamento (território, com uma temática e escala particular).
Para os cumprir, o Estado deve mobilizar os meios e actores necessários, produzir um
quadro de referência e identificar as acções, os palcos e os métodos adequados.
Discutiu-se o conceito de actor em planeamento e propôs-se uma tipologia de actores,
consoante meios, motivações e palcos. Em seguida, produziu-se uma conceptualização e
tipologia de formas de participação dos actores, que vai para além da tradicional
participação dos cidadãos. Concluiu-se com a sugestão de princípios de orientação
metodológica para o planeamento territorial e participação dos actores.
Os dados da análise empírica efectuada permitiram concluir que o papel dos diferentes
actores e a forma como foram tidos em conta os seus meios disponíveis e as suas
motivações foram determinantes nos resultados alcançados nos dois contextos analisados.
Num conjunto de experiências, o envolvimento dos actores visou fortalecer o quadro
social e institucional de apoio, o fomento à criação de plataformas de diálogo e
colaboração, de valorização de diferentes formas de conhecimento (técnico-científico e
“local”) e a mobilização para a construção de políticas ou para a validação do processo de
decisão. Noutro conjunto de experiências, o entendimento da participação dos actores foi
desvalorizado, produzido de forma burocrática, sem o devido reconhecimento das suas
motivações e valorização dos meios disponíveis, sem um adequado envolvimento, o que
conduziu a situações de elevada conflitualidade, fragilização e descredibilização do
exercício de planeamento e a resultados que contrariam os objectivos inicialmente
definidos.
Neste contexto, parece pois confirmar-se a hipótese de que as metodologias de
planeamento onde a participação dos actores é considerada de forma explícita, coerente e
consequente, condicionam de forma clara o envolvimento e alinhamento dos actores e
determinam os resultados do planeamento do território.
José Carlos Mota
email: jcmota@ua.pt | josecarlosmota@gmail.com
skype jcmota2010
personal web: http://jcmworks.blogs.sapo.pt/
fb: https://www.facebook.com/josecarlosmota &
https://www.facebook.com/josecarlosmota.av

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Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 

Planeamento do território: metodologias actores e participação - resumo de dissertação de doutoramento

  • 1. RESUMO O argumento que compagina esta investigação sustenta que, no contexto actual de crescente complexidade dos problemas territoriais e de densidade de actores com interesses contraditórios e conflituantes, o desenvolvimento de metodologias de planeamento territorial promotoras da participação dos actores pode ser particularmente útil, possibilitando a construção de compromissos entre actores, alinhando as suas motivações e mobilizando os seus meios, gerando novas formas de “acção colectiva” em torno dos objectivos de planeamento. No desenvolvimento da investigação procurou-se: i) perceber o que é território, objecto da actividade do planeamento; ii) estabelecer um conceito de planeamento do território; iii) produzir um quadro de referência sobre planeamento territorial, com particular enfoque para o papel dos actores e participação e iv) desenvolver uma análise crítica de um conjunto de experiências de planeamento territorial, à luz do anterior quadro de referência. Do ponto de vista empírico, ambicionava-se examinar um conjunto de experiências de planeamento territorial onde a participação dos actores tivesse sido particularmente relevante, em diferentes contextos quanto ao entendimento dos objectivos de planeamento e sua concretização, com a particularidade de, em ambas, ter havido um forte envolvimento do investigador num duplo papel: investigador/cidadão e investigador/promotor do planeamento do território. Durante o trajecto de investigação percorrido, revisitaram-se as principais referências sobre a problemática do planeamento do território e suas metodologias, com enfoque particular nos actores e formas de participação. Assume-se a conceptualização do planeamento do território como uma actividade desenvolvida por um promotor público de planeamento (Estado), o qual, num determinado contexto e em defesa do interesse colectivo, define objectivos para um determinado objecto de planeamento (território, com uma temática e escala particular). Para os cumprir, o Estado deve mobilizar os meios e actores necessários, produzir um quadro de referência e identificar as acções, os palcos e os métodos adequados. Discutiu-se o conceito de actor em planeamento e propôs-se uma tipologia de actores, consoante meios, motivações e palcos. Em seguida, produziu-se uma conceptualização e tipologia de formas de participação dos actores, que vai para além da tradicional participação dos cidadãos. Concluiu-se com a sugestão de princípios de orientação metodológica para o planeamento territorial e participação dos actores.
  • 2. Os dados da análise empírica efectuada permitiram concluir que o papel dos diferentes actores e a forma como foram tidos em conta os seus meios disponíveis e as suas motivações foram determinantes nos resultados alcançados nos dois contextos analisados. Num conjunto de experiências, o envolvimento dos actores visou fortalecer o quadro social e institucional de apoio, o fomento à criação de plataformas de diálogo e colaboração, de valorização de diferentes formas de conhecimento (técnico-científico e “local”) e a mobilização para a construção de políticas ou para a validação do processo de decisão. Noutro conjunto de experiências, o entendimento da participação dos actores foi desvalorizado, produzido de forma burocrática, sem o devido reconhecimento das suas motivações e valorização dos meios disponíveis, sem um adequado envolvimento, o que conduziu a situações de elevada conflitualidade, fragilização e descredibilização do exercício de planeamento e a resultados que contrariam os objectivos inicialmente definidos. Neste contexto, parece pois confirmar-se a hipótese de que as metodologias de planeamento onde a participação dos actores é considerada de forma explícita, coerente e consequente, condicionam de forma clara o envolvimento e alinhamento dos actores e determinam os resultados do planeamento do território. José Carlos Mota email: jcmota@ua.pt | josecarlosmota@gmail.com skype jcmota2010 personal web: http://jcmworks.blogs.sapo.pt/ fb: https://www.facebook.com/josecarlosmota & https://www.facebook.com/josecarlosmota.av